CENTRO EDUCACIONAL SIGMA :: 1ªsérie LÍNGUA PORTUGUESA 2º período e anotar isto bem, QUESTÃO 1 por ser fato verdadeiro: Os poetas do Humanismo, movimento que caracterizou a época de transição entre a Idade Média e o Renascimento, inspiravam-se nos feitos históricos da época, nos conceitos didáticos, sem abandonar, contudo, temas comuns aos trovadores medievais. Cantiga sua partindo-se Senhora, partem tão tristes meus olhos por vós, meu bem, que nunca tão tristes vistes Tão tristes, tão saudosos, tão cansados, tão chorosos, QUESTÃO 3 da morte mais desejosos cem mil vezes que da vida. O cerco de Lisboa * Partem tão tristes os tristes, tão fora d'esperar bem, que nunca tão tristes vistes outros nenhuns por ninguém. (João Ruiz de Castelo Branco) (A) Como era chamado esse tipo de poema? Justifique sua resposta. (0,5) (B) Esse tipo de poema caracteriza-se por ser mais apurado, atraente e variado do que a trovadoresco. Identifique duas características literárias da poesia humanista presentes no texto transcrito. (0,5) Tu estás a fim de quê? Todo mundo: A fim de coisas buscar que não consigo topar. Mas não desisto, porque o cara tem de teimar. Ninguém: Me diz teu nome primeiro. Todo mundo: Eu me chamo Todo Mundo e passo o dia e o ano inteiro Nesse fragmento, Carlos Drummond de Andrade reconstruiu, com nova linguagem, parte de um texto de Gil Vicente, importante dramaturgo da Literatura Portuguesa. A cena apresenta Todo Mundo e Ninguém (dois homens) conversando sem saber que são observados por Berzebu (o diabo). (B) Em que aspecto o texto ilustra a mentalidade de transição que caracteriza a época do Humanismo? (0,5) tão doentes da partida, Ninguém: e Todo Mundo, dinheiro. (A) Todo o Mundo e Ninguém são personagens que simbolizam a conduta humana. Que crítica ao comportamento humano é feita pelo autor por meio desse artifício? (0,5) outros nenhuns por ninguém. QUESTÃO 2 que Ninguém tem consciência, Andavam os moços de três e de quatro anos pedindo pão pela cidade pelo amor de Deus, como lhes ensinavam suas madres; e muitos não tinham outra cousa que lhes dar senão lágrimas que com eles choravam, que era triste cousa de ver; e se lhes davam tamanho pão com uma noz, haviam-no por grande bem. Desfalecia o leite àquelas que tinham crianças a seus peitos, por míngua de mantimento; e vendo lazerar seus filhos a que acorrer não podiam, choravam amiúde sobre eles a morte, antes que os a morte privasse da vida; muitos esguardavam as preces alheias com chorosos olhos, por cumprir o que a piedade manda; e, não tendo de que lhes acorrer, caíam em dobrada tristeza. [...] Ora esguardai, como se fôsseis presentes, uma tal cidade, assim desconfortada e sem nenhuma certa fiúza de seu livramento, como viveriam em desvairados cuidados quem sofria ondas de tais aflições! Ó geração que depois veio, povo bem-aventurado, que não soube parte de tantos males nem foi quinhoeiro de tais padecimentos! (Fernão Lopes. In: Crônica de D. João I: trechos escolhidos.) O cerco de Lisboa é um episódio da guerra entre Portugal e Castela, em 1384, durante a Revolução de Avis. Vocabulário Acorrer: socorrer. Choravam amiúde sobre eles a morte, antes que os a morte privasse da vida: choravam-lhes a morte, mesmo antes que eles morressem. correndo atrás de dinheiro, Desvairado: diferente, diverso. seja limpo ou seja imundo. Esguardar: olhar, observar. Belzebu: Fiúza: confiança. Vale a pena dar ciência Lazerar: ter muita fome. AVALIAÇÃO DISCURSIVA DE LÍNGUA PORTUGUESA :: 3º período | 1ª SÉRIE :: ENSINO MÉDIO | 21M3Por_2010_pro.lwp PÁG. 1 CENTRO EDUCACIONAL SIGMA :: Madre: mãe. Quinhoeiro: participante. Fernão Lopes é considerado o primeiro cronista português e, segundo estudiosos, "até hoje não foi possível abalar em nada de importante a solidez de sua obra sob o ponto de vista documental", devido ao método investigativo que adotou em suas crônicas. Em que a narrativa de "O cerco de Lisboa" se diferencia da concepção medieval da História? (1,0) QUESTÃO 4 A essência da identidade carioca, na modernidade, está presente nas linhas críticas e bem-humoradas de A alma encantadora das ruas. Esse texto, por exemplo, faz uma crítica à sociedade moderna. (A) A que se refere essa crítica? (0,5) (B) O texto compara dois tipos de pessoas. Quais são? (0,5) O texto transcrito a seguir é um fragmento do romance Senhora, de José de Alencar. Leia-o para responder às questões de 6 a 9 . Oh! sim, as ruas têm alma! [...] Vede a rua do Ouvidor. É a fanfarronada em pessoa, exagerando, mentindo, tomando parte em tudo, mas desertando, correndo os taipais das montras à mais leve sombra de perigo. Esse beco, inferno de pose, de vaidade, de inveja, tem a especialidade da bravata. E, fatalmente oposicionista, criou o boato, o "diz-se..." aterrador e o "fecha-fecha" prudente. Começou por chamar-se Desvio do Mar. Por ela continua a passar para todos os desvios muita gente boa. No tempo em que os seus melhores prédios se alugavam modestamente por dez mil réis, era a rua do Gadelha. Podia ser ainda hoje a rua dos gadelhas, atendendo ao número prodigioso de poetas nefelibatas que a infestam de cabelos e de versos. Um dia resolveu chamar-se do Ouvidor sem que o senado da câmara fosse ouvido. Chamou-se como calunia, e elogia, como insulta e aplaude, porque era preciso denominar o lugar em que todos falam de lugar do que ouve; e parece que cada nome usado foi como a antecipação moral de um dos aspectos atuais dessa irresponsável artéria da futilidade. (João do Rio. "A rua" In: A alma encantadora das ruas. São Paulo: Cia das Letras, 2008.) Vocabulário Fanfarronada: alarde, ostentação. Gadelha: cabeleira, cabelo disforme. Montras: mostruários, vitrines. Nefelibatas: pessoa que vive nas nuvens, cujo espírito vagueia num mundo ideal. Taipais: tabiques, lonas. Em A alma encantadora das ruas, o cronista aborda temas variados, extraídos da observação da vida cotidiana das ruas do Rio de Janeiro, no início do século XX. Considerando a leitura do fragmento e da obra, responda ao que se pede. (A) Em qual figura de linguagem a caracterização da rua foi fundamentada para corresponder à afirmação inicial do fragmento? Justifique sua resposta com um trecho do fragmento. (0,5) (B) Por que se entende que a rua do Ouvidor é uma das mais antigas da cidade do Rio de Janeiro? (0,5) QUESTÃO 5 A sociedade, obedecendo à corrente das modernas ideias criminalistas, olha com desconfiança a tatuagem. O curioso é que — e esses estranhos problemas de psicologia talvez não sejam nunca explicados — o curioso é que os que se deixam tatuar por não terem mais que fazer, em geral, o elemento puro das aldeias portuguesas, o único quase incontaminável da baixa classe do Rio, mostram sem o menor receio os braços, enquanto os criminosos, os assassinos, os que já deixaram a ficha no gabinete de antropometria, fazem o possível para ocultá-los e escondem os desenhos do corpo como um crime. Por quê? Receio de que sejam sinais por onde se faça o seu reconhecimento? (João do Rio. "Os tatuadores". In: A alma encantadora das ruas. São Paulo: Cia das Letras, 2008.) PRIMEIRA PARTE O Preço I Há anos raiou no céu fluminense uma nova estrela. Desde o momento de sua ascensão ninguém lhe disputou o cetro; foi proclamada a rainha dos salões. Tornou-se a deusa dos bailes; a musa dos poetas e o ídolo dos noivos em disponibilidade. Era rica e formosa. Duas opulências, que se realçam como a flor em vaso de alabastro; dois esplendores que se refletem, como o raio de sol no prisma do diamante. Quem não se recorda da Aurélia Camargo, que atravessou o firmamento da Corte como brilhante meteoro, e apagou-se de repente no meio do deslumbramento que produzira o seu fulgor? Tinha ela dezoito anos quando apareceu a primeira vez na sociedade. Não a conheciam; e logo buscaram todos com avidez informações acerca da grande novidade do dia. Dizia-se muita coisa que não repetirei agora, pois a seu tempo saberemos a verdade, sem os comentos malévolos de que usam vesti-la os noveleiros. Aurélia era órfã; e tinha em sua companhia uma velha parenta, viúva, D. Firmina Mascarenhas, que sempre a acompanhava na sociedade. Mas essa parenta não passava de mãe de encomenda, para condescender com os escrúpulos da sociedade brasileira, que naquele tempo não tinha admitido ainda certa emancipação feminina. Guardando com a viúva as deferências devidas à idade, a moça não declinava um instante do firme propósito de governar sua casa e dirigir suas ações como entendesse. Constava também que Aurélia tinha um tutor; mas essa entidade desconhecida, a julgar pelo caráter da pupila, não devia exercer maior influência em sua vontade, do que a velha parenta. A convicção geral era que o futuro da moça dependia exclusivamente de suas inclinações ou de seu capricho; e por isso todas as adorações se iam prostrar aos próprios pés do ídolo. Assaltada por uma turba de pretendentes que a disputavam como o prêmio da vitória, Aurélia, com sagacidade admirável em sua idade, avaliou da situação difícil em que se achava, e dos perigos que a ameaçavam. QUESTÃO 6 No texto, a caracterização da personagem Aurélia é feita por meio de orações curtas, o que sugere o próprio ritmo do surgimento dela. Como sabemos, o sujeito representa a ideia principal de que trata a oração. Transcreva, se possível, e classifique o sujeito das seguintes orações extraídas do fragmento. (1,0) (A) "Há anos raiou no céu fluminense uma nova estrela." AVALIAÇÃO DISCURSIVA DE LÍNGUA PORTUGUESA :: 3º período | 1ª SÉRIE :: ENSINO MÉDIO | 21M3Por_2010_pro.lwp PÁG. 2 CENTRO EDUCACIONAL SIGMA :: (B) "Há anos raiou no céu fluminense uma nova estrela ." (C) "Desde o momento de sua ascensão ninguém lhe disputou o cetro..." (D) "Não a conheciam; e logo buscaram todos com avidez informações acerca da grande novidade do dia." (E) "Quem não se recorda da Aurélia Camargo..." QUESTÃO 7 Transcreva e classifique os verbos das orações a seguir quanto à predicação. (1,0) "esplêndido" para ele, pobrezinho, que nunca viu nada; sua única viajem foi de trem a Curitiba, de onde trouxe mudas de pinheiros. " Esplêndidas..." [...] Meu avô não era ninguém. Mas nunca houve ninguém como ele. (A) Na frase "Mas nunca houve ninguém como ele", como é classificado o sujeito nessa oração? Justifique sua resposta. (0,5) (B) Caso substituíssemos a forma verbal "houve" pelo verbo existir, qual seria a classificação do sujeito? Justifique sua resposta, transcrevendo, se possível, o sujeito (0,5) (A) "Quem não se recorda da Aurélia Camargo..." :: (B) "Tornou-se a deusa dos bailes; a musa dos poetas e o ídolo dos noivos em disponibilidade.") (C) "e apagou-se de deslumbramento..." repente no meio do (D) "e tinha em sua companhia uma velha parenta, viúva, D. Firmina Mascarenhas" (E) "Mas essa parenta encomenda..." não passava de mãe de Nas questões 8 e 9, analise, morfossintaticamente, os enunciados extraídos do fragmento do romance. Caso ocorra a coordenação, escreva assim: "As palavras X e Y relacionam-se por coordenação.". Observe o modelo: Os "punks" atravessavam a praça com seus cabelos de anjos decaídos. PRINCIPAL "punks" atravessavam praça cabelos anjos SUBORDINADO os a praça, (com) seus cabelos de anjos decaídos a seus, (de) anjos decaídos decaídos QUESTÃO 8 "Desde o momento de sua ascensão ninguém lhe disputou o cetro..." QUESTÃO 9 "Se o lindo semblante não se impregnasse constantemente, ainda nos momentos de cisma e distração, dessa tinta de sarcasmo..." QUESTÃO 10 Leia o texto a seguir para responder ao que se pede. Meu avô foi um belo retrato do malandro carioca Este texto é sobre ninguém. Meu avô não foi ninguém. No entanto, que grande homem ele foi para mim. Meu pai era severo e triste, mal o via, chegava de aviões de guerra e nem me olhava. Meu avô, não. Me pegava pela mão e me levava para o Jockey, para ver os cavalinhos. Foi uma figura masculina carinhosa em minha vida [...] Meu avô adorava a vida e usava sempre o adjetivo "esplêndido", tão lindo e estrelado. A laranja chupada na feira estava "esplêndida", a jabuticada, a manga-carlotinha, tudo era AVALIAÇÃO DISCURSIVA DE LÍNGUA PORTUGUESA :: 3º período | 1ª SÉRIE :: ENSINO MÉDIO | 21M3Por_2010_pro.lwp PÁG. 3 CENTRO EDUCACIONAL SIGMA :: 1ªsérie 2.1 LÍNGUA PORTUGUESA 2º período :: 31/8/2010 QUESTÃO 1 (A) (0,5) Atenção! Resposta considerada. sem justificação nao será (B) (0,5) (B) (0,5) QUESTÃO 5 (A) (0,5) QUESTÃO 2 (A) (0,5) (B) (0,5) (B) (0,5) Número de erros TOTAL Descontos QUESTÃO 3 (0,5) QUESTÃO 4 (A) (0,5) AVALIAÇÃO DISCURSIVA DE LÍNGUA PORTUGUESA :: 2º período | 1ª SÉRIE :: ENSINO MÉDIO | 21M3Por_2010_pro.lwp PÁG. 1 CENTRO EDUCACIONAL SIGMA :: QUESTÃO 6 (A) (B) (C) QUESTÃO 9 PRINCIPAL (D) SUBORDINADO (E) QUESTÃO 7 (A) (B) (C) (D) QUESTÃO 10 (A) (0,5) (E) QUESTÃO 8 PRINCIPAL (B) (0,5) SUBORDINADO Número de erros TOTAL Descontos AVALIAÇÃO DISCURSIVA DE LÍNGUA PORTUGUESA :: 2º período | 1ª SÉRIE :: ENSINO MÉDIO | 21M3Por_2010_pro.lwp PÁG. 2