1º CONGRESSO DA EDUCAÇÃO DA VIDA
RELATO CIENTÍFICO DE EXPERIÊNCIA
Local: Fórum da Comarca de Botucatu – SP.
“Um outro olhar de mãe: O poder da influência materna no comportamento dos
filhos em conflito com a Lei
Márcia Aparecida Thomé Garcia
[email protected]
RESUMO
Este trabalho investigou a atitude mental de mães de adolescentes infratores,
resultando na escrita de uma monografia apresentando a aplicação de práticas
peculiares da Educação da Vida. O resultado foi totalmente satisfatório em
relação à mudança ocorrida na visão dessas mães, que se conscientizaram do
poder da mente materna sobre a vida dos filhos.
Palavras-chave: infratores; Educação da Vida; poder da mente materna.
INTRODUÇÃO
Com a aceleração do crescimento populacional, bem como da
urbanização, há a demanda de inúmeros problemas e conflitos que afetam o
ser humano e a família como um todo. Dentre esses problemas, a delinquência
juvenil pode ser apontada como um deles.
Em maio de 2011, foi feita uma pesquisa pelo CNJ (Conselho Nacional
de Justiça) acerca de adolescentes entre 12 a 17 anos de idade que foram ou
estão sendo processados, passando pelo Cadastro Nacional de Adolescentes
em Conflito com Lei e chegou-se a um total de mais de 86.696 adolescentes
cadastrados.
Como profissional da área da Psicologia Judiciária e atuando há mais
de vinte anos no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, tenho observado
a crescente preocupação não somente dos profissionais que trabalham com
esse tipo de população, mas, da própria família do chamado “infrator”. A
família, em especial, não consegue entender as razões pelos quais “perdem”
os seus jovens para o caminho da delinquência que, na maioria das vezes, são
levados pelo uso de drogas.
Ao abordarmos o assunto delinquência juvenil, percebemos que
muitas são as causas apontadas pelos estudiosos para explicar esse tipo de
problema, enfocando desde o lado econômico ou institucional, bem como as
políticas públicas, as drogas, até elementos da hereditariedade genética ou
traços de personalidade.
Todavia, a família e suas mazelas têm sido pouco estudadas no seu
relacionamento com a delinquência.
Através da minha larga experiência e estudo na área da Psicologia,
compreendo que dentro da família, a figura materna é a primeira e a mais
significativa figura afetiva na vida da criança e isso ocorre desde a fase
intrauterina.
Nas
entrevistas
realizadas
principalmente
com
as
mães
de
adolescentes infratores, sendo elas, na maioria das vezes, quem acompanham
os filhos apreendidos pela polícia ao Fórum local, apontam as “más
companhias” como a principal influência que impulsiona os jovens para esse
tipo de conduta.
Percebo que as mães assumem uma postura de total isenção em
relação à participação delas no surgimento deste processo delinquencial dos
filhos.
Ainda através da experiência profissional, como já citado, compreendo
que dentro da família, a figura materna é a primeira e mais significativa figura
afetiva na vida da criança e desde a fase intrauterina.
Por outro lado, consideramos o enfoque principal dos conhecimentos
adquiridos neste Curso de Especialização sobre a aplicação da metodologia
revolucionária, preconizada pela filosofia SEICHO-NO-IE, intitulado como
Educação da Vida.
Seu principal preceito, segundo o professor e doutor Masaharu
Taniguchi, consiste na extração das potencialidades das pessoas acreditando
em sua perfeição inata, haja vista a condição divina de cada uma, ou seja,
somos todos criados à Imagem e Semelhança de Deus, então, no âmago de
nosso ser existe a mesma natureza substancial do Criador: a Vida Infinita, a
Sabedoria Infinita, consistindo o nosso Eu Verdadeiro, nossa verdadeira
essência.
Deste modo, recebemos de Deus não somente a liberdade total, mas
todos os SEUS atributos, as qualidades do Pai e por isso, pode-se dizer que o
pensamento humano é dotado de poder incalculável.
O mundo criado por Deus é o Mundo Verdadeiro, o Mundo Real,
também chamado por Taniguchi de Verdade Vertical. Quando se mentaliza a
perfeição existente em tudo o que foi criado por Deus, atendo-nos firmemente à
condição de sermos filhos DELE, manifesta-se, concretamente,uma vida plena
de paz e harmonia. Ainda, segundo Taniguchi, o mundo em que vivemos, que
é visível, palpável repleto de sofrimentos e doenças, incluindo a existência do
próprio corpo carnal, chamado de Mundo da Verdade Horizontal, é projeção da
mente humana.
Segundo TANIGUCHI, devemos cuidar do que e como pensamos, pois
aquilo que foi mentalizado, concretiza-se. Portanto, quando nos esquecemos
de nossa condição divina e nos deixamos influenciar pelos pensamentos ou
ações, tidas como negativas, tais como rancor ou mágoa, típicas deste mundo
fenomênico, vivenciamos exatamente tal como foi pensado, pois “contempla-se
aquilo que se vê”.
OBJETIVO GERAL
Este trabalho tem a finalidade principal de pesquisar a existência ou não
da influência da atitude mental materna na conduta delitiva de jovens infratores
e que se encontravam institucionalizados, na época da realização do trabalho.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Conscientizar as genitoras sobre a importância e o poder da
transmissão de seus pensamentos, não somente em relação aos seus filhos,
como também em relação a si próprias, pontuando a real existência da
influência do poder da mente materna na vida destes jovens.
Investigar a eficácia d Educação da Vida, utilizando-se somente a parte
filosófica deste ensinamento.
METODOLOGIA
Neste trabalho desenvolvido dentro do Fórum de Botucatu-SP, foram
escolhidas - de modo aleatório - seis genitoras para a participação de sete
encontros semanais, entre 03/06/2011 e 15/07/2011, com duração de uma hora
e meia cada encontro. Todavia, apenas duas mães compareceram a todos os
encontros.
Foram utilizadas diversas práticas, entre elas: mentalização, orações,
palavras de elogio, caderno de Elogios e além da recomendação para que as
genitoras praticassem diariamente todas as lições em casa.
Foram utilizadas uma lousa e um notebook para facilitar a transmissão
do ensinamento.
Durante todas as reuniões, visamos reforçar a explicação de vários
tópicos ligados ao ensinamento filosófico preconizado pela Seicho-No-Ie,
considerados fundamentais para se alcançar o objetivo desejado, ou seja, a
conscientização das genitoras sobre a importância de seus pensamentos, em
relação aos filhos e, principalmente, em relação a si mesmas.
Para fins de obtenção de dados de uma pesquisa qualitativa, a avaliação
foi feita em 19/08/201, através da aplicação de questionário. Também foram
consideradas as próprias declarações verbais das genitoras durante o
desenvolvimento da pesquisa.
Todavia, considerando a religião professada pelas mães, mais
particularmente uma delas, evangélica, e considerando o possível preconceito
ou temor de que estivessem traindo sua crença original, nem mesmo foi feita a
Leitura da Sutra Sagrada. Foram realizadas apenas práticas que podem ser
feitas por pessoas de qualquer religião: afirmação de palavras positivas,
mentalizações, elogios, a si mesmas e a seus filhos. Assim, procuramos evitar
o surgimento de possíveis sentimentos de angústia nessas mães que
pudessem contrariar nossa proposta principal, que era despertar-lhes para a
crença de que o “Homem é Filho de Deus”, ajudá-las a recuperar sua própria
autoestima, e enxergar a Imagem Verdadeira de seus filhos.
Além disso, procuramos nos ater ao objetivo delineado no início deste
trabalho: investigar a eficácia apenas da parte filosófica deste ensinamento,
mais especificamente no que concerne à Educação da Vida.
RESULTADOS
De acordo com os dados coletados, constatamos de forma concreta que
o resultado foi totalmente satisfatório e com saldo positivo em relação ao
esperado, ou seja, conseguiu-se despertar a mudança da atitude mental das
genitoras. Segundo elas, após essa mudança, foi possível perceber as
transformações na conduta de seus filhos e até mesmo de alguns familiares,
tidos por elas como pessoas difíceis. Elas relataram, inclusive, a mudança no
modo como enxergavam a si mesmas.
Mesmo a participante crédula de outra religião demonstrou disposição
em por em prática os ensinamentos aprendidos, o que avaliamos como uma
ação benéfica e uma característica positiva de sua parte.
As genitoras parecem ter compreendido que além de poderem controlar
a própria mente, seriam capazes, também, de ter pleno domínio sobre a
situação de suas vidas, incluindo o comportamento dos filhos, através das
práticas e principalmente do pensamento positivo, mais precisamente, da
mudança da mente, da crença HOMEM FILHO DE DEUS.
Uma delas chegou a verbalizar a confirmação na crença de que o
mundo ao seu redor era realmente produto da livre criação de sua mente e
atribuiu à prática das orações e à mudança de seu pensamento, a ocorrência
de algumas superações durante os encontros, como por exemplo, a visita
surpresa da sogra que evitava sua casa já há dois anos, a melhora de 90% do
comportamento da neta que não mais fugia dos carinhos dos avós e o fato até
mesmo corriqueiro: ela própria ter emagrecido dois quilos sem controlar a
alimentação, simplesmente, por ter “desapegado” de sua mente a ideia de que
era gorda.
A nosso ver, todos esses fatores podem ser considerados elementos
positivos que nos levaram a supor a eficácia ou o poder deste ensinamento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Observamos
a
profunda
convicção
das
genitoras
nas
práticas
trabalhadas, ou seja, no tocante ao poder que se tem de influenciar a mente
dos filhos, tanto de forma negativa como positiva, podendo, daí, gerar condutas
antissociais e delitivas, ou condutas mais acertadas.
Além disso, houve também a satisfação em nível pessoal, pelo fato de
enxergarem significativas transformações em si próprias e nos filhos que,
segundo elas, foram conquistadas por meio deste projeto.
Acreditamos, sobretudo, que foi a perseverança e a crença dessas
genitoras, as quais colocaram em prática as lições aprendidas, o motivo de
transformações tão significativas.
Durante o desenvolvimento desta pesquisa, elas conseguiram entender
que não somente os seus pensamentos, mas, consequentemente, seus
sentimentos também podem ser considerados como fatores de risco para a
infração, ou de proteção contra sua ocorrência.
Havendo sucesso no alcance de nosso objetivo, faz-se necessária a
reflexão acerca da teoria da Educação da Vida, preconizada pela Seicho-No-Ie,
poder ser considerada uma teoria científica.
Aos profissionais que se deparam no dia a dia com adolescentes
infratores e seus respectivos pais, é necessário mais do que o conhecimento
específico de sua profissão ou sobre o conhecimento da realidade local dessas
pessoas; é preciso criar possibilidades que minimizarão essa terrível realidade
do aumento da delinquência juvenil vivida por tantas famílias, cuidando, para
que as atitudes tomadas não invertam o propósito de recuperação desses
jovens.
É essencial, portanto, compreender que todas as pessoas e, no caso
específico, os jovens envolvidos com a marginalidade são detentores de
capacidade infinita, herdeiros da natureza divina, filhos de Deus, e que é esta a
Imagem Verdadeira que devemos conceber. Não somente deles, mas de todo
ser humano, assim como a crença de que este mundo é projeção de nossa
mente.
BIBLIOGRAFIA
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Seicho-No-Ie do Brasil, 2009.
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