SEXTA-FEIRA
7 DE FEVEREIRODE 2014
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D CINEMA
José Padilha e o desafio
de ser autêntico em
‘Robocop’ mesmo a
pressão de Hollywood PÁG. 3
D CINEMA 2
Com Amy Adams,
‘Trapaça’ estreia nos
cinemas e vira referência
no mundo da moda PÁG. 6
viver &
D PERFIL
ZÉ MIRA E A ARTE
DO ‘TROPEIRISMO’
COM ORGULHO DA ROÇA
Jongo, moçambique, catira e congada foram alguns dos legados
do tropeiro, que é fundador da Orquestra de Viola Caipira de São José
PAULA MARIA PRADO
SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
O legado de José Alves de
Mira, ou Zé Mira, como era
conhecido em São José, é grande. Como divulgador da cultura popular, o rapaz que foi tropeiro entre as décadas de 1930
e 1940, participou de grupos de
jongo, congada, moçambique
e catira.
Morto em 2008 por falência
múltipla dos órgãos, Zé ganhou uma homenagem póstuma da Fundação Cultural Cassiano Ricardo com o prêmio
Mestres da Cultura Viva e encerra a série “Ao Mestre, com
Carinho”, de O VALE, que
apresentou alguns dos Mestres da Cultura de São José.
História. Zé Mira nasceu em
Cristina (MG) e veio ainda jovem com a família para Jambeiro. Foi na cidade que aprendeu
o ‘tropeirismo’.
“Ele tocava gado, plantava e
colhia. Era um homem da roça
mesmo”, conta a zootecnista
Olívia Mira, 22 anos, neta do
tropeiro e que herdou do avô o
gosto pela terra.
Apesar de não ter estudo, Zé
Mira tinha um sonho: que os
seus filhos pudessem ir à escola. E, para isso, resolveu se
mudar para São José para seguir com a sua vontade.
Morou entre o Monte Castelo e o Jardim Paulista, na zona
central da cidade, até a sua
morte.
“Meu avô tocava viola, violão, cavaquinho e sanfona. Tudo de ouvido”, afirmou a neta.
Não à toa, ele foi o fundador da
Orquestra de Viola Caipira da
cidade, que visa divulgar a música raiz, com composições de
Tião Carreiro e Rolando Boldrin, entre outros.
Prêmio. “Conheci muito da história do meu avô juntando os
documentos necessários para
o prêmio. Gostei da homenagem que fizeram a ele. Ver o
meu avô sendo reconhecido
por seu trabalho é muito gratificante”, afirmou Olívia.
Para manter a tradição caipira, além dos filhos, a família já
soma 17 netos.
“O meu avô foi uma grande
influência para mim. A minha
opção pela zootecnia praticamente devo a ele, que me ensinou muito sobre a terra. Éramos muito grudados”, conta a
neta, que também faz aula de
viola. l
Os mestres
Zé da Viola, 75 anos, é
violeiro
Mestre Lobão, 61 anos, é
capoeirista
Kardec Gonzaga, 56 anos, é
sanfoneiro
Natália Machado, 60 anos, é
festeira de São Gonçalo
Sebastião Marcolino, 80
anos, é mestre de Folia de
Reis
Dona Lili, 95 anos, é figureira
Carlos Lourenço, 80 anos, é
pescador e artesão
Jesus Pereira de Lima, 57
anos, é mestre de Folia de
Reis
Antônio Gusmão, foi
mestre de moçambique
(in memorian)
Legado vivo. Olívia Mira,
neta de Zé Mira: ela herdou
do avô o gosto pela terra,
pela moda de viola e pelas
coisas simples da vida;
na foto, ela segura um
instrumento feito pelo avô
FLÁVIO PEREIRA/OVALE
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