EMEF Alexandre Bacchi
DESCRIPCIÓN DE LA INSTITUCIÓN
UBICACIÓN GEOGRÁFICA
Região: Sul
Município: Guaporé – RS
Título da experiência: “Diversidade na sala de aula: o contexto atual da educação”
Autoras: Adriangela Bonetti, Joelma Idiane Frighetto Flamia e Luciane Faccio Balestieri
CONTEXTO INSTITUCIONAL
Meu trabalho como professora iniciou-se no ano de 2007, no município de Guaporé-RS,
com uma turma de 2º ano do Ensino Fundamental. A experiência surgiu da necessidade de
adaptação didática para que todos os alunos da classe pudessem aprender. Havia também
a necessidade de erradicar uma cultura que havia se criado na escola de que havia muitos “alunos problema”, “indisciplinados”, “com dificuldades de aprendizagem” e os alunos
com deficiência e outras necessidades educacionais especiais deveriam estar na APAE, e
não na escola regular. Direção, vice-direção e coordenador de turno da escola, bem como
funcionários e familiares, contribuíram apoiando significativamente o desenvolvimento da
experiência.
1
EMEF Alexandre Bacchi
DESCRIPCIÓN DE LA EXPERIENCIA
EQUIPE DE TRABALHO
Aproximadamente 200 pessoas estiveram ou estão envolvidas na experiência. Atuo na escola
como professora de anos iniciais do ensino fundamental. Resolvi desenvolver essa experiência
por acreditar que as diferenças existem para o crescimento de todos e não para a segregação.
Participar dessa experiência de forma tão direta me fez ver que a limitação está em todos. Porém,
algumas limitações são mais raras, e assim, menos familiares, menos aceitáveis, mais evidentes. É
necessário valorizar, destacar, enaltecer o que dá certo, o que evoluiu, o que é bom. Assim, será
possível cada um enxergar globalmente o todo da situação.
POPULAÇÃO BENEFICIADA
Foram beneficiados com a experiência todos os alunos da turma, sendo que dois destes possuem
deficiência física e transtorno global no desenvolvimento, e a comunidade escolar como um todo
(professores, gestores, famílias, funcionários, profissionais da educação especial do município,
SME e outros)
OBJETIVO GERAL
DA EXPERIÊNCIA
Mostrar que é possível incluir a diversidade e possibilitar que todos se desenvolvam sempre
de forma crescente, ensinando a todos, no mesmo espaço escolar, os mesmos conteúdos,
com métodos diversificados.
OBJETIVO GERAL
DA EXPERIÊNCIA
Iniciei o ano de 2009 com um planejamento especial, o qual previa várias atividades para
cada dia, com no máximo 20 minutos para cada uma, pois percebi, em diálogo com a turma,
que eram alunos interessados, com boa motivação para aprender e muito dinâmicos. Resolvi
investir tudo neles!
As aulas eram mescladas por atividades bem lúdicas: iniciávamos a aula com a hora do conto, problematização do texto, jogos de quebra-cabeça, caça-palavras, cruzadinhas, dominó,
memória, filmes, lousa magnética, músicas, textos coletivos, atividades no pátio da escola,
leitura de imagens, relatos do cotidiano, parlendas, trava-língua, letra de músicas para ler e
2
EMEF Alexandre Bacchi
DESCRIPCIÓN DE LA EXPERIENCIA
cantar, e assim por diante. Quanto mais interativa a aula, mais os alunos produziam. Não havia indisciplina, pois estavam ocupados em realizar as atividades juntos. Os apelidos preconceituosos que alguns alunos possuíam foram esquecidos. Ao contrário do que às vezes se
pensa, os alunos produzem mais e se concentram mais trabalhando juntos.
Era possível perceber resistência por parte de alguns alunos em trabalhar com os colegas
com deficiência ou transtornos globais do desenvolvimento. Assim, foi necessário conversar
bastante e trabalhar muitas histórias para vencer o preconceito. Ainda bem que para isso
pode-se contar com Ziraldo, que de forma tão sábia escreveu: FLICTS, um livro fantástico para
trabalhar as diferenças. Praticamente decoramos o livro! Além disso, muitas fábulas de Esopo
e outras estórias inventadas por mim fizeram com que os colegas se aceitassem com mais
naturalidade, percebendo e destacando o que cada um tem de bom e desconsiderando as
diferenças como fator de preconceito e discriminação.
Não demorou muito e os frutos começaram a aparecer. Vários alunos se alfabetizaram e já
conseguiam auxiliar outros colegas que ainda precisavam de ajuda para ler e escrever. Percebia-se que a cooperação e espírito de equipe cresciam a cada dia. Por isso, quando iniciávamos a aula também comentávamos que alguns colegas ainda precisavam aprender a ler e
escrever e assim todos assumíamos o compromisso de se ajudarem. Todos se sentiam responsáveis pelo progresso de cada um. Era necessário elogiar, pois além de merecerem os elogios,
os alunos precisavam ser ainda mais motivados e incentivados a progredir.
A partir de algumas leituras de autores como Gardner, Mantoan, Sassaki, além de legislações
como LDB e ECA, fui percebendo que enquanto educadora, mesmo que eu não possuísse
formação específica para trabalhar com alunos público alvo da educação especial, eu poderia
fazer com que todos os meus alunos aprendessem se eu me apropriasse, com conhecimento,
dos diversos métodos que estão à disposição e oferecesse todos esses aos alunos, no espaço
escolar.
Realmente, os primeiros dias não foram fáceis, até eu encontrar tranquilidade para trabalhar
com a turma, que era de 26 alunos e vários ritmos de aprendizagem. Além disso, a aluna que
possuía paralisia cerebral parcial era muito dependente e imatura para sua idade (9 anos).
Achei prudente conversar com a professora da turma em 2008, e fui informada de que optaram pelo monitor na sala de aula, visto que a legislação prevê e que talvez isso tenha contribuído para a insegurança ou dependência da aluna. Embora a intenção fosse boa, na prática
3
EMEF Alexandre Bacchi
DESCRIPCIÓN DE LA EXPERIENCIA
o que aconteceu foi que a aluna se tornou muito dependente, pois o monitor a acompanhava
fazendo atividades diferenciadas para ela na turma, as refeições eram oferecidas em horários
distintos dos demais alunos, só subia e descia escadas se apoiando no monitor, não interagia
com os colegas nas atividades do recreio, (dizia-se que poderia se machucar) e assim por diante.
De fato, a aluna ainda não havia aprendido as letras do alfabeto, não conhecia números, apenas,
com bastante limitação ortográfica e motora, escrevia seu nome.
Após ser informada sobre esse aspecto do ano anterior, percebi que a turma não se constituía
um problema, bastava oferecer a eles - a todos eles - conteúdos interessantes e metodologias
diversificadas para que se interessassem e conseguissem produzir. Além de que era urgente
e necessário acabar com a cultura de que eles eram diferentes dos outros então deveriam ser
tratados de forma diferenciada. Assim, fui me libertando de todos os preconceitos que eu
tinha em mente sobre a turma e que eram fruto de alguns comentários que colegas educadoras faziam de alguns alunos. Uma situação nunca se repete, e eu percebia que o que
me diziam sobre alguns alunos não era verdadeiro, eles eram muito bons! Muito queridos
e nunca haviam faltado com respeito a mim. Porém, algumas mudanças precisavam ocorrer
visando rever a forma como alguns alunos haviam sido atendidos em 2008. E, com o passar
dos dias, algumas necessidades foram ficando bem aparentes. Os alunos apresentavam
ritmos de aprendizagem bem diferenciados, e por isso eu precisava estar constantemente
atenta para sempre mantê-los ocupados. Interessante que aqueles alunos que no ano
anterior haviam sido rotulados de “problema sério”, “causa perdida”, “indisciplinados”,
eram os que mais produziam, com mais agilidade e perfeição. A aluna com deficiência precisava desenvolver mais autonomia para alimentar-se, subir e descer escadas sem
ajuda, participar do recreio com os demais colegas, participar das atividades que a turma
realizaria fora da escola, a família precisava ser orientada em como proceder em casa
com a aluna, a fim de cooperar com o que já se fazia na escola, e assim por diante.
Para mim estava bem claro que naquela turma não havia “aluno problema”, “indisciplinado”,
mas sim alunos com muita vontade de aprender, dinâmicos e que não estavam sendo compreendidos e atendidos no grau que poderiam produzir.
Em conversa com a direção e vice-direção da escola, expus a situação da turma e da escola,
e solicitei algumas ajudas. Dentre elas, que todos os alunos participassem do recreio juntos;
que a família fosse convidada a acompanhar mais de perto a vida escolar dos alunos; que os
alunos público alvo da educação especial tivessem um plano de Atendimento Educacional
Especializado e que a escola previsse no seu Projeto Político- Pedagógico a inclusão dos alunos e a oferta do Atendimento Educacional Especializado.
4
EMEF Alexandre Bacchi
DESCRIPCIÓN DE LA EXPERIENCIA
Desta forma, a escola se organizou com:
n formação continuada para os professores que atuavam em classes com matrículas de
alunos da Educação Especial (curso do MEC, em Caxias do Sul Direito à Diversidade,
março de 2009);
n recreio dirigido: atividades e brincadeiras diversas, com orientação de profissionais da
escola no qual todos os alunos poderiam participar;
n
reuniões pedagógicas mensais para reavaliar o PPP (projeto Político-pedagógico) e
detalhar sobre a inclusão a partir da diversidade do alunado, incluindo metas específicas que contribuiriam para efetivar a inclusão na escola;
n
reuniões com pais e responsáveis para a elaboração das atas que detalharam como
seria desenvolvido o Plano de Atendimento Educacional Especializado para os alunos
público alvo da
Educação Especial (alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades/superdotação);
n
parceria com a instituição especializada do município, visando um intercâmbio frequente de informações e conhecimentos.
n Formação continuada aos professores.
Além dessas mudanças no âmbito escolar, passei a me preocupar em mediar mais situações de
aprendizagem ao mesmo tempo na sala de aula. Isso se fazia necessário, pois alguns alunos
produziam muito, num ritmo muito bom de aprendizagem, e era justo ajudar também estes a
avançarem no conhecimento, de acordo com o seu ritmo. Caso contrário, estes mesmos alunos
excelentes poderiam se tornar indisciplinados ou bagunceiros, se não tivesse à sua disposição
atividades nas quais canalizassem suas inteligências e energias. Pensando nisso, desenvolvi
um projeto para a turma intitulado: Biblioteca Na Sala de Aula: um ambiente propício à
leitura.
O objetivo do projeto era tornar a sala de aula um ambiente mais prazeroso, lúdico e de
5
EMEF Alexandre Bacchi
DESCRIPCIÓN DE LA EXPERIENCIA
aprendizagens múltiplas. Assim, nenhum aluno ficaria sem atividade. Quando concluíssem
o plano diário, estariam envolvidos fazendo alguma outra atividade na biblioteca da sala
de aula.
Os dias foram se passando e a turma manifestava progressos significativos, em aprendizagem
de conteúdos, em relacionamentos, em atitudes e valores entre si.
Logo percebemos que a aluna com paralisia começou a se alfabetizar. Isso aconteceu quando
escrevia no quadro-negro seu nome, letras, sílabas, palavras e por fim escrevia frases e lia. As
frases ainda não eram completas, faltavam os elementos de ligações e assim por diante. Mas
o que importava era que ele escrevia três palavras e lia cinco ou seis. Para mim não restava
dúvida. Estava se alfabetizando. Depois de dois meses de aula, já não necessitava de ajuda
para subir ou descer escadas. Alimentava-se sem ajuda, brincava no recreio como os demais e
participava da fila, educação física, atividades junto com a turma. Desse momento em diante
percebi ainda mais claramente que o desenvolvimento é do aluno, mas a estimulação por
meio da metodologia é o que fará com que ele faça isso de forma mais plena.
O aluno com transtorno global do desenvolvimento aprendeu logo a usar o banheiro sem
ajuda, começou a se alimentar com mais calma e firmeza, e participava de todas as atividades
dentro e fora da sala de aula, com os outros colegas.
Embora não tivesse ainda a compreensão dos sinais gráficos, ele lia livros para os colegas,
observando as gravuras. Fazia gestos e mudava a expressão facial em alguns trechos do livro.
Manuseava bem o caderno, embora não escrevesse ordeiramente. Esforçava-se para desenhar, gostava de massa de modelar e adorava dançar e cantar. Aulas com música o deixavam
muito feliz. Era comum ele ficar cantando a música trabalhada na aula por dias. Manuseava jogos pedagógicos e ganhava muitas vezes no jogo de memória. Logo o número de pares pode
ser aumentado. Além de outros benefícios, os jogos pedagógicos os ajudaram a melhorar o
vocabulário. Visto que a escola recebe alunos de bairros carentes, muitos objetos, alimentos e
outras coisas, eles conheceram por meio das figuras dos jogos.
Por meio de um planejamento individualizado, foi possível descrever inteligências, metas,
metodologia e avaliação dos alunos público alvo da educação especial. Para o ano seguinte,
os novos professores poderão observar o plano e a partir deste, dar continuidade ao trabalho
com estes alunos. Lembrando que o planejamento individualizado não serve para justificar
atividades diferenciadas, e sim a busca de diferentes metodologias para que todos aprendam
os mesmos conteúdos.
6
EMEF Alexandre Bacchi
DESCRIPCIÓN DE LA EXPERIENCIA
Para o próximo ano pretende-se reestruturar a acessibilidade física da escola: escadas,
acessos, banheiros, e continuar a experiência, elaborando mais projetos, aproximando
mais a família, formando melhor os educadores, a fim de atender a todos da melhor
forma possível.
7
EMEF Alexandre Bacchi
EVALUACIÓN DE LA EXPERIENCIA
RESULTADOS
A naturalidade com que a turma conseguia trabalhar, respeitando as diferenças e não permitindo que isso atrapalhasse no desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem; os
avanços na aprendizagem dos conteúdos por parte dos alunos público alvo da educação especial; o testemunho e a prova de que está ao alcance de todos fazer inclusão na rede regular
de ensino. A limitação não está no diferente, mas na indiferença ao diferente. A experiência
mostrou que todos têm competências e habilidades a serem desenvolvidas. Cabe aos educadores reaprenderem a ensinar a partir da diversidade.)
AVALIAÇÃO
Os desafios encontrados estão relacionados com as reestruturações que a escola ainda não sofreu,
visando atender a todos. Aspectos arquitetônicos, físicos, profissionais etc. Além desses, existem os
preconceitos internos do ser humano, relacionados com a aceitação do diferente como “igual”. Esses
últimos só poderão ser superados com muito esforço, leituras e conhecimento dos objetivos da educação e também dos objetivos pessoais de cada um de nós que se diz educador.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Certamente, se para muitos parece pouco ou nada o que se faz para incluir, para outros os avanços
são enormes, gigantescos. O que faz a diferença, para mim, é que não existem esforços sem conquistas, existem, sim, metas sem ações. Se realmente queremos fazer inclusão, isso é possível. Hoje,
em nossa escola os professores estão mais tranqüilos, pois estão vendo a inclusão de outro ângulo.
Ainda há resistências, mas o importante é que já se pensa de forma mais natural a inclusão. Compreendemos que é essencial estudar o assunto, individual e em grupo, aceitar a todos e investir em
todos. Após isso, colher os frutos que certamente chegarão no tempo certo de cada um.
8
EMEF Alexandre Bacchi
EVALUACIÓN DE LA EXPERIENCIA
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL, Estatuto da Criança e do Adolescente: Lei 8.069 de 13 de julho de 1990. Rio de
Janeiro/; Ed. Esplanada, 1998.
BRASIL, Lei de Diretrizes e Bases da Educação: Lei 9.394 de 20 de dezembro de 1996.
CARVALHO, Rosita Edler : Educação Inclusiva: com os pingos nos “is”, mediação, 2009
FACION, José Raimundo: Inclusão Escolar e suas Implicações; IBPEX, 2008
MANTOAN, Maria T. Egler, Inclusão Escolar, Moderna, 2003
SASSAKI, Romeu k. Inclusão construindo uma sociedade para todos, WVA, 2006
9
Download

o contexto atual da educação. EMEF Alexandre Bacchi.