PLANO DE ACÇÃO INTERNACIONAL para a conservação das espécies de aves Criticamente em Perigo de São Tomé 2014-­‐2018 Galinhola (BOSTRYCHIA BOCAGEI) Picanço-­‐de-­‐são-­‐tomé (LANIUS NEWTONI) Anjolô (NEOSPIZA CONCOLOR) Plano de Acção Internacional para a conservação das espécies de aves Criticamente em Perigo de São Tomé Galinhola Bostrychia bocagei Picanço-­‐de-­‐são-­‐tomé Lanius newtoni Anjolô Neospiza concolor 2014 Preparado por: BirdLife International Plano de Acção Internacional para a conservação das espécies de aves Criticamente em Perigo de São Tomé 2014-­‐2018 2 Compilação: Alice Ward-­‐Francis e P. Kariuki Ndang'ang'a Edição: P. Kariuki Ndang'ang'a, Alice Ward-­‐Francis, Luís Costa, Ricardo Lima, Jorge Palmeirim, José Tavares, Graeme Buchanan, Mariana Carvalho, Martim Melo, Martin Dallimer, Simon Valle Contributos de: Kwesi Anderson (BirdLife International), Victor Bonfim (Direcção Geral de Ambiente), Arlindo de Carvalho (Direcção Geral de Ambiente), Bastien Laloum (MARAPA), Ricardo Lima (Universidade de Lisboa), Faustino de Oliveira (Direcção Geral das Florestas), Hugulay Maia (ABS), Daniel Ramos (Director do Parque Natural d’Obo do Príncipe), Alzira Rodrigues (ABS), José Tavares (VCF), Graeme Buchanan (RSPB), Nigel Collar (BirdLife International), Paul Kariuki Ndang'ang'a (BirdLife International), Mariana Carvalho (Universidade de Lisboa), Martim Melo (Universidade do Porto), Jorge Palmeirim (Universidade de Lisboa), Martin Dallimer (Copenhaga), Simon Valle (Manchester Metropolitan University), Domingos Leitão (SPEA) , Hugo Sampaio (SPEA), Nuno Barros (SPEA) e equipa de Monte Pico e Parque Natural d’Obô de São Tomé. Tradução do inglês por: Hugo Sampaio e Luís Costa (SPEA) Revisão: Este plano deve ser revisto e actualizado a cada cinco anos. Deverá ser feita uma revisão de emergência se ocorrer alguma mudança significativa para o estatuto da espécie antes da próxima revisão programada. Citação recomendada: BirdLife International (2014). Plano de Acção Internacional para a conservação das espécies de aves Criticamente em Perigo de São Tomé. BirdLife International, Cambridge. Plano de Acção Internacional para a conservação das espécies de aves Criticamente em Perigo de São Tomé 2014-­‐2018 3 ÍNDICE LISTA DE ABREVIATURAS ................................................................................................................................... 2 PREFÁCIO .......................................................................................................................................................... 3 RESUMO ........................................................................................................................................................... 4 1.0 INFORMAÇÃO GERAL E CONTEXTO .............................................................................................................. 5 1.1. CONTEXTO GEOGRÁFICO DO PLANO DE ACÇÃO ............................................................................................ 5 2.0 AVALIAÇÃO BIOLÓGICA ............................................................................................................................... 8 2.1 GALINHOLA ..................................................................................................................................................... 8 2.1.1 Taxonomia ............................................................................................................................................. 8 2.1.2 Tamanho e tendência da populacão ...................................................................................................... 8 2.1.3 Distribuição ao longo do ciclo anual ...................................................................................................... 8 2.1.4 Requisitos do habitat ........................................................................................................................... 10 2.1.5 Ecologia de reprodução, sobrevivêsncia e produtividade .................................................................... 10 2.2 PICANÇO-­‐DE-­‐SÃO-­‐TOMÉ .............................................................................................................................. 10 2.2.1 Taxonomia ........................................................................................................................................... 10 2.2.2 Tamanho e tendência da população .................................................................................................... 10 2.2.3 Distribuição ao longo do ciclo anual .................................................................................................... 11 2.2.4 Requisitos do habitat ........................................................................................................................... 11 2.2.5 Ecologia de reprodução, sobrevivência e produtividade ..................................................................... 11 2.3 ANJOLÔ ......................................................................................................................................................... 11 2.3.1 Taxonomia (fonte: Dallimer et al. 2012) .............................................................................................. 11 2.3.2 Tamanho e tendência da população .................................................................................................... 12 2.3.3 Distribução ao longo do ciclo anual ..................................................................................................... 12 2.3.4 Requisitos do habitat ........................................................................................................................... 13 2.3.5 Ecologia da reprodução, sobrevivência e produtividade ..................................................................... 13 3.0 AMEAÇAS .................................................................................................................................................. 14 3.1 PRINCIPAIS AMEAÇAS ................................................................................................................................... 14 3.1.1 Perda e degradação de habitat ........................................................................................................... 14 3.1.2 Mortalidade directa ............................................................................................................................. 16 3.2 LACUNAS NO CONHECIMENTO .................................................................................................................... 17 3.3 ANÁLISE DAS AMEAÇAS À GALINHOLA ATRAVÉS DE ÁRVORE DOS PROBLEMAS ........................................ 18 3.4 ANÁLISE DAS AMEAÇAS AO ANJOLÔ ATRAVÉS DE ÁRVORE DOS PROBLEMAS ............................................ 19 3.5 ANÁLISE DAS AMEAÇAS AO PICANÇO-­‐DE-­‐SÃO-­‐TOMÉ ATRAVÉS DE ÁRVORE DOS PROBLEMAS .................. 19 4.0 POLÍTICAS E LEGISLAÇÃO RELEVANTES PARA A GESTÃO ............................................................................ 20 4.1 ESTATUTO LEGAL DE CONSERVAÇÃO DAS ESPÉCIES ..................................................................................... 20 4.2 POLÍTICAS NACIONAIS, LEGISLAÇÃO E ACTIVIDADES EM CURSO .................................................................. 20 5.0 QUADRO DE ACÇÃO ................................................................................................................................... 22 5.1 OBJECTIVO GLOBAL ...................................................................................................................................... 22 5.2 OBJECTIVOS E ACÇÕES .................................................................................................................................. 22 6.0 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................. 25 ANEXO 1: SÍTIOS MAIS IMPORTANTES PARA AS ESPÉCIES E RESPECTIVO ESTATUTO ........................................ 28 Plano de Acção Internacional para a conservação das espécies de aves Criticamente em Perigo de São Tomé 2014-­‐2018 1 LISTA DE ABREVIATURAS ABS Associação dos Biólogos Santomenses ASMM Associação de Comércio de Madeira DF Direcção das Florestas DG Agr Direcção-­‐Geral da Agricultura DG Amb Direcção-­‐Geral do Ambiente DGT Direcção-­‐Geral do Turismo ECOFAC Ecosystèmes Forestiers d'Afrique Centrale, Programa da UE para a Conservação e Uso Racional dos Ecossistemas Florestais na África Central UICN União Internacional para a Conservação da Natureza MARAPA Mar, Ambiente e Pesca Artesanal Min Agr Ministério da Agricultura PNO Parque Natural do Obô RSPB The Royal Society for the Protection of Birds (Parceiro BirdLife no Reino Unido) SPEA Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (Parceiro BirdLife em Portugal) Plano de Acção Internacional para a conservação das espécies de aves Criticamente em Perigo de São Tomé 2014-­‐2018 2 PREFÁCIO Segundo os dados da história geológica, as ilhas de S. Tomé e do Príncipe fazem parte de um pequeno número de áreas que escaparam aos grandes acontecimentos de glaciação durante o período “plistoceno”, o que permitiu que as mesmas se tornassem num refúgio importante para um número de espécies, que desenvolveram características próprias, dando origem ao surgimento de um elevado número de espécies endémicas com particular incidência para as aves. No entanto, no decurso do processo de desenvolvimento económico do país, determinadas práticas associadas a políticas não muito bem equacionadas têm estado a ameaçar e a exercer uma grande pressão sobre a biodiversidade de forma geral, e em particular sobre algumas espécies endémicas mais sensíveis, transformando algumas delas, tais como a galinhola Bostrychia bocagei, o anjolô Neospiza concolor e o picanço-­‐de-­‐são-­‐tomé Lanius newtoni, em situação de espécies criticamente ameaçadas. As autoridades nacionais, conscientes das responsabilidades que recaem sobre as mesmas no que respeita à necessidade de proteger toda a sua biodiversidade e em particular as espécies mais ameaçadas, têm vindo ao longo dos tempos, a criar alguns diplomas jurídicos no contexto de protecção e conservação, salientando o decreto 40 040, de 20 de Janeiro de 1955, que introduziu um regime de protecção ao solo, flora e fauna, demonstrando desta forma a interacção e interdependência existentes entre o solo, o seu revestimento vegetal e os animais selvagens, e por outro, confiar a responsabilidade de superintendência a um mesmo órgão. O mais recente diploma nº 11/99 sobre a Conservação da Fauna, Flora e Áreas Protegidas constitui outra manifestação da preocupação nacional, visando desta forma demonstrar que a conservação das espécies animais, vegetais e da diversidade biológica, deve ser entendida como um conjunto de medidas técnico-­‐legais que permitem o desenvolvimento natural do estado genético das populações animais, vegetais e comunidade biótica, enquanto património nacional e da humanidade, bem assim como a sua utilização social e económica durável. No entanto, a existência por si só dos diplomas legais, no domínio de protecção e conservação das espécies, não terão resultados satisfatórios se não for acompanhado de levantamentos técnicos e científicos da situação das espécies no terreno, de modo a se conhecer o estado actual das mesmas, as ameaças que pairam sobre elas e a forma como têm estado a reagir a estas ameaças. O Plano de Acção Internacional para a Conservação das Espécies Criticamente em Perigo em S. Tomé e Príncipe para o período 2014-­‐2018, elaborado com a cooperação das instituições internacionais, nomeadamente a BirdLife Internacional, a RSPB, a SPEA, a Aage V. Jensen Charity Foundation, e instituições nacionais, tais como a Direcção Geral de Ambiente, o Parque Nacional d’Obô de S.Tomé e a Associação de Biólogos Santomenses, faz uma análise profunda da situação das três espécies acima referidas que se encontram Criticamente em Perigo de extinção. Este Plano de Acção, no qual foram analisadas as populações destas espécies, as suas áreas de distribuição, os seus habitats e o processo de reprodução, contempla um conjunto de actividades prioritárias que devem ser materializadas e constitui a base fundamental de orientação de um longo caminho que se deve trilhar a curto e médio prazo, para salvar estas espécies, garantindo desta forma às gerações vindouras a possibilidade de também conviverem com as mesmas, pois fazem parte do património nacional e também internacional da biodiversidade. Ao terminar, gostaria de deixar bem expresso, em nome das autoridades ambientais de S. Tomé e Príncipe, os sinceros agradecimentos às organizações internacionais acima descritas, aos seus investigadores, que não pouparam esforços para se deslocar até S. Tomé e Príncipe e percorrer zonas extremamente difíceis em acessibilidade, para proporcionar um documento científico desta natureza, e sugerir opções para proteger estas espécies endémicas que têm dado um valor imensurável à biodiversidade santomense. Arlindo de Ceita Carvalho -­‐ Director Geral de Ambiente Plano de Acção Internacional para a conservação das espécies de aves Criticamente em Perigo de São Tomé 2014-­‐2018 3 RESUMO Este Plano de Acção Internacional é projectado para a conservação das três espécies de aves Criticamente em Perigo endémicas da ilha de São Tomé, situada no Golfo da Guiné, na costa ocidental equatorial da África Central: a galinhola Bostrychia bocagei, o picanço-­‐de-­‐são-­‐tomé Lanius newtoni e o anjolô Neospiza concolor. Pesquisas anteriores não foram capazes de fornecer estimativas populacionais robustas para cada uma destas três espécies. No entanto, as estimativas populacionais utilizadas nas actuais avaliações da Lista Vermelha da IUCN sugerem que cada uma destas espécies tem populações muito pequenas e em declínio: a galinhola é colocada na banda de 50-­‐249 indivíduos reprodutores, enquanto as populações do anjolô e do picanço-­‐de-­‐são-­‐tomé terão menos de 50 indivíduos reprodutores, dado ser bastante limitada a área com habitat adequado disponível. Muito pouco se sabe sobre qualquer uma destas três espécies, incluindo o tamanho real das suas populações, a sua distribuição, ecologia e as causas do declínio. Portanto, uma maior pesquisa, juntamente com a protecção do habitat são acções urgentes e de muito alta prioridade, a fim de travar a perda e iniciar a recuperação e continuidade destas espécies. A melhor informação disponível sugere que as principais ameaças para as três espécies incluem (1) a perda de habitat impulsionada por desflorestação para investimentos agrícolas em larga escala e de extracção de madeira (2) degradação do habitat conduzida por espécies exóticas invasoras e pela extracção de vinho de palma, (3) perturbação humana, especialmente por madeireiros, turistas, caçadores, colectores de vinho de palma e de búzio e (4) caça local, especialmente no caso da galinhola. Outra possível ameaça, susceptível de afectar principalmente a galinhola é a predação por espécies introduzidas, incluindo macacos e cobras. O objectivo geral deste plano de cinco anos (2014-­‐2018) é o de orientar a melhoria do estado de conservação e conhecimento sobre a ecologia e distribuição das três espécies de aves Criticamente em Perigo de extinção. Este objectivo geral será alcançado através da realização de um conjunto de acções que contribuam para cada um dos seguintes objectivos: (1) degradação do habitat e perturbação humana reduzidas nas áreas de ocorrência destas espécies, (2) aumento da compreensão da ecologia, tamanho e distribuição das respectivas populações, (3) fim da caça à galinhola e (4) preservação das áreas prioritárias de habitat florestal. Plano de Acção Internacional para a conservação das espécies de aves Criticamente em Perigo de São Tomé 2014-­‐2018 4 1.0 INFORMAÇÃO GERAL E CONTEXTO 1.1. CONTEXTO GEOGRÁFICO DO PLANO DE ACÇÃO Este plano de acção aborda as necessidades de conservação das três espécies de aves Criticamente em Perigo de São Tomé (0o25'N -­‐ 0o01'S, 6o28'E -­‐ 6o45'E). São Tomé (857 km2) e Príncipe (139 km2) são ilhas oceânicas que formam a República Democrática de São Tomé e Príncipe. As ilhas ficam a 255 km e 220 km respectivamente ao largo da costa oeste do Gabão (Figura 1). O clima, vegetação e habitats das aves de São Tomé e Príncipe são descritos detalhadamente por Jones & Tye (2006). Nas figuras 2a & b estão incluídos mapas topográficos e da cobertura vegetal de São Tomé. Figura 1: Contexto geográfico de São Tomé Plano de Acção Internacional para a conservação das espécies de aves Criticamente em Perigo de São Tomé 2014-­‐2018 5 Figura 2a: Mapa de uso do solo de São Tomé. Fonte: globcover 2009 (http://due.esrin.esa.int/globcover/) Plano de Acção Internacional para a conservação das espécies de aves Criticamente em Perigo de São Tomé 2014-­‐2018 6 Figura 2b: Topografia da ilha de São Tomé Plano de Acção Internacional para a conservação das espécies de aves Criticamente em Perigo de São Tomé 2014-­‐2018 7 2.0 AVALIAÇÃO BIOLÓGICA As informações incluídas nestas avaliações baseiam-­‐se principalmente no que consta na BirdLife International Datazone (http://www.birdlife.org/datazone/), nas fichas para as respectivas espécies e nas Áreas Importantes para Aves (IBA) em São Tomé (BirdLife International 2014). 2.1 GALINHOLA 2.1.1 Taxonomia A galinhola Bostrychia bocagei de São Tomé é reconhecida como uma espécie pela BirdLife, seguindo Collar & Stuart (1985), tendo sido separada da íbis continental Bostrychia olivacea (Sibley & Monroe 1990, 1993). A espécie difere de B. olivacea da África Ocidental e Central em tamanho, cor do bico e do dorso. Há boa informação de base para apoiar a distinção desta espécie como endémica de São Tomé (Chapin 1923, Amadon 1953, de Naurois 1973). 2.1.2 Tamanho e tendência da populacão As pesquisas realizadas entre 2008 e 2010 pela ABS não foram ainda capazes de fornecer estimativas populacionais reais para a espécie. No entanto, com base em pareceres de especialistas que constam da actual Lista Vermelha da IUCN, a espécie é colocada na banda dos 50-­‐249 indivíduos reprodutores, o que se traduz numa população extremamente pequena e em declínio. É, portanto, classificada como Criticamente em Perigo na Lista Vermelha da IUCN. 2.1.3 Distribuição ao longo do ciclo anual Descrita pela ciência no final do século XIX, há muito poucos registos históricos desta espécie, juntamente com informação de observações realizadas por caçadores (Coleira & Stuart 1985, Jones & Tye 2006). Após Correia ter recolhido um juvenil em 1928, a galinhola só foi redescoberta em 1990 no vale do Rio Ana Chaves (Atkinson et al. 1991). Seguiram-­‐se outros registros: indivíduos avistados em 1996; dois casais, um indivíduo e dois ninhos encontrados perto das bacias dos Rios Iô Grande (200 m de altitude) e Martim Mendes (100 m de altitude) em Maio de 1997, numa área onde caçadores relataram ter morto 16 indivíduos aproximadamente 6 meses antes (S. d'Assis Lima in litt. 1998); e durante trabalhos de pesquisa em Ribeira Peixe em 2007 (Olmos & Turshak 2007). Trabalho de campo recente resultou na reunião de 57 observações, incluindo dois ninhos com fêmeas a incubar, na floresta ancestral da área de Monte Carmo (Maia & Gascoigne in litt. 2010). Está aparentemente bem distribuída numa pequena área de floresta disponível no sul da ilha. Há um registo histórico do norte da ilha, mas actualmente não resta aí qualquer habitat adequado (Christy & Clarke 1998). A sudoeste a espécie está aparentemente confinada às bacias dos rios São Miguel, Xufexufe e, possivelmente, Quija, enquanto a sua área central se situa no centro da ilha, aparentemente restrita aos rios Iô Grande e Ana Chaves. Modelos de distribuição da espécie confirmam esta informação, uma vez que indicam uma distribuição restrita ao terço oriental desta faixa (Buchanan et al. não publicado). Os registos de distribuição para esta e para as outras duas espécies de aves Criticamente em Perigo de extinção em São Tomé estão ilustrados na Figura 3. Plano de Acção Internacional para a conservação das espécies de aves Criticamente em Perigo de São Tomé 2014-­‐2018 8 Figura 3. Registos de distribuição de galinhola, picanço-­‐de-­‐são-­‐tomé e anjolô. Plano de Acção Internacional para a conservação das espécies de aves Criticamente em Perigo de São Tomé 2014-­‐2018 9 2.1.4 Requisitos do habitat A ecologia desta espécie é pouco conhecida, nomeadamente as associações de habitat e os locais de alimentação e nidificação. Pelo que se sabe, a espécie ocorre geralmente em floresta ancestral bem desenvolvida abaixo dos 450 m de altitude, podendo o habitat adequado estender-­‐se até aos 800 m. As observações recentes de Monte Carmo foram realizadas em floresta secundária madura ou ancestral, com árvores de grande porte bem espaçadas e vegetação rasteira pouco desenvolvida (Olmos & Turshak 2010). A galinhola foi observada a procurar alimento no solo da floresta em áreas de terra nua ou onde existia vegetação esparsa de plantas herbáceas, samambaia e musgo, ou uma cobertura de rochas e pedras grandes (Christy & Clarke 1998, Olmos & Turshak 2010), incluindo áreas onde o solo tinha sido remexido por porcos selvagens ou em áreas pantanosas próximas de cursos de água ou de pequenas lagoas marginais (Atkinson et al. 1991, Christy & Clarke 1998, Borrow & Demey 2001, Olmos & Turshak 2010). 2.1.5 Ecologia de reprodução, sobrevivêsncia e produtividade Mais uma vez, muito pouco se sabe sobre a ecologia de reprodução da espécie, incluindo a sobrevivência e produtividade. Nidifica em árvores, algumas pendentes sobre água (S. d'Assis Lima in litt. 1998). A ABS monitorizou a área entre 2008 e 2012, tendo sido encontrados quatro ninhos, o primeiro dos quais em Novembro de 2009. Destes apenas um foi bem sucedido, tendo sobrevivido um juvenil. Inicialmente a inviabilidade dos ninhos pode ter resultado do impacto das visitas ao ninho, indicando que a galinhola pode ser susceptível à presença humana. Além disso há suspeitas de que alguns insucessos se deveram a infertilidade dos ovos e, possivelmente, a predação (Gascoigne et al. in press). 2.2 PICANÇO-­‐DE-­‐SÃO-­‐TOMÉ 2.2.1 Taxonomia Foi recolhido um exemplar de picanço-­‐de-­‐são-­‐tomé Lanius newtoni pela primeira vez em 1891 por Francisco Newton, para o Museu de Lisboa, conforme referido em Bocage (1904). A espécie tem sido tratada dentro da super-­‐espécie L. collaris do continente africano. L. newtoni foi descrito como bastante próxima de L. collaris mas com algumas características distintas, como as diferenças marcantes no habitat (florestal em oposição a espaços abertos) e na plumagem (partes inferiores amarelas). Análises recentes de sequências de ADN por Fuchs et al. (2011) mostraram que o parente vivo mais próximo de L. newtoni é o picanço-­‐de-­‐mackinnon (L. mackinnoni). O posicionamento taxonómico deste parente permanece incerto, restando dúvidas entre o seu agrupamento juntamente com L. collaris ou antes posicionado no grupo L. collaris -­‐ L. souzae. A análise mostra também que L. newtoni se separou do seu parente mais próximo no continente africano há cerca de 2,1 milhões de anos. Fuchs et al. (2011) também referem que L. newtoni tem preferências de habitat semelhantes a L. mackinnoni. L. newtoni habita o interior da floresta húmida, enquanto L. mackinnoni pode ser encontrado nas extremidades da floresta tropical. Em contraste, todos os outros membros do super-­‐
grupo de Lanius collaris estão adaptados a áreas abertas. 2.2.2 Tamanho e tendência da população Esta espécie está classificada como Criticamente em Perigo por se acreditar ter uma população extremamente reduzida. Ocupa uma pequena extensão de floresta primária que está actualmente protegida pelo Parque Natural d’Obô. Pensava-­‐se que esta espécie estava confinada a uma pequena Plano de Acção Internacional para a conservação das espécies de aves Criticamente em Perigo de São Tomé 2014-­‐2018 10 área no sudoeste de São Tomé, mas alguns avistamentos recentes têm expandido a área de distribuição conhecida. Desta forma, o tamanho da população pode ser maior do que se pensava anteriormente (A. Gascoigne in litt. 2010), embora ainda se pense que a espécie esteja confinada a alguns núcleos isolados dentro da área de distribuição (M. Melo, com. pess.). Tendo em conta que ainda não foi realizado um levantamento geral da população, actualmente estima-­‐se de forma cautelosa que esta não exceda 50 indivíduos reprodutores, dado ser bastante reduzida a área de habitat potencialmente adequado. Se se descobrir que o tamanho da população é maior do que se suspeita, isso pode significar uma descida no estatuto para Em Perigo de extinção. 2.2.3 Distribuição ao longo do ciclo anual Os registos históricos dos diversos exemplares recolhidos para museus dão-­‐nos a conhecer que o picanço-­‐de-­‐são-­‐tomé ocorria em São Miguel, rio Quija, Roça Jou e vale do Iô Grande. Foi considerado extinto após o trabalho de Correia (1928), até que foi redescoberto em 1990 perto da cabeceira do rio Xufexufe. Actualmente parece estar restrito a alguns locais situados entre 180-­‐1100 m de altitude nas florestas do sul, limitado a este por Bombaim e Formoso Pequeno, ocorrer ao longo das bacias dos rios Iô Grande e Martim Mendes e limitado a oeste pela bacia do rio Xufexufe. Também ocorre nos vales estreitos na cabeceira do rio Ana Chaves, a cerca de 1174 m de altitude, e foi recentemente registado na Estação Souza, a cerca de 1560 m (Figura 3). 2.2.4 Requisitos do habitat Os seus requisitos de habitat e comportamento são pouco conhecidos, mas existem algumas observações casuais. Todos os registos recentes foram obtidos no interior da floresta de crescimento antigo e nas áreas de maior pluviosidade. Os indivíduos usam aparentemente poleiros baixos ou a meia altura para procurar presas ou voam para apanhar grandes insectos no chão e na vegetação circundante. Apesar de se esconder habitualmente nos arbustos baixos, por vezes é avistado em locais mais abertos, em zonas com pouca ou nenhuma vegetação rasteira, mas com solo nu e rochas (Atkinson et al. 1991, Christy & Clarke 1998). Foi ainda observado em busca de comida em pedras ao longo de um riacho (Atkinson et al. 1991), à procura entre musgos epífitas e líquenes. 2.2.5 Ecologia de reprodução, sobrevivência e produtividade A sua ecologia reprodutiva é desconhecida. Todos os exemplares recolhidos por J.G. Correia em 1928 para o Museu Americano de História Natural em Maio, Novembro e Dezembro tinham gónadas pequenas, excepto 2 machos recolhidos em Nov-­‐Dec; 2 fêmeas recolhidas em Nov-­‐Dec tinham traços de plumagem juvenil (Collar & Stuart 1985). Um juvenil foi registado em redes de anilhagem no início de Fevereiro (M. Melo, com. pess.). 2.3 ANJOLÔ 2.3.1 Taxonomia (fonte: Dallimer et al. 2012) O anjolô foi descoberto em 1888 pelo naturalista português Francisco Newton, que recolheu um macho nas florestas do sudeste de São Tomé. Em 1890 Newton capturou mais dois machos nas florestas do sudoeste (Jones & Tye, 2006). Nesta época ele já considerava a espécie como sendo extremamente rara (Naurois 1988), mas provavelmente nunca suspeitou que teriam de decorrer mais de 100 anos até que a espécie fosse avistada novamente (Sargeant et al. 1992). Uma década depois, em Janeiro de 2002, foram novamente encontrados vários indivíduos (Dallimer et al. 2003), ao passo Plano de Acção Internacional para a conservação das espécies de aves Criticamente em Perigo de São Tomé 2014-­‐2018 11 que mais tarde, nesse mesmo ano, uma nova localidade foi descoberta nas florestas do Sudeste (Melo 2007), local onde um indivíduo foi capturado posteriormente, em 27 de Janeiro de 2003. A posição filogenética do anjolô dentro da família dos fringilídeos do Velho Mundo (Fringillidae) é agora considerada como rigorosa. Na verdade a espécie é um seedeater gigante, cujo parente mais próximo é o chota-­‐café Serinus rufobrunneus, uma espécie endémica do grupo de ilhas de São Tomé, Príncipe e Boné de Jóquei (Melo 2007). Análises genéticas revelaram que a população santomense de chota-­‐café, a qual co-­‐ocorre com o anjolô em São Tomé é mais estreitamente relacionada com este do que com as populações co-­‐específicas do Príncipe e do Boné de Jóquei (Stervander 2009), sugerindo que esta divergência se originou em simpatria, acontecimento altamente fora do comum, ou mesmo caso inédito entre as aves. 2.3.2 Tamanho e tendência da população Previous bird surveys in São Tomé have made very few records of the species thus making it difficult to do a proper population estimate. However, based on expert advice used in the current IUCN Red listing the species is assumed to have a tiny declining population of fewer than 50 mature individuals, given the limited area of suitable habitat (BirdLife International 2014). This species is therefore classified as Critically Endangered in the IUCN Red List. All fieldwork has found it to be very rare and it is regularly recorded from just two areas: São Miguel, and Monte Carmo and more recently from close to Lagoa Amélia. This very small area of primary forest, although not severely threatened and protected by the Obô Natural Park, might be vulnerable in the future. 2.3.3 Distribução ao longo do ciclo anual O anjolô era anteriormente conhecido a partir de apenas uma observação do século XIX, realizada no sul de São Tomé (Jones & Tye 2006). Foi redescoberto em 1991, perto do rio Xufexufe no sudoeste da ilha (Sargeant et al. 1992). Desde então foi avistado perto do rio Xufexufe em 1997 (Kaestner in litt. 1998; Sinclair in litt. 1998) e posteriormente continuou a ser observado a partir das regiões do Xufexufe, Ribeira Peixe (Monte Carmo) e São Miguel (N. Borrow in litt. 2003; Dallimer et al. 2003; Olmos & Turshak 2007; F. Olmos in litt. 2007 e 2008; Olmos & Turshak 2010). Um indivíduo foi capturado na região de Monte Carmo em 2003 e outros três na área de São Miguel, em 2005 e 2011 (M. Melo, com. pess.). Antes pensava-­‐se que o anjolô estava restrito à floresta ancestral das terras baixas do sul da ilha, mas foi encontrado mais a norte e em altitudes mais elevadas entre Santa Maria e Calvário, em 2010 e 2011, havendo ainda algumas observações não confirmadas da espécie em três locais próximos (Solé et al. 2012). Posteriormente foi confirmada uma observação nas proximidades do Formoso Pequeno (R.F. de Lima in litt. 2013). Um registo obtido no Iô Grande coincidiu com uma área onde a espécie foi originalmente observada em 1888 (Dallimer et al. 2012). Dada a área limitada de habitat adequado e a escassez de registos, é bastante provável que o anjolô tenha uma população extremamente pequena, contudo observações recentes em novas áreas de ocorrência, em diferentes altitudes e habitat, levantam a possibilidade de que a população possa ser maior do que se pensava. Ainda assim, a pesquisa de 2011 que visou localizar o anjolô sublinhou a sua raridade ou, pelo menos, as dificuldades na sua detecção: apenas 3 registos foram obtidos num total de 105 pontos de contagem e apenas sete registos foram obtidos em mais de 100 km realizados a pé (Dallimer et al. 2012). Os registos de distribuição da espécie são apresentados na Figura 3. Plano de Acção Internacional para a conservação das espécies de aves Criticamente em Perigo de São Tomé 2014-­‐2018 12 2.3.4 Requisitos do habitat As exigências de habitat desta espécie são pouco conhecidas. Antes de 2010, não havia sido registado acima dos 600m de altitude e parecia estar restrito às florestas ancestrais de baixa altitude, de melhor qualidade e pouco perturbadas, situadas nas regiões mais húmidas de São Tomé. As pesquisas recentes efectuadas em 2011 por Dallimer et al. (2012) trouxeram dados novos: um novo registo na área do rio Iô Grande, o primeiro desde 1888, e confirmou os registos na área da Lagoa Amélia. Estas descobertas são extremamente importantes, uma vez que podem significar que a área de ocorrência do anjolô poderá incluir toda a área de floresta madura -­‐ o que corresponde aproximadamente aos limites do parque natural -­‐ em vez de apenas o núcleo de floresta primária do sul. De particular interesse é o facto de que a ocorrência nas proximidades da Lagoa Amélia, a cerca de 1400 m de altitude, significa a extensão em quase 1000 m do limite de altitude conhecido anteriormente. Estes resultados da pesquisa realizada em 2011 sugerem que o anjolô pode ser ecologicamente mais tolerante do que se pensava (Dallimer et al. 2012). O anjolô é visto mais frequentemente sozinho ou em pares, tanto na copa das árvores como no sub-­‐
bosque, a 3-­‐4 m do solo, onde se alimenta de pequenas árvores frutíferas. Alimenta-­‐se dos frutos e sementes da árvore Uapaca guineensis e do arbusto alto Dicranolepis thomensis, esmagando estas sementes com o seu bico poderoso (Dallimer et al. 2003). Novos dados das pesquisas de 2011 realizadas por Dallimer et al. (2012) identificaram três novos itens alimentares: os frutos da árvore café-­‐d’obô Oxyanthus speciosus, do pau-­‐cabra Trema orientalis e de Homalium sp. (provavelmente a espécie endémica H. henriquesii). Esta é bastante comum nas florestas primária e secundária bem desenvolvida e a dispersão do seu fruto também é favorecida por outras espécies com interesse de conservação, como o ameaçado pombo-­‐de-­‐são-­‐tomé Columba thomensis. O pau-­‐cabra é uma espécie pioneira típica de áreas sujeitas a perturbação (Solé et al. 2012). A área de distribuição do anjolô é relativamente ampla e as suas potenciais fontes de alimentação estão bem dispersas pela floresta. Por esta razão é ainda mais misterioso o porquê desta espécie ser aparentemente tão rara (Dallimer et al. 2012). No entanto o anjolô é provavelmente uma espécie que permanece maioritariamente na copa das árvores e é bastante silenciosa, o que pode ser uma das causas de ser tão difícil de observar (Christy & Clarke 1998), apesar de o seu chamamento ter sido gravado e de esta espécie aparentemente responder positivamente à sua reprodução (F. Olmos in litt. 2007 e 2008). 2.3.5 Ecologia da reprodução, sobrevivência e produtividade A nidificação e ecologia reprodutiva do anjolô são desconhecidas. Plano de Acção Internacional para a conservação das espécies de aves Criticamente em Perigo de São Tomé 2014-­‐2018 13 3.0 AMEAÇAS 3.1 PRINCIPAIS AMEAÇAS Pouco se sabe sobre as ameaças a estas três espécies, ou sobre o impacto das ameaças sobre as suas populações, o que constitui um grande constrangimento para priorizar as actividades de conservação. A falta de conhecimentos sólidos sobre as causas da sua raridade é particularmente sentida nos casos do picanço-­‐de-­‐são-­‐tomé e do anjolô, espécies para as quais não estão identificados quaisquer factores específicos, enquanto que para a galinhola sabemos que a caça e a destruição de áreas anteriormente utilizadas pela espécie têm desempenhado um papel relevante. 3.1.1 Perda e degradação de habitat 3.1.1.1 Desenvolvimento agrícola de grande escala Tem sido sugerido que o principal factor da perda de habitat que ocorre em São Tomé e Príncipe é a perda de floresta de planície e de floresta secundária, pois as plantações agrícolas anteriormente abandonadas estão a ser reabilitadas para cultivo (Barros 2013). Um exemplo fundamental disso são as plantações de palmeira desenvolvidos pelo Governo de São Tomé e Príncipe e Agripalma, geridos pelo banco de investimento belga Socfinco. O projecto abrange 3.500 ha sob concessão por 25 anos, dispersa por sete áreas diferentes, mas que ainda não se encontram rigorosamente definidos. Até Novembro de 2013 foram cortados cerca de 1.200 ha, incluindo a concessão de Monte Carmo na parte sudeste da zona tampão do Parque Natural d’Obô, o que levou à perda de habitat de floresta de alta qualidade, do qual dependia a galinhola (de Lima et al. 2013). O resto da concessão inclui mais áreas próximas da Emolve e de Porto Alegre (500 ha) e Santo António. Para além da perda directa de habitat adequado pelos cortes de floresta, outras duas áreas preocupações deste empreendimento são a fragmentação e a perturbação. Os desenvolvimentos rodoviárias planeados para melhorar o transporte entre as áreas de concessões vão fragmentar áreas potenciais de ocorrência do picanço e do anjolô, enquanto que a estrada planeada para ligar a concessão Norte (Santelmo) e a concessão ocidental de Monte Carmo vai dividir as populações ainda remanescentes de galinhola fora do Parque Natural d’Obô . Ainda particularmente preocupante é a estrada a nordeste, que vai separar as populações de galinhola registadas em Agosto de 2013. Todos estes projectos causam a fragmentação das áreas de distribuição das três espécies e reduzem a conectividade de seu habitat florestal. A segunda área de preocupação é a perturbação, um impacto muito mais difícil de quantificar e monitorizar. As concessões de óleo de palma vão aumentar o nível de perturbação a essas populações, sobretudo de três modos: 1) a abertura de estrada de acesso levará ao aumento da acessibilidade para os utilizadores da floresta, incluindo a extracção ilegal de madeira e caça em locais sensíveis que antes não eram visitados; 2) a área de distribuição das espécies fica mais sujeita às atividades humanas (incluindo caça), o que reduz a adequação destes habitats para as espécies; e 3) os cortes florestais levam à perda de habitat de zona tampão importante em redor do Parque Natural d’Obô, o que significa a degradação das zonas de ecótono. No seu conjunto esta perturbação leva à degradação da qualidade do habitat dessas áreas para as espécies. A SATOCAO tem uma concessão de 3500 ha para desenvolver culturas de cacau em São Tomé, e foram criadas várias cooperativas através do programa PAPAFPA para aumentar a exportação de cacau, café e especiarias em nichos de mercado (por exemplo, mercado bio e comércio justo). É difícil avaliar a ameaça representada por estes desenvolvimentos, porque é difícil ter acesso ao cadastro local. Plano de Acção Internacional para a conservação das espécies de aves Criticamente em Perigo de São Tomé 2014-­‐2018 14 Figura 4. Modelação da distribuição da galinhola, espécie Criticamente em Perigo. Os polígonos roxos mostram as áreas de concessão Agripalma; o contorno verde mostra os limites da área protegida; as linhas vermelhas indicam as estradas associadas previstas; e os quadrados coloridos mostram a distribuição das espécies modelada, onde as cores mais escuras representam maior probabilidade de ocorrência. Estes modelos foram construídos através de métodos de entropia máxima usando dados de detecção remota NDVI; a topografia e as condições climáticas são baseadas em amostras pequenas e por validar, mas apresentam um bom ajuste aos dados já conhecidos (AUC > 0,9) . 3.1.1.2 Desenvolvimento de infra-­‐estruturas A 15 de Novembro de 2013 o Governo de São Tomé e Príncipe fez um acordo com a empresa de energia brasileira TECNIC para construir uma série de três barragens hidroelétricas ao longo do rio Iô Grande. Previa-­‐se que o projecto tenha início nos próximos cinco meses, com conclusão em 2016. A bacia do rio Iô Grande possui uma quantidade significativa de florestas de várzea bem preservadas, onde ocorrem as três espécies criticamente ameaçadas, particularmente a galinhola, que ocorre ao longo dos rios de curso. O desenvolvimento hidroeléctrico tem impactos negativos potenciais sobre as espécies ameaçadas, bem como sobre a integridade do Parque Natural d’Obô, dado que o curso do rio corre ao longo da fronteira leste do Parque. 3.1.1.3 Agricultura de subsistência, exploração madeireira e colheita de vinho de palma Como tanto a densidade da população humana e a quantidade de São Tomé que é urbanizada e cultivada têm aumentado, a biodiversidade nas áreas naturais remanescentes enfrenta uma pressão crescente. Além de uso directo dos recursos florestais e da caça, é também provável que a qualidade da floresta será negativamente afetada pelo aumento da exploração ilegal de madeira e de outros recursos naturais. Nota-­‐se já o abate de diversas áreas agrícolas em redor do Parque Natural d’Obô, com muito pouca manutenção de vegetação nativa. O abate de floresta é incentivado por investimentos em infraestruturas de transporte e aumento das oportunidades de mercado para produtos agrícolas. Além Plano de Acção Internacional para a conservação das espécies de aves Criticamente em Perigo de São Tomé 2014-­‐2018 15 disso, a privatização da terra tem levado a um aumento do número de pequenas propriedades e ao corte de árvores (M. Melo in litt 2006). O avanço da exploração agrícola é evidente nas áreas mais acessíveis do Parque Natural d’Obô, onde várias culturas podem ser cultivadas em diferentes épocas do ano (Olmos & Turshak 2007, 2010). Os abates de pequena escala estão já a ter um impacto crítico sobre áreas do interior do Parque Natural d’Obô, particularmente no seu limite a norte, onde a floresta está em melhor condição de conservação. 3.1.1.4 Perturbação por caça, apanha de búzio e corte de madeira Embora não exista nenhuma evidência rigorosa dos efeitos de perturbação, os insucessos conhecidos de nidificação de galinhola têm sido associados à perturbação. Não existem dados para as outras duas espécies. A perturbação por humanos pode ter impactos localizados, e há um grande número de pessoas de diferentes grupos, incluindo madeireiros, caçadores, apanhadores de búzios e colectores de vinho de palma, bem ativos nas principais áreas de ocorrência das espécies, nomeadamente no Parque Natural d’Obô (Olmos & Turshak 2007, 2010). Assim que se vão verificando melhorias nas infraestruturas, as áreas florestais tornam-­‐se mais acessíveis e aumenta a pressão sobre as populações de espécies ameaçadas (Dallimer et al. 2009). Além disso, a construção de estradas ao longo das costas leste e oeste estão a aumentar o acesso a áreas anteriormente remotas (A. Gascoigne in litt. 2000). 3.1.1.5 Impacto de espécies exóticas invasoras sobre o habitat As espécies exóticas invasoras (EEI), incluindo espécies de plantas invasoras, também estão fortemente ligadas à perda e degradação de habitat. Alguns impactos significativos que as EEI podem ter no habitat: •
Vegetação cada vez mais densa de plantas invasoras no sub-­‐bosque da floresta que irá reduzir a qualidade do habitat florestal para galinhola e picanço; •
Os porcos introduzidos provocam impactos no solo da floresta, revolvendo a vegetação rasteira e influindo na regeneração das árvores. Isto poderá, no entanto, ter um impacto positivo sobre a galinhola, pois cria potencialmente bom habitat de alimentação; •
Os macacos introduzidos podem alterar a vegetação da floresta através de dispersão de sementes, inclusive de plantas exóticas. 3.1.2 Mortalidade directa 3.1.2.1 Pressão da caça Os registos de caça a galinhola incluem: 16 aves mortas em 1996-­‐1997 (S. d' Assis Lima in litt. 2006), e seis aves mortas num só episódio por um caçador (del Hoyo et al. 1992). Álvares (in press) estimou que cada caçador poderá abater uma média de 5 aves por ano, havendo um caçador que afirma ter matado até 20 aves num só ano. Este autor menciona ainda as áreas de Maria Fernandes e Pico do Cão Grande como alvo dos caçadores para esta espécie. Acredita-­‐se que a pressão de caça tem aumentado na área do Parque Natural Obô em Monte Carmo, um dos principais redutos da espécie, tendo sido registado um grupo de caçadores com pelo menos uma galinhola em Abril de 2011 (R. Grimmett em litt. 2011). Numa única ocasião foram registadas nove aves mortas por um caçador em 2013 (R. Lima, com. pess.). Isto sugere que esses eventos, embora aparentemente esporádicos, podem ter fortes impactos sobre a população, pois podem ser mortas várias aves num único dia. Considerando a pequena dimensão da população, isto traduz-­‐se numa grande preocupação. Estes números sugerem que a galinhola ou é mais abundante do que se pensava anteriormente, ou que enfrenta uma forte Plano de Acção Internacional para a conservação das espécies de aves Criticamente em Perigo de São Tomé 2014-­‐2018 16 pressão de caça. Muito provavelmente as duas hipóteses são verdadeiras em simultâneo. 3.1.2.2 Predação por espécies introduzidas A predação de adultos, juvenis e ninhos por espécies exóticas introduzidas pode ser uma ameaça em potencial para as três espécies, em especial para a galinhola, embora não existam registos de predação comprovada. O rato-­‐preto Rattus rattus, o macaco Cercopithecus mona mona, a lagaia Civettictis civetta, os gatos e a doninha Mustela nivalis são todos potenciais predadores. Os ratos e as lagaias têm ambos colonizado áreas de floresta primária ou pelo menos as orlas, e são muito propensos a ter um efeito significativo sobre a nidificação de aves (Atkinson et al. 1994, Dutton 1994). No entanto, tanto lagaias como doninhas têm sido observados a preferir áreas de cultivo. Coleira & Stuart (1985) relatam histórias antigas de cães selvagens predando ovos e juvenis de galinhola. Embora não haja nenhuma evidência direta de predação de aves ou ninhos por espécies exóticas introduzidas em São Tomé, este é um factor que teve já impactos dramáticos sobre muitas espécies noutras ilhas oceânicas onde antes não existiam mamíferos terrestres nativos. Em todo o Golfo da Guiné os predadores introduzidos nas ilhas têm quase sempre um efeito adverso sobre as populações de aves nativas, que evoluíram na sua ausência (ver revisão por Dutton 1994). Por conseguinte, é incluída aqui como uma ameaça potencial cujo impacto é desconhecido e deve ser investigado com carácter de urgência. 3.2 Lacunas no conhecimento A falta de dados e de conhecimento é um problema grande para a conservação das três espécies. Essa lacuna é considerada uma forte ameaça à sua conservação, pois impede que informações como a área de distribuição das espécies possam ser usadas no ordenamento do território e se possa assim evitar a perda das áreas florestais que suportam estas espécies. As lacunas fundamentais no conhecimento que devem ser colmatadas incluem: •
áreas de distribuição exactas •
tamanho e tendências das populações •
ecologia de nidificação •
ecologia alimentar •
principais ameaças e impactos •
compreensão das causas da raridade de picanço e anjolô. Plano de Acção Internacional para a conservação das espécies de aves Criticamente em Perigo de São Tomé 2014-­‐2018 17 3.3 Análise das ameaças à galinhola através de árvore dos problemas Agripalma
Corte de madeira
Abate da floresta
Agricultura de
subsistência
Barragens
hidroeléctricas
Plantas exóticas
invasoras
Degradação do
habitat
Erythrea? + Percia
americana
Vinho de
palma
Porcos?
Turistas
Madeireiros
Galinhola em risco de
extinção
Perturbação e
impacto humano
Caçadores e
apanhadores de búzio
Colectores de
vinho de palma
Caça
Caçadores locais
Macacos
Predação?
Milhafres
Cobras
Alterações climáticas
(desconhecido)
Menos chuva
Área de distribuição
Falta de dados
Estimativas e tendências
populacionais (sem
capacidade de monitorização
regular)
Plano de Acção Internacional para a conservação das espécies de aves Criticamente em Perigo de São Tomé 2014-­‐2018 18 3.4 Análise das ameaças ao anjolô através de árvore dos problemas Área de distribuição
Tamanho e tendência
da população
Falta de dados e de
conhecimento
Ecologia
Movimentos e
sazonalidade
População de anjolô em
declínio
Corte de madeira
Degradação do habitat
Expansão do
subcoberto arbustivo
Novos trilhos e
estradas
3.5 Análise das ameaças ao picanço-­‐de-­‐são-­‐tomé através de árvore dos problemas Área de
distribuição
Falta de dados e
de conhecimento
Censos
(população e
tendências)
Movimentos
População do
picanço em
declínio
Disponibilidade
alimentar
Degradação do
habitat
Espécies exóticas:
Antochristas
escariencis
Plano de Acção Internacional para a conservação das espécies de aves Criticamente em Perigo de São Tomé 2014-­‐2018 19 4.0 POLÍTICAS E LEGISLAÇÃO RELEVANTES PARA A GESTÃO 4.1 ESTATUTO LEGAL DE CONSERVAÇÃO DAS ESPÉCIES As três espécies são classificadas como Criticamente em Perigo (CR) na Lista Vermelha da UICN. São Tomé e Príncipe é signatário da Convenção sobre Diversidade Biológica. 4.2 POLÍTICAS NACIONAIS, LEGISLAÇÃO E ACTIVIDADES EM CURSO 4.2.1 Resumo Mesmo se a maioria da legislação ambiental é relativamente suave e sem grande força vinculativa, existem mecanismos e leis que podem ser usados para proteger o habitat onde ocorrem as três espécies CR. No entanto, não é claro se estas leis se aplicam efectivamente a estas espécies em todos (ou alguns) casos. É por isso essencial que a legislação seja esclarecida e que seja assegurada protecção inequívoca aos habitats e às aves no âmbito da legislação. O relatório nacional sobre o estado da biodiversidade em São Tomé e Príncipe, produzido pelo Ministério dos Recursos Naturais e Meio Ambiente e Direcção-­‐Geral do Ambiente em 2007, realçou os problemas actuais com o quadro legal e instituições, a saber: (1) recursos humanos escassos e com pouca qualificação; (2) a lentidão na aprovação e publicação de leis novas e urgentes; (3) existência de regulamentos obsoletos que subsistem há demasiado tempo; e (4) recursos materiais, financeiros, bem como equipamento, insuficientes. As seguintes leis são relevantes para a conservação das espécies: 4.2.2 Direito ambiental básico (Lei nº 10/99) Esta lei define os princípios básicos do direito ambiental em São Tomé e Príncipe. 4.2.3 Lei para a Conservação da fauna, flora e Áreas Protegidas (Lei nº 11/99) Esta lei estabelece um quadro legal para a protecção das espécies. As espécies CR devem beneficiar da protecção relevante oferecida por esta lei e incluídos como espécies "proibidas". A lei inclui um artigo sobre o princípio da precaução, que pode ser valioso para proteger as três espécies CR incluídas neste plano quando se verifique falta de informação. 4.2.4 Regulamento de Avaliação de Impacto Ambiental (Decreto nº 37/99) Este é um regulamento relevante para garantir a proteção do habitat, no entanto com falta de aplicação prática. A sua aplicação poderia ser inclusivamente interessante para desenvolver rendimento para organizações e pessoas de conservação a nível local de modo a ter recursos para monitorização e seguimento. 4.2.5 Lei florestal (Lei nº 5/01) 4.2.6 Criação do Parque Natural d’Obô de São Tomé (Lei nº 6/06) Plano de Acção Internacional para a conservação das espécies de aves Criticamente em Perigo de São Tomé 2014-­‐2018 20 Esta lei identifica os limites do Parque Natural. Não inclui quaisquer actividades de monitorização específicas nem acções dirigidas às espécies-­‐alvo, que relega para o planos de manejo do Parque. Atualmente, cerca de 85% da floresta primária em São Tomé está abrangida dentro do Parque Natural, que abrange 244 km2 da ilha. No entanto, os recursos são limitados e a gestão de conservação activa no terreno é também limitada (Dallimer et al. 2009). Um dos artigos refere a área tampão do Parque, que infelizmente não tem sido respeitada na prática. De acordo com o plano de gestão o Parque é dividido em três níveis de proteção, que se aplicam a diferentes áreas (Figura 5). Figura 5: Zoneamento do Parque Natural d’Obô de São Tomé. P1 = protecção parcial (baixo nível de turismo e desenvolvimento de infra-­‐estruturas de pequena escala, permitidos com acordo prévio do Parque; algumas atividades extractivas de baixo nível podem também ser realizadas com autorização prévia do Parque); T1 = protecção Total 1 (apenas são permitidas actividades científicas e de monitorização); T2 = protecção total 2 (são permitidas actividades de turismo de baixo nível, sob autorização prévia do Parque, e actividades de investigação) 4.2.7. Lei da Caça (em preparação) Esta lei irá indicar que a caça a qualquer das espécies CR é ilegal. Para que seja eficaz, é essencial que os principais interessados estejam envolvidos no processo de elaboração da presente lei e que há financiamento adequado para a aplicar. É um bom progresso que as zonas de caça sejam definidas, mas existe ainda falta de conhecimento para sustentar esta delimitação, havendo necessidade de mais investigação. A Lista Vermelha da UICN deve ser usada como forma de actualização dos anexos para garantir que as listas de espécies, o seu estatuto de ameaça e proteção conferida estão correctos. A biodiversidade de São Tomé e Príncipe poderá sair beneficiada se se permitir a caça a espécies exóticas no Parque, contribuindo para a sua gestão. A caça de espécies exóticas podem constituir um mecanismo interessante para a conservação das espécies nativas e ainda contribuir para a redução da pobreza. Plano de Acção Internacional para a conservação das espécies de aves Criticamente em Perigo de São Tomé 2014-­‐2018 21 5.0 QUADRO DE ACÇÃO 5.1 OBJECTIVO GLOBAL O objetivo geral deste Plano de Acção Internacional é que o estado de conservação e o conhecimento sobre a ecologia e distribuição para as três espécies de aves Criticamente em Perigo de extinção em São Tomé são melhorados durante a sua vigência. 5.2 OBJECTIVOS E ACÇÕES Os objectivos e respectivas acções necessários para contribuir para o Objectivo Global acima referido são os apresentados na seguinte tabela. Acção Prioridade (galinhola) Prioridade (picanço e anjolô) Escala temporal Organizações e indivíduos responsáveis Objectivo 1: Reduzir a degradação do habitat e a perturbação humana na área de distribuição das espécies 1.1 Marcar os limites do PNO e monitorizar a entrada e acessos ao Parque com vista à sua regulação Essencial Essencial Imediata PNO, comunidades 1.2 Campanha de sensibilização e educação às comunidades, incluindo as outras endémicas Elevada Elevada 2014 PNO + ONG 1.3 Formação e certificação de guias locais que trabalham que trabalham no PNO Média Média 2015 DGT + guias + PNO 1.4 Contribuir com novos dados para o plano de gestão do PNO e melhorar a zonação para a galinhola Elevada Elevada 2014 SPEA/RSPB Objectivo 2: Aumentar o conhecimento sobre a ecologia, o tamanho das populações e a distribuição das espécies 2.1 Compilar e gerir os dados disponíveis Essencial Essencial Imediata/ em curso SPEA (+ RSPB) (a) compilar os registos de visitantes, observadores de aves, investigadores, etc. Elevada Elevada Imediata SPEA (b) criar uma base de dados central de acesso restrito e termos de referência para o seu e gestão de dados Essencial Essencial Imediata SPEA Essencial Essencial Imediata SPEA/RSPB Essencial Essencial Imediata SPEA + guias locais 2.2 Definir estimativas actuais de populações e mapas de distribuição (a) Realizar censos no PN Obô e quadrículas em seu redor e inserir na base de dados Plano de Acção Internacional para a conservação das espécies de aves Criticamente em Perigo de São Tomé 2014-­‐2018 22 Acção Prioridade (galinhola) Prioridade (picanço e anjolô) Escala temporal Organizações e indivíduos responsáveis Essencial Imediata SPEA/RSPB Essencial Essencial Imediata BirdLife em colaboração com UP e (SP) (a) ecologia das espécies (MSc/PhD), Elevada Essencial 2014 Universidades + SPEA/RSPB (b) impacto potencial de exóticas invasoras, incluindo a predação por macacos e cobras Elevada Essencial 2015 Universidades + SPEA/RSPB (c) impactos das actividades humanas Elevada Essencial 2015 Universidades + SPEA/RSPB N/D Essencial 2015 Universidades + SPEA/RSPB 2.3 Formação para aumento da capacidade de monitorização e investigação Essencial Essencial 2014 BirdLife 2.4 Assegurar esquema de monitorização anual e regular, incluindo censos de outras espécies e de exóticas invasoras Essencial Essencial 2014 SPEA + guias locais + PNO 3.1 Listar os caçadores potenciais de galinhola, entrevistá-­‐los e organizar um workshop para identificação de garantias de que param de caçar a espécie Essencial N/D 2014 SPEA/PNO 3.2 Implementar a lei da caça Essencial N/D 2014 PNO 3.3 Assegurar a vigilância da área Essencial N/D 2014 PNO 3.4 Aumentar o conhecimento sobre as motivações dos caçadores e trabalhar para conseguir outras soluções Elevada N/D 2014/2015 (b) Analisar os dados para produção de mapas de distribuição e cálculo dos efectivos populacionais 2.2 Realizar investigação científica sobre: (d) movimentos e sazonalidade Objectivo 3: Parar a caça à galinhola SPEA/PNO Objectivo 4: Preservar as áreas prioritárias de habitat florestal 4.1 Identificar os sítios prioritários de floresta para as respectivas espécies, procurando a sua protecção e a revisão do plano de gestão do PN Obô Essencial Essencial 2014 4.2 Contribuir para os planos de desenvolvimento de óleo de palma e infraestruturas associadas, de modo a reduzir o impacto sobre áreas prioritárias e evitar perda de habitat Essencial Essencial Imediata SPEA, RSPB, PNO, DG Agr + DG Amb + Florestas SPEA/RSPB/BirdLife Plano de Acção Internacional para a conservação das espécies de aves Criticamente em Perigo de São Tomé 2014-­‐2018 23 Acção Prioridade (galinhola) Prioridade (picanço e anjolô) Escala temporal Organizações e indivíduos responsáveis 4.3 Procurar medidas compensatórias para zonas cortadas de habitat Essencial Essencial Imediata SPEA/RSPB/BirdLife 4.4 Pressionar para obrigação de autorizações prévias e monitorização melhorada pelo governo para as operações de abate florestal Essencial Essencial Imediata SPEA/RSPB/BirdLife 4.5 Assegurar que o desenvolvimento de barragens hidroelétricas inclui um processo de EIA e que reduz o impacto negativo nas espécies e no habitat florestal Essencial Essencial Imediata SPEA/RSPB/BirdLife 4.6 Pressionar pela inclusão de ONGs nacionais no processo de consulta do EIA das barragens Essencial Essencial Imediata SPEA/RSPB/BirdLife 4.7 Aumentar a capacidade de gestão do PN Obô para garantir as actividades de protecção do Parque Essencial Essencial 2014 SPEA/BirdLife 4.8 Reduzir o impacto de madeireiros através de vigilância e cumprimento da lei, incluindo as áreas da zona tampão Elevada Elevada 2014 DG Florestas, PNO, ASMM (a) Agripalma deve evitar uso de equipamento para abates ilegais e abertura de novos acessos Elevada Elevada Imediata (b) Avaliar a necessidade de protecção legal da zona tampão Elevada Elevada 2014 SPEA/RSPB/PNO (c) Aumentar o grau de protecção do PN Obô pelos vigilantes Elevada Elevada 2014 PNO (d) Envolver as comunidades em educação e vigilância Média Média 2014/2015 Agripalma ONG locais Plano de Acção Internacional para a conservação das espécies de aves Criticamente em Perigo de São Tomé 2014-­‐2018 24 6.0 REFERÊNCIAS Adams, W.M., Aveling, R., Brocking, D., Dickson, B., Elliott, J., Hutton, J., Roe, D., Vira, B., Wolmer, W. 2004. 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