Página 2 - Bauru, quarta-feira, 27 de março de 2013
OPINIÃO
Tribuna do leitor
Entrelinhas
VIOLÊNCIA: AONDE
ISSO VAI CHEGAR?
Da Redação
Pacotão
A comitiva de vereadores que foi a
Brasília discutir a dívida da Cohab trouxe
notícias não muito alvissareiras: a Caixa
Econômica Federal (CEF) quer a negociação global de R$ 342 milhões e não R$
292 milhões, como pretende a companhia
de habitação e a própria prefeitura.
Maratona
Apesar do almoço indigesto de ontem,
em Brasília, vale destacar positivamente a
iniciativa dos vereadores Raul Gonçalves
de Paula (PV), Lima Júnior (PSDB), Markinho da Diversidade (PMDB) e Fábio
Manfrinato (PR). Eles ficaram por três
horas, na tarde de ontem, reunidos com
os gestores do FGTS e, às 22h, pegaram
o voo de volta a Ribeirão Preto, de onde
pegariam a estrada rumo a Bauru. Além
disso, eles agendaram uma videoconferência para ampliar a discussão sobre a dívida.
O destino
Os vereadores de Bauru, aliás, encontraram, no voo a Brasília, o deputado
federal que não sai do noticiário: Marco
Feliciano (PSC). O presidente da Comissão de Direitos Humanos, acusado de
racismo, homofobia e sexismo, tem sido
alvo de protestos, inclusive em Bauru, do
qual participou Markinho da Diversidade,
que não conversou com o parlamentar no
voo. Apenas Lima Júnior trocou algumas
palavras com Feliciano.
De volta
Duas semanas após ser submetido a
uma cirurgia bariátrica, 14 quilos mais
magro, Sandro Bussola (PT) retoma ao
cargo de vereador, reassumindo ainda a
presidência do Legislativo. Desta forma,
Raul volta ao posto de vice da Mesa Diretora e José Carlos de Souza Batata (PT)
à condição de suplente, tornando remota,
aliás, sua volta ao comando da Semel.
Calculando
Até para acalmar os ânimos do PT, o
Rodrigo Agostinho (PMDB) havia prometido a Secretaria Municipal de Habitação.
O prefeito, porém, diz que vai aguardar a
avaliação do impacto prático do reajuste
de 6,31% concedido aos servidores para
bater o martelo tanto para a criação da
pasta quanto para a conclusão dos estudos
sobra a reestruturação das demais.
Explicação
O secretário de Saúde, Fernando
Monti, negou perseguição a servidores,
membros do Conselho Gestor da UPA
Bela Vista. Ele afirma que as duas assistentes sociais ficarão por apenas um mês
no Pronto-Socorro Central para terem
contato com novas políticas que estão
sendo implantas. Elas continuariam lotadas no Bela Vista e não seriam impedidas
de concorrer à reeleição do conselho.
A dúvida é: por que isso justamente no
momento em que se tornam públicos
problemas na unidade?
Deixa para lá
Fernando Monti diz que, diante do
ocorrido, exposto na edição de ontem
do JC, as duas assistentes sociais envolvidas, caso não queiram, não precisarão
passar pela “experiência” no PSC. “É só
elas assinaram que não estão dispostas.
Eu fico assustado. Por que se gasta tanta
energia com essas coisas?”
Corrigindo
Na última sessão da Câmara Municipal, o prefeito Rodrigo Agostinho
foi criticado por Lima Junior, Roque
Ferreira (PT) e Faria Neto (PMDB) por
ter enviado projeto de reajuste dos servidores municipais excluindo o benefício
aos funcionários do DAE. No texto, isso
não era explícito, mas foi percebido na
reunião da Comissão de Justiça. Pressionado pelos parlamentares, o prefeito
corrigiu a falha com uma emenda.
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Cinéfilos versus cinófilos
Há cinquenta ou sessenta anos, os cinéfilos
abundavam. Todo mundo era amigo do cinema, considerado o rei do entretenimento. Nas
cidades do interior as sessões de domingo eram
uma verdadeira reunião de personalidades:
médicos, advogados, dentistas, etc. As salas
de exibição eram uma verdadeira vitrine. Era
lá que as senhoras e senhoritas exibiam os seus
vestidos elegantes, vistosos casacos, sapatos...
Frequentar o “cine” era uma verdadeira
condição “sine qua non” para estar de bem com
a sociedade. E para isso valia qualquer sacrifício. Até mesmo enfrentar as filas para comprar
os ingressos. Elas poderiam ser quilométricas.
Mas enfrentá-las era uma coisa previsível.
(Aliás, abrindo parêntese, em priscas eras
não havia esse problema; os pais de família
alugavam frisas e camarotes, que eram pagos
mensalmente – fossem ou não usados.)
Retomando o “fio da meada”: enquanto
os cinéfilos abundavam, eram poucos os
cinófilos. Pouca gente gostava de cachorro.
Ou melhor, gostava, mas não tinha um em
casa. Naquela época, lugar de cachorro era
em sítio ou fazenda, onde ajudava a cuidar
da segurança.
Entretanto, como no nosso mundo nada é
eterno, ocorreu uma modificação. Com o advento de novas tecnologias, como televisão e DVD,
surgiu a possibilidade de ver filmes em casa, com
conforto, mordomia e segurança, sem correr o
risco de ser assaltado na hora de entrar no carro.
Aí os cinemas começaram a ficar vazios. Em
consequência, as majestosas salas de exibição
passaram a ser demolidas (como é o caso recente
do Cine Bauru) ou se transformaram em templos
das mais diversas religiões.
Hoje, cinema só existe nos shoppings.
E como cidade pequena não tem shopping...
Paralelamente, enquanto os cinéfilos (amigos do cinema) diminuíam assustadoramente, os
cinófilos (amigos dos cães) aumentaram idem.
Novas raças foram criadas. Outras foram
importadas. A exemplo das maritacas e pombas, os cachorros migraram para as cidades.
E como seres urbanos – eu disse urbanos, e
não humanos, como afirmou aquele ministro – surgiram animais delicados, pequenos,
sofisticados e chiques. E para mantê-los em
condições de provar que aquela história de
“vida de cachorro” virou piada, surgiram as
clínicas veterinárias e os pet shops, verdadeiros salões de beleza para animais. A indústria
de alimentos para os bichos cresceu vertiginosamente. Tudo isso movimentando bilhões
de reais todos os anos.
Concluindo: se, como no futebol, ocorresse uma disputa nos anos 1950, os cinéfilos
venceriam os cinófilos por dez a dois. Se o
cotejo fosse hoje, a contagem seria idêntica.
Mas o vencedor seria outro. (O autor, Ismar
Pereira, é advogado aposentado)
A democracia em risco
Num Estado democrático, todos sabemos,
é livre a manifestação de pensamento e o
exercício pleno da fé. No Brasil, infelizmente,
temos que incluir a palavra “ainda” ou “por
enquanto”. Isso porque estamos prestes a viver
como um Estado antidemocrático, onde só é
permitido o que uma “minoria” pensa e quer.
Não sou simpatizante de muitas das
ideias do deputado Marcos Feliciano. Creio,
inclusive, que em algumas ocasiões contribuiria mais se ficasse quieto. No entanto, estamos
(ainda) num Estado Democrático e a livre
expressão de pensamento e fé valem “ainda”.
Por esse ângulo, têm legitimidade aqueles
que, discordando de seus pontos de vista, não
o desejam na Comissão de Direitos Humanos
e Minorias. No entanto, tem ficado cada vez
mais claro que o posicionamento geral desses
opositores tem sido fruto de preconceito (o
mesmo preconceito que dizem combater).
Senão, vejamos:
1. Não só tais manifestantes mas, estranhamente, a própria imprensa faz questão de
identifica-lo como pastor. Sim, ele o é – mas
não vejo as mesmas pessoas e profissionais da
imprensa identificando Pedro Tobias como o
dr. Pedro Tobias ou o médico Geraldo Alckmin
– mas pelo cargo político que ocupam.
2. Feliciano não cometeu nenhuma ilegalidade para chegar onde chegou, tendo sido eleito para o cargo que ocupa da Comissão através
de processo totalmente democrático, sendo ele
mesmo detentor de mandato eletivo apoiado
por mais de 200 mil votos. No entanto, querem
tirá-lo por meios não-democráticos. Pressão é
uma coisa, discordar é legítimo, subverter a
ordem é outra bem diferente. A baderna feita
nas reuniões da citada Comissão demonstram
esse raciocínio. Ora, o regime democrático
está aí, em vigor (ainda) e o voto é sua maior
arma. Não gostam de Feliciano? As eleições
estão se aproximando outra vez – usem-na
para tirá-lo de lá.
3. Renan assumiu a Presidência do Senado
envolto a mais uma enxurrada de denúncias;
Henrique Eduardo Alves assumiu a Presidência da Câmara da mesma forma; João
Paulo Cunha, mensaleiro condenado pelo
STF, compõe a Comissão de Constituição e
Justiça, a mais importante da Câmara Federal;
Fernando Color, presidente cassado por corrupção é presidente da Comissão de Relações
Exteriores do Senado; José Genoino, outro
mensaleiro condenado, continua lá depois de
maracutaia política que lhe abriu espaço para
assumir; Paulo Maluf, igualmente compõe a
importantíssima CCJ, mesmo sendo caçado
pela Interpol e não podendo por o pé fora
do Brasil sem ser preso. Onde estão esses
mesmos defensores do bem, que lutam por
defender direitos? Por que se calaram em relação a esses e outros tantos que enxovalham a
democracia e diminuem o valor do Parlamento? Será que não há aqui medidas diferentes
de avaliação por parte dos que agora gritam
“Fora Feliciano”?
4. Feliciano ainda não teve sequer uma
oportunidade de conduzir reunião da Comissão
que preside, pois um grupo de baderneiros
o impediu. Esse mesmo grupo e a imprensa
que ora os apoia com espaço de divulgação e
cinco minutos de fama, não fez esse estardalhaço quando Lula, que sempre quis e ainda
quer cubanizar o Brasil, assumiu com seus
40 mensaleiros. E mesmo tendo intenção de
agir segundo suas crenças ideológicas, teve
que respeitar as leis de mercado e lançou uma
“Carta Aberta” antes de eleição se comprometendo a respeitar a democracia. Igualmente
não se manifestaram os baderneiros quando
Dilma, a ex-guerrilheira, assumiu. Onde estavam esses? Onde estão? Lula se debate com
mais uma série de acusações – onde estão os
denunciadores e mobilizares do “Fora...”. Para
a eleição se usou uma cantilena de apoio a Lula
para seu segundo mandato (mesmo depois do
escândalo do mensalão, agora comprovado e
julgado). Então, por favor opositores de Feliciano, mesmo que, como eu, você não concorde
com algumas posições dele, fiscalize-o, cobre,
pressione, mas primeiro “deixa o homem trabalhar” e mostrar a que veio.
Democracia é, entre outras coisas, saber
respeitar os que pensam diferente. E se os
ativistas combatem a forma como Feliciano
se expressa, precisam também rever como eles
mesmos se comportam, não diante de Feliciano, mas diante da Democracia brasileira. Não
sei se Feliciano permanecerá no cargo debaixo
dessa pressão toda, mas sei que diante das
manifestações “pastorfóbicas” o que de fato
está em risco é a Democracia. (O autor, Edson
Valentim de Freitas Filho, é pastor da Igreja
Batista Bereana, em Bauru)
O que eles dizem
* “O deputado Feliciano já se desculpou
por colocações mal feitas. Qualquer um pode
deslizar nas palavras, pode errar.” (Pastor Everaldo Pereira, vice-presidente do PSC, ao manter
Feliciano na presidência da CDH. Página 15)
* “Se não fosse o Thiago, eu não estava
aqui para contar história.” (David Santos Sousa, 21 anos, que teve o braço arrancado após
ser atropelado, ao se reencontrar com pessoas
que o ajudaram depois do acidente. Página 16)
Infelizmente, enquanto nossos governantes forem omissos em suas responsabilidades
a violência vai continuar. Temos muitos
exemplos com gastos superfaturados, desvio do dinheiro público etc. Gastam bilhões
com estádios, mas sempre falta dinheiro
para educação, saúde pública, moradias para
desabrigados, reajuste para os velhos aposentados que tanto lutaram por nosso Brasil.
Governo Federal, estadual e municipal faltam
com responsabilidade com todos aqueles que
depositaram nas urnas seu voto de confiança
nesses malucos que são egoístas que após
ser eleitos esquecem, e abandonam, quem os
elegeram. A corrupção está generalizada em
nosso Brasil. “Isto é uma vergonha!”. (Jair
Gonçalves de Oliveira)
VIOLÊNCIA E AS CAUSAS
Sem dúvida, a violência é assustadora e
só alarmar com ela infelizmente não resolve.
É preciso buscar as causas, inclusive na educação, na sociedade, na “família”, nos meios
de comunicação, na “televisão”, nos exemplos
discrepantes dados por determinadas autoridades. Todos nós estamos envolvidos nessa
realidade e precisamos contribuirmos para
reversão desse quadro. (Valdivino da Silva)
FALTA TOLERÂNCIA!
Realmente está faltando mais tolerância.
As pessoas estão estressadas com tanta violência, a corrida pelo dinheiro, pelo poder.
Coisas simples da vida como jogar bola com
seu filho, ir a um parque, foram deixadas pra
traz por causa do trabalho, estudo, tudo pra
subir na vida. Não se tem mais calma pra nada.
As pessoas reclamam de serem injustiçadas,
mas fazem a mesma coisa com os outros.
Tenha mais calma com a moça do caixa do
mercado, ela também é filha como você ou
mãe, tenha mais calma com o frentista, ele
também está cansado e quer ir pra casa. Ou
melhor, se coloque na posição do outro antes
de cobrar, ofender. Isso já basta para uma vida
mais tranquila, seja mais tolerante. (Maria
Aparecida de Camargo Barbosa)
RIO BAURU LIMPO!
Sou um bauruense que vive no Japão há
12 anos e desde criança sempre gostei muito
de peixes e rios. Sempre sonhei em um dia
ver o rio Bauru limpo. Quando passava por lá,
imaginava se aquele rio fosse limpo. Aqui no
Japão, na cidade onde moro, tem um rio que
corta toda a cidade. O curioso é que existem
muitas indústrias nas proximidades.
O sistema de esgoto trata a água antes de
ser solta no rio. Ela sai totalmente limpa. Água
chega a ser cristalina e a ter muitos peixes, e no
verão todos que vivem na redondeza descem
ali para brincar, já que é seguro por ser raso.
A prefeitura também colocou rochas para
enfeitar e para que ajude a filtrar e oxigenar
ainda mais a água. Queria muito uma reportagem sobre a limpeza do rio Bauru. Quero
muito saber o andamento das obras e o que
está sendo feito. Acho que temos que pressionar mais para que seja limpo e possa deixar a
cidade mais bonita e mais limpa. (Alex Mizuki)
ESSES CARAS SÃO ESPERTOS...
Esta é para acordar o analfabeto político:
dias depois de votarem o fim do 14º e 15º
salários, os deputados aumentaram em 12,72
% a verba indenizatória, ou seja, a cota para o
exercício de atividade parlamentar. Tem mais,
não tiveram vergonha para anunciar que vão
aumentar em 26,6% o auxílio moradia. Atentem, se não botarmos para fora essa turma que
está no Congresso, mesmo ziguezagueando
eles sempre vão chegar onde querem para
recuperar o que perderam com o fim do 14º e
15º salários. Esses caras estão nos chamando
de idiotas. (Leônidas Marques)
CONSTITUIÇÃO NA MÃO
De um cidadão brasileiro para o presidente
da República, ministros, governadores, prefeitos, vereadores etc... Sugiro: 1 - A realização
de campanha, a nível nacional, incentivando
todo o povo brasileiro a possuir um exemplar
da Constituição brasileira tal como ocorre
com a Bíblia e os cristãos; 2 - Como matéria
obrigatória, incluir no ensino “a Constituição
brasileira”; 3 - isentar de impostos a publicação e comercialização desse livro.
Muito embora saiba da conveniência da
maioria esmagadora dos políticos brasileiros
em manter o povo ignorante sobre o assunto e
tantos outros, acredito que as ONGs de plantão
poderão ter interesse em realizar uma campanha, pressionando o governo nesse sentido.
Ignorância zero, direito para todos! (Waldir
Pianosi - em defesa da cidadania)
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