ÍNDICE
1-INTRODUÇÃO .......................................................................................... 2
2-OBJETIVO................................................................................................. 3
3- MÉTODOS PARA ESTIMATIVA DE PRODUÇÃO DE FORRAGEM........ 3
3.1-MÉTODO DIRETO DE AVALIAÇÃO DE FORRAGEM ........................ 4
3.2-MÉTODOS INDIRETOS DE AVALIAÇÃO DE FORRAGEM................ 5
4- A UTILIZAÇÃO DO DISCO MEDIDOR NA ESTIMATIVA DA MASSA DE
FORRAGEM................................................................................................. 6
5- CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................... 15
6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................... 16
1
UTILIZAÇÃO DO DISCO MEDIDOR PARA ESTIMATIVA DE PRODUÇÃO DE
FORRAGEM
1-INTRODUÇÃO
A pecuária nacional que até pouco tempo se desenvolvia apenas como
atividade extrativista, está atualmente passando por grande reestruturação,
visando competitividade e sustentabilidade do setor produtivo. Entretanto essa
atividade deverá continuar fundamentada em pastagem (BARBOSA & EUCLIDES,
1997), uma vez que o pasto constitui a forma de alimentação de menor custo, o
que garante a manutenção da competitividade dos produtos bovinos nos
mercados interno e externo.
A necessidade de um melhor entendimento dos processos de produção
animal, passa obrigatoriamente pelo conhecimento de todos os componentes que
envolvem o sistema.
Produzir produto animal a pasto torna-se, portanto uma
atividade altamente especializada, onde é necessário entender não apenas o
processo de transformação de pasto em carne ou leite, mas também entender e
controlar o processo de produção da forragem e sua oferta ao animal na
quantidade e qualidade necessária para atingir determinado objetivo de produção
(NABINGER, 1995).
A maioria das propriedades que utilizam o sistema de produção
exclusivamente a pasto têm índices baixos de produção e são caracterizadas por
deficiências de manejo, dentre as quais ausência de monitoramento e controle das
condições do pasto e produção de forragem nas áreas de pastagem. A estimativa
e o acompanhamento da variação da massa de forragem é uma das formas mais
efetivas de gerar subsídios para os diversos processos de gerenciamento e
tomada de decisão sobre o manejo do pastejo (CUNHA, 2002).
Existem uma série de técnicas que nos permitem estimar a produção da
massa forrageira de um pasto, desde métodos diretos de mediação, que passam
por cortes da amostra a ser avaliada, até métodos indiretos de medição que
correlacionam outra mediadas de maior facilidade de mensuração com a massa
de forragem. De acordo com CUNHA (2002) nos países de pecuária desenvolvida
2
(onde predominam as forrageiras de metabolismo C3) as técnicas de mensuração
indireta de massa de forragem são bastante utilizadas pelos produtores e
pesquisadores. Entretanto no Brasil (onde predominam as forrageiras de
metabolismo C4), devido ao grande número de espécies de plantas forrageiras
utilizadas nas pastagens e a deficiência de conhecimentos sobre a fisiologia dessa
plantas, a disponibilidade de técnicas de campo para esse tipo de estimativa é
ainda incipiente.
2-OBJETIVO
Abordar a utilização da técnica do disco medidor na estimativa da massa
forrageira.
3- MÉTODOS PARA ESTIMATIVA DE PRODUÇÃO DE FORRAGEM
A melhor forma para se saber a produção de forragem em uma pastagem é
a colheita total de todo o material pertencente à área a ser avaliada. Entretanto é
compreensível que este método seja totalmente inviável, devido a demanda de
tempo, mão de obra e equipamentos, devendo-se também considerar a perda de
material potencialmente consumível pelo animal (no caso de experimentos
avaliados sob pastejo). Assim a alternativa passa a ser a amostragem, e a partir
de amostras coletadas de pequenas área pode-se quantificar a massa de
forragem da pastagem em estudo. De acordo com SHAW et al (1987) uma das
dificuldades em se utilizar a amostragem para essa estimativa, está em determinar
o número certo de amostras que incorpore toda a variabilidade existente na
pastagem, e que ao mesmos tempo, não remova quantidade excessiva de
forragem, já que isso também acarretaria em problemas no processamento
dessas amostras. Quando se pretende fazer estimativas em pastagens naturais,
as dificuldades são ainda maiores, já que essas possuem uma maior variação na
composição botânica. Tomando-se amostras pequenas, tem-se uma grande
variabilidade, que poderá ser compensada por um maior número de amostragem.
3
Em contra partida, amostras tomadas de áreas maiores permitem uma queda na
variabilide, mas devido aos problemas de processamento, haveria necessidade de
um menor número de amostras.
MANNETJE
(2000)
recomenda
que
antes
do
início
de
qualquer
procedimento de amostragem deva ser realizada uma análise de custo-benefício,
na qual se considere
o tempo gasto para realização do trabalho, o nível de
precisão das avaliações e a demanda por mão de obra e recursos. Deve-se
procurar um balanço ótimo entre essas variáveis para que o procedimento seja o
mais efetivo possível. Segundo o autor há necessidade de um grande cuidado na
escolha das variáveis a serem avaliadas e na escolha do método a ser usado, já
que se a escolha não for correta a interpretação dos resultados pode se
comprometer.
Existem uma série de opções no que tange a metodologia de amostragem
em pastagens para se tentar estabelecer a estimativa de massa de forragem. As
mais comuns são àquelas tidas com destrutivas (ou métodos diretos de avaliação)
e as não destrutivas (metodologia indireta).
3.1-MÉTODO DIRETO DE AVALIAÇÃO DE FORRAGEM
Os métodos diretos de avaliação de massa de forragem baseiam-se no
corte da forragem de uma certa área delimitada, por isso são denominados
destrutivo, já que não permite uma nova avaliação naquela área que já foi colhida.
Para FRAME (1997) essa técnica é altamente confiável desde que os locais de
amostragem sejam definidos segundo casualização. Já PEDREIRA (2002)
considera que cada área
cortada representa uma fração muito pequena da
vegetação e isso pode induzir a erro no momento de se estimar a massa de
forragem total da área. Para o autor esses erros são decorrentes tanto do acaso
(originado da dispersão dos valores pontuais de massa de forragem na superfície
da vegetação) como pode estar associado ao observador, ao instrumento de
medição, à circunstância da medição.
Vários são os instrumentos que podem ser utilizados para o corte da
amostras, desde de facas, tesouras e foices, até os equipamentos mecanizáveis
4
que aumentam o rendimento da operação. Após o corte o material é recolhido e
seco em estufa de 65ºC por 72 horas, ou até atingir massa constante (HAYDOCK
& SHAW, 1975).
3.2-MÉTODOS INDIRETOS DE AVALIAÇÃO DE FORRAGEM
Devido ao fato da estimativa direta de massa de forragem ser um processo
dispendioso no que diz respeito a mão de obra e equipamentos desenvolveu-se
métodos que visam tornar operacional o número de amostras, sem no entanto,
prejudicar, ou inviabilizar os métodos de avaliação de massa forragem. São os
métodos indiretos de amostragem, que têm o caráter de não destruir a pastagem.
Esses métodos diminuem a retirada da forragem e se desenvolveram mediante
necessidade de uma metodologia mais rápida de estimativa que pudessem ser
utilizados em grandes áreas de pastagens (CUNHA, 2002). Assim algumas
características desejáveis foram usadas como referências: a) redução na
quantidade de trabalho e equipamentos, tempo e/ou recursos; b) possibilidade de
utilização em áreas com animais em pastejo; c) possibilidade de realização de
amostragem em pequenas áreas onde os procedimentos destrutivos poderiam
afetar uma proporção relativamente grande da área da parcela e interferir em
outras avaliações (FRAME, 1981).
Embora os métodos não destrutivos sejam menos precisos quando
comparados aos destrutivos, requerem menos tempo por observação e menor
esforço físico por parte dos operadores. Assim pode-se realizar um maior número
de amostras por menor unidade de tempo relativamente ao método direto
(MANNETJE, 2000).
De acordo com PEDREIRA (2002) é de extrema importância que se
identifique características da vegetação que estejam altamente correlacionadas
com a massa de forragem e que possam ser medidas rápida e facilmente. A
quantificação da massa de forragem passa a ser, então, baseada em amostragens
indiretas usando técnicas que devem ser calibradas contra valores reais de massa
de forragem medidas por amostragem direta. O autor, ainda coloca que é
5
importante que a calibração seja feita abrangendo a maior amplitude possível de
valores de massa de forragem para que, através de análise de regressão possa se
estabelecer a relação funcional entre a leitura fornecida pelo método indireto e a
massa de forragem. Assim, os métodos indiretos são utilizados através da técnica
da dupla amostragem, isto é, dois métodos de avaliação, um direto e outro indireto
são utilizados ao mesmo tempo de modo a promover uma
calibração do
referencial indireto a partir do método indireto. Normalmente a a calibração em um
número pequeno de locais, onde primeiro se faz a leitura do método indireto e
depois o corte da forragem pelo método direto (PEDREIRA, 2002).
Segundo CUNHA (2000) os métodos requerem o corte de algumas
amostras, porém em menor número, e não necessariamente na área onde as
avaliações serão feitas. Todavia, o grande número de informações existentes
sobre a utilização desses métodos é para pastagem de clima temperado. Como
conseqüência, poucos são os técnicos e produtores que fazem uso dessa técnica
no Brasil.
Um dos métodos indiretos para estimativa de massa forrageira é a
denominada altura comprimida do dossel utilizando o disco medidor (“disk meter”)
ou prato ascendente (“rising plate meter”).
4- A UTILIZAÇÃO DO DISCO MEDIDOR NA ESTIMATIVA DA
MASSA DE FORRAGEM
O acúmulo de biomassa tem uma relação direta com a altura e a densidade
da forragem. A utilização do disco medidor é uma técnica bastante atraente, pois
baseia-se no princípio segundo os quais as leituras do instrumento são
influenciadas por combinações de altura e densidade da cobertura vegetal, tendo
portanto, segundo MANNETJE (2000) a
vantagem de combinar duas
características do dossel (altura e densidade) que, em conjunto estão mais
fortemente
associadas com massa forrageira
do que a altura sozinha.
PEDREIRA (2002) ainda afirma que o uso da altura do dossel como medida
indireta é melhor relacionado com a massa de forragem se a densidade do dossel
6
for uniforme e constante ao longo de todo o perfil. Como isso é improvável,
mesmo nos dosséis mais homogêneos, a massa de forragem será superestimada
quanto mais alto for o dossel, pois as maiores densidades são freqüentemente
encontradas nos estratos
inferiores, próximo à base da vegetação. Assim a
combinação de altura e densidade para a estimativa da massa forrageira passa a
ser um método interessante e seus resultados são mais próximos do que seria a
real massa de forragem em detrimento ao uso exclusivo da altura.
O disco medidor consiste de uma haste (geralmente metálica) graduada, na
qual corre um disco ou prato, geralmente de alumínio ou galvanizado que,
colocado ou solto de uma determinada altura sobre a vegetação, registra uma
altura de repouso (Figura 1).
Figura 1: Disco medidor (Esquema).
Fonte: BRANSBY et al (1977)
A avaliação da massa de forragem com o disco é feita introduzindo-se a
ponta da haste no dossel de forma perpendicular, do topo para a base até o nível
do solo. O disco é mantido suspenso, e somente após a haste ter atingido o solo é
solto de forma a acomodar-se no topo do dossel. Nesse ponto onde o disco
estaciona é tomada a leitura da atura. A transformação da leitura de altura em
7
massa é feita através de equação de calibração apropriada e específica (FRAME,
1981). A equação de calibração é desenvolvida a partir de uma amostragem da
população com medidas diretas e indiretas sendo tomadas em cada uma das
amostras (DOBASHI et al, 2001).
Vário autores ressaltam a importância da calibração para que o método
possa apresentar confiabilidade. CUNHA (2002) afirma sobre a necessidade de se
gerar tantas calibrações quantas forem necessária a fim de que efeitos de épocas
do ano, estádio de desenvolvimento das plantas e alterações morfológicas sejam
contemplados pelas equações de calibração utilizadas. Para PEDREIRA (2002) o
procedimento ideal é fazer a calibração do disco em locais selecionados para
abranger a amplitude de massa de forragem e, de preferência, várias vezes ao
longo do experimento. Esse autor afirma que a calibração é específica para cada
técnica, ou seja, uma amplitude de alturas para calibração da régua certamente
não será a melhor amplitude para calibração do disco, uma vez que o disco deve
ser calibrado com amplitudes de massa de forragem. Em resumo, pontos de
alturas diferentes medidos na régua podem fornecer a mesma leitura do prato, se
as densidades forem diferentes.
Uma das grandes vantagens desse tipo de método indireto é a rapidez com
que as amostragens são realizadas, permitindo que o operador faça cerca de 50
leituras em 15 minutos, incluindo anotações dos valores do indicador numérico da
haste no equipamento. Em função do alto rendimento operacional desse método
mais “pontos” podem ser amostrados permitindo uma maior abrangência e
representatividade da variabilidade da pastagem (FRAME, 1981).
GRIGGS & STRINGER (1988) utilizando disco e régua para estimativa de
massa de forragem em alfafa concluíram que o tempo requerido para que uma
pessoa coletar 40 observações era de 2,1 h para dupla amostragem com disco e
corte da forragem e 2,5 h para a dupla amostragem com o método da régua.
Assim, os autores concluíram que para estimativa de forragem em alfafa o método
do disco medidor é o mais rápido é um instrumento recomendado para esse tipo
de avaliação.
8
AIKEN & BRANSBY (1992) afirmam que apesar do disco medidor ser a
técnica indireta que menos sofre efeito do observador, é sempre melhor que o
mesmo observador faça a leitura do experimento todo, ou pelo menos na mesma
repetição. Em estudo comparando a medição de quatro diferentes observadores
em três taxas de lotação os autores encontraram diferenças entre observadores,
mostrando a necessidade de manter o mesmo observador ao longo do
experimento (TABELA 1).
Tabela 1: Estimativa da massa de forragem utilizando o disco medidor em
pastagem de tall fescue com diferentes taxas de lotação e mensuradas por
diferentes medidores
Taxa de lotação (an/ha)
Observador
2.0
cm
4.5
cv
cm
6.0
cv
cm
cv
1
13,8 a
13,1
8,5 b
10,0
2,6 ab
19,9
2
10,9 b
20,5
6,8 c
11,6
2,7 ab
17,7
3
14,4 a
17,6
11,1a
12,3
2,5 b
34,4
4
14,6 a
8,6
9,0 b
12,8
3,4 a
28,4
FONTE: AIKEN & BRANSBY (1992)
O disco ou prato medidor é provavelmente a técnica indireta mais eficiente
para medir a massa de forragem em dosséis de porte médio e baixo, de espécies
folhosas e de colmos macios (PEDREIRA, 2002). De acordo com FRAME (1981)
em algumas estações do ano e em algumas espécies a presença de colmos
grossos e a alta proporção de inflorescências prejudica a precisão de calibração
do disco. Assim, CUNHA (2002) admite que essa técnica de avaliação de massa
de forragem é recomendada para espécies que têm hábito de crescimento
prostrado ou rasteiro, como por exemplo, a maioria do Cynodons. Ainda assim,
9
OLIVEIRA et al (2001) trabalhando com espécie do gênero Cynodon (Cynodon
nlenfuensis) encontraram um coeficiente de determinação muito maior para
medida de altura do relvado em detrimento ao disco medidor (respectivamente
0,88 e 0,51). Esses autores sugeriram que a menor precisão obtida por meio do
método do disco se deveu à pequena estrutura dos colmos e do reduzido tamanho
das folhas que apresentaram pouco resistência a compressão exercida pelo disco.
Também CARNEVALLI & da SILVA (2000) monitorando as alturas de pasto de
Cyndon sp. com o uso de prato ascendente observaram que os colmos
mantinham o prato numa posição mais elevada, acima do estrato de folhas,
prejudicando a precisão das estimativa de massa de forragem.
Pastagens de crescimento cespitoso, podem apresentar grande quantidade
de colmos rígidos, os quais podem interferir com as leituras do disco de forma que
essas tenham uma baixa correlação com a massa de forragem (folhas) no dossel
forrageiro (GOMES et al, 2000), pois o disco responderia muito mais a altura do
que a densidade.
È lamentável que a técnica não tenha sido calibrada para as condições de
pastagem tropical. Para pastagens da Nova Zelândia existem equações de
calibração de acordo com a estação do ano. Na Tabela 2 se observa a variação
nos valores das equações de calibração ao longo das estações e uma estimativa
da massa de forragem acumulada em uma pastagem cuja Media de Leitura (ML)
foi de 10 cm.
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Tabela 2- Equações de calibração estacional para o disco medidor
Massa de forragem estimada
Estação
Equação
(kg MS/ha com ML = 10 cm)
Inverno/ Inicio primavera
125ML + 640
1.890
Final primavera/ Inicio verão
130ML + 990
2.290
Meio do verão
165ML + 1480
3.130
Inicio do outono
159ML + 1180
2.770
Final do outono
157ML + 970
2.540
FONTE: HODGSON et al., (2000)
O tamanho dos discos variam de 0,2 a 1m² (FRAME, 1981). Segundo
BRANSBY et al (1977) não há grande efeito do peso (em discos de mesma área)
nem de área (em discos de mesmo peso por unidade de área) na qualidade da
calibração e das estimativas de massa forragem. Porém PEDREIRA (2002)
salienta que valores extremos podem ser prejudiciais, uma vez que discos
excessivamente leves irão responder apenas à altura enquanto que discos muito
pesados, irão responder muito pouco à densidade e à altura, promovendo o
esmagamento do pasto. Discos excessivamente grandes são de difícil transporte e
os muito pequenos não serão capazes de integrar a massa de forragem de uma
área grande gerando erros elevados por leitura.
DOBASHI et al (2001) trabalhando com três métodos indiretos de estimativa
de forragem, trena; prato ascende de alumínio e prato ascendente de madeira em
pastagem de capim-tanzânia, observaram que o método do prato ascendente de
alumínio foi o mais preciso obtendo os maiores coeficientes de determinação
(0,82) e os menores erros padrão de regressão (1549 kg MS/ha) em comparação
com trena (0,70 e 2009 kg MS/ha) e prato ascende de madeira (0,71 e 1982 kg
MS/ha). Porém não se pode afirmar que este método de estimativa de massa de
forragem seria o mais indicado para ser utilizado em pastagem
11
de capim-
tanzânia, pois seriam necessários estudos que abrangessem diferentes estações
do ano.
BRANSBY et al (1977) trabalhando com estimativa de massa de forragem
através do disco medidor em pastagem de Festuca arundinacea, constataram que
uma mudança do estádio vegetativo para o reprodutivo em uma pastagem
homogênea ou uma mudança na composição botânica de um dossel misto,
podem interferir nas curvas de calibração. Neste trabalho, os autores avaliaram o
efeito do tamanho e do peso do disco, utilizando quatro discos de tamanhos
diferentes (0,2 m² e 0,50 m para área e diâmetro do disco respectivamente; 0,4 m²
e 0,71 m; 0,6 m² e 0,87 m e 0,8 m² e 1,0 m) mas com mesmo peso (5 kg) e discos
de diferentes tamanhos (0,2; 0,4; 0,6 e 0,8 m²) e pesos ( 1; 2; 3 e 4 kg). Os
autores observaram coeficientes de determinação variando entre 0,79 (para o
tratamento com disco de 0,2 m² e 1 kg) e 0,94 (para o tratamento com disco de 0,2
m² e 2 kg) entre as leituras do disco e a massa de forragem. Entretanto, não
houve efeito significativo do peso nem do tamanho dos discos na precisão de
calibração. Assim, os autores concluíram
que o uso do disco medidor em
pastagem de tall fescue é um método relativamente acurado para estimativa de
massa forrageira, com um mínimo de trabalho e tempo despendidos e que a
calibração baseada em 50 “pontos” mostrou-se ótima no que diz respeito ao
balanço entre a precisão e o tempo requerido para a calibração.
GONZALEZ et al (1990) estudando três métodos inditretos de estimativa de
massa forrageira (disco medidor, altura da planta e capacitância) em capimbermuda concluíram que os três métodos têm potencial para ser usado como
estimadores de massa de forragem tanto em parcela quanto em pastagem, mas
que precisam ser aprimorados para serem utilizados na mensuração dessa
forrageira. Os autores encontraram coeficientes de
relação 0,91 e 0,89
respectivamente para mensurações com disco e com capacitância (Tabela 3).
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Tabela 3- Relação entre a altura da planta, disco medidor e capacitância e
acúmulo de massa forrageira em pastagem ou parcela de capim-bermuda.
DPR (kg.há-1)
Equipamento
CD
Altura/parcela
0,86
832
27,3
Altura/pasto
0,86
759
21,7
Disco/parcela
0,80
1026
25,8
Disco/pasto
0,91
631
22,7
Capact./parcela
0,77
1097
27,6
Capact./pasto
0,89
556
26,0
CV
CD = Coeficiente de determinação
DPR = Desvio padrão residual
CV = Coeficiente de variação
FONTE: Adaptado de GONZALEZ et al (1990)
SANTILLAN et al (1979) trabalhando com disco medidor em quatro
gramínea (duas de clima temperado e duas de clima tropical) , verificaram que a
idade das espécies C4 estudas (D. decumbens
e P. notatum) foi mais
determinante na precisão do método do que o estádio reprodutivo e a estação do
ano. Os autores observaram difereção morfológicas menos acentuadas do que
seria
esperado
considerando
algumas
gramíneas
temperadas
e
as
correspondentes mudanças de estação. Na tabela 4 observa-se os coeficientes de
determinação e regressão e o desvio padrão nas quatro esécies estudadas.
13
Tabela 4: Coeficientes de determinação e regressão e desvio padrão da
estimativa de massa de forragem utilizando o disco medidor em quantro espécies
forrageiras.
DP (kg.há-1/cm )
Forrageira
CD
L. multiflorum
0,89
184,4
12,13
P. notatum
0,92
203,2
14,43
D. decumbens
0,95
161,8
9,94
H. altissima
0,95
185,9
10,78
CV
CD = Coeficiente de determinação
DP = Desvio padrão residual
CV = Coeficiente de variação
FONTE: Adaptado de SANTILLAN et al (1979)
CUNHA (2002) em estudo com três gramíneas do gênero Cynodon
(Florarkik, Tifton-85 e coastcross) e três métodos de estimativa de forragem
propôs que a análise realizada sobre os métodos de estimativa indiretos objetiva
saber se (i) uma equação única poderia ser utilizada para as três cultivares
estudadas, dadas as similaridades morfológicas e estruturais das mesmas, e (ii)
se uma equação única poderia ser utilizada para o ano todo, ou haveria
necessidade de equações específicas para diferentes épocas do ano. Se este
fosse o caso,quais seriam as épocas do ano que poderiam utilizar as mesmas
equações e, portanto orientar o agrupamento dos dados coletados de forma
mensal para gerar as equações de calibração desejadas. A autora conclui que a
geração de uma curva de calibração comum para as três cultivares não seria
recomendável devido a falta de similaridade nos valores do intercepto e do
coeficiente angular das equações de regressão. Assim, conclui-se que a
metodologia usada à campo de se adotar o mesmo manejo para as três cultivares
é equivocada. A autora também observou variações nos valores do intercepto e do
coeficiente angular durante o ano. Na tabela 5 observa-se observa-se os
coeficientes de determinação e regressão e o desvio padrão nas três espécies
estudadas em diferentes epócas do ano.
14
Tabela 5: Coeficientes de determinação e regressão e desvio padrão da
estimativa de massa de forragem utilizando o disco medidor em três espécies
forrageiras do gênero Cynodon.
Forrageira
CD
CV
Verão
Florakirk
0,80
28
Tifton-85
0,77
23
Coastcross
0,86
33
Inverno
Florakirk
0,68
24
Tifton-85
0,73
23
Coastcross
0,68
27
CD = Coeficiente de determinação
CV = Coeficiente de variação
FONTE: Adaptado de CUNHA (2002).
5- CONSIDERAÇÕES FINAIS
As curvas de calibração geradas para utilização do disco medidor como
método indireto de estimativa de forragem possuem ainda, uma alto erro padrão,
principalmente em forrageiras tropicais. Certamente a mediada mais eficaz para
se reduzir para se reduzir o erro padrão dessas curvas seria o aumento do número
de pontos por unidade experimental, de forma a permitir que o banco de dados
gerado incorpore uma maior proporção da variabilidade existente nas unidades
experimentais e permitisse um melhor ajuste dos modelos matemáticos, o que
resultaria em curvas de calibração mais robustas e precisas (CUNHA, 2002).
O método do disco medidor, desde que devidamente calibrado, permite
uma maior velocidade de trabalho e economia de tempo e mão de obra em
15
detrimento a outros métodos de estimativa de massa forrageira, permitindo assim,
que uma maior proporção da área total de cada unidade experimental seja
amostrada, reduzindo, consequentemente,
o erro de amostragem para uma
quantidade semelhante, ou menor de esforço e tempo (SANTILLAN et al, 1979).
Assim, devido sua simplicidade de uso e dos resultados que gera, o disco
medidor é um aparato interessante para ser usado como estimador da massa
forrageira em uma pastagem, devendo portanto receber maior atenção dos
pesquisadores no que diz respeito a calibração para pastagens de clima tropical.
6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ecológicas de Cynodon dactylon para validação de técnicas para ensaio de
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Escola Superoir de Agricultura Luiz de Queiroz. 2002.
16
DOBASHI, A.F.; PENATI, M.A.; BARONI, L.G.; CORSI, M.; JACINTHO, G.C.
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Sociedade
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Zootecnia,
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