Eclética Química
ISSN: 0100-4670
[email protected]
Universidade Estadual Paulista Júlio de
Mesquita Filho
Brasil
Magri, R.; Fertonani, F.L.; Pastre, I.A.
Comportamento fotofísico do antraceno em sistemas micro-heterogêneos argila-surfactantes-íons
metálicos
Eclética Química, vol. 34, núm. 4, diciembre, 2009, pp. 7-19
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho
Araraquara, Brasil
Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=42913588001
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Volume 34, número 4, 2009
Artigo/Article
Comportamento fotofísico do antraceno em sistemas microheterogêneos argila-surfactantes-íons metálicos
R. Magri, F.L.Fertonani, I.A. Pastre*
Instituto de Química, Unesp, Campus de Araraquara, CEP 14801-970 – Araraquara – SP – Brasil
[email protected]; [email protected]; *[email protected]
Resumo: Argilas constituem uma classe de complexos micro-heterogêneos e podem ser utilizados como substrato para adsorção. O seu comportamento de sorção em fase sólida intensificada
pela presença de surfactantes, argilas organofílicas, é um importante fenômeno explorado pela
tecnologia ambiental para a remoção de compostos orgânicos policíclicos (hidrocarbonetos
aromáticos policíclicos, HPA) da água, introduzidos no ambiente por fontes antropogênicas.
Este trabalho tem por objetivo estudar o comportamento fotofísico do antraceno, como modelo
de HPA, em sistemas micro-heterogêneos argila-surfactantes-íons metálicos (M(II)= Cd(II),
Cu(II), Hg(II), Ni(II) e Pb(II); surfactantes: CTACl; SDS; TR-X100). Os estudos foram conduzidos pelo monitoramento na mudança das propriedades de fluorescência estática e na supressão da emissão do antraceno utilizado como sonda fluorescente. Como supressores foram
utilizados os cátions metálicos: Cd(II), Cu(II), Hg(II), Ni(II) e Pb(II). O perfil do espectro de
fluorescência e os resultados dos ensaios de supressão da fluorescência da sonda permitiram
inferir na localização do sítio de solubilização do antraceno nos sistemas micro-heterogêneos
estudados e na conseqüente organização dos mesmos.
Palavras-chave: antraceno; argila; supressão; fluorescência; íons metálicos.
Introdução
O estudo fotoquímico e fotofísico de
moléculas sondam em sistemas micro-heterogêneos inorgânicos são de grande interesse, de modo que moléculas tais como
tris(2,2’-bipiridina) rutênio(II), pireno e derivados
de pireno, antraceno e derivados, 8-hidroxiquinolina e corantes são muito utilizadas como sondas
fluorescentes para a obtenção de propriedades
físico-químicas dos diferentes microambientes
formados em matrizes de sílica [1;2], argilas
[3;4;14;15] e óxidos [5;6], dentre outras.
Argilominerais são atrativos para aplicações desta natureza devido a sua grande área de
superfície, capacidade de inchamento, de troca
iônica, sua abundante ocorrência na natureza, e
Ecl. Quím., São Paulo, 34(4): 7 - 19, 2009
seu comportamento catalítico. O mais importante
mecanismo de adsorção na superfície da argila é
o de troca de íons por moléculas carregadas positivamente. Os estudos dos processos de adsorção
envolvem: 1) a velocidade de adsorção, 2) a distribuição de cátions adsorvidos sobre a superfície
das partículas de argila, especialmente à baixa cobertura, 3) a distribuição de moléculas adsorvidas
nas diferentes partículas de argila e nos espaços
interlamelares [13].
A coadsorção de moléculas como os surfactantes na superfície da argila é uma forma de
solubilizar moléculas apolares, o que pode ser
evidenciado nos experimentos fotoquímicos, bem
como interferir na estabilidade coloidal dos sistemas aquosos, na interação partícula-partícula e
na formação de sedimentos [7]. Assim, nanocom7
Artigo
Article
pósitos formados por argila-surfactante, são materiais que apresentam propriedades de interesse
científico e tecnológico [8;9;10].
Existem uns conjuntos significativos de
técnicas físico-químicas empregadas para o estudo de superfícies e superfícies modificadas, tais
como: análise termogravimétrica, espectroscopia
na região do infravermelho, ressonância magnética, difração de raios X, dentre outras. A observação de processos que ocorrem nos estados
excitados de moléculas adsorvidas na interface
argilomineral–moléculas orgânicas tem sido investigada empregando-se a técnica de fluorescência na região do Uv-visível.
As moléculas dos compostos utilizados
como sondas fotofísicas e fotoquímicas são aquelas que sofrem variações nas suas propriedades de
emissão (deslocamentos espectrais ou variações
temporais) dependendo do meio reacional em que
se encontram. Estas variações se devem a reações
no estado excitado, alterações na interação solutosolvente, as quais podem afetar a população relativa em vários níveis vibracionais do estado excitado, sendo manifestada por aparecimento de uma
nova banda, variação na intensidade das bandas e
deslocamentos espectrais para o azul ou o vermelho freqüentemente acompanhados por mudanças
no rendimento quântico de fluorescência (φF), que
é a relação de fótons emitidos pelos absorvidos
[11;13;14].
As técnicas de investigação usando sondas
fluorescentes ou fosforescentes são importantes,
por serem sensíveis ao meio e empregadas em
baixa concentração, não perturbando o sistema
em estudo, sendo muito utilizadas na determinação da concentração micelar crítica, número de
agregação em sistemas micelares, distribuição de
solutos, características dos microambientes nos
sistemas micro-heterogêneos e efeito de agregados micelares e polieletrólitos nas cinéticas de reações.[8,12-13]
Sistemas desta natureza são atrativos porque a fluorescência é um evento que ocorre em
uma escala de tempo muito menor do que os processos de cinética micelar. Assim, um processo de
supressão ocorre mantendo a micela intacta, não
ocorrendo à saída da sonda, nem destruição da
micela durante o processo. Antraceno, naftaleno e
pireno, entre outros, são hidrocarbonetos aromá8
ticos que têm sido muito utilizados como sondas
fotoquímicas para investigar a superfície de argilas. A adsorção destes compostos nas superfícies
das matrizes modifica significativamente suas
propriedades fotoquímicas e fotofísicas.
Desta forma, toda a química dos colóides,
atualmente, está associada à fotoquímica porque a
técnica de investigação empregando-se de sondas
fluorescentes ou fosforescentes permite a determinação das propriedades químicas e físicas dos
sistemas micro-heterogêneos.
Este trabalho tem por objetivo estudar o
comportamento fotofísico do antraceno, como
modelo de HPA, em sistemas micro-heterogêneos
argila-surfactantes-íons metálicos (M(II)= Cd(II),
Cu(II), Hg(II), Ni(II) e Pb(II); surfactantes: CTACl; SDS; TR-X100), de modo a se contribuir para
o entendimento do processo de acomodação das
moléculas de antraceno e de surfactantes na superfície dos colóides de natureza inorgânica.
Material e Métodos
O antraceno, previamente purificado por
sublimação [11], foi utilizado como sonda por
apresentar um alto rendimento quântico de fluorescência e variação espectral em função da polaridade do meio. Tais propriedades o tornam um
potente sonda na investigação de sistemas micro-heterogêneos [11]. Assim, os resultados das
medidas da variação espectral e de supressão de
fluorescência foram utilizados para definir os locais de solubilização da sonda e as forças eletrostáticas e ou hidrofóbicas que atuam na interação
surfactante-argila. Os surfactantes utilizados nos
estudos apresentavam carga idêntica (aniônicos) e
contrária (catiônicos) à da argila; foi incluído surfactante não iônico para comparação. Na obtenção
dos dados procurou-se estabelecer uma análise
comparativa do comportamento espectral (intensificação ou deslocamento de bandas de fluorescência) e da eficiência da supressão da fluorescência
da sonda pela presença de cátions metálicos, em
água e em suspensão aquosa da argila. As medidas espectrofluorimétricas em sistemas aquosos
e nos sistemas micro-heterogêneos foram obtidas
no tempo zero da adição da sonda. O tempo zero
Ecl. Quím., São Paulo, 34(4): 7 - 19, 2009
Artigo
Article
é definido operacionalmente como: adição da sonda, homogeneização e posterior leitura.
As medidas espectrofluorimétrica foram
realizadas em um espectrofluorímetro Hitachi,
modelo F 4500, empregando-se λexcitação= 260 nm,
cubeta de quartzo de 1,00 cm de caminho óptico e
leitura da luz de emissão a 90o em relação à excitação. As leituras foram realizadas a temperatura
de (25 ± 2) oC.
Preparação dos sistemas antraceno – água, antraceno-surfactante, antraceno-argila e antraceno-surfactante-argila
Foram preparadas soluções de: a) antraceno (1x10-6 ≤ Csonda ≤ 1x10-4) mol L-1 diretamente na cubeta da amostra, pela adição de volume adequado de solução estoque de antraceno
(3x10-3 mol L-1) para um volume final de 3,00
mL; b) mistura antraceno-surfactante a partir da adição de solução estoques de surfactante (0,10 mol L-1) à solução de antraceno (Cfinal=
3,0 x 10-5 mol L-1; vfinal = 3,00 mL) de modo a se
obter valores de concentrações de surfactantes
abaixo e acima da CMC (valores de CMC: SDS
- 8,0 X 10-3; CTACl - 1,4 x 10-3; TRITON X-100 2,6 x 10-4;CPyCl - 8,0 x 10-4 mol L-1) [12]; c) antraceno (1x10-6 ≤ Csonda ≤ 1x10-4) mol L-1 diretamente
na cubeta da amostra, conforme descrito em a),
porém, contendo suspensão de argila (0,11g L-1);
d) mistura antraceno-surfactante, conforme descrito em b),porém, adicionados a suspensão de
argila (0,11g L-1).
Estudos de supressão de fluorescência
pela presença de íons M(II) (M= Ni(II), Cu(II),
Pb(II), Cd(II) e Hg(II))
Os experimentos de supressão foram obtidos pela adição de solução do íon (1,7x10-4 ≤
M(II) ≤ 1,9x10-2) mol L-1 as soluções preparadas
como descrito no item anterior ( a) – d) ).
Ecl. Quím., São Paulo, 34(4): 7 - 19, 2009
Reagentes
Foi empregada como sonda fluorescente o
antraceno (Aldrich). Os agentes surfactantes Dodecil sulfato de sódio ( SDS) , aniônico (Mallinckrodt); cloreto de cetil-trimetil-amônio, catiônico (CTACl) (Aldrich); Cloreto de cetil piridinio
(CPyCl), catiônico (Aldrich); Triton X – 100 (T
X–100) , não iônico (Reagen), foram empregados
sem purificação prévia. A argila Montmorilonita
Natural (SWY-1) foi obtida da Source Clays, Clay
Mineral Society, University of Missouri, Columbia, M.O.. Os sais de NiCl2, CuSO4, Pb(NO3)2,
CdCl2, HgCl2, foram empregados para o preparo
das soluções dos supressores sem prévia purificação (Merch).
Resultados e discussão
Comportamento do sistema antraceno-água
Os estudos da emissão de fluorescência do
antraceno, em fase aquosa, foram realizados em
função do incremento da concentração e estão
apresentados na Figura 1. Os espectros apresentados na Figura 1a revelam que as intensidades dos
componentes vibrônicos das bandas nos comprimentos de onda acima de 400 nm aumentam com
o aumento da concentração, enquanto que para a
banda (I) em 380 nm o decréscimo da intensidade
de fluorescência se deve ao efeito de reabsorção
da emissão. A intensidade relativa de fluorescência obtida do espectro normalizado, Figura 1b,
sugere que o decréscimo acentuado da emissão da
espécie monomérica em 380 nm (I) e o incremento da emissão do agregado em 445 nm (IV) estão
atrelados ao aumento de concentração local e são
indicativos da presença de excímeros estáticos,
espécies pré-associadas no estado fundamental
em solução aquosa.
9
Artigo
Article
Figuras
1,0
IF / U.A.
III
antraceno / mol L
IFNORMALIZED
II
4000
-1
= 380 nm
 = 445 nm
-6
1,0 X 10
0,5
-6
7,0 X 10
2000
I
-5
IV
2,0 X 10
-4
1,0 X 10
0
400
0,0
500
 (nm)
0,0
5,0x10
-5
[antraceno]
1,0x10
-4
Figura 1. a) Espectro de fluorescência do antraceno em solução aquosa; b) intensidade de fluorescência
Figura
1. a) Espectro de fluorescência do antraceno em solução aquosa; b) intensidade de
normalizada em função do aumento da concentração do antraceno em solução aquosa, λexc = 260 nm.
fluorescência normalizada em função do aumento da concentração do antraceno em solução aquosa,
exc = 260 nm.
Comportamento do sistema antraceno-surfactantes
IF / U.A.
IF / U.A.
Os espectros de fluorescência do antraceno em função do aumento da concentração dos
surfactantes estão apresentados na Figura 2 a-d. Observa-se a partir da figura que a intensib)
dade dea) emissão aumenta com o aumento da concentração
do surfactante. No entanto, a razão
1500
da intensidade
das bandas III/I apresenta um decréscimo de valor quando comparado à emis3000
II
são em água. TalII observação é atribuída à incorporação
do antraceno
num microambiente de meIII
III
nor polaridade, em função da formação de pré-agregados e micelas,
do surfactante em soluções
-3
antraceno
com 1000
concentrações acima da CMC
(SDS: 8,0x10
; CTACl: 1,4x10-3; CPyCl:
8,0x10-4; TX-100:
antraceno
2000
(3 x 10 mol L )
3 x 10 mol L
2,6x10-4 mol L-1). Os espectros de
emissão
não
mostram
o
aparecimento
de
excímeros
(emissão em
SDS (mol L )
CTACl (mol L )
0
λantraceno = 560 nm)
e
deslocamento
espectral
das
bandas
de
(I)
a
(IV).
Na
presença
de
CPyCl
a banda (I)
I
0
500
8,0 x 10
é totalmente
suprimida e IVas bandas (II),
(III) e (IV)
com
1000decrescem de intensidade
7,0 o
x 10aumento da conIV
1,5 x 10
I
1,4 xregião
10
centração do surfactante. Este comportamento
sugere que o antraceno se encontra na
da interface
2,0 x 10
4,0 x 10
da micela-água associado ao anel aromático do surfactante.
-5
-1
-5
-1
-1
-1
-3
-4
-2
-3
-2
-3
0
400
 (nm)
0
500
 (nm)
400
500
d)
c)
II
II
III
III
-5
antraceno 3 x 10 mol L
-1
IF / U.A.
2000
IF / U.A.
2000
antraceno
-5
3 x 10 mol L
TRITON X - 100 (mol L )
0
1000
IV
I
0
5,0 X 10
-5
4,0 X 10
-4
6,0 X 10
-4
-1
-1
CPyCl (mol L )
0
-1
1000
IV
1,0 x 10
-4
8,0 x 10
-4
1,5 x 10
-3
I
400
 (nm)
500
0
400
 (nm)
500
Figura 2. Espectro de fluorescência do antraceno em solução com adição de surfactante:a) SDS; b)
10
CTACl;
c) TX-100; d) CPyCl, exc = 260 nm.
Ecl. Quím., São Paulo, 34(4): 7 - 19, 2009
Figura 1. a) Espectro de fluorescência do antraceno em solução aquosa; b) intensidade de
fluorescência normalizada em função do aumento da concentração do antraceno em solução aquosa,
exc = 260 nm.
Artigo
Article
b)
a)
II
II
3000
III
1000
IF / U.A.
IF / U.A.
1500
antraceno
-5
III
antraceno
2000
-1
(3 x 10 mol L )
-5
3 x 10 mol L
-1
SDS (mol L )
0
I
500
IV
0
400
8,0 x 10
-3
1,5 x 10
-2
2,0 x 10
-2
1000
IV
I
0
500
 (nm)
 (nm)
400
7,0 x 10
-4
1,4 x 10
-3
4,0 x 10
-3
500
d)
c)
II
II
III
III
-5
antraceno 3 x 10 mol L
-1
IF / U.A.
2000
IF / U.A.
2000
antraceno
-5
3 x 10 mol L
TRITON X - 100 (mol L )
0
1000
IV
I
5,0 X 10
-5
4,0 X 10
-4
6,0 X 10
-4
-1
-1
CPyCl (mol L )
0
-1
0
-1
-1
CTACl (mol L )
0
1000
IV
1,0 x 10
-4
8,0 x 10
-4
1,5 x 10
-3
I
400
 (nm)
500
0
400
 (nm)
500
Figura
2. Espectro
fluorescência do
em em
solução
com adição
de surfactante:a)
SDS; b) CTACl;
Figura
2. Espectro
dedefluorescência
doantraceno
antraceno
solução
com adição
de surfactante:a)
SDS; b)
c) TX-100; d) CPyCl, λexc = 260 nm.
CTACl; c) TX-100; d) CPyCl, exc = 260 nm.
Na Figura 3a-d estão representadas as intensidades de fluorescência das bandas (I) e (IV) em
função da concentração de cada surfactante. As bandas (I) e (IV) foram empregadas para esta análise
pelo fato das variações na sua intensidade de emissão refletirem o processo de agregação/desagregação do antraceno. A banda (IV) foi empregada pelo fato de sua emissão estar localizada na região de
excímeros estáticos (λantraceno = 445 nm). A banda (I) apresenta comportamento similar para os sistemas
antraceno-SDS, antraceno-CTACl e antraceno-TX-100. No entanto, esta banda mostra um aumento
significativo de intensidade de fluorescência para concentrações superiores a CMC (Figura 3 a-c). Por
outro lado, para a banda (IV) (Figura 3 a-d) verifica-se a diminuição de intensidade de fluorescência
com o aumento da concentração do surfactante. Este comportamento permite sugerir a presença de
restrições às transições eletrônicas de menor energia, causadas por distorções impostas às moléculas do
antraceno incorporadas aos microdomínios apolares das micelas.
Ecl. Quím., São Paulo, 34(4): 7 - 19, 2009
11
Artigo
Article
a)
b)
1000
IF / U.A.
600
antraceno
-5
(3 x 10 ) mol L
IF / U.A.
I
400
-1
-1
CTACl (mol L )
 = 380 nm
 = 445 nm
I
500
0
IV
antraceno
SDS
 = 380 nm
 = 445 nm
200
0,0
-2
1,0x10
SDS / mol L
-1
2,0x10
IV
0
-2
0,0
-3
2,0x10
CTACl / mol L
d)
c)
-3
4,0x10
-1
IF/U.A.
500
I
IV
antraceno
-5
3 x 10 mol L
IF / U.A.
2000
antraceno
1000
-5
3 x 10 mol L
triton X - 100 / mol L
2,0x10
-1
CPyCl / mol L
 = 401 nm
 = 445 nm
II
-1
TRITON X - 100 (mol L )
 = 380 nm
 = 401 nm
0
0,0
-1
-1
-1
0
-3
IV
0,0
-3
1,0x10
CPyCl / mol L
-1
-3
2,0x10
Figure
3. Intensidadede
de fluorescência
fluorescência do do
antraceno
em função
do aumento
da concentração
de surfactante:
Figure
3. Intensidade
antraceno
em função
do aumento
da concentração
de
a) SDS; b) CTACl; c) TX-100; d) CPyCl.
surfactante: a) SDS; b) CTACl; c) TX-100; d) CPyCl.
Comportamento do sistema-antraceno-argila
IF / U.A.
A Figura 4 mostra os espectros de emissão de fluorescência do antraceno em suspensão aquosa
de argila. Os espectros de emissão em função do aumento da concentração do antraceno não apresentam
mudança estrutural. Para o sistema antraceno-argila se observa: a) a ausência da emissão da banda (I)
III
2000
em 380 nm; b) a diminuição expressiva da intensidade de emissão de fluorescência das bandas (II - IV)
em relação ao sistema antraceno-água. Estes efeitos podem ser atribuídos à: a) supressão da emissão
de fluorescência causada pela argila, e b) a reabsorção da emissão do antraceno presente nos microdomínios apolares na superfície da IIargila, mesmo para baixas concentrações, induzindo a formação de
-1
agregados estáticos não fluorescentes do antraceno.
argila/ 0,11g L
antraceno / mol L
1000
IV
1,0 x 10
-6
7,0 x 10
-6
2,0 x 10
-5
1,0 x 10
I
12
0
-1
-4
Ecl. Quím., São Paulo, 34(4): 7 - 19, 2009
400
 (nm)
500
Figura 4. Espectro de fluorescência do antraceno em suspensão aquosa de argila, exc = 260nm.
0
0,0
triton X - 100 / mol L
2,0x10
-1
0
-3
IV
0,0
-3
1,0x10
CPyCl / mol L
-1
-3
2,0x10
Figure 3. Intensidade de fluorescência do antraceno em função do aumento da concentração de
surfactante: a) SDS; b) CTACl; c) TX-100; d) CPyCl.
Artigo
Article
III
2000
IF / U.A.
II
argila/ 0,11g L
-1
antraceno / mol L
1000
IV
1,0 x 10
-6
7,0 x 10
-6
2,0 x 10
-5
1,0 x 10
-1
-4
I
0
400
 (nm)
500
Figura 4. Espectro de fluorescência do antraceno em suspensão aquosa de argila, λexc = 260nm.
Figura 4. Espectro de fluorescência do antraceno em suspensão aquosa de argila, exc = 260nm.
Ecl. Quím., São Paulo, 34(4): 7 - 19, 2009
13
Artigo
Article
Comportamento do sistema antraceno-argila-surfactantes
Os espectros de fluorescência do antraceno em suspensão de argila com adição dos surfactantes
SDS, CTACl, CPyCl e TRITON X–100 estão apresentados na Figura 5 a-d.
b)
a)
2000
II
IF / U.A.
III
III
II
argila / 0,11 g L
-1
-5
antraceno / 3,0 x 10 mol L
SDS / mol L
0
I
IV
0
400
5,0 x 10
-3
1,9 x 10
-2
3,9 x 10
-2
argila / 0,11 g L
-1
-5
antraceno 3,0 x 10 mol L
CTACl / mol L
0
IV
0
500
 (nm)
I
IF / U.A.
1000
500
-1
-1
 (nm)
400
2,4 x 10
-3
5,2 x 10
-3
8,0 x 10
-3
-1
-1
500
d)
c)
II
III
argila / 0,11 g L
IF / U.A.
II
-1
-5
antraceno / 3,0 x 10 mol L
TRITON X - 100 / mol L
0
500
I
IV
1,0 X 10
-3
2,4 X 10
-3
5,2 X 10
-3
8,0 X 10
-3
III
-1
500
-1
argila / 0,11 g L
-1
-5
antraceno 3,0 x 10 mol L
IF / U.A.
1000
CPyCl / mol L
0
IV
6,0 x 10
-5
2,4 x 10
-4
8,0 x 10
-4
-1
-1
I
0
0
400
400
500
 (nm)
 (nm)
500
Figura
5.5.Espectro
defluorescência
fluorescência
do sistema
antraceno-argila-surfactante
comdao concentração
aumento da
Figura
Espectro de
do sistema
antraceno-argila-surfactante
com o aumento
do surfactante: a) SDS; b) CTACl; c) TX-100; d) CPyCl, λ
= 260 nm.
exc
concentração do surfactante: a) SDS; b) CTACl; c) TX-100;
d) CPyCl, exc = 260 nm.
b) o espectro de emissão, o que pode ser verificaa)A mudança de meio onde se localiza a sonda afeta
do 1000
para o antraceno a partir da mudança da estrutura fina de emissão de fluorescência mostrada pelo auargila / 0,11 g L
argila / 0,11 g L
mento da concentração
dos surfactantes. Para o sistema antraceno-argila
em presença dos surfactantes,
I
antraceno / 3,0 x 10 mol L
I
antraceno 3,0 x 10 mol L
400
SDS, CTACl e TRITON
X
–
100
(Figura
5
a-c),
observa-se
a
intensificação
da
banda
(I)
em
380
nm.
A
SDS / mol L
CTACl / mol L
 = 382 (I)
nm é atribuída à incorporação do antraceno nos microdomínios hidrofóbicos das
intensificação da banda
 = 382 nm
 = 445 nm
= 445 nm
micelas dos surfactantes, diminuindo o efeito de reabsorção; simultaneamente,
se observa um decréscimo 500
das bandas (III) e (IV) (Figura 6 a-c).
-1
-1
IF/U.A.
-5
-1
-5
-1
-1
IF / U.A.
-1
200
IV
IV
0
0
0,0
-2
2,0x10
SDS / mol L
-2
-1
4,0x10
0,0
-3
4,0x10
c)
CTACl / mol L
-1
8,0x10
-3
d)
argila / 0,11 g L
-1
-5
14
antraceno 3,0 x 10 mol L
IF / U.A.
TRITON X - 100 / mol L
 = 383 nm
 = 443 nm
-1
IF / U.A.
500
-1
Ecl. Quím., São Paulo, 34(4): 7 - 19, 2009
argila / 0,11 g L
500
-1
-5
-1
antraceno 3,0 x 10 mol L
-1
CPyCl / mol L
 = 401 nm
 = 445 nm
I
0
IV
0,0
-3
5,0x10
TRITON X-100 / mol L
-1
-2
1,0x10
0
0,0
-4
4,0x10
-1
CPyCl / mol L
-4
8,0x10
500
I
IV
1,0 X 10
-3
2,4 X 10
-3
5,2 X 10
-3
8,0 X 10
-3
500
-1
argila / 0,11 g L
-1
-5
antraceno 3,0 x 10 mol L
IF / U.A.
IF /
TRITON X - 100 / mol L
0
CPyCl / mol L
0
IV
6,0 x 10
-5
2,4 x 10
-4
8,0 x 10
-4
-1
-1
I
0
0
400
400
500
 (nm)
 (nm)
500
Figura 5. Espectro de fluorescência do sistema antraceno-argila-surfactante com o aumento da
Artigo
Article
concentração do surfactante: a) SDS; b) CTACl; c) TX-100; d) CPyCl, exc = 260 nm.
b)
a)
1000
argila / 0,11 g L
-1
-5
SDS / mol L
 = 382 nm
 = 445 nm
argila / 0,11 g L
-1
I
-1
-1
-5
antraceno 3,0 x 10 mol L
400
I
-1
-1
CTACl / mol L
 = 382 nm
 = 445 nm
IF / U.A.
IF/U.A.
antraceno / 3,0 x 10 mol L
500
200
IV
IV
0
0
0,0
-2
2,0x10
SDS / mol L
-2
-1
4,0x10
0,0
-3
4,0x10
c)
CTACl / mol L
-1
8,0x10
-3
d)
argila / 0,11 g L
-1
-5
antraceno 3,0 x 10 mol L
IF / U.A.
TRITON X - 100 / mol L
 = 383 nm
 = 443 nm
-1
IF / U.A.
500
-1
argila / 0,11 g L
500
-1
-5
-1
antraceno 3,0 x 10 mol L
-1
CPyCl / mol L
 = 401 nm
 = 445 nm
I
0
IV
0,0
-3
5,0x10
TRITON X-100 / mol L
-1
-2
1,0x10
0
0,0
-4
4,0x10
-1
CPyCl / mol L
-4
8,0x10
Figure
Intensidade de
do antraceno,
em suspensão
de argila,de
emargila,
função do
Figure
6.6.Intensidade
defluorescência
fluorescência
do antraceno,
em suspensão
emaumento
funçãodadoconaumento
centração de surfactante: a) SDS; b) CTACl; c) TX-100; d) CPyCl.
da concentração de surfactante: a) SDS; b) CTACl; c) TX-100; d) CPyCl.
A intensidade de fluorescência de todas as
bandas vibracionais do antraceno em CPyCl (Figura 6 d) diminui com o aumento da concentração do surfactante tendo sido este efeito atribuído
ao efeito de supressão causado pela presença do
CPyCl. Para os sistemas estudados empregando
os surfactantes SDS, CTACl e Triton X-100, as
intensificações da banda (I) observadas nos espectros de emissão do antraceno estão relacionadas
com a concentração micelar crítica dos surfactantes.
Para o sistema antraceno-argila-surfactante, empregando o TX-100, verifica-se um ponto
de máximo de emissão de fluorescência para a
banda (I), para a concentração de 3,0x10-3 mol L-1,
seguido da diminuição de sua intensidade. Este fenômeno de diminuição da fluorescência da banda
(I) pode estar associado ao processo de reabsorção
de energia radiante pela molécula do surfactante.
Ecl. Quím., São Paulo, 34(4): 7 - 19, 2009
Supressão da emissão de fluorescência do antraceno nos sistemas: antraceno-água, antracenoargila, antraceno-argila-surfactante na presença
de íons metálicos (M(II))
A Figura 7 a-b apresenta os o comportamento da banda (II), para os sistemas antraceno-água-M(II) e antraceno-argila-M(II), M(II)=
Cu(II); Cd(II); Hg(II); Ni(II); Pb(II), como função
do aumento da concentração dos íons (0.0166 ≤
CM(II) ≤ 1.92x10-2) mol L-1. Uma avaliação da Figura 7 a permite observar que todos os íons M(II),
de modo geral, promovem a supressão da fluorescência do antraceno. Para baixas concentrações
dos íons M(II) verifica-se de partida uma considerável supressão da intensidade da fluorescência
da banda (II). Com o aumento da concentração,
CM(II) > 5,0x10-3 mol L-1, o valor da intensidade de
15
Artigo
Article
fluorescência permanece aproximadamente constante.
A eficiência na supressão da fluorescência
da banda (II) obedece as seguintes ordens: 1- para
baixas concentrações ((0.0166 ≤ CM(II) ≤ 1.2x10-3)
mol L-1): Cu(II) > Pb(II) > Hg(II) = Ni(II) > Cd(II);
2- para concentrações > 1,2x10-3 mol L-1: Cu(II) >
Hg(II) > Ni(II) > Pb(II) = Cd(II). Os resultados de
supressão permitem sugerir que os íons de Hg(II)
e Cu(II) apresentam-se como melhores agentes
para a supressão da fluorescência. Tal fato é corroborado pelo elevado potencial de redução destes
íons e o baixo valor de pKa, em comparação aos
demais.
Para os sistemas contendo argila em suspensão, Figura 7 b, sistema antraceno-argilaM(II), verifica-se comportamento semelhante ao
observado para a Figura 7 a, porém, a supressão
da fluorescência da banda (II) ocorre com maior
intensidade. A fluorescência é reduzida de 90 %
para a adição do íon Pb(II), CPb(II) 1,0x10-4 mol
L-1, permanecendo aproximadamente constante
para as concentração superiores. Para os demais
íons metálicos, na mesma concentração, observase uma atenuação em torno de 50 % para o íon
Cu(II) e de aproximadamente 25 % para os íons
L = antraceno; M = íon metálico.
Cd(II), Hg(II) e Ni(II). Para valores de concentração superiores a 1,0x10-4 mol L-1, de modo geral,
as intensidades de fluorescência continuam diminuindo assintoticamente.
Uma comparação dos resultados descritos
para o sistema antraceno-argila-M(II) com aqueles do sistema antraceno-água-M(II) permite evidenciar uma alteração na ordem de eficiência da
supressão da banda (II), conforme segue: Pb(II) >
Cu(II) = Hg(II) > Ni(II) = Cd(II).
A modificação na ordem de eficiência na
supressão da fluorescência da banda (II) está, provavelmente, relacionada ao efeito hidrofóbico que
favorece a interação antraceno-argila. A presença
do antraceno e dos cátions metálicos na superfície
da argila, com os cátions ocupando os sítios de
troca, favorecem a maior aproximação das espécies químicas e a conseqüente supressão da fluorescência da banda (II) do antraceno. O esquema abaixo mostra o equilíbrio entre as espécies
químicas na superfície da argila, para o sistema
antraceno-argila-M(II):
1) L + argilan-  L--- argilan- ; 2) Mn+ + argilan- 
M---argila; 3) L + Mn+ + argilan- 
argila
antraceno / água
 = 400 nm
1,0
1,0
antraceno / argila
 = 400 nm
2+
IF / U.A.
IF / U.A.
Cd
2+
Cu
Hg
2+
2+
Ni
0,5
0,0
0,0
0,5
2+
Pb
Cd
2+
Cu
2+
Hg
2+
2+
Ni
Pb
0,0
-3
5,0x10
L--M—
-2
-1
cation / mol L
1,0x10
0,0
5,0x10
-3
cátion / mol L
2+
1,0x10
-1
-2
Figura
defluorescência
fluorescência
antraceno,
em função
do aumento
da concentração
Figura7:7:a)a)Intensidade
Intensidade de
do do
antraceno,
em função
do aumento
da concentração
dos cátionsdos
metálicos;
7b) Intensidade
de fluorescência
antraceno, emdo
suspensão
de argila,
função dode
aumento
cátions
metálicos;
7b) Intensidade
de do
fluorescência
antraceno,
em em
suspensão
argila,daem
concentração dos cátions metálicos, λex = 260 nm.
função do aumento da concentração dos cátions metálicos, ex = 260 nm.
Nos sistemas formados por argila em suspensão e surfactantes, Figuras 8a e 8b, semelhante à
Figura 7 a-b, apresenta a intensidade de fluorescência do antraceno no sistema antraceno-argila-surfac16Ecl. Quím., São Paulo, 34(3): 17 - 26, 2009
Ecl. Quím., São Paulo, 34(4): 7 - 19, 2009
antraceno / argila
CTACl
( = 400 nm)
b)
1,0
Cd
2+
Cu
2+
Ni
2+
Hg
.A.
Pb
2+
2+
antraceno / água
 = 400 nm
1,0
1,0
antraceno / argila
 = 400 nm
2+
IF / U.A.
IF / U.A.
Cd
2+
Cu
2+
Cd
2+
Cu
2+
Artigo
Article
Hg
tante, empregando os surfactantes SDS (aniônico)
Pb(II) e Cu(II) apresentam-se comoHgos melhores
Ni
e o 0,5
CTACl (catiônico), como sistemas representacom as
0,5supressores em SDS pela maior associação
Ni
Pb
tivos dos demais surfactantes. Observa-se a partir cargas negativas do grupo polar da micela.
Pb
da figura que a intensidade de fluorescência da
O CTACl, surfactante catiônico, apresenta
banda (II) diminui com o aumento da concentra- forte interação com a superfície da argila sendo
ção dos cátions metálicos. A supressão da fluo- que o antraceno pode estar localizado nos micro0,0
rescência
encontra sua maior efetividade para o 0,0domínios hidrofóbicos, gerados pelo surfactante
0,0
0,0
5,0x10
1,0x10
1,0x10
5,0x10
sistema antraceno-argila-SDS,
na
dos na superfície da argila,
ou localizado
cátion / mol L nos agregacationpresença
/ mol L
íons Pb(II) e Cu(II) (Figura 8 a) e para o Hg(II) dos do surfactante no seio da solução. Assim, a
no sistema antraceno-argila-CTACl (Figura 8 b). adição dos cátions metálicos exerce menor efeito
O SDS,
aniônico,
apresenta
fraca interação
na supressão
da emissão
do antraceno
em relaçãodos
Figura
7: a)
Intensidade
de fluorescência
docom
antraceno,
em função
do aumento
da concentração
a superfície da argila e o antraceno pode estar ao observado no sistema antraceno-argila-SDS. O
cátions
metálicos;
7b) Intensidade
de fluorescência
do antraceno,
emdos
suspensão
de argila,
localizado
prioritariamente
nos microdomínios
mercúrio,
ao contrário
demais cátions
metáli-em
hidrofóbicos formados pelos agregados de surfac- cos, promove a floculação do sistema antracenoex = 260 nm.
função
da concentração
dos cátions
tantes do
no aumento
seio da solução.
Assim, o antraceno
es- metálicos,
argila-CTACl
observando-se acentuado decréscitando protegido nos microdomínios hidrofóbicos mo da emissão nas primeiras adições do cátion
o efeito supressor é similar àquele observado nas metálico. O sistema floculado era visível a olho
soluções aquosas diluídas. Desta forma, os íons de nu.
2+
2+
2+
2+
2+
-3
-3
-2
-2
-1
-1
antraceno / argila
CTACl
( = 400 nm)
b)
1,0
Cd
2+
Cu
2+
Ni
2+
Hg
IF / U.A.
Pb
2+
2+
0,5
0,0
0,0
2,0x10
-3
cátion/ mol L
-1
4,0x10
-3
Figura
8. Intensidade de fluorescência do antraceno, em suspensão de argila, em função do aumento
Figura 8. Intensidade de fluorescência do antraceno, em suspensão de argila, em função do aumento da
daconcentração
concentração
cátions
metálicos,
na presença
dos surfactantes:
SDS, b) CTACl
dosdos
cátions
metálicos,
na presença
dos surfactantes:
a) SDS, b)a)CTACl
Conclusões
Os parâmetros de emissão avaliados fornecem subsídios para o entendimento da adsorção
de surfactantes e cátions metálicos na superfície
hidrofílica de argilas. Contribuindo, dessa forma,
para um melhor entendimento da interação surfactantes-argila em suspensão aquosa, uma vez que as
argilas modificadas organicamente apresentam-se
eficientes na solubilização de compostos orgâniEcl. Quím., São Paulo, 34(4): 7 - 19, 2009
cos apolares. O caráter hidrofóbico da sonda define, portanto, a eficiência de sua interação com os
microdomínios criados pelos surfactantes ou com
a superfície da argila.
Os resultados obtidos para os ensaios de
supressão permitem sugerir que a superfície siloxano da argila possui sítios de adsorção que complexam ácidos mais duros, p.e., o íon Cu(II). O
íon uma vez fixado ao substrato da argila não é
facilmente trocado pelas espécies orgânicas (catiônicas/aniônicas/não iônica) presentes no meio
17
Artigo
Article
reacional. As espécies orgânicas podem, preferencialmente, coordenarem-se ao íon metálico, sendo
que a intensidade desta interação é dependente da
habilidade do soluto orgânico em competir com
outros sítios de coordenação; sítios disponíveis na
superfície da argila próximos ao íon metálico.
Nos ensaios de supressão da fluorescência
da banda (II) no sistema antraceno-água-M(II) o
íon Cu(II) apresentou-se como o supressor mais
eficiente. Os íons Cd(II) e Ni(II) apresentaramse como os de menor eficiência. A intensidade da
supressão causada pelos íons Cu(II) é devida a
contribuição de supressão estática e dinâmica do
processo fotoquímico. Nos sistemas antraceno-
argila-surfactante-M(II), surfactante catiônico, os
íons de Hg(II) promoveram a máxima supressão
da fluorescência da banda (II) e a concomitante
floculação do sistema. Situação semelhante foi
observada para o sistema preparado empregandose surfactante aniônico na presença de íons Pb(II).
Tal comportamento permite sugerir a aplicação
de sistemas desta natureza para a remoção de hidrocarbonetos aromáticos policíclicos de água e
águas residuais.
R. Magri, F.L. Fertonani, I.A. Pastre. Pho����
tophysical behavior of anthracene in micro-heterogeneous systems clay-surfactant-metallic ions
Abstract: Clays are a class of complex micro-heterogeneous and can be used as a substrate
for adsorption. The sorption behavior of solid-phase enhanced by the presence of surfactants,
organoclay, is an important phenomenon studied by environmental technology for removal
of polycyclic aromatic hydrocarbons (PAHs) anthropogenic sources from water. This work
aims to study the photophysical behavior of anthracene as a model of HPA systems in microheterogeneous clay-surfactant-metal ions (M (II) = Cd (II), Cu (II), Hg (II), Ni (II) and Pb (II);
surfactants: CTACl; SDS; TR-X100). The experimental assays were conducted by monitoring
changes in the static properties of fluorescence and anthracene emission suppression; anthracene was used as fluorescent probe. M(II)ions, like Cd(II), Cu(II), Hg(II), Ni(II) and Pb(II)were
used as anthracene fluorescence suppressors. The profile of the fluorescence spectrum and the
results of the suppression of fluorescence of the probe allowed inferring the specific place of
the anthracene solubilization into the micro-heterogeneous systems studied and the consequent
arrangement of them.
Keywords: anthracene; clay; suppression; fluorescence; metallic ions.
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19
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