LUIZ CARLOS BRASIL DE BRITO MELLO
MODERNIZAÇÃO DAS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS DE CONSTRUÇÃO
CIVIL: IMPACTOS DOS PROGRAMAS DE MELHORIA DE GESTÃO DA
QUALIDADE.
Tese apresentada ao Programa de Pós Graduação
em Engenharia Civil da Universidade Federal
Fluminense, como requisito parcial para obtenção
do Grau de Doutor em Engenharia Civil. Área de
Concentração: Engenharia Civil
Orientador: Prof. Sérgio Roberto Leusin de Amorim, D.Sc.
Niterói
2007.
Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca da Escola de Engenharia e Instituto de Computação da UFF
M527 Mello, Luiz Carlos Brasil de Brito.
Modernização das pequenas e médias empresas de construção
civil : impactos dos programas de melhoria de gestão da qualidade /
Luiz Carlos Brasil de Brito Mello. – Niterói, RJ : [s.n.], 2007.
261 f.
Orientador: Sérgio Roberto Leusin de Amorim. Tese (Doutorado
em Engenharia Civil) - Universidade Federal Fluminense, 2007.
1. Construção civil. 2. Gestão da qualidade total. 3. Pequenas e
médias empresas. I. Título.
CDD 690
LUIZ CARLOS BRASIL DE BRITO MELLO
MODERNIZAÇÃO DAS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS DE CONSTRUÇÃO
CIVIL: IMPACTOS DOS PROGRAMAS DE MELHORIA DE GESTÃO DA
QUALIDADE.
Tese apresentada ao Programa de Pós Graduação
em Engenharia Civil da Universidade Federal
Fluminense, como requisito parcial para obtenção
do Grau de Doutor em Engenharia Civil. Área de
Concentração: Engenharia Civil
Aprovada em 30 de março de 2007.
Banca Examinadora:
__________________________________________
Prof. Sérgio Roberto Leusin de Amorim, D. Sc.
Universidade Federal Fluminense-UFF
_________________________________________________
Prof. José Rodrigues de Farias Filho, D. Sc.
Universidade Federal Fluminense-UFF
__________________________________________________
Prof. Carlos Alberto Pereira Soares, D. Sc.
Universidade Federal Fluminense-UFF
___________________________________________________
Prof. Maria Aparecida Hippert Cintra, D. Sc.
Universidade Federal de Juiz de Fora-UFJF
___________________________________________________
Prof. Eduardo Luis Isatto, D. Sc.
Universidade Federal do Rio Grande do Sul-UFRGS
Niterói
2007
AGRADECIMENTOS
Escrever uma tese requer dedicação e abdicação. Dedicação significa a troca do lazer junto
aos familiares, por horas de pesquisa, leitura, compilação de dados e longas horas de trabalho
junto ao computador.
Abdicação no convívio com os familiares e no contato com os amigos. Não se tem tempo para
as pequenas e prazerosas coisas da vida e, muitas vezes, abdica-se da leitura diária do jornal.
Entretanto, é muito instigante se ver o que era apenas uma idéia, tomar forma e transformar-se
no resultado final.
Muitas pessoas me auxiliaram no intenso trabalho desenvolvido nesta tese. Prefiro não citar
nomes para evitar que magoe alguém por esquecimento involuntário.
Uma pessoa que merece um agradecimento especial é o meu orientador, Prof. Sérgio Leusin,
que me conduziu, animou e deu o sentido e norte à presente tese.
À minha esposa Maria Célia, relegada nos últimos anos por esta tese. Mas que soube,
entender, aceitar e apoiar.
Aos meus filhos Luiz Fernando, Renata e ao meu genro Adriano e minha nora Paula, prometo
ter mais tempo para eles. E fica a minha torcida para que em breve estejam, também,
terminando suas teses de doutorado (Renata e Adriano) e dissertação de mestrado (Paula).
Para eles será mais fácil, pois têm o vigor da juventude.
Finalmente, meu obrigado aos professores e funcionários do Programa de Pós Graduação em
Engenharia Civil-PPGEC da Universidade Federal Fluminense, pelo apoio e ensinamentos
recebidos. Levo saudades dos bancos escolares.
RESUMO
A presente tese trata dos temas Sistemas de Gestão da Qualidade, Pequenas e Médias
Empresas, Construção Civil. Através de estudos de caso em pequenas e médias empresas de
construção civil, situadas no município do Rio de Janeiro, estuda-se a modernização destas
empresas e os impactos dos programas de melhoria de gestão da qualidade. Pela utilização de
um sistema de indicadores é feita uma comparação entre os resultados de pequenas e médias
empresas certificadas e não certificadas analisando, através destes indicadores, se há
diferenças no desempenho entre as organizações que utilizam SGQ e as não adeptas de tal
sistema. Verifica-se como a instabilidade do setor e do ambiente econômico brasileiro afetam
a implantação de SGQs nas PMEs da construção civil. Pesquisa-se os fatores decisivos para
uma perfeita implantação de SGQs em pequenas e médias empresas de construção civil.
Palavras-chave: Sistemas de Gestão da Qualidade, Pequenas e Médias Empresas, Construção
Civil.
ABSTRACT
This work is about Quality Management Systems, Small and Medium Enterprises,
Civil Construction. Using case studies in civil construction small and medium enterprises,
located in the city of Rio de Janeiro, is studied how this type of enterprise has made efforts to
modernize and what are the impacts of quality management systems in this process. Through
a Key Performance Indicator System is developed a comparison between the results of
certified enterprises and non certified ones. By these indicators is verified the results of
companies that have Quality Management Systems and the ones that do not use them. It is,
also, studied how the economical behavior affects the usage of Quality Management Systems
in civil construction small and medium enterprises. Besides, it is verified what are the
important factors that drive a good implementation of Quality Management Systems in these
type of companies.
Key words: Quality Management systems, Small and Medium Enterprises, Civil
Construction.
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS ............................................................................................................. 3
RESUMO................................................................................................................................... 4
ABSTRACT .............................................................................................................................. 5
SUMÁRIO................................................................................................................................. 6
LISTA DE FIGURAS............................................................................................................... 9
LISTA DE TABELAS ............................................................................................................10
LISTA DE QUADROS...........................................................................................................11
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ........................................................................... 12
1
INTRODUÇÃO......................................................................................................14
1.1
1.2
1.3
1.3.1
1.3.2
1.3.3
1.3.3.1
1.3.3.1.1
1.3.3.2
1.3.3.2.1
1.3.3.3
1.3.3.3.1
1.4
1.4.1
1.4.2
1.5
1.6
CONTEXTO ............................................................................................................ 14
SITUAÇÃO PROBLEMA ......................................................................................21
OBJETIVOS ............................................................................................................ 23
Gerais ....................................................................................................................... 23
Específicos ............................................................................................................... 24
Hipóteses e questões da pesquisa............................................................................. 24
Hipótese 1 (H1)........................................................................................................ 24
Questões chave da Hipótese 1 .............................................................................. 25
Hipótese 2 (H2)........................................................................................................ 25
Questões chave da Hipótese 2 .............................................................................. 25
Hipótese 3 (H3)........................................................................................................ 25
Questões chave da Hipótese 3 ............................................................................. 26
JUSTIFICATIVA DO TRABALHO.......................................................................26
No Contexto Institucional ........................................................................................ 26
No contexto da sociedade e da empresa .................................................................. 26
DELIMITAÇÕES DO TRABALHO ...................................................................... 27
METODOLOGIA:................................................................................................... 27
1.7
ESTRUTURA DA TESE......................................................................................... 32
2
CIVIL
QUALIDADE, INOVAÇÃO E CONHECIMENTO NA CONSTRUÇÃO
................................................................................................................................. 34
2.1
CONCEITUAÇÃO DE INOVAÇÃO .....................................................................36
2.2
DIFUSÃO TECNOLÓGICA...................................................................................41
2.3
CONHECIMENTO E APRENDIZADO................................................................. 44
2.4
POLÍTICAS DE INOVAÇÃO ................................................................................ 47
2.5
SISTEMAS DE GESTÃO DA QUALIDADE.......................................................53
2.5.1
Significação .............................................................................................................53
2.5.2
Sistemas de Gestão enquanto Inovação Tecnológica .............................................. 56
2.5.3
Capacitação Tecnológica ......................................................................................... 60
2.5.4
Melhoria Contínua: modelos e capacidades necessárias ......................................... 62
2.5.5
Habilidades e Etapas Necessárias para Melhoria Contínua..................................... 65
2.5.6
Razões da Importância da Existência de um Sistema de Gestão da Qualidade em
Empresas de Construção Civil.................................................................................................. 67
3
A EVOLUÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL NO PERÍODO 1930- 2005 E A
PARTICIPAÇÃO DA CONSTRUÇÃO CIVIL .................................................................. 73
3.1
UM BREVE HISTÓRICO DA EVOLUÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL NO
PERÍODO 1930-2005: ............................................................................................................. 73
3.2
UM BREVE HISTÓRICO DA EVOLUÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL NO
PERÍODO 1930-2005: ............................................................................................................. 74
3.2
ALGUNS PROBLEMAS ECONÔMICOS BRASILEIROS: ................................. 79
3.3
OS PROBLEMAS ECONÔMICOS BRASILEIROS E A INDÚSTRIA DA
CONSTRUÇÃO CIVIL ...........................................................................................................86
3.4
A INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL NA ECONOMIA BRASILEIRA... 87
4.
A EVOLUÇÃO DA QUALIDADE NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO
CIVIL BRASILEIRA.............................................................................................................97
4.1
OS TRABALHADORES E A CONSTRUÇÃO CIVIL ........................................97
4.2
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO
CIVIL NO BRASIL ...............................................................................................................100
4.3
TENDÊNCIAS DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL .......................... 102
4.4
A QUALIDADE NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL BRASILEIRA
103
4.5
FATORES ATUANTES NA QUALIDADE DA CADEIA PRODUTIVA DA
CONSTRUÇÃO CIVIL, SEGMENTO IMOBILIÁRIO ....................................................... 108
4.6
A CERTIFICAÇÃO ISO 9000 NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL
BRASILEIRA......................................................................................................................... 111
4.7
OS PROGRAMAS DE
QUALIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL
BRASILEIRA......................................................................................................................... 114
4.7.1
Objetivos e Desenvolvimento dos Programas de Qualidade ................................. 114
4.7.2
Principais Programas de Qualidade da Indústria da Construção Civil Brasileira.. 115
4.7.3
Possíveis Melhorias nos Programas Existentes: ....................................................120
4.7.4
A Experiência dos Sistemas de Gestão da Qualidade na Construção Civil em
Outros Países: ......................................................................................................................... 122
5
INDICADORES NA CONSTRUÇÃO CIVIL .................................................. 129
5.1
INDICADORES: PROBLEMAS, NECESSIDADES E APLICABILIDADE NA
INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL ............................................................................ 129
5.2
EVOLUÇÃO DA MEDIÇÃO DE DESEMPENHO:............................................ 132
5.3
CLASSIFICAÇÃO DE INDICADORES..............................................................132
5.4
IMPLANTAÇÃO DE INDICADORES ................................................................135
5.5
ALGUNS MODELOS DE SISTEMAS DE INDICADORES.............................. 136
5.6
DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA DE INDICADORES ......................... 141
5.7
CONSIDERAÇÕES SOBRE OS SISTEMAS DE INDICADORES.................... 148
6
METODOLOGIA DA PESQUISA:................................................................... 150
6.1
6.2
6.3.
6.4
6.5
PROCEDIMENTOS, ESTRATÉGIA E MÉTODO DE ANÁLISE: .................... 150
DESCRIÇÃO DO MÉTODO ................................................................................156
TAMANHO DA AMOSTRA:...............................................................................158
INSTRUMENTOS DE MEDIDA .........................................................................159
LIMITAÇÕES DO MÉTODO ..............................................................................160
7
ANÁLISE DOS RESULTADOS ........................................................................ 161
7.1
7.2
7.3
7.4
7.5
INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE AS EMPRESAS DO ESTUDO DE CASO 161
COMENTÁRIOS GERAIS. .................................................................................. 164
RESULTADOS OBTIDOS ATRAVÉS DE TRATAMENTO ESTATÍSTICO ..176
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .....................................................................185
SUGESTÕES......................................................................................................... 190
8
CONCLUSÕES FINAIS E SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS
200
8.1
8.2
COMENTÁRIOS FINAIS..................................................................................... 200
SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .................................................204
BIBLIOGRAFIA:.................................................................................................................206
APÊNDICES ......................................................................................................................... 224
APÊNDICE A ........................................................................................................................ 224
APÊNDICE B......................................................................................................................... 236
APÊNDICE C......................................................................................................................... 237
APÊNDICE D ........................................................................................................................ 239
APÊNDICE E:........................................................................................................................ 259
LISTA DE FIGURAS
Figura 1- O Modelo da Inovação como Elo da Corrente ......................................................... 50
Figura 2- Relação entre as atividades de geração de novas tecnologias ..................................57
Figura 3: O Conceito de Tecnologia ........................................................................................ 58
Figura 4 -Seis Fontes Chave de Vantagem Competitiva.......................................................... 64
Figura 5 - Estrutura da Cadeia Produtiva da Construção Civil ................................................ 89
Figura 6 - Diagrama de Fluxos ................................................................................................. 91
Figura 7- Situação das Pessoas Ocupadas na Construção Civil ...............................................98
Figura 8 - Desdobramento dos indicadores de resultado........................................................133
Figura 9- Percentual das Empresas Não Certificadas Participantes ....................................... 162
Figura 10-Participação das empresas certificadas participantes............................................. 163
Figura 11- Perfil respondentes empresas não certificadas......................................................164
Figura 12-Perfil respondentes empresas certificadas .............................................................165
Figura 13-Utilização de Planejamento estratégico em PMEs não certificadas ...................... 168
Figura 14-Utilização de Planejamento estratégico em PMEs certificadas ............................ 169
Figura 15- Situação das empresas não certificadas em relação à implantação de SGQs ....... 170
Figura 16- Razões para Não certificadas planejarem implantar SGQS.................................. 172
Figura 17-Principais razões para certificadas terem implantado SGQs ................................. 172
Figura 18- Percentual de PMEs certificadas pesquisadas com resultados dentro do esperado
................................................................................................................................................ 176
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Histórico recente da indústria da construção civil no Brasil. ................................... 16
Tabela 2- Classificação de empresas: construção civil ............................................................ 29
Tabela 3- Distribuição percentual das pessoas ocupadas por ramo de atividade na região
metropolitana do Rio de Janeiro...............................................................................................31
Tabela 4 - Habilidades básicas e normas comportamentais ..................................................... 65
Tabela 5-Evolução do Crescimento e da Inflação Brasileiras no Período 1948-2001 ............. 77
Tabela 6- Distribuição da população ocupada por tempo de instrução....................................80
Tabela 7- Distribuição pessoal da renda do trabalho no Brasil de 1981 a 1995....................... 85
Tabela 8- Produto Interno Bruto do Brasil e da Construção Civil 1991-2005 .........................90
Tabela 9-Participação dos segmentos na comercialização de insumos.................................... 92
Tabela 10-Participação dos segmentos no mercado e volume de compras.............................. 92
Tabela 11- Tabela comparativa entre Regiões Metropolitanas quanto a Média de Anos de
Estudo e % de Analfabetismo 1998 /99 ................................................................................... 99
Tabela 12- Condição de Migração por Regiões Metropolitanas- 1998/ 99.............................. 99
Tabela 13: Materiais e Índices de Conformidade................................................................... 106
Tabela 14- Comparação entre os percentuais de empresas certificadas da construção civil e o
percentual de empresas brasileiras certificadas por região...................................................112
Tabela 15- Sistema inicial de indicadores ..............................................................................143
Tabela 16- Conhecimento das Ferramentas pelas PMEs Não Certificadas............................ 166
Tabela 17- Conhecimento das Ferramentas pelas PMES certificadas ...................................167
Tabela 18-Dificuldades para implantar ferramentas de gestão e critérios de medição nas PMEs
da construção civil .................................................................................................................. 169
Tabela 19-Fatores que dificultam implantação de ferramentas de qualidade segundo PMES da
construção civil....................................................................................................................... 171
Tabela 20- Prazos estimados para implantação de SGQs em PMES não certificadas ........... 171
Tabela 21-Peculiaridades da construção civil dificultando as PMEs implantarem SGQs ..... 173
Tabela 22-Fatores para vencer dificuldades inerentes ao setor segundo PMEs .....................174
Tabela 23-Importância dos fatores econômicos para implantação de SGQs segundo PMEs 175
Tabela 24- Médias dos indicadores para PMES certificadas e PMEs não certificadas.......... 177
Tabela 25- Comparação dos indicadores para PMES certificadas e PMEs não certificadas. 180
Tabela 26- Ordenação da verificação de dados a ser feita .....................................................181
LISTA DE QUADROS
Quadro 1- Indicadores para comparação entre as empresas..................................................147
Quadro 2- Construtos, Variáveis, Fontes de Evidência e Hipóteses ......................................152
Quadro 3-Hipóteses, questões-chave, conceitos e questões relacionadas ..............................153
Quadro 4- Hipóteses da Tese, hipóteses de teste e tipo de teste............................................. 182
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT
Associação Brasileira de Normas Técnicas
ADEMI
Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário
ANTAC
Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído
BSC
Balanced Scorecard
CBIC
Câmara Brasileira da Indústria da Construção
CDHU
Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo
CIDE
Centro de Informações de Dados do Rio de Janeiro
CNI
Confederação Nacional das Indústrias
CTE
Centro de Tecnologia de Edificações
DIEESE
Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Intersindicais
FGTS
Fundo de Garantia de Tempo de Serviço
FIRJAN
Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro
FPNQ
Fundação Prêmio Nacional da Qualidade
IBGE
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
INFOHAB
Centro de Referência e Informação em Habitação
INMETRO
Instituto Nacional de Metrologia
ISO
International Standardization Organization
MDIC
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
OCDE
Organização para o Desenvolvimento e Cooperação Econômica
P&D
Pesquisa e Desenvolvimento
PBQP-H
Programa Brasileiro da Qualidade da Habitação
PIB
Produto Interno Bruto
PME
Pequena(s) e média(s) empresa(s)
PNAD
Programa Nacional por Amostragem Domiciliar
PNQ
Prêmio Nacional da Qualidade
QUALIPRO Sistema de Acompanhamento da Qualidade e Produtividade da Construção
RAIS
Relatório Anual de Informações Sociais
SEBRAE
Serviço Brasileiro de Apoio a Pequena e Média Empresa
SENAI
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SGQ
Sistema de Gestão da Qualidade
SINDUSCON Sindicato da Indústria da Construção
SIAC
USP
Sistema de Qualificação das Construtoras
Universidade de São Paulo
1
INTRODUÇÃO
1.1
CONTEXTO
O setor da Construção Civil ocupa um papel importante no panorama econômico
brasileiro, sendo responsável por cerca de 5,6% do total de salários pagos aos trabalhadores,
19% do Produto Interno Bruto brasileiro e aproximadamente 9% do pessoal ocupado (Câmara
Brasileira da Indústria da Construção-2005). Além de sua participação direta no Produto
Interno, a indústria da construção civil age sobre uma extensa cadeia produtiva de
fornecedores, serviços de comercialização e manutenção. Fabrício (2002), baseado em um
trabalho da Trevisan Consultores, considera a construção civil um setor locomotiva, já que
demanda inúmeros insumos e serviços.
O macro-complexo da construção civil está entre os dez setores que mais geram
empregos por unidade monetária instalada. Para cada mil reais investidos na construção, são
gerados R$ 561,54 de renda no próprio setor. Além do valor adicionado internamente, são
gerados outros R$ 219,50 no fornecimento de matérias primas, totalizando R$ 781,04 de
renda direta e indireta relacionada ao investimento. A construção civil demanda, a cada ano,
sessenta e oito bilhões de reais em insumos (minerais, metalúrgicos, material elétrico,
madeira) (Sinduscon- SP, 2003).
Para manter sua importância no cenário econômico brasileiro a indústria da construção
civil está passando por grandes mudanças. As empresas utilizam-se de várias inovações
tecnológicas, sendo que algumas procuram se consolidar com uma estratégia competitiva para
as organizações, conforme observado por Corrêa (2002). No entanto, Toledo et al (2000)
ressaltam que, devido aos riscos e incertezas inerentes às inovações tecnológicas não serem
aceitáveis para boa parte do setor, apenas depois de consolidada é que uma tecnologia passa a
ser adotada por um número razoável de outras empresas. Estes mesmos autores destacam,
15
ainda, que a natureza multidisciplinar dos projetos e a dependência do desenvolvimento de
novos materiais e equipamentos para a produção, constituem outro tipo de obstáculo para que
inovações sejam adotadas.
O setor tem uma posição estratégica na geração de empregos, já que implementa
novos postos de trabalho, com reduzidos investimentos, quando comparado com setores mais
intensivos em capital. Os insumos utilizados na construção civil são predominantemente
produzidos internamente e, ao mesmo tempo, contribuem significativamente para o
crescimento do país com a geração de infra-estrutura e de novas habitações, além da criação
de postos de trabalho. Este fato levou Fabrício (2002) a concluir que a construção civil não
cria pressões significativas na balança comercial do país, tornando o setor estratégico para as
políticas públicas de geração de riquezas e criação de empregos. As poucas exceções são
representadas por materiais derivados da indústria petroquímica, utilizados em tintas, PVC
etc., materiais que têm seus preços determinados pela cotação internacional, da mesma forma
que o aço.
Apesar de sua importância para o setor econômico brasileiro, a construção civil é
caracterizada como tradicional e conservadora conforme afirmam, Farah (1993), Picchi
(1993), Santiago (2002), Ambrozewicz (2003), Secretaria de Tecnologia Industrial (2003).
Todavia, Amorim (1995) ressalta que, embora lentas, as inovações na construção civil estão
presentes e considera esta postura como uma estratégia das empresas. O que advém da opção
das empresas em dominarem um número restrito de soluções para se contrapor à enorme
variação dos produtos. Preferem, cuidadosamente, incorporar inovações baseadas em
experiências anteriores.
Embora tenha havido nas últimas décadas inúmeros esforços, a construção civil ainda
não conseguiu se igualar ao nível de qualidade, produtividade e competitividade de outros
setores da economia brasileira e está bastante distante dos índices da indústria da construção
civil americana. Dados de uma pesquisa realizada pela McKinsey (1998) no Brasil
demonstram que a produtividade da construção de residências é de 35% da verificada nos
Estados Unidos, a da construção comercial é de 39% e a da construção pesada é de 51%. Esta
pesquisa faz referência a diversos problemas quanto à padronização e ao cumprimento das
normas técnicas.
Para uma perfeita compreensão do setor, é necessário que se entenda sua perspectiva
histórica desde a década de cinqüenta. Assim, reporta-se a Nascimento e Santos (2003) que
apresentam o quadro da indústria de construção civil no país, com as características de cada
16
fase. Estes autores atestam que, nos últimos cinqüenta anos, o país passou por dois picos de
desenvolvimento bem aproveitados pelo setor: na época de Juscelino Kubitschek (“50 anos
em 5”) e na década de setenta com o “milagre econômico”. A partir da década de oitenta, o
setor entrou em grande recessão, perdurando até 2004, quando o país, pela primeira vez,
apresentou crescimento superior a cinco por cento.
Tabela 1- Histórico recente da indústria da construção civil no Brasil.
Década
Sessenta / Setenta
Nível de Atividade
Alto
Características
Crescimento
do
setor,
obras
de
arte,investimentos do governo, construção de
Brasília, milagre econômico.
Oitenta
Baixo
Mercado recessivo, poucos investimentos
governamentais,
sem
crescimento,
racionalização da produção, desenvolvimento
tecnológico.
Noventa/ Inicio Dois mil
Baixo
Grande
competitividade,
desenvolvimento
logístico, desenvolvimento das comunicações,
tecnologia das informações, desenvolvimento
sustentável.
Fonte: adaptado de NASCIMENTO e SANTOS, 2003
Dados do Sub-comitê da Indústria de Construção Civil no Programa Brasileiro de
Qualidade e Produtividade (1997) mostram que a área de recursos humanos no setor é
caracterizada pela insuficiência de programas de treinamento nas empresas, baixo
investimento em formação profissional, declínio do grau de habilidade e qualificação dos
trabalhadores de ofício e elevada rotatividade. O resultado desta situação é que os
empreendimentos de construção civil não primam pela qualidade. Dados de
pesquisa
realizada pela USP (SOUZA, 2001) revelam que, em cada metro quadrado de obra, há cerca
de duzentos e setenta quilos de material desperdiçado, onerando o custo de 3% a 8%. No caso
de placas cerâmicas, verificam-se perdas de 5 a 10%. Com concreto e aço, as perdas estão em
média na faixa de 9% e 11%. E o acabamento em obras, mesmo de luxo, não é satisfatório.
Observa-se, então, na indústria da construção civil uma exigência de mais qualidade e
17
produtividade, principalmente com a implantação de técnicas gerenciais mais modernas.
Assim, tornou-se importante incorporar novas filosofias de construção, gerenciamento de
obras e buscar o comprometimento e o envolvimento dos trabalhadores. Para que se melhore a
qualidade final do produto, é imprescindível que haja treinamento e capacitação da mão de
obra.
Diversas iniciativas para a implantação de sistemas de qualidade vêm sendo
impulsionadas pelo Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade no Habitat (PBQP-H),
que possui como fator crítico a participação dos trabalhadores para o sucesso desta
implantação. O PBQP-H tem impulsionado também a procura de novas competências, devido
à utilização de novos procedimentos e tecnologias. Já existe também no país, no SENAI
(Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), um centro nacional de difusão de tecnologia
e preparação de mão de obra que pode servir como multiplicador para a qualificação no setor.
Há diversos
exemplos de empresas, tais como a Construtora RJZ, que desenvolve um
programa de melhoria da qualidade, e a construtora gaúcha Teitelbaum, que estende suas
práticas de gestão a trabalhadores terceirizados e fornecedores. A partir destas experiências,
bem como das de outros setores da economia brasileira, pode-se indicar que para o avanço do
setor, é necessário que as empresas apresentem em suas estratégias os seguintes aspectos
(LANTELME, 1999; ZANELATTO, YUKAREN e FABRIS, 2003):
•
Produzir em conformidade com normas técnicas. Para isto será necessário um
esforço das indústrias e órgãos de classe do setor para padronização e elaboração de normas,
devido à insuficiência das existentes.
•
Treinar e elevar a qualificação da mão de obra para aumento da produtividade;
•
Modernizar a gestão empresarial e a gestão da qualidade através do emprego de
técnicas avançadas;
•
Utilizar indicadores gerenciais e de competitividade.
O setor caracteriza-se principalmente pela concentração de microempresas. Conforme
dados do Senai (2005), 76% das empresas de construção civil concentram-se na faixa de
microempresas (até 9 empregados), seguido do grupo de pequenas e médias empresas (entre
10 e 99 empregados) com 22,5%. A mesma pesquisa acrescenta que o setor de edificações
responde por 66% do total de empresas e 98,2% do número de empregos da indústria de
construção civil.
18
O Relatório de Resultados do Fórum de Competitividade da Cadeia Produtiva da
Construção Civil (2002) aponta restrições ao desenvolvimento e competitividade do setor,
sobretudo em relação à:
1. Baixa eficiência produtiva;
2. Qualidade e produtividade insuficientes;
3. Insuficiente coesão da Cadeia Produtiva;
4. Problemas de marco institucional e;
5. Insuficiência de recursos.
Segundo o IBGE (Diretoria de Pesquisas, Departamento de Contas Nacionais), o PIB
da indústria da construção civil caiu 2,7% em 2001, 1,9% em 2002, 5,2% em 2003 e cresceu
5,8% em 2004. As principais causas foram: racionamento de energia elétrica em 2001 que
paralisou a atividade produtiva; a moratória argentina e os ataques terroristas em 2001 que
afetaram a atividade econômica no Brasil; as dúvidas sobre a sucessão presidencial em 2002
com todos os efeitos sobre a taxa de câmbio e de inflação; e a forte política econômica
restritiva em 2003 que aumentou a taxa de juros com a conseqüente queda no crédito.
Obviamente todos estes fatores drenaram recursos do setor de construção civil, inibindo os
esforços de melhoria e produtividade das empresas.
Segundo o CBIC (2005), atualmente, o governo procura desenvolver uma estratégia
para alcançar os objetivos e metas de desenvolvimento da indústria de construção, baseandose nas seguintes linhas de ação:
1. Programa de qualidade e produtividade na indústria de construção;
2. Programa de capacitação de recursos humanos;
3. Programa nacional de combate a perdas e desperdícios;
4. Programa nacional voltado para a prevenção de acidentes na construção civil.
O governo procura também incentivar o setor através de várias medidas
microeconômicas tais como: novos limites para financiamento de imóveis usados com
recursos do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), maiores recursos para
financiamento da habitação e saneamento, além do crescimento econômico do país que
19
começa a dar os primeiros sinais de retomada. sem, no entanto, haver garantias de um
crescimento continuado.
A construção civil tinha, segundo dados do Sinduscon-SP (2003), 289.796 empresas.
Destas, 59% eram informais e 41% formais.1 Segundo esta mesma fonte, o segmento formal é
responsável por 36,8% do valor adicionado ao Produto Interno Bruto do país pelo setor da
construção civil, correspondendo ao lado informal 63,2% do valor adicionado. O setor
informal respondeu por 61% da receita total do setor (Sinduscon- SP, 2003). A construção
civil adquiriu bens e serviços de outros setores (consumo intermediário) no valor de R$ 91,91
bilhões de reais, sendo que o setor informal foi responsável por 59% deste valor. O setor
informal da construção civil foi responsável por 66% do pessoal ocupado na construção civil,
ficando o setor formal responsável pelo restante (Sinduscon- SP, 2003). O Estudo Prospectivo
da Cadeia Produtiva da Construção Civil (EPUSP,2002) aponta que R$ 52,69 bilhões de reais
são gastos na produção de unidades habitacionais, sendo que a auto construção é responsável
por R$ 11,21 bilhões de reais, ou aproximadamente 21,2% do fluxo de capital. O referido
relatório demonstra que 60% das unidades habitacionais comercializadas no país são
referentes à autoconstrução. E este mercado tem como consumidor final o público de baixa
renda (até 5 salários mínimos) e média renda baixa (de 5 a 10 salários mínimos).
Da análise destes dados, vem a constatação de que as pequenas e médias empresas de
construção civil têm pela frente um grande desafio. Existe um mercado potencial em que
podem atuar, que é o mercado da autoconstrução. No entanto, este mercado só será disponível
para organizações que se disponham a suplantar os benefícios das informais. Não há dúvidas
de que o desafio é enorme. As pequenas e médias empresas estão em um momento em que é
necessário a tomada de importantes decisões. Ou optam por competir neste mercado hoje
dominado pelas informais ou irão focar no mercado mais restrito de alta renda ou média alta
renda, enfrentando o poder das grandes empresas do setor. Estas têm maiores recursos
financeiros e facilidades de crédito para desenvolver Sistemas de Gestão da Qualidade,
utilizar novas tecnologias, criar mecanismos de financiamento etc. Ou seja, tudo que falta às
pequenas e médias. No entanto, se as pequenas e médias empresas decidirem competir no
mercado de baixa renda e média renda baixa, elas terão que ser excepcionalmente produtivas.
Irão competir com empresas informais que têm vantagens oriundas da própria informalidade.
1
No conceito empregado no trabalho citado do Sinduscon (2003), empresas informais são aquelas constituídas
por autônomos sem registro ou com empregados não registrados, não possuindo na maioria das vezes
constituição jurídica.
20
Ou seja, possuem custo baixo, conhecem o mercado consumidor, têm mecanismos
informais de financiamento e, por estarem à margem da lei, não pagam impostos e encargos,
resultando em custos muito competitivos. Além disto, podem se adequar à capacidade de
pagamento dos clientes, já que têm mais facilidades para ajustar o cronograma da execução
de serviços ao investimento disponível dos clientes. Isto pode ser comprovado em qualquer
visita a bairros de população de renda baixa, onde visualmente se constata a existência de
obras que se arrastam há anos. O consumidor de renda baixa constrói em etapas
condicionadas às suas disponibilidades financeiras e a informalidade se adapta a isto.
A solução para as pequenas e médias empresas pode estar na aplicação de alguns
princípios de inovação enumerados por Prahalad (2005) para os mercados de baixa renda:
1) O foco deve estar na relação preço-desempenho dos produtos e serviços, ou seja, as
pequenas e médias empresas de construção civil devem rever suas planilhas de custo
buscando esta adequação ;
2) As soluções devem ser inovadoras, porém devem ser compatíveis com a infraestrutura existente, ou seja, as pequenas e médias empresas devem considerar as
necessidades destes consumidores de baixa renda: durabilidade e resistência com baixo
custo e adequação à possibilidade de obras com conceito de expansão. As PMEs
devem buscar novos mecanismos de atendimento a este tipo de consumidor;
3) A redução da intensidade de recursos deve ser um princípio crucial no
desenvolvimento de produtos e serviços. Talvez as pequenas e médias empresas de
construção civil tenham que considerar a utilização do próprio consumidor de baixa
renda como mão de obra, ou buscarem uma postura diferente como gestora de projetos,
ou desenvolverem projetos para auto-construção, porém atendendo às normas de
qualidade e segurança;
4) Os produtos e serviços devem considerar os níveis de qualificação, infra-estrutura
deficiente e a dificuldade de acessar serviços neste tipo de mercado.
Desta forma, comprimidas entre as grandes empresas que dominam o mercado de alta
renda e pelo setor informal que lhes rouba os consumidores de renda baixa e média renda
baixa, só resta às pequenas e médias empresas reverem seus processos e produtos, adequandoos aos princípios enunciados por Prahalad (2005). Algumas pequenas e médias empresas da
21
construção civil entenderam que a implantação de um Sistema de Gestão da Qualidade pode
qualificá-las para um posicionamento mais eficaz para enfrentar os desafios existentes.
No entanto, para se implantar um Sistema de Gestão de Qualidade há não só um custo
inicial alto como também o custo de manutenção do Sistema. Tal fato, em muitos casos, é
proibitivo para as pequenas e médias empresas. Problemas financeiros decorrentes dos
aspectos citados como: juros altos, falta de acesso ao crédito, baixa produtividade, etc. já
dificultam a continuidade destas empresas. Como, então, investir em sistemas que podem
melhorar o seu desempenho, se inicialmente os custos aumentam? Em diversos contatos
mantidos pelo autor, com pequenos e médios empresários da construção civil, o aspecto custo
sempre é ressaltado quando se discutiu a implantação de SGQs. Logo, a motivação para este
trabalho surgiu da curiosidade de se avaliar os resultados obtidos por PMEs da construção
civil, que se utilizam SGQs, comparativamente àquelas que não os utilizam. Além disto, este
assunto já vem sendo pesquisado há algum tempo pelo NITCON2. Baseados em trabalhos
anteriores de Amorim (1995,1998), desenvolveram um sistema de indicadores que será
detalhado mais adiante nesta tese. Estes indicadores estão relacionados às seguintes
dimensões: Finanças, Recursos Humanos, Mercado e Produção.
Após uma introdução da construção civil onde são apresentados alguns dados do setor,
suas características e iniciada a discussão de como as pequenas e médias empresas do setor
estão posicionadas e quais os desafios para a implantação de Sistemas de Gestão da Qualidade
neste tipo de organização, passa-se a detalhar qual a situação problema.
1.2
SITUAÇÃO PROBLEMA
Em vista dos problemas apresentados na introdução, observa-se um movimento que
visa a melhoria dos processos de gestão da qualidade na indústria de construção civil. De
acordo com o PBQP-H (2006), no setor privado, a adesão de construtoras aos sistemas de
qualidade do SiAC do PBQP-H está se consolidando como fator de diferenciação no mercado.
Já são quase 3000 construtoras envolvidas, sendo que mais de 1500 já foram auditadas
por organismos certificadores do PBQP-H. Isso demonstra o alto grau de aceitação e a
credibilidade que o Programa conquistou no segmento de obras e serviços de construção.
2
NITCON- Aplicações de Novas Tecnologias de Informação no setor de Arquitetura, Engenharia e Construção.
Grupo de Pesquisas do Programa de Pós Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal Fluminense.
22
Os recursos demandados para a implantação de um Sistema de Gestão da Qualidade
são bastante dispendiosos3 e assim sendo, tal movimento é em sua grande maioria constituído
por empresas de grande porte da indústria da construção civil. As pequenas e médias
empresas desta indústria apresentam enormes dificuldades de se engajarem neste movimento,
principalmente pelo alto custo de tal implantação (SOUZA & SAMPAIO, 1993,1995). Além
disto, existem as dificuldades de capital resultantes da instabilidade do período econômico
vivido nos últimos anos. O empresário típico deste segmento tem diante de si um dilema. É
necessário a melhoria de seus métodos de gestão, a revisão de estratégias, a capacitação
própria e de seus funcionários, a busca da melhoria da qualidade e de novas tecnologias.
Porém, face à instabilidade presente, não tem recursos nem incentivos para tal. Entretanto,
algumas pequenas empresas aceitaram este desafio e buscaram programas formais de
treinamento, processos padronizados, programas de qualidade e os resultados têm sido
promissores. Pode ser citado, como exemplo, a Teitelbaum que em 2003 ganhou o Prêmio
Nacional da Qualidade, categoria Médias Empresas (FPNQ, 2004).
No entanto, outras empresas não têm primado pela tentativa de melhorar seus
processos de gestão através da utilização de programas formais de qualidade, programas de
aprimoramento da mão de obra, utilização de sistemas integrados de gestão etc. Seria
necessário que houvesse incentivo para que as empresas de construção civil investissem na
melhoria da qualidade e na inovação. Tal incentivo poderia ser representado pela certeza de
investimentos em obras e infra-estrutura por parte do governo. Porém, o governo federal com
a necessidade de obter superávits primários crescentes restringe o investimento em obras de
infra-estrutura e saneamento. A Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior
(PICTE), divulgada pelo governo federal em março de 2004, coloca a inovação como um de
seus pilares. No entanto, como a gestão econômica e financeira governamental resume-se à
obtenção de superávits primários, não observando planos de investimento ou políticas de
incentivo à inovação e desenvolvimento tecnológico, o apoio governamental aos processos de
inovação é tímido. Para 2006 o investimento do governo federal para todos os setores será de
14,7 bilhões de reais, o que representa cerca de 0,7% do PIB brasileiro. E o setor da
construção civil, constituído em sua maior parte por pequenas e médias empresas, não tem
incentivos nem recursos para investir na implantação de Programas de Gestão da Qualidade.
3
Segundo dados obtidos com consultorias ( jan.2007) o custo estimado de implantação para uma empresa de
construção civil fica no entorno de R$ 100.000,00 a R $150.000,00 compreendendo as etapas de preparação,
identificação e avaliação das atividades, implementação dos sistemas de gestão interna, desenvolvimento de
conscientização, avaliação, preparação para certificação externa e certificação externa. O valor dependerá do tipo
de atividade e do estágio de qualidade em que a empresa se encontra, segundo as fontes consultadas.
23
Situadas entre a ação do segmento informal, com todas as vantagens da informalidade, e as
grandes empresas com seu poder financeiro e melhores métodos de gestão, as pequenas e
médias empresas necessitam de uma tomada de posição iminente para que:
a) Posicionem-se face ao desafio do mercado informal, reduzindo seu custo através
do aumento da produtividade, eliminação de retrabalhos, aumento da qualidade.
b) Organizem-se em grupos de pressão junto aos poderes executivo e legislativo para
que estes entendam a necessidade de financiamento para a implantação de SGQs.
Mas será que há diferenças significativas em relação ao sucesso das pequenas e médias
empresas que se capacitaram, utilizam Sistemas de Gestão da Qualidade e aquelas que nada
fizeram? Assim, deve haver um fator diferenciador para as pequenas e médias empresas da
Indústria da Construção Civil que implementaram programas de melhoria de gestão. Isto é o
que se pretende estudar através dos resultados obtidos pelas empresas no período da pesquisa
(2001-2005).
Em seguida, são enunciados os objetivos geral e específicos da tese, as hipóteses e
questões específicas. Além disto, estabelecem-se os pressupostos em que foram estabelecidos.
1.3
OBJETIVOS
Os objetivos deste estudo são os seguintes:
1.3.1 Gerais
Pesquisar as médias e pequenas empresas de construção civil que utilizam Sistemas
de Gestão da Qualidade e verificar, através do conjunto dos indicadores desenvolvidos para as
dimensões definidas, se há diferenças no desempenho entre as organizações que utilizam SGQ
e as que não utilizam.
Analisar se a instabilidade do setor e do ambiente econômico brasileiro afeta a
implantação de SGQs nas PMEs da construção civil.
Pesquisar quais os fatores decisivos para uma perfeita implantação de SGQs em
pequenas e médias empresas de construção civil.
24
1.3.2 Específicos
•
Avaliar o desempenho das médias e pequenas empresas de construção civil
que utilizam SGQs em relação àquelas que não utilizam, confrontando os resultados obtidos
nas dimensões: Finanças, Recursos Humanos, Mercado e Produção ;
•
Avaliar como as peculiaridades do setor escolhido para a pesquisa, influenciam
na implantação de Sistemas de Gestão da Qualidade ;
•
Avaliar quais as razões do fracasso ou sucesso na implantação de SGQs nas
PMEs da construção civil;
1.3.3 Hipóteses e questões da pesquisa
Para que os objetivos mencionados fossem alcançados, partiu-se do pressuposto de
que a implantação de Sistemas de Gestão da Qualidade em pequenas e médias empresas da
Construção Civil traz benefícios para as empresas. As organizações tornam-se menos
suscetíveis a imprevistos e, portanto, podem se organizar melhor e fazer um planejamento
mais adequado. Através de medições conseguem verificar quais os pontos deficientes,
permitindo que sejam feitos planos para a melhora contínua.
Supõe-se, também, que as pequenas e médias organizações que não utilizam Sistemas de
Gestão da Qualidade tomam esta decisão devido à inconstância da economia brasileira ou às
características intrínsecas da construção civil. Como não têm mecanismos de melhoria
contínua, seus resultados devem ser piores que aquelas que tenham implantado Sistemas de
Gestão da Qualidade.
Dentro destas premissas as seguintes hipóteses foram estabelecidas:
1.3.3.1 Hipótese 1 (H1)
As empresas de pequeno e médio porte do ramo de construção civil, que utilizam
Sistemas de Gestão da Qualidade, apresentam melhor desempenho do que aquelas que não os
utilizam.
25
1.3.3.1.1
Questões chave da Hipótese 1
1) Como é feito o planejamento estratégico das empresas que implantaram Sistemas de
Gestão da Qualidade? E naquelas em que não existe processo formal de planejamento, existe
algum planejamento?
2) Naquelas empresas onde existe planejamento estratégico, há critérios para a avaliação da
performance?
3) O conhecimento dos resultados da aplicação do SGQ chega a todos os níveis da
organização?
1.3.3.2 Hipótese 2 (H2)
As características do setor de construção civil tais como as citadas por Meseguer
(1991): caráter nômade, produtos únicos e não seriados, longo ciclo de aquisição-usoreaquisição, mão de obra de baixa capacitação constituem obstáculo para a implantação de
SGQs nas pequenas e médias empresas da construção civil.
1.3.3.2.1
Questões chave da Hipótese 2
1) A implantação e uso de SGQs sofre influências das características do setor?
2) Quais peculiaridades influenciam na implantação e uso de tais sistemas?
3)
Como as PMEs procedem para vencer as dificuldades impostas devido a estas
peculiaridades?
1.3.3.3 Hipótese 3 (H3)
As incertezas do ambiente econômico de um país em vias de desenvolvimento, como o
Brasil, restringem a aplicação de SGQs em pequenas e médias empresas de construção civil.
26
1.3.3.3.1
Questões chave da Hipótese 3
1) Como as pequenas e médias empresas de construção civil têm adequado a implantação de
SGQs nos momentos de turbulência econômica?
2) Foram disponibilizados pela Alta Administração os recursos necessários para o
desenvolvimento dos projetos de implantação?
3) Existem medição dos custos de implantação e dos retornos esperados?
1.4
JUSTIFICATIVA DO TRABALHO
São as seguintes as justificativas da pesquisa:
1.4.1 No Contexto Institucional
Devido a fatores como:
a) importância da Indústria da Construção Civil na economia brasileira e sua facilidade em
empregar grandes quantidades de mão de obra rapidamente, sem que os investimentos para
isso gerem pressões significativas na balança comercial (FABRÍCIO, 2002);
b) à insuficiência dos programas de treinamento e qualificação dos trabalhadores do setor
(Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade, 1997);
c) as lacunas a serem preenchidas em termos de produtividade e qualidade
(McKINSEY,1998).
É importante que se busque entender o ambiente empresarial das micros e pequenas
empresas, focando
as necessidades de implantação de SGQs nestas empresas; sejam
verificadas as dificuldades de implantação destes sistemas; como estão posicionadas as
empresas que implantaram estes métodos em relação àquelas que não o fizeram.
1.4.2 No contexto da sociedade e da empresa
A realização desta pesquisa permitirá às pequenas e médias empresas de construção
civil inteirar-se sobre a situação do segmento em relação à implantação de SGQs; determinar
quais os fatores críticos para esta implantação, de maneira que as empresas se tornem mais
27
eficazes, com melhores produtos e serviços; verificar o impacto da instabilidade do momento
econômico no processo de aprimoramento da gestão das empresas que implantaram SGQs;
verificar quais as razões do sucesso destas empresas, se constatado que houve benefícios na
implantação ou do insucesso, caso se constate que não houve melhorias; verificar como, a
nível macroeconômico, as políticas de Estado e os níveis de relacionamento interferem no
sucesso da implantação de SGQs.
Em seguida, são explicadas as delimitações da tese.
1.5
DELIMITAÇÕES DO TRABALHO
O presente estudo ficará restrito ao sub-grupo de pequenas e médias empresas de
construção civil, do ramo de edificações, já que este ramo corresponde a 82% das empresas
do setor de Construção Civil, com apenas 91 empresas com mais de 500 empregados (CBIC,
2003; RAIS, 2003; IBGE, 2003) Não se aspira a estudar outro ramo da cadeia da construção
civil, nem que as constatações observadas sejam validadas para outros segmentos que não o
de pequenas e médias empresas , dedicadas à construção imobiliária. O estudo será restrito às
empresas situadas no município do Rio de Janeiro, devido a limitações de recursos e prazos.
1.6
METODOLOGIA:
Este trabalho engloba os seguintes campos do conhecimento:
a) Qualidade (melhoria dos processos produtivos);
b) Engenharia Civil (processos produtivos de construção civil);
c) Estratégia (estratégia competitiva) e;
d) Inovação (conhecimento tecnológico e difusão do conhecimento).
Embora envolva a Engenharia, uma área no campo das ciências exatas, a presente tese
está concentrada na atuação de pessoas e organizações e, assim, utiliza procedimentos
metodológicos afetos ao campo da pesquisa social. Para Gil (1999) pesquisa social é “o
processo que utilizando a metodologia científica, permite a obtenção de novos conhecimentos
no campo da realidade social”, realidade que segundo o mesmo autor envolve “todos os
aspectos relativos ao homem em seus múltiplos relacionamentos com outros homens e
instituições sociais”.
28
De acordo com Gil (1999), a pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material
já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Gil (1999) considera
que “(...) a principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao
investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que
poderia pesquisar diretamente (...)”.
Cervo e Bervian (1983, apud AZEVEDO, 2002) afirmam que a pesquisa bibliográfica
objetiva:
a) Evitar duplicidade de pesquisa;
b) Evitar problemas ocorridos em trabalhos anteriores;
c) Determinar a contribuição da pesquisa para a base do conhecimento e;
d) Obter fundamentação teórica para o desenvolvimento do trabalho.
Gil (1999) conclui que as pesquisas exploratórias têm como principal finalidade o
esclarecimento e a modificação de conceitos e idéias, tendo em vista a formulação de
problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores. O mesmo autor
afirma que
“(...) de todas as pesquisas, estas são as que apresentam menor rigidez no
planejamento. Habitualmente envolvem levantamento de material
bibliográfico e documental, entrevistas não padronizadas e estudos de caso
(...). Na verdade pesquisas exploratórias são desenvolvidas com o objetivo
de proporcionar visão geral, de tipo aproximativo, acerca de determinado
fato (...)”.
Lakatos (1990) sugere que as seguintes questões sejam respondidas: Como?, Com
que?, Onde?, Quanto?. Estas perguntas serão respondidas através do estudo de caso. Sabe-se
que os críticos olham o estudo de caso com descrença. Yin (1994) aponta os seguintes
argumentos como os mais comuns contra a utilização do estudo de casos:
1. Falta de rigor;
2. Influência do investigador;
3. Falsas evidências;
4. Visões viesadas;
5. São muito extensos e necessitam de muito tempo para serem concluídos e;
6. Fornecem pouquíssima base para generalizações.
29
Tais afirmações são veementemente refutadas por Yin (1994) ao salientar que “um
estudo de caso é uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo
dentro de seu contexto de vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o
contexto não estão claramente definidos”. Lopes Pinto (2002) afirma que o estudo de caso
pode “descrever um contexto de vida real no qual uma intervenção ocorreu” e “avaliar uma
intervenção em curso e modificá-la com base em um estudo de caso ilustrativo”. Carmo-Neto
(1996) diz que o estudo de caso “utiliza casos concretos ao invés de casos hipotéticos, com a
finalidade de permitir que, através da maior convivência com a sintomatologia dos problemas
e dificuldades inerentes ao caso, o estudante aprenda a diagnosticar e prognosticar a situação
e, sob orientação, indicar a terapia e os medicamentos que lhe parecem mais adequados”.
Diante do exposto, foi adotada para o presente trabalho uma abordagem bibliográficoexploratória, complementada pela utilização do estudo de caso. Assim, os objetivos traçados
para este trabalho poderão ser mais facilmente alcançados. O objeto para o estudo de caso
serão as empresas construtoras certificadas comparativamente àquelas não certificadas. Foram
consideradas pequenas e médias empresas do ramo imobiliário da Indústria da Construção
Civil situadas no município do Rio de Janeiro. O critério adotado para a classificação das
empresas é o sugerido pelo SEBRAE, que é reproduzido a seguir.
Tabela 2- Classificação de empresas: construção civil
Construção Civil
Porte
Número de funcionários
microempresa
Até 19 pessoas ocupadas
pequeno porte
20- 99 pessoas ocupadas
médio porte
100 -499 pessoas ocupadas
grande porte
acima de 500 pessoas ocupadas
Fonte: SEBRAE, 2005
O mercado imobiliário na cidade do Rio de Janeiro vem alternando anos de elevado
números de lançamento com outros de baixo número de lançamentos4. Em 1982, houve o
lançamento de 14.320 unidades em 217 prédios. Porém, este ano foi atípico, uma vez que ao
longo das décadas de oitenta, noventa e início do novo século, os lançamentos oscilaram entre
três mil e sete mil unidades (Instituto Pereira Passos, 2003). Os anos dois mil iniciam-se com
um viés de baixa, diferentemente das décadas anteriores, que apresentavam após o primeiro
ano resultados melhores.
4
O número de lançamentos é utilizado como indicador de atividade e não de produção.
30
Em 2000, o número de imóveis residenciais cadastrados no município carioca era de
1.283.427 unidades, correspondendo a uma área construída de 100.047.499 metros quadrados.
Deste total 53% correspondiam a apartamentos. Neste ano, o número de unidades de
comércio e serviços era de 188.643 unidades com uma área construída de 36.717.573 metros
quadrados. As unidades industriais representavam 5.673 unidades com uma área construída de
7.100.055 metros quadrados (Instituto Pereira Passos, 2003).
A tipologia predominante no mercado de lançamentos no Rio de Janeiro é a de dois
quartos, embora venha apresentando queda. Em seguida, segue-se a tipologia de três quartos,
que tem se mantido estável nos últimos anos. Um fato a ressaltar é a expansão exagerada da
tipologia de um quarto no ano 2000. Neste ano houve uma revisão na legislação que
favoreceu a produção de unidades com serviços (hotéis residência, flats etc.) (Instituto Pereira
Passos, 2003). Pode ser que esta alteração seja a explicação para o lançamento atípico da
tipologia de um quarto neste ano.
A construção civil na cidade do Rio de Janeiro, no início da década de noventa,
absorvia 6% do total do pessoal ocupado, com cerca de 126.000 pessoas. Desde então, há uma
tendência constante de baixa, chegando a 2002 com 100.850 postos de trabalho na construção
civil, ou 4,2% do total de pessoal ocupado (Instituto Pereira Passos, 2003). Em paralelo à
redução do percentual ocupado na construção civil na cidade do Rio de Janeiro, dados do
Centro de Informações de Dados do Rio de Janeiro (CIDE, 2004) evidenciam uma redução
gradativa do pessoal ocupado na indústria, mas uma variação bem menor no percentual de
pessoal ocupado na construção civil. Isto reforça o conceito de que a construção civil é
absorvedora de mão de obra. Isto pode ser observado na tabela 3 .
31
Tabela 3- Distribuição percentual das pessoas ocupadas por ramo de atividade na região
metropolitana do Rio de Janeiro
Anos
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
Distribuição percentual das pessoas ocupadas por ramos de atividade
Construção
Outras
Total
Indústria
Comércio
Serviços
Civil
atividades
100,00
17,31
7,98
13,75
52,15
8,87
100,00
16,75
8,62
14,14
52,18
8,26
100,00
14,95
8,09
14,03
54,62
9,11
100,00
14,30
7,67
14,54
54,09
9,38
100,00
13,40
6,67
14,84
55,68
9,38
100,00
13,31
6,43
14,99
56,25
9,01
100,00
12,88
6,77
14,48
56,62
9,20
100,00
12,31
6,42
14,55
57,29
9,41
100,00
11,48
6,48
14,59
58,02
9,42
100,00
11,04
6,36
14,56
58,24
9,78
100,00
10,90
9,93
11,47
57,51
10,16
100,00
10,53
6,62
14,56
58,15
10,13
100,00
10,14
6,00
14,43
59,00
10,42
100,00
12,78
7,81
19,21
59,48
0,73
Fonte: CIDE, 2004
Existem cento e vinte e quatro pequenas e médias empresas no estado do Rio de
Janeiro, de acordo com o Cadastro Industrial do Estado do Rio de Janeiro 2003-2004
(FIRJAN, 2003). Destas, sete organizações estão classificadas com qualificação A no PBQPH (abril/ 2006), situadas no município do Rio de Janeiro. Este grupo de empresas
representará, como amostragem, aquelas que têm Sistemas de Gestão. A escolha deste grupo
de empresas foi baseada no fato de que são organizações que apresentam grau de qualificação
atestado e com nível de evolução máxima, avaliadas por um organismo certificador
acreditado. Constituem, também, um universo pequeno em relação ao número total de
empresas do setor. Assim, torna-se mais fácil que um número representativo de pesquisas
sejam feitas.
Para as que representam empresas sem Sistemas de Gestão da Qualidade utilizou-se o
Cadastro Industrial do Estado do Rio de Janeiro 2003-2004 (FIRJAN,2003) para selecionar as
empresas, excluindo-se as pequenas e médias empresas de construção civil que tem
qualificação A, B, C ou D no PBQP-H (PBQP-H, abril/ 2006). Estas empresas foram
excluídas pela razão de apresentarem critérios de qualidade (empresas A, B e C) ou terem
desejo de se qualificar (empresas D). Excluíram-se, também, as pequenas e médias empresas
que não estão situadas no município do Rio de Janeiro. O critério de seleção dos dois grupos
será apresentado mais adiante.
32
As empresas terão seu desempenho comparado em relação aos indicadores citados
anteriormente (para as dimensões: Finanças, Recursos Humanos, Mercado, Produção), bem
como serão feitas análises em função dos resultados obtidos da verificação de questionários.
Estes indicadores serão detalhados no capítulo cinco desta tese. A descrição da metodologia
da pesquisa será feita, detalhadamente, em capítulo posterior.
Algumas características especiais da cultura empresarial existente nas pequenas e
médias empresas da indústria da construção civil ou peculiaridades do tipo de negócio podem
limitar as generalizações necessárias para o assunto em estudo. Porém, com a utilização de
técnicas, planejamento e métodos recomendados para o estudo de caso, pretende-se obter
evidências aceitáveis para estas generalizações. Além do mais, pela comparação entre as
experiências citadas pela literatura estudada e aquelas extraídas dos questionários, será
retirado o aprendizado necessário para a validação das hipóteses.
É apresentada no próximo item como a tese está estruturada, permitindo, assim, o
entendimento do desenvolvimento dos capítulos e da seqüência adotada.
1.7
ESTRUTURA DA TESE
No capítulo um é feita a contextualização da indústria da construção civil no Brasil.
Traça-se um histórico, os principais problemas, as características e as principais tendências
do setor. Mostram-se a situação problema e condições atuais da construção civil relativamente
aos Sistemas de Gestão da Qualidade. Discutem-se as preocupações do governo em relação a
programas de aperfeiçoamento da gestão empresarial para o setor. Abordam-se os objetivos
do estudo, delimitando quais pontos se pretende pesquisar. Isto é bem entendido ao serem
feitas as principais hipóteses e questões chave. Listam-se também as justificativas da
pesquisa.
No capítulo dois, definem-se conceitos como inovação, conhecimento tecnológico e
como se faz a difusão do conhecimento. É debatido o conceito de que a implantação de
Sistema de Gestão da Qualidade é uma inovação tecnológica.
Em seguida, no capítulo três é demonstrada a evolução histórica econômica brasileira
no período 1930-2005 e detalhado o ambiente econômico do país. No capítulo quatro é
mostrada a evolução da qualidade na construção civil e no capítulo cinco são feitas
referências ao sistema de medição que permitirá estabelecer comparação entre empresas de
construção.
33
No capítulo seis é feita a descrição sobre a metodologia da pesquisa. É apresentado o
universo da pesquisa e são explicados métodos, procedimentos e estratégia de análise,
terminando com as limitações do método. No capítulo sete explica-se o desenvolvimento da
pesquisa, que é também analisada neste capítulo. As conclusões finais e sugestões para
próximos trabalhos são apresentadas no capítulo oito.
A seguir, é feita a conceituação de inovação, difusão tecnológica, conhecimento e
aprendizado e discutem-se as políticas de inovação. Através destas políticas o Estado pode
direcionar o desenvolvimento das PMEs. Procura-se concluir como estes fatores influem no
desenvolvimento da qualidade, inovação e gestão do conhecimento das pequenas e médias
empresas da construção civil. É abordado, também, o conceito de que a implantação de um
Sistema de Gestão da Qualidade é uma inovação tecnológica.
2
QUALIDADE, INOVAÇÃO E CONHECIMENTO NA CONSTRUÇÃO CIVIL
A inovação e o desenvolvimento tecnológico são essenciais para que haja crescimento
do emprego e da produtividade, e a inovação ocorre em qualquer setor da economia, inclusive
no setor público. Durante as últimas décadas do século vinte, houve um grande avanço no
nível técnico e no empírico, devido ao entendimento dos mecanismos que aceleram ou
retardam o ato de inovar. Tal fato é reconhecido pela OCDE (1997). No entanto, apesar de se
viver uma importante revolução tecnológica, onde a economia mundial está sendo
transformada pelas novas tecnologias da informação e por mudanças ocorridas na
biotecnologia, materiais, informática etc., estas alterações tecnológicas não se refletem em
aumentos na produtividade do fator total e nas taxas de crescimento da produção. O
documento da OCDE (1997), denominado Manual de Oslo, destaca tal fato.
O entendimento do processo de inovação é importante para se verificar como ele afeta
a atividade econômica no Brasil e, em particular, a indústria da construção civil. O que irá
facilitar a concordância do Sistema de Gestão da Qualidade como inovação tecnológica
organizacional. Permitirá, também, que as características deste processo nesta indústria sejam
esclarecidas. No caso da construção civil no Brasil, observa-se que ela difere de outros setores
econômicos, que se apresentam mais avançados em termos de qualidade e produtividade .
A consultoria McKinsey (1998) elaborou um extenso relatório sobre os principais
segmentos econômicos brasileiros em relação aos níveis de qualidade e produtividade. Neste
relatório (McKINSEY, 1998), são apontadas diferenças significativas entre os níveis de
qualidade e produtividade da construção civil brasileira e americana. Para a redução destas
diferenças, empresas e governo deverão pagar pelos custos do desenvolvimento tecnológico,
implementando os necessários investimentos. Se não houver uma conscientização de que é
preciso investir na melhoria da qualidade e produtividade da construção civil, as diferenças
em relação a outros países nunca serão diminuídas.
35
Um outro problema no atual estágio da indústria da construção civil é a capacitação
técnica dos recursos humanos em toda a estrutura organizacional. Para uma economia baseada
no conhecimento, a inovação desempenha um papel central. E para que as empresas de
construção civil desenvolvam a inovação é necessário que possuam competências estratégicas
e organizacionais. Por competências estratégicas a OCDE (1996) entende visão de longo
prazo, capacidade de antever e antecipar tendências de mercado, processar e assimilar
informações tecnológicas. Competências organizacionais são a disposição para o risco e
capacidade de gerenciá-lo, cooperação entre os diversos departamentos , pesquisas de público,
clientes e fornecedores, envolvimento na mudança e investimento nos recursos humanos.
Na construção civil, ainda não se observam as características ressaltadas pelo referido
estudo da OCDE (1996). Muñoz (2001) considera que o gerenciamento das empresas
construtoras ainda é caracterizado por uma baixa orientação para o futuro. As estratégias são
escolhidas com o objetivo do curto prazo e de reagir às necessidades do mercado. Não existe
disposição para o risco, nem cooperação interna entre os departamentos.
As características consideradas pela OCDE e as conclusões de Muñoz podem ser
extrapoladas para as PMEs da construção civil. Não há envolvimento das PMEs da construção
civil no processo de gerenciamento do conhecimento. Pode ser concluído que parte desta
falta de envolvimento é devida à baixa qualificação da mão de obra utilizada na construção
civil. Amorim (1995) afirma que o operário da construção civil desenvolve mais
“habilitação” do que “qualificação”. Desta afirmação pode ser deduzido que as empresas não
desenvolvem sistemas de gestão das melhores práticas nem processos de aprendizado e
controle, utilizando-se do argumento da baixa qualificação dos funcionários. Assim, é
necessário que seja feito um esforço para sua melhor qualificação, permitindo que se tornem
mais produtivos e que tenham um melhor entendimento da aplicação de normas e
procedimentos.
Neste ambiente da construção civil, com poucos recursos para investimento, baixa
capacitação técnica dos recursos humanos, deficiência de qualidade e produtividade, é
importante que se entenda a conceituação de inovação e gestão do conhecimento e como,
através destes mecanismos, alcançar a qualidade e produtividade. Em seguida, passa-se a esta
conceituação.
36
2.1
CONCEITUAÇÃO DE INOVAÇÃO
Inovação compreende todos os passos científicos, tecnológicos, organizacionais,
financeiros e comerciais, inclusive investimentos em novos conhecimentos que de fato levam
ou pretendem levar à implantação de produtos ou processos tecnologicamente aprimorados.
Alguns podem ser inovadores por si mesmos, outros não são novos, mas são necessários para
a implantação. A inovação pode se dar através de mudanças organizacionais significativas,
ou alterações em produtos e processos. A inovação organizacional, segundo a OCDE (1997) é
composta de:
a) introdução de estruturas organizacionais significativamente alteradas ;
b) implantação de orientações estratégicas novas ou substancialmente alteradas;
c) implantação de técnicas de gerenciamento avançado.
De acordo com o entendimento da OCDE (1997) conclui-se que a implementação de
um Sistema de Gestão da Qualidade caracteriza-se como uma inovação organizacional. Esta
implementação permite que as estruturas organizacionais sejam alteradas, através da melhoria
contínua, do estabelecimento de indicadores, da gestão dos recursos etc. Desta forma, novas
orientações estratégicas são implantadas. Este processo está em andamento na construção
civil brasileira, através de iniciativas como o PBQP-H, PSQ- Qualihab e outros, dos quais se
falará mais adiante.
A implantação das estratégias segue diferentes alternativas, dependendo das
características intrínsecas de cada setor. Desta forma, é necessário que se conheça como a
implementação das estratégias age sobre estes setores. Dosi et al (1990) apresentam uma
classificação setorial, considerando que as diferentes trajetórias tecnológicas das indústrias
podem ser explicadas pelas condições de cumulatividade, oportunidade e apropriação das
tecnologias. Esta classificação, que foi desenvolvida baseada em observações sobre os países
industrializados, classifica os setores em:
•
Indústrias dominadas por fornecedores (supplier dominated) englobando os setores
tradicionais na manufatura, agricultura, habitação, produção familiar informal e
diversos serviços profissionais, financeiros e comerciais. Geralmente, são indústrias
compostas por firmas pequenas, com fraca capacitação em engenharia e realização
interna de pesquisa restrita. Tais características são observadas na construção civil,
onde
equipamentos (elevadores por exemplo) ou alguns materiais (como placas
37
cerâmicas) têm todo o desenvolvimento feito pelos fornecedores que lideram o
processo, sendo as construtoras meras usuárias.
Setores intensivos em escala, incluem os fabricantes de materiais padronizados e de bens de
consumo duráveis e veículos. Fazem parte de um sistema de produção complexo, onde os
riscos de falha, decorrentes de mudanças radicais, são altos. Assim, as tecnologias são
desenvolvidas de maneira incremental, baseadas em experiências anteriores. Na construção
civil podem servir como exemplos: revestimentos, estruturas metálicas etc;
•
Fornecedores especializados (specialized supplier firms) são empresas de pequeno
porte que fornecem insumos de alta performance na forma de softwares, máquinas,
componentes ou instrumentos. A acumulação tecnológica ocorre através do desenho,
construção e utilização dos insumos de produção. As empresas se beneficiam da
experiência operacional de seus usuários através de informações, técnicas e
identificação de possíveis melhorias a serem realizadas, e, também, o fornecimento de
instalações de teste e recursos. Como contrapartida, estes fornecedores dão a seus
clientes o conhecimento especializado e a experiência que resultam do projeto e
fabricação de equipamentos para diversos outros clientes. Na construção civil, pode-se
considerar neste caso escritórios de arquitetura, pequenas empresas especializadas em
controle de qualidade, fornecedores de esquadrias etc.;
•
Fornecedores baseados em ciência (science based) que encampa as indústrias química
e eletroeletrônica, onde a acumulação tecnológica vem dos laboratórios das empresas.
É muito dependente dos conhecimentos e competências gerados em universidades e
institutos de pesquisa.
Depois de demonstrada a classificação setorial das empresas segundo a trajetória
tecnológica, é importante o conhecimento das características da inovação. Esta deve
apresentar as seguintes características, segundo Schumpeter (1934):
Introdução de um novo produto ou mudança qualitativa em produto existente;
Inovação de processo que seja novidade para uma indústria;
Abertura de um novo mercado;
Desenvolvimento de novas fontes de suprimento de matéria prima ou outros insumos
Mudanças na organização industrial.
Uma empresa inovadora caracteriza-se pela implantação de produtos ou processos
tecnologicamente novos ou com substancial melhoria tecnológica. A criação dos primeiros
microprocessadores pode ser exemplificada como um produto tecnologicamente novo,
38
enquanto a utilização dos métodos do Project Management Institute para gerenciamento de
projetos é uma inovação de processos tecnologicamente novos. Schumpeter (1934) vê a
inovação tecnológica como a força central do dinamismo do sistema capitalista. Sua
abordagem teórica considera a inovação tecnológica um fator fundamental para explicar o
desempenho econômico, além de ser um elemento de diferenciação competitiva entre as
empresas, tornando-se a peça principal da dinâmica do capitalismo.
A teoria schumpeteriana parte do modelo de fluxo circular do sistema econômico,
segundo o qual uma economia estacionária se reproduz sem alterações substanciais. O
desenvolvimento ocorre ao se romper este fluxo circular, com o surgimento de grandes
inovações tecnológicas que ocorrem descontinuamente ao longo do tempo. Tais inovações
podem ocorrer dentro das categorias abordadas anteriormente. Schumpeter (1934) acredita
que o desenvolvimento não se dá continuamente, e sim alternando períodos de recessão e
crescimento. As fases prósperas relacionam-se com a difusão de inovações importantes na
produção. Os demais empresários ao verem que aqueles, inovadores, capturam lucros
monopolistas derivados da introdução de novos produtos e/ ou processos, decidem imitá-los,
surgindo uma onda de investimentos que estimula a economia. Posteriormente, Schumpeter
(1961) ressaltou que as grandes empresas desempenham um papel muito importante como
fulcro do crescimento econômico, através da acumulação de conhecimento não transferível
em determinados mercados tecnológicos. Tal fato denomina-se “acumulação criativa”.
Os autores neo-schumpeterianos, tais como: Dosi (1984), Nelson e Winter (1982),
Possas (1988), etc. afirmam haver diferenças entre as duas abordagens de Schumpeter através
da combinação de quatro fatores referentes aos regimes tecnológicos:
a) oportunidades tecnológicas: referem-se à probabilidade de ocorrer inovações, dado um
certo esforço para que isto ocorra, dependendo de como o setor vai aproveitar os avanços
tecnológicos de clientes e fornecedores e da interação com o progresso científico que acontece
em centros de pesquisa e em universidades;
b) as condições de apropriação tecnológica: dizem respeito às possibilidades de absorver os
lucros da inovação e a capacidade de proteção em relação aos imitadores. Inclui patentes,
segredos, efeito das curvas de aprendizado, lideranças etc.;
c) a natureza do conhecimento: refere-se a como o conhecimento pode ser aplicado
universalmente, sua disponibilidade etc.;
d) a cumulatividade tecnológica: aborda a natureza do processo de aprendizado, no quanto o
progresso tecnológico é decorrente do estoque tecnológico existente.
39
Dosi et al (1990) acreditam no progresso tecnológico como o motor central na
promoção do desenvolvimento econômico. No entanto, ressaltam também a importância das
inovações incrementais como fator de diferenciação entre as organizações. Estas ocorrem com
maior freqüência do que aquelas, provocando modificações marginais no desempenho do
sistema econômico. A construção civil se enquadra nos processos de inovação citados por
Dosi, já que se utiliza de melhorias incrementais e da cumulatividade na formulação de
inovações (AMORIM,1995). As empresas de construção civil, talvez por lidarem com uma
variabilidade grande de processos, preferem utilizar melhorias incrementais. Também, a baixa
qualificação profissional e a insuficiência de recursos podem ser outras explicações para esta
postura. É fato conhecido a inexistência de setores de Pesquisa e Desenvolvimento nas
empresas de construção civil, quanto mais nas PMEs deste setor. Mesmo no Brasil, de um
modo geral, os investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento não são significativos quando
comparados a outros países. Nos países desenvolvidos e em alguns países asiáticos de
industrialização recente (em inglês conhecido como “new industrialized countries”, ou NICs),
as empresas são as principais responsáveis pela inovação tecnológica. Segundo Matesco e
Hasenclever (1996), a participação das despesas executadas por empresas públicas e privadas
dos Estados Unidos, Japão, Alemanha, Canadá, Itália e Espanha (dados dos anos noventa) em
relação às despesas totais de Pesquisa e Desenvolvimento era superior a 50%, enquanto que
no Brasil o percentual era de cerca de 25%.
Muñoz (2001) enfatiza que “praticamente nenhuma empresa de construção civil possui
setores de Pesquisa e Desenvolvimento voltados para a inserção de sistemas e processos
construtivos que busquem a racionalização e a industrialização e que se orientem para a
simplificação da execução”.
Dentro da abordagem neo-schumpeteriana, diversos autores procuraram demonstrar a
importância da inovação tecnológica como determinante chave da competitividade
econômica. Freeman (1963, 1965, 1968) apud Tigre (2002), ao estudar a indústria de
plásticos, concluiu que o progresso técnico leva à liderança na produção desta indústria, já
que os segredos comerciais e patentes dão proteção por certo período ao inovador. Quando
começa a haver imitação do produto, fatores mais tradicionais de ajustamento e especialização
passam a determinar os fluxos comerciais. O autor também verificou que o domínio do
mercado mundial de bens de capital eletrônicos pelos Estados Unidos derivava de sua
liderança tecnológica no setor, assim como a liderança alemã no setor químico associava-se a
elevados investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento. Destes estudos, Freeman conclui
40
que o hiato entre inovadores e imitadores está relacionado à sustentação do fluxo de inovação
e à ausência ou à fragilidade das externalidades necessárias para inovar nos imitadores. Novas
tecnologias concorrem com as tecnologias existentes e, se forem melhores, as substituem.
Como o setor da construção civil pouco se utiliza da absorção de novas tecnologias, não é
comum a aplicação de novas técnicas construtivas neste segmento. As novidades são
direcionadas pelos fornecedores. A utilização de inovações é restrita. Um exemplo da
aplicação de novas tecnologias na construção civil é a introdução de novas técnicas para a
construção de varandas em prédios antigos. O uso de estruturas de aço pré-fabricadas com
técnicas de montagem industrial, permitiu que algumas empresas tivessem vantagem na
utilização desta tecnologia, ocasionando a obtenção de diversos contratos para adição de
varandas em prédios antigos da zona sul do Rio de Janeiro. Outro exemplo é a utilização de
divisórias de gesso acartonado para paredes internas em construções residenciais e
comerciais, reduzindo custos de mão de obra, ganho de espaço interno e permitindo a
utilização de estruturas mais esbeltas.
Freeman (1979) salienta que um processo de inovação com chances de sucesso
depende de uma combinação favorável de oferta de tecnologia e demanda do mercado. O
autor ressalta a importância de que, do lado da oferta, haja: (i) conhecimento tecnológico e
científico; (ii) recursos humanos; (iii) informações sobre o mercado desejoso daquela
inovação; (iv) capacitação gerencial para garantir a pesquisa, desenvolvimento, produção e
vendas; e (v) recursos financeiros disponíveis. Pode-se afirmar que nenhuma destas condições
se encontra disponível nas pequenas e médias empresas da construção civil. A bibliografia
mostra uma fraca disponibilidade de conhecimento tecnológico e científico, existência de
poucos recursos humanos qualificados, falta de informações disponíveis sobre o mercado e
pouca disponibilidade de recursos financeiros. Como não há estoque tecnológico disponível,
tampouco mão de obra qualificada, nem recursos financeiros disponíveis, não resta às PMEs
outra alternativa em relação ao desenvolvimento da inovação, senão inovar através da
melhoria incremental.
Para uma empresa inovar, ou seja, mudar capacidades, desempenho e ativos
tecnológicos, existem três tipos de opções:
a) Estratégicas, tais como decisões sobre tipos de mercados em que irão atuar, que
tipos de inovações que neles tentarão introduzir.
b) Pesquisa e Desenvolvimento, referente a decisões relativas à pesquisa básica,
pesquisa estratégica e conceitos de produtos.
41
c) Não Pesquisa e Desenvolvimento, onde a empresa pode envolver-se em muitas
atividades que não têm relação direta com P&D, embora desempenhem papel importante na
inovação, tais como: identificar novos conceitos de tecnologia de produção, treinamento,
reorganização de processos etc.
As empresas de construção civil não são fortes nas opções estratégicas ou de pesquisa
e desenvolvimento, preferindo optar pela terceiro tipo de opção, ou seja a não pesquisa e
desenvolvimento, como por exemplo os Sistemas de Gestão da Qualidade.
A mudança organizacional é considerada como uma inovação apenas se houver
mudanças mensuráveis nos resultados, tais como aumento de produtividade ou vendas.
Empresas de construção civil que estejam certificadas pela ISO 9001:2000 ou estejam dentro
dos critérios do PNQ atendem estas características. Estas empresas têm processos de
orientações estratégicas novas, implantam técnicas de gerenciamento avançado e, através dos
índices de mensuração, podem comprovar as mudanças nos resultados. Esta argumentação
fortalece a tese aqui considerada, e que será vista em detalhes mais adiante, de que Sistemas
de Gestão da Qualidade representam uma inovação tecnológica.
Não faz sentido haver inovação tecnológica se não houverem condições para sua
difusão. Desta forma, em seguida, após ter sido feita a conceituação de inovação, discute-se
como a mesma é difundida.
2.2
DIFUSÃO TECNOLÓGICA
O crescimento econômico depende não apenas do aparecimento de inovações, mas
também de condições que permitam sua difusão. A difusão tecnológica é, via de regra, de
longa duração e envolve o aprimoramento incremental, tanto de novas tecnologias, como das
já existentes. O assunto da difusão tecnológica tem sido estudado por autores como Matesco
(1993), Tigre (1997) e organizações como a OCDE (1996).
Dosi et al (1994) sustentam que a difusão da inovação não é algo instantâneo e
esclarecem que esta pode ser atrasada por fatores como: a) falta de infra-estrutura adequada
para que a assimilação ocorra; b) diferenças entre os agentes envolvidos; c) tempo necessário
para absorção e desenvolvimento de novas competências necessárias. Todos estes fatores
estão presentes na construção civil, dificultando, então, o processo de difusão. Não há, por
parte das empresas de construção civil, uma infra-estrutura que permita a assimilação da
inovação. A cadeia produtiva da construção é muito difusa e não há tradição de troca de
42
conhecimentos entre os participantes. Apesar de haver algumas experiências positivas de
transferência de conhecimento para o segmento (SEBRAE, SINDUSCONs etc.), tal fato é
uma exceção e não a regra, conforme evidenciado por pesquisadores como Farah (1996),
Muñoz (2001) e outros.
Devido à importância dos processos de difusão tecnológica para os países em
desenvolvimento, como é o caso do Brasil e, especificamente, para as micros e pequenas
empresas da construção civil, é importante evidenciar o papel das atividades de Pesquisa e
Desenvolvimento, inexistente nas empresas de construção civil (MUÑOZ, 2001). Para Cohen
e Levinthal (1989), as empresas deveriam considerar que investimentos já realizados pelas
organizações em Pesquisa e Desenvolvimento tornam os custos de absorção baixos, já que a
capacidade de absorção de conhecimento pelas empresas depende de seus investimentos na
área. Segundo os autores, tais atividades não apenas geram novas informações, mas elevam a
capacidade das organizações em assimilar e explorar os conhecimentos já existentes,
aprimorando, assim, sua capacidade de aprendizado e absorção. Pavitt (2002) salienta que as
atividades de Pesquisa e Desenvolvimento cresceram rapidamente na Coréia do Sul, Japão e
Taiwan, países que realizaram com muito sucesso imitações tecnológicas. No entanto, no
Brasil não se observa nenhuma iniciativa no sentido de incentivar as atividades de Pesquisa e
Desenvolvimento, nem para a difusão do conhecimento na construção civil. Além destes
programas não estarem sendo efetivamente implementados, devido a atual política econômica
de geração de superavits primários, que restringe gastos, não se observa menção alguma à
implementação de programas de Pesquisa e Desenvolvimento e de políticas de difusão
tecnológica para o segmento da construção. A política governamental enxerga o segmento,
apenas, como absorvedor de mão de obra. Questões como o déficit habitacional e
autoconstrução que poderiam ser estudados e terem soluções oriundas de uma política de
Pesquisa e Desenvolvimento ou de difusão tecnológica através de soluções implantadas em
outros países após a devida “tropicalização”, não são abordadas.
Bell e Pavitt (1993) abordam a relação de inovação e difusão entre os países e a
imprecisão relativa ao termo difusão tecnológica. Argumentam que a evolução tecnológica
tem sido, equivocadamente, caracterizada por duas atividades principais: o desenvolvimento e
a comercialização inicial de novas tecnologias (inovação) e a aplicação progressiva destas
(difusão). A primeira está concentrada nos países desenvolvidos, passando a fazer parte dos
países em desenvolvimento apenas quando estes se aproximam da fronteira tecnológica, como
aconteceu com a Coréia do Sul. Até atingir este estágio, os países em desenvolvimento apenas
43
adotam as tecnologias geradas e difundidas através da aquisição do existente, sendo a criação
irrelevante. Tal situação é verificada na construção civil, que utiliza apenas a difusão
tecnológica (AMORIM, 1995; MUÑOZ, 2001). Não basta adquirir máquinas e equipamentos
modernos, se os que se utilizam de tais máquinas e equipamentos não tenham nenhum papel
no desenvolvimento da tecnologia escolhida. A difusão tecnológica envolve mais do que a
simples aquisição de máquinas ou assimilação de conhecimento operacional. Envolve
mudanças técnicas contínuas, geralmente incrementais, através das quais as modificações
originais são adaptadas às condições particulares de uso em situações específicas, sendo
aperfeiçoadas para um desempenho superior ao original. Esta idéia foi debatida por Bell e
Pavitt (1993), que rejeitam a idéia de que os adquirentes de uma tecnologia não tenham
nenhum papel em seu desenvolvimento.
O conhecimento das condições da construção civil é primordial para a análise da
difusão da tecnologia da qualidade neste ambiente. Farah (1996), Santiago (2002),
Ambrozewicz (2003), consideram que a construção civil no Brasil apresenta atraso
tecnológico e organizacional devido aos seguintes aspectos: base manufatureira de produção,
baixa produtividade, desperdício de materiais, condições precárias de trabalho e técnicas
gerenciais ultrapassadas. Para o autor desta tese, outros fatores que dificultam a introdução da
inovação na construção são: relutância ao investimento devido à ciclicidade econômica e risco
da inovação. Apesar de avanços no setor, o que pode ser demonstrado pelo aumento das
empresas com certificação no PBQP-H, tais fatores ainda estão presentes na construção civil.
É necessário ressaltar que sem a solução de fatores restritivos para o desenvolvimento da
inovação e difusão tecnológica tais como: falta de financiamento, baixa capacitação de
recursos humanos, inexistência de laboratórios, poucos investimentos em Pesquisa e
Desenvolvimento nas universidades etc, pouco será modificado na atual situação das PMEs da
construção civil em relação à difusão e inovação.
É importante que as pequenas e médias empresas da construção civil desenvolvam o
planejamento, condições e infra-estrutura para que recuperem o saber fazer técnico e
organizacional. Como as pequenas e médias empresas não possuem recursos financeiros nem
humanos para tal tarefa, precisarão do suporte do Estado em tal empreitada. Neste saber fazer
é necessário, também, direcionar os esforços para outro grande desafio, que é a informalidade.
Deve ser feito um esforço planejado para que conheçam em detalhes o mercado mais
cobiçado pelas empresas nos dias de hoje: o consumidor de baixa renda (PRAHALAD, 2005).
Existe um risco nesta opção já que as pequenas e médias empresas necessitarão fazer
44
investimentos para conhecer o cliente, o mercado e rever métodos e processos. Além disto, é
necessário a existência de mecanismos que garantam a expansão do conhecimento e a
retenção do aprendizado. O conhecimento e o aprendizado constituem o recurso mais
importante para a inovação e a competição e , assim, passam a ser discutidos a seguir.
2.3
CONHECIMENTO E APRENDIZADO
Se as empresas forem inovadoras, a economia, como um todo, também o será. A
capacidade tecnológica de uma empresa está, em parte, dependente de sua força de trabalho.
Empregados capacitados são considerados imprescindíveis para uma empresa inovadora, já
que sem eles a empresa não conseguirá dominar novas tecnologias e muito menos inovar. É
necessária a capacitação para entender e operar
processos, transmitir aos clientes as
especificações e limitações dos produtos, entender e resolver os problemas dos clientes e
principalmente, estar conectado ao ambiente mutante das questões tecnológicas. Desta forma,
aborda-se um outro aspecto primordial para o desenvolvimento das micros e pequenas
empresas da indústria da construção civil brasileira, que é o aumento de conhecimento e
aprendizado do pessoal empregado neste segmento.
O nível de educação da população de um país é fator preponderante na capacitação da
mão-de-obra para absorção das novas tecnologias. Como ressaltado pela OCDE (1999), “na
sociedade baseada no conhecimento, os trabalhadores precisarão aprender e adquirir novas
habilidades durante toda sua vida”. Assim, aqueles países nos quais os trabalhadores não se
mantiverem atualizados e em constante aprendizado tendem a ficar defasados em relação ao
progresso tecnológico, não absorvendo novas idéias, não criando e com seu estoque de
conhecimento tecnológico diminuído e ultrapassado em função dos novos avanços.
Torna-se, então, necessária uma ação dos setores envolvidos nesta área a fim de atingir
todos os níveis educacionais: básico, técnico e universitário. A ênfase dependerá do nível de
industrialização e de utilização /produção de idéias em que cada nação se encontre. Kim
(1998) observa que o governo deve expandir os investimentos em educação antes mesmo de
iniciar o programa de industrialização. A primeira necessidade é a formação de capital
humano. Como haverá um hiato entre a demanda pelo capital humano e a existência de um
estoque inicial para supri-lo, o autor defende a idéia de que no início do processo de
industrialização os países devem suprir esta deficiência através da exportação dessa mão de
obra. Tal política, segundo Kim (1998), permitirá a acumulação de um estoque de capital
45
humano, ainda que fora do país, que poderá , à medida que as condições internas melhorem,
ser atraído de volta.
No caso brasileiro, considerando-se o estágio de industrialização e capacitação
alcançado, deve ser ressaltada a necessidade de se estimular a permanência de mão-de-obra
qualificada no país, evitando-se a evasão de pessoal qualificado. Deve ser ressaltado o fato de
que há diferenças entre a situação da indústria de construção civil e outros setores em relação
à capacitação da mão de obra. No entanto, ainda há muito que se fazer no campo da educação
básica. O Brasil está em um patamar intermediário entre as economias menos desenvolvidas e
as industrializadas. Apesar de possuir universidades e centros de pesquisa de competência
internacionalmente reconhecida, o país apresenta um sistema de educação básica
extremamente deficiente, de modo que o governo precisa priorizá-lo para incrementar a
educação básica.
O aumento no conteúdo de conhecimento científico e tecnológico dos bens e serviços
traz um novo desafio para países, regiões, sociedades ou organizações já que a capacitação
científica e tecnológica é pré-condição para o sucesso. Existem duas dimensões para a
competição centrada no processo de inovação (FLORIDA, 1995; AYDALOT e KEEBLE,
1988):
a) capacidade empresarial em promover pesquisa e desenvolvimento, identificação de
novos processos e produtos que assegurem o sucesso econômico da organização.
b) capacitação local de aprender para criação de uma atmosfera de transformação e
progresso para o aprendizado regional e coletivo.
Como já foi discutido, não são encontradas na construção civil estas duas dimensões.
O desenvolvimento da pesquisa e desenvolvimento, identificação de novos processos e
produtos não é considerado objetivo estratégico pelos empresários, salvo honrosas exceções.
Outra deficiência, como já ressaltado, está na capacitação para o aprendizado encontrada na
construção civil.
Cooke (1988), Lundvall e Johnson (1994) afirmam que o processo de aprender é
fortemente localizado, em função da forma com que interagem pesquisa, experimentação
prática e ação através dos processos de aprender fazendo, usando, interagindo e aprendendo
(learning by doing, learning by using, learning by interacting and learning by learning).
Conclui-se então, que, com o aumento da velocidade do aprendizado e da inovação, o ciclo
de vida dos produtos diminui, decorrendo daí uma necessidade crescente da capacidade de
resposta e da aceleração do processo de pesquisa e inovação.
46
Os operários da construção civil possuem baixa qualificação, aprendem a utilização de
novas técnicas pela repetição e as empresas têm como estratégia a diminuição do risco com a
adoção de tecnologias já testadas e aprovadas. Não há troca de informações entre as PMEs em
relação a novos procedimentos e são muito fechadas em relação aos métodos utilizados Desta
forma, as empresas de construção civil ainda estão no processo de learning by doing e de
learning by using, não chegando a utilizar o learning by interacting e learning by learning .
Além disto, as PMEs da construção civil se defrontam com outro problema em relação
ao conhecimento e aprendizado, decorrente da terceirização de serviços. Para reduzir custos
administrativos e previdenciários, muitas empresas terceirizam serviços. Procedendo desta
forma, perdem grande parte de seu conhecimento técnico e organizacional, não podendo mais
resolver sozinhas os problemas ligados à gestão da mão de obra. Esta situação foi detectada
por Cardoso (1996). As pequenas e médias empresas da construção civil precisam participar
mais de associações onde os problemas comuns possam ser debatidos e soluções possam ser
buscadas. Poderão, assim, compartilhar problemas, integrar e implementar novos métodos e
ferramentas, aprender fora dos limites da organização.
Com o advento da globalização, é importante que as organizações gerenciem de
maneira eficaz o processo do conhecimento e aprendizado. Se assim procederem, estarão mais
preparadas para a crescente competição do mercado global. Uma das ferramentas que
auxiliam as empresas nesta atividade é a utilização da tecnologia da informação. Isto é
ressaltado por Possas (1993) ao comentar que a microeletrônica e a tecnologia da informação
interagem entre si. O autor detalha os traços característicos de tal interação, a saber:
a) Concorrência por inovação de produtos e processos, centrado no domínio do padrão
tecnológico predominante.
b) Novas tecnologias mais intensivas em aprendizado e qualificação de mão de obra,
sobressaindo-se o caráter tácito e cumulativo da tecnologia.
c) Abertura de uma perspectiva de flexibilidade produtiva no uso das novas tecnologias
diante das pressões competitivas.
d) A globalização da concorrência, definindo estratégias corporativas (financeira,
tecnológica, produtiva e comercial).
As pequenas e médias empresas da construção civil devem atentar para os aspectos
enumerados por Possas (1993).
47
Verifica-se a importância das políticas de Estado para que o conhecimento e o
aprendizado da inovação prosperem no ambiente econômico. É necessário que as políticas de
inovação sejam discutidas, bem como sua aplicação às PMEs da construção civil.
2.4
POLÍTICAS DE INOVAÇÃO
Possas (1996) lista uma série de condições, denominadas fatores sistêmicos de
competitividade, que são indispensáveis para que os países adquiram os requisitos mínimos
para competir. São elas:
a) Fatores que permitam a criação de um ambiente competitivo, com a criação de
mecanismos de pressão sobre as empresas e mercados.
b) Aspectos políticos- institucionais contidos em uma estratégia de política industrial
para garantir uma eficiência seletiva dentro dos moldes definidos pela globalização.
c) Geração de educação básica e qualificação de recursos humanos; infra-estrutura de
transportes, telecomunicações, energia e serviços e uma infra-estrutura de ciência e
tecnologia.
Existem diversos parâmetros que afetam os custos de produção e a qualidade dos
produtores, tais como: qualidade, disponibilidade e custos de insumos específicos (mão-deobra e serviços tecnológicos) e outros mais gerais (modos de financiamento, tributação, taxa
de câmbio, taxa de juros, política tecnológica e outros). Estes são elementos diferenciadores
locais em relação à capacidade de penetração das organizações em outros países ou blocos
econômicos. Tyson e Zysman apud Possas (1993) enfatizam que o conceito de vantagem
comparativa deve ser entendido como o processo cumulativo da capacidade da empresa e
opções políticas do governo, não se tratando simplesmente do efeito de dotações de capital,
trabalho e recursos. Verifica-se, então, que o governo é um ator importante neste cenário.
Assim sendo, se não houver uma atuação conjunta entre este e órgãos de classe da indústria
da construção civil, através de políticas macro e micro-econômicas que privilegiem as micro e
pequenas empresas do setor, não se criará o processo cumulativo preconizado por Tyson e
Zysman apud Possas (1993). O governo deveria agir em seus três níveis: municipal, estadual
e federal, no sentido de criar políticas que possam auxiliar o desenvolvimento da construção
civil.
Atualmente, no Brasil, existem diversos fatores que dificultam as PMEs da construção
civil tais como: i) dificuldade de acesso ao crédito imobiliário, ii) elevada taxa de juros , iii)
48
política tributária excessiva, iv) pouca oferta de solo urbano, v) inexistência de planos de
transporte coerentes que facilitem a movimentação da população de baixa renda, vi)
dificuldade para abertura de empresas etc (RIBEIRO, 2006). Entretanto, não há um plano
integrado que atente para o desenvolvimento da construção civil, considerando estes fatores e
suas interligações para a elaboração de políticas setoriais. Desde a extinção do Banco
Nacional da Habitação, não existe uma política para o problema habitacional. O plano
existente poderia não ser o ideal, mas a existência de um plano era um fator relevante. O
governo poderia desenvolver políticas para incentivar a inovação na construção civil com
foco nas PMEs, atentando às razões enunciadas por Rothwell e Zegveld (1981):
a) A distribuição de poder econômico através das PMEs incentiva uma distribuição mais
igualitária de poder na sociedade;
b) Uma alta concentração de mercado conduz à ineficiência econômica;
c) As PMEs são um complemento necessário, e não alternativo, às empresas de grande
porte;
d) As PMEs devem ser mais valorizadas que sua parcela de mercado sugere. Isto porque,
devido à diversificação de seus produtos, são capazes de melhor atender aos gostos
individuais dos consumidores, ao contrário dos produtos padronizados das grandes
indústrias.
Ao criar políticas para o setor, é importante que os governos atuem através de políticas
coerentes que considerem o comportamento das empresas. Uma estratégia política eficiente
terá de combinar várias ações macroeconômicas estruturais. A coerência do pacote de
políticas é uma condição para o sucesso, e ela depende tanto da validade da estrutura política,
quanto da qualidade do processo de formulação. Faz-se necessário uma abordagem sistêmica
na orientação de tais políticas. Para que estas sejam eficazes, deve-se atentar para o todo,
levando em conta os seguintes elementos: sistema educacional básico, treinamento técnicoespecializado, apoio à pesquisa, infra-estrutura de comunicações, instituições financeiras,
contexto legal e macroeconômico, acesso ao mercado e, finalmente, a estrutura industrial e o
ambiente competitivo. Todavia, no Brasil , o que se observa em relação à construção civil é
que o governo não tem esta ótica, considerando a mesma como sendo de utilização intensiva
em mão de obra não qualificada, sendo este seu vetor principal para o setor. Amorim (1995)
considera que até mesmo a legislação urbana bloqueia o processo de inovação e
competitividade ao estabelecer um número restrito de soluções .
49
Rothweld e Zegveld (1981) fazem referência a estudos empíricos que mostram ser a
taxa e direção da inovação influenciadas pelos seguintes fatores: custo, demanda, competição
e capacitação tecnológica. Os autores adicionam ainda um quinto fator, que é a influência dos
participantes no processo de inovação. Mas, enfatizam que se referem ao crescente número de
participantes, que direta ou indiretamente, influenciam no processo de desenvolvimento
tecnológico. São eles: sindicatos, grupos organizados de consumidores, governo etc. O papel
destes participantes será cada vez mais fundamental nas mudanças das estruturas e na difusão
tecnológica. Atualmente, a taxa e direção das atividades de inovação têm sido fortemente
influenciadas pela nova consciência social do público em relação aos efeitos negativos da
ciência e tecnologia, trazendo em contra-partida novos regulamentos mais restritivos. Em
nosso país, esta influência pode ser sentida através de alguns exemplos. Pode ser citado o
Código de Defesa do Consumidor de 1990, que levou os construtores a considerar a qualidade
como um aspecto de competitividade na construção de edifícios (CARDOSO et al, 2004).
O processo de inovação pode ser influenciado pelos governos através de compras de
produtos e serviços. Segundo Rothwell e Zegveld (1981) a utilização de compras
governamentais para exercer esta influência requer a perspectiva de se correr riscos, e investir
grandes somas. Esta atuação do governo será justificada por um propósito de interesse
nacional, por necessidades de prestígio, por motivos de segurança nacional ou por graves
problemas sociais. Um exemplo da utilização de compras governamentais para apoiar um
programa de desenvolvimento tecnológico, desde o estágio inicial até o final, é o programa
militar americano de microeletrônica, conforme citado em Rothwell e Zegveld (1981). O
governo brasileiro não está exercendo esta influência, já que ao exercer o poder de compras
não estabelece a prescrição de exigências tecnológicas que poderiam direcionar a inovação na
construção civil. Além disto, conforme dados extraídos de Amorim (2002), sua participação
no volume de compras na cadeia produtiva da construção é de apenas cinco por cento. Ou seja
compra pouco e quando compra não exerce um poder direcionador para as especificações.
Este poder de compras governamental poderia ser utilizado na compra de insumos para a
autoconstrução, por exemplo. Atualmente, alguns passos estão sendo dados com a redução de
alguns impostos para insumos. No entanto, deveria ser feito um programa mais amplo com
redução dos impostos incidentes sobre insumos destinados à autoconstrução, linhas de
financiamento para autoconstrução com exigências tecnológicas para o fornecimento dos
insumos etc. Já existem programas direcionados à autoconstrução gerenciados pela Caixa
Econômica Federal tais como o Construcard Caixa, o Construcard FAT, a Carta de Crédito
50
FGTS- Individual. Entretanto, tais programas apresentam problemas como: excesso
burocrático, taxas de juros altas e dificuldades de acesso ao crédito.
Kline e Rosenberg (1986) criaram uma interessante abordagem para o modelo de
inovação denominado “modelo do elo da corrente”. Neste modelo, a pesquisa não é vista
como uma fonte de idéias inventivas, mas como uma forma para solução de problemas a ser
utilizada em qualquer ponto. Quando os problemas surgem no processo de inovação, uma
empresa lança mão de sua base de conhecimentos naquele momento particular, que se
compõe de resultados de pesquisas anteriores e experiência prática e técnica. O sistema de
pesquisa assume as dificuldades que não puderam ser resolvidas com a base de
conhecimentos disponíveis, ampliando-a, assim, com sucesso. Hall (1994) discute o modelo
proposto por Kline e Rosenberg (1986). O autor ressalta que, ao ser confrontada por um
problema durante o processo de inovação, a organização procura uma solução na base de
conhecimento existente (formada pelas pesquisas já realizadas e pela experiência técnica e
prática). Se esta base não permite a resolução do problema, uma nova pesquisa é feita,
objetivando eliminar o problema (HALL, 1994).
PESQUISA
CONHECIMENTO
MERCADO
POTENCIAL
INVENTA
PROJETO
OU PRODUZ DETALHADO
PROJETO
E ENSAIO
ANALÍTICO
REDESENHA
E PRODUZ
DISTRIBUI E
COMERCIALIZA
Figura 1- O Modelo da Inovação como Elo da Corrente
Fonte: Kline & Rosenberg, 1986
Rothwell (1994) discutiu vários outros sistemas de construção do modelo, incluindo
modelos paralelos com altos níveis de integração funcional, sugerindo sua extensão até a
quinta geração, ou modelos SYN (System Integration and Networking- Integração de
Sistemas e Formação de Rede) que também prevêem mudanças nas tecnologias através das
quais a própria mudança tecnológica é transmitida.
Um outro modelo é apresentado por Pavitt (1984) que
considera “empresas
dominadas pelos fornecedores”, “empresas de produção intensiva” e “empresas baseadas em
51
ciência própria”, além de usar a base de dados da SPRU (Scientific Policy Research Unit)
para análise das conexões entre elas.
A inovação, no setor da construção civil, pode ser sustentada através de uma política
tecnológica que, dentre outras medidas, fomente o fortalecimento de centros de pesquisa para
o setor. É necessário vincular a formação de pessoal no exterior ao fortalecimento destes
centros, permitindo que este pessoal ao retornar, tenha onde continuar a desenvolver e a
utilizar as competências adquiridas. As pesquisas nestes centros devem ser direcionadas para
o desenvolvimento de tecnologias aplicadas à construção civil (processos, equipamentos,
novos materiais etc.). A capacidade de gerar inovações tecnológicas na construção civil,
também, deve ser incentivada através de medidas como: formação sistemática e orientada de
recursos humanos, valorização social das atividades científicas e tecnológicas e investimentos
de longo prazo em pesquisa científica e tecnológica.
Assim, se aumentará o estoque de conhecimento no setor e, através deste
conhecimento, modelos como o elo da inovação da corrente, poderão resolver problemas no
processo produtivo da construção civil5. Uma política de formação de recursos humanos
contribuirá para a transformação dos processos produtivos, aumentando a competitividade.
Conforme já ressaltado, a inovação pode ser feita pela implantação de produtos ou
processos tecnologicamente aprimorados ou então, através de mudanças organizacionais
significativas. De acordo com a visão de Schumpeter (1934), as inovações devem apresentar
as características expostas anteriormente. Contudo, para que a inovação ocorra é necessário
que existam pré-condições favoráveis. As organizações devem escolher a melhor opção a
seguir: estratégica, pesquisa e desenvolvimento ou não pesquisa e desenvolvimento. As
empresas de construção civil adotam preferencialmente a opção de não pesquisa e
desenvolvimento. Conforme já evidenciado, as empresas do segmento preferem utilizar da
difusão tecnológica com mudanças contínuas, incrementais.
5
Uma alternativa para isto seria a criação de um organismo para a construção civil semelhante à Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária- EMBRAPA que foi responsável por um notório avanço do Brasil no agronegócio. Se houvesse um órgão semelhante para a construção civil, o setor poderia criar inovações e progresso
tecnológico com o aumento da produtividade.
52
Tal opção é justificada por uma série de fatores que dificultam a utilização da
inovação por parte das empresas de construção civil. Os fatores sistêmicos de competitividade
enunciados por Possas (1996) como a criação de mecanismos
de pressão competitiva,
estratégia de política industrial, geração de educação básica, qualificação de recursos
humanos e criação de infra-estrutura inexistem. E, especificamente no caso das PMEs da
construção civil, Rothwell e Zegveld (1981) apontam uma série de razões que dão apoio a
uma política industrial que dê ênfase às PMEs: distribuição mais eqüitativa, melhor
capacidade de atender ao mercado devido à diversificação de produtos e expansão do mercado
dentre outras já citadas. No entanto, Bielshowsky e Stumpo (1996) apontam os seguintes
entraves para as PMEs em geral e que se aplicam às da construção civil:
1. Existência de restrições orçamentárias para investimentos em infra-estrutura;
2. Inexistência de instrumentos hábeis para a defesa do consumidor e de estímulos para a
elevação de suas exigências;
3. Ausência de mecanismos de incentivo à concorrência no mercado doméstico em áreas
críticas para a competitividade da produção nacional direcionado para as pequenas e
médias empresas;
4. Carência de uma reforma tributária que elimine os impostos em cascata, privilegiando
as pequenas e médias empresas;
5. Inexistência de um sistema de crédito abrangente e competitivo direcionado para as
pequenas e médias empresas;
6. Deficiência de recursos para o incentivo da pesquisa tecnológica e capacitação
profissional direcionados para as pequenas e médias empresas.
Para que as PMEs possam exercer a inovação e melhorar seu desempenho, são
necessárias algumas providências. Michel (2003) considera ser necessária a adoção de uma
política industrial que privilegie a industrialização do setor da construção civil, de modo que
esta liderasse o processo de aumento da produtividade brasileira. Tal política pode direcionarse às PMEs estabelecendo que estas em lugar de se dedicarem a construção completa de
prédios residenciais ou comerciais, especializem-se nas funções constitutivas da construção
civil buscando o aperfeiçoamento.6 Muñoz (2001) sugere a reunião de diversas competências:
6
Em uma das entrevistas realizadas foi discutido o caso de uma PME que descobriu um nicho de mercado. Há
um crescimento de construções hospitalares particulares no município do Rio de Janeiro e esta empresa está se
especializando no atendimento a este sub-segmento, onde irá trabalhar apenas com instalações de salas de
emergência, instalações de suprimentos (oxigênio, ar comprimido etc.), lavanderias hospitalares etc. E está
pensando, também, em contratos de manutenção para estas instalações.
53
empresas, universidades, institutos de pesquisa do setor visando à promoção de ações
inovadoras na construção civil brasileira. É importante que as condições necessárias para o
processo de desenvolvimento da inovação ressaltadas por Freeman (1979), já enunciadas,
sejam desenvolvidas e direcionadas especificamente para as PMES da construção civil. Outra
oportunidade de aprimoramento é o atendimento pelas PMEs da construção civil às idéias de
Malerba (1992), desenvolvendo uma ação integrada para a formação de estoques de capital
humano com programas de capacitação, qualificação da mão de obra operacional, técnica e
gerencial por meio da intenção do processo de aprendizado. A utilização do poder
governamental de compras, ilustrado por Rothwell e Zegveld (1981), pode ser direcionado
para às PMEs da construção civil com o estabelecimento de regras tecnológicas que
influenciem políticas de inovação para o setor, direcionando-se para as PMES.
Após a conceituação de inovação, como ela se difunde, como o conhecimento e o
aprendizado são imprescindíveis para que uma organização seja inovadora, procurou-se
demonstrar como todos estes fatores se refletem nas PMEs da construção civil brasileira. As
políticas de inovação foram debatidas e como o Estado brasileiro pode elaborar políticas para
desenvolvimento da construção civil através das PMEs. Como foi dito, estas políticas deverão
combinar coerência e uma visão de conjunto que combine várias ações macroeconômicas
estruturais. Em seguida, é abordada a visão de que um Sistema de Gestão da Qualidade é uma
inovação tecnológica.
2.5
SISTEMAS DE GESTÃO DA QUALIDADE
2.5.1 Significação
Para que uma organização tenha um funcionamento adequado, é necessário que haja
um Sistema de Gestão. Na visão de Rodriguez (2002), Sistemas de Gestão são uma forma
estruturada e organizada de como ocorre a integração entre os sistemas internos, formais e
informais que fazem com que seja assegurado o atendimento às estratégias de negócio
suportadas pelas pessoas dentro de uma estrutura formal de poder. Os Sistemas Integrados de
Gestão, de acordo com De Cicco (2001), são uma combinação de processos, procedimentos e
políticas adotadas por uma organização, para implementar suas políticas e atingir seus
objetivos de forma mais eficaz do que através de múltiplos sistemas de gestão. De uma
maneira geral, buscam-se resultados como: reduzir custos de implantação, certificação e
manutenção; evitar superposição de processos; melhorar o desempenho organizacional e
54
melhorar a satisfação dos clientes. O modelo geral de um Sistema Integrado de Gestão
compreende as funções Qualidade, Meio Ambiente e Saúde e Segurança do Trabalho (De
Cicco, 2001). Nesta tese só será estudado o Sistema de Gestão da Qualidade, não se fazendo
referência às outras funções.
Um Sistema de Gestão da Qualidade é uma ação gerencial que enfoca a qualidade dos
produtos e serviços como uma das principais metas das atividades da organização, de acordo
com De Cicco (2001). Estas metas são alcançadas através do conjunto de idéias e técnicas
direcionadas para o objetivo final, que é aumentar a competitividade. Mears (1993) define um
Sistema de Gestão da Qualidade como um sistema permanente e de longo prazo, direcionado
para a satisfação do cliente, o que é feito através de um processo de melhoria contínua dos
produtos e serviços gerados.
Churchman (1971) considera que os seguintes itens são essenciais para a implantação
de todo e qualquer sistema: a) os objetivos totais, b) o ambiente e as coações físicas, c) os
recursos e, d) os componentes e o que deve ser feito para administrar o sistema. Estas
considerações podem ser aplicadas na implantação de SGQs. Desta forma, quando da
implantação de um Sistema de Gestão da Qualidade, é importante não esquecer das relações
básicas enunciadas acima. É importante que sejam analisados elementos como: princípios do
modelo a ser adotado (missão, visão, valores e políticas), comportamento esperado dos
membros da organização, poder delegado aos componentes, necessidades dos clientes,
processos de gestão, recursos necessários para a implantação (humanos, financeiros e
materiais), utilização de tecnologia de informação para resultados e informações gerenciais,
avaliação do modelo etc. É recomendável que estes pontos sejam devidamente considerados,
e traçadas alternativas, caso ocorram problemas, quando da implantação de um Sistema de
Gestão da Qualidade.
Podem existir organizações que sejam certificadas, possuindo Sistemas de Gestão da
Qualidade implantados e em funcionamento. Porém, pode não haver uma preocupação
consistente com a melhoria contínua em todos os níveis da organização, ou a manutenção do
SGQ ser deficiente, o que acarretará problemas futuros. Sendo a melhoria contínua condição
fundamental para que os SGQs sejam considerados como inovação tecnológica, atendendo às
prescrições de Dosi et al (1990), houve uma preocupação do pesquisador para se detectar
possíveis sinais de que as organizações estudadas, realmente, têm o cuidado da melhoria
contínua. Através de extensa pesquisa bibliográfica de autores, pesquisadores e especialistas
em artigos, livros e ensaios sobre o assunto como: Alarcon (2001), Alves (1995), Amorim
55
(1998), Bobroff (1993), Carvalho e Paladini (2006), Cardoso (1996, 2000), Correa (2002),
Davenport e Prusak (1998), Fabrício (2002), Falconi (1992), Franco (2001), Fossati (2004),
Harry e Schroeder (2000), Hedlund (1986), Juran (1992), Kaplan e Norton (1992, 1997),
Koskella (1992), Liker (2005), Maciel e Melhado (1995), Martucci (1990, 1998), Melhado
(1994, 2001), Picchi (1993, 2003), Santiago (2002), Walden (1997), Sjoholt (2000) e vários
outros referenciados na bibliografia, e consultas a documentos de entidades como Project
Management Institute, American Society of Quality Control, Sinduscon, PBQP-H, Fundação
Prêmio Nacional da Qualidade e outras, procurou-se verificar quais as ferramentas mais
citadas e/ou utilizadas. O critério utilizado para tal verificação foi o número de vezes em que
uma ferramenta fosse citada ou descrita nas diferentes fontes da bibliografia utilizada. Para
ser considerada, a ferramenta deveria ser citada em pelo menos três diferentes fontes da
bibliografia. Conseqüentemente , considerou-se que as empresas deverão utilizar algumas das
seguintes ferramentas como componentes estratégicas e indicativo de que buscam a melhoria
contínua.: certificação ISO 9001:2000, Balanced Score Card, Gestão do Conhecimento,
Desdobramento da Função Qualidade, Benchmarking, Seis Sigma, Gerência de Projetos,
Equipes de Trabalho, Gestão da Mudança, Produção Enxuta, Análise de Valor, Kaizen e
Gestão Ambiental. Através destas ferramentas, os gestores possuirão recursos úteis para o
variado número de problemas com que se deparam no dia a dia empresarial. Ao utilizá-las,
encontrarão soluções propícias para o equacionamento dos problemas, permitindo a inovação
e melhoria nas organizações. Desta forma, espera-se que as empresas que serão incluídas nos
grupos amostrais, cuja definição será comentada na metodologia da pesquisa, estejam
utilizando ao menos algumas delas.
O Sistema de Gestão da Qualidade encara o processo de produzir bens ou serviços
como um gerador potencial de vantagem competitiva organizacional. Tal visão permite que
haja uma grande influência na definição das estratégias operacionais, que objetiva produtos e
serviços sem erros, entregas no prazo, dentro dos custos, diminuição dos prazos de introdução
de novos produtos e serviços, aumento da oferta de produtos permitindo melhores opções de
escolha para o cliente e facilidade de mudanças de prazos.
As ferramentas de gestão, anteriormente listadas, estão inter-relacionadas. Auxiliam na
coleta, classificação e tratamento das informações, evidenciando os problemas existentes.
Assim, é permitido aos gestores integrá-las e obter os resultados esperados para o aumento da
competitividade.
56
Em seguida, serão discutidos os Sistemas de Gestão da Qualidade dentro da visão de
que são uma inovação tecnológica. Busca-se o entendimento de que a existência de tais
características é necessária para referendar tal conceituação.
2.5.2 Sistemas de Gestão enquanto Inovação Tecnológica
Dosi (1988) afirma que “a inovação trata de pesquisa, descoberta, experimentação,
desenvolvimento, imitação e adoção de novos produtos, de novos processos de produção e
novas formas organizacionais. A mudança tecnológica é uma forma criativa no crescimento
das corporações e, também, uma força destrutiva que torna as corporações vulneráveis à
concorrência.” Observa-se, assim, a abordagem dos elementos: processos, produtos, formas
organizacionais que são tocados e transformados pelos Sistemas de Gestão da Qualidade. Para
Mariano (2004), inovações tecnológicas referem-se “à utilização do conhecimentos sobre
novas formas de produzir e comercializar bens e serviços. (...) Inovações organizacionais
referem-se `a introdução de novos meios de organizar empresas, fornecedores, produção e
comercialização de bens e serviços. Ambas são complementares”. Esta consideração reforça o
conceito de que a implantação de um novo Sistema de Gestão é uma inovação tecnológica. A
figura 2 apresenta a visão do relacionamento entre as atividades de geração de novas
tecnologias. Este relacionamento, ao integrar as diferentes atividades como componentes de
um sistema de geração de novas tecnologias, nada mais é do que um Sistema de Gestão da
Qualidade.
57
Mundo Técnico
Mundo Comercial
Empreendedorismo
=
Capacidades
Administrativas
+
Invenções
e
Descobertas
Atividades
de pesquisa
científica
Tecnologias
Atividades de
Desenvolvime
nto
tecnológico
Novos
produtos e
Serviços
Atividades de
Desenvolvime
nto de
produtos
Necessidades
do mercado
Atividades de
Desenvolvime
nto
mercadológic
o
Figura 2- Relação entre as atividades de geração de novas tecnologias
Fonte: adaptado de Mariano, 2004
A OCDE (1997) afirma que “uma inovação tecnológica em produtos e processos é
dada como implementada se a mesma foi introduzida no mercado, utilizada na inovação de
um produto, ou dentro de um processo produtivo ou na inovação de um processo”. Assim,
conclui-se que uma organização é inovadora quando tem implementado melhorias e
incrementos em produtos e processos. Observa-se mais um reforço à idéia de que a introdução
de Sistemas de Gestão da Qualidade em uma organização é um aprimoramento tecnológico.
A existência de tais sistemas garante à empresa a possibilidade de corrigir seus processos,
medir sua performance, cuidar de seu capital do conhecimento (pessoas, conhecimento,
cultura), permitindo maior criatividade, inovação e, principalmente, criação de vantagem
competitiva.
58
Betz (1993) define inovação tecnológica como “um meio de alterar os ambientes
físicos da configuração presente para aquela desejada no futuro”. Ribault et al (1995), por sua
vez, consideram que “tecnologia é um conjunto complexo de conhecimentos, de meios e de
know-how organizado com vistas a uma produção”. Assim, para estes autores, a tecnologia
possui três elementos básicos, interdependentes entre si: os conhecimentos, os meios e o
know-how. Esta definição confirma o entendimento de que a implantação de um Sistema de
Gestão da Qualidade em uma organização é um aprimoramento tecnológico, já que atua sobre
as diversas dimensões enunciadas acima , ajustando-se, assim, à definição de Ribault et al.
Conhecimento
Meios
Know-how
Figura 3: O Conceito de Tecnologia
Fonte: Ribault et al, 1995
Conforme ilustrado na figura 3, Ribault et al (1995) consideram que os conhecimentos
pertencem a uma disciplina científica, mas não constituem uma tecnologia. Os meios
concretizam a tecnologia, desde que operados por pessoas capacitadas para a sua operação e
aplicação. O know-how é o “saber como fazer” e depende dos meios. É a otimização dos três
elementos combinados, conhecimentos, meios e know-how, que resulta na tecnologia aplicada
a uma determinada produção de bens ou serviços. A concepção sobre a implementação de um
Sistema de Gestão da Qualidade ser uma inovação tecnológica, também é comprovada através
das idéias de Drovout e Verna (1994). Estes, ao ampliarem os três elementos propostos por
Ribault et al (1995), introduzem um viés diferenciado: conhecimentos de natureza técnica,
59
tecnologia incorporada aos meios produtivos e a tecnologia de gestão. A adição da tecnologia
de gestão permite que seja feita a afirmação anterior.
Os Sistemas de Gestão da Qualidade têm características de inovação tecnológica,
desde que estejam presentes os aspectos descritos por Dosi et al (1990): utilização de
melhorias incrementais e a cumulatividade na formulação de inovações. As inovações
provenientes destes processos devem, também, ter mudanças mensuráveis através dos
resultados. Isto é corroborado por Mears (1993) conforme visto em sua definição de um
Sistema de Gestão da Qualidade, anteriormente enunciada. Brocka e Brocka (1994) resumem
sua visão da qualidade como “o ganho de produtividade alcançado por meio da melhoria da
qualidade”, podendo ser entendida como a necessidade de melhores técnicas para produzir
bens ou serviços. Os Sistemas de Gestão são uma coleção de instrumentos gerenciais que
colocam a qualidade dos produtos ou serviços como o foco principal para as atividades de
uma empresa.
Outro autor que reforça o conceito, aqui defendido de que SGQs constituem uma
inovação tecnológica é Falconi (1992) ao afirmar que “o princípio da abordagem gerencial
da Gestão da Qualidade Total é regida por:
1. Produzir e fornecer produtos e serviços que atendam concretamente às
necessidades do cliente.
2. Garantir a sobrevivência da empresa através do lucro contínuo adquirido
pelo domínio da qualidade.
3. Identificar o problema mais crítico e solucioná-lo pela mais alta
prioridade.
4. Falar, raciocinar e decidir com base em dados e fatos.
5. Gerenciar a empresa ao longo do processo e não por resultados.
6. Reduzir metodicamente as dispersões através do isolamento de suas
causas fundamentais.
7. Não permitir a venda de produtos defeituosos.
8. Procurar prevenir a origem dos problemas cada vez mais a montante.
9. Nunca permitir que o mesmo problema ocorra pela mesma causa.
10. Respeitar os empregados como seres humanos independentes.
60
11. Definir e garantir a execução da Visão e Estratégia da alta Direção da
organização.”
Esta definição de Falconi (1992), quando comparada àquela de Mariano (2004) sobre
inovação tecnológica reforça a conceituação de que a Gestão da Qualidade Total, ao abordar
tópicos como melhoria de processos, garantia da qualidade dos produtos através da melhoria
contínua e a total satisfação dos clientes, busca novos meios de organizar empresas,
fornecedores, comercialização de bens e serviços etc, possibilitando inovação organizacional
e reforça a conceituação defendida.
Com a utilização de Sistemas de Gestão da Qualidade, consegue-se um perfeito
entrosamento entre as estratégias competitivas e as de construção e fabricação. Estes sistemas
atuam praticamente em todas as dimensões da empresa: processos, qualidade, gestão de
pessoas, desenvolvimento de produtos e processos, avaliação de pessoas, conhecimento etc. A
Gestão da Qualidade passa a ser um fator de fundamental importância para a inovação
tecnológica.
2.5.3 Capacitação Tecnológica
Desde os primórdios do aparecimento do ser humano, o conhecimento é fator
preponderante para o seu crescimento. A mola mestra de todo o processo evolutivo do ser
humano foi sua capacidade de acumular conhecimento e capacitação tecnológica.
Extrapolando-se esta observação para as organizações, pode ser considerado que o
conhecimento e a capacitação tecnológica são fatores importantes para seu sucesso e sua
evolução. A tecnologia tem um papel fundamental nas organizações, mas o sucesso de sua
implantação está na capacitação tecnológica.
A capacitação tecnológica de uma organização pode ser definida como o seu grau de
domínio e experiência no processo de inovação tecnológica (LARANJA et al, 1997 apud
Reis, 2000). Estes autores consideram que a capacitação tecnológica de uma organização
pode ser diferenciada por níveis de progresso de natureza cumulativa.
A existência de Sistemas de Gestão da Qualidade em uma organização busca a
identificação e resolução de problemas. Esta resolução se dá através de novos métodos e
procedimentos, permitindo a acumulação de novos conhecimentos, aumentando, assim, a
capacitação tecnológica.
A existência de um Sistema de Gestão na organização permite que se criem vantagens
competitivas, reforçando a capacitação tecnológica e criando vantagens competitivas. Isto é
61
reiterado por Hayes e Upton (1998) quando dizem que “eficiência operacional superior
fortalece a posição competitiva da empresa e, quando baseada nas capacidades de seus
recursos humanos e nos seus processos operacionais, dificulta a imitação pelos concorrentes.
Por essa razão pode prover a base para uma vantagem competitiva sustentável.” Com esta
afirmação, são abordados os conceitos de melhoria e vantagem competitiva, constituindo uma
inovação, dando consistência ao conceito apresentado sobre Sistema de Gestão da Qualidade
enquanto inovação tecnológica e reforço da capacitação tecnológica.
Dosi (1984) considera que a pré-disposição da empresa para a inovação é, em grande
parte, influenciada pelo mercado e pelo clima competitivo em que a organização se insere. As
empresas, ao introduzirem inovações no mercado, alteram as suas posições relativas e
também o próprio mercado. Empresas que possuírem tecnologias de gestão estarão melhor
equipadas para se posicionar frente a estas alterações. Collins (2002) corrobora este
posicionamento ao afirmar que “a inovação depende da empresa (...) inovação é parte de
seus valores centrais”. Laranja et al, 1997 apud Reis, 2000 consideram que a obtenção de
capacidades tecnológicas imateriais, muitas vezes, constitui o primeiro passo no processo
dinâmico de criação de capacidades tecnológicas.
No atual estágio da indústria da construção civil, é necessário que exista um
aperfeiçoamento da capacidade de absorção das empresas perante as inovações tecnológicas.
Para que tal fato ocorra, é importante que haja envolvimento nas inovações organizacionais e
nos processos de aprendizagem visando à plena utilização de inovações como: tecnologias de
informação e comunicação, valoração ambiental, construção enxuta, times multifuncionais e
tantas outras. O que pode ser alcançado pela utilização de Sistemas de Gestão da Qualidade.
A adoção destes sistemas permite que as organizações estabeleçam procedimentos, organizem
seus processos, iniciem o gerenciamento do conhecimento. Porém, o mais importante é que
estarão estabelecendo mecanismos de “feedback” que permitirão a identificação de problemas
e possíveis soluções. O uso de mecanismos simples como, por exemplo, do PDCA incentivará
a melhoria contínua.
Para a melhoria contínua são necessários modelos e capacidades que serão discutidos a
seguir.
62
2.5.4 Melhoria Contínua: modelos e capacidades necessárias
Melhoria contínua é um conceito inserido em qualquer Sistema de Gestão da
Qualidade existente em uma organização. Caffyn e Bessant (1996) definem a melhoria
contínua como um processo, em toda a empresa, focado na inovação incremental e contínua.
Autores como Mesquita e Alliprandini (2003) discordam de que o limite da melhoria
contínua esteja na inovação. Não acreditam na possibilidade de melhoria contínua de algo
limitar-se somente até o surgimento de uma inovação, estabelecendo o início de um novo
ciclo de melhoria do desempenho. Estes autores consideram que a melhoria contínua e a
inovação devem caminham juntas, apesar de opostas. Afinal, segundo eles, são formas
diferentes da melhoria de um padrão, não deixando de ser melhorias e, portanto, devem ser
analisadas conjuntamente.
A melhoria contínua é facilitada em uma organização quando a gestão por processos e
a capacitação dos gestores em identificar processos estão implantadas. Tal afirmação é
ressaltada por autores como Shiba et al (1997) ao enfatizar a gestão por processos e a
necessidade da capacitação gerencial para a identificação de processos, quando afirmam que
“...os gerentes devem ser capazes de ver o processo de melhoria como um processo, com o
propósito de proporcionar direção e apoio aos subordinados engajados nas atividades de
melhoria”.
As organizações devem utilizar modelos facilitadores da prática da melhoria contínua.
Um destes modelos é o proposto por Flamholtz (1995). Este autor desenvolveu um método
com o objetivo de entender e planejar o crescimento sustentado de organizações em diferentes
estágios, bem como explicar as falhas e sucessos organizacionais. O método é constituído de
seis etapas, que foram avaliadas através de extensas pesquisas prévias. São elas:
1) Identificação e definição de um nicho de mercado viável.
2) Desenvolvimento de produtos e serviços para o nicho identificado.
3) Aquisição e desenvolvimento de recursos necessários para operar a organização.
4) Desenvolvimento de sistemas operacionais necessário às operações contínuas da
organização.
5) Desenvolvimento dos sistemas necessários para o funcionamento a longo prazo da
organização.
6) Desenvolvimento da cultura organizacional que a Alta Gerência acredita ser necessária
para guiar a organização.
63
Sinteticamente, apresenta-se na figura 4 a filosofia preconizada por Flamholtz (2000).
O sistema proposto permite a possibilidade da melhoria contínua, facilitando a mensuração da
posição relativa da organização face aos concorrentes e a correção dos planos estratégicos,
nos níveis tático e operacional. Analisando o modelo proposto, verifica-se uma similaridade
com o SGQ, já que este irá gerenciar as atividades empresariais nas dimensões apresentadas
por aquele, desde que seja adicionado ao modelo um mecanismo de retroação. Assim, será
facilitada a mensuração da posição relativa da organização face aos concorrentes, e a correção
dos planos estratégicos, nos níveis tático e operacional.
64
Cultura Corporativa
Sistemas Gerenciais
Sistemas Operacionais
Recursos
Vantagem
Competitiva
Produtos
Mercados
Figura 4 -Seis Fontes Chave de Vantagem Competitiva
Fonte: adaptado de FLAMHOLTZ, 2000
Os Sistemas de Gestão da Qualidade são baseados na medição, correção e
aprimoramento dos desvios dos diferentes processos organizacionais. Tais sistemas têm como
objetivo o aprimoramento contínuo dos processos, produtos e serviços. Portanto, os gerentes e
65
os colaboradores das organizações devem estar capacitados em gestão de processos e
enxergar a melhoria como um processo, de maneira que inovem através da eficácia de
processos, produtos e serviços. O processo de melhoria contínua diferenciará uma
organização de outra. Aquela que estiver melhor aparelhada para corrigir suas deficiências de
processos, competências e produtos/serviços se apresentará ao mercado em melhores
condições para suplantar as concorrentes.
2.5.5 Habilidades e Etapas Necessárias para Melhoria Contínua
Caffin e Bessant (1996) definem as seguintes habilidades básicas e normas
comportamentais que as organizações devem apresentar para serem capazes de promover as
boas práticas, ou seja, apresentarem um Sistema de Gestão eficaz, o que é demonstrado na
tabela 4.
Tabela 4 - Habilidades básicas e normas comportamentais
Habilidades Básicas
Normas Comportamentais
(a) Ligar as atividades de melhoria em todos os níveis
1) Indivíduos e grupos usam metas e objetivos
estratégicos da empresa.
estratégicos da organização para focar e priorizar
atividades de melhoria.
(b)Gerenciar estrategicamente o desenvolvimento do
2) Sistema de melhoria é continuamente monitorado e
sistema de melhoria na estrutura organizacional
desenvolvido.
3) A avaliação progressiva assegura que a organização
e os sistemas , sejam reforçados e se apóiem um ao
outro.
(c) Gerar envolvimento sustentado em inovação.
4)
Gerentes
de
todos
os
níveis
demonstram
compromisso ativo e liderança em relação à melhoria.
5) Participação pró-ativa em melhoria.
(d) Trabalhar efetivamente por meio das divisões
6) Trabalho efetivo de todos por todos os níveis das
externas e internas.
divisões externas e internas.
(e) Garantir que a aprendizagem ocorra e seja
7) Aprendizagem por meio de experiências próprias e
capturada e compartilhada em todos os níveis.
de outros, tanto positivas como negativas.
8) a organização articula e desdobra a aprendizagem
de indivíduos e grupos.
(f) Articular, demonstrar e comunicar os valores da
melhoria.
Fonte: CAFFIN e BESSANT, 1996
9) As pessoas “vivem” os valores da melhoria.
66
De acordo com as habilidades e normas comportamentais sugeridas na Tabela 4,
Caffin et al (1997) caracterizam as organizações em relação à maturidade quanto a melhoria
em cinco níveis. A saber:
Nível um- Melhoria contínua natural: a organização não tem nenhuma das habilidades
essenciais e nenhum dos comportamentos-chave. Pode haver alguma atividade de melhoria
tais como a solução de problemas ao acaso.
Nível dois- Melhoria contínua formal: há mecanismos capacitantes e evidência de que
alguns aspectos dos comportamentos chave estão se iniciando.
Nível três- Melhoria contínua dirigida para a meta: a organização está segura das
habilidades e os comportamentos que as suportam se tornam norma. Há monitoramento e
sistemas de medição eficientes.
Nível quatro- Melhoria contínua autônoma: a melhoria é amplamente auto-dirigida, e
suas oportunidades são atacadas sempre que há chance para tal.
Nível cinco- Capacidade estratégica em melhoria contínua: a organização possui todas
as habilidades e existem rotinas engrenadas para reforçar os comportamentos-chave.
O conhecimento do nível de maturidade das empresas, em relação ao estágio de
melhoria, permitirá que as pequenas e médias empresas da indústria da construção civil
desenvolvam estratégias para os diversos níveis organizacionais evoluírem em sua
capacitação. O conhecimento do estágio em que se encontram é o primeiro passo para a
melhoria. No entanto, conforme Davenport e Prusak (1998) afirmam, não basta possuir
habilidades, sendo necessário gerenciá-las, sem desvincular as habilidades do gerenciamento
dos comportamentos, de forma a proporcionarem vantagem competitiva para a empresa.
Desta forma, adiciona-se mais um desafio para as organizações, em geral, e para as PMEs da
construção civil, objeto de estudo desta tese, em particular. Além de terem que identificar em
que estágio se encontram em relação ao grau de maturidade e suas habilidades, é necessário,
também, atentar para o gerenciamento destas habilidades. O conhecimento será dominante no
século XXI, e as organizações terão que priorizar o gerenciamento das habilidades.
Para Mesquita e Alliprandini (2003),
“o conhecimento está arraigado nos
comportamentos e sua gestão pode servir de alavanca para a estruturação de um
comportamento organizacional, levando naturalmente às habilidades básicas para a
melhoria”. Assim, a gestão do conhecimento permite que se estabeleçam modelos
comportamentais organizacionais, que, por sua vez, com uma boa gestão levam às
67
competências essenciais. Portanto, garante-se que a organização alcance uma vantagem
competitiva. No intenso e profundo processo de reestruturação organizacional pelo qual as
organizações estão passando na atualidade, é essencial que as empresas busquem a eficiência
coletiva. As organizações deverão focar em suas competências centrais, e construir uma visão
de empresa baseada em seus recursos. Esta abordagem, defendida por autores como Prahalad
e Hamel (1990), Krogh e Ross (1995) amplia o quadro para o grupo que toma as decisões
estratégicas na organização, considerando que esta possui recursos físicos, financeiros,
organizacionais, intangíveis e humanos. A partir desta gama de recursos disponíveis, a
organização alcança vantagens competitivas. Na abordagem defendida pelos autores citados,
verifica-se que a identificação das competências requer a presença de sistemas que as
identifiquem, comparem os hiatos existentes entre o que se precisa, em função do mercado, e
o que se tem. Através da constatação destes hiatos, são elaborados planos de melhoria, que
devem ser acompanhados e medidos. Estes planos de ação conduzirão a melhorias de
processos, reforço das competências ou aquisição de outras, necessárias, mas ainda
inexistentes. Ao reforçar estes processos e competências, adquirem-se vantagens
competitivas, que permitem novos processos de inovação.
É importante que se enumerem as razões que reforçam a necessidade da existência de
Sistemas de Gestão da Qualidade em empresas de construção civil. Estas razões são
apresentadas na seção seguinte.
2.5.6 Razões da Importância da Existência de um Sistema de Gestão da Qualidade em
Empresas de Construção Civil
Esta tese está focada nas pequenas e médias organizações da construção civil e, assim
sendo, serão apresentadas as razões que reforçam a necessidade da existência de um Sistema
de Gestão da Qualidade nestas empresas.
Em um estudo desenvolvido pela Consultoria McKinsey (1998), são apresentadas as
principais razões das diferenças entre os níveis de produtividade das empresas brasileiras de
construção civil em relação às americanas, que são:
1) As empresas brasileiras não utilizam o chamado Design for Manufacturing (DFM- Projeto
para Construção). Esta técnica consiste na adoção de um projeto de baixo custo através da
utilização de materiais padronizados, utilização de módulos pré-fabricados, lay-outs
otimizados e pela redução das interferências entre as diversas fases do processo construtivo. A
68
utilização do DFM muda o processo de construção artesanal para um procedimento baseado
em técnicas de montagem e pré-fabricação.
2) As empresas brasileiras não têm um bom gerenciamento de projetos e tarefas, não sendo
feita uma boa utilização dos sub-contratados. A contratação de terceiros nos Estados Unidos
tem maiores benefícios em relação ao aumento de produtividade do que no Brasil, onde as
empresas são em menor número, têm menor capacitação, pior qualidade, menos treinamento
e se utilizam de métodos menos elaborados para construção.
3) As construções no Brasil não possuem a mesma escala de produção do que nos Estados
Unidos, onde devido ao maior número de unidades em construção, se pode ter uma melhor
coordenação e alocação de equipes.
4) As construções brasileiras utilizam equipamentos e ferramentas de pior qualidade e
performance do que as congêneres americanas. Como o custo da mão de obra é menor, a
mão de obra humana substitui equipamentos e ferramentas especiais, porém demandando
mais tempo e possuindo menor capacitação.
5) A baixa capacitação da mão de obra brasileira em relação à americana não parece ser um
problema, sendo que a baixa produtividade daqui deve-se mais aos sistemas operacionais e
organizacionais aqui utilizados.
6) Falta de competição no Brasil. Devido às imensas barreiras de entrada , tais como acesso
ao capital, ambiente macro econômico instável e outros, não há incentivo à entrada de novos
participantes e, em conseqüência, não há melhoria decorrente da competição.
Falta de utilização de equipamentos e métodos construtivos mecanizados.
7) Ausência de modernas ferramentas de planejamento que permitam que se maximize a
utilização dos materiais, equipamentos e mão de obra.
8) Falta da utilização de padronização por parte dos fornecedores, a jusante e a montante da
cadeia construtiva, além da extrema concentração dos fornecedores.
9) Os códigos de construção e leis de zoneamento devem procurar privilegiar a performance
dos materiais construtivos em lugar de procurarem descer a detalhes construtivos
pormenorizados.
10) Falta de exposição às melhores práticas. Não tem havido interesse das PMEs da
indústria da construção civil em procurar conhecer as melhores práticas de construção na
Europa ou nos Estados Unidos, de modo a melhorar a qualificação local.
Em relação ao comentário sobre a falta de exposição às melhores práticas, este autor
acredita que o problema foi relativizado. A falta de interesse é conseqüência da ausência de
69
treinamento e de capacitação técnica do corpo diretivo das PMEs. Ainda, este problema é
agravado pela falta de apoio de políticas governamentais neste sentido através de
financiamentos para que as PMEs invistam no conhecimento e aplicação destas práticas.
Já o relatório final do Estudo Prospectivo da Cadeia Produtiva da Construção Civil
(MDIC, 2003) apresenta as seguintes considerações sobre a Indústria da Construção Civil:
a) Há uma consciência de que haverá uma formalização das normas decorrentes da
modernização do setor e do aumento das exigência legais. No entanto, acredita-se que haverá
dificuldades na aplicação efetiva desta normalização.
b) Há uma tendência de aumento na conformidade de componentes e materiais, ressalvada a
diferenciação entre os produtos e sua aplicação nas diferentes regiões do Brasil.
c) Há uma conscientização de que a qualidade do produto habitacional é satisfatória no
padrão alto, média no padrão médio e insatisfatória no padrão baixo.
d) O processo de projeto é considerado insatisfatório/ regular. Todavia, acredita-se que deve
melhorar no futuro, e há uma tendência na concentração de esforços para disseminar os
avanços já obtidos para o conjunto das empresas.
e) Há uma constatação de que a produção de pesquisas na área da Construção Civil ainda é
deficiente.
Pelos pontos abordados, torna-se imperativo que as PMEs da construção civil se
aparelhem e melhorarem sua competitividade. O critério fundamental para um negócio na
atualidade é a vantagem competitiva, e é importante que as PMEs atentem para os aspectos
tecnológicos da melhoria da competitividade, procurando entender a importância das
tecnologias para a competitividade de uma empresa. Ribault et al (1995) salientam cinco
pontos onde podem ser aplicadas ações:
a) Eficácia- das funções indiretas do sistema de informação, da rede de vendas, da gestão etc;
b) Qualidade- da organização, dos procedimentos, da comunicação etc.;
c) Produtividade- das funções de produção, dos investimentos etc.;
d) Reatividade- prazo de reação da gestão do negócio em relação à distribuição, serviços ao
cliente, novos lançamentos;
e) Novidade- a capacidade da empresa em renovar as tecnologias, em dominar as
concepções inovadoras.
No entanto, as organizações precisam entender que não basta associar tecnologia e
competitividade. Não há uma ligação direta entre estes dois fatores. A ligação entre elas deve
70
ser feita através da inovação. Esta é quem pode agir como catalisador, transformando os
recursos tecnológicos em bens econômicos. As razões para mudar e inovar são muitas,
principalmente devido aos cenários de competição que se tornam cada vez mais acirrados.
Drucker (1999) apud Vico Mañas (2001), ao desenvolver sua Teoria dos Negócios, destaca as
seguintes tendências:
1) A maior e crescente velocidade dos negócios, amparada pelas novas tecnologias;
2) A valorização das informações sobre os outros, levando a um conhecimento maior da
concorrência e dos colaboradores;
3) As redes de terceirizados e parceiros, permitindo a cada organização a concentração em
inovação.
4) As redes de colaboradores internos, levando a respostas imediatas sempre que a
tecnologia apressar o ciclo de vida dos produtos e serviços;
5) A maior diversidade que faz com que a adaptação a novas realidades valorize a diferença;
6) Os donos da informação, novos colaboradores com nível educacional maior, para permitir
acesso à informação e à crescente velocidade dos negócios;
7) O poder será transferido- com o aumento do conhecimento dos colaboradores a avaliação
dos executivos será feita por resultados alcançados, diferentemente da atualidade estarão à
mercê da busca constante de tendências; seu papel será o de visionários;
8) Os colaboradores terão mais poder- com a contratação de terceiros e autônomos, estes
passarão a possuir mais controle em relação a como, quando e onde trabalhar.
Muñoz (2001) considera que, apesar de inovações tecnológicas e organizacionais
terem surgido, alterando algumas etapas construtivas, as principais características da
construção tradicional são ainda bastante difundidas. Assim, é necessário que as construtoras
atentem ao que autores como Nohria &Ghoshal (1997), Ghoshal & Bartlett (1990), Dunning
(1993), Hedlund (1986, 1994) preconizam. Estes
consideram que o processo de inovação
tem assumido uma forma mais global, e que as empresas precisam se equipar com
ferramentas de gestão que permitam que se estruturem e organizem, integrando os seus
sistemas internos, e assegurando o atendimento às estratégias definidas.
Conforme Mesquita e Alliprandini (2003) “atualmente a qualidade não está mais
associada apenas à produtividade, mas à vantagem competitiva, o que influencia as atividades
de melhoria contínua e a forma como estas devem ser tratadas nas organizações”. Uma
organização possui vantagem competitiva, segundo Slack et al (2002), quando apresenta
produtos e serviços que satisfaçam os consumidores, atendendo suas necessidades atuais e/ ou
71
futuras. Outros autores, como Hansen e Mowen (2001), definem vantagem competitiva como
a criação de um valor melhor para o cliente por um custo menor ou igual àquele oferecido
pelos competidores. Vantagem competitiva é, ainda, na visão de Shank e Govindarajan
(1997), ter o controle dos direcionadores de custo ou da reconfiguração da cadeia de valor.
Portanto, vantagem competitiva corresponde a um benefício significativo e preferencialmente
de longo prazo de uma empresa sobre sua concorrência. Para o aumento das vantagens
competitivas das PMEs da construção civil, torna-se necessária a tomada de uma série de
medidas gerenciais. Uma delas, de suma importância, é a focalização no mercado consumidor
em que as PMEs irão atuar. Este foco pode concentrar esforços no mercado de baixa renda,
desde que algumas providências sejam
tomadas visando a diferenciá-las da construção
informal ou da autoconstrução. Para atender este mercado, a qualidade deverá atender aos
anseios do comprador, ou seja, durabilidade associada a baixo custo. Uma possível alternativa
para tal redução é a padronização das construções. Através de tal procedimento, as casas,
apartamentos e instalações comerciais poderão seguir o mesmo projeto e, com isso, reduzir
seus custos. Uma outra possibilidade é o fechamento de acordos com fornecedores,
objetivando à produção de materiais sob medida com a conseqüente redução do tempo de
construção. Outra providência é a associação com grupos financeiros que se disponibilizem a
financiar a venda de habitações. Deste modo, podem ser estudadas
condições de
financiamento para que o desembolso financeiro seja adequado à capacidade de pagamento do
comprador. Neste caso, o estabelecimento de contatos com organizações financeiras de modo
a se viabilizar esta possibilidade é conveniente. É importante ressaltar a atual existência de um
ambiente mais propício. Conforme Meyer (2006), nos últimos meses foram aprovadas leis
que facilitam a retomada de imóveis em caso de inadimplência. Outro ponto é o entendimento
de que as organizações devem possuir Sistemas de Gestão da Qualidade eficazes, que lhes
permitam adquirir vantagens competitivas que as diferenciem no mercado.
Atualmente, possuir um Sistema de Gestão da Qualidade é uma necessidade vital, que
fortalece os métodos gerenciais das empresas. O constante aperfeiçoamento deste Sistema de
Gestão faz parte da inovação tecnológica. O perfeito não existe e deve-se estar sempre
motivado a buscar um novo padrão de eficácia. O cerne da questão está em sempre buscar a
melhoria dos padrões através do monitoramento constante. A empresa não pode aceitar o
status quo, perseguindo a constante atualização de seus sistemas, cuja existência permitirá a
criação de uma visão sistêmica e a identificação das necessidades e pontos críticos para
melhoria.
72
Em seguida, discute-se a economia brasileira e suas transformações, quando há a
mudança de uma economia agrária para uma de base industrial e de serviços.
Esta
transformação acontece, principalmente, após 1930. Depois deste ano, quando ocorre a
revolução de 1930, o país passa por grandes alterações. O Brasil sai de uma economia
eminentemente agrária e monocultora para uma economia diversificada, com grandes
migrações para as cidades. Desta forma, há uma pressão social por moradias, infra-estrutura,
estradas etc. Tudo isto permite o desenvolvimento da construção civil no Brasil. Esta, no
entanto, é extremamente prejudicada pelas oscilações econômicas do período. Assim, é
pertinente o entendimento da mudança econômica, dos principais problemas resultantes destas
mudanças e como estes impactam a construção civil e as PMEs.
3
A EVOLUÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL NO PERÍODO 1930- 2005 E A
PARTICIPAÇÃO DA CONSTRUÇÃO CIVIL
3.1
UM BREVE HISTÓRICO DA EVOLUÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL NO
PERÍODO 1930-2005:
Depois da crise de 1929 e da Revolução de 1930, o Brasil entra num ciclo de grandes
mudanças econômicas, sociais e políticas. A nação, que era agrária e eminentemente rural,
passa por uma transformação muito grande nas décadas futuras. Uma grande migração do
campo para as cidades é iniciada, o que leva a uma modificação no perfil populacional, e o
país se torna urbano. O brasileiro que chega às grandes cidades é, em sua grande maioria, de
baixa capacitação educacional e profissional. A concentração da população nas cidades, a
mudança do perfil agrário para o industrial, geram necessidades de habitação, instalações
industriais, estradas etc. Tais necessidades, aliadas ao desejo de se providenciar ocupação para
a massa migrante, induz o governo a utilizar a construção civil como absorvedora desta mão
de obra. O entendimento do período econômico de 1930 até os dias de hoje, é importante para
que se trace um pano de fundo facilitador do entendimento do ambiente onde está contida a
indústria da construção civil. Além disto, a compreensão dos principais problemas
econômicos brasileiros segundo a visão de importantes economistas brasileiros como Nóbrega
(2000), Bielshowsky e Stumpo (1996), Leite (2004) e outros, permitirá que, no decorrer da
pesquisa a ser feita com PMEs da construção civil, se possa fazer a ligação entre o
comportamento destas organizações e estes problemas: seus efeitos, causas e soluções.
74
3.2
UM BREVE HISTÓRICO DA EVOLUÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL NO
PERÍODO 1930-2005:
Após uma aceleração da industrialização ocorrida entre 1914 e 1919, decorrente da
dificuldade de importações, houve uma retração da agricultura que até então ocupava mais da
metade da economia nacional. A agricultura era exclusivamente baseada em poucos produtos,
principalmente o café. Até 1930 a expansão da economia era em ritmo muito modesto. O
Brasil sofre os efeitos da crise mundial de 1929 com grandes perdas por parte da oligarquia
cafeeira e a revolução política de 1930 (LEITE, 2004).
Com a chegada ao poder de Getúlio Vargas7 em 1930, há uma mudança na postura
governamental vigente em relação à condução da economia e o estado passa a exercer uma
forte intervenção. Leite (2004) enumera como principais pontos desta mudança de atitude os
seguintes:
•
Constituição de organismos de defesa da produção tais como os dedicados às
economias cafeeira e açucareira;
•
Estabelecimento dos códigos de regulação das atividades relacionadas a águas,
mineração e florestal que passam a reger as atividades econômicas relativas a estes
recursos naturais;
•
Estabelecimento da primeira legislação trabalhista;
•
Expansão do interesse pela hidroeletricidade e;
•
Estabelecimento do monopólio do petróleo e constituição da Petrobrás para exercê-lo.
Após a Segunda Guerra Mundial, torna-se necessária a reconstrução da infra-estrutura
devastada pelo conflito bem como a reorganização política, econômica e social. São, então,
criadas instituições como a Organização das Nações Unidas, para cuidar da reorganização
política mundial, o Fundo Monetário Internacional para revisar as relações financeiras
mundiais e o Banco Internacional para Reconstrução e o Desenvolvimento (BIRD), mais tarde
conhecido como Banco Mundial (World Bank) para desenvolver as regiões destruídas e
promover o desenvolvimento mundial (LEITE, 2004).
Ao final da Segunda Guerra, há o fortalecimento no Brasil da convicção da
necessidade do estabelecimento de ações conjuntas entre o governo brasileiro e a iniciativa
privada, objetivando acelerar o ingresso do país nas economias mais avançadas, recuperando,
7
Getúlio Dornelles Vargas (1883-1954) governou o país de 3/11/1930 até 29/10/1945, durante o período
conhecido como era Vargas, que vai desde a revolução de 1930 até sua deposição após a Segunda Guerra.
75
assim, o atraso do país. Há uma cristalização da idéia de que uma forte intervenção do Estado
é necessária (LEITE, 2004). São definidos alguns planos setoriais voltados para o
fortalecimento da infra-estrutura e o desenvolvimento da indústria de base, através da
Assessoria Econômica criada para ser um instrumento de modernização do Brasil, isto já no
segundo governo Getúlio Vargas (1950-1954) (AGUIAR, 2004). Seu governo atravessa uma
grave crise e é interrompido pelo trágico suicídio de Vargas em 24/8/1954.
No governo Kubistchek8, estabelece-se o planejamento geral da economia com a
finalidade de:
1. Promover forte crescimento industrial diversificado;
2. Construir uma sólida infra-estrutura de transportes e energia e;
3. A agricultura é relegada a segundo plano.
Como resultado o país cria um parque industrial significativo, com uma participação
crescente na economia nacional. No entanto, são plantados os componentes inflacionários que
irão contaminar a economia no futuro (LEITE, 2004).
Pires (2000) afirma que, no período 1930-1961, é promovido um modelo de
desenvolvimento baseado na substituição de importações, onde se passa a produzir
internamente uma série de bens industrializados que eram importados. Desta forma,
internaliza os efeitos positivos do aumento da produção local: aumento do emprego, da renda
e da receita pública. Uma característica deste período é a forte intervenção estatal.
No período compreendido pelos governos Jânio Quadros9 e João Goulart10, Leite
(2004) considera que houve um fortalecimento do populismo da época Vargas caracterizado
pelo aliciamento das classes menos favorecidas através de promessas nem sempre possíveis
de concretização. Aliás, política que, mesmo nos dias atuais, ainda é utilizada por muitos dos
líderes políticos. Esta corrente populista debate no período questões como: acesso à terra, a
excessiva
desigualdade existente na distribuição de renda. Há um período de muita
efervescência política e a economia é desorganizada. Há um descontrole imenso da inflação e
a economia entra em colapso, quando o processo democrático é interrompido por uma
intervenção militar (LEITE, 2004).
8
Juscelino Kubistchek de Oliveira( 1902-1976) governou o Brasil de 1956 a 1961, implementando o Plano de
Metas. Impulsionou a indústria automobilística, siderúrgica, naval e construiu Brasília.
9
Jânio da Silva Quadros governou o Brasil de janeiro /1961 até agosto do mesmo ano quando renunciou.
10
João Belchior Marques Goulart governou o país de setembro de 1961 até abril de 1964, quando foi deposto.
76
Em 1964 foi criado o BNH (Banco Nacional da Habitação) que era um banco de
segunda linha, ou seja, não operava diretamente com o público. Sua função era realizar
operações de crédito e gerir o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), por
intermédio de bancos privados e/ ou públicos e de agentes promotores, como as companhias
habitacionais e as companhias de água e esgoto. Segundo as regras vigentes, a casa a ser
comprada deveria ser usada por quem a adquiria, não podendo ser revendida, alugada ou
utilizada para fins comerciais. Quem quisesse se beneficiar do sistema, firmava um contrato
de financiamento no qual se comprometia a pagar o imóvel. Em caso de não pagamento das
prestações, o contrato era suspenso. Pelo sistema, os interessados teriam, à disposição,
diversos tipos de recursos como a caderneta de poupança e o fundo de garantia por tempo de
serviço (FGTS) e o financiamento bancário. Com o fim do BNH, em 1988, a Caixa
Econômica Federal assumiu o Sistema Financeiro da Habitação. O BNH, até sua extinção, foi
a principal instituição federal de desenvolvimento urbano da história brasileira, na qualidade
de gestor do FGTS e da formulação e implementação do Sistema Financeiro da Habitação
(SFH) e do Sistema Financeiro do Saneamento (SFS)11.
De 1967 e 1973 ocorre o período do “Milagre Brasileiro” quando a economia cresce a
taxas superiores a 7% ao ano. Após a primeira crise do petróleo em 1973, depois da guerra
entre árabes e israelenses, há um aumento explosivo dos preços do petróleo, gerando uma
desaceleração do crescimento e taxas de inflação crescentes. Disto advém um surto de
desemprego e arrocho salarial. Este quadro é extremamente agravado pela segunda crise do
petróleo em 1979, quando o preço do barril de petróleo atinge níveis recordes com a chegada
ao poder do aiatolá Khomeini no Irã e, também, pela crise da dívida externa nos anos 80
(PIRES, 2000). É aplicada uma política econômica que combina itens como:
•
Política salarial de arrocho;
•
Subsídios às empresas;
•
Aumento do endividamento interno e externo e;
•
Medidas protecionistas em termos cambiais e inflacionários das empresas nacionais.
Este período de crescimento irregular e processo inflacionário explosivo é denominado
de “década perdida”. (LEITE, 2004).
A globalização dos anos 90 com as demandas de competitividade e produtividade e a
necessidade de uma modernização administrativa, além de um aumento da volatilidade dos
11
Conforme informações encontradas em
www.mre.gov.br/cdbrasil/itamaraty/web/port/economia/saneam/planasa/bnh/apresent.htm ,acesso 30/12/2007.
77
mercados que permitem os ataques especulativos às moedas, expõem a fragilidade da
economia brasileira, demonstrando o esgotamento do modelo de substituição de importações.
O Brasil entra em um processo inflacionário que estagna o país, exigindo um combate radical.
Reformas como o Plano Real conseguem debelar o processo inflacionário e há um retorno a
uma economia liberal, com a privatização de empresas e a tentativa de inserir o país no
processo de globalização. A estabilidade alcançada não consegue, no entanto, trazer de volta o
crescimento econômico e há um perigoso desequilíbrio de transações com o exterior. Além do
mais, a cruel concentração de renda existente na sociedade brasileira é acentuada (LEITE,
2004; Pires, 2000).
A tabela 5 mostra o crescimento e a inflação brasileiras no período 1948-2001. Desta
se pode distinguir dois períodos da história econômica brasileira:
•
De 1948 a 1980 ocorre um crescimento sustentado acompanhado de uma inflação
persistente, com quedas e aumentos e;
•
De 1981 a 2001 quando cessa o crescimento sustentado e a inflação foge do controle
até se alcançar uma relativa estabilidade.
Tabela 5-Evolução do Crescimento e da Inflação Brasileiras no Período 1948-2001
Período Anos
PIB
Inflação
Crescimento médio 7,6% a.a. e
per capita de 4,6% a.a.
Queda abrupta
Crescente de <10 a >30% a.a.
19481961
19621964
14
19651967
19681974
19751980
3
19481980
19811994
19952001
19812001
33
Média de 7,5% a.a e per capita de 4,6% a.a.
Mediana 34%a.a.
14
Estagnado, média 2% a.a. e per capita de 0,5 %
a.a.
Estagnado, média 2,4 % a.a. e per capita de 1,4
% a.a.
Estagnado, média 2,1 % a.a. e per capita de
0,7 % a.a.
Hiper-inflação(máxima 2700% e
média de 790% a.a.).
Estabilizando ( média 10,5% a.a.)
3
7
6
7
21
Recuperação modesta, média 4,4% a.a. e per
capita de 1,5% a.a.
Fortemente crescente, média 10,7% a.a. e per
capita de 7,9% a.a.
Crescente porém oscilante, média de 6,9% a.a. e
per capita de 4,4 % a.a.
Fortemente crescente, atinge 90% a.a.
Decrescente, voltando a 30% a.a.
Decrescente até 15,5% a.a. em 1974.
Crescente, atingindo 110% a.a. em
1980.
As médias perdem o sentido.
Fonte: Leite, 2004
A evolução econômica do Brasil,
no período, permite estabelecer os principais
impactos na Indústria da Construção Civil. Nas décadas de quarenta e cinqüenta a construção
78
civil, aproveitando o crescimento do país, atinge o auge das inovações tecnológicas, quando o
país é considerado um dos detentores da tecnologia do concreto armado, vindo posteriormente
a estagnar e até mesmo retroceder em alguns aspectos. Até o início dos anos cinqüenta, a
construção civil brasileira era considerada uma atividade de características artesanais. O
operário exercia múltiplas tarefas com a utilização de ferramentas manuais sob o comando de
um mestre de obras (ZANELATTO, YUKAREN e FABRIIS, 2003). A partir dos anos
cinqüenta passa a existir uma hierarquização e maior divisão das tarefas , com a construção
civil adquirindo um caráter crescente de manufatura.
Na década de setenta, durante o “Milagre Brasileiro”, existem grandes financiamentos
para o setor da construção civil, com o objetivo de diminuir o déficit habitacional brasileiro.
Assim, a construção civil tem mudanças caracterizadas pelos seguintes aspectos, segundo
Zanelatto,Yukaren e Fabriis (2003): surgimento de grandes canteiros de obras,
desenvolvimento de técnicas seqüenciadas de produção, aproximando o canteiro de uma
produção em escala. A modernização da economia cria a necessidade da construção civil
absorver um grande contingente de mão de obra, que é preenchida pela migração de
trabalhadores do campo não treinados para exercer as habilidades necessárias à construção
civil. O aprendizado é feito de maneira informal. Os operários são contratados por
empreitadas, ocupando posições temporárias. As construtoras executam as obras e não
participam do processo de comercialização do produto (ZANELATTO, YUKAREN e
FABRIIS, 2003).
A partir dos anos oitenta, a crise força a aplicação da política econômica explicitada
anteriormente. Com isso há uma redução significativa dos financiamentos e as empresas
voltam a empreender suas próprias obras, sendo responsáveis pelo desenvolvimento ,
execução e comercialização. Surge, assim, maior preocupação em satisfazer as necessidades
dos clientes. Os custos são atrelados ao preço das vendas , gerando necessidades de redução
de custos, racionalização da construção e redução das perdas. Há o emprego de novas técnicas
e materiais. No entanto, percebe-se que sem a redução do desperdício nas obras não haverá
diminuição de custos significativa. Zanelatto, Yukaren e Fabriis (2003) afirmam que para
fazer frente à crescente necessidade de redução de custos, as empresas começam a
subcontratar. A subcontratação visa, segundo estas autoras:
•
Reduzir gastos de mão de obra;
•
Evitar vínculo empregatício;
•
Eliminar gastos com treinamento, segurança e benefícios para o trabalhador.
79
A conseqüência deste movimento é a queda na qualidade do produto final.
A década de noventa traz a idéia da qualidade para o setor da construção civil,
provocando uma maior preocupação com o treinamento e capacitação dos funcionários pelas
empresas. Observa-se uma resposta positiva das empresas de construção civil em relação à
certificação pela norma ISO 9000.
Zanelatto, Yukaren e Fabriis (2003) consideram que a herança deixada pelos efeitos
econômicos na construção civil é a seguinte:
1. Redução do nível de atividades do setor de construção civil;
2. Queda no número de financiamentos para habitação;
3. Política de contenção de gastos e manutenção da taxa de juros em nível elevado não
estimula investimentos em construção civil;
4. Profissionais ligados à construção civil têm baixo preparo profissional e baixa
formação educacional e;
5. Os direitos trabalhistas são pouco respeitados.
Em 2005, os resultados da construção civil não foram melhores. Miriam Leitão (2006)
menciona que “a construção civil é um dos setores que mais vêm patinando no país. Enquanto
no ano passado o PIB cresceu 2,3%, na construção o crescimento foi menor ainda, de 1,3%”.
A área habitacional continuou parada devido a problemas de linhas de crédito.
Apresentada esta resumida evolução da história econômica brasileira do período, serão
apresentados os principais problemas econômicos do país.
3.2
ALGUNS PROBLEMAS ECONÔMICOS BRASILEIROS:
Nóbrega (2000) acredita que grande parte das transformações em curso nos países
desenvolvidos já está chegando ao Brasil, principalmente após a abertura da economia, o fim
da reserva de mercado de informática e a estabilidade da inflação. O autor salienta que as
empresas brasileiras podem beneficiar-se da onda de inovações que caracteriza a nova
economia, havendo ganhos de produtividade. Porém, coloca alguns fatores que
podem
atrapalhar este progresso, se não forem seguidos. São eles:
•
Deve ser mantida a possibilidade das empresas brasileiras poderem importar
tecnologia, softwares, partes, peças e equipamentos. O fechamento da economia
bloquearia o acesso à internação dos avanços tecnológicos dos países desenvolvidos.
80
•
A contenção da inflação deve ser perseguida pois a volta desta dificultaria o
investimento.
Obviamente, o resultado deste movimento não será o mesmo do observado em países
desenvolvidos. Isto porque não dispomos do estoque educacional, capacidade de
investimento, legislação ou mercado de capitais que reproduzam aqui estes ambientes
(NÓBREGA, 2000). O autor pondera que apesar de a educação ter melhorado e a população
de crianças na escola na idade de 7 a 14 anos ser de 95% e o percentual de pessoas com pelo
menos o ensino médio completo (onze anos de estudo) ter aumentado de 11,3% para 18%
segundo o PNAD (Programa Nacional de Amostragem Domiciliar) de 1998, ainda, o tempo
de escolaridade do trabalhador brasileiro é de apenas cinco anos e meio, em comparação com
nove no Chile, e doze na Coréia do Sul. A educação precisa ser revolucionada e há sérias
deficiências tais como: currículos pouco adequados às novas exigências do mercado,
concentração de recursos na educação universitária, pouca interação ainda existente entre a
universidade e a empresa, deficiência do setor de inovação e outros. Nóbrega (2000)
considera que o Brasil realizou o que chama de etapa fácil da re-estruturação industrial que é
caracterizada pela incorporação de insumos e bens de capital importados, pela redução de
custos, pela introdução de novas técnicas gerenciais. Este mesmo autor informa que a
participação das empresas brasileiras nas atividades de pesquisa e desenvolvimento é de cerca
de 30%, enquanto no Japão é de 70% e na Coréia do Sul é de 81% em 1988. Partindo da
informação do autor, pode ser concluído que após a re-estruturação industrial, o país precisa
iniciar a fase de geração de inovação, ainda muito incipiente.
Tabela 6- Distribuição da população ocupada por tempo de instrução
Ano
Menos de 1 ano.*
De 1 a 3 anos.
De 4 a 8 anos.
De 8 a 10 anos.
De 11 anos e mais
1992
17,8%
19,5%
32%
12%
18,4%
2002
10,7%
13,2%
28,9%
16%
30,7%
Fonte: Leite:2004
*Inclui pessoas sem instrução ( exclusive Região Norte)
Continuando, ainda com os problemas que Nóbrega (2000) vê para o Brasil há a
existência de um sistema tributário complexo e distorcido, com impostos em cascata, regimes
diferenciados, várias alíquotas e uma grande instabilidade de regras. Este estado de coisas
contribui para o aumento da sonegação, aumento dos custos e dificulta o esforço exportador.
O autor aborda o problema da previdência, que é uma fonte de déficit e de desigualdades. O
déficit estrutural dos regimes previdenciários brasileiros, o do Instituto Nacional de
81
Seguridade Social e o dos servidores públicos é de 2,01% do PIB para 2006, segundo previsão
do Ministério do Planejamento. Além disto, constituem-se em uma fonte de desigualdades
sociais, fazendo com que 47% dos gastos públicos com aposentadorias e pensões se destinem
aos 20% mais ricos (NÓBREGA, 2000).
Outro grande problema apontado pelo mesmo autor é que a Constituição apresenta
algumas distorções que tumultuam o ambiente econômico, tais como:
•
Constitucionalizou tributos em cascata para financiar a seguridade social, em
contradição com o sistema tributário nacional;
•
Recriou o Regime Jurídico Único para o funcionalismo público;
•
Constitucionalizou excessivamente as funções e garantias do Poder Judiciário;
•
Criação da vinculação obrigatória de certas receitas para determinadas despesas,
diminuindo as verbas destinadas a investimentos.
Nóbrega (2000) conclui que o país vem reformulando os principais equívocos
constitucionais, porém a custa de tempo e energia para vencer o complexo processo de
negociação política necessária para tal.
Bielshowsky e Stumpo (1996) consideram que o acesso a informações gerenciais e
tecnológicas dificulta a chegada do Brasil à fronteira da eficiência produtiva internacional .
As maiores falhas de acesso residem em duas áreas;
1- Insuficiência de atividades de pesquisa científica e tecnológica e;
2- Escassez de empresas nacionais no exterior.
Para a primeira, consideram que não é só o governo que investe pouco em Pesquisa e
Desenvolvimento, como, também, não parece haver por parte das empresas interesse em
investir em P&D. A exposição externa das empresas nacionais e a necessidade de adequação
às melhores práticas em mercados em países desenvolvidos, seguramente melhoraria o acesso
a informações gerenciais e tecnológicas (BIELSHOWSKY e STUMPO, 1996). O Brasil tem
aumentado esta participação mas o estoque de capitais brasileiros no exterior alcança cerca de
dois bilhões de dólares contra cerca de setenta bilhões de dólares de capitais estrangeiros no
país (DIAS, 1994).
Bielshowsky e Stumpo (1996) consideram, ainda, os seguintes entraves para o
desenvolvimento do país:
82
•
Não existe maturidade para a combinação desejável entre políticas de melhoria de
infra-estrutura, energia, transportes, ciência e tecnologia, capacitação laboral e outras e
políticas setoriais;
•
O governo não tem como acompanhar adequadamente as práticas desleais dos
concorrentes internacionais;
•
Tem restrições orçamentárias para investimentos em infra-estrutura;
•
Não dispõe de instrumentos suficientemente hábeis para a defesa do consumidor e de
estímulos para a elevação de suas exigências;
•
Não dispões de mecanismos de incentivo à concorrência no mercado doméstico em
áreas críticas para a competitividade da produção nacional;
•
Não avança com uma reforma tributária que elimine os impostos em cascata;
•
Não dispõe de um sistema de crédito abrangente e competitivo com os padrões
internacionais e;
•
Tem restrições de recursos para incentivar a pesquisa tecnológica e capacitação
profissional.
Outra dificuldade importante para o desenvolvimento brasileiro é apontada por
Coutinho (1996), quando considera que o crédito privado no Brasil é outro fator que dificulta
o desenvolvimento brasileiro. É caro e concentrado no curtíssimo prazo. É inexpressiva a
oferta voluntária de empréstimos a longo e médio prazo pelo sistema bancário nacional, e por
outro lado, o acanhado mercado de capitais nacional dificulta a obtenção de financiamento
através de emissão de ações ou outros títulos. Nos últimos anos, a estas características foi
adicionada uma prática quase contínua de juros reais muito elevados como instrumento de
política de controle do processo inflacionário. Coutinho conclui afirmando que alguns dos
maiores problemas brasileiros são:
•
A dificuldade de retomar um crescimento econômico acelerado em face da distorção
das condições de competitividade industrial, que devido aos juros altos inviabiliza o
futuro de um grande número de setores e atividades;
•
A fragilidade competitiva da indústria em todos os setores de alto valor agregado e
conteúdo tecnológico, com competitividade revelada em apenas alguns setores
produtores de commodities de elevada escala de produção e baixo valor agregado;
•
A debilidade estratégica e o reduzido tamanho dos grandes grupos empresariais
brasileiros para atuar no cenário global e;
83
•
A falta de um programa de reformas que reduzissem as fragilidades existentes através
de um projeto de desenvolvimento industrial.
Oreiro, Sicsu e Paula (2003) afirmam que o governo deverá criar um ambiente seguro.
Porém, o conceito de segurança que têm em mente é a constituição de um ambiente
caracterizado por menos incertezas para investimentos em capital fixo. Ou seja, a segurança
necessária para reduzir os riscos do investimento produtivo, levando os investidores a apoiar
projetos de menor liquidez que, no entanto, rendem lucros e geram empregos. O governo não
deve concorrer com a livre iniciativa. Mas, deve investir em projetos que compensem as
quedas de gastos privados para que sustente uma trajetória de crescimento em busca do
aumento do emprego. As ações governamentais de políticas macroeconômicas devem ser
complementares à iniciativa privada (OREIRO, SICSU e PAULA, 2003).
Feijó (2003) considera que desequilíbrios macroeconômicos são a norma e não a
exceção no funcionamento de uma economia de mercado e o governo deve exercer sua
função de gestor para atenuar estes desequilíbrios. E isto deve ser feito em dois planos:
1) no horizonte de curto prazo focando o nível geral de atividade;
2) no horizonte de longo prazo através de políticas setoriais e regionais, visando o aumento
da produtividade, dos salários reais e do nível de emprego.
Feijó indica que a ação coordenadora do Estado, através de políticas macroeconômicas
e industriais, seja um marco e oriente as demais ações políticas. E, considerando os
desequilíbrios na estrutura da produção existentes nos últimos anos, deve ser elaborada uma
política industrial que mude a estrutura produtiva do país. Tal política deve privilegiar setores
de maior conteúdo tecnológico, com vantagens competitivas nos mercados internacionais, de
maneira a aumentar a competitividade e incentivar o investimento em inovação tecnológica.
Além disto, Feijó (2003) verifica que tal atitude não será suficiente, já que a escassez
de postos de trabalho aumentou excessivamente a informalidade nas relações de trabalho.
Grande parcela da população ocupada encontra-se em atividades na chamada economia
informal, com condições precárias de trabalho e remuneração insuficiente. Assim, é
necessária uma política de geração de empregos lastreada no crescimento da economia,
aliada à melhoria da eficiência da mão de obra.
Hermann (2003) apresenta o seguinte conjunto de medidas para os problemas
econômicos brasileiros:
84
a) Redução da taxa básica de juros viabilizando melhores condições de financiamento para os
investidores, além de contribuir para o próprio ajuste interno e externo da economia;
b) Mudança da política de gestão da dívida pública federal na direção de um alongamento e
da redução drástica do grau de indexação à volatilidade do mercado e;
c) Criação de medidas pontuais que criem vantagens compatíveis para os ativos de longo
prazo frente aos de curto prazo, tais como o rebaixamento dos retornos dos ativos de curto
prazo.
Um outro problema que vem sendo verificado pelos estudiosos é o desequilíbrio
regional existente no Brasil. Diniz (2002) afirma que uma das medidas fundamentais para a
economia é a recuperação da capacidade de planejamento do Estado. Crocco (2003) ratifica
tal afirmação, enunciando que existem desigualdades do ponto de vista da produção de bens
e serviços e variáveis financeiras, além de um círculo vicioso nas regiões atrasadas que
impede a oferta e demanda de financiamentos. Este estado de coisas só será modificado pela
intervenção organizada do governo. O que, no entanto, é dificultado
pela falta de
planejamento e má situação das contas públicas. Crocco (2003) continua a exposição de suas
idéias afirmando “ que é necessária uma combinação entre o Estado e a iniciativa privada na
divisão do financiamento do desenvolvimento regional”.
Michel (2003) salienta o fato de que a economia brasileira
convive com uma
reestruturação produtiva resultante da abertura comercial. Com o processo de globalização
houve um aprofundamento da inserção do Brasil na economia mundial. Daí a necessidade de
uma nova estrutura produtiva que exige maiores qualificações. Deste modo, um programa de
qualificação é uma condição necessária, até para evitar o aprofundamento das desigualdades .
Michel (2003) considera que a nova planta produtiva exige um trabalhador que tenha como
perfil básico a habilidade mental em lugar da habilidade manual, ou seja, como afirma o autor
“ aprender a pensar é mais importante que aprender a fazer”. Portanto, a qualificação do
trabalhador tem um duplo benefício. Ao mesmo tempo em que atende às novas exigências da
inserção do país em termos de competitividade, ajuda a melhorar o padrão de desigualdade
existente. Treinamento e qualificação podem não ser suficientes para melhorar a desigualdade
mas, são condições necessárias para tal. Além disto, Michel (2003) alerta para a necessidade
de políticas sociais como instrumento para diminuir o panorama de extrema desigualdade
existente em nosso país.
85
Tabela 7- Distribuição pessoal da renda do trabalho no Brasil de 1981 a 1995
Grupos de
1981
1986
1990
1992
1993
1995
12,1
14,0
13,9
13,1
15,5
13,4
44,9
47,3
48,1
45,1
49,0
47,1
14,5
13,5
12,0
14,0
12,9
13,3
0,9
1,0
0,8
0,8
0,7
1,0
renda
1% mais
rico
10% mais
ricos
50% mais
pobres
10% mais
pobres
Fonte: Michel, 2003.
Leite (2004) mostra uma preocupação extremada com a crescente pobreza no Brasil.
Conclui que o problema só pode ser combatido com políticas públicas que compreendam:
criação de condições para que os próprios pobres possam sair desta situação e
complementarmente o da assistência financeira temporária, enquanto não se alcancem os
resultados das políticas de melhoria da renda. Concordando, assim, com Michel. Leite ( 2004)
considera que falta ao país uma estrutura de planejamento de longo prazo. Não há um projeto
nacional de longo prazo. O autor evidencia a necessidade de
uma estratégia de
desenvolvimento visando conciliar os objetivos nacionais. Assim, acredita que qualquer
estratégia econômica para o país deve conter:
1) A participação conjunta da sociedade, governo, legislativo etc. para optar e estabelecer
prioridades;
2) Propostas de expansão da capacidade produtiva de modo a propiciar aumentos
subseqüentes de produção;
3) Estabelecimento de programas de desenvolvimento de novas tecnologias;
4) Propostas de elevação do nível de educação fundamental;
5) Formação de uma capacitação técnico-administrativa apta a conduzir a análise
comparativa entre benefícios econômicos e agressões ambientais para cada novo
empreendimento e;
6) Estabelecimento da capacidade de planejamento a longo prazo, sem incorrer no erro do
planejamento centralizado.
Encerrada esta discussão sobre os principais problemas brasileiros, é importante que
seja entendido como estes problemas se refletem na construção civil.
86
3.3
OS
PROBLEMAS ECONÔMICOS BRASILEIROS E A INDÚSTRIA DA
CONSTRUÇÃO CIVIL
A análise de diversos economistas brasileiros em relação ao diagnóstico geral de
alguns problemas nacionais, pode ser estendida à indústria da construção civil. É verificado
que grande parte dos problemas analisados, também se aplicam à indústria da construção
civil. Isto acontece devido aos seguintes fatores:
a) Falta de estoque educacional;
b) Baixa capacidade de investimento;
c) Falta de crédito;
d) Altas taxas de juros e;
e) Carga tributária excessiva.
O problema da educação deve ser analisado sob nova ótica já que, como Nóbrega
(2000) ressalta, houve avanços na educação. O problema é que se objetiva quantidade e não
qualidade. As pessoas saem da escola sem saber ler e interpretar textos corretamente, bem
como têm dificuldades nas operações matemáticas. Tal fato tem sido demonstrado pelos
recentes resultados de avaliações feitas pelo Ministério da Educação (CASTRO, 2007). É
necessário investimento em programas de capacitação da mão de obra de maneira a elevar sua
qualidade na construção civil.
O governo poderia considerar a aplicação de ações como aquelas preconizadas por
Feijó (2003) e já citadas, de maneira que haja:
a) Investimento no aumento do estoque educacional do país;
b) Políticas de aumento do emprego e da renda;
c) Políticas de aumento da eficiência da mão de obra.
Com estas medidas serão criadas as condições necessárias para que sejam feitas
reformas estruturantes nas diversas atividades produtivas. E entre essas, atenção especial deve
ser dada à construção civil que, se fortalecida poderá equacionar o problema redução do
déficit habitacional.
A geração da inovação, incipiente no país como afirma Nóbrega (2000), dificulta a
utilização de novas técnicas construtivas ou utilização de novos materiais e processos na
construção civil. A participação das empresas, no país, é baixa no desenvolvimento de
tecnologia, sendo estimada em 30% por Nóbrega (2000) e a das empresas de construção civil
87
é de 3 a 6% (PAEP, 2001), não facilitando a utilização das técnicas de redução de custo
preconizadas por Zanelatto, Yukaren e Fabriis (2003).
Outro grande problema da construção civil é a alta incidência de impostos e o sistema
tributário complexo. Estes fatos dificultam as operações das pequenas e médias empresas da
construção que, de um modo geral, operam com contadores externos que têm dificuldades
com as diversas mudanças de tributos e a complexidade do sistema.
As restrições orçamentárias do governo e a inexistência de um sistema de crédito
abrangente e competitivo, em conjunto com as altas taxas de juro praticadas, sufocam a
construção civil. E, principalmente o ramo imobiliário que, sem acesso ao financiamento, não
tem como suprir as necessidades do déficit habitacional. Como apontado por Coutinho (1996)
o crédito é caro e concentrado no curto prazo.
3.4
A INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL NA ECONOMIA BRASILEIRA
A Construção Civil é integrada por uma série de atividades complexas, ligadas entre si
por uma vasta diversificação de produtos, com processos com grau variado de originalidade,
vinculando-se a diferente tipos de demanda (SEBRAE-MG, 2005). Geralmente, a Indústria da
Construção Civil é classificada nos seguintes subsetores: (i) Subsetor de Materiais de
Construção; (ii) Subsetor de Edificações; (iii) Subsetor de Construção Pesada. Existem, ainda,
outras classificações tal como a que divide o setor em (SEBRAE-MG, 2005) :
a) Edificações.
b) Construção Pesada.
c) Montagem Industrial.
Trata-se, indubitavelmente, de um segmento extremamente importante para o
crescimento e desenvolvimento brasileiros, levando em conta as especificidades do setor, a
saber (SEBRAE-MG, 2005):
1) Elevado efeito multiplicador;
2) Menores necessidades de investimento, devido a baixa relação capital/ produto;
3) Utilização intensiva de mão de obra, incluindo a não qualificada;
4) Responsável por significativa porção dos investimentos e;
5) Reduzido coeficiente de importação.
88
A Indústria da Construção Civil é composta por uma complexa cadeia produtiva, que
abrange setores industriais diversos tais como: mineração, siderurgia do aço, metalurgia do
alumínio e do cobre, vidro, cerâmica, madeira, plásticos, equipamentos elétricos e mecânicos,
fios e cabos e diversos prestadores de serviços como escritórios de projetos arquitetônicos,
serviços de engenharia, empreiteiros etc.
Um perfil setorial da construção civil brasileira, elaborado pelo SEBRAE-MG (2005)
apresenta as seguintes características para o setor:
a) Demanda apresentando forte correlação com a evolução da renda interna e condições de
crédito;
b) Altamente intensivo na geração de emprego, principalmente mão de obra desqualificada.
c) Pequena participação do emprego formal na participação total de empregados ocupados
no setor;
d) Existência de diversos problemas quanto ao cumprimento de normas técnicas e
padronização;
e) Apresenta níveis de competitividade, produtividade abaixo do padrão existente nos países
desenvolvidos e;
f) Apresenta baixa atualização nos aspectos tecnológicos e de gestão quando comparado aos
padrões dos países desenvolvidos.
89
Setor de Extração de
Minerais
Setor Produtor de Materiais
de
Construção.
Comércio de Insumos para a
Construção Civil
Construção Civil
Figura 5 - Estrutura da Cadeia Produtiva da Construção Civil
Fonte: Sebrae-MG,2005
O SEBRAE-MG em estudo do setor, datado de março de 2005, afirma que qualquer
empreendimento, público ou privado, tem em sua estrutura de custos uma parcela
significativa referente à construção civil. Assim, defende a posição de que se forem reduzidas
as ineficiências apresentadas pelo setor, há a possibilidade dos custos de investimento no país
serem reduzidos. O documento ressalta, no entanto, o trabalho positivo realizado neste sentido
por programas como o PBQP-H e outros, que promovem a melhoria da qualidade,
produtividade e aprimoramento dos sistemas de gestão no setor habitacional
90
Tabela 8- Produto Interno Bruto do Brasil e da Construção Civil 1991-2005
Período
Crescimento
Crescimento do PIB-
do PIB-Brasil( %)
Construção Civil( %)
1991
1,03
(1,19)
1992
(0,54)
(6,29)
1993
4,92
4,46
1994
5,85
6,99
1995
4,22
(0,43)
1996
2,66
5,21
1997
3,27
7,62
1998
0,13
1,54
1999
0,79
(3,67)
2000
4,36
2,62
2001
1,42
(2,60)
2002
1,5
(2,50)
2003
0,54
(5,20)
2004
4,94
5,70
2005*
3,50
ND
*Projeção feita pelo IPEA( Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas)
Fonte- CBIC, 2004
Analisando os dados da tabela 9, é esperado que o aumento do PIB estimule a
demanda interna, criando condições para a recuperação do crédito e, por conseguinte,
refletindo positivamente na indústria da construção. Apesar da recuperação positiva da
construção civil em 2004 e da expectativa para 2005, o setor vem perdendo participação
relativa no Produto Interno Bruto. A participação que era de 10,1% em 1988 passou para
7,23% em 2003 (SEBRAE-MG, 2005).
Observa-se que a análise feita através do estudo elaborado pelo SEBRAE-MG (2005),
considera a indústria da construção civil como um segmento homogêneo, como o setor
automobilístico, por exemplo. No entanto, o que caracteriza o setor da construção civil é a sua
heterogeneidade. O Ministério da Indústria , Desenvolvimento, Indústria e Comércio (2002)
apresenta um quadro de fluxos na construção bastante detalhado, que é reproduzido na figura
a seguir, e que servirá para uma análise da construção civil sob a ótica da segmentação. A
definição dos segmentos, adotada pelo MDIC (2002), e mantida neste trabalho, é a seguinte:
91
Venda Direta: feita diretamente do produtor
Grande médio porte: superior a 1000m2 e faturamento acima de R$ 300 mil /mês.
Pequeno porte: inferior a 1000m2 e faturamento abaixo de R$ 300 mil /mês.
Produção:
Produção própria / preço de custo: individualizada, alto padrão, construção por
administração, venda a preço de custo ou mercado.
Produção privada imobiliária: condomínio, incorporação, construção e venda a preço
fechado, no mercado imobiliário.
Produção e gestão estatal: o estado é o gestor da produção ou gestor do financiamento à
produção ou aquisição com objetivos sociais.
Autoconstrução: construção de baixa renda para a própria família ou para venda, construção
individualizada, informal e formal.
Figura 6 - Diagrama de Fluxos
Fonte: MDIC, 2002
Amorim (2002) ressalta o fato de que o diagrama elaborado pelo MDIC (2002) não
contempla todos os fluxos que ocorrem no sentido de produção da cadeia. Foram desprezados
alguns fluxos transversais e pequenos fluxos no sentido da cadeia. O autor elaborou a seguinte
92
tabela, onde apresenta a segmentação do mercado imobiliário de modo mais fácil para
interpretação. Esta segmentação será utilizada para a apresentação de comentários sobre os
diversos segmentos.
Tabela 9-Participação dos segmentos na comercialização de insumos
Fonte: AMORIM, 2002
Os dados da tabela 9 podem ser mostrados em outra formatação de modo que se
relacione a participação de cada segmento no mercado imobiliário, o volume de compras ao
tipo de produção. Isto é demonstrado na tabela 10.
Tabela 10-Participação dos segmentos no mercado e volume de compras
Tipo
de
Participação
no
Volume de compras (%)
Produção
mercado(%) unidades
Produção
8
35
22
32
Gestão estatal
10
5
Autoconstrução
60
28
própria
Privada
imobiliária
Adaptado de Amorim, 2002
Produção própria:
Como se trata de um tipo de habitação individualizado de alto padrão, destina-se a um
pequeno público consumidor de maior poder aquisitivo, explicando, desta forma , a
participação de oito por cento no mercado. Por se tratar de um grupo de alta renda, não está
sujeito à dificuldade de obtenção de financiamento para a construção. Assim, este público
93
pode comprar materiais e serviços de maior qualidade e mais caros, caracterizando o maior
volume de compras (trinta e cinco por cento). Estas habitações são construídas por empresas
de melhor qualificação do mercado, que se utilizam em sua maioria de sistemas de gestão da
qualidade, contribuindo para a melhoria da operação. No entanto, segundo o MDIC (2002),
mesmo neste segmento o avanço tecnológico pouco melhorou devido a fatores como: i) grau
de formalidade da mão de obra, ii) para reduzir custos as empresas terceirizam e, assim,
perdem capacitação técnica e como pagam pouco aos empreiteiros, estes não investem em
capacitação e treinamento.
Privada imobiliária:
Este segmento destina-se à classe de média alta renda, e as unidades são produzidas
através de condomínio, incorporação e construção e venda a preço fechado. Como os demais,
também sofre da falta de normalização técnica, o que é uma característica predominante na
construção civil. As normas existentes focam na prescrição e não no desempenho (MDIC,
2002). Há necessidade de se melhorar o projeto habitacional com maior utilização de
coordenação modular e compatibilização entre subsistemas (MDIC, 2002). Os programas de
gestão da qualidade geraram mudanças em relação ao controle de seus processos e qualidade,
porém há uma demanda pela avaliação dos resultados já que as empresas querem saber se o
investimento foi válido.
Dados de 2003 da Secretaria do Tesouro Nacional, citados por Triana (2006), indicam
que as despesas governamentais na função habitação alcançaram pouco mais de R$ 1,7
bilhão. Os Municípios foram responsáveis por 60,5% do montante aplicado, os Estados
responderam por 32,5% e a União por apenas 7% destes recursos. Em 2004, os valores
mantiveram-se em patamares semelhantes. A grande maioria destes recursos foi destinada
para a habitação de baixa renda. Como a participação do governo é pequena nos
financiamentos do segmento privada imobiliária, não existe , neste segmento, uma indução
por exigência governamental para a utilização de sistemas de gestão da qualidade.
Só as melhores empresas de construção civil praticam as evoluções ocorridas na
última década, mas existe uma tendência de que estas práticas sejam disseminadas pelo
segmento (MDIC, 2002). Os mesmos fatores que prejudicam o avanço tecnológico do
segmento de produção própria são sentidos no setor privado imobiliário.
94
Produção e gestão estatal:
Neste segmento, o estado é o gestor da produção ou do financiamento à produção ou
aquisição com objetivo social. A perda de renda acontecida nos últimos anos no grupo de
média renda baixa, adicionada à diminuição do financiamento habitacional explica a baixa
participação deste segmento no mercado (dez por cento) e no volume de compras (cinco por
cento). Por ser gerido pelo governo, neste segmento, pode-se exigir das empresas que
possuam sistemas de gestão da qualidade. Como os demais, este também, sofre com os
problemas de: i) falta de normalização, ii) falta de investimentos em tecnologia e gestão, iii)
falta de gerenciamento na construção, iv) grau de formalidade da mão de obra (MDIC,2002).
Autoconstrução:
Este segmento atende à média renda baixa (5 a 10 SM) e renda baixa ( até 5 SM).
Portanto, compreende a construção de baixa renda para o uso da própria família ou para a
venda. De uma maneira geral, caracteriza-se por edificações individuais, atendidas pelo
mercado formal ou informal. Neste segmento, por se tratar de baixa renda, a falta de recursos
para financiamento é mais acentuada. E, tanto a cadeia de construção quanto o governo, não
conseguem suprir esta deficiência. Devido à dificuldade de financiamento esta parcela do
mercado consumidor é forçada à produção informal. Com a restrição de acesso ao mercado e
carência de programas governamentais, os custos de construção elevam-se e a qualidade é
muito baixa, conforme dados do MDIC (2002).
Em relação à autoconstrução, observa-se a falta de políticas de apoio e uma baixa
capacidade de regulação e coordenação. Outro problema que afeta este segmento é a escassez
de normalização técnica e a informalidade, prejudicando, ainda mais, a produtividade com
perdas e desperdícios maiores (MDIC, 2002). Oliveira (2006) acredita que a autoconstrução
tem potencial para reduzir o problema do déficit habitacional, desde que sejam solucionados
problemas como:
1. não conformidade;
2. baixa qualidade e;
3. informalidade da mão de obra.
Tais problemas também podem ser amenizados através de políticas governamentais
(MDIC, 2002). A tendência da autoconstrução e da construção informal é crescer, devido ao
aumento constante das necessidades habitacionais em regiões de menor infra-estrutura. Logo,
existe a possibilidade de que a participação no mercado e no volume de compras seja
95
incrementada. E desta forma, é criada uma oportunidade para que as empresas da cadeia da
construção civil se posicionem neste mercado, desde que tenham em mente a necessidade de
redução de custos, melhoria da qualidade e utilização da mão de obra local com os devidos
cuidados de qualificação. Para isto, podem ser utilizados exemplos como o da Cemex
(PRAHALAD, 2005). A Cemex é uma empresa mexicana que fabrica e vende cimento bruto,
sendo o terceiro produtor mundial. Esta empresa criou um modelo interessante de aumentar
vendas, ao formar grupos nas áreas pobres do México. Através destes grupos, identificou
maneiras de proporcionar crédito às pessoas pobres, ensinou métodos e práticas de construção
para reduzir custos e ao mesmo tempo aumentou suas vendas. O exemplo citado apresenta
diversas soluções que podem ser aplicadas pelas PMEs da construção civil. Estas podem se
associar a órgãos de financiamento, visando à provisão de recursos para o público de média
renda baixa e renda baixa. Deve ser observado que esta política já é adotada, com sucesso, por
organizações de outros segmentos.12 As PMEs devem considerar que o público alvo tem
como prioridade a adequação do desembolso financeiro à sua capacidade de pagamento. Uma
outra possibilidade é a parceria com associações de moradores para que as PMEs ofereçam a
este público as vantagens da construção formal como qualidade, segurança, custo adequado,
redução de desperdícios e o treinamento em técnicas construtivas e a utilização deste público
como mão de obra. Outras providências, já citadas anteriormente, também podem ser
consideradas.
Neste capítulo, foi mostrada uma breve descrição da evolução econômica brasileira
nas décadas recentes, as transformações econômicas que o país atravessou e os problemas
decorrentes destas transformações. Foi traçado um panorama demonstrando como as
instabilidades econômicas brasileiras afetam a construção civil, principalmente nas PMEs,
causando problemas de qualidade e produtividade, perdas e desperdícios, acidentes de
trabalho e outros. Verificou-se a importância da indústria da construção civil no cenário
econômico e como é parte integrante da solução de problemas como redução do déficit
habitacional, dos altos índices de desemprego etc. Vislumbraram-se maneiras de como as
PMEs podem auxiliar na melhoria da qualificação profissional e aprimoramento das
condições de habitação e segurança das autoconstruções, e neste caso foi citado o exemplo da
Cemex.
Os problemas da construção civil causados pela situação da economia do país podem
ser minorados através de medidas como melhoria contínua, gerência do conhecimento,
12
Um exemplo é o modelo de vendas adotado pelas Casas Bahia, que tem como foco o público de baixa renda.
96
introdução de melhores prática de planejamento, visão global, conhecimento do mercado e da
concorrência dentre outras. Isto é conseguido com a utilização de Sistemas de Gestão da
Qualidade que permitem às empresas conhecerem seus pontos deficientes e traçarem
estratégias visando ao aprimoramento contínuo, e se adaptarem às mutações do ambiente.
Assim, é importante que se conheça qual a situação da qualidade na construção civil
brasileira, os programas existentes, e como podem ser melhorados. Com o aprimoramento dos
programas existentes o empresário das PMEs da construção civil obterá melhores condições
de sobreviver no ambiente global de nossos dias. E a melhoria contínua é determinante para
isto. Desta forma, descreve-se, a seguir, a situação da qualidade na construção civil brasileira
4.
A EVOLUÇÃO DA QUALIDADE NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL
BRASILEIRA
A qualidade resulta da participação dos profissionais nos processos construtivos,
utilizando-se das ferramentas colocadas à sua disposição. Portanto, é importante que se
conheça o perfil dos trabalhadores envolvidos na construção civil. Assim, o capítulo é
iniciado com uma descrição destes trabalhadores, seu perfil e as condições em que exercem
suas funções. É importante, também, que sejam detalhadas as tendências e principais
características do segmento em estudo, qual o panorama da certificação ISO 9000 na
construção civil e discutidos os principais programas de qualidade da construção civil . Com
este procedimento será possível entender a atual situação da qualidade na construção civil e os
fatores que atuam na cadeia produtiva, facilitando ou dificultando sua obtenção, bem como,
propor melhorias para os programas existentes.
4.1
OS TRABALHADORES E A CONSTRUÇÃO CIVIL
A construção civil brasileira vem passando por um processo de mudanças e re-
estruturações que alterou diretamente o dia-a dia dos empregados e do movimento sindical do
setor, segundo a visão de órgãos como o DIEESE (2001). Aproximadamente 5,4 milhões de
pessoas são empregadas na construção civil. Além disto, é possível afirmar, segundo o
DIEESE (2001), que “ para cada cem empregos diretos gerados na construção civil, outros
285 postos de trabalho são abertos em atividades ligadas ao macro-setor”. No entanto,
somente 954.000 (20,1%) estão empregados com carteira profissional assinada. Os demais se
dividem da seguinte forma:
a) Empregados sem carteira assinada- 30,8% do total.
b) Trabalhadores por conta própria- 41% do total.
98
c) Trabalhadores ocupados na construção da própria casa ou sem remuneração- 3,7% do
total.
d) Pessoas ocupadas como empregadores- 4,3% do total.
Cerca de 3.400.000 pessoas ocupadas na construção civil não contribuem para a
Previdência Social, em sua maioria têm jornada de trabalho superior ao limite legal e ganham
menos de cinco salários mínimos (DIEESE,2001).
Situação dos Ocupados na Construção Civil1999
120,00%
Percentual
100,00%
80,00%
60,00%
Seqüência1
40,00%
20,00%
0,00%
1
2
3
4
Categorias
5
1-Em pregados
s em carteira30,8%
2- Por conta
própria- 41%
3Trabalham
mais de 44 hs 48,8%
4-Não
Contribuem
INSS-72,4%
Total ocupados
C
t Ci il
Figura 7- Situação das Pessoas Ocupadas na Construção Civil
Fonte: PNAD,1999
Estudos feitos pelo DIEESE (2001) apresentam os seguintes pontos principais em
relação à situação dos trabalhadores na Indústria da Construção no estado de São Paulo:
a) A dinâmica de trabalho na construção civil é marcada pela estrutura de ofício. Em São
Paulo, 42,6% dos trabalhadores na construção civil são pedreiros e 19,5% são serventes;
b) A diferenciação regional dos rendimentos é outra característica do setor;
c) Existe uma rotatividade muito grande de mão de obra no setor. Em São Paulo, por
exemplo, 52,8% dos empregados não completam um ano na mesma empresa;
99
d) Os trabalhadores do setor compõem a base da pirâmide social urbana e a construção civil
aloca um grande contingente dos trabalhadores mais pobres;
e) Existe uma baixa taxa de escolarização entre os empregados da construção civil;
f) Há um grande número de migrantes como empregados da construção civil e;
g) A construção civil é composta, na grande maioria, por trabalhadores do sexo masculino,
com média de idade superior à dos demais setores da economia.
Tabela 11- Tabela comparativa entre Regiões Metropolitanas quanto a Média de Anos de
Estudo e % de Analfabetismo 1998 /99
Regiões
Idade Média
Anos de Estudo
Taxa de Analfabetismo
Belo Horizonte
36
5
6,6%
Distrito
37
5
10,1%
Porto Alegre
38
6
4,3%
Salvador
36
6
9,2%
São Paulo
36
5
12,7%
Recife
35
5
16,1%
Metropolitanas
Federal
Fonte; DIEESE,2001
Tabela 12- Condição de Migração por Regiões Metropolitanas- 1998/ 99
Regiões Metropolitanas
Migrante
Belo Horizonte
58,6%
Distrito Federal
86,1%
Porto Alegre
60,5%
Recife
35,8%
Salvador
54,6%
São Paulo
76,4%
Fonte: DIEESE, 2001
As empresas têm buscado uma maior flexibilização dos contratos de trabalho e da
jornada. Associados a isto, observa-se uma tendência à sub-contratação e à terceirização na
maioria dos empreendimentos. Logo, há uma redefinição nas relações entre o capital e o
trabalho na construção civil. Verifica-se uma simplificação da terceirização no sentido de
reduzir custos, já que as empresas contratam sub-empreiteiros com a finalidade precípua de
deixar de pagar os custos sociais e terceirizar os riscos do passivo trabalhista. Estes fatos são
corroborados por levantamentos do DIEESE (2001).
100
Na seção seguinte serão apresentadas as tendências da indústria da construção civil.
4.2
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL
NO BRASIL
As transformações ocorridas no país nas últimas décadas geraram mudanças nos
aspectos sociais, econômicos e políticos que forçaram novos posicionamentos no
comportamento empresarial. Como já comentado, o país deixou de ser uma economia agrária,
com população eminentemente rural, para tornar-se uma economia industrial e de serviços,
com a maior parte da população vivendo no ambiente urbano. Apesar deste ambiente mutante,
Fossati (2004) considera que a indústria da construção civil permaneceu com uma postura
reativa, se contrapondo a transformações, ao contrário do ocorrido em outros ramos
industriais, onde houve uma adaptação bem mais rápida aos novos tempos de maior
competição, exigências maiores dos clientes e maior abertura aos novos padrões gerenciais e,
assim, facilitando as metodologias para desenvolvimento da qualidade. Amorim (1995)
diverge do exposto por Fossati (2004), pois sustenta que o Estado brasileiro utilizou uma
política tecnológica atrasada, onde através de artifícios e instrumentos legais, incentivava
técnicas intensivas em mão de obra na construção civil, em detrimento
da atualização
tecnológica.
Na construção civil, devido a particularidades próprias do setor, alguns conceitos e
programas de desenvolvimento da qualidade estão longe de se configurar uma realidade. A
adaptação da norma ISO 9000 na construção civil ainda é difícil para garantir resultados
adequados para a qualidade de um empreendimento em construção. Autores como Santos
(2003) afirmam que:
“ o principal problema está na proposição para a qual a norma foi concebida,
pois originalmente ela foi estruturada para atender `a tipologia da indústria
de produção seriada onde a relação cliente-fornecedor é biunívoca e estável,
os processos e as atividades de produção são repetitivos, a demanda pode ser
analisada mais detalhadamente e os custos diretos e indiretos são
pulverizados ao longo do processo”.
No entanto, não é o que acontece na construção civil que não tem produção seriada.
Sua característica é a produção unitária, sem quase nenhuma padronização, pouca
automatização e grande número de instrumentos.
101
Outros autores como Silva (2000) expõem mais fatores que dificultam a
implementação de Sistemas de Gestão da Qualidade na construção civil tais como: i) O
cliente é conhecido e interfere de forma ativa na concepção e execução do empreendimento;
ii) Os projetos e as obras são feitos de modo separado; iii) Há alta rotatividade e baixa
capacitação da mão de obra e, assim, o treinamento fica dificultado; iv) O trabalho é, na
maioria das vezes, feito com baixo nível de automatização; v) A identificação dos problemas é
feita durante a produção; vi) Há um grau elevado de incerteza durante o planejamento e; vii)
Não existe o hábito de se fazer reuniões de avaliação do empreendimento nem avaliações pósocupação, o que impede a melhoria contínua e o aprendizado.
Além dos fatores já enumerados, Verdi (2000), apoiando-se em Bobroff (1993) e
Amorim (1998), afirma que, também, os projetos de engenharia nesta indústria possuem
características e peculiaridades que os diferenciam em relação aos projetos seriados:
1) A confecção de um projeto ainda é de certa maneira uma atividade artesanal com cada
produto sendo produzido individualmente por uma ou mais pessoas. Embora haja a utilização
da informática, cada documento é uma unidade distinta e não há grau de comparação com
uma produção seriada;
2) Um projeto é constituído de uma grande quantidade de desenhos, especificações,
memoriais etc. e não é o resultado único de uma produção seriada. Assim, o nível de
qualidade do todo deve ser o mesmo das partes;
3) A qualidade final de um projeto é revelada na sua execução e o cliente não consegue
detectar todas as falhas no recebimento. Muitas vezes as falhas só são identificadas em fases
avançadas da construção, onerando o empreendimento;
4) O grande número de envolvidos no processo de projeto (usuários, clientes, projetistas,
financiadores, construtores) com interesses muitas vezes divergentes e relações contratuais
pouco definidas, implica em que a definição do conceito de qualidade fique na dependência
dos diversos participantes. Já para bens de consumo, o usuário e o comprador são a mesma
pessoa e;
5) A improvisação é uma constante. Não se investe tempo em planejamento e atividades
como estudos de construtabilidade e, assim, a atividade tem que ser revista e refeita no
canteiro.
102
4.3
TENDÊNCIAS DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL
A Indústria da Construção Civil não apresenta um grau acentuado de automatização e
modernização. A utilização de máquinas na construção é comum apenas em grandes obras de
Construção Pesada. No entanto, diversas modificações estão sendo introduzidas. A utilização
de componentes industrializados como argamassas industrializadas e concreto usinado é um
exemplo desta tendência. Há, também, uma redução pequena nos postos de trabalho, resultado
da conjuntura política e econômica (SEBRAE-MG, 2005).
A falta de investimentos em obras públicas de grande porte tem feito com que os
empresários atuantes neste segmento se desloquem para obras privadas de menor porte tais
como: edifícios residenciais, shopping centers etc. Mas, deve ser levado em conta que o Brasil
é um país com uma carência grande de infra-estrutura e com um déficit habitacional
considerável. Logo, há um mercado de grande
potencial. No segmento de moradias, a
construção e reforma de residências unifamiliares têm apresentado grande participação no
mercado da construção. Estes empreendimentos são conduzidos, em geral, por profissionais
autônomos. São obras lentas por serem financiadas com recursos próprios dos proprietários
(MDIC, 2002).
Observa-se uma nova tendência na construção civil com empresas grandes se
dividindo em outras menores e especializadas, terceirizando parte de suas atividades. De
acordo com estudos do SEBRAE-MG (2005) e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior (2002) são as seguintes as principais tendências para a Indústria da
Construção Civil:
1) A necessidade da retomada do investimento em infra-estrutura e de redução do déficit
habitacional brasileiro, condições indispensáveis para um crescimento sustentado da
economia brasileira e para a melhoria das condições de vida do povo, contribuirão para uma
evolução do setor;
2) Nos segmentos de alta e média renda , onde predomina a construção formal, haverá uma
redução do desperdício e do tempo de construção, aumento da qualidade, maior qualificação
da mão de obra como resultado dos programas de melhoria contínua, certificação,
treinamento e qualificação tais como PBQP-H, SENAI etc;
3) As medidas programadas pelo governo para incentivar o setor (já listadas em outra seção
deste trabalho) visando a aumentar recursos destinados à habitação para a aquisição de
imóveis e materiais de construção possibilitarão o crescimento do segmento;
103
4) Uma tendência a utilizar elementos pré-fabricados e o aço em sistemas construtivos. O
aço é uma solução que proporciona mais agilidade, menores prazos, maior qualidade e
redução do desperdício. Apesar da pouca utilização do aço, as grandes siderúrgicas têm
mostrado interesse em investir no segmento. Se este for mais utilizado, haverá uma
tendência dos fabricantes de concreto para o desenvolvimento de tecnologias inovadoras
preparando-se para a competição e;
5) Deverá haver uma intensificação das exportações dos serviços de engenharia de
construção civil para mercados selecionados como América do Sul e Central desde que
sejam resolvidos problemas de financiamento, indispensável em obras neste segmento,
reconhecimento e equivalência de diplomas etc.
4.4
A QUALIDADE NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL BRASILEIRA
Apesar das especificidades da construção civil e da conclusão de que o formato desta
indústria é diferente da produção em série, não há impedimentos para que se busquem
soluções para implementar Sistemas de Gestão da Qualidade no setor, objetivando a melhoria
contínua. Snyder (1993) apresenta um caso bem sucedido de mudança em busca da qualidade
e defende um processo de melhoria de desempenho. Esta metodologia foi estudada por
Melhado (1994) que considera haver vários pontos de interesse para que seja aplicada a uma
empresa de construção civil. As etapas do processo proposto por Snyder (1993) são:
1) Escolha precisa de um ponto a ser focalizado para melhoria;
2) Definição do processo atual e seu fluxograma;
3) Identificação dos pontos críticos, de comportamento ou rotinas estabelecidas;
4) Definição de indicadores para medida do progresso obtido;
5) Estabelecimento da linha de partida (desempenho atual);
6) Escolha das metas a serem atingidas;
7) Elaboração do plano de ação: programas, remoção de barreiras, implementação de novas
idéias;
8) Identificação de ligações a serem estabelecidas com outras áreas ou empresas, bem como
o tipo de envolvimento que será necessário em cada caso;
9) Dar retorno aos participantes através de informações sobre os resultados obtidos e;
10) Revisão dos itens três, seis e sete para readequar o processo.
Os pontos apresentados por Melhado (1994) são os seguintes:
104
1) Deve ser feito, inicialmente, um diagnóstico da empresa ou de um processo da mesma,
antes de qualquer outra iniciativa de qualidade, para que se tenha objetividade e
direcionamento de ações a serem empreendidas;
2) Deve haver um sistema de apropriação de dados bastante completo para que se possa
aferir os resultados do programa em comparação aos resultados anteriores (muitas
construtoras não possuem tal sistema);
3) Devem ser motivados todos os setores e indivíduos direta ou indiretamente envolvidos a
seguir os princípios e metas do programa.
A introdução de conceitos de qualidade é uma nova tomada de consciência na
construção civil, forçando as empresas a um posicionamento. Este movimento não é novo e já
está presente em outros países.
É observada uma tendência na indústria da construção civil visando à introdução de
Sistemas de Gestão da Qualidade. Dados do PBQP-H (2005) mostram que em agosto de 2005
havia 1202 empresas qualificadas no Brasil, 3000 em processo de qualificação, sendo 502
apenas na região Sudeste e 28 programas setoriais de melhoria da qualidade em andamento.
Especialmente no estado de São Paulo, observa-se uma mobilização maior pela qualidade
desde a criação do Qualihab, que é uma certificação evolutiva para o setor da construção civil
e que vem sendo exigida pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano
(CDHU) para contratação das obras habitacionais executadas pelo governo paulista.
O Sistema de Gestão da Qualidade nas empresas construtoras abrange desde a
elaboração do projeto até a assistência pós-venda (CTE,1993). Silva (1996) afirma que o
cliente final, externo ao processo produtivo, recebe um produto onde existem uma série de
relacionamentos clientes-fornecedores garantindo a qualidade final deste produto. Observa-se,
na afirmação da autora, a definição precípua de um Sistema de Gestão da Qualidade, onde
deve existir uma definição objetiva do relacionamento cliente-fornecedor e o estabelecimento
dos requisitos de qualidade entre cliente- fornecedor. A identificação dos níveis de qualidade
em relação aos produtos, informações, dados, recursos permite que se estabeleçam
procedimentos padronizados. De acordo com Silva (1996) “a elaboração destes
procedimentos por sua vez, por meio de métodos adequados para a identificação de
processos, permite que sejam detectadas oportunidades e necessidades de melhorias, fazendo
com que os padrões não sejam estanques e inibidores de inovações”.
Devido à heterogeneidade dos fornecedores de materiais, serviços, componentes e
equipamentos é no produto recebido destes fornecedores que as empresas de construção civil
105
estão mais expostas no tocante à qualidade final. Entretanto, não há entre todos os
fornecedores de materiais, serviços, componentes e equipamentos, principalmente aqueles que
atendem às pequenas e médias empresas da indústria de construção civil,
uma
conscientização uniforme em relação à implantação de Sistemas de Gestão da Qualidade. De
acordo com Fabrício e Melhado (2002) os fornecedores da indústria da construção civil estão
divididos em vários segmentos. Existem desde grandes empresas nacionais e multinacionais
até pequenas e médias empresas, que atuam localmente. Martucci constatou, em estudo de
1990, que as pequenas e médias empresas locais atuam com produtos e serviços elaborados
por processos pouco refinados e sem grande tecnologia. Esta constatação permanece válida no
quadro atual. Em outro extremo, existem produtos e serviços tais como tintas,
impermeabilizantes, louças, metais, etc.
produzidos por empresas de porte, nacionais e
multinacionais, com processos industriais refinados e tecnologia avançada (MARTUCCI,
1990). Enquanto, de um modo geral, as pequenas e médias empresas não possuem sistemas de
qualidade, as de porte os possuem. A diversidade do estágio de qualidade dos fornecedores
dificulta a implantação de procedimentos de qualificação. Entretanto, o setor vem obtendo
avanços. A meta estabelecida pelo PBQP-H para o ano de 2002 era elevar para 90% o
percentual médio de conformidade de produtos que compõem a cesta básica13 de materiais de
construção. Em 2000, o percentual médio de não conformidade técnica dos materiais e
componentes estava em torno de quarenta por cento (Gerência Setorial de Construção CivilBNDES, 2001). Atualmente, março de 2006, foi alcançada uma redução do índice de não
conformidade de materiais. Constata-se um avanço significativo na qualidade dos materiais e
componentes da construção civil. A meta em alguns segmentos foi superada e está próxima de
100% (PBQP-H, 2006), o que pode ser demonstrado por alguns dados retirados do PBQP-H
(2006).
13
Para definição dos produtos que compõem a cesta básica de materiais de construção ver
http://www.cidades.gov.br/pbqp-h .
106
Tabela 13: Materiais e Índices de Conformidade
Material
Índice de conformidade
Argamassa Colante
75,50 %
Barras e Fios de Aço
98,50 %
Blocos Cerâmicos
não apurado pelo gerente do
programa
Blocos de Concreto Estrutural e de Vedação
não apurado pelo gerente do
programa
Caixas de Descarga não Acopladas
não apurado pelo gerente do
programa
Caixilhos, Janelas e Portas de Aço
não apurado pelo gerente do
programa
Cal Hidratada para Construção Civil
75,60 %
Cimento Portland
98,66 %
Esquadrias de Alumínio
Fechaduras
não apurado pelo gerente do
programa
75,00 %
Janelas e Portas de PVC
não apurado pelo gerente do
programa
Lajes Pré-fabricadas
não apurado pelo gerente do
programa
Louças Sanitárias para Sistemas Prediais
86,70 %
Metais Sanitários e Aparelhos Economizadores de
Água
74,00 %
Perfis de PVC para Forros
69,00 %
Placas Cerâmicas para Revestimento
88,50 %
Reservatórios de Água em Poliolefinas e Torneiras de
Bóia para Sistemas Prediais
91,00 %
Reservatórios de PRFV (Poliéster Reforçado com Fibra
de Vidro)
70,00 %
Telhas de Aço
Teste
Tintas Imobiliárias
não apurado pelo gerente do
programa
75,00 %
não apurado pelo gerente do
programa
Tubos de Aço-Carbono para Uso Comum na Condução
de Fluidos e Conexões de Ferro Maleável
70,00 %
Tubos de PVC para Infra-Estrutura
88,30 %
Tubos e Conexões de PVC para Sistemas Hidráulicos
Prediais
92,00 %
Tubulações de PRFV para Infra-Estrutura
Fonte: PBQP-H, 2006
não apurado pelo gerente do
programa
107
Para a implantação de Sistemas de Gestão da Qualidade é necessário estabelecer
relacionamentos neste sentido entre as construtoras e projetistas, revendas de materiais de
construção, incorporadoras, empresas responsáveis pela venda. Não há, ainda, um movimento
no sentido de desenvolver um Sistema de Gestão da Qualidade para estes componentes da
cadeia produtiva. Porém, observam-se ações de construtoras e escritórios de projeto que
objetivam desenvolver medidas neste sentido (ALVES,1995).
Sjoholt (2000) destaca que, para a Construção Civil, um dos objetivos do setor,
considerando a nova versão das normas ISO 9000, deve ser preconizar suas aplicações no
processo como um todo, paralelamente à sua inserção no raio de ação de cada agente
envolvido no empreendimento. O mesmo autor ressalta que o conceito e suas aplicações ainda
não foram apreendidos pelos participantes da cadeia produtiva da Indústria da Construção
Civil.
Os benefícios almejados pelas empresas dependem de uma série de fatores, estando a
qualidade dentro deste contexto. A qualidade deve ser entendida “como uma ferramenta para
aumentar a competitividade das empresas” (DTI,1993), necessária à sobrevivência e ao
desenvolvimento dentro do mercado em que atuam.
As mudanças observadas nos diferentes setores industriais apresentaram reflexos
diferentes sobre os mercados. Um dos efeitos verificados na construção civil é a alteração da
concepção das construtoras que, influenciadas por fatores como: a estabilidade econômica, o
acirramento da concorrência, sentiu, como ressalta Barros (1998) a “necessidade de oferecer
um produto economicamente acessível e que satisfaça às exigências dos clientes”. Os
dirigentes das construtoras têm a necessidade de aumentar a eficácia do processo produtivo
através de ações para melhoria da gestão do processo produtivo, buscando o que Cardoso
(1998) define como “um aumento da eficiência do sistema de produção como um todo e,
conseqüentemente, de capacidade competitiva para a empresa”. A empresa de construção é,
então, levada à adoção de medidas para reduzir custos sem prejuízo da qualidade final do
produto.
Os Sistemas de Gestão da Qualidade e os programas específicos de certificação foram
difundidos para as empresas de construção como um mecanismo a ser seguido, de modo que
o produto final tivesse qualidade, satisfazendo o consumidor final e, em ultima análise,
garantindo a sobrevivência da própria organização. Santos (2003) considera que inicialmente,
houve relutância das empresas em aplicar as normas de qualidade. A certificação era tida
108
como um diferenciador da organização no mercado. Com uma maior imposição do poder de
compra do Estado, estas passaram a empregar as normas e conceitos com maior abrangência
Observa-se, também, uma maior ênfase nos trabalhos acadêmicos relacionados com os
Sistemas de Gestão da Qualidade, principalmente voltados para as edificações, o que pode ser
visto pelos diversos artigos, dissertações e teses relacionados na bibliografia.
Existem vários fatores que são importantes para a melhoria da qualidade na cadeia
produtiva da construção civil. Estes fatores são detalhados em seguida.
4.5
FATORES ATUANTES NA QUALIDADE DA CADEIA PRODUTIVA DA
CONSTRUÇÃO CIVIL, SEGMENTO IMOBILIÁRIO
Para a obtenção da qualidade na cadeia produtiva da Indústria da Construção Civil
diversos fatores e atores atuam e são importantes, devendo haver um comprometimento de
todos para a obtenção da melhoria da qualidade. Autores como Maciel e Melhado (1995),
Feigenbaum (1994) e Juran (1992) dentre outros consideram que a qualidade do produto final
é resultante do desempenho em todas as etapas do ciclo de produção. Existem diversos
intervenientes no processo e alguns fatores e atores devem ser considerados para a melhoria
da qualidade. Em seguida são listados alguns destes:
Comunicação e Motivação:
Para Meseguer (1991) a comunicação e a motivação exercem influência na qualidade.
A comunicação deve ser:
a) Clara;
b) Com um fluxo contínuo de informações entre administração e trabalhadores e;
c) Deve ser mantida a cooperação de modo que haja levantamento dos pontos de melhoria e
a busca da solução para os mesmos.
Em relação à motivação, o autor julga que, devido a dificuldade de se trabalhar este
aspecto nas organizações, o trabalhador deve ser envolvido no processo produtivo.
Fase de Projeto:
Souza et al (1995) dão ênfase à fase de projeto para a obtenção da qualidade quando
afirmam que:
109
“é na fase de projeto que acontecem a concepção e o desenvolvimento do
produto, que devem ser baseados na identificação das necessidades dos
clientes em termos de desempenho, custos e das condições de exposição a
que será submetido o edifício. A qualidade da solução de projeto
determinará a qualidade do produto e, conseqüentemente, condicionará o
nível de satisfação dos usuários finais”.
No entanto, no Brasil, não se dá a devida importância à fase de projeto como é dada
em outros países. De acordo com Tan e Lu (1995) esta fase é responsável por 3 a 10% do
custo total. Silva (2007) considera que um grande avanço na qualidade da construção pode ser
alcançado a partir de uma melhor qualidade dos projetistas. É nesta fase que são tomadas as
decisões de maior repercussão nos custos, velocidade e qualidade dos empreendimentos.
Durante a fase de projeto, alguns fatores interferem na qualidade do produto final tais
como a compatibilização de projetos. Assim, é muito importante que aspectos de
compatibilização de projetos e detalhes construtivos não sejam deixados para a fase de
construção. Tal fato é ressaltado por Silva (2007). Além da compatibilização de projetos, os
desenhos a serem utilizados durante a fase de construção devem ser acompanhados de
detalhes suficientes para que a leitura e interpretação do projeto possam ser realizadas com
clareza (PRUDÊNCIO, 1995). Sem a devida atenção a esses fatores, vários problemas podem
vir a ser gerados tais como os citados por Silva (2007): baixa qualidade dos materiais
específicos, especificação de materiais incompatíveis, detalhamento insuficiente ou
equivocado,
detalhamento construtivo inexeqüível,
dimensionamento,
falta de padronização e
erro de
comprometendo o desempenho e a qualidade global do ambiente
construído.
Planejamento:
Maciel e Melhado (1995) incluem o planejamento como um fator importante para a
obtenção da qualidade final, já que segundo os autores, a partir do projeto final faz-se uma
análise, quando então, são determinados todos os aspectos que deverão ser observados para
que seja obtido o nível de qualidade estabelecido. É muito importante o estabelecimento de
“pontos de verificação” para avaliar o grau de qualidade em relação aos requisitos antes de se
passar para a etapa seguinte.
110
Execução:
Na etapa de execução, Meseguer (1991) afirma ser necessário o estabelecimento de
procedimentos que definam as operações de construção, e sobretudo, que se crie uma
estrutura capaz de coordenar e controlar a qualidade do trabalho. Esta afirmação é
corroborada por Souza et al (1995) para quem a qualidade na execução da obra depende da
qualidade no gerenciamento da obra, no recebimento de materiais e equipamentos e na
execução dos serviços em cada etapa.
Mão de Obra:
Ribeiro (2003) ressalta a questão da mão de obra em relação a obtenção de qualidade
na construção civil. Não se pode pensar em melhoria da qualidade sem que a capacitação e
motivação da mão de obra sejam consideradas. Esta autora apresenta como principais
problemas: alta rotatividade da mão de obra, os baixos salários e a falta de capacitação dos
operários.
Materiais e Fornecedores:
A maioria dos materiais utilizados na construção civil vem de outras indústrias.
Meseguer (1991) classifica os materiais produzidos industrialmente em materiais tradicionais
e não tradicionais. Para estes não há normas e especificações, portanto é necessário um rígido
controle por parte das empresas. Para aqueles, a existência de normas e especificações facilita
o controle. O estabelecimento de rotinas para a inspeção de materiais no ato de entrega, além
de orientações para o armazenamento e transporte são medidas fundamentais para a garantia
da qualidade do produto final. A qualificação e avaliação dos fornecedores passa a ser uma
boa norma de gestão, garantindo, assim, o relacionamento fornecedor/ construtora diminuindo
a necessidade de inspeções mais detalhadas no recebimento de materiais no canteiro de obras.
Com a articulação de todos os agentes da cadeia produtiva da Indústria da Construção Civil,
consegue-se uma melhor qualidade do produto final, melhor posicionamento competitivo da
organização e a satisfação do cliente final. O PBQP-H, conforme os números mostrados
anteriormente, apresenta bons resultados neste aspecto. Os números de não conformidade da
cesta básica da construção reduziram-se muito.
111
4.6
A CERTIFICAÇÃO ISO 9000 NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL
BRASILEIRA
O Brasil tem uma pequena participação mundial em relação a empresas certificadas
ISO 9000, com cerca de 1,3 % do total de certificações, conforme dados do Inmetro (2006).
Entretanto, o país representa cerca de 57,5 % das certificações da América do Sul. Os estados
mais desenvolvidos da federação possuem 81,9% das certificações brasileiras.
As empresas de construção com 874 certificações representam 11,9% do total das
certificações brasileiras (Inmetro, março 2006). Comparando este número com a participação
do setor no PIB brasileiro que era de 7,23% em 2003 (SEBRAE-MG, 2005), pode ser inferido
que a participação das empresas de construção civil é representativa.
A Pesquisa Anual da Construção Civil 2003 (IBGE, 2003) registrou 118.993 empresas
de construção civil no Brasil, assim distribuídas:
Região Norte= 5.626 empresas
Região Nordeste= 19.653 empresas
Região Sudeste= 56.309 empresas
Região Sul= 30.024 empresas
Região Centro-Oeste= 7.381 empresas
A Pesquisa Estatística do IBGE-2003, referente às empresas brasileiras, registrou
4.679.825 unidades legais ativas com inscrição no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas
(CNPJ), distribuídas da seguinte forma:
Região Norte= 109.276 empresas
Região Nordeste= 717.689 empresas
Região Sudeste= 2.408.039 empresas
Região Sul= 1.114.307 empresas
Região Centro-Oeste= 330.514 empresas
As 874 certificações ISO 9000 válidas para a área da construção civil, conforme o
Inmetro em março/ 2006, são assim distribuídas:
Região Norte= 21 empresas
112
Região Nordeste= 194 empresas
Região Sudeste= 439 empresas
Região Sul= 120 empresas
Região Centro-Oeste= 100 empresas
O total de 7.342 certificações ISO 9000, abrangendo todas as empresas certificadas,
distribuem-se conforme listado em seguida (Inmetro, março 2006):
Região Norte= 235 empresas
Região Nordeste= 700 empresas
Região Sudeste= 4.614 empresas
Região Sul= 1.493 empresas
Região Centro-Oeste= 300 empresas
Dos números apresentados podem ser feitas comparações, verificando-se o percentual
de empresas de construção certificadas em relação ao total de empresas de construção por
região. O mesmo pode ser feito para o total de empresas certificadas em relação ao número
total de empresas registradas no CNPJ por região. Os resultados são mostrados na tabela 14.
Tabela 14- Comparação entre os percentuais de empresas certificadas da construção civil e o
percentual de empresas brasileiras certificadas por região
Região
%
empresas
construção
certificadas /total de empresas
% empresas certificadas/ total
geral de empresas no CNPJ.
de construção
Norte
0,37%
0,21%
Nordeste
0,98%
0,098%
Sudeste
0,77%
0,193%
Sul
0,39%
0,13%
Centro-Oeste
1,35%
0,091%
Fonte: elaborada pelo autor, 2006
Observa-se que 0,73% das empresas de construção civil são certificadas, enquanto
apenas 0,15% do total das empresas brasileiras o são. Dos números expostos, conclui-se que
a construção civil tem uma melhor relação de empresas certificadas. Do mesmo modo, ao se
analisar a participação por região, verifica-se que o percentual de empresas certificadas da
construção civil é melhor do que o total de empresas certificadas em todas as regiões
113
brasileiras. E a representatividade do número de certificações de empresas de construção civil,
que é de 11,9 % do total de certificações, quando comparada à participação do setor em
relação ao PIB de 7,23% é muito boa. E deve ser ressaltado que a construção civil é
constituída em sua grande maioria de pequenas e médias empresas, sem disponibilidades de
recursos para investir em um processo de certificação. Apesar dos números apresentados, há
ainda muito a ser feito em relação à melhoria dos serviços e produtos desenvolvidos pelas
PMEs da construção civil. São realizados no transcorrer deste trabalho diversos comentários
em relação a estas melhorias, não só do autor como de outros autores citados.
Meseguer (1991) afirma que um Sistema de Garantia da Qualidade deve ser capaz de
atender aos seguintes pontos:
1) A qualidade na construção requer cinco ações: definição, o que envolve algumas
especificações; produção o que requer procedimentos; comprovação o que requer um controle
de produção; demonstração o que necessita de um controle de recepção e; documentação que
implica na documentação e arquivamento de tudo o que foi feito.
2) Para as ações descritas acima, devem ser estendidas as cinco fases do processo
construtivo: planejamento, projeto, materiais, execução e uso-manutenção.
3) Em cada uma das medidas adotadas devem ser atendidos dois tipos de fatores: os
humanos (medidas de caráter organizacional, pessoal e de gestão) e os técnicos.
Souza et al (1993) consideram que a melhoria da qualidade do setor da construção
depende da ação individual de empresas líderes que, em busca de maior competitividade,
implementam Sistemas de Gestão da Qualidade. Logo, influenciam todos os envolvidos na
cadeia produtiva, levando a uma elevação da qualidade no mercado de construção através da
melhoria dos principais parâmetros: desenvolvimento tecnológico, ampliação da normalização
técnica, atualização da legislação técnica e outras.
A implementação dos programas de gestão e de certificação da qualidade está centrada
na padronização, controle e melhoria dos processos, padronização dos procedimentos de
execução e da monitoração e avaliação destes procedimentos. Assim, amplia-se o
conhecimento e a previsibilidade sobre os insumos, processos, garantindo um melhor controle
da qualidade final dos produtos e serviços. Portanto é incentivada a melhoria contínua.
Ambrozewicz (2002), após pesquisas realizadas em empresas construtoras, pôde
constatar que a implantação de Sistemas de Gestão da Qualidade trouxe benefícios internos e
externos às empresas envolvidas nos programas.
114
4.7
OS PROGRAMAS DE QUALIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL BRASILEIRA
Serão apresentados a seguir os objetivos dos principais programas de qualidade
brasileiros e uma breve descrição dos mesmos. São comentadas possíveis melhorias para estes
programas, além da exposição da aplicação de um programa de sucesso em uma pequena
empresa. Detalha-se, ainda, a experiência internacional de Sistemas de Gestão da Qualidade
na construção civil.
4.7.1 Objetivos e Desenvolvimento dos Programas de Qualidade
As características da construção civil brasileira já foram analisadas anteriormente,
tendo sido estudadas por diversos autores como Melhado (2001), Fossati (2004), Prado (2002)
e vários outros As mudanças ocorridas na economia brasileira nos últimos anos, têm motivado
os empresários do setor a repensar os processos produtivos para aumentar sua eficácia através
de ações para melhorar a qualidade e a gestão. No início, os programas de gestão eram
considerados uma estratégia de marketing para diferenciação, até que começaram a ser aceitos
como uma ferramenta para garantir a qualidade do produto final, atendendo às expectativas do
usuário, aumentando a competitividade da organização e fazendo-a sobressair na indústria.
Os programas de gestão e certificação têm como objetivo principal a padronização
através de formalização e unificação dos procedimentos de execução das atividades
produtivas e o controle e melhoria dos processos através de observação e mensuração dos
procedimentos padrões. Desta forma, como conclui Melhado (1994) “ as empresas buscam
ampliar seu domínio técnico (...) facilitando a introdução de novas técnicas e tecnologias de
produção em direção à melhoria contínua”.
Segundo Nascimento e Santos (2003), é na década de noventa e início dos anos dois
mil que se observa um período de mudanças na construção civil caracterizado por: grande
competitividade, desenvolvimento logístico e das comunicações, introdução de ferramentas de
gestão, etc. Esta indústria foi apresentada a métodos de gestão e certificação através de alguns
fornecedores que, pioneiramente, na primeira metade dos anos noventa, investiram em
programas de gestão da qualidade e certificações conforme as normas ISO 9001 e 9002 de
processos de fabricação de componentes (MELHADO, 1994). Em 1992, o governo federal
lança o Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade(PBQP) envolvendo todos os
setores industriais. Após um início tímido, o programa ganha nova dinâmica em 1996,
provocando mudanças na construção civil. Melhado (1994) explica que em 1993 foi criada
115
uma parceria entre a CTE (Centro de Tecnologia de Edificações) e o Sinduscon - SP para
desenvolvimento de um procedimento para implantação de um sistema de gestão da
qualidade. O autor ressalta que não houve interesse do grupo de trabalho em cuidar da
certificação do sistema. O programa tinha um propósito fundamentado na Gestão da
Qualidade Total. Os programas desenvolvidos foram procurados por mais de mil e oitocentas
empresas até hoje.14 Hoje, existem no Brasil, segundo dados atualizados do Inmetro - CB25
até março 2006, 874 empresas de construção civil certificadas pela ISO 9001:2000.
4.7.2 Principais Programas de Qualidade da Indústria da Construção Civil Brasileira
Diversos programas foram desenvolvidos para garantir a qualidade tais como:
Qualihab, PBQP-H, Qualipav-RJ, Qualiop-Ba.
PSQ-Qualihab:
O Programa Qualihab e os Programas Setoriais de Qualidade (PSQs) existem desde
1996, no âmbito da Secretaria de Estado de Habitação e da Companhia de Desenvolvimento
Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU), tendo sido o inspirador do PBQP-H.
O Qualihab tem como foco central a garantia da qualidade das habitações construídas pelo
estado de São Paulo. O entendimento é o de que a população de baixa renda tenha direito a
moradia de boa qualidade, durável e que possa sofrer ampliações para atender o crescimento
familiar.
Quando as entidades participantes do programa firmam os acordos setoriais com o
Qualihab, assumem o compromisso de desenvolver Programas Setoriais de Qualidade (PSQs).
Estes programas consistem de:
a) Implementação de um sistema único de Gestão da Qualidade;
b) Desenvolvimento de programas de treinamento de mão de obra;
c) Qualificação de sistemas e produtos através de organismos certificadores e;
d) Participar e incentivar a elaboração, análise e revisão das normas da Associação Brasileira
de Normas Técnicas (ABNT) referentes a sua atividade.
Estes Programas Setoriais estão divididos em: Setor de Obras, Setor de
Gerenciamento, Setor de Projetos, Setor de Topografia, Setor de Laboratórios, Setor de
14
De acordo com dados apurados no site http://www.cte.com.br/empresas.asp Acesso em 4/1/2007
116
Execução de Fundações e Serviços Geotécnicos, Setor de Consultoria de Fundação e
Geotecnia.
Cardoso et al (2000) estabelecem que o programa trata de uma certificação evolutiva,
dividindo-se em quatro níveis:
Engajamento: é o primeiro passo quando a empresa reconhece o programa e inicia sua
participação;
Nível D: a organização começa a concepção de um sistema da qualidade através de um
diagnóstico interno;
Nível C: implementam-se os primeiros procedimentos de controle e inspeção de materiais e
processos. É quando a mudança no relacionamento entre a empresa e seus fornecedores é
iniciada;
Nível B: o sistema é levado a outros setores da empresa: suprimentos, projetos etc. Inicia-se
a exigência de procedimentos de compra e contratação, qualificação e avaliação de
fornecedores, qualificação e treinamento da mão de obra e;
Nível A: é a conclusão do processo. Existe um Plano de Qualidade para cada obra e o
Manual de Qualidade da empresa está completo.
O Qualihab resultou numa intensificação pelas empresas construtoras, em São Paulo,
na busca de certificação. Isto ocorreu devido ao interesse em implantar um sistema de gestão
da qualidade como um fator de aumento da eficácia ou para que pudessem participar das
licitações do governo estadual. Este efeito disseminou-se para os fornecedores de serviços
(sub-empreiteiros e projetistas) que, pressionados, passaram a se engajar no movimento pela
qualidade.
Resumidamente, pode ser afirmado que o programa fez com que a certificação de
sistemas da qualidade obtivesse progressos entre as empresas de construção civil do estado, o
que pode ser atestado pelo fato de que vinte e um por cento das empresas de construção
certificadas pela ISO 9001: 2000 são de São Paulo.15
PBQP-H:
O Programa Brasileiro de Produtividade e Qualidade do Habitat (PBQP-H) foi
instituído pelo Ministério do Planejamento e Orçamento em 1998 como um desdobramento
15
Dados obtidos do site
http://www.inmetro.gov.br/gestao9000/consultacatalogo.asp?chamador=INMETROCB25. Acesso em 18/8/05.
São 857 empresas de construção cadastradas, sendo 186 situadas em São Paulo.
117
do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade. Em 2000, o programa é ampliado e
passa a integrar o Plano Plurianual Avança Brasil, englobando as áreas de Saneamento, Infraestrutura e Transportes Urbanos. Assim, deixa de focar apenas a habitação, passando a ter
como escopo o habitat. Este programa tem as seguintes características (PBQP-H, 2005):
1) Organizar o setor da construção civil;
2) Melhorar a qualidade do habitat e a modernização produtiva;
3) Estruturar um novo ambiente tecnológico e de gestão para o setor da construção civil;
4) É um programa de adesão voluntária;
5) Será absorvido no futuro pelo setor privado e;
6) Busca estimular o uso eficiente das diferentes fontes de financiamento (FGTS, Poupança,
etc.).
Atualmente é coordenado pelo Ministério das Cidades (PBQP-H, 2005). A
coordenação nacional de projetos e obras cabe a Câmara Brasileira da Indústria da Construção
como representante nacional dos sindicatos de construção, enquanto que o Fórum da Indústria
e do Comércio de Materiais de Construção coordena os materiais, componentes e sistemas
construtivos. É importante ressaltar que apesar de se tratar de um programa de adesão
voluntária desde a sua concepção, os agentes financiadores e o setor público utilizam o seu
poder de compra como fator de pressão para o desenvolvimento do programa.
A operacionalização do PBQP-H se dá pela estruturação de uma série de projetos
objetivando solucionar um problema específico na área de qualidade. Alguns dos projetos são
considerados propulsores e outros foram inseridos como apoio. Deve ser ressaltado que todos
têm uma função específica no processo, relacionando-se direta ou indiretamente. Estes
projetos são estruturados inicialmente para a área de construção de habitações e em diferentes
níveis de desenvolvimento (ROMANO, 2005). Os principais projetos são os seguintes:
a) Sistema de Avaliação da Conformidade de Serviços e Obras- SiAC.
b) Qualificação de Materiais, Componentes e Sistemas Construtivos- SiMaC.
c) Indicadores de Desempenho.
d) Sistema Nacional de Avaliações Técnicas-SINAT.
e) Sistema de Formação e Requalificação de Mão de Obra.
f) Assistência Técnica a Autogestão.
g) Capacitação Laboratorial.
h) Sistema Nacional de Comunicação e Troca de Informação.
i) Cooperação Internacional.
118
O programa conta com uma série de coordenadores estaduais, eleitos em uma sessão
plenária com a participação de representantes dos setores público e privado. A coordenação
estadual tem como principais responsabilidades:
a) Divulgar o programa e;
b) Apoiar as diversas instituições participantes na formulação e implementação de seus
programas setoriais de qualidade.
Dentre as ações deste programa está a implementação do SiAC no país. Através da
Portaria n° 118, de 15 de março de 2005, foi aprovado o novo Regimento do SiAC (Sistema
de Avaliação da Conformidade de Empresas de Serviços e Obras da Construção Civil), em
substituição ao SiQ – Sistema de Qualificação de Empresas de Serviços e Obras. O prazo de
validade dos atestados de qualificação do SiQ, a serem emitidos ou prorrogados, terão
validade de até 12 (doze) meses, respeitada a data limite de 21 de março de 200716.
Outra importante denominação alterada diz respeito aos OCCs (Organismos de
Certificação Credenciados), que passarão a se chamar, no SiAC, OCOs (Organismos de
Certificação de Obras).
No entanto, o Sinduscon-SP entende que o grande desafio destes programas, PBQP-H
e SiAC, é evitar o seguinte:
•
A criação de uma reserva de mercado para consultoras /certificadoras ou para
empresas de construção já certificadas;
•
Não onerar mais as pequenas e médias construtoras com exigências de novas
certificações;
•
Manter o espírito evolutivo, mesmo que signifique qualificação e não certificação e;
•
Aprofundar os esforços de unificação das certificações exigidas por órgãos municipais
e estaduais, dentro do PBQP-H.
O principal acordo do PBQP-H é com a Caixa Econômica Federal, que tem sido o
principal parceiro no que se refere à utilização do poder de compra. A Caixa oferece
financiamentos específicos para as empresas de construção civil que aderiram ao PBQP-H e,
desta forma, atua como indutora do processo. Além disso, como a grande operadora dos
recursos do Ministério das Cidades, tem tido grande responsabilidade na aplicação eficaz dos
recursos. Já foram realizados acordos setoriais em quase todos os Estados e territórios
16
Dados obtidos do site http://www.cidades.gov.br/pbqp-h . Acesso em 9/1/2007.
119
brasileiros, estabelecendo metas regionais com o objetivo de estimular a evolução dos níveis e
a adesão.
Qualipav - Rio de Janeiro:
Criado em 1999 pela Prefeitura do Rio de Janeiro, o programa
procedimentos
estabeleceu
a serem adotados por esta com o objetivo de melhorar a qualidade e
produtividade das obras empreendidas, através da implantação do Programa Setorial da
Qualidade-PSQ-setor construtoras (Sinduscon-RJ, 2003). O acordo entre as entidades e a
prefeitura estabelece os seguintes objetivos:
a) Induzir para agregar todos os participantes da cadeia produtiva da construção no município
do Rio de Janeiro nas diretrizes do programa;
b) Encaminhar proposta ao Legislativo para adequar a Lei de Licitações 8666
à nova
realidade do setor, considerando o crescente número de programas de qualidade no país;
c) A Prefeitura deve implementar a prática da qualidade nas obras por ela promovidas;
d) A Prefeitura não deve adotar normas e procedimentos de qualidade que não sejam as
analisadas e recomendadas pelo programa;
e) A Prefeitura deve em todas as modalidades de licitações de obras considerar a
demonstração da qualidade das empresas licitantes mediante a apresentação de certificados
emitidos por entidades certificadoras, credenciadas pelo Inmetro e;
f) As entidades que assinaram o acordo, por sua vez, se comprometem a induzir suas
associadas a adotar Programas de Gestão da Qualidade e obterem certificações através de
empresas de auditoria independentes.
O programa objetivava induzir a que o maior número de empresas viesse a aderir ao
programa, utilizando o poder de compra da Prefeitura carioca. Entretanto, atualmente, o
programa está desativado.17
Qualiop-Bahia:
Foi criado pelo governo baiano em 2000 com o nome de Programa da Qualidade das
Obras Públicas da Bahia e em 11/5/2000 foi assinado o acordo setorial entre o governo
estadual, o Sinduscon-Ba e o Sinaenco-Ba (Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e
17
Informação obtida em contato realizado com a Secretaria Municipal de Obras em 9/1/2007. Não se conseguiu
a informação de quando foi desativado nem de quantas empresas foram qualificadas.
120
Engenharia Consultiva). Este programa está em consonância com as orientações do PBQP-H
e objetiva:
•
A otimização da qualidade dos materiais, componentes, processos construtivos,
projetos e obras dos empreendimentos do governo estadual;
•
O estabelecimento de acordos setoriais de qualidade com os diversos componentes da
cadeia produtiva da construção e;
•
A implantação de processos de qualificação, homologação e certificação de materiais,
componentes e sistemas para melhorar as obras contratadas pelo governo.
O programa tem em geral as mesmas características do programa carioca. O Qualiop
inclui a possibilidade de aceitar a certificação ISO 9000 como requisito para ingresso no
programa (Sinduscon-Ba, 2005). O programa está ativo ainda hoje e conta com cerca de 650
empresas cadastradas.18
4.7.3 Possíveis Melhorias nos Programas Existentes:
Apesar dos diferentes Sistemas de Gestão analisados e sua implantação em empresas
de construção, projetistas e demais elementos da cadeia produtiva com os ganhos de melhoria
da qualidade e melhoria contínua, ainda há muito a fazer. Diversos autores como Amorim
(1998), Santos e Melhado (2004), Oliveira (2006) e outros têm estudado o assunto e
consideram vários aspectos a serem aprimorados. A seguir, é apresentada uma compilação
destes aspectos feita por este autor:
1. Ainda há falhas na operacionalização dos sistemas de gestão da qualidade. Não se
criou uma cultura de prevenção das ocorrências potenciais de situações semelhantes
no futuro, ou seja, não existe uma análise crítica dos erros cometidos e das lições
aprendidas, evitando a repetição dos erros em futuros projetos ou a disseminação das
melhores práticas;
2. O Plano de Qualidade de Obra é uma exigência da norma de gestão que ainda não se
constitui numa boa prática nas organizações (OLIVEIRA, 2006);
3. Na maioria das empresas, o Plano de Qualidade de Obra é considerado uma exigência
burocrática , onde muitas vezes o documento é elaborado por consultorias externas e
as empresas, apenas, implementam o plano (OLIVEIRA, 2006). Com este
121
procedimento, advém prejuízos para a qualidade e não há uma evolução do
documento. As organizações podem utilizar consultorias externas, porém, é
importante que participem ativamente do processo, não delegando às consultorias a
elaboração do documento ou tendo uma participação secundária ;
4. Existência de deficiências de processos nem sempre relacionados com o sistema de
gestão da qualidade propriamente dito;
5. A efetiva implantação de programas de qualidade, como o Qualihab, tem se mostrado
ineficiente quando o acompanhamento é feito por uma empresa gerenciadora com
pouco compromisso com os objetivos do empreendimento;
6. As empresas possuem uma estratégia de gestão voltada ao empreendimento, de forma
segmentada e sem objetivos definidos. Não há ainda integração e compromisso para a
realização do empreendimento, mas sim preocupação com a parte específica de cada
interveniente. Deve ser utilizado o conceito de um Plano de Qualidade do
Empreendimento. Este documento deve englobar uma negociação entre todos os
participantes do processo, desde a incepção até a fase final. Tal prática já é comum há
vários anos, conforme Ferreira (2004), nas empresas EPC (Engineering- ProcurementConstruction) atuantes no Brasil em projetos para as áreas de petróleo e gás, química e
petroquímica, siderurgia, gases industriais, etc. Este Plano de Qualidade do
Empreendimento deve ser considerado como um documento vivo, havendo uma
atualização contínua já que os diversos intervenientes atuam nas diferentes fases do
empreendimento. Logo, torna-se fundamental uma renovação constante do documento
7. Não há acompanhamento, através de indicadores de performance e técnicas
estatísticas, para a aferição e acompanhamento da evolução da qualidade. Este assunto
vem sendo pesquisado pelo NITCON e pelo NORIE, entre outros grupos de pesquisa.
8. Há uma avaliação da qualidade global de acordo com os objetivos gerais da empresa e
não os objetivos específicos do empreendimento e ;
9. Não há um método técnico para avaliação do resultado final do empreendimento e,
assim, o processo de melhoria contínua é dificultado .
Os Sistemas de Gestão da Qualidade não estão totalmente implantados nas pequenas e
médias empresas da construção civil. No entanto, um novo desafio, ainda maior, se aproxima
que é a integração dos sistemas de gestão ambiental, de gestão da segurança do trabalho aos
sistemas de gestão da qualidade configurando um Sistema de Gestão da organização. Assim,
18
Informação obtida no site http://www.agecom.ba.gov.br . Acesso em 30/12/2006.
122
as pequenas e médias empresas construtoras estão defasadas em relação aos desafios
existentes para o setor. Além de implantarem os Sistemas de Gestão da Qualidade, devem,
concomitantemente, objetivar a integração destes sistemas aos demais citados. Todavia, as
organizações estão bastante atrasadas neste sentido e, talvez, não tenham percebido a
necessidade de tal integração ou não tenham condições econômicas para tal integração .
Outros comentários de ordem geral, podem ser feitos em relação aos principais
Programas de Qualidade para a Construção Civil evidenciados. Dois grupos de organizações
são formados: empresas certificadas e as não certificadas. Quando um programa de qualidade
é institucionalizado pelo governo, existe um avanço no processo, já que se busca sua
perenidade. Todos os programas comentados dão ênfase a esta dependência do governo.
Outro aspecto a ser ressaltado é o fato de que os coordenadores desejam criar uma
mentalidade de que a certificação é uma garantia de qualidade, isto dentro de um sistema mais
amplo liderado pela ISO 9000. No entanto, há uma importante diferença. A certificação ISO
9000 busca se legitimar através da credibilidade junto à sociedade. Já os programas de
certificação governamentais são impositivos. Caldas e Vasconcellos (2003) consideram que
“as empresas de construção civil necessitam de recursos financeiros para sua continuidade
empresarial, sendo obrigadas a se certificarem se isto for uma exigência dos órgãos
detentores do financiamento” . Com esta afirmação, pode ser concluído que estes programas
criam um mecanismo de adesão “forçada”. Contudo, a simples certificação não garante uma
maior eficácia da organização, se não houver seu comprometimento com a certificação.
4.7.4 A Experiência dos Sistemas de Gestão da Qualidade na Construção Civil em
Outros Países:
São apresentadas, a seguir, como diferentes países têm empregado Sistemas de Gestão
da Qualidade. A escolha dos países foi feita, considerando-se a facilidade de obtenção de
dados e o grau de desenvolvimento da construção civil.
França:
Este país tem verificado um crescimento na certificação de sistemas, pelo QUALIBAT
ou pela ISO 9000 e outros referenciais setoriais, que são baseados na ISO 9001. Tais
referenciais são adaptados em função dos aspectos de cada agente e de seu papel no ciclo
produtivo. O QUALIBAT é o único referencial setorial que prevê a certificação evolutiva
(CARDOSO, 2003). Este programa serviu de inspiração para o Qualihab.
123
O Management des Processus de Reálisation Opérationnels Architecte (MPRO
Architecte), desenvolvido pelo Centre Scientifique et Technique du Bâtiment, Association
Française de l`Assurance Qualité pela Union Nationale des Syndicats Français d`Architects,
rege os escritórios de arquitetura franceses. Seus requisitos são divididos em: elementos
permanentes do Sistema de Garantia da Qualidade da empresa de arquitetura e os elementos
específicos de cada projeto. Este documento é analisado por Cardoso (2003) que o divide da
seguinte forma:
1) Parte profissional- define os diferentes processos necessários à realização do produto,
considerando as especificidades de cada agente, incluindo medição e monitoramento dos
processos e produtos;
2) Parte do cliente- define as exigências do cliente, o retorno de informação deste e a
medição da satisfação deste cliente;
3) Parte organizacional- cuida dos aspectos organizacionais tais como: plano de qualidade,
manual da qualidade, padronização, documentação, registros, comunicação, recursos,
formação e aquisição;
4) Parte referente a comprometimento, análise e melhoria- analisa os mecanismos de
evolução da organização e do sistema de qualidade (comprometimento da direção,
indicadores, melhoria contínua, tratamento das não conformidades etc.)
Cardoso (2003) considera que o sistema francês dedica uma menor importância ao
comprometimento, análise e melhoria da organização ou da eficiência. Em sua opinião, isto
ocorre porque a certificação profissional na França é voluntária, não havendo o poder de
compra do Estado e nem a atuação de órgãos públicos que definam modelos a serem adotados
pelos referenciais. A certificação francesa é muito simples, ficando a cargo da empresa a
opção pela implementação de mecanismos de melhoria dos Sistemas de Gestão.
Itália:
Pietroforte e Tangerini (1999) fizeram uma pesquisa com as cinqüenta maiores
empresas durante os anos oitenta e noventa. Estes autores concluíram que o mercado italiano
é regido por relações informais, com agências estatais ineficientes, com profissionais de
projeto apresentando deficiências técnicas e que as empresas de construção detêm a liderança
na condução dos empreendimentos.
Garaventa (1992) destaca, ainda, que o desenvolvimento de normas técnicas para
produtos industriais tradicionais só é realizado para os casos em que o proprietário é
124
conhecedor da regulamentação técnica. A certificação técnica é limitada a poucos produtos.
No entanto, a qualidade vem aumentando nos últimos anos , principalmente, pela difusão de
novos produtos. O controle técnico de novos produtos é feito pelo Instituto Central para
Industrialização e Tecnologia da Construção (ICITE) que atua na área de ensaios de materiais
e controle da qualidade com atuação limitada.
A certificação da qualidade na Itália tem aumentado nos últimos anos, apresentando
requisitos mínimos a partir de 2003. A partir de 2005 estas exigências serão exigidas para
todas as empresas, exceto organizações de pequeno porte.
Dinamarca:
Ao estudar a implantação de um Sistema de Gestão da Qualidade na Dinamarca,
Thygesen (1989) chegou a conclusão de que a implantação é apenas parte do aperfeiçoamento
da qualidade. É necessário que esta implantação seja feita em conjunto com a aplicação do
gerenciamento dos recursos humanos e utilização extensa de tecnologia da informação nas
práticas de projeto. A cooperação é o principal conceito a ser difundido. O Ministério de
Habitação e Assuntos Relativos a Urbanização dinamarquês desenvolveu em 1998, em
conjunto com empresas, pesquisadores e usuários um programa de melhores formas de
cooperação. Este programa foi aplicado em dez empreendimentos. Olsen (2001), também,
concorda que a cooperação entre os agentes é fator essencial para obtenção de melhores
resultados com aumento da qualidade, produtividade e satisfação profissional. O autor
explicita que devem ser otimizadas as atividades relativas ao envolvimento dos subcontratados, utilização de equipes multidisciplinares nos canteiros de obra e utilização de
benchmark.
Grã-Bretanha:
Foi feito um estudo na Grã-Bretanha, conduzido por Moatzed-Keivani et al (1999),
com gerentes de doze das principais empresas de construção para determinar a percepção
sobre a certificação e sistemas de gestão. Através deste estudo, os autores concluíram que o
requisito do cliente e a estratégia de marketing foram os principais motivadores para a
certificação de um sistema de gestão. Os resultados mais importantes obtidos com a
certificação e sistemas de gestão foram: a melhoria da estrutura de gestão e a conscientização
do pessoal. Porém, os gerentes acham que o sistema precisa de melhorias que o adaptem para
125
a indústria de construção, destacando-se a coordenação entre os departamentos, etapa de
construção e a manutenção dos empreendimentos.
Taylor (1995) desenvolveu uma pesquisa com setecentas organizações. Sua conclusão
é que “há um pequeno percentual de empresas com certificação no mercado, cerca de 17% e
que as principais razões para a certificação foram: a pressão dos consumidores, aumento da
eficiência e produtividade, melhoria do produto e da imagem da empresa no mercado”. Este
autor lembra que na Grã-Bretanha ocorrem muitas mudanças de projeto durante a fase de
construção, acarretando a ocorrência de muitos problemas no canteiro de obras.
Estados Unidos:
No mercado americano, a prática é buscar o aumento da eficiência e a velocidade da
construção com obras rápidas e objetivando sempre a minimização do custo (BENNETT,
1991). O sucesso do empreendimento decorre da competência do empreiteiro, da utilização de
procedimentos e padrões, além do uso e entendimento das tecnologias. Estes fatos também
são ressaltados para explicar as diferenças de produtividade entre as construtoras americanas e
as brasileiras ( McKINSEY, 1998).
A construção americana é de baixo custo e com alto grau de mecanização,
padronização, pré-fabricação e muito pouca variação no projeto. A padronização envolve a
produção em massa, aumentando desta forma a eficiência. Os pré-fabricados aumentam a
segurança, qualidade e eficiência (Xiao, Proverbs, 2002).
Nos Estados Unidos, os conceitos dos Sistemas de Gestão da Qualidade são mais
difundidos. Para o êxito desta filosofia é necessário que as práticas de gestão estejam bem
definidas, de acordo com o método de gerenciamento interno do empreendimento,
conciliando as muitas atividades presentes em um sistema de gestão. No mercado americano,
os empreiteiros, sob a coordenação de um arquiteto, são responsáveis pela elaboração dos
projetos de sua respectiva área. Os trabalhos de construção são coordenados por um
construtor geral (main contractor).
O documento da American Society of Civil Engineers (2000) aborda os passos para a
garantia da qualidade das construções com destaque especial para a responsabilidade do
construtor, já que, de acordo com este documento, é ele que deve ter a liderança sobre as
atribuições e particularidades dos outros intervenientes.
126
A coordenação entre os diversos empreiteiros depende do envolvimento no
empreendimento e da conformidade aos procedimentos estabelecidos. Estes se baseiam em
padrões nacionais e estaduais (definidos em função das práticas e usos locais de cada estado)
que precisam ser adequados em função dos níveis de exigência do local.
A avaliação do desempenho de qualidade do construtor deve ser um elemento que
garanta a satisfação do usuário final. Um modelo de avaliação chamado “CQP-Contractor
Quality Performance” é proposto por Yasamis, Arditi e Mohammadi (2001), tendo como
parâmetros de mensuração de avaliação e pré-qualificação de empreiteiros: a qualidade, a
satisfação do cliente, o desempenho e a inter-relação entre agentes.
As empresas de construção civil americanas não estão equiparadas, de um modo geral,
a outros segmentos industriais na aceitação e implementação da ISO 9000. Autores como
Chini e Valdez (2003) concluíram, após estudo realizado, que a implementação das normas
ISO 9000 é uma contribuição efetiva para a melhoria da qualidade nas empresas de
construção americanas. Porém, a aceitação por parte das empresas de construção civil não é
ainda muito grande e a implementação é insuficiente.
Paralelos entre Sistemas de Gestão da Qualidade no Brasil e em outros países:
Expostos alguns Sistemas de Garantia da Qualidade na construção civil em alguns
países, é necessário que seja feita uma comparação entre estes e a situação brasileira. A
França não dedica grande importância à análise do comprometimento e melhoria da
organização. O Estado francês não interfere na qualificação da construção civil. No Brasil,
isto é feito através do poder de compra do governo ou da certificação profissional, que lá é
voluntária e aqui obrigatória. No entanto, a presença reguladora e a obrigatoriedade exercidas
no Brasil não garantem melhores resultados na qualidade da construção civil.
Na Itália, havia uma situação muito próxima à de nosso país com poucas
regulamentações e agências estatais ineficazes. Com a criação da Comunidade Européia,
exigindo uma maior regulamentação, esta situação vem sendo modificada.
Na Dinamarca, há uma participação governamental, só que lá o Ministério da
Habitação local tem uma postura educadora. Procuram desenvolver programas para melhores
formas de cooperação, juntamente com empresas e pesquisadores. É uma atitude muito mais
propositiva do que coercitiva como no Brasil. Contudo, em ambos os países ainda há
problemas no envolvimento dos sub-contratados e na utilização de equipes multidisciplinares.
127
Possivelmente, tal dificuldade é causada pela atuação dos sindicatos e pela utilização de
imigrantes com baixa escolaridade (suposição do autor que não pôde ser comprovada), já que
o padrão educacional na Dinamarca é alto.
Na Grã-Bretanha, a certificação foi motivada como uma estratégia de marketing e
requisitos do cliente. Ao contrário do Brasil, onde a exigência tem sido feita pelos órgãos
governamentais.
Nos Estados Unidos, baseado no relatório McKinsey (1998), no documento da
American Society of Civil Engineers (2000), em autores como Xiao e Proverbs (2002), o autor
desta tese pôde verificar as seguintes diferenças em relação ao Brasil:
a) A utilização de padrões e procedimentos é infinitamente maior;
b) Maior utilização e entendimento da tecnologia;
c) Alto grau de mecanização;
d) Os sub-empreiteiros possuem alto grau de escolaridade em sua maioria (ensino médio) e
bom grau de especialização e equipamentos e ferramentas de última geração (com o
aumento da imigração ilegal, os trabalhos mais perigosos e degradantes estão se deslocando
para essa mão de obra);
e) Há uma maior difusão dos procedimentos de gestão;
f) O conceito de padronização e pré-montagem é muito utilizado, ao contrário do que aqui é
feito;
g) O projeto de construção civil tem a coordenação de um empreiteiro geral (main contractor)
que coordena os diversos empreiteiros e sua submissão às normas estaduais e nacionais. É
necessário ressaltar que o nível de procedimentação é muito maior do que o existente no
Brasil.
A existência de Sistemas de Gestão da Qualidade nas empresas de construção civil
poderá aprimorar a gestão das organizações permitindo que sejam traçadas estratégias mais
eficazes. No entanto, a implantação destes sistemas implica em que as empresas possuam uma
avaliação sistemática de seu desempenho. Através desta avaliação, será possível estabelecer
metas, identificar problemas e aprimorar processos. E para que isto seja possível, é necessário
que sejam estabelecidos indicadores que possibilitem esta medição e permitam comparações.
Desta forma, para que um Sistema de Gestão da Qualidade obtenha êxito, é necessário que as
organizações adotem sistemas de medição. Por esta razão, no capítulo a seguir se estudam os
indicadores e sua aplicação na construção civil, bem como é detalhado o sistema de
128
indicadores desenvolvido no âmbito do NITCON (já referenciado) e que será utilizado como
modelo comparativo entre organizações nesta tese.
5
INDICADORES NA CONSTRUÇÃO CIVIL
5.1
INDICADORES: PROBLEMAS, NECESSIDADES E APLICABILIDADE NA
INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL
Observa-se que diversos programas e prêmios de qualidade e produtividade têm
exigido das organizações um monitoramento e avaliação de seus Sistemas de Gestão da
Qualidade. No Brasil, a Fundação Prêmio Nacional da Qualidade através do Prêmio Nacional
da Qualidade, incentiva a medição do desempenho, principalmente pelo critério de foco nos
resultados. Através deste, a organização avalia um conjunto de indicadores que refletem,
alinhados às estratégias, planos e metas organizacionais, as necessidades e interesses de todas
as partes interessadas (Fundação Prêmio Nacional da Qualidade, 2004). Na Indústria da
Construção Civil, apenas o Escritório de Engenharia Joal Teitelbaum ganhou o Prêmio
Nacional da Qualidade-categoria Médias Empresas, em 2003.
Para que o desempenho empresarial seja gerenciado, é necessário sua medição. Como
afirma Bethlem (2004),
“ É importante que a empresa tenha memória , registrando o trabalho de
formulação, avaliação, implementação e os resultados no mundo real de
todas as principais decisões estratégicas, para que a cada formulação futura
se possa contar com o maior número de informações do mundo real que
possam ser usadas para avaliar as novas estratégias oriundas dessas
formulações. O controle se inicia com o estabelecimento de padrões de
atuação que serão os parâmetros com os quais se vão comparar os resultados
obtidos no mundo real”.
Não basta existir um sistema de medição de desempenho se este não for direcionado às
estratégias e processos do negócio. Autores como Lynch (1995) e Costa (2003) afirmam,
categoricamente, que em muitas empresas os indicadores não são selecionados de acordo com
os objetivos estratégicos e fatores críticos. Assim, não há dúvidas de que haverá dificuldades
130
na implementação de tal sistema de medição. Rodriguez (2002) sugere alguns cuidados a
serem tomados para que se evitem erros na introdução de métodos de medição. Destes,
podem ser ressaltados:
1. Os indicadores devem estar baseados em objetivos criados, estruturadamente, de cima
para baixo;
2. Os indicadores devem ter um número limitado por gerência, unidade de negócio,
processo de trabalho etc.;
3. As metas e objetivos não devem ser definidas de baixo para cima;
4. Ao se estabelecer uma metodologia de medição, esta deve ser considerada como uma
forma de ajustar ou transformar a organização, não apenas uma forma de medi-la e;
5. Todos na organização devem ter um entendimento das várias inter-relações entre as
diversas dimensões críticas.
Além dos cuidados sugeridos,
existem alguns problemas para a implantação de
indicadores, tais como (RODRIGUEZ, 2002; COSTA, 2003): i) Estratégia mal definida; ii)
Existência de sistemas de medição pré-existentes ; iii) Problemas de poder; iv) Comunicação
ineficaz; v) Priorização de outras iniciativas; vi) Dificuldade de coleta de dados e; vii) Falta de
uniformização no cálculo dos indicadores.
Kaplan & Norton (1992), Neely et al (1997), Neely (1999) afirmam que devem ser
evitados indicadores de caráter puramente financeiro ou contábil, que só indicam o passado.
Devem ser utilizados medidores que se enquadrem dentro das sugestões de Bethlem (2004), já
citadas, e que sugerem focar a visão estratégica.
De acordo com as sugestões dos autores já mencionados, pode ser concluído que os
indicadores de desempenho devem:
•
Refletir os objetivos e metas da estratégia corporativa;
•
Ser simples e de fácil entendimento por todos;
•
Ser relevantes e claramente definidos;
•
Ser capazes de fornecer informações confiáveis e “feedback” rápido;
•
Utilizar dados, sempre que possível, que sejam coletados como parte do processo;
•
Ter fórmulas e procedimentos de coleta bem definidos e explícitos e;
•
Serem consistentes.
A partir de indicadores de desempenho, torna-se possível o estabelecimento de metas
viáveis, desde que seja tomado o devido cuidado para que correções de rumo sejam feitas no
131
decorrer das operações, atendendo às necessidades de informação da organização,
modificações do ambiente e desenvolvimento de novas estratégias.
Lantelme (1994) e Costa (2003) concluem, após estudos realizados, que os indicadores
não são, ainda, utilizados por um grande número de empresas do setor de construção.
Lantelme acredita que esta baixa utilização se deve aos seguintes fatores:
i) A dificuldade que as empresas têm para identificar quais os indicadores críticos em relação
às estratégias e fatores críticos de sucesso; ii) Tendência à acomodação, por parte das
empresas, quando constatam que possuem valores melhores que os de referência do setor; iii)
A utilização do sistema de medição como uma forma de controle e não como uma forma de
comunicação dos objetivos, divisão de responsabilidades e obtenção de maior participação e;
iv) Visão de curto prazo da gerência que busca resultados imediatos, esquecendo que a
implementação de um sistema de medição requer tempo até o aparecimento dos resultados.
As empresas de projeto e de construção que utilizam sistemas de medição optam por
indicadores mais simples, com dados mais fáceis de serem obtidos, sem considerar quais são
os realmente críticos para a mensuração da melhoria contínua. Estas observações foram
confirmadas por estudos de autores como Oliveira e Freitas (2000), Lantelme (1994). Barros
Neto (1999) acredita que as empresas de construção são caracterizadas pelo fato de que todas
as decisões operacionais e estratégicas estão concentradas no principal executivo. Este, de
maneira geral, apresenta uma visão imediatista e, desta forma, não há incentivo para que os
níveis gerenciais pensem em um maior horizonte de tempo. O autor ressalta, ainda, a
dificuldade da implantação de indicadores devido ao aspecto único do projeto e das condições
locais, além da extrema variabilidade das condições externas, típicas da construção civil.
Todavia, fica claro que a concepção, implementação e utilização de indicadores pelas
pequenas e médias empresas da construção civil é uma necessidade para que possam manter
os esforços de melhoria contínua e aprimoramento dos Sistemas de Gestão da Qualidade. Se
não houver meios de se medir os processos, verificar as diferenças entre o planejado e o
realizado, e nem quantificar os ganhos de produtividade e qualidade obtidos, torna-se difícil o
incentivo para o uso de tais sistemas.
Os problemas encontrados na implantação de indicadores, quais cuidados devem ser
tomados para evitá-los e sua aplicabilidade na construção civil foram mostrados acima.
132
5.2
EVOLUÇÃO DA MEDIÇÃO DE DESEMPENHO:
A utilização de indicadores nas empresas vem se modificando nas últimas décadas.
Anteriormente, havia preferência por medidas em que o desempenho das organizações era
avaliado em termos de produtividade física ou financeira (por exemplo: volume de produção,
lucro etc.) e a preocupação era a eficiência técnica. Esta preferência pode ser creditada ao
fordismo e taylorismo, que eram as práticas gerenciais vigentes. Autores como Ghalayini et al
(1997) consideram que a utilização deste tipo de medidas traz conseqüências como:
a) Elevado custo;
b) Rápida desatualização e;
c) Quantificação difícil de itens como: redução de prazos de entrega, satisfação dos clientes e
outros, em termos monetários.
Costa (2003) considera que o modelo tradicional de indicadores não permite que as
empresas avaliem sua competitividade e melhoria contínua no atual ambiente de negócios,
muito competitivo e mutante. Ademais, um outro fator que trouxe necessidade de mudança
dos indicadores foi a introdução de novas tecnologias de gestão e produção como Garantia da
Qualidade Total, Just in Time, Manufatura Flexível e outras que, necessitando mensurar
conceitos como flexibilidade, redução de estoques, parcerias com fornecedores, requisitos dos
clientes, mostraram a importância da introdução de novos indicadores que avaliassem estas
novas dimensões.
Sink & Tuttle (1993) afirmam que a medição de desempenho pode ser considerada
como um processo através do qual:
a) É decidido o que medir e como são coletados os dados e;
b) São acompanhados e analisados os dados.
Além disto, afirmam que é necessário: avaliar o desempenho, definido como um processo
onde se estabelecem padrões, especificações, requisitos, valores para que se determine o grau
de satisfação às necessidades e expectativas dos clientes e processos.
5.3
CLASSIFICAÇÃO DE INDICADORES
Uma série de indicadores são utilizadas para que se meça o grau de eficácia ou
eficiência de um processo. Neely et al (1996) consideram que eficácia refere-se ao
133
atendimento dos requisitos do cliente e eficiência é uma medida do uso econômico dos
recursos para atingir um determinado grau de satisfação do cliente.
Existem diversos critérios para a classificação dos indicadores. Rodriguez (2002)
assim os classifica:
•
Indicadores de resultados- são aqueles relacionados aos objetivos, que foram definidos
a partir da visão e são, normalmente, relacionados para cada dimensão considerada.
•
Indicadores críticos de desempenho- são aqueles que se relacionam com as estratégias,
ou seja, com os processos organizacionais que são considerados críticos.
•
Indicadores de desempenho- são aqueles que se relacionam com os indicadores dos
demais processos de negócio.
Este mesmo autor apresenta, também, uma visualização da classificação dos
indicadores, exposta na figura 8.
Avaliação
Planejamento
Plano
Estratég
ico
Plano
Tático
Produtos
Objetivos Decenais
Controle
Indicadores de
Resultado.
Indicadores
Críticos de
Desempenho.
Orientações Táticas
Indicadores de
Desempenho
Executa
Implementação
Figura 8 - Desdobramento dos indicadores de resultado
Fonte: adaptado de Rodriguez-2002
134
É importante que o acompanhamento dos indicadores seja feito no nível estratégico da
organização a partir dos indicadores de resultado. Os indicadores críticos de desempenho
estão relacionados a uma estratégia, caso contrário, serão considerados indicadores de
desempenho. É recomendável que um conjunto pequeno e balanceado de indicadores seja
acompanhado pelo nível mais alto da organização. Rodriguez (2002) sugere, ainda, que é
razoável ter até dez indicadores, que quando desdobrados podem gerar vários outros, devendo
estar sempre alinhados com os indicadores de resultado. Estes é que servirão para indicar os
caminhos da organização.
Outros autores classificam diferentemente os indicadores. Alárcon et al (2001) fazem
uma associação entre os indicadores e a realização de benchmarking. Desta forma, os
indicadores se dividem em:
•
Indicadores de resultado, que tentam medir o nível de sucesso atingido pelo
empreendimento;
•
Indicadores de processo, que têm o objetivo de medir o desempenho dos processos
organizacionais mais importantes;
•
Indicadores variáveis, que indicam as decisões estratégicas e aquelas que não são
referentes aos processos, mas afetam o desempenho.
Lantelme (2001) e Hronec (1994) classificam os indicadores em:
•
Indicadores de produto que avaliam se as características do produto atendem aos
requisitos previamente estabelecidos com o cliente;
•
Indicadores de processo que avaliam se as características do processo atendem às
necessidades do cliente;
•
Indicadores de qualidade que medem a eficácia da organização em atender às
necessidades do cliente e;
•
Indicadores de produtividade que medem a eficiência do produto na obtenção dos
resultados esperados.
Oliveira et al (1995) estabelecem indicadores estratégicos e operacionais. Estratégicos
(ou Gerenciais) são aqueles que acompanham e impulsionam a implantação de estratégias.
Operacionais são os relacionados com os objetivos e tarefas desenvolvidos dentro de cada
processo, devendo manter a coerência com os objetivos e estratégias da organização.
135
Observa-se que não há muitas divergências entre as definições e classificações dos
indicadores. Pode ser afirmado que a diferença reside na finalidade das informações para os
usuários. Para este autor a melhor classificação é aquela dada por Rodriguez (2002).
Discutida a classificação dos indicadores, passa-se à descrição de seus principais
modelos encontrados na literatura e sua aplicação na construção civil. Explica-se, também, a
criação do sistema de indicadores desenvolvido pelos pesquisadores do NITCON (já
referenciado), que será utilizado como comparação do desempenho entre as organizações que
possuem e as que não possuem Sistemas de Gestão da Qualidade, objetivo da presente tese.
5.4
IMPLANTAÇÃO DE INDICADORES
A implantação de um sistema de medição e suas principais dificuldades tem sido
estudadas por vários teóricos tais como Schiemann & Lingle (1999), Sink &Tuttle (1993),
Lantelme (1999), Manoocheri (1999), Grief (1991), Kaplan & Norton (1997). Através de um
estudo da bibliografia pode ser feita a seguinte síntese das principais recomendações:
•
Deve-se evitar que a utilização de indicadores seja associada a um mecanismo de
punição. É preciso que a utilização da cultura da medição seja considerada como uma
oportunidade para identificação de pontos para melhoria contínua;
•
Deve ser evitada a utilização de um único indicador de desempenho para medição da
organização. A utilização de indicadores únicos impede o desenvolvimento de uma
visão sistêmica da organização;
•
Deve ser evitada a utilização de indicadores que, apenas, reflitam o passado. A
organização deve procurar utilizar indicadores que explicitem e identifiquem
resultados futuros, de maneira que as pessoas vejam oportunidades de melhoria e
possíveis correções de rumo;
•
Deve-se evitar um grande número de indicadores que demandam muitos recursos para
sua medição, além de impedirem que as pessoas entendam o que deve ser analisado;
•
Não deve haver um período de tempo muito longo entre a coleta dos dados e a análise.
Isto desmotiva as pessoas por não permitir uma pronta intervenção para correção, já
que, devido ao tempo decorrido, dispõe-se, apenas, de dados históricos;
•
Deve haver um desenvolvimento de sistemas de apoio à decisão que permitam a sua
tomada dentro de uma visão sistêmica e baseada em dados, evitando-se decisões
baseadas no impulso ou intuição ;
136
•
Deve haver o envolvimento de todos os níveis da organização para que os indicadores
sejam compreendidos e aceitos. A participação da alta administração é fundamental;
•
Deve haver entendimento dos objetivos e estratégias organizacionais e a identificação
dos processos chave;
•
Devem ser identificadas quais as competências da organização que são um fator
competitivo no mercado, diferenciando-a;
•
Devem ser definidas quais as medidas em relação aos dados, fontes de dados ,
procedimentos de coleta, métodos, arquivamento e recuperação de dados;
•
As medidas devem ser objetivas, simples, fáceis de serem entendidas. E devem
fornecer informações relevantes e confiáveis;
•
As pessoas devem ser treinadas em relação aos indicadores para que os entendam e
saibam o que fazer em relação a eles e;
•
Os indicadores devem ser revistos periodicamente de modo que se adaptem às novas
estratégias, processos e mudança das condições ambientais.
Se estas indicações forem seguidas há uma grande chance de que a implantação dos
indicadores será bem sucedida. A aplicação destes conceitos facilita a identificação dos
indicadores mais adequados para a organização e facilitam o processo de tomada de decisão.
Costa (2003) resume as seguintes diretrizes para as empresas de construção civil em
relação à implantação de indicadores:
1) Entenda a estratégia, identifique os negócios, clientes e concorrentes, defina os alvos a
serem perseguidos e estabeleça quais os objetivos a serem alcançados;
2) Identifique os processos gerenciais a serem monitorados;
3) Esclareça os vínculos entre o foco da medição, a finalidade do indicador e qual o benefício
advindo;
4) Desenvolva mecanismos que avaliem a implantação dos indicadores;
5) Faça com que todos os níveis organizacionais entendam a finalidade dos indicadores.
5.5
ALGUNS MODELOS DE SISTEMAS DE INDICADORES
Na literatura pesquisada, verifica-se a existência de alguns importantes trabalhos
relacionados a indicadores de desempenho, tais como Lima (2005), Costa (2003), Santana
(1997), Moreira (1996), Souza (1996), Lantelme (1994), entre outros. Tais trabalhos
137
apresentam sugestões para desenvolvimentos futuros. Algumas destas sugestões já foram
desenvolvidas e outras, ainda estão pendentes. Dentre estes diversos estudos, pode-se destacar
a série de trabalhos do NORIE /UFRGS19, como o trabalho de Formoso; Oliveira; Lantelme
(1994). Neste trabalho, a medição de desempenho classificada de acordo com a finalidade do
indicador utilizado, pode-se subdividir em: medições para visibilidade, medições para
controle e medições para melhoria. Os autores ressaltam que as empresas com melhores
resultados referentes à implantação do sistema de indicadores, foram aquelas que distribuíram
a atividade de coleta de dados por vários setores, conforme o relacionamento destes com a
informação a ser coletada.
Outra pesquisa que trouxe importante contribuição é a de Souza et al. (1995).
Apresenta-se uma listagem de indicadores de desempenho de qualidade e produtividade que
são organizadas em: indicadores de qualidade globais e específicos, indicadores de
produtividade globais e específicos. O sistema é bastante completo e extenso, funcionando
como uma listagem de diversos indicadores que podem ser aplicados. Todavia, devem ser
adequados à realidade de cada empresa.
Lantelme (1994) propõe um sistema de indicadores de qualidade para a construção
civil. O sistema é organizado em indicadores de qualidade e produtividade relacionados a:
projeto, suprimentos, assistência técnica, planejamento e vendas, produção, recursos humanos
e administrativos. Quando o trabalho foi realizado, as normas ISO 9000:1994 estavam sendo
implementadas, e sua visão era diferenciada da atual NBR ISO 9001:2000. Entretanto, o
trabalho de Lantelme (1994) foi uma importante contribuição, uma vez que, naquela época, a
cultura da qualidade era recente no setor, e a maioria das considerações feitas no trabalho
permanece válida.
O sistema proposto apresenta um formato semelhante ao de outros trabalhos da equipe
do NORIE/ UFRGS tais como Formoso; Oliveira; Lantelme (1994), e Oliveira; Lantelme;
Formoso (1995). Costa (2003) apresentou uma dissertação em consonância com a linha
desenvolvida pelo NORIE/ UFRGS, permitindo a evolução do sistema proposto. Neste
trabalho são agrupadas diretrizes para concepção, implementação e uso de sistemas de
indicadores de desempenho para empresas da construção civil. A autora descreve as etapas a
serem realizadas para esta utilização, e faz referência a um estudo realizado por Lantelme
(1999), cujo objetivo era o entendimento das barreiras para a implementação de sistemas de
19
NORIE/ UFRGS – Núcleo Orientado para a Inovação da Edificação da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul.
138
medição de desempenho em empresas de construção civil. Prosseguindo com as pesquisas
realizadas pelo NORIE/ UFRGS, Lima (2005) realiza uma detalhada pesquisa de campo com
empresas construtoras de empreendimentos habitacionais de baixa renda. Neste trabalho, são
descritas as etapas de concepção e implementação de sistema de indicadores de desempenho.
O NORIE/ UFRGS tem disponibilizado na web diversas informações a respeito do
sistema de indicadores desenvolvido pelo grupo. Este portal apresenta diversas publicações de
pesquisadores do Núcleo. Contém, também, um sistema de indicadores on line para
benchmarking na construção civil. É uma informação muito útil para disseminação e consulta
do sistema de indicadores desenvolvido pelos pesquisadores do Núcleo (NORIE, 2006).
Ohashi & Melhado (2004) desenvolveram um estudo de caso numa empresa de
construção civil de São Paulo, que objetivava verificar a aplicação prática da gestão da
qualidade em empresas construtoras certificadas, demonstrando a importância dos indicadores
de desempenho nestas empresas.
Dentre os sistemas de indicadores utilizados na construção civil, deve ser destacado o
Sistema de Acompanhamento da Qualidade e Produtividade na Construção (QUALIPRO,
1998), desenvolvido pelo Clube da Qualidade na Construção, como uma iniciativa pioneira e
relevante. O estudo é baseado em levantamentos realizados pelas empresas e caracteriza-se
pelo caráter cooperativo, com um banco de dados compartilhado, onde as informações são
repassadas para a equipe de coordenação técnica. O projeto encontrou restrições, por parte
das empresas participantes, no envio de dados. Tal atitude prejudicou a formação do banco de
dados central, inviabilizando a realização de comparações externas que seriam de grande valia
para a auto-avaliação das empresas. Esse trabalho originou o grupo de pesquisas NITCON (já
referenciado), gerando diversos trabalhos importantes sobre o assunto, tais como: Amorim
(1998), Santana (1997), Souza (1996) e Amorim (1995). O trabalho de Souza (1996) faz
referências ao programa de banco de dados QUALIPRO. No desenvolvimento do trabalho do
QUALIPRO (1998) foram criados quatro grupos de indicadores: produtividade dos recursos
humanos (tempos produtivos, improdutivos e auxiliares); produtividade dos recursos
materiais (perdas e desperdícios dos materiais); qualidade do produto (avaliação pós-entrega);
e qualidade dos serviços (retrabalhos). O trabalho de Moreira (1996) apresenta uma série de
considerações a respeito da importância da medição de desempenho. A autora conclui que um
sistema bem definido de medição aumenta o desempenho por oferecer um referencial que
serve de base para a tomada de melhores decisões, evitando-se decisões baseadas em falsas
suposições ou em objetivos pessoais, o que prejudica a qualidade e produtividade.
139
Diversos modelos de sistemas de medição de desempenho têm sido propostos a partir
da década de noventa, através de estudos de autores como: Cross & Lynch (1988); Sink &
Tuttle (1993); Lynch & Cross (1995); Kaplan & Norton (1997); Neely et al. (1997);
Schiemann & Lingle (1999). Autores como Sink & Tuttle (1993), Neely et al (1992), Kaplan
& Norton (1997), Schiemann & Lingle (1999) têm sugerido a integração dos sistemas de
medição de desempenho aos sistemas de gestão das empresas, considerando a medição o
elemento essencial para monitoramento e controle das estratégias. Todavia, na construção
civil, Oliveira et al. (1993) consideram que “é importante ressaltar, que o setor da
Construção Civil (...) encontra-se
carente de dados que possam fornecer ao pessoal
envolvido na realização de determinado processo, as informações quanto ao desempenho
atual de suas empresas e orientar estratégias para a melhoria do desempenho global e as
atividades rotineiras da empresa”. Mesmo tendo ocorrido uma evolução do setor na
utilização de Sistemas de Gestão da Qualidade, o que possibilita que as informações sejam
rastreadas, tal afirmação ainda permanece atual. Esta condição pode ser comprovada pela
indisponibilidade de diversos dados que seriam importantes, para possibilitar uma avaliação
mais aprofundada do desenvolvimento da indústria da construção civil nos últimos anos.
A adoção de sistemas de indicadores de desempenho auxilia no atendimento dos
requisitos de medição e monitoramento de produtos e processos prescritos no item oito da
ISO 9001:2000 e, conseqüentemente, na melhoria dos Sistemas de Gestão da Qualidade.
Logo, as empresas construtoras com Sistema de Gestão da Qualidade implantado têm,
geralmente, um controle maior em relação aos seus processos e produtos. Todavia, estes
indicadores nem sempre são adequados às suas necessidades. Realizando um estudo de caso
com empresas de construção, quando estava testando uma metodologia de avaliação de
desempenho, Amorim (1998) constatou que “(...) a distribuição dos esforços das empresas é
um indicativo (...) que elas priorizaram os indicadores de produtividade, particularmente de
recursos humanos”. Esta priorização pode ser o resultado de uma visão ainda distorcida da
gestão da qualidade, visão esta que busca resultados imediatos que possam justificar os gastos
nos programas de implantação
Uma das principais contribuições geradas pela aplicação de um sistema de medição de
desempenho é descrita por Moreira (1996) como “o indicador de desempenho expressa os
resultados obtidos no processo produtivo, mostrando as características do produto final ou
gerando informações básicas para a análise de desempenho do processo”.
140
A importância da utilização de indicadores nas organizações é um consenso entre os
diversos pesquisadores da área. Para o sucesso da implementação de um sistema de
indicadores, é fundamental que se tenha em mente as estratégias da empresa e os objetivos a
serem alcançados.
Lima (2005) descreve a proposição feita por Bourne et al (2000) de um
desenvolvimento de sistemas de indicadores de desempenho. A proposição destes autores
divide o sistema em três fases principais:
a) Concepção do sistema de indicadores, subdivida em identificação dos objetivos- chave, e
definição das medidas;
b) Implementação dos indicadores, subdividida em coleta, processamento e análise, e
distribuição da informação;
c) Uso e atualização dos indicadores.
Para Neely et al. (1997), a boa definição de medidas de desempenho, na etapa de
concepção do sistema, envolve nove elementos: título; propósito; relação com o objetivo do
negócio, meta, fórmula, freqüência; responsável pela coleta de dados, processamento e
análise; fonte de dados; ação a ser executada a partir da análise.
Kaplan & Norton (1997) ao descreverem a metodologia do Balanced Scorecard BSC, criaram um marco nos sistemas de indicadores. O Balanced Scorecard consiste na
medição do desempenho de empresas, com base em indicadores financeiros e não financeiros.
O BSC é um sistema de avaliação de desempenho empresarial. Seu principal diferencial
consiste no reconhecimento de que indicadores de caráter somente financeiros não são
suficientes por apenas mostrarem os resultados dos investimentos e das atividades, não
contemplando os impulsionadores de rentabilidade de longo prazo.
Acredita-se que a implantação de Sistemas de Gestão da Qualidade nas empresas
construtoras colabore para a melhoria do desempenho de tais empresas. No entanto, percebese uma carência de ferramentas que facilitem a mensuração do desempenho das organizações.
Foi desenvolvido um trabalho pelo NITCON (já referenciado) cujo objetivo principal é
desenvolver um sistema de indicadores de aspectos estratégicos, para avaliar a performance
global da organização. Os sistemas de indicadores comumente desenvolvidos nos trabalhos
relativos à construção civil medem, geralmente, aspectos operacionais. O objetivo destes
indicadores é avaliar o desempenho das obras realizadas pela empresa. O trabalho iniciado no
NITCON e desenvolvido por Fonseca (2006), integrante do grupo de pesquisas, preocupou-se
141
em possibilitar a comparação dos dados da empresa com outras organizações e, também,
com dados setoriais. Desta forma, é permitida a comparação do desempenho da organização
com os valores de referência. Este conjunto de indicadores será utilizado na presente tese,
para comparar o desempenho das organizações certificadas em relação às que não são
certificadas. Em seguida, é feita uma descrição do sistema de indicadores a ser utilizado .
5.6
DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA DE INDICADORES
Inicialmente, para a proposição preliminar do sistema, foram discutidas algumas
características que um sistema de indicadores deve conter, baseado em relatos de outros
autores e experiências anteriores de empresas que colaboraram no desenvolvimento de tal
sistema. Além disso, foram considerados os processos básicos utilizados que necessitam de
controle. As condições para que
o conjunto de indicadores fosse viável foram: devem
produzir informações a baixo custo, devem servir de suporte na tomada de decisões, devem
ser de fácil entendimento, devem ser parte da rotina , devem ser aceitas por todos na empresa
e devem ser utilizados até por empresas que não possuem SGQ, de maneira a ser o mais
universal possível.
Foram consideradas, também, as sugestões de Hronec (1994), citado por Lantelme
(1994), que identifica três níveis de desempenho na empresa para o desenvolvimento dos
indicadores:
a) Humano: as pessoas que executam as atividades.
b) Processo: definido como uma série de atividades que consomem recursos e fornecem
produtos aos clientes da empresa (internos e externos).
c) Organização: compreende, simultaneamente, os níveis de desempenho das pessoas e do
processo.
O sistema de indicadores elaborado por Fonseca (2006), apoiado por outros
pesquisadores do NITCON e com a participação de quatro empresas, tem como foco os
indicadores organizacionais, que proporcionam um acompanhamento da organização,
auxiliando na elaboração de novas estratégias. As idéias de Kaplan & Norton (1997), também,
serviram como base para considerações para o aperfeiçoamento do sistema de indicadores. Os
princípios do BSC sugerem que os objetivos e medidas derivam da visão e estratégia da
empresa e focalizam o desempenho organizacional sob quatro perspectivas: i) financeira, ii)
clientes, iii) processos internos da empresa, iv) aprendizado e crescimento. Os objetivos e
142
medidas financeiros devem definir o desempenho financeiro esperado da estratégia e servir de
meta principal para os objetivos e medidas de todas as outras perspectivas; as perspectivas dos
clientes devem alinhar suas medidas de resultados relacionadas aos clientes (satisfação,
fidelidade, captação), com segmentos específicos de clientes e mercados. Em relação à
perspectiva dos processos internos da empresa Kaplan & Norton (1997) sugerem que seja
definida uma cadeia de valor dos processos internos, que deve ter início com o processo de
inovação, passando pelos processos de operações e finalizando com o serviço pós-venda. A
perspectiva de aprendizado e crescimento desenvolve objetivos e medidas para orientar o
aprendizado e o crescimento organizacional.
Uma importante consideração a ser feita preliminarmente à proposição de um sistema
de indicadores, é o questionamento sobre a finalidade central do sistema. De acordo com
Lantelme (1994), “para que se possa ser feita a seleção dos indicadores, deve-se definir a
finalidade para a qual se deseja executar a medição do desempenho e, principalmente, os
critérios de desempenho”. Ainda conforme a autora, “o indicador deve ser escolhido ou
formulado de forma que possa representar satisfatoriamente os resultados ou atividades a
que se refere”.
Considerando-se os requisitos mencionados, optou-se, inicialmente, em utilizar três
categorias de indicadores considerados fundamentais para a aferição do desempenho das
empresas: financeiro, recursos humanos e mercado. Os indicadores foram organizados desta
forma pela crença de que são itens vitais para a avaliação do desempenho e perenização de
uma empresa. Os indicadores de desempenho foram criados e selecionados de acordo com a
relevância, representatividade, viabilidade e facilidade de coleta.
Em relação aos aspectos financeiros, considerou-se importante a utilização de
indicadores como rentabilidade e faturamento, além da correlação destes com a produtividade
dos funcionários, possibilitando a comparação entre empresas com níveis de investimento
distintos, visto que somente o indicador de faturamento bruto de uma empresa não representa
necessariamente um melhor desempenho ou melhor utilização de um sistema de gestão.
Os indicadores relacionados aos recursos humanos são fundamentais para a
verificação da evolução do sistema de gestão de uma empresa e podem ser mensurados
através de dados relativos a índice de acidentes, índices de rotatividade e qualificação dos
funcionários, e a existência de atitudes que demonstrem a preocupação com a
responsabilidade social por parte da empresa.
143
Outro grupo de indicadores imprescindíveis para a avaliação do desempenho de uma
empresa são os relacionados ao mercado, pois mensuram a capacidade de sobrevivência e
crescimento dessas empresas. Devem ser coletados dados como percentual de mercado,
evolução de mercado e velocidade de vendas.
De acordo com a análise dos indicadores existentes nas empresas e a avaliação dos
indicadores representativos do seu desempenho, foi elaborado o sistema de indicadores
preliminar, exibido na tabela 15. Este sistema foi apresentado, em uma nova rodada de
reuniões com as empresas colaboradoras, para análise da viabilidade de sua utilização e a
realização de análise crítica, propondo correções e possíveis melhorias no sistema.
Tabela 15- Sistema inicial de indicadores
Categoria
Principais Indicadores do Grupo
Faturamento / m²
Financeiro
Faturamento / H.hora
Faturamento / H.ano
Índice de acidentes
Recursos humanos
Rotatividade
Qualificação
Responsabilidade social
Percentual de mercado
Mercado
Evolução de mercado
Velocidade de vendas
Fonte: Fonseca, 2006
Através de reuniões com as empresas participantes do projeto, onde foram feitas
análises críticas, comparando indicadores utilizados pelas empresas e indicadores
representativos de desempenho com o sistema proposto, concluiu-se que o sistema
necessitava de aprimoramento em alguns dos indicadores. Além disto, foi sugerida a inclusão
de uma nova categoria de indicadores relacionada à produção. Os dados de produção, mesmo
sendo provenientes do setor operacional da empresa, referem-se a aspectos de interesse
estratégico das organizações, apoiando qualquer tipo de planejamento que venha a ser
realizado.
Organizou-se, então, o sistema em quatro categorias de indicadores considerados
fundamentais para a aferição do desempenho das empresas: financeiro, recursos humanos,
mercado e produção.
144
Fonseca (2006) considera que, resguardadas as características encontradas na indústria
da construção civil, existe
uma similaridade entre as quatro perspectivas sugeridas por
Kaplan & Norton (1997) e as quatro categorias de indicadores propostas. Da mesma maneira
que os referidos autores ressaltam a importância da perspectiva financeira para a análise do
desempenho organizacional, inclui-se no sistema um conjunto de indicadores de aspecto
financeiro. Os objetivos e medidas relacionados à perspectiva dos processos internos da
empresa podem ser relacionados à categoria de produção. A perspectiva dos clientes
assemelha-se ao objetivo da apuração de indicadores da categoria de mercado e também de
produção. E a categoria recursos humanos pode ser vinculada com a perspectiva de
aprendizado e crescimento, pois esta é desenvolvida por Kaplan & Norton (1997) em três
categorias, entre elas capacidade dos funcionários. Deve ser ressaltado, entretanto, que estas
considerações entre as perspectivas listadas no Balanced Scorecard, e as categorias de
indicadores de desempenho do sistema apresentado para as empresas é apenas ilustrativa. Os
indicadores descritos em cada categoria possuem características próprias, voltadas para o
perfil das empresas construtoras que possuem um Sistema de Gestão da Qualidade.
Definidas as categorias de indicadores a serem apuradas, iniciou-se a etapa de
detalhamento do sistema, nomeando os indicadores relevantes de cada conjunto, com seus
respectivos objetivos.
Em relação aos aspectos financeiros, considerou-se importante a utilização de
indicadores como rentabilidade e faturamento, além da correlação destes com a produtividade
dos funcionários. Assim, existe a possibilidade de comparação entre empresas com níveis de
investimento distintos, visto que somente o indicador de faturamento bruto de uma empresa
não representa necessariamente um melhor desempenho ou melhor utilização de um sistema
de gestão.
Os indicadores relacionados aos recursos humanos são fundamentais para a
verificação da evolução do sistema de gestão de uma empresa, e podem ser mensurados
através de dados relativos a índice de acidentes, índices de rotatividade e qualificação dos
funcionários. Lantelme (1994) ressalta que a implantação de um Sistema de Gestão da
Qualidade requer uma atenção especial para a questão dos recursos humanos. Segundo a
autora, “a qualidade em seu sentido amplo é entendida como a satisfação de todos os clientes,
dentre eles os empregados. Assim, as condições de segurança e higiene do trabalho,
treinamento e motivação não podem ser desconsideradas na busca de melhoria”.
145
Devem, também, serem avaliados indicadores relacionados ao mercado, pois
mensuram a capacidade de sobrevivência e crescimento dessas empresas. Podem ser
coletados dados como percentual de mercado, evolução de mercado e velocidade de vendas.
Na categoria de indicadores relacionados à produção, adotaram-se medidas referentes
à eficiência do planejamento produtivo, e índices de não-conformidades, que são fatores
importantes para o feedback de informações que dão suporte ao planejamento dos processos
da empresa.
Em conjunto com a identificação dos indicadores de maior relevância para as
empresas, considerou-se também a busca por dados equivalentes na indústria da construção
civil, de forma a possibilitar a avaliação comparativa entre as construtoras e o restante do
setor.
Na categoria de indicadores financeiros, para se avaliar a riqueza criada por
empregado, utiliza-se o lucro bruto da empresa, denominado de valor agregado, relacionando
o volume de entradas e saídas de capital da empresa, com o objetivo de corrigir possíveis
distorções que pudessem ser geradas. Considerou-se que a apuração do valor de vendas pode
sofrer interferências de fatores externos que poderiam gerar desvios na avaliação da
participação dos funcionários na geração de receitas para a empresa. Além disso, é
fundamental ressaltar que os números incluam a mão-de-obra terceirizada para que se obtenha
um indicador representativo da realidade das obras.
Buscaram-se, ainda, maneiras mais coerentes para avaliar o endividamento e a
lucratividade da empresa. No quesito lucratividade, adequou-se o indicador utilizando ao
conceito de valor agregado ao invés de lucro total da obra. Utilizou-se a fórmula para cálculo
de endividamento que relaciona o passivo circulante e o exigível a longo prazo com o ativo
total da empresa. Passivo circulante são as obrigações que normalmente são pagas dentro de
um ano (curto prazo), enquanto o exigível a longo prazo relaciona-se às dívidas da
organização que serão liquidadas com prazo superior a um ano. Em relação aos empregados,
convencionou-se trabalhar com o número médio de funcionários por mês, incluindo-se os
terceirizados. O número a ser inserido na fórmula seria o somatório de empregados próprios
com os terceirizados, dividido pelos 12 meses do ano.
Os indicadores de recursos humanos incluem o índice de treinamento, em que é
necessário apurar o total de horas dedicadas ao treinamento da empresa, incluindo-se
funcionários da administração central, além da mão-de-obra direta que opera nos canteiros de
146
obra. Para a apropriação do número de horas trabalhadas, basta apurar número de funcionários
e multiplicar pelo número de semanas do período estudado, multiplicando por 44 horas
semanais de trabalho.
Em relação aos indicadores de mercado, utiliza-se o índice de participação no
mercado. O cálculo pode ser feito dividindo-se o faturamento da empresa pelo mercado total,
obtido através de fontes como a ADEMI (2005) e o IBGE (2003). O indicador de velocidade
de vendas se assemelha à apuração da rotatividade de um estoque. Os indicadores de
produção são compatíveis com os indicadores gerais existentes, possibilitando a realização de
comparações entre os dados das empresas e os do setor. O cálculo do índice de qualidade do
produto deve ser feito como o número de atendimentos das reclamações (considerou-se 90
dias após a entrega) em relação ao total de m² e ao número de unidades vendidas. Divide-se o
número de reclamações por um fator de unidades /m², de forma a contemplar as seguintes
situações: comparando-se uma mesma metragem quadrada total produzida, mas com um
número de unidades diferentes (ou seja, quanto maior o número de unidades, menor o
tamanho de cada uma delas), a probabilidade de surgirem reclamações é diferente. Com a
fórmula apresentada, caso haja um mesmo número de reclamações nas duas situações, a que
apresenta maior número de unidades terá um índice de qualidade do produto melhor, e viceversa. Ressalta-se que quanto menor o valor absoluto do indicador, melhor é o resultado deste,
pois o objetivo seria obter um número de reclamações o mais próximo de zero.
O índice de satisfação ao cliente considera a divisão entre o número de reclamações
dos clientes (90 dias após a entrega) pelo número de unidades entregues. Considerou-se o
número absoluto de reclamações como a melhor maneira de avaliar a satisfação do cliente,
pois um número maior de reclamações, mesmo que de baixo custo de reparação, representa
um impacto maior no atendimento das necessidades do cliente e na imagem da empresa. Este
é o único item dependente da existência de SGQ na empresa.
O indicador de eficiência do planejamento produtivo é de grande utilidade para as
empresas. Optou-se por instituir um indicador geral de produtividade da mão-de-obra, que
relaciona o número de homens-hora utilizado em um determinado período com a metragem
quadrada produzido no mesmo espaço de tempo.
Considerou-se que os demais indicadores de mercado propostos se adeqüam melhor ao
grupo de indicadores de produção.
147
Realizaram-se modificações nos indicadores de produção com o intuito de torná-los
compatíveis com os indicadores gerais existentes, possibilitando a realização de comparações
entre os dados das empresas e os do setor.
Diante das considerações apresentadas, elaborou-se uma versão mais aprimorada para
o sistema, com proposições de fórmulas para a obtenção dos indicadores de desempenho,
apresentada no Quadro 120.
Indicadores Financeiros
Riqueza criada por empregado: Valor agregado1/ Número médio de empregados
Endividamento: (Passivo circulante+ exigível a longo prazo) / Ativo total
Lucratividade: Valor agregado/ Área construída
Indicadores de Recursos Humanos
Percentual de treinamento:( ∑ número de horas dedicadas ao treinamento/ ∑ número de horas trabalhadas) x
100
Taxa de freqüência de acidentes: (∑ número de horas mensais de pessoal afastado mais de um dia/ ∑ total de
horas trabalhadas por todos os funcionários MOD)x 100
Índice de rotatividade:(((número de funcionários admitidos+demitidos)/2)/ Efetivo médio)x100
Índice de absenteísmo: (Total mensal de faltas não justificadas(em horas)/ Total mensal de horas
Indicadores de Mercado
Índice de participação de mercado:(Faturamento /Mercado total do setor) x100
Velocidade de vendas:(Total de unidades vendidas (m2)/ Total de unidades disponíveis para venda
(m2))x100
Indicadores de Produção
Eficiência do planejamento produtivo:(Tempo real de realização da obra/ tempo planejado de realização da
obra) x100
Índice de produtividade:número de homens hora utilizados( em 1 ano)/ m2 produzidos( em 1 ano)
Índice de qualidade do produto:Número de atendimentos (90 dias após entrega ao usuário)/ Total de m2
construídos
Índice de satisfação do cliente:(Número de reclamações de clientes usuários2 / número total de unidades)x
100
1
Valor agregado= Lucro bruto da empresa= Faturamento- Despesas Administrativas e de Produção, exclusive impostos.
2
considerar 90 dias após a entrega.
Quadro 1- Indicadores para comparação entre as empresas
Fonte: elaborado pelo autor.
20
Nos apêndices, é apresentado o apêndice E onde é dada uma explicação como os dados para o cálculo dos
indicadores podem ser obtidos.
148
Uma preocupação a ser ressaltada é a carência de dados já que a maioria das empresas
que não apresentam um Sistema de Gestão da Qualidade, não possuem sistemas de
indicadores formalizados e rastreáveis.
Acredita-se que o sistema de indicadores a ser utilizado permite o estabelecimento de
um cenário da indústria da construção civil, baseado em números oriundos de fontes
confiáveis, evitando-se a elaboração de paradigmas fundamentados em intuições e
experiências pessoais. A utilização de um sistema de indicadores de desempenho, focado na
medição de aspectos estratégicos da empresa, permite a visualização da real situação da
organização, e a elaboração de planos de correção que forem necessários. A gestão
empresarial baseada em indicadores pode ser considerada uma inovação organizacional,
contribuindo para a melhoria contínua nas empresas e para a evolução do setor.
O sistema de indicadores de desempenho, representado no Quadro 1, servirá para
apuração de um volume representativo de dados junto às empresas. A posterior realização de
análises estatísticas destes dados, permitirá avaliações comparativas atendendo aos objetivos
desta tese. O desenvolvimento dessa análise buscará avaliar os motivos que levam ao melhor
desempenho de uma empresa em relação às demais.
5.7
CONSIDERAÇÕES SOBRE OS SISTEMAS DE INDICADORES
Ainda é incipiente, na indústria da construção civil, a utilização de indicadores de
qualidade e produtividade para a avaliação de desempenho e melhoria dos processos. Apesar
dos estudos executados por pesquisadores como Lantelme (1994), Carmo (2003), Costa
(2003) dentre outros e grupos de pesquisa como o NORIE/ UFRGS e NITCON, já citados
neste trabalho, verificarem as vantagens da coleta e interpretação de resultados de medições.
A implantação de sistemas de indicadores, nas empresas de construção civil, é dificultada por
fatores característicos deste setor tais como: caráter nômade, produtos únicos e não seriados,
longo ciclo de aquisição-uso- reaquisição, mão de obra de baixa capacitação dentre outros
(MESSEGUER, 1991; SILVA, 2000; RIBEIRO, 2003). À medida que resultados de sucesso
forem sendo conhecidos, devido à utilização de indicadores em empresas de construção civil,
estes sistemas serão mais difundidos. Porém, atualmente, mesmo em empresas de outras
áreas, tais práticas não estão disseminadas, estando restritas às grandes corporações como:
CST, Suzano, Unibanco AIG Seguros, Petrobrás etc. (SYMNETICS, 2005).
149
Costa (2003) considera que a aplicação dos indicadores é tolhida na construção civil
devido à dificuldade em estabelecer e explicitar objetivos e ações estratégicas. Esta situação
origina do fato de que muitas das estratégias estão na mente dos donos e diretores das
organizações e não são passadas aos demais níveis. Ainda não há ênfase na existência de
indicadores que forneçam dados para decisão. Tal postura não é uma característica apenas da
construção civil, sendo encontrada em outras indústrias.
A utilização da certificação ISO 9000: 2000, ao exigir que as empresas garantam a
conformidade dos Sistemas de Garantia da Qualidade e a melhoria contínua, irá
gradativamente forçar as empresas de construção civil a desenvolverem uma mentalidade de
utilização de sistemas de indicadores.
Foram apresentados, nesta revisão teórica, diversos conceitos que fundamentam a
concepção deste autor de que a existência de Sistemas de Gestão da Qualidade nas
organizações representa uma inovação tecnológica. Para corroborar tal premissa, foram
apresentadas pesquisas e conclusões de autores que compartilham deste conceito. Foram
discutidos: inovação e difusão tecnológica e como estes fatores se apresentam na construção
civil brasileira. Verificou-se, também, de que maneira a economia, através das políticas
governamentais e de problemas endêmicos, atinge as pequenas e médias empresas do setor,
dificultando a adoção de Sistemas de Gestão da Qualidade. Discutiu-se a situação atual da
qualidade na construção civil brasileira. No entanto, para que a qualidade e o nível de
desempenho das organizações certificadas perante às não certificadas seja medido, são
necessários indicadores. Por esta razão, foram apresentados os principais sistemas de
indicadores, os problemas de sua implantação, e a situação de tais sistemas na construção
civil. Finalmente, mostrou-se, também, o sistema de indicadores que será utilizado na tese.
Portanto, passa-se ao próximo item, onde será feita a explicação da metodologia da pesquisa.
6
METODOLOGIA DA PESQUISA:
6.1
PROCEDIMENTOS, ESTRATÉGIA E MÉTODO DE ANÁLISE:
A estratégia da pesquisa, descrita anteriormente, adotou uma linha bibliográfico-
exploratória complementada pelo estudo de casos múltiplos. Estudos de caso não buscam a
generalização de seus resultados, e seu objetivo é compreender e interpretar mais
profundamente fatos e fenômenos normalmente isolados. Yin (2001) afirma que, embora os
resultados não possam ser generalizados, devem possibilitar a disseminação do conhecimento.
O estudo de casos múltiplos permite confrontar e comparar os casos, além de produzir
resultados mais confiáveis e que podem ser generalizados (BENBASAT, GOLDSTEIN e
MEAD, 1987). As provas resultantes de estudos de casos múltiplos são consideradas mais
convincentes e o estudo global é mais robusto, conforme afirmado por Herriot e Firestone
(1983). O estudo de casos múltiplos utilizado pode ser classificado como explanatório (YIN,
2001), já que possui o intuito de explicar relações de causa e efeito a partir de uma teoria.
A unidade de análise são pequenas e médias empresas de construção civil, certificadas
e não certificadas, situadas no município do Rio de Janeiro. Os objetos de análise são:
a) a comparação do desempenho de umas em relação às outras, utilizando-se de indicadores.
b) a influência das características do setor de construção civil na implementação de SGQs
nas PMEs.
c) a influência das incertezas do ambiente econômico brasileiro na aplicação de SGQs nas
PMEs do setor.
O delineamento utilizado na pesquisa foi: Revisão bibliográfica, Pré-teste, Estudos de caso e
Interpretação dos resultados. Na revisão bibliográfica, as possíveis palavras chave21 do tema
21
Foram utilizadas como palavras chave: inovação, difusão, gestão do conhecimento, qualidade, pequenas e
médias empresas, construção civil, sistemas de gestão, indicadores, problemas econômicos, melhoria contínua,
evolução econômica, sistemas de indicadores.
151
foram catalogadas, facilitando as consultas. Estas foram executadas nas seguintes fontes22:
artigos, textos, obras, teses e dissertações de autores nacionais e estrangeiros considerados
como referência nos assuntos pesquisados, utilizando-se fontes públicas e privadas.
Através de comparações entre os indicadores classificados nas dimensões Finanças,
Recursos Humanos, Mercado e Produção (Quadro 1) será possível, por comparações
estatísticas, detalhadas mais adiante, verificar o desempenho das PMEs certificadas em
relação às não certificadas. O questionário (Apêndice A) permitirá o entendimento das
questões sobre como as PMEs se comportam em relação à inovação, se as características do
setor de construção civil dificultam a implementação de Sistemas de Gestão da Qualidade e
se as incertezas do ambiente econômico brasileiro restringem a aplicação de SGQs nas PMEs
do setor.
Inicialmente, elaboraram-se dois quadros (Quadro 2 e 3), onde se estabelecem as
ligações entre construtos, variáveis e fontes de evidência (Quadro 2) e entre hipóteses,
questões relativas a estas, itens do questionário e conceitos (Quadro 3). Com os quadros
construídos e os indicadores (Quadro 1), foi elaborado um questionário atendendo aos
requisitos necessários.
A revisão bibliográfica e a definição da metodologia foram construídas paralelamente.
Definiu-se a metodologia através da consideração sistêmica dos aspectos peculiares da
investigação, e da análise de outras opções existentes. O modelo proposto levou em
consideração aspectos práticos de seleção e tamanho de amostras. Para esta seleção, que será
demonstrada adiante, foi utilizado o software estatístico Minitab- versão 13.1.
Nesta etapa foram realizadas as validades de face e conteúdo (LITWIN, 1995). O préteste é uma das fases mais importantes de uma pesquisa, já que de acordo com Richardson
(1999) “o pré-teste é um momento muito útil para revisar o processo de pesquisa”. Nesta
fase, o questionário (apêndice A) e os indicadores (Quadro 1) foram aplicados previamente a
um grupo com as mesmas características da população a ser incluída na pesquisa. Assim,
aspectos da investigação puderam ser revisados e direcionados. Para que o pré-teste obtivesse
22
Foram utilizadas como fontes, sites como: Periódicos CAPES, Windows Academic Live, NORIE,
SINDUSCON, USP (teses e dissertações), UFRGS (teses e dissertações), UFSC ( teses e dissertações), SENAI,
TE e vários outros listados na bibliografia, além das bibliotecas da UFF, UFRJ, Biblioteca Nacional.
152
sucesso, os seguintes cuidados foram tomados (Validade de Face e Conteúdo):
1) Foi entendido como um teste do processo de coleta e tratamento dos dados.
2) Serviu para treinar e analisar os problemas apresentados pelos entrevistados.
3) Foi considerado como um importante meio para obter informações sobre o assunto
estudado.
4) Serviu para a análise do comportamento das variáveis, evitando que fossem feitas
perguntas óbvias.
O método utilizado para o pré-teste foi : o questionário foi validado em duas etapas. A
primeira etapa foi a discussão do questionário (apêndice A) e os indicadores (Quadro 1) com
um empresário do setor com formação acadêmica e vivência junto a pequenas e médias
empresas do ramo imobiliário da indústria da construção civil, permitindo uma visão não só
do aspecto acadêmico como do empresarial. A segunda fase foi a aplicação do questionário
em três empresas do setor escolhidas aleatoriamente (uma empresa com certificação A e duas
empresas não certificadas). Portanto, o estudo de casos foi validado através dos fatores
prescritos por Yin (2001), a saber:
a) Validade do construto (definido exatamente o que se quer estudar e descrever).
b) Validade interna (testada a coerência entre o que se quer estudar e os resultados obtidos).
c) Validade externa (estabelecido o domínio sobre o qual as descobertas possam ser
generalizadas).
d) Confiabilidade (verificada a possibilidade do estudo ser repetido).
Construtos
Variáveis
Ferramentas gerenciais
SGQs
Especificidades
Construção Civil
Economia
SGQs nas PMEs
Construção Civil
da
da
Existência de Sistemas de
Planejamento
Existência de Indicadores
Utilização de ferramentas
gerenciais
Inexistência de SGQ
Alta liderança desconhece
indicadores e SGQ
Inexistem indicadores
Disseminar resultados
Inexistência de SGQ,
Inexistem indicadores.
Utilização de ferramentas
gerenciais
Fontes de Evidência
Análise dos questionários
Análise
dos
dados
(indicadores)
H1
obtidos
Análise dos questionários
Análise
dos
dados
obtidos
(indicadores)
Entrevistas com pessoal envolvido no
estudo
Percepção do pesquisador
Análise dos questionários
Análise
dos
dados
obtidos
(indicadores)
Entrevistas com pessoal envolvido no
estudo
Percepção do pesquisador
Quadro 2- Construtos, Variáveis, Fontes de Evidência e Hipóteses
Fonte: elaborado pelo autor
Hipóteses
H2
H3
153
Hipótese
Questões da hipótese
Questões do
Conceito
questionário
1,2,3,4,5
(permitem agrupamento)
H1- PMEs construção civil,
1)Como
que
modernos
planejamento das empresas
gestão,
que implantaram os processos
aprendizagem,
inovação
de gestão? E nas que não
tecnológica,
melhoria
implantaram?
contínua,
utilizam
processos
de
apresentam
melhores
resultados do que aquelas
que não utilizam.
é
2)Existem
feito
o
critérios
6,7,8,9,10,11,
12,13,14,15,16,17 e 18.
de
desenvolvimento
tecnológico, economia da
indicadores,
qualidade.
avaliação de performance
3)O
conhecimento
destas
técnicas chega a todos os
níveis da organização?
H2- As características do
1)A utilização de modernas
setor de construção civil,
técnicas
considerando-se
influências das características
conhecimento,
do setor?
sistemas
2)Quais (...) influenciam na
melhoria contínua, gestão,
aplicação de tais técnicas?
características
3)Como
as(...)
construção civil, modelos
estas
de indicadores, SGQ na
PMEs,
constituem obstáculo para a
implantação de modernas
técnicas.
de
impostas
gestão
vencer
devido
19,20,23,24,25 e 26.
sofre
a
desenvolvimento
tecnológico,
peculiaridades?
do
inovação,
de
construção
gestão
gestão
gestão,
da
civil,
da
gestão,
mudança,
liderança , produtividade.
H3-
As
incertezas
do
1)Como
as
PMEs
inovação
tecnológica,
construção
(...) restringem a aplicação
adequado a implantação(...)
econômico,
ambiente
nos momentos de turbulência
econômico
produtividade,
econômica?
modelos
gerenciamento em PMEs da
construção civil.
têm
21,22.
ambiente econômico de um
de modernas técnicas de
civil
da
desenvolvimento
2)Foram disponibilizados os
desenvolvimento,
recursos
trabalho.
(...)
projetos
de
implantação?
3) Existe medição dos custos
de implantação e dos retornos
esperados?
Quadro 3-Hipóteses, questões-chave, conceitos e questões relacionadas
Fonte: elaborado pelo autor
de
capital,
154
Após a conclusão das entrevistas de avaliação do questionário (Apêndice A) e dos
indicadores (Quadro 1), comentários e sugestões de melhoria foram obtidos. Os respondentes
consideraram que poderia haver dificuldades para a obtenção dos dados contábeis, devido às
seguintes razões:
i) são informações sigilosas que as empresas têm dificuldade em permitir a divulgação;
ii) como a pesquisa será feita com pequenas e médias empresas que, de um modo geral,
trabalham com escritórios de contabilidade terceirizados, é possível que não existam registros
de muitas das informações solicitadas.
Estas dificuldades foram contornadas, buscando-se o apoio de entidades como o
Sinduscon -RJ ou através de contatos de professores / profissionais atuantes na construção
civil, que facilitaram as entrevistas, permitindo a coleta de dados.
Foi sugerida e acolhida a introdução do item “não utiliza” na questão três do
questionário. O questionário e os indicadores foram considerados válidos para obter as
informações solicitadas, ressalvados os comentários relativos aos dados contábeis. Em uma
das organizações visitadas, comentou-se que as pequenas e médias empresas da construção
civil não certificadas terão dificuldades por não possuírem sistemas de informação gerencial
ou coleta de dados, e por desconhecerem o assunto qualidade. No entanto, a pesquisa objetiva,
justamente, avaliar o desempenho das empresas que possuem Sistemas de Gestão da
Qualidade comparativamente àquelas que não o possuem.
Uma observação resultante desta fase foi a descrença das pequenas e médias empresas
visitadas para o pré-teste em relação ao mercado de edificações no Rio de Janeiro. Apesar da
amostra (três empresas) ser muito pequena, todas foram muito negativas em relação a tal fato,
ressaltando os seguintes problemas principais:
1) Licenças de obras demoram muito ( 24 meses em média).
2) Política municipal de obras dificulta a construção de edificações, principalmente na Zona
Sul.
3) Dificuldade de obtenção de recursos financeiros para os empreendimentos.
No processo da pesquisa, os seguintes riscos foram considerados:
a) não receber respostas das empresas.
b) os dados não mostrarem consistência.
c) os prazos não serem cumpridos.
155
Para que estes riscos fossem evitados e não prejudicassem o bom andamento dos
trabalhos, as seguintes providências foram tomadas: i) Fomentar o interesse das empresas:
quando do contato com as empresas, foi mostrada a vantagem em participar e receber, ao
final, um estudo comparativo com a posição relativa da empresa em relação às demais
participantes. ii) Além disto, sempre que possível, foi procurado um possível canal de
comunicação com a empresa que possa abrir as portas. Este canal foi um professor,
profissional ou órgão como o Sinduscon -RJ, FIRJAN ( Federação das Indústrias do Estado
do Rio de Janeiro), etc.
Para que se evitasse a inconsistência dos dados, as seguintes providências foram
tomadas:
1) Dados analisados com acuracidade e repetida a pesquisa caso houvesse problemas.
2) Utilizados os tamanhos de amostra definidos conforme os critérios estabelecidos pelo
software estatístico escolhido.
3) Uma checagem aleatória dentro das cotas estabelecidas foi feita visando a evitar
problemas nas respostas.
4) Foi feita uma revisão final dos instrumentos aplicados, para evitar que erros e vieses
ocorridos na aplicação chegassem à fase de análise.
5) Evitou-se influenciar os entrevistados de modo a não distorcer seus comportamentos ou
observações.
6) Antes de aplicar os questionários, as hipóteses foram revistas corrigindo sua formulação.
7) Foram tomados cuidado na escolha dos testes estatísticos para evitar a utilização de
técnicas estatísticas inadequadas.
Para que os prazos fossem cumpridos: i) estabeleceram-se prazos que fossem possíveis
de serem cumpridos pelos respondentes e mutuamente acordados entre pesquisador e
respondente; ii) estabeleceu-se sistema de acompanhamento para solucionar dúvidas e
problemas, além de zelar pelo atendimento dos prazos.
Definidos os objetivos, a metodologia, o modelo proposto e a revisão bibliográfica, o
instrumento de pesquisa passou a ser o foco de desenvolvimento. Para sua elaboração,
baseou-se na revisão bibliográfica e nos objetivos da pesquisa.
156
6.2
DESCRIÇÃO DO MÉTODO
Inicialmente, buscou-se definir os grupos de empresas que serviriam de base para o
estudo. Desta forma, da listagem de empresas de serviços e obras qualificadas como A do
PBQP-H foram retiradas aquelas situadas no município do Rio de Janeiro (PBQP-H, abril
2006). Em seguida, foi feita a interseção entre a lista destas empresas e o Cadastro Industrial
do Estado do Rio de Janeiro 2003-2004 (FIRJAN, 2003) para a obtenção da lista final de
empresas atendendo aos dois critérios de seleção: a) empresas classificadas no PBQP-H com
avaliação A, situadas no município do Rio de Janeiro e b) classificadas como pequenas ou
médias empresas. Em abril /2006, sete empresas enquadraram-se nos critérios de seleção,
constituindo o universo deste grupo.
Para as pequenas e médias empresas de construção civil, situadas no município do Rio
de Janeiro, que não possuem sistemas de certificação e não estão incluídas na listagem de
empresas de serviços e obras qualificadas com classificação A, B, C ou D (PBQP-H, abril
2006) existem setenta e duas organizações, segundo o Cadastro Industrial do Rio de Janeiro
2003-2004 (FIRJAN, 2003). O tamanho da amostra para este segundo grupo, determinado
através do software estatístico Minitab- versão 13.1, foi de dezessete empresas. Os critérios de
escolha da amostra serão detalhados a seguir. Determinado o tamanho da amostra, estas
setenta e duas empresas foram organizadas em uma lista, das quais dezessete empresas foram
retiradas aleatoriamente.
Após as modificações do questionário e do quadro de indicadores, conforme os
comentários recebidos na fase de pré-teste, iniciou-se a pesquisa junto aos dois grupos:
pequenas e médias empresas de construção civil com qualificação A e pequenas e médias
empresas de construção civil não certificadas. Em seguida, foram feitos contatos com as
empresas selecionadas objetivando sua adesão à pesquisa, através de contatos telefônicos ou
e-mail com o objetivo de agendar visita para apresentação da pesquisa e proposição de
aplicação do questionário. Durante a visita foram identificados os respondentes e explicado o
questionário (Apêndice A). Os questionários podiam ser respondidos em versão eletrônica ou
impressa. Além disto, estabeleceram-se prazos para a coleta dos questionários preenchidos. O
trabalho iniciou-se em agosto 2006 com os contatos telefônicos e o envio dos e-mails para as
empresas. Houve continuidade na pesquisa com entrevistas nas empresas que demonstraram
interesse em participar. Estas entrevistas foram realizadas até outubro 2006. Os questionários
foram coletados pessoalmente pelo pesquisador, objetivando um novo contato com os
157
respondentes e esclarecer possíveis dúvidas. Considerou-se esta uma forma de garantir um
follow-up junto aos participantes. Terminada esta etapa, a pesquisa teve prosseguimento com
a análise dos questionários e a comparação entre os indicadores coletados para os dois grupos
(PMEs certificadas e PMEs não certificadas). A análise dos dados foi realizada em novembro
2006. Caso a análise dos dados primários apresentasse alguma discrepância, seria agendada
uma nova visita à empresa para realização de entrevista com verificação e eliminação dessas
discrepâncias. Estas entrevistas foram conduzidas em dezembro 2006 de acordo com o
protocolo (Apêndice B).
A triangulação de dados é um processo de múltiplas percepções, em que várias fontes
de evidências são utilizadas para tornar as idéias mais claras, tendo em vista a repetição de
interpretações e observações (STAKE, 2000; YIN, 2001). Através dos procedimentos
explicitados anteriormente, pode ser afirmado que foi executada a triangulação de dados e de
métodos por intermédio de: levantamentos estruturados (Apêndice A), entrevistas (Apêndice
B) e observação do pesquisador, determinando-se a validade do construto. A validade externa
da pesquisa foi evidenciada através:
1) Da escolha das empresas incluídas (pequenas e médias empresas de construção civil,
certificadas e não certificadas, situadas no município do Rio de Janeiro).
2) Da escolha dos entrevistados.
3) Da realização do estudo piloto em três empresas.
O procedimento de análise dos questionários foi : agrupou-se as questões em blocos
relativos às hipóteses conforme o Quadro 3. Para cada questionário, a média para o grupo de
hipóteses foi calculada. E, para cada hipótese, foi feita a comparação entre estes pontos para a
amostra das empresas com certificação A e aquelas não certificadas. Feito isto, verificou-se a
normalidade e, caso não fosse normal, utilizou-se Mann-Whitney23, o que permitiu comparar
dois grupos independentes de dados. Além disto, foi utilizado o teste de Equal Variances24
para comparar as médias dos dois grupos. Este procedimento foi utilizado tanto para os
indicadores (Quadro 1) como para as questões do questionário (Apêndice A).
23
Mann- Whitney é um teste não paramétrico utilizado para comparar dois grupos independentes de dados,
conforme manual do Minitab.
24
Teste de Equal Variances é um teste estatístico utilizado para comparar médias de dois grupos independentes,
conforme manual do Minitab.
158
6.3.
TAMANHO DA AMOSTRA:
Para o grupo de pequenas e médias empresas de construção civil, situadas na cidade
do Rio de Janeiro, foram consideradas para a pesquisa o universo de sete empresas resultantes
dos critérios de seleção já descritos.
Já em relação ao universo de setenta e duas pequenas e médias empresas de construção
civil, situadas no município do Rio de Janeiro, e que não são certificadas utilizou-se o
software estatístico Minitab- versão 13.1 para a determinação do tamanho da amostra. Este
software entre as várias funções estatísticas que possui, tem uma que permite a determinação
do tamanho da amostra a ser estudada desde que sejam informados: tipo de teste, alfa (erro
máximo permitido), sigma (nível de confiança escolhido) e a potência do teste. Como se trata
de dois grupos em que se trabalhou com as médias, utilizou-se o 2-sample t test, alfa= 0,05,
sigma=1 e como não houve tempo nem recursos financeiros para que os testes fossem muito
extensos, escolheu-se uma potência de teste de 0,8
25
. Com estes valores introduzidos no
software, o valor da amostra encontrada foi de dezessete empresas. Determinado o tamanho
da amostra, as setenta e duas empresas foram organizadas em uma lista, das quais dezessete
empresas foram retiradas aleatoriamente. A partir dessa ordenação, buscou-se o contato com
as empresas a partir da primeira da lista, e assim por diante. Caso alguma delas não se
disponibilizasse a participar, seguia-se para a próxima da lista até que se atingisse o número
aceitável para que a pesquisa fosse representativa. Privilegiou-se aquelas empresas que
demonstraram interesse espontâneo em colaborar e que mantiveram esse interesse após a
primeira reunião de esclarecimento do estudo.
Após o devido tratamento estatístico dos dados, estes foram analisados e obtidas as
conclusões relativas às hipóteses da tese. Em seguida, foram feitas comparações entre as
conclusões obtidas e as hipóteses consideradas, verificando sua validade e, se as questões
enunciadas foram devidamente esclarecidas.
25
Nesta tese foi utilizado o software estatístico Minitab versão 13.1. Para aqueles que não estão acostumados
com a utilização deste tipo de programa, o cálculo do tamanho da amostra pode ser determinada pela fórmula
para determinação do tamanho da amostra, que pode ser encontrada em qualquer livro de Estatística (recomendase Amostragem Probabilística de Nilza Nunes da Silva, EDUSP, 1998). Como se trata de duas amostras
independentes, utilizou-se o 2-sample t test, que é utilizado para se fazer um teste de hipóteses entre duas médias
de população, quando os desvios padrões são desconhecidos. Deve ser escolhido o nível de confiança adequado
(valor alfa) e a potência de teste , que corresponde a probabilidade de rejeitar a hipótese nula. As hipóteses de
teste consideradas estão dispostas no Quadro 4.
159
6.4
INSTRUMENTOS DE MEDIDA
Foram utilizados dois tipos de instrumentos de medida para o estudo das hipóteses
levantadas:
a) Os indicadores selecionados, mostrados no Quadro 1. Estes indicadores foram
desenvolvidos pelo grupo de pesquisas NITCON (já referenciado). Para viabilizar a realização
de comparações, estipulou-se o período de abrangência da comparação entre indicadores,
delimitando-se o período entre 2001 e 2005. Os critérios de utilização destes indicadores
foram detalhado no capítulo 5.
b) um questionário dividido em cinco partes, que está inserido nos Apêndices. Foi elaborado
um Quadro (Quadro 2), onde se estabelecem as ligações entre as hipóteses, as questões
relativas a estas e a necessária conectividade aos objetivos desta tese, para que se facilite o
entendimento. O questionário está dividido da seguinte forma:
a) A primeira parte é relativa às questões 1 a 5 permitindo um agrupamento dos
respondentes.
b) A segunda parte, referente às questões 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13,14, 15, 16, 17 e 18
permite a verificação das questões relativas à hipótese H1, conforme se vê no Quadro 2.
c) A terceira parte, referente às questões 19, 20, 23, 24, 25 e 26 diz respeito às questões
relativas a hipótese H2.
d) A quarta parte refere-se às questões 21 e 22 permitindo que as questões da hipótese H3
sejam verificadas.
Os graus de importância e aderência foram atribuídos às questões de número 7, 8, 9,
10, 11, 12, 14, 21, 23 e 24 utilizando-se a escala Likert, com as seguintes gradações.
Aderência:
M.A.- muito de acordo- grau 5
A- de acordo- grau 4
I- indiferente- grau 3
D- discordo- grau 2
M.D. muito discordo- grau 1
160
Importância:
S.I.- sem importância- grau 1
P.I. – pouca importância-grau 2.
I- indiferente- grau 3
C.I.- com importância- grau 4
M.I. – muita importância- grau 5
6.5
LIMITAÇÕES DO MÉTODO
Algumas características especiais da cultura empresarial existente nas pequenas e
médias empresas da Indústria da Construção Civil ou peculiaridades do tipo de negócio
podem limitar as generalizações necessárias para o assunto em estudo. Porém, utilizando-se
técnicas, planejamento e métodos recomendados para o estudo de caso, podem ser obtidas
evidências aceitáveis para estas generalizações. Ademais, pela comparação entre as
experiências citadas pela literatura existente e aquelas extraídas da análise dos questionários,
será retirado o aprendizado necessário para a validação das hipóteses.
Após explicar a metodologia a ser utilizada na presente tese, passa-se a tratar da
análise da pesquisa no próximo capítulo.
7
ANÁLISE DOS RESULTADOS
Após a discussão da metodologia realizada no capítulo anterior, serão analisados os
resultados obtidos da aplicação dos indicadores e das respostas às questões do questionário,
referenciadas anteriormente. A partir das respostas recebidas, será feito o tratamento
estatístico necessário para análise e conclusões. É estabelecida, também, a necessária ligação
entre as conclusões, objetivos e hipóteses enunciadas no início da tese.
7.1
INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE AS EMPRESAS DO ESTUDO DE CASO
A situação da indústria da construção civil brasileira vem sendo demonstrada ao longo
desta tese. Portanto, em lugar de descrevê-la novamente, será delineado um panorama geral
das empresas que participaram dos estudos de caso. Foram estudados dois grupos de
empresas: a) pequenas e médias empresas de construção civil do setor de edificações, situadas
no município do Rio de Janeiro avaliadas no PBQP-H com certificação A em abril/ 2006 e; b)
pequenas e médias empresas de construção civil do setor de edificações, situadas no
município do Rio de Janeiro que não possuem sistemas de certificação e não estão incluídas
na listagem de empresas de serviços e obras qualificadas com classificação A, B, C ou D
(PBQP-H, abril 2006).
As empresas não certificadas apresentam um faturamento variando entre quatrocentos
mil reais /ano (a menor) até três milhões novecentos e trinta e cinco mil reais/ ano. O número
de empregados próprios deste grupo amostral varia de vinte, na menor organização, até cem
empregados na maior. O número de empregados terceirizados é de setenta funcionários, na
menor,
até trezentos e cinqüenta
empregados na maior organização participante desta
amostra. Estas empresas construíram de mil metros quadrados /ano, a menor, até trinta e
cinco mil metros quadrados/ ano, a maior. Esta amostra é constituída por cinqüenta e sete por
162
cento de empresas de pequeno porte e quarenta e três por cento de médio porte, como
ilustrado na figura 9.
Empresas Não Certificadas
43%
Pequenas
57%
Médias
Figura 9- Percentual das Empresas Não Certificadas Participantes
Fonte: elaborado pelo autor
As empresas certificadas apresentaram um faturamento anual variando entre um
milhão de reais , a menor organização deste grupo e dois milhões e seiscentos mil reais, a
maior. O número de funcionários próprios variou entre vinte e cem, respectivamente na menor
e na maior organização. Já o número de funcionários terceirizados variou entre cento e setenta
e duzentos e oitenta, na menor e na maior, respectivamente. As empresas certificadas
construíram de dois mil e quinhentos metros quadrados anuais, a menor, até cento e dez mil
metros quadrados anuais, a maior. Cinqüenta por cento das empresas certificadas,
constituintes da amostra são de médio porte, como pode ser visto na figura 10.
163
Empresas Certificadas Participantes
da Pesquisa
Pequenas
50%
50%
Médias
Figura 10-Participação das empresas certificadas participantes
Fonte: elaborado pelo autor
As principais razões para o desenvolvimento da certificação foram, segundo as
empresas certificadas:
a) necessidades internas da organização tais como melhorar a eficiência produtiva;
b) adequação à concorrência;
c) exigências dos clientes em relação ao movimento pela qualidade.
Já as empresas não certificadas apresentaram como principais razões para a não
certificação:
a) Sistemas de gestão da qualidade exigem recursos humanos, financeiros e materiais que as
empresas não podem dispor;
b) Não há exigência do consumidor para tal certificação.
Acredita-se que com todas estas informações, foi apresentada uma visão bastante
clara das empresas estudos de caso. Pretende-se, a seguir, descrever os principais resultados
obtidos através da utilização do software estatístico, e aprofundar os estudos das principais
observações feitas segundo os critérios gerais enunciados na metodologia.
164
7.2
COMENTÁRIOS GERAIS.
A partir das amostras e dos resultados observados, serão feitos comentários,
considerando-se as questões 1, 2, 3, 4, 11, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 20, 23 e 24 do questionário.
Estas questões permitem considerações sobre: porte das empresas, posição no organograma
dos respondentes, avaliação do conhecimento de ferramentas de qualidade nas empresas,
utilização do planejamento estratégico pelas empresas, grau de dificuldade da implantação de
processos de planejamento estratégico nas empresas, percentual de empresas com SGQs,
empresas que pretendem implantar tais processos e aquelas que não têm tal intenção,
problemas encontrados na implantação de SGQs, avaliação dos prazos em que as empresas
pretendem implantar SGQs, principais razões para se implantar ou não SGQs, problemas
causados pelas peculiaridades da construção civil na implantação de SGQs, principais
soluções para contornar estes problemas, importância dos fatores econômicos na implantação
de SGQs. Tais observações serão feitas, comparativamente, para as empresas certificadas e
não certificadas.
A seguir, iniciam-se comentários sobre os resultados observados nas questões
mencionadas. É conveniente explicar que os graus indicados nas tabelas a seguir representam
a média dos graus recebidos nos diversos questionários.
Perfil Respondentes Empresas Não
Certificadas
15%
Proprietários
Diretores
28%
57%
Gerentes
Figura 11- Perfil respondentes empresas não certificadas
Fonte: elaborado pelo autor
165
A figura 11 demonstra o perfil dos entrevistados das empresas não certificadas. O
maior percentual, oitenta e cinco por cento, esta situado na Alta Administração das empresas,
garantindo que as respostas representam o pensamento da cúpula organizacional. A figura 12,
ilustra a participação dos respondentes nas empresas certificadas, trazendo uma participação
equivalente entre diretores, proprietários e gerentes com cinqüenta por cento para cada grupo.
Desta forma, as respostas possibilitaram uma melhor
distribuição do pensamento nas
empresas em relação aos assuntos pesquisados.
Perfil Respondentes Empresas
Certificadas
Percentual;
33%
Percentual;
50%
Proprietários
Diretores
Percentual;
17%
Gerentes
Figura 12-Perfil respondentes empresas certificadas
Fonte: elaborado pelo autor
166
Tabela 16- Conhecimento das Ferramentas pelas PMEs Não Certificadas
Ferramenta
Conhece
Desconhece
Pretende
Utilizar *
Certificação
ISO 9001:2000
Balanced
|Scorecard
Gestão do
Conhecimento
DFQ
100%
0
57%
28%
72%
0
42%
58%
15%
14%
71%
28%
86%
29%
72%
0
40%
0
57%
43%
75%
71%
29%
20%
28%
72%
100%
57%
43%
25%
57%
43%
15%
71%
71%
29%
29%
40%
40%
71%
29%
80%
Benchmarking
Seis Sigma
Gerência de
Projeto
Equipes de
Trabalho
Gestão da
Mudança
Produção
Enxuta
Análise de
Valor
Kaizen
Gestão
Ambiental
SIAC/PBQP-H
Fonte: elaborada pelo autor
* Percentual calculado sobre as PMEs não certificadas conhecedoras das ferramentas
Observando-se as tabelas 16 e 17 elaboradas pelo autor, e que demonstram o
conhecimento das ferramentas de qualidade nas PMEs verifica-se que:
a) nas PMEs não certificadas, o percentual de empresas desconhecedoras das ferramentas é
maior,
b) mesmo as ferramentas mais conhecidas não apresentam percentual elevado de possível
utilização nas empresas , excetuando-se Gestão da Mudança e o SIAC/PBQP-H,
c) nenhuma das empresas não certificadas pesquisadas declarou utilizar alguma das
ferramentas, enquanto que a maioria das PMEs certificadas conhece as ferramentas de
qualidade citadas, e as aplicam integralmente. A exceção é o DFQ, onde setenta e cinco por
cento das empresas que conhecem a ferramenta aplicam-na,
d) uma ferramenta como o Seis Sigma que requer pessoal especializado e tem altos custos de
implantação, conhecida por apenas trinta e três por cento das organizações certificadas
pesquisadas, apresenta um resultado de setenta por cento destas empresas dispostas a
167
estudar o assunto para verificar sua aplicabilidade. Tal fato evidencia melhoria contínua,
pois há um esforço direcionado para o conhecimento de novas técnicas.
Tabela 17- Conhecimento das Ferramentas pelas PMES certificadas
Ferramenta
Conhece
Certificação
ISO 9001:2000
Balanced
|Scorecard
Gestão do
Conhecimento
DFQ
100%
Benchmarking
Seis Sigma
Gerência de
Projeto
Equipes de
Trabalho
Gestão da
Mudança
Produção
Enxuta
Análise de
Valor
Kaizen
Gestão
Ambiental
SIAC/PBQP-H
Desconhece
Pretende
Utilizar
Utiliza
*
100%
50%
50%
100%
80%
20%
100%
67%
100%
33%
33%
25%
67%
70%
75%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
83%
17%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
Fonte: elaborada pelo autor
* Percentual calculado sobre as PMEs certificadas conhecedoras das ferramentas
168
Utilização Planejamento estratégico
em PMEs Não Certificadas
Utilizam
Planejamento
Estratégico
43%
57%
Não Utilizam
Planejamento
Estratégico
Figura 13-Utilização de Planejamento estratégico em PMEs não certificadas
Fonte: elaborada pelo autor
As considerações feitas em relação às tabelas 16 e 17 são reforçadas pelas figuras 13 e
14, que indicam o percentual de PMEs utilizando o planejamento estratégico. Cem por cento
das PMEs certificadas pesquisadas utilizam processos de planejamento estratégico. As PMEs
não certificadas apresentam um percentual de cinqüenta e sete por cento utilizando algum
meio de planejamento estratégico. Tal posicionamento deve dificultar o processo de
atualização tecnológica e gerencial, confirmando o pensamento de autores como Farah
(1996), Santiago (2002), Ambrozewicz (2003) que consideram que parcela importante da
construção civil no Brasil utiliza técnicas gerenciais ultrapassadas. A pesquisa realizada
corrobora esta afirmação para as PMES não certificadas.
169
Empresas Certificadas que utilizam
Planejamento Estratégico
100%
Figura 14-Utilização de Planejamento estratégico em PMEs certificadas
Fonte:elaborada pelo autor
Tabela 18-Dificuldades para implantar ferramentas de gestão e critérios de medição nas PMEs
da construção civil
Item
Desconhecimento dos
dirigentes
Falta de
conscientização do
grupo.
Falta de metodologia
de aplicação
Foi tentado por outros
e não deu resultado
Não
Certificadas
certificadas
4
1,8
3,8
2
3,6
1,8
2
1
Fonte: elaborada pelo autor
Os resultados demonstrados na tabela 18, onde o grau 1 representa pouca dificuldade e
o grau 5 representa muita dificuldade, indicam que o desconhecimento dos dirigentes, a falta
de conscientização do grupo e a falta de uma metodologia de aplicação são os maiores
obstáculos para esta aplicação nas empresas não certificadas, tendo recebido graus de
dificuldade média para elevada. Deve ser ressaltado que oitenta e cinco por cento das
respostas das PMEs não certificadas vêm da Alta Direção destas empresas. Alguns dirigentes
apresentaram, também, como motivos de muita dificuldade: nível de educação e qualificação
170
do grupo envolvido, as empresas não possuírem recursos para ter profissionais habilitados na
implantação de tais ferramentas. A visão das PMEs certificadas é diferente, pois as razões
apresentadas no questionário foram pontuadas com graus de pouca dificuldade em sua grande
maioria. Nas entrevistas, foram mencionados fatores de dificuldades como: a existência da
grande rotatividade de pessoal no setor e a inexistência de dados confiáveis do setor para
permitir comparações.
Uma possível explicação para esta diferença de percepções é que as PMEs certificadas
possuem, em sua estrutura organizacional, os aspectos tecnológicos para a melhoria da
competitividade citados por Ribault et al (1995) e, assim, são melhor habilitadas para as
mudanças do ambiente de negócios.
Percentual
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
86%
14%
Pretendem Não Pretendem
Implantar SGQs Implantar SGQs
Figura 15- Situação das empresas não certificadas em relação à implantação de SGQs
Fonte: elaborada pelo autor
A figura 15 apresenta a situação das PMEs não certificadas em relação à implantação
de SGQs. Verifica-se que oitenta e seis por cento das empresas pretendem implantar SGQs.
Este fato pode ser considerado auspicioso pois demonstra que a implantação de SGQs está
nos planos futuros destas organizações.
171
Tabela 19-Fatores que dificultam implantação de ferramentas de qualidade segundo PMES da
construção civil
Item
Desconhecimento
da Alta
Administração
Desinteresse da
alta Administração
Medo da alta
administração em
perder poder
Foi tentado por
outros e não deu
certo
Outras razões
Não
Certificadas
Certificadas
2,3
1,6
3
1,7
1
1,3
4
1
1
3,2
Fonte: elaborado pelo autor
Analisando a tabela 19, observa-se haver certa similaridade entre as percepções das
PMEs não certificadas e certificadas em relação a fatores como medo da alta administração
em perder poder, desconhecimento da alta administração (o grau 1 significa pouca dificuldade
e o grau 5 muita dificuldade). Um item que foi apresentado pelas empresas como de
dificuldade 4, foi tentado por outros e não deu certo. A razão, explicada em entrevistas, foi a
percepção através de informações recebidas de outras empresas que utilizaram SGQs sem
resultados positivos. Este item recebeu grau baixo das PMEs certificadas. Uma possível
explicação para tal fato é que estas empresas já passaram pelo processo, já conhecem os
problemas, já os tendo resolvido. Os motivos apresentados pelas PMEs certificadas como de
média intensidade e relatados em outras razões foram: a) terceirização e baixo grau de
escolaridade, b) resistência do pessoal técnico administrativo à mudança, c) tempo envolvido
para implantação significando custos altos, dificuldade em disponibilizar recursos.
Tabela 20- Prazos estimados para implantação de SGQs em PMES não certificadas
Prazos para iniciar implantação de
Percentual
SGQs
Imediato
17%
Seis meses
17%
Mais de doze meses
16%
Indefinido
50%
172
A partir da análise da tabela 20 fica evidente um desequilíbrio entre o fato de que
oitenta e seis por cento das PMES não certificadas pesquisadas pretendem implantar SGQs
(ver figura 15) e o prazo de início de implantação em sessenta e seis por cento das empresas
ser de mais de doze meses, sendo que cinqüenta por cento apresentam indefinição de prazos.
Uma possível explicação para tal fato são os custos envolvidos na implantação, como já
ressaltado pelas empresas que implantaram SGQs.
Percentual
Exigências dos
clientes
27%
37%
Exigências dos
órgãos
governamentais
36%
Necessidades
internas
Figura 16- Razões para Não certificadas planejarem implantar SGQS
Fonte: elaborado pelo autor
Percentual
Exigências dos
clientes
Exigências dos
órgãos
governamentais
9%
36%
10%
18%
27%
Adequação a
concorrência
Necessidades
internas
Decisão dirigente
principal
Figura 17-Principais razões para certificadas terem implantado SGQs
Fonte:elaborado pelo autor
173
Observando as figuras 16 e 17, verifica-se a similaridade de razões para a implantação.
As certificadas apresentaram, ainda, outros motivos como: exigência dos clientes e adequação
à concorrência. O fato de terem introduzido a certificação antes das demais, reafirma a
percepção de que estas empresas estão mais sincronizadas com o ambiente externo,
antecipando-se às mudanças e tomando as providências necessárias.
Tabela 21-Peculiaridades da construção civil dificultando as PMEs implantarem SGQs
Item
Não
certificadas
4,7
4
Certificadas
Tradicional e pouco afeita para
modificações
Utiliza mão de obra de baixa qualificação
2,3
3,3
4
3,8
Produtos únicos e não seriados
3,9
4
Indefinição de responsabilidades
3,2
2,8
Alta rotação de pessoal
Não utilização de produção em série
4
3,8
Fonte:elaborada pelo autor
Da observação da tabela 21 percebe-se que para as PMES não certificadas os fatores
com mais dificuldade são: alta rotação de pessoal, utilização de pessoal de baixa qualificação,
produtos únicos e não seriados, não utilização de produção em série. Estes fatores são,
também, confirmados pela percepção das empresas participantes certificadas. Esta
constatação já foi antecipada por autores como Ribeiro (2003), Santos (2003) e Silva (2000)
já citados neste trabalho. O grau 1 representa pouca dificuldade e o grau 5 muita dificuldade.
174
Tabela 22-Fatores para vencer dificuldades inerentes ao setor segundo PMEs
Item
Capacitação da alta administração
Não
Certificadas
4,8
Certificadas
4,5
Capacitação do pessoal intermediário
4,3
4,5
Capacitação do pessoal de produção
4
4,7
Parcerias com Institutos Tecnológicos 2,8
e Universidades
Desenvolvimento de pesquisa
2,8
3
Incentivos do governo para empresas 3
que possuam SGQ
3,3
O governo obrigar as empresas a 2,2
implementar SGQ
2,1
3,9
Fonte: elaborado pelo autor
O maior desafio para vencer as dificuldades inerentes ao setor da construção civil,
segundo as PMEs pesquisadas, está na capacitação do pessoal. E isto, deve ser feito em todos
os níveis das empresas. O grau dado à estes itens foi muito próximo a 5 (muita importância) e
deve ser dada muita atenção para a capacitação e motivação da mão de obra, como já
ressaltado por Ribeiro (2003). A capacitação técnico-administrativa deve ser, também, objeto
de atenção. Esta postura já era defendida por autores como Leite (2004), Michel (2003).
Fatores como parcerias com universidades e incentivos do governo tiveram graus de
importância média, demonstrando que a universidade não é vista, ainda, como parceira na
busca de inovação pelas PMEs. Apesar de todo o esforço da universidade ao criar
“incubadoras”, trabalhar em conjunto com entidades empresariais e associações de classe, não
despertou nas PMEs a visão de parceria para a melhoria contínua e inovação. Tal constatação
deve servir de alerta para uma possível revisão da estratégia da academia. Deve ser ressaltado
que as PMEs certificadas consideram relevante o desenvolvimento da pesquisa. Este pode ser
um ponto de abordagem para a academia ao rever suas políticas de aproximação com as
PMEs da construção civil, estabelecendo projetos de trabalhos conjuntos com PMEs
certificadas.
Uma importante observação da pesquisa é o grau baixo dado pelas organizações à
obrigatoriedade em implementar SGQs através de ato governamental. O grau aferido e as
175
informações recebidas durante as entrevistas, consideram que as organizações não acham
importante o governo ter uma postura autoritária.
Tabela 23-Importância dos fatores econômicos para implantação de SGQs segundo PMEs
Item
Não certificadas
Certificadas
Juros altos
3
4
Inconstância de regras econômicas
3
3,8
Inconstância da legislação
2,7
3,5
Incerteza política
2,7
3,8
política
3,9
4,1
Falta de apoio financeiro as PMEs para
treinamento de pessoal
2,7
4,6
Falta de apoio financeiro as PMEs para
investir em P&D
3,2
4
Inexistência
habitacional
de
uma
Fonte:elaborado pelo autor
A tabela 23 indica que as PMEs certificadas têm uma postura mais crítica sobre a
importância dos fatores econômicos na implantação de SGQs nas empresas de construção
civil. Consideram como de muita importância fatores como: juros altos, falta de apoio
financeiro às PMEs para treinamento de pessoal, inexistência de uma política habitacional,
falta de apoio financeiro para investimento em P&D. A maior pontuação das PMEs não
certificadas foi para a inexistência de uma política habitacional. O impacto de fatos
econômicos como: baixa capacidade de investimento, falta de crédito, altas taxas de juros,
carga tributária excessiva que são analisados por diversos economistas brasileiros como
Nóbrega (2000), Michel (2003), Crocco (2003) e vários outros listados na bibliografia, não
são considerados pelas PMEs não certificadas como de muita importância. Tal percepção,
mais uma vez, consolida o entendimento de que estas empresas não têm uma visão completa
do ambiente externo, reforçando a afirmação anterior de que deve ser dada atenção à
capacitação técnico-administrativa destas organizações.
176
PMEs certificadas com resultados
dentro do esperado
100%
Figura 18- Percentual de PMEs certificadas pesquisadas com resultados dentro do esperado
Fonte: elaborado pelo autor
As PMEs certificadas, participantes da pesquisa, afirmam haver alcançado os
resultados esperados com a implantação da certificação.
A seguir, serão apresentados os resultados obtidos através da utilização do software
estatístico Minitab versão 13.1.
7.3
RESULTADOS OBTIDOS ATRAVÉS DE TRATAMENTO ESTATÍSTICO
Utilizando o software estatístico Minitab versão 13.1 foram analisadas as diversas
respostas recebidas em relação ao questionário e aos indicadores, mostrados no Quadro 1.
Procurou-se, com a utilização das diversas ferramentas contidas no software, validar ou não as
hipóteses consideradas nesta tese. Inicialmente, foi feito o estudo para os indicadores
referentes à primeira hipótese. Esta considera que as PMEs da construção civil, certificadas,
devem apresentar melhores resultados do que aquelas não certificadas.
Empregaram-se as médias dos indicadores definidos no Quadro 1 através do uso do 2sample-t test26 , já que se trabalhou com médias da população baseadas em duas amostras:
26
2 sample-t é um teste utilizado para determinar se as médias de duas populações são iguais, conforme manual
do Minitab
177
PMEs não certificadas e PMEs certificadas. A tabela 24 apresenta as médias encontradas para
os indicadores das duas amostras.
Tabela 24- Médias dos indicadores para PMES certificadas e PMEs não certificadas
Fonte: elaborado pelo autor
Certificadas
20.000
61,5
275
1,03
0,065
51,2
1,83
0,10
64,63
100,17
30,6
0,0055
93,92
Indicador
Riqueza
Endividamento
Lucratividade
Treinamento
Taxas de Acidentes
Rotatividade
Absenteísmo
Participação Mercado
Velocidade de Vendas
Eficiência Planejamento
Produtividade
Qualidade
Satisfação
Não Certificadas
4942
39,9
152
0,083
0,707
45,2
7,10
0,17
ND
124,8
52,8
ND
ND
As análises efetuadas permitem as seguintes afirmações em relação aos diferentes
indicadores. Para todas estas comparações o valor alfa considerado foi igual a 0,05. Os
cálculos e estudos estatísticos, efetuados com o software referenciado, encontram-se nos
apêndices da tese.
Riqueza: o p-value 27encontrado, que é igual a 0,000, é menor do que o risco alfa adotado .
Desta forma, a hipótese nula, que assume serem as médias iguais, é rejeitada. E, assim, pode
ser afirmado que as médias são diferentes. A riqueza gerada pelas PMEs certificadas é
significativamente maior do que a gerada pelas PMEs não certificadas.
Endividamento: o p-value encontrado foi de 0,177 e é maior do que o valor alfa considerado.
Logo, a hipótese nula, que considera que as médias são iguais, não pode ser rejeitada, e as
médias não podem ser consideradas estatisticamente diferentes. Um ponto importante a ser
considerado é que as empresas certificadas apresentaram poucos valores na amostra, em
relação a este item, o que pode ter influenciado nos resultados, levando a desconsideração
deste item.
27
p-value é a probabilidade que uma variável assuma um valor maior ou igual que o valor estritamente por acaso
178
Lucratividade: encontrou-se um p-value no valor de 0,024, que é menor do que o valor alfa
considerado. Logo, se rejeita a hipótese nula que diz que as médias são iguais. Pode se
afirmar, então que as médias são diferentes. Observando-se as médias da tabela 25, pode ser
afirmado que a lucratividade média das PMEs certificadas é maior do que a das não
certificadas.
Treinamento: o p-value encontrado de valor de 0,000 é
menor do que o valor alfa
considerado, que é de 0,05. A hipótese nula é rejeitada e as médias são diferentes.
Observando-se as médias da tabela 25, pode ser afirmado que as PMEs certificadas têm mais
tempo de treinamento do que as PMEs não certificadas.
Taxa de Acidentes: o p-value obtido foi de 0,007 o que leva à conclusão de que a hipótese
nula é rejeitada e as médias são diferentes. Portanto, a média da taxa de acidentes das
certificadas pode ser comparada com a das não certificadas. Da tabela 25, observa-se que as
certificadas têm média muito menor do que as não certificadas.
Rotatividade: o p-value encontrado foi de 0,547 e é maior do que o valor alfa considerado.
Logo, a hipótese nula, que considera a igualdade das médias, não pode ser rejeitada. Não há
diferença estatística entre as médias. Se a hipótese nula fosse rejeitada, haveria 54% de
chance de erro. A partir da tabela 25, pode ser concluído que as médias são realmente muito
próximas.
Absenteísmo: o valor alfa considerado é menor que o p-value encontrado (=0,055), e a
hipótese nula não deve ser rejeitada, levando à consideração de que não há diferença entre as
médias das certificadas e não certificadas.
Participação de Mercado: o p-value que foi encontrado é de 0,193, sendo maior que o valor
alfa considerado. A hipótese nula não pode ser rejeitada e, desta forma, não há diferença entre
as médias encontradas. Isto é confirmado pelos valores da tabela 25, porém deve ser
considerado que os valores apresentados pelas empresas participantes da pesquisa,
certificadas e não certificadas, não são consistentes e podem ter deturpado os resultados.
Velocidade de Vendas: a maior parte das PMEs não certificadas pesquisadas não apresentou
controle dos dados que permitissem o cálculo deste indicador. Aquelas que os possuem,
constroem em regime de condomínio fechado, não apresentando condições de comparação, já
179
que iniciam a obra com 100% dos apartamentos já vendidos. As PMEs não certificadas
apresentam controle destes itens e a média do indicador encontrado foi de 64,63.
Eficiência de Planejamento: para a comparação deste indicador o p-value encontrado foi de
0,008, menor que o valor alfa adotado (= 0,05). Assim, a hipótese nula é rejeitada, podendo
ser afirmado que as médias são diferentes. Comparando-se a média deste indicador para as
PMEs certificadas, que é de 100,17 com o das PMEs não certificadas que é 124,8 observa-se
que o comportamento das certificadas tem uma média melhor.
Produtividade: o valor alfa considerado é maior que o p-value encontrado (=0,033), e a
hipótese nula é rejeitada, levando à consideração de que as médias são diferentes. A tabela 25
mostra um valor médio de 30,6 hh/ m2 produzido para as certificadas e média de 52,8 hh/ m2
produzido para as não certificadas. Tal fato demonstra a melhor produtividade das
certificadas. Para fins de comparação, deve ser ressaltado que a média brasileira para este
indicador para a construção civil-habitacional é de 45 hh/ m2 (CARDOSO et al, 2004).
Qualidade: apenas uma das PMEs não certificadas possui medição de dados que permite o
cálculo deste indicador com um valor médio de 0,026. Todas as PMEs certificadas possuem
estes dados e o valor médio encontrado foi de 0,0055. Como há carência de mais informações
das empresas não certificadas, não foi possível fazer estudos comparativos.
Satisfação do Cliente: em apenas uma das PMEs não certificadas pesquisadas foram
encontrados dados que permitem o cálculo deste indicador com o valor médio de 157. Todas
as certificadas possuem estes dados e o valor médio encontrado foi de 93,92. Devido à
exigüidade de dados das PMEs não certificadas, não será feita a comparação.
Tendo como ponto de partida o tratamento estatístico dos dados, foi elaborada a tabela
seguinte, que demonstra a situação das PMEs certificadas e não certificadas em relação aos
diversos indicadores.
180
Tabela 25- Comparação dos indicadores para PMES certificadas e PMEs não certificadas.
Certificadas
Melhor
S/C*
Melhor
Melhor
Melhor
Semelhante
Semelhante
Semelhante
S/C*
Melhor
Melhor
S/C*
S/C*
Indicador
Riqueza
Endividamento
Lucratividade
Treinamento
Taxas de Acidentes
Rotatividade
Absenteísmo
Participação Mercado
Velocidade de Vendas
Eficiência Planejamento
Produtividade
Qualidade
Satisfação
Não Certificadas
Pior
S/C*
Pior
Pior
Pior
Semelhante
Semelhante
Semelhante
S/C*
Pior
Pior
S/C*
S/C*
Fonte: elaborado pelo autor
* exigüidade de dados não permite comparações
A partir da análise da tabela 25, verifica-se que seis indicadores das PMES certificadas
apresentam melhores resultados, três indicadores apresentam resultados semelhantes e para
outros três não foi possível estabelecer comparações, pois as PMEs não certificadas não
possuem acompanhamento de informações. Isto acontece para os indicadores de Velocidade
de Vendas, Qualidade e Satisfação do Cliente. Para o indicador Endividamento a exigüidade
de dados da amostra das PMEs certificadas levou a desconsideração desta comparação.
A seguir, serão analisados os dados extraídos do questionário, que permitirão estudar:
a) H1- se as PMEs da construção civil, que utilizam modernos processos de gestão,
apresentam melhores resultados do que aquelas que não utilizam (questões 6,7,8,9 e 10);
b) H2- a influência das características do setor de construção civil na implementação de
SGQs nas PMEs (questões 19, 20, 25 e 26);
c) H3- a influência das incertezas do ambiente econômico brasileiro na aplicação de SGQs
nas PMEs do setor da construção civil (questões 21 e 22).
A verificação da aderência entre a importância e a concordância para as afirmações
contidas nas questões referenciadas também será permitida. A tabela 27 foi elaborada
objetivando uma melhor visão do tratamento estatístico a ser conferido aos dados.
181
Tabela 26- Ordenação da verificação de dados a ser feita
Grupos
Pequenas e médias empresas
certificadas e não certificadas
Pequenas e médias empresas
certificadas e não certificadas
Pequenas e médias empresas
certificadas e não certificadas
Pequenas e médias empresas
certificadas e não certificadas
Pequenas e médias empresas
certificadas e não certificadas
Pequenas e médias empresas
certificadas e não certificadas
Verificações a serem feitas
Verificar se as PMEs consideram
importante ter modernos processos...
Verificar se as PMEs consideram
importante a influência das
peculiaridades.
Verificar se as PMEs consideram
importante a influência do ambiente
econômico.
Verificar a aderência entre a
concordância e a importância de ter
modernos processos...
Verificar a aderência entre a
concordância e a importância da
influência das peculiaridades.
Verificar a aderência entre a
concordância e a importância da
influência do ambiente econômico.
Questões
6, 7, 8, 9, 10
19, 20, 25, 26
21, 22
6, 7, 8, 9, 10
19, 20, 25, 26
21, 22
Fonte:elaborado pelo autor
As verificações, referenciadas na tabela 26, serão feitas segundo as hipóteses
assinaladas no Quadro 4 a seguir, em que se detalham as hipóteses da tese, as verificações das
amostras e os testes executados.
182
Hipóteses da Tese
Verificações
das
Verificação
da
Amostras
Aderência
H1- As PMEs da construção
civil, que utilizam SGQs,
apresentam
melhores
resultados do que aquelas que
não os utilizam.
Ho-As PMEs certificadas
não apresentam melhores
resultados.
Ho- Não existe diferença entre
o grau dado pelas PMEs
certificadas e as PMEs não
certificadas.
H2- As características da
construção civil tais como as
citadas por Meseguer
(1991)... constituem
obstáculo para a implantação
de SGQs nas pequenas e
médias empresas da
construção civil.
Ho- As características do
setor de construção civil
não constituem obstáculo
para a implantação de
SGQs nas pequenas e
médias empresas da
construção civil.
H3- As incertezas do
ambiente econômico de um
país
em
vias
de
desenvolvimento, como o
Brasil, restringem a aplicação
de SGQs em pequenas e
médias
empresas
de
construção civil.
Ho- As incertezas do
ambiente
econômico
restringem a aplicação de
SGQs.
Ha- As PMEs certificadas
apresentam
melhores
resultados.
Testes utilizados
Mann-Whitney
Equal Variances
Teste de Levene
Ha- Existe diferença
Ho- Não existe diferença entre
o grau dado pelas PMEs
certificadas e as PMEs não
certificadas para as influências
da construção civil.
Mann-Whitney
Equal Variances
Teste de Levene
Ha- Existe diferença
Ha- As características da
construção civil
constituem obstáculo para a
implantação de SGQs nas
pequenas e médias
empresas da construção
civil.
Ha- As incertezas do
ambiente não econômico
restringem a aplicação de
SGQs.
Ho- Não existe diferença entre
o grau dado pelas PMEs
certificadas e as PMEs não
certificadas para as influências
do ambiente econômico.
Mann-Whitney
Equal Variances
Teste de Levene
Ha- Existe diferença.
Quadro 4- Hipóteses da Tese, hipóteses de teste e tipo de teste
Fonte:elaborado pelo autor
Em relação à concordância das PMEs certificadas e não certificadas sobre a utilização
de ferramentas de qualidade e planejamento estratégico melhorarem o desempenho destas
organizações, pode ser afirmado que: pelos gráficos de estatística descritiva, obtidos do
software estatístico Minitab versão 13.1, as médias de 4,26 para as PMEs certificadas e 2,76
para as não certificadas indicam existir uma diferença entre os graus de concordância sobre a
utilização de ferramentas de qualidade e de planejamento estratégico melhorarem o
desempenho das organizações. As PMEs certificadas estão de acordo com a afirmação e as
183
não certificadas estão indiferentes a esta necessidade. A memória de cálculo e os gráficos
obtidos através da utilização do software estão no apêndice D.
Em relação à influência das peculiaridades da construção civil na implantação de
SGQs, observando as médias obtidas pelos gráficos de Estatística Descritiva, retirados do
Minitab versão 13.1, respectivamente 4,83 para as empresas certificadas e 4,14 para as não
certificadas (vide apêndice D), verifica-se que ambas concordam sobre a influência das
características da construção civil na implantação de Sistemas de Gestão da Qualidade. Pelo
teste de Mann- Whitney, os dois grupos (PMEs certificadas e PMEs não certificadas)
acreditam na influência com a mesma intensidade, já que o p-value encontrado foi de 0,1004,
maior que 0,05. Detalhes desse teste podem ser encontrados no apêndice D.
O teste de variância (Equal Variances) e o teste de Levene, que aponta um p-value de
0,504 maior do 0,05 (valor alfa adotado), indicam que as PMEs certificadas têm mais
convicção do que as PMES não certificadas, já que o intervalo de variância das não
certificadas é maior.
Em relação à concordância do ambiente econômico influenciar a implantação de
SGQs, verificando os gráficos obtidos do Minitab versão 13.1 vê-se que as PMEs não
certificadas estão indiferentes em concordar com esta afirmação. No entanto, as PMEs
certificadas estão de acordo com a afirmação. Estes gráficos podem ser vistos no apêndice D.
Esta percepção é confirmada pelo teste de Mann-Whitney (vide apêndice D) que aponta um pvalue de 0,0094 (menor do que 0,05), indicando que as PMEs não certificadas estão
indiferentes às influências da economia para a implantação de SGQs.
Em relação à importância da influência da economia na implantação de SGQs pelas
PMEs da construção civil, obteve-se uma média de 4,84 para as PMEs certificadas e 4,07 para
as não certificadas, indicando que ambas consideram importante a influência deste fator. No
entanto, as certificadas dão maior importância para tal fator, o que é confirmado pelos testes
de variância e de Levene que indica um p-value de 0,098 que é maior do que 0,05.
Em seguida, observa-se a concordância e a importância para as hipóteses consideradas
sob a ótica das PMEs certificadas e não certificadas. Inicialmente, será verificado se a
utilização de ferramentas de qualidade e planejamento estratégico melhoram o desempenho
destas organizações ou não, conforme a análise obtida através do tratamento estatístico dos
dados. Para as PMEs certificadas, existe diferença significativa entre o desempenho obtido e o
desejado com a utilização de ferramentas de qualidade e de planejamento estratégico. Esta
184
afirmação é corroborada pelo teste de Mann-Whitney que apresenta um valor de 0,0007 para
o p-value (menor do que 0,05). Para as não certificadas, a média encontrada para a
concordância é de 2,77 e a da importância é de 4,05. O p-value encontrado pelo teste de
Mann-Whitney é de 0,0001 indicando que as empresas não utilizam tais ferramentas, porém
consideram ser importante tal utilização para o êxito da implementação de SGQs. Os
resultados obtidos podem ser verificados no apêndice D. Existe concordância dos dois grupos,
PMEs certificadas e não certificadas, para a importância na utilização de ferramentas de
qualidade e de planejamento estratégico. No entanto, ambos os grupos consideram haver
diferenças entre os resultados obtidos através da utilização destas ferramentas. As PMEs
certificadas consideram que os resultados poderiam ser melhores e as não certificadas não os
utilizam, embora considerarem relevante a utilização.
A verificação da aderência entre a concordância e a importância das PMEs,
certificadas e não certificadas, em relação à influência das peculiaridades da construção civil
na implementação de SGQs apresenta os seguintes resultados das análises efetuadas. Para as
PMEs certificadas, não há diferença significativa entre os graus conferidos para as duas
dimensões, concordância e importância. As certificadas concordam com a atenção dispensada
para este fator em suas organizações. E, esta atenção está de acordo com a importância que
atribuem a este fator para o sucesso da implementação de SGQs. Para as não certificadas, as
médias encontradas estão próximas indicando haver aderência em relação a este fator. Isto é
confirmado através do teste de Mann-Whitney ao apresentar um p-value de 0,7494. Logo, se
aceita a hipótese de que não há diferença significativa entre a importância atribuída e o que
acontece nas empresas. A partir dos resultados obtidos, pode ser concluído que os dois grupos
consideram ser significativa a influência das peculiaridades da construção civil ao se
implantar SGQs.
Em relação à aderência entre PMEs certificadas e não certificadas sobre a influência
da economia na implementação de SGQs, foram obtidos os resultados discutidos a seguir. O
teste de Mann-Whitney apresentou um p-value de 0,4705, maior do que 0,05, o que permite
aceitar a afirmação de não existir diferenças entre o que as PMEs consideram importante em
relação à influência do ambiente econômico e como tal influência é gerenciada em suas
organizações. Para as PMEs não certificadas, o p-value encontrado pelo teste de MannWhitney foi de 0,061. E, assim, pode ser aceita a afirmação de que estas organizações,
também, concordam que não há diferenças significativas entre a concordância e a importância
185
dada para este fator. Conclui-se que não existem diferenças entre os dois grupos. Os gráficos
relativos ao tratamento estatístico podem ser vistos no apêndice D.
No próximo capítulo, serão feitas conclusões sobre as observações oriundas da
pesquisa realizada, será verificado se as hipóteses formuladas estão corretas, e as questões
enunciadas devidamente respondidas. Pretende-se, também, observar a sustentação da
fundamentação teórica às conclusões.
7.4
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Como já mencionado, tendo como base a análise obtida através dos resultados dos
indicadores e das respostas dos questionários, serão discutidos os resultados das análises, a
coerência das hipóteses formuladas, se os objetivos foram alcançados e se as questões foram
respondidas.
As PMEs não certificadas pesquisadas, em sua grande maioria, desconhecem
ferramentas de qualidade tais como Seis Sigma, BSC, DFQ, Gestão da Mudança, Gerência de
Projetos e outras. E as que conhecem as ferramentas, não as utilizam. Ocorre o oposto nas
PMEs certificadas pesquisadas, conhecedoras e usuárias das ferramentas listadas no
questionário, o que foi demonstrado nas tabelas 16 e 17. Outra conclusão resultante é o total
conhecimento do Planejamento Estratégico pelas PMEs certificadas, que é utilizado por cem
por cento da amostra. As PMEs não certificadas podem e devem utilizar modelos de
planejamento sustentado em suas organizações para suprir as deficiências encontradas. Um
dos modelos a ser adotado é o de Flamholtz (1995) para entender e planejar seu crescimento
sustentado nos diversos estágios. Este modelo foi apresentado em 2.5.4 (ver Figura 4).
As PMEs não certificadas consideram como os seguintes problemas para a
implantação de SGQs em suas organizações:
a) Desconhecimento dos dirigentes;
b) Falta de conscientização do grupo e;
c) Falta de metodologia de aplicação.
Outras causas apontadas foram: baixo nível educacional, falta de qualificação
profissional e de recursos disponíveis para a implantação. Os problemas listados, pelas PMEs
não certificadas pesquisadas, nesta tese são validados por Grilo et al (2003). Estes declaram
que os fatores mais resistentes à implementação de SGQs são a escassez dos recursos
186
humanos e materiais, altos custos diretos e indiretos incorridos no treinamento de
colaboradores e líderes.
Há uma inconsistência entre o fato de que oitenta e seis por cento das PMEs não
certificadas pretendem implantar estes sistemas, porém num prazo superior a doze meses ou
com prazos indefinidos de implementação. Tal ocorrência pode ser resumida na declaração de
um dirigente de uma pequena empresa de construção ao afirmar que “ Sistemas de Gestão da
Qualidade exigem recursos humanos, financeiros e materiais que as pequenas empresas não
podem despender. E além disso, o meu cliente não me exige isto ainda. Desta forma, não
tenho incentivo para este esforço”. A explicação para esta inconsistência fica clara nesta
declaração. Para os dirigentes de PMEs não certificadas, sabe-se que a certificação é algo que
deverá ser feito, porém como exige recursos elevados e há falta de exigência dos clientes, os
dirigentes vão adiando o processo. Em contrapartida, a experiência dos dirigentes e gerentes
que viveram a experiência da certificação é totalmente oposta. Pode ser sintetizada na
seguinte declaração de um dirigente de média empresa : “ as pequenas empresas ganham o
pão de dia para comer à noite. Elas não têm os recursos necessários para investir na
certificação. Só as médias empresas podem fazer este processo. No entanto, as empresas que
investiram em SGQs estão colhendo os frutos. Deficiências nos processos administrativos e
técnicos foram constatadas e corrigidas, já evidenciando ganhos”. Em visita realizada, em
uma pequena empresa de construção civil certificada, o autor desta tese pôde constatar que,
tanto a afirmação do dirigente da pequena empresa não certificada como a do dirigente da
média empresas certificada não procedem. Esta empresa é bem organizada, bem gerenciada,
tem os processos mapeados, utiliza indicadores e apresenta bons resultados.
As PMEs, certificadas e não certificadas participantes da pesquisa, apresentaram como
principais motivos para a certificação: exigências dos clientes, exigências dos órgãos
governamentais, necessidades internas. Além destas razões, as certificadas citaram adequação
à concorrência e decisão do dirigente principal. Tais motivos foram também listados no
trabalho de Grilo et al (2003).
Conclui-se também que, as PMEs certificadas e não certificadas acreditam que as
peculiaridades da construção civil, já listadas em outras partes desta tese, dificultam em muito
a implantação de SGQs. Na opinião geral, o maior obstáculo a ser vencido é a baixa
capacitação educacional do pessoal. Esta conclusão tem sido corroborada pelos trabalhos
desenvolvidos por diversos autores já citados ao longo desta tese.
187
Observou-se uma postura mais crítica das PMEs certificadas em relação à influência
dos aspectos econômicos na implantação de SGQs. Aspectos como juros altos, falta de apoio
financeiro, política tributária, inexistência de uma política habitacional dificultam o
investimento em SGQs. Já para as PMEs não certificadas, o maior impedimento é a falta de
uma política habitacional. Os outros fatores não foram considerados tão graves, o que é
relevante já que vários autores, já citados, consideram a influência da economia como um
limitador para investimentos. Uma possível causa para a avaliação da influência dos fatores
econômicos pelas PMEs não certificadas, pode ser a não utilização de Planejamento
Estratégico e a necessidade de uma melhor capacitação técnico-administrativa destas
organizações, permitindo que obtenham uma melhor capacidade de análise do ambiente
externo. Esta conclusão é apoiada por autores e entidades como Farah (1996), SEBRAE-MG
(2005), Muñoz (2001).
A análise dos indicadores permite a conclusão de que as PMEs certificadas apresentam
resultados melhores em seis destes indicadores (Riqueza, Lucratividade, Treinamento, Taxa
de Acidentes, Eficiência de Planejamento e Produtividade), quatro apresentam resultados
semelhantes (Endividamento, Rotatividade, Absenteísmo e Participação no Mercado) e três
não permitem comparações já que as não certificadas não medem Velocidade de Vendas,
Qualidade e Satisfação do Cliente. Deve ser ressaltado que as PMEs não certificadas não
medem indicadores muito importantes que dão informações sobre a qualidade do produto,
rotação do estoque e percepção do cliente. Estes indicadores são medidos pelas PMEs
certificadas. Pode ser afirmado que as certificadas têm melhores resultados em nove dos treze
indicadores medidos.
Em seguida, são apresentadas conclusões sobre as hipótese consideradas nesta tese:
H1- As PMEs da construção civil, que utilizam Sistemas de Gestão da Qualidade,
apresentam melhores resultados do que aquelas que não utilizam.
A utilização dos indicadores demonstra que os resultados das PMES certificadas são
melhores na maioria dos índices, conforme demonstrado no parágrafo anterior. E, também, as
PMEs não certificadas não têm dados que são utilizados em três importantes indicadores já
citados. E, se os dirigentes não medem, não gerenciam. Em relação à Participação do
Mercado, este indicador deve ser relativizado, uma vez que os valores apresentados pelas
empresas participantes da pesquisa, certificadas e não certificadas, não são consistentes e
podem ter deturpado os resultados.
188
As PMEs certificadas estão conscientes da necessidade da utilização de ferramentas
de qualidade e do Planejamento Estratégico, utilizam-nos no dia a dia empresarial e existe
concordância da importância da utilização. No entanto, pelos testes estatísticos realizados,
pode ser observado que as certificadas consideram haver uma diferença entre o resultado
obtido pela utilização das ferramentas de qualidade e do Planejamento Estratégico e os
resultados desejados. Esta diferença indica uma oportunidade para melhoria. Conforme os
testes estatísticos realizados, conclui-se que as não certificadas não utilizam as ferramentas da
qualidade e Planejamento Estratégico. Porém, ao se examinar a importância do emprego
destes dois tipos de recursos, verifica-se que consideram tal utilização importante para o
sucesso da implantação de SGQs.
Um detalhe interessante surgido nas entrevistas com dirigentes das empresas não
certificadas, é que todos inicialmente dizem aplicar ferramentas de qualidade. Quando a
entrevista evolui e são pedidas evidências objetivas, observa-se que não as possuem e, no
preenchimento do questionário, demonstram não conhecê-las como pode ser visto pela
tabulação dos resultados. Uma outra conclusão é que as PMEs não certificadas não têm um
maior controle financeiro, contradizendo a afirmação corrente dos teóricos do estudo de
indicadores, já citados anteriormente nesta tese, de que as organizações dão ênfase aos
indicadores financeiros.
Esta hipótese foi confirmada pelo confronto dos indicadores obtidos e pelos testes
estatísticos realizados, e que podem ser vistos no apêndice D.
H2- As características do setor de construção civil constituem obstáculo para a
implantação de SGQs nas pequenas e médias empresas da construção civil.
Ambos os grupos acreditam que as características específicas da construção civil
exerçam influência na implantação de SGQs nas PMEs. Entretanto, as PMEs certificadas, de
acordo com os testes estatísticos realizados, têm mais convicção em relação a este ponto. Os
dois grupos consideram ser significativa a influência das peculiaridades da construção civil na
implantação de SGQs. Não há diferenças entre o que as empresas fazem e o que acreditam em
relação a tal fato. Deve ser ressalvado que as certificadas sabem da importância e gerenciam
estas peculiaridades para minimizar seu impacto. As não certificadas estão atentas para este
impacto e vão gerenciá-lo quando da implantação.
As peculiaridades do setor da construção civil foram ressaltadas nas diversas
entrevistas realizadas. Um empresário do setor disse que “ o grande problema do setor é o
189
baixo nível do operariado e para isto estamos iniciando um esforço para educá-los com aulas
nas obras”. Já um mestre de obras chamou a atenção para o fato de que “é difícil, pois cada
vez que inicio uma obra, parto do zero com uma equipe nova e inexperiente. Quando a obra
termina, vão embora e começa tudo de novo”, querendo com isto demonstrar as dificuldades
advindas da rotatividade de pessoal no setor, tais como necessidade de treinamento em
processos e métodos etc. Outros problemas foram apontados como não produção em série,
deficiência de planejamento etc. Todos estes fatores e vários outros, já citados anteriormente,
foram estudados e relatados em estudos anteriores de autores como Silva (2000), Verdi
(2000), Ribeiro (2003), Ambrozewicz (2002), Meseguer (1991).
A hipótese foi confirmada pelos testes estatísticos realizados (ver apêndice D).
H3 -As incertezas do ambiente econômico de um país em vias de desenvolvimento, como
o Brasil, restringem a aplicação de SGQs em pequenas e médias empresas de construção
civil.
As verificações feitas, com o software estatístico Minitab- versão 13.1, indicam que as
certificadas e as não certificadas aceitam que a implantação de SGQS em PMEs da construção
civil é restringida pela instabilidade econômica. Porém, as certificadas dão mais importância a
estes aspectos. Este ponto já foi ressaltado na tabela 23, onde se verifica que alguns aspectos
econômicos não são considerados como de importância máxima.
Em relação à aderência, pode ser aceita a afirmação de que não há diferenças entre o
que os dois grupos fazem e a importância dada aos aspectos econômicos.
Em seguida, inicia-se a verificação dos objetivos:
1. Os objetivos gerais (ver 1.3.1) foram alcançados através da utilização do sistema de
indicadores utilizado, do questionário, das entrevistas realizadas e das análises
efetuadas.
2. Os objetivos específicos foram alcançados através das diversas análises efetuadas que
permitiram que se comparasse o desempenho das PMEs certificadas e não certificadas
pela utilização dos indicadores, se avaliasse como as peculiaridades da construção
civil influenciam a implantação de SGQs nas PMEs, se avaliasse se o segmento de
mercado a ser estudado, influencia o processo de implantação de SGQs; se avaliasse
quais
as razões do fracasso ou sucesso na implantação de SGQs nas PMEs da
construção civil.
190
Para o Brasil, como um país em desenvolvimento, é importante observar as tendências
da inovação na construção civil nos países mais desenvolvidos e buscar a introdução de novos
processos, tecnologias e métodos de trabalho. Deve ser entendido que a introdução de novos
processos compreende um novo conjunto de atividades e, assim, são necessárias novas
competências, novos materiais e técnicas. Novas demandas como a utilização de prédios
“inteligentes”, fontes alternativas de energia, “green construction” ou tratamento gerenciado
de resíduos de construção, exigem um aprimoramento da mão de obra do setor. Aspectos
como a baixa qualificação profissional e a inexistência de ações imediatas para formação
profissional devem ser enfrentados para fazer frente às novas exigências. E deve ser dada
especial atenção para as PMEs , lembrando que estas empregam 98,5% do pessoal empregado
na construção civil (IBGE-CNAE-45, 2002) e que muitas das atividades são exercidas pelo
setor informal.
Encerradas as conclusões relativas aos objetivos e hipóteses consideradas para a tese,
pretende-se elaborar as recomendações que se acredita possam melhorar os resultados e
corrigir distorções apontadas.
7.5
SUGESTÕES
Os problemas encontrados nas análises feitas anteriormente serão agrupados por
similaridade, e propostas sugestões. Para cada uma delas será tomado o cuidado de procurar
suporte na teoria utilizada na tese.
1) Problemas decorrentes de desconhecimento de ferramentas de qualidade ou planejamento e
da não utilização de indicadores:
Os principais problemas encontrados nas PMEs foram:
a) PMEs não certificadas desconhecem ferramentas de qualidade e Planejamento
Estratégico, não havendo direcionamento para a melhoria contínua.
b) As PMEs não certificadas não estão conscientes da necessidade de conhecer e aplicar
ferramentas de qualidade, Planejamento Estratégico e critérios de medição.
c) PMEs não certificadas desconhecem a metodologia de aplicação de SGQs.
d) Existe a percepção de que outras empresas implantaram SGQs sem obter resultados
satisfatórios.
191
e) A produtividade das PMEs não certificadas é pior do que a das PMEs certificadas. O
mesmo ocorre com a taxa de acidentes.
f) PMEs não certificadas não analisam dados de qualidade e mercado tais como:
Qualidade, Velocidade de Vendas e Satisfação do Cliente.
As soluções para os problemas relatados passam por uma interação maior entre
universidades, sindicatos patronais (Sinduscons, ADEMI e outros), organismos de apoio à
pequena e média empresa como o SEBRAE para que sejam organizados grupos com a
finalidade de discutir soluções objetivando a modernização das PMEs. Sugerem-se encontros
com os empresários das PMEs em que os casos de sucesso de aplicação de SGQs na
construção civil sejam discutidos. Visitas técnicas, patrocinadas pelos organismos citados,
podem ser feitas em empresas de outros ramos que sejam “world class”, para que os
empresários sejam expostos às melhores práticas. Devem ser criadas sinergias organizacionais
que objetivem a criação de redes locais de PMEs da construção civil. Ao se integrarem em
redes, as PMEs deixarão de atuar como pequenas empresas individuais, passando a constituir
sistemas integrados de empresas. Com esta forma de atuação, as PMEs podem superar os
problemas típicos de seu tamanho tais como: conhecimento especializado, inteligência
empresarial, inovação etc. No entanto, ao optarem pela formação de redes de cooperação, as
PMEs serão obrigadas a enfrentar novas necessidades de capacitação e informação. Tais
necessidades poderão ser supridas adotando as seguintes soluções:
a) Programas de capacitação em escolas técnicas e universidades.
b) Programas de geração e difusão de novos conhecimentos, além de incorporar
inovações técnicas e organizacionais. Desta forma, serão criadas capacitações para
selecionar, adquirir, adaptar e assimilar novas soluções para os problemas decorrentes
de desconhecimento de ferramentas de qualidade ou planejamento e da não utilização
de indicadores.
c) Programas de capacitação para a utilização de recursos de inteligência organizacional
e empresarial destinados à solução dos problemas apontados.
d) Facilitar o acesso e intercâmbio de informações e conhecimento de novos
procedimentos, softwares e inovações técnicas e organizacionais necessárias para a
solução dos problemas verificados pela pesquisa.
192
O estabelecimento das PMEs em redes permitirá o intercâmbio de idéias, o
compartilhamento de informações, o conhecimento de tecnologias e práticas de organização.
Várias estratégias e mecanismos
estão sendo utilizados para promover a difusão de
informações e conhecimento. Como exemplos podem ser citados: contatos inter-pessoais,
cursos práticos, visitas a empresas, acordos para desenvolvimento e transferência de
inteligência organizacional etc. Existem vários exemplos de sucesso na literatura. Um deles é
o programa belga conhecido como PLATO (ALBAGLI, 2001), onde empresários de pequenas
e médias empresas reúnem-se em pequenos grupos para trocar informações em matéria de
gestão e consultar administradores de grandes empresas sobre problemas específicos de
gestão. Existem também iniciativas para o estabelecimento de melhores vínculos entre PMEs
e institutos de pesquisas, organismos de capacitação, universidades. Dois programas de
sucesso que podem ser estudados e adaptados são o Programa de Pesquisa e Desenvolvimento
indiano e o Proyetos de Fomento chileno (ALBAGLI, 2001).
Para que a formação de redes de PMEs seja incentivada, é necessária a preparação de
uma infra-estrutura organizacional de apoio. Deverá haver a participação e a assessoria de um
comitê local das empresas e instituições representativas. O comitê atuará como força
integradora
estimulando
a
cooperação
entre
associações
empresariais,
sindicatos,
universidades etc. Para que tal fato ocorra, sugere-se o estabelecimento das seguintes fases:
a) Identificação da massa crítica de PMEs com os problemas citados e motivadas para a
implementação de soluções para tais problemas.
b) Análise das oportunidades e problemas comuns, estabelecimento de plano de trabalho
comum e formalização da estrutura organizacional do grupo.
c) Criação de projeto estratégico de modo a aumentar a capacitação dos participantes,
incremento da atuação e facilidades comuns visando a solucionar os problemas
citados.
É necessário criar bases de dados estatísticos sobre as empresas permitindo que seja
feito o benchmark entre elas. O benchmark deve ser utilizado para se inteirar do que outras
organizações estão fazendo com bons resultados, e procurar adaptar para as PMEs.
As associações empresariais (Sinduscons) podem trabalhar em conjunto com o
SEBRAE e objetivar o seguinte:
193
1. Sensibilizar e mobilizar segmentos sociais relevantes para a importância das PMEs da
construção civil.
2. Promover a capacitação das PMEs da construção civil na utilização de ferramentas de
qualidade e planejamento e na utilização de indicadores.
3. Capacitar agentes para dar suporte às PMEs através de cursos, estágios, intercâmbios
etc.
4. Desenvolver competências técnicas no campo da Gestão da Qualidade através de
convênios com organizações como a FPNQ, Fundação Vanzolini e outras.
Outras soluções que podem ser aplicadas em relação aos problemas citados são:
1. Disponibilização de doutores, engenheiros ou técnicos para as PMEs através da
concessão de bolsas para que estudem os problemas relatados e apresentem soluções.
2. Programas de pesquisas de soluções para os problemas encontrados, subvencionadas
através de dotações de recursos.
3. Estudar de que maneira as entidades de classe podem ter mais agilidade na prestação
de serviços estratégicos na disseminação do conhecimento de ferramentas de
qualidade e planejamento, e da utilização de indicadores, abandonando as práticas
desatualizadas e ineficazes que houver.
4. Promover treinamento de conteúdo teórico e prático para a mão de obra operacional.
Estas recomendações são respaldadas por autores como Prahalad (2005) ao afirmar
que as organizações devem buscar soluções com foco na relação preço-desempenho dos
produtos e serviços. As soluções devem ser inovadoras, porém compatíveis com a infraestrutura existente. As organizações buscarão desenvolver as seguintes competências
estratégicas e organizacionais: visão de longo prazo, capacidade de antever tendências,
capacidade de gerenciar o risco etc. (OCDE, 1996). A partir da análise dos problemas
apontados, observa-se que as PMEs não certificadas não estão desenvolvendo estas
capacidades. Tal observação é referendada por Muñoz (2001) ao afirmar que o gerenciamento
das construtoras é caracterizado por baixa orientação para o futuro. As PMEs não certificadas
devem estar conscientes de que a aplicação de SGQs em suas organizações, permitirá a
194
utilização de inovações incrementais como um fator de diferenciação conforme a
conceituação de Dosi et al (1990).
A procura da racionalização de processos construtivos para simplificar a execução e
reduzir custos é importante para as PMEs. Estas necessitam buscar sua inserção no mercado,
conforme prescrito por Freeman (1979), através do conhecimento tecnológico e da
capacitação gerencial. As PMEs precisam, para obter sucesso na competição dos negócios,
exercer as duas dimensões definidas por autores como Florida (1995), Aydalot e Keeble
(1998) a saber:
a) desenvolver a capacitação empresarial para assegurar o êxito econômico da
organização e
b) capacitar suas organizações criando uma atmosfera de transformação e progresso
para o aprendizado.
É necessário que as PMEs compreendam que o SGQ é um sistema permanente e de
longo prazo, direcionado para a satisfação do cliente, através da melhoria contínua dos
produtos e serviços, conforme a visão de Mears (1993). Precisam aceitar que a eficiência
operacional superior fortalece a posição competitiva das organizações.
Quanto à utilização de indicadores, Lantelme (1994) verificou que as empresas de
construção não possuem sistemas de medição ou quando têm procuram indicadores mais
simples sem ligação com os realmente críticos. No entanto, autores como Ohashi e Melhado
(2004) demonstraram a importância da utilização de indicadores em empresas construtoras
certificadas. Estes estudos devem ser levados ao conhecimento das PMEs para que se
sensibilizem em relação a este aspecto. Como já mencionado, a medição é fundamental para a
melhoria contínua. A Fundação Nacional Prêmio da Qualidade (FNPQ) tem incentivado a
utilização da medição de desempenho. Desta forma, podem ser feitos contatos com esta
Fundação para que sejam obtidos subsídios sobre a utilização de indicadores de desempenho
para ser dado conhecimento às PMEs.
2) Problemas decorrentes das peculiaridades da construção civil:
Os seguintes problemas foram encontrados:
a) Treinamento deficiente do pessoal das PMEs não certificadas.
b) Baixo nível educacional existente no setor de construção civil.
195
c) Escassez de recursos humanos na construção civil.
d) Alta rotatividade de pessoal.
e) Produtos únicos e não seriados.
f) Capacitação técnico-administrativa deficiente nos níveis gerenciais, administrativos e
operacionais.
g) Baixa produtividade das PMEs não certificadas.
Os problemas encontrados, em sua grande maioria, já haviam sido percebidos por
autores como Messeguer (1991), Silva ( 2000) Ribeiro (2003), Santos (2003) dentre outros. Já
existem, no Brasil, alguns poucos centros de difusão de tecnologia e preparação de mão de
obra como o centro de treinamento do SENAI, que tem sido uma fonte valiosa para o
treinamento e difusão de tecnologia para o setor da construção civil. Deve ser incentivado o
contato com este centro para divulgação das técnicas e tecnologias lá desenvolvidas, além de
se intensificar a criação e disseminação de centros semelhantes pelo país, tendo em vista a
importância da construção civil e a participação das PMEs.
O distanciamento entre universidades e PMEs é um problema a ser objeto de estudo
para que possíveis soluções sejam buscadas. Grupos de estudos devem ser formalizados,
utilizando a massa crítica de conhecimento existente na universidade, buscando soluções
eficazes e de baixo custo para os problemas encontrados. As associações como os Sinduscons,
CBIC e outras podem fazer parte deste processo de aproximação. Através de meios como
seminários, palestras, consultorias, as universidades devem fazer-se conhecer e perceber os
problemas da construção civil. Assim, podem ser preparados treinamentos para os níveis
gerenciais e técnico-administrativos sobre técnicas gerenciais e construtivas, visando a
redução da defasagem em relação às técnicas mais eficazes. Para estes cursos podem ser
utilizadas modernas técnicas audiovisuais e incentivada a utilização do ensino à distância.
Devem ser preparados “cases” sobre as empresas de sucesso na área da construção civil e
incentivada a divulgação das técnicas mais utilizadas tais como construção enxuta, gerência
de projetos, etc.
As universidades poderiam fazer um trabalho de marketing junto às
associações de classe, mostrando como podem ajudar na resolução dos problemas setoriais.
As soluções passam por uma série de providências que se iniciam com uma revisão gradual
dos atuais currículos das universidades. Atualmente, as universidades tendem a um curso mais
acadêmico, de caráter mais intelectual, voltado mais para a pesquisa e formação de
196
pesquisadores. Não há, de um modo geral, a preocupação em se dar ênfase para os campos
gerenciais e comportamentais. A grade curricular é essencialmente técnica, e mesmo havendo
preocupação em formar alunos voltados para o mercado de trabalho, essa não é a orientação
básica dos cursos. A grade curricular pode considerar aspectos específicos das PMEs
objetivando dotar os alunos de uma visão destas organizações. Outras providências para
reduzir a distância empresa / universidade podem ser:
1. Estimular a cooperação entre PMEs e entidades de pesquisa e universidades para
contribuir positivamente no estudo de soluções para os problemas decorrentes das
peculiaridades da construção civil .
2. Implantar um sistema de identificação de oportunidades de melhorias ou diminuição
dos impactos das especificidades da construção civil nas PMEs e apoiar a montagem e
o reforço de programas que garantam a rápida disseminação dos conhecimentos
adquiridos destes estudos.
3. Objetivar a interação e não a integração universidades / PMEs considerando a
vocação das instituições e planejar a interação entre estas organizações, procurando
verificar a natureza das vocações e os benefícios que podem vir destas interações.
4. Estabelecimento de convênios para ações específicas e complementares como:
formação de quadros, acordos de transferência e colaboração etc.
5. Estabelecimento de agentes de contato entre as PMEs e as universidades que estejam
familiarizados com as rotinas do pesquisador e do empresário e atualizados em relação
ao setor das PMEs da construção civil e do potencial tecnológico das universidades, e
como estas podem ajudar as PMEs na atenuação ou solução dos problemas apontados.
6. Programas de treinamento e estágios de pesquisadores na indústria, financiados com
recursos públicos. Tais programas
objetivarão o entendimento das condições de
trabalho das PMEs da construção civil e o desenvolvimento de competências técnicas
e de gestão específicas necessárias para a solução dos problemas decorrentes das
peculiaridades do segmento.
O benchmark pode ser intensamente utilizado com visitas às empresas líderes no
gerenciamento dos recursos humanos. Logo, as técnicas utilizadas seriam aprendidas e
transferidas, depois de adaptadas, para as PMEs.
197
O investimento em programas específicos de redução de acidentes e melhoria das
condições de trabalho deve ser priorizado. Estes programas serão direcionados para todos os
níveis organizacionais, podendo estabelecer bonificações através da redução de encargos ou
impostos para PMEs que apresentem resultados significativos na área de redução de
acidentes.
Com a utilização da normalização técnica se obteriam reduções de custos, uma vez
que a falta de conformidade aos padrões e custos de controle aumentam os gastos das
empresas. No entanto, considerando-se que ainda existem poucas normas para a construção
civil no Brasil, é necessário que seja feito um esforço para o incremento da elaboração destas
normas.
A criação de Sistemas Integrados de Gestão nas PMEs, englobando qualidade, saúde e
segurança do trabalho e meio ambiente precisa ser pensada e divulgados os benefícios desta
postura às PMEs.
As PMEs podem formar consórcios para redução de custos de treinamento, habilitando
mais pessoas e obtendo melhores custos. Não se deve esquecer da utilização da tecnologia da
informação como forma de redução de custos e aumento da produtividade, adotando
softwares de gestão e de apoio à decisão adaptados para as PMEs, que atualmente já existem e
podem ser localizados através de uma simples consulta pela Internet.
As deficiências no aprendizado do operário da construção civil foram ressaltadas por
Amorim (1995) ao afirmar que o operário desenvolve mais “habilitação” do que
“qualificação”. Esta característica difere do preconizado pela OCDE (1999) que afirma que
na nova sociedade do conhecimento os trabalhadores devem aprender novas habilidades
durante toda a vida.
As razões listadas no relatório McKinsey (1998) e no Estudo Prospectivo da
Construção Civil (MDIC, 2003), reforçam a necessidade de que as soluções aqui descritas
sejam consideradas pelas PMEs. Estas devem se equipar com técnicas para melhorar sua
eficácia técnico-administrativa e seus recursos humanos, estruturando-se de modo a integrar
seus sistemas internos e atender às estratégias definidas, conforme preconizado por autores
como Nohria e Ghoshal (1997), Dunning (1993) e outros.
3) Problemas causados na implementação de SGQs em PMEs da construção civil devido às
incertezas do ambiente econômico:
198
Os problemas encontrados foram:
a) Falta de controles financeiros e de mecanismos de avaliação do ambiente externo nas
PMEs não certificadas. Portanto, estas não têm uma visão completa do ambiente
externo e não visualizam os impactos de vários fatores econômicos na implantação de
SGQs.
b) Falta de capacitação técnico-administrativa das PMEs não certificadas dificultando o
gerenciamento dos aspectos econômicos na implantação de SGQs.
c) Taxa real de investimento fixo no país é baixo.
d) Excessiva carga tributária, desviando recursos das PMEs que poderiam ser utilizados
no aumento da produtividade e eficácia.
É importante ressaltar que a aproximação universidades / associações empresariais e
de classe/ PMEs é necessária para que sejam apresentadas soluções como: relatórios de
análise da situação, treinamentos sobre Planejamento e Controle Financeiro confeccionados
especialmente para as PMEs, desenvolvimento de softwares de controle financeiro etc. As
soluções discutidas para os problemas anteriores podem ser consideradas e adaptadas para os
problemas causados na implementação de SGQs em PMEs da construção civil devido às
incertezas do ambiente econômico .
Os problemas econômicos apontados pelas PMEs certificadas tais como: juros altos,
inconsistência das regras econômicas, alta carga tributária, inexistência de política
habitacional (também apontada pelas não certificadas) podem ser motivo de trabalho intenso
das PMEs junto às associações de classe, SEBRAE, Executivo, Legislativo para resolver estas
deficiências. Estes órgãos devem sofrer uma pressão constante a fim de que se dediquem ao
estudo e busca de soluções. A verificação da maneira como tal problema é tratado em outros
países com porte semelhante ao Brasil deve ser considerada e ponderadas as condições de
utilização. Uma possível solução para os problemas apontados pode ser a constituição das
PMEs da construção civil em arranjos produtivos locais, que podem facilitar o planejamento
econômico-financeiro, planejamento estratégico, desenvolvimento de controles específicos
para o setor devido a :
1) Redução nos custos de desenvolvimento de soluções e diluição dos riscos devido à divisão
dos custos por um maior número de empresas em lugar de empresas individuais.
199
2) Superação das barreiras tradicionais devido à promoção de incentivos para iniciativas
deste tipo em PMEs.
As soluções para problemas encontrados em relação aos aspectos econômicos podem
ser:
a) Promover a capacitação e sensibilização das PMEs da construção civil, implementação de
mecanismos de controle financeiro e de avaliação do ambiente externo custeados através de
recursos a fundo perdido e linhas especiais de crédito.
b) Criar sistemas de bonificações de taxas de juros, redução de carga fiscal e incentivos para
implementação das soluções desenvolvidas em PMEs da construção civil, mudança dos
critérios de análise de crédito para PMEs da construção civil que implementem as soluções
desenvolvidas, recursos não re-embolsáveis para desenvolvimento de projetos de pesquisa
cooperativa com universidades e centros de pesquisa para projetos de capacitação técnicoadministrativa das PMEs não certificadas.
O governo pode utilizar seu poder de compra e priorizar as PMEs da construção civil,
desenvolvendo políticas específicas para este segmento. Assim procedendo, as razões
enunciadas por Rothwell e Zegveld (1981), já referenciadas nesta tese, seriam atendidas. As
PMEs são um complemento necessário, e não alternativo, às empresas de grande porte. A
implantação das sugestões listadas faria justiça à importância da construção civil,
considerando as características do setor, a saber: a) elevado efeito multiplicador, b) menores
necessidades de investimento, devido à baixa relação capital/ produto, c) utilização intensiva
de mão de obra, incluindo a não qualificada, d) responsável por significativa porção dos
investimentos e, e) reduzido coeficiente de importação (SEBRAE-MG, 2005).
8
CONCLUSÕES FINAIS E SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS
8.1
COMENTÁRIOS FINAIS
Esta tese teve, como objetivo geral, pesquisar a implantação de Sistemas de Gestão da
Qualidade em pequenas e médias empresas de construção civil, sub-setor de edificações.
Devido a limitações de tempo e custos, as pesquisas foram circunscritas para PMEs situadas
no município do Rio de Janeiro. Portanto, os deslocamentos bem como respectivas despesas,
as dificuldades em contatar pessoas e os prazos foram minimizados. Com a utilização destes
procedimentos, os prazos estabelecidos para a conclusão da pesquisa foram factíveis.
A escolha de pequenas e médias empresas da construção civil estabeleceu-se devido
ao fato de que estas constituem uma importante fatia do segmento (SENAI, 2005). A
motivação principal para o desenvolvimento da tese foi verificar se estas empresas, quando
adotam SGQs, apresentam melhores resultados em relação às que não utilizam. Uma outra
motivação foi verificar se as peculiaridades da construção civil, citadas por autores como
Silva (2000), Ambrozewicz (2002), Messeguer (1991) e outros afetam a implantação destes
sistemas nas PMEs da construção civil. Houve, também, a preocupação em entender como a
instabilidade econômica atua sobre esta implantação.
Para se atender aos objetivos da tese, foi utilizado o método de estudos de casos
múltiplos com a aplicação de questionários, a utilização de um sistema de indicadores, cujo
desenvolvimento foi explicado anteriormente, e entrevistas. Foram tomados os devidos
cuidados para validar o estudo de casos, conforme Yin (2001), através de:
1. Validade de construto.
2. Validade interna.
3. Validade externa.
201
4. Confiabilidade.
A utilização do estudo de caso teve como objetivo a compreensão e interpretação dos
fenômenos observados. Pela utilização de casos múltiplos, foi possível o confronto e
comparação entre os resultados, possibilitando respostas mais confiáveis. E, desta maneira, os
resultados podem ser generalizados, conseguindo atender às recomendações de autores como
Herriot e Firestone (1983), Banbasat, Goldstein e Mead (1987) explanadas na Metodologia.
A pesquisa realizada confirmou as hipóteses enunciadas. Pela comparação de
indicadores, previamente escolhidos, foi demonstrado que as PMEs que têm SGQ apresentam
melhores resultados em relação àquelas que não possuem. Pelos testes estatísticos realizados,
comprovou-se a veracidade da segunda hipótese. Esta considera que as peculiaridades da
construção civil, já relatadas em outras partes da tese, influenciam na implementação de
SGQs. Da mesma forma, os resultados demonstraram que, tanto as PMEs certificadas como
as não certificadas, consideram ser a implantação de SGQs influenciada pela instabilidade
econômica. Logo, confirmou-se a terceira e última hipótese considerada.
A situação atual da qualidade na construção civil brasileira e os principais programas
de qualidade utilizados nesta indústria foram demonstrados, assim como modelos de
programas de qualidade utilizados em outros países. Entretanto, para que o nível de
desempenho das organizações seja medido, são necessários indicadores. E assim, foram
apresentados os principais sistemas de indicadores, seus problemas de implantação e a
situação de tais sistemas na construção civil até chegar-se ao sistema de indicadores utilizado
na tese.
A pesquisa permitiu uma série de observações e conclusões. Foi verificado que as
PMEs com Sistemas de Gestão da Qualidade estão mais bem preparadas para as mudanças
que agitam o ambiente de negócios. Estas empresas, ao utilizarem indicadores, conseguem
uma melhor percepção do ambiente externo. E, deste modo, as empresas certificadas podem
rever suas estratégias, adaptando-se às novas condições. Os resultados obtidos na pesquisa
confirmam esta afirmação. Uma outra conclusão foi que as PMEs certificadas possuem um
melhor entendimento dos fatos econômicos e qual é a sua influência na implantação de SGQs.
Os resultados obtidos, através dos questionários, evidenciaram que as peculiaridades da
construção civil afetam de maneira bastante significativa esta implantação. Para minorar o
efeito destas peculiaridades, é necessário que haja um esforço conjunto do Estado e das
PMEs. O Estado pode agir por meio de investimentos em educação, capacitação da mão de
202
obra, programas de redução de acidentes de trabalho, reestruturação da política tributária,
sistemas de crédito para a construção civil, redução da má distribuição de renda e políticas de
emprego e renda. E as empresas, por sua vez, podem se equipar adotando técnicas com o
objetivo de melhorar sua eficácia técnico-administrativa, formar consórcios para redução dos
custos de treinamento, formar cooperativas para compra de insumos e matérias, incentivar o
aumento da elaboração de normas e procedimentos junto aos órgãos especializados,
incrementar a utilização da tecnologia de informação e várias outras medidas sugeridas nas
Recomendações. Uma outra providência que pode ser adotada, facilitando o processo de
planejamento das PMEs, é a constituição de arranjos produtivos locais. As vantagens destes
arranjos foram explanadas nas Recomendações. No entanto, para que estes arranjos
produtivos locais tenham sucesso, é importante uma mudança na postura das PMEs, atentando
para detalhes tais como: diferenças em relação ao desenvolvimento tecnológico, capacitação
de pessoal e diferenças de participação dos programas de qualidade.
Uma realidade, que deve ser considerada pelas PMEs da construção civil, é a
autoconstrução. A autoconstrução tem potencial para ser uma das possíveis alternativas para
reduzir o problema do déficit habitacional, desde que, conforme já dito por este autor, sejam
atacados os problemas como não-conformidade, baixa qualidade e informalidade da mão de
obra. Com o aumento das necessidades habitacionais em regiões de menor infra-estrutura,
devido à fixação do pessoal de menor renda nestes locais, a tendência da autoconstrução e da
construção informal é o crescimento. Portanto, a autoconstrução tenderá a
aumentar a
participação no mercado e no volume de compras. Assim, abre-se uma oportunidade para que
as pequenas e médias empresas de construção civil se posicionem neste mercado. Este assunto
não foi desenvolvido nesta tese, já que não era o enfoque da mesma, nem se encontrava entre
os objetivos pesquisá-lo em profundidade. Entretanto, algumas soluções podem ser
consideradas pelas PMEs para situar-se neste mercado, tais como:
a) considerar que o público alvo tem como prioridade a adequação do desembolso
financeiro à sua capacidade de pagamento e desenvolver soluções para isto,
através de parcerias com órgãos de financiamento.
b) estabelecer parcerias com associações de moradores para que as PMEs ofereçam a
este público as vantagens da construção formal como qualidade, segurança, custo
adequado, redução de desperdícios, treinamento em técnicas construtivas e a
utilização deste público como mão de obra.
203
c) criar produtos de boa qualidade com menor preço,
d) criar produtos resistentes à precariedade da infra-estrutura local, utilizando sempre
que possível mão de obra do comprador,
e) investir na melhoria das técnicas de construção através da utilização de sistemas de
construção, que são elementos construtivos para racionalizar processos e tempos
de construção.
A partir dos resultados pesquisados nos questionários, acredita-se que problemas da
construção civil causados devido à situação econômica do país, possam ser minorados através
de medidas como melhoria contínua, gerência do conhecimento, introdução de melhores
práticas de planejamento, visão global, conhecimento do mercado e da concorrência dentre
outras. Uma das soluções é, certamente, a utilização de Sistemas de Gestão da Qualidade que
possibilita às empresas conhecerem seus pontos deficientes e traçarem estratégias visando ao
aprimoramento contínuo. Agindo desta forma, podem se adaptar melhor às mutações do
ambiente. Com o aprimoramento dos programas existentes, as PMEs obterão melhores
condições de sobreviver no ambiente global de nossos dias.
Outra constatação obtida durante o trabalho de pesquisa realizado, foi a de que a
utilização de indicadores de qualidade e produtividade para avaliação de desempenho e
melhoria dos processos ainda é incipiente na construção civil. A implantação de sistemas de
indicadores é dificultada por fatores característicos deste setor tais como: caráter nômade,
produtos únicos e não seriados, longo ciclo de aquisição-uso-reaquisição, mão de obra de
baixa capacitação dentre outros, confirmando a tese de vários autores, citados ao longo deste
trabalho. Foi observada, também, a existência de um outro obstáculo para a implantação de
indicadores que é a sobrecarga de trabalho e a necessidade de redução de custos, existentes
nas atuais condições da construção civil. No entanto, à medida que resultados positivos forem
sendo conhecidos, espera-se uma melhor difusão das vantagens na aplicação do uso de
sistemas de indicadores.
Este trabalho demonstrou que a utilização de SGQs é um poderoso instrumento de
aperfeiçoamento de gestão das empresas. Embora o desempenho das PMEs certificadas seja
superior ao das não certificadas, ainda há muito a ser melhorado nestas empresas e no
processo de implementação de SGQs. Com o objetivo de facilitar tal implementação, diversas
sugestões foram feitas. Acredita-se, assim, que tenham condições de contribuir para o
aperfeiçoamento do processo de implementação de SGQs nas PMEs da construção civil.
204
Como qualquer inovação, sempre haverá dificuldades na implantação de SGQs, que
deverão ser enfrentadas e resolvidas. Não há dúvidas que o processo é irreversível e que, cada
vez mais, as PMEs da construção civil aplicarão este recurso, que se consolidará e melhores
resultados serão alcançados. A implementação de SGQs poderá transcorrer sem problemas
sempre que as organizações tiverem uma visão do ambiente externo, traçarem estratégias de
implantação e que as peculiaridades da construção civil e as influências da economia forem
consideradas. Também é necessário que os recursos humanos e financeiros necessários sejam
alocados. Um outro cuidado necessário é o entendimento de que toda mudança de filosofia ou
implementação de um novo sistema de gestão cria um desconforto na organização, que é
deslocada de sua zona de conforto e forçada a se lançar no desconhecido da mudança.
8.2
SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
O assunto em pauta foi bastante estudado. Todavia, não se conseguiu esgotá-lo devido
a problemas como: exigüidade de tempo, recursos escassos para pesquisas mais detalhadas,
indisponibilidade das empresas em participar e vários outros. Assim, acredita-se que futuros
trabalhos devam retomar o estudo, com a abordagem de alguns temas que devem contribuir
para o desenvolvimento quantitativo e qualificativo da matéria.
Um aspecto que merece um estudo mais profundo, é a verificação do processo de
inovação tecnológica nas pequenas e médias empresas de construção civil. Considerando-se
que com a globalização e provável crescimento do interesse dos investidores estrangeiros no
mercado imobiliário brasileiro, é factível acreditar que as PMEs terão oportunidades e
ameaças neste cenário. A inovação tecnológica será uma das soluções que as PMEs terão para
enfrentar estas oportunidades e ameaças. Logo, fica a sugestão deste estudo.
Sugere-se, também, que a metodologia aqui proposta e aplicada nas PMEs do
município do Rio de Janeiro, seja levada para outras regiões brasileiras de modo que se
possibilite a comparação das PMEs certificadas do Rio em relação às de outras cidades. Deve
ser levado em consideração que o estudo foi aplicado em PMEs do município do Rio de
Janeiro, o que não compromete os resultados. Entretanto, com certeza limita a generalização,
uma vez que a construção civil possui algumas peculiaridades típicas da região analisada.
Aumentando a abrangência do estudo, um quadro melhor da situação será permitido.
Procedendo desta forma, será possível realizar um estudo comparativo entre os resultados,
205
estabelecendo condições para uma troca e aprendizado das melhores práticas. Estas poderão
ser divulgadas, levando a um aumento da competitividade global do setor.
Um aspecto significativo decorrente das pesquisas realizadas é a importância da
autoconstrução em nosso país e como este pode ser um segmento a ser explorado pelas PMEs
da construção civil. Tal mercado é dominado pela informalidade. Neste trabalho, este assunto
foi enfocado de uma maneira bastante tangencial, já que não fazia parte do escopo. No
entanto, algumas soluções sobre como as PMEs podem se situar em relação a este mercado
foram apresentadas. Pela importância do tema, é necessário um estudo mais profundo e
elaborado sobre a forma de atuação das PMEs no mercado da autoconstrução, e de que
maneira conseguirão ganhar competitividade em relação às informais.
Uma outra contribuição para o conseqüente aprofundamento deste trabalho e
considerando-se a importância das PMEs e do sub-setor de edificações para a economia,
relaciona-se ao desenvolvimento de um sistema informatizado de cálculo de indicadores para
PMEs da construção civil, integrado a uma matriz de decisão sobre estratégias para melhorias.
Acredita-se que sua utilização poderá ser benéfica para as PMES, que terão condições de
verificar como se situam em relação aos indicadores médios e estabelecer
adequada para cada caso.
a estratégia
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WOORTMAN, K.A.A.W. Modernização e Desenvolvimento. Brasília. Universidade de
Brasília, 1992.
APÊNDICES
APÊNDICE A
Pesquisa
Esta pesquisa faz parte de uma tese de doutorado, realizada pelo autor deste
questionário no PPGEC- Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade
Federal Fluminense (UFF). O objetivo é mensurar o desempenho das pequenas e médias
empresas do ramo de edificações da Indústria da Construção Civil, que adotam Sistema de
Gestão da Qualidade em relação àquelas que não utilizam tais sistemas. Serão verificados:
a) resultados das empresas em relação a dimensões: financeira, recursos humanos, mercado e
produção;
b) como as características da construção civil (baixa capacitação da mão de obra, produtos
únicos e não seriados, etc.) constituem obstáculo para a implantação de modernas técnicas
de gestão;
c) como a instabilidade do ambiente econômico brasileiro afeta a implantação de sistemas de
gestão nas pequenas e médias empresas do setor.
A Universidade, o doutorando e o orientador desta tese garantem a total
confidencialidade dos dados e respostas. A seguir, estão listados os indicadores utilizados na
avaliação.
Financeiros:
a) Riqueza criada por empregado: Valor agregado* / Número médio de empregados
(próprios + terceirizados).
b) Endividamento: (Passivo circulante+ Exigível a longo prazo) / Ativo total.
c) Lucratividade: Valor agregado* / ∑ m2 construídos.
225
* Valor agregado= Lucro bruto da empresa= Faturamento- Despesas Administrativas e de
Produção (exclusive impostos)
Recursos Humanos:
d) Percentual de treinamento: (∑ número de horas dedicadas ao treinamento/ ∑ número de
horas trabalhadas) x 100
e) Taxa de freqüência de acidentes:
(∑ número de horas mensais de pessoal afastado mais de um dia/ ∑ total de horas
trabalhadas por todos os funcionários MOD)x 100.
f) Índice de rotatividade:
(((número de funcionários admitidos+demitidos)/2)/ Efetivo médio)x100
g) Índice de absenteísmo:
(Total mensal de faltas não justificadas(horas)/ Total mensal de horas trabalhadas)x 100
Indicadores de Mercado:
h) Índice de participação de mercado:
(Faturamento/ Mercado total do setor) x100.
i) Velocidade de vendas:
(Total de unidades vendidas (m2)/ Total de unidades disponíveis para venda (m2))x100.
Produção:
j) Eficiência do planejamento produtivo:
(Tempo real de realização da obra/ tempo planejado de realização da obra) x 100.**
**Tempos médios
l) Índice de produtividade:
Número de homens hora utilizados (em 1 ano)/ m2 produzidos (em 1 ano) ***
*** Efetivo(s) do(s) canteiro(s).
m) Índice de qualidade do produto:
Número de atendimentos (90 dias após entrega ao usuário) / Total de m2 construídos.
n) Índice de satisfação do cliente:
(Número de reclamações de clientes usuários****/ número total de unidades)x 100.
**** considerar 90 dias após entrega.
Solicita-se o preenchimento da tabela seguinte para a tabulação destes indicadores. As
empresas não serão identificadas e, posteriormente, os resultados serão enviados aos
respondentes, de modo que possam saber como se situam em relação às demais.
226
Tabela de Compilação de Dados
Dado
Número de empregados (médio)
2001
2002
2003
2004
2005
Faturamento
Passivo circulante
Exigível a longo prazo
Ativo total
Valor agregado*****
M2 construídos
Total de horas Treinamento
Total de horas trabalhadas
Total de horas pessoal afastado mais de um dia
Total funcionários admitidos
Total funcionários demitidos
Efetivo médio anual (com terceirizados)
Total de faltas não justificadas (horas)
Mercado (R$)
Total de unidades vendidas (m2)
Total de unidades disponíveis para venda(m2)
Número de atendimentos
Número de reclamações de clientes usuários
Tempo total de realização das obras
Tempo planejado de realização das obras
***** Valor agregado= Faturamento – Despesas administrativas e de produção (exclusive
impostos)
Parte II
Destina-se a verificar o grau de aderência da organização aos modernos conceitos e
práticas de gestão.
O doutorando, Luiz Carlos Brasil e o orientador da tese, professor Sérgio Leusin, em
nome do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal
Fluminense agradecem a colaboração no preenchimento e reiteram que a confidencialidade no
trato das informações recebidas será total.
Identificação:
Empresa:_________________________________________________________________
Respondente:_____________________________________________________________
Função:_________________________________________________________________
Data:___________________________________________________________________
227
Perguntas:
1) Assinale a classificação de sua empresa em relação ao número de funcionários.
Construção Civil
Porte
Número de funcionários
microempresa
até 19 pessoas ocupadas
pequeno porte
20 - 99 pessoas ocupadas
médio porte
100 - 499 pessoas ocupadas
grande porte
acima de 500 pessoas ocupadas
Classificação
Fonte: SEBRAE, 2005
2) Qual a sua posição no organograma da organização?
( ) proprietário ( ) diretoria ( ) gerencial ( ) supervisão ( ) cargo técnico
3) Em relação às ferramentas listadas abaixo, informe se você as conhece ou não, e se sua
organização pretende utilizá-las ou se já as utiliza:
Ferramenta
Conhece
Desconhece
Pretende
Utilizar
Certificação
ISO 9001:2000
Balanced
|Scorecard
Gestão do
Conhecimento
DFQ
Benchmarking
Seis Sigma
Gerência de
Projeto
Equipes de
Trabalho
Gestão da
Mudança
Produção
Enxuta
Análise de
Valor
Kaizen
Gestão
Ambiental
SIAC/PBQP-H
4) Existe algum tipo de planejamento estratégico em sua organização?
( ) Sim
( ) Não
Utiliza
228
Em algumas das próximas perguntas serão avaliados o grau de concordância com as
afirmações e o grau de importância dos conceitos para o bom funcionamento de um Sistema
de Gestão da Qualidade. Assim, o questionário apresenta dois tipos de avaliações. A primeira,
refere-se à concordância com as afirmações e tem a seguinte simbologia.
M.D.- muito discordo
D- discordo
I- indiferente
A- de acordo
M.A.- muito de acordo
A segunda objetiva avaliar o grau de importância dado ao item para uma boa
implantação de um Sistema de Gestão da Qualidade com a seguinte simbologia:
S.I.- sem importância
P.I.- pouca importância
I- indiferente
C.I. - com importância
M.I.- muita importância
Caso a resposta ao item 4 tenha sido positiva responda à próxima pergunta. Se a
resposta foi negativa passe para a pergunta 11.
5) O planejamento estratégico da organização é feito através de um método sistematizado
com etapas definidas.
Grau de concordância
M.D. ( ) D ( ) I ( ) A ( ) M.A. ( )
Grau de importância
S.I ( )
P.I. ( ) I ( ) C.I. ( ) M.I. ( )
6) O processo de planejamento estratégico utilizado atinge plenamente os objetivos
pretendidos.
Grau de concordância
M.D. ( ) D ( ) I ( ) A ( ) M.A. ( )
Grau de importância
S.I ( )
P.I. ( ) I ( ) C.I. ( ) M.I. ( )
229
7) O planejamento estratégico é elaborado com a participação de todos os níveis diretivos da
organização (diretores, gerentes e supervisores).
Grau de concordância
M.D. ( ) D ( ) I ( ) A ( ) M.A. ( )
Grau de importância
S.I ( )
P.I. ( ) I ( ) C.I. ( ) M.I. ( )
8) As metas definidas pelo processo de planejamento estratégico são conhecidas por todos
os níveis da organização.
Grau de concordância
M.D. ( ) D ( ) I ( ) A ( ) M.A. ( )
Grau de importância
S.I ( ).
P.I. ( ) I ( ) C.I. ( ) M.I. ( )
9) Existem critérios de medição em relação às metas definidas pelo planejamento estratégico
em sua organização.
Grau de concordância
M.D. ( ) D ( ) I ( ) A ( ) M.A. ( )
Grau de importância
S.I ( ).
P.I. ( ) I ( ) C.I. ( ) M.I. ( )
10) Os critérios de medição são entendidos e aceitos por todos os níveis da organização.
Grau de concordância
M.D. ( ) D ( ) I ( ) A ( ) M.A. ( )
Grau de importância
S.I ( ).
P.I. ( ) I ( ) C.I. ( ) M.I. ( )
230
11) Assinale, em sua opinião, o grau de dificuldade para implantar processos de
planejamento estratégico e critérios de medição em sua organização (1= pouca dificuldade;
5= muita dificuldade). Se não houve dificuldades para a implantação passe para a pergunta
12.
Item
Desconhecimento
dos
dirigentes
Falta de conscientização do
grupo.
Falta de metodologia de
aplicação
Foi tentado e não deu
resultado
Outros*
1
2
3
4
5
* Se marcou outros, neste caso explique o motivo.
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
____________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
12) Existe apoio da alta administração na organização para desenvolver e implantar Sistemas
de Gestão da Qualidade.
Grau de concordância
M.D. ( ) D ( ) I ( ) A ( ) M.A. ( )
Grau de importância
S.I ( ).
P.I. ( ) I ( ) C.I. ( ) M.I. ( )
13) Caso sua organização não tenha um Sistema de Gestão da Qualidade, existem planos
para implantá-lo?
( ) Sim
( ) Não
14) Qual em sua opinião o fator que mais dificulta a implantação de ferramentas de gestão
em sua organização (1= pouca dificuldade; 5=muita dificuldade). Se não houver
dificuldades para a implantação passe para a pergunta 15.
231
Item
Desconhecimento
Administração
1
da
2
3
4
5
Alta
Desinteresse
da
alta
Administração
Medo da alta administração em
perder poder
Tentou-se e não deu certo*
Outras razões*
*Explique
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
________________________________________________
15) Se a organização não tem um Sistema de Gestão da Qualidade, mas existem planos para
implantação, informe o prazo previsto para início. Caso sua organização já tenha um
Sistema de Gestão não responda esta pergunta.
( ) Imediato
( ) Doze meses
( ) Menos de três meses
( ) Mais de Doze meses
( ) Seis meses
( ) Indefinido
16) Caso a resposta à questão 13 seja afirmativa ou sua organização já possua um Sistema de
Gestão da Qualidade, qual a razão principal para sua organização ter iniciado o processo?
( ) Exigência dos cliente
( ) Exigência dos órgãos governamentais de financiamento
( ) Adequação à concorrência
( ) Exigência de órgãos de classe
( ) Necessidades internas da organização
( ) Decisão do principal dirigente
( ) Outras. Explique.
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
232
__________________________________________________________________________
____________________________________________________________________
17) Assinale na tabela a seguir, em sua opinião, qual o grau de dificuldade das
peculiaridades da construção civil para a implantação de Sistemas de Gestão da Qualidade.
(1= pouca dificuldade; 5=muita dificuldade). Se, em sua opinião estas peculiaridades não
dificultam a implantação passe para a pergunta 19.
Item
Alta rotação de pessoal
Não utilização de
produção em série
1
2
3
4
5
Tradicional e pouco
afeita para modificações
Utiliza mão de obra de
baixa qualificação
Produtos únicos e não
seriados
Indefinição de
responsabilidades
Outros*
* Se marcou outros, neste caso explique o motivo.
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
____________________________________________________________________
233
18) Para vencer as dificuldades inerentes ao setor, em sua opinião, qual a importância dos
fatores indicados na tabela a seguir (1=pouca importância ; 5=muita importância).
Item
1
Capacitação
administração
da
Capacitação do
intermediário
2
3
4
5
alta
pessoal
Capacitação do pessoal de
produção
Parcerias com
Tecnológicos
Universidades
Institutos
e
Desenvolvimento
pesquisa
de
Incentivos do governo para
empresas que possuam SGQ
O governo
empresas a
SGQ
Outros*
obrigar as
implementar
* Se marcou outros, neste caso explique o motivo.
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
____________________________________________________________________
19) As dificuldades do ambiente econômico brasileiro são um fator complicador para que as
pequenas e médias empresas da Indústria da Construção Civil utilizem Sistemas de Gestão
da Qualidade.
Grau de concordância
M.D. ( ) D ( ) I ( ) A ( ) M.A. ( )
Grau de importância
S.I ( ).
P.I. ( ) I ( ) C.I. ( ) M.I. ( )
234
20) Qual o grau de importância, em sua opinião, dos seguintes fatores econômicos para
dificultar a implantação de Sistemas de Gestão da Qualidade. (1=pouca importância ;
5=muita importância).
Item
1
2
3
4
5
Juros altos
Inconstância
de
regras
econômicas
Inconstância da legislação
Incerteza política
Inexistência de uma política
habitacional
Falta de apoio financeiro as
PMEs para treinamento de
pessoal
Falta de apoio financeiro as
PMEs para investir em P&D
Outras*
*Explicar
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
____________________________________________________________________
Caso sua organização possua um Sistema de Gestão da Qualidade, ou sua resposta à
questão 13 seja afirmativa, responda as perguntas 21, 22.
21) A alta administração disponibilizou os recursos necessários para uma implantação bem
feita de um Sistema de Gestão da Qualidade.
Grau de concordância
M.D. ( ) D ( ) I ( ) A ( ) M.A. ( )
Grau de importância
S.I ( ).
P.I. ( ) I ( ) C.I. ( ) M.I. ( )
22) Existe um critério de medição para avaliar os custos e retornos financeiros esperados do
Sistema de Gestão da Qualidade.
Grau de concordância
M.D. ( ) D ( ) I ( ) A ( ) M.A. ( )
235
Grau de importância
S.I ( ).
P.I. ( ) I ( ) C.I. ( ) M.I. ( )
Caso sua organização tenha um Sistema de Gestão da Qualidade, responda a questão 23.
23) Caso exista um critério de medição, os resultados foram dentro do esperado?
( ) Sim
( ) Não
24) Se os resultados não foram satisfatórios, indique o grau de importância para os motivos
listados na tabela seguinte (1=pouca importância ; 5=muita importância).
Item
1
2
3
4
5
Falta
de
apoio
da
administração
Falta de recursos humanos e
financeiros
Método de
inadequado
Incertezas
econômico
implantação
do
momento
Falta de treinamento
Falta de envolvimento do
pessoal intermediário
Sistemas de Gestão não se
aplicam às PMEs*
Outros*
* Explique
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________
236
APÊNDICE B
Protocolo de Entrevista para Verificação de Discrepâncias
Reforço dos objetivos da pesquisa- são explicados, novamente, os objetivos da
pesquisa para que se tenha plena certeza do entendimento por parte de respondente.
Reforço da metodologia da pesquisa- é explicada a metodologia, novamente, da
pesquisa para que se tenha plena certeza do entendimento por parte de respondente.
Explicação da metodologia de análise dos dados- é explicada ao respondente de que
maneira os dados foram analisados.
Verificação do entendimento por parte do respondente- é pedido ao respondente que
em poucas palavras, dê o seu entendimento das etapas anteriores para verificação do
entendimento pleno da pesquisa.
Explicação das discrepâncias encontradas na fase de análise- é explicado ao
respondente, nesta fase, as discrepâncias encontradas entre as respostas dadas e o resultado da
análise.
Solicitação de evidências para afirmação e ou dado discrepante- é solicitado ao
respondente, nesta fase, que apresente evidência em relação à resposta ou dado discrepante.
237
APÊNDICE C
Glossário
Análise de valor- emprego sistemático de técnicas comprovadas para avaliação de funções de
um produto ou tarefa, com o objetivo de encontrar novos caminhos que preencham as funções
necessárias de maneira econômica, preservadas todas as funções de segurança
(ABREU,1995).
Autoconstrução- é a construção de baixa renda para a própria família ou para venda,
construção individualizada, informal e formal (MDIC, 2005).
Cadeia de valor - é um conjunto de ações necessárias para a concepção de produto específico
na cadeia produtiva, separando os processos em: os que agregam valor, aqueles que não
agregam valor, mas são necessários, e os desnecessários que devem ser eliminados
(WOMACK e JONES, 1997).
Capacidade tecnológica-o grau de domínio e experiência no processo de inovação
tecnológica de uma organização (LARANJA et al, 1997).
Competitividade-consiste na capacidade de um país manter e expandir sua participação nos
mercados internacionais e levar simultaneamente o nível de vida de sua população
(FAJNZYLBER (1988) apud HAGUENAUER (1989)).
Economia do aprendizado -é aquela baseada no conhecimento (LUNDVALL e JOHNSON,
2000).
Estudo de caso -é uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo
dentro de seu contexto de vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o
contexto não estão claramente definidos (YIN, 1994).
Empreendimento- atividade econômica desenvolvida com ou sem a ajuda de outras pessoas
(empregados, sócios ou trabalhadores não-remunerados), com ou sem estabelecimento.
(SEBRAE, 2003).
Empreendimento imobiliário- é aquele que está inserido no contexto da construção civil, em
operações de produção de bens, tendo por objetivo sua venda ou outro tipo de transação
comercial (LIMA JUNIOR, 1993; ARAÚJO RODRIGUES, 2004).
Gerência de projetos- a aplicação de conhecimentos, habilidades e técnicas para projetar
atividades que visem atingir os requisitos de projeto. O gerenciamento de projetos é
acompanhado através do uso de processos como: iniciação, planejamento, execução, controle
e encerramento (Project Management Institute, 2000).
238
Inovação organizacional- é aquela composta pela introdução de estruturas organizacionais
significativamente alteradas, implantação de orientações estratégicas novas ou
substancialmente alteradas ou técnicas de gerenciamento avançado (OCDE, 1997).
Inovação tecnológica- é a conversão de conhecimentos tecnológicos em novos produtos e
processos, visando a seu lançamento no mercado (TERRA e DRUMOND, 2003).
Melhoria da gestão do processo produtivo- um aumento da eficiência do sistema de produção
como um todo e, conseqüentemente, de capacidade competitiva para a empresa. (CARDOSO,
1998).
Modernização- é o papel desempenhado no processo de desenvolvimento na medida em que
este segue a industrialização e a tecnologização (WOORTMAN, 1992).
Pesquisa social- o processo que utilizando a metodologia científica, permite a obtenção de
novos conhecimentos no campo da realidade social (GIL, 1999).
Política de inovação- é uma fusão de política de ciência e tecnologia com política industrial.
Uma política de ciência e tecnologia é algo existente há muito tempo, e consiste,
tradicionalmente de um sistema de patentes, educação técnica e da promoção da ciência
básica e pesquisa aplicada dentro da infra-estrutura científica e tecnológica (ROTHWELL e
ZEGVELD, 1981).
Seis Sigma- um processo de negócios que permite às companhias melhorar de forma radical o
seu lucro, pelo fato de monitorar e redesenhar seus processos de negócios, de maneira tal que
minimize o desperdício e os recursos, enquanto aumenta a satisfação dos clientes. Seis Sigma
tem como foco fornecer métodos específicos para recriar o processo de maneira que erros e
defeitos não surjam desde o início (HARRY e SCHROEDER, 2000).
Sistemas de gestão da qualidade- um sistema permanente e de longo prazo, voltado para o
alcance da satisfação do cliente através de um processo de melhoria contínua dos produtos e
serviços gerados pela empresa (MEARS, 1993).
Transição- Transição ocorre no curso da tentativa da mudança. É o estado que a mudança
coloca as pessoas. A mudança é externa (a nova política, prática, ou estrutura que o líder está
tentando introduzir), enquanto transição é interna (é uma reorientação psicológica que as
pessoas devem atravessar antes que a mudança possa dar resultados), (BRIDGES e
MITCHELL, 2000).
239
APÊNDICE D
Memória de Cálculo para o Tratamento Estatístico:
1) Indicadores:
a) Riqueza:
µ
A
= µ B (Hipótese Nula)
µ
A
≠ µ B (Hipótese Alterna).
Alfa=0,05
Dados do Minitab:
Two-Sample T-Test and CI: RCERT; RNCERT
Two-sample T for RCERT vs RNCERT
N
Mean StDev SE Mean
RCERT 10 20000 8087 2557
RNCERT 30
4942
2911
531
Difference = mu RCERT - mu RNCERT
Estimate for difference: 15058
95% CI for difference: (9149; 20967)
T-Test of difference = 0 (vs not =): T-Value = 5,77 P-Value = 0,000 DF = 9
Dotplots of RCERT and RNCERT
(means are indicated by lines)
30000
20000
10000
0
RCERT
b) Endividamento:
µ
A
= µ B (Hipótese Nula)
RNCERT
240
µ
A
≠ µ B (Hipótese Alterna)
Alfa=0,05
Dados do Minitab:
Two-Sample T-Test and CI: ENDCERT; ENDNCERT
Two-sample T for ENDCERT vs ENDNCERT
N
Mean StDev SE Mean
ENDCERT 5
61,5
27,9
12
ENDNCERT 19 39,9 25,2
5,8
Difference = mu ENDCERT - mu ENDNCERT
Estimate for difference: 21,6
95% CI for difference: (-13,8; 57,0)
T-Test of difference = 0 (vs not =): T-Value = 1,57 P-Value = 0,177 DF = 5
Dotplots of ENDCERT and ENDNCERT
(means are indicated by lines)
95
70
45
20
ENDCERT
c) Lucratividade:
µ
A
= µ B (Hipótese Nula)
µ
A
≠ µ B (Hipótese Alterna)
Alfa=0,05
Dados do Minitab:
Two-Sample T-Test and CI: LucCert; LUNCERTC
Two-sample T for LucCert vs LUNCERTC
N
Mean
StDev SE Mean
ENDNCERT
241
LucCert 10
275
123
39
LUNCERTC 30
152
173
32
Difference = mu LucCert - mu LUNCERTC
Estimate for difference: 122,1
95% CI for difference: (18,1; 226,2)
T-Test of difference = 0 (vs not =): T-Value = 2,44 P-Value = 0,024 DF = 2
Dotplots of LucCert and LUNCERTC
(means are indicated by lines)
800
700
600
500
400
300
200
100
0
LucCert
LUNCERTC
d) Treinamento:
µ
A
= µ B (Hipótese Nula)
µ
A
≠ µ B (Hipótese Alterna)
Alfa=0,05
Dados do Minitab:
Two-Sample T-Test and CI: TCERT; TRENCERT_1
Two-sample T for TCERT vs TRENCERT_1
N
Mean StDev SE Mean
TCERT 23 1,03 1,00 0,21
TRENCERT 17 0,0834 0,0766 0,019
Difference = mu TCERT - mu TRENCERT_1
Estimate for difference: 0,949
95% CI for difference: (0,514; 1,383)
T-Test of difference = 0 (vs not =): T-Value = 4,53 P-Value = 0,000 DF = 22
242
Dotplots of TCERT and TRENCERT
(means are indicated by lines)
5
4
3
2
1
0
T CERT
T RENCERT
e) Taxa de Acidentes:
µ
A
= µ B (Hipótese Nula)
µ
A
≠ µ B (Hipótese Alterna).
Alfa = 0,05
Dados do Minitab:
Two-Sample T-Test and CI: acidecert; acidncert_1
Two-sample T for acidecert vs acidncert_1
N
Mean StDev SE Mean
acidecer 18 0,0656 0,0473 0,011
acidncer 15 0,707 0,785
0,20
Difference = mu acidecert - mu acidncert_1
Estimate for difference: -0,641
95% CI for difference: (-1,076; -0,206)
T-Test of difference = 0 (vs not =): T-Value = -3,16 P-Value = 0,007 DF = 14
243
Dotplots of acidecer and acidncer
(means are indicated by lines)
2
1
0
acidecer
acidncer
f) Rotatividade:
µ
A
= µ B (Hipótese Nula)
µ
A
≠ µ B (Hipótese Alterna).
Alfa=0,05
Dados do Minitab:
Dotplots of Rotatcer, RNCERT
Two-Sample T-Test and CI: Rotatcert; RNCERT
Two-sample T for Rotatcert vs RNCERT
N
Mean StDev SE Mean
Rotatcer 25
51,2
40,1
8,0
RNCERT 21
45,9
15,6
3,4
Difference = mu Rotatcert - mu RNCERT
Estimate for difference: 5,31
95% CI for difference: (-12,44; 23,05)
T-Test of difference = 0 (vs not =): T-Value = 0,61 P-Value = 0,547 DF = 32
g) Absenteísmo:
µ
A
= µ B (Hipótese Nula)
µ
A
≠ µ B (Hipótese Alterna).
Alfa=0,05
244
Dados do Minitab:
Two-Sample T-Test and CI: ABCERT_1; Abncert_1
Two-sample T for ABCERT_1 vs Abncert_1
N
Mean StDev SE Mean
ABCERT_1 8
1,83
1,35
0,48
Abncert_ 15
7,10
9,61
2,5
Difference = mu ABCERT_1 - mu Abncert_1
Estimate for difference: -5,27
95% CI for difference: (-10,65; 0,12)
T-Test of difference = 0 (vs not =): T-Value = -2,08 P-Value = 0,055 DF = 15
Dotplots of ABCERT_1 and Abncert_
(means are indicated by lines)
20
10
0
ABCERT_1
h) Participação no Mercado:
µ
A
= µ B (Hipótese Nula)
µ
A
≠ µ B (Hipótese Alterna).
Alfa=0,05
Dados do Minitab:
Two-Sample T-Test and CI: MercCert; MercNcert
Two-sample T for MercCert vs MercNcert
N
Mean StDev SE Mean
MercCert 4 0,1000 0,0678 0,034
MercNcer 11 0,165 0,100 0,030
Difference = mu MercCert - mu MercNcert
Abncert_
245
Estimate for difference: -0,0645
95% CI for difference: (-0,1694; 0,0403)
T-Test of difference = 0 (vs not =): T-Value = -1,42 P-Value = 0,193 DF = 8
Dotplots of MercCert and MercNcer
(means are indicated by lines)
0,3
0,2
0,1
0,0
MercCert
MercNcer
i) Eficiência de Planejamento:
µ
A
= µ B (Hipótese Nula)
µ
A
≠ µ B (Hipótese Alterna).
Alfa=0,05
Dados do Minitab:
Two-Sample T-Test and CI: Plancert; PLANNCERT
Two-sample T for Plancert vs PLANNCERT
N
Mean StDev SE Mean
Plancert 18 100,17 3,50 0,82
PLANNCER 35 124,8 51,5
8,7
Difference = mu Plancert - mu PLANNCERT
Estimate for difference: -24,68
95% CI for difference: (-42,44; -6,92)
T-Test of difference = 0 (vs not =): T-Value = -2,82 P-Value = 0,008 DF = 34
246
Dotplots of Plancert and PLANNCER
(means are indicated by lines)
300
200
100
Plancert
PLANNCER
j) Produtividade:
µ
A
= µ B (Hipótese Nula)
µ
A
≠ µ B (Hipótese Alterna).
Alfa=0,05
Two-Sample T-Test and CI: Produtcert; ProdutNCERT
Two-sample T for Produtcert vs ProdutNCERT
N
Mean StDev SE Mean
Produtce 23
30,6
29,6
6,2
ProdutNC 35
52,8
47,5
8,0
Difference = mu Produtcert - mu ProdutNCERT
Estimate for difference: -22,1
95% CI for difference: (-42,4; -1,8)
T-Test of difference = 0 (vs not =): T-Value = -2,18 P-Value = 0,033 DF = 55
247
Dotplots of Produtce and ProdutNC
(means are indicated by lines)
180
160
140
120
100
80
60
40
20
0
Produtce
ProdutNC
Utilização de ferramentas de qualidade e de Planejamento Estratégico melhoram o
desempenho das PMEs:
Descriptive Statistics
Variable: H1 Cert
Anderson-Darling Normality T est
A-Squared:
P-Value:
4,0
4,2
4,4
Mean
StDev
Variance
Skewness
Kurtosis
N
4,6
Minimum
1st Quartile
Median
3rd Quartile
Maximum
95% Confidence Interval for Mu
0,598
0,064
4,26667
0,23381
5,47E-02
1,44479
3,20791
6
4,00000
4,15000
4,20000
4,40000
4,70000
95% Confidence Interval for Mu
4,02130
4,0
4,1
4,2
4,3
4,4
4,5
4,6
4,51203
95% Confidence Interval for Sigma
0,14595
0,57344
95% Confidence Interval for Median
95% Confidence Interval for Median
4,07143
4,55714
Descriptive Statistics
Variable: H1NCERT
Anderson-Darling Normality T est
A-Squared:
P-Value:
2,3
2,5
2,7
2,9
3,1
Mean
StDev
Variance
Skewness
Kurtosis
N
3,3
Minimum
1st Quartile
Median
3rd Quartile
Maximum
95% Confidence Interval for Mu
0,343
0,349
2,76667
0,40825
0,166667
0,412494
-1,87248
6
2,30000
2,45000
2,65000
3,22500
3,30000
95% Confidence Interval for Mu
2,33824
2,3
2,8
3,3
3,19510
95% Confidence Interval for Sigma
0,25483
1,00128
95% Confidence Interval for Median
95% Confidence Interval for Median
2,37143
3,26429
248
Mann-Whitney Test and CI: H1 Cert; H1NCERT
H1 Cert N = 10 Median = 4,2000
H1NCERT N = 10 Median =
2,5000
Point estimate for ETA1-ETA2 is
1,7000
95,5 Percent CI for ETA1-ETA2 is (1,0998; 1,8001).
W = 155,0
Test of ETA1 = ETA2 vs ETA1 not = ETA2 is significant at 0,0002
The test is significant at 0,0001 (adjusted for ties)
Influência das características da construção civil na implementação de SGQs em PMEs
da construção civil:
Descriptive Statistics
Variable: H2 Cert
Anderson-Darling Normality T est
A-Squared:
P-Value:
4
Mean
StDev
Variance
Skewness
Kurtosis
N
5
Minimum
1st Quartile
Median
3rd Quartile
Maximum
95% Confidence Interval for Mu
1,599
0,000
4,83333
0,40825
0,166667
-2,44949
6
6
4,00000
4,75000
5,00000
5,00000
5,00000
95% Confidence Interval for Mu
4,40490
4,3
4,8
5,3
5,26176
95% Confidence Interval for Sigma
0,25483
1,00128
95% Confidence Interval for Median
95% Confidence Interval for Median
4,35714
5,00000
Descriptive Statistics
Variable: ConcH2NCert
Anderson-Darling Normality T est
A-Squared:
P-Value:
3
4
Mean
StDev
Variance
Skewness
Kurtosis
N
5
Minimum
1st Quartile
Median
3rd Quartile
Maximum
95% Confidence Interval for Mu
0,654
0,050
4,14286
0,69007
0,476190
-1,7E-01
0,336
7
3,00000
4,00000
4,00000
5,00000
5,00000
95% Confidence Interval for Mu
3,50465
3,5
4,0
4,5
5,0
4,78106
95% Confidence Interval for Sigma
0,44467
1,51957
95% Confidence Interval for Median
95% Confidence Interval for Median
Mann-Whitney Test and CI: H2 Cert; ConcH2NCert
H2 Cert N = 6
Median =
5,000
3,73333
5,00000
249
ConcH2NC N = 7 Median =
4,000
Point estimate for ETA1-ETA2 is
1,000
96,2 Percent CI for ETA1-ETA2 is (-0,000;1,000)
W = 54,0
Test of ETA1 = ETA2 vs ETA1 not = ETA2 is significant at 0,1004
The test is significant at 0,0648 (adjusted for ties)
Cannot reject at alpha = 0,05
Test for Equal Variances
Response H2 Cert
Factors ConcH2NCert
ConfLvl 95,0000
Bonferroni confidence intervals for standard deviations
Lower
Sigma
Upper
N Factor Levels
0,262778 0,500000 2,3680 4 4
0,283103 0,707107 45,1333 2 5
F-Test (normal distribution)
Test Statistic: 0,500
P-Value
: 0,504
Levene's Test (any continuous distribution)
Test Statistic: 0,444
P-Value
: 0,541
250
Test for Equal Variances: H2 Cert vs ConcH2NCert
Test for Equal Variances for H2 Cert
95% Confidence Intervals for Sigmas
Factor Levels
4
5
0
10
20
30
40
50
F-Test
Test Statistic: 0,500
P-Value
: 0,504
Levene's Test
Test Statistic: 0,444
P-Value
: 0,541
Boxplots of Raw Data
4
5
4,0
4,5
5,0
H2 Cert
Influência do ambiente econômico na implementação de SGQs em PMEs:
Descriptive Statistics
Variable: Concord H3 N
Anderson-Darling Normality T est
A-Squared:
P-Value:
1
2
3
4
5
95% Confidence Interval for Mu
0,622
0,084
Mean
StDev
Variance
Skewness
Kurtosis
N
3,14286
1,23146
1,51648
-3,1E-01
-1,5E-01
14
Minimum
1st Quartile
Median
3rd Quartile
Maximum
1,00000
2,75000
3,00000
4,00000
5,00000
95% Confidence Interval for Mu
2,43184
2,5
3,0
3,5
4,0
3,85388
95% Confidence Interval for Sigma
0,89275
1,98393
95% Confidence Interval for Median
95% Confidence Interval for Median
2,94853
4,00000
Descriptive Statistics
Variable: ConcordH3 ce
Anderson-Darling Normality T est
A-Squared:
P-Value:
2
3
4
5
95% Confidence Interval for Mu
2,395
0,000
Mean
StDev
Variance
Skewness
Kurtosis
N
4,5
1,0
1
-1,96364
3,01818
12
Minimum
1st Quartile
Median
3rd Quartile
Maximum
2,00000
4,25000
5,00000
5,00000
5,00000
95% Confidence Interval for Mu
3,86463
4,0
4,5
5,0
5,13537
95% Confidence Interval for Sigma
0,70840
1,69788
95% Confidence Interval for Median
95% Confidence Interval for Median
4,26312
5,00000
251
Test for Equal Variances for H1Cert
95% Confidence Intervals for Sigmas
Factor Levels
1
Bartlett's Test
Test Statistic: -48,481
2
P-Value
: 1,000
3
Levene's Test
Test Statistic: 1,695
4
P-Value
: 0,188
5
0
1
2
.
Descriptive Statistics
Variable: IH3CER
Anderson-Darling Normality T est
A-Squared:
P-Value:
4
Mean
StDev
Variance
Skewness
Kurtosis
N
5
Minimum
1st Quartile
Median
3rd Quartile
Maximum
95% Confidence Interval for Mu
3,710
0,000
4,84615
0,37553
0,141026
-2,17872
3,22314
13
4,00000
5,00000
5,00000
5,00000
5,00000
95% Confidence Interval for Mu
4,61922
4,6
4,7
4,8
4,9
5,0
5,1
5,07309
95% Confidence Interval for Sigma
0,26929
0,61991
95% Confidence Interval for Median
95% Confidence Interval for Median
5,00000
5,00000
Descriptive Statistics
Variable: IH3NCERT
Anderson-Darling Normality T est
A-Squared:
P-Value:
2
3
4
5
95% Confidence Interval for Mu
1,309
0,001
Mean
StDev
Variance
Skewness
Kurtosis
N
4,07143
1,07161
1,14835
-6,0E-01
-1,16020
14
Minimum
1st Quartile
Median
3rd Quartile
Maximum
2,00000
3,00000
4,50000
5,00000
5,00000
95% Confidence Interval for Mu
3,45270
3
4
5
4,69016
95% Confidence Interval for Sigma
0,77687
1,72641
95% Confidence Interval for Median
95% Confidence Interval for Median
3,00000
5,00000
252
Mann-Whitney Test and CI: H3certImp; h3NCERTIMP
H3certIm N = 14 Median =
5,000
h3NCERTI N = 14 Median =
4,500
Point estimate for ETA1-ETA2 is
-0,000
95,4 Percent CI for ETA1-ETA2 is (-0,000; 2,000).
W = 243,0
Test of ETA1 = ETA2 vs ETA1 not = ETA2 is significant at 0,0695
The test is significant at 0,0280 (adjusted for ties)
Bartlett's Test (normal distribution)
Test Statistic: -13,485
P-Value
: 1,000
Levene's Test (any continuous distribution)
Test Statistic: 2,949
P-Value
: 0,098
Test for Equal Variances: H3certImp vs h3NCERTIMP
Test for Equal Variances for H3certImp
95% Confidence Intervals for Sigmas
Factor Levels
2
Bartlett's Test
Test Statistic: -13,485
P-Value
: 1,000
3
4
Levene's Test
Test Statistic: 2,949
P-Value
: 0,098
5
0
10
20
30
40
50
60
70
Verificação da aderência entre a concordância e a importância das PMEs certificadas e
não certificadas em relação à utilização de ferramentas de qualidade e planejamento
estratégico melhorar o desempenho destas organizações.
253
a) aderência para certificadas:
Descriptive Statistics
Variable: H1DCER
Anderson-Darling Normality T est
3,925
0,000
A-Squared:
P-Value:
2
3
4
4,25000
0,84092
0,707143
-1,43083
2,26661
36
Mean
StDev
Variance
Skewness
Kurtosis
N
5
2,00000
4,00000
4,00000
5,00000
5,00000
Minimum
1st Quartile
Median
3rd Quartile
Maximum
95% Confidence Interval for Mu
95% Confidence Interval for Mu
4,53453
3,96547
4,0
4,5
5,0
95% Confidence Interval for Sigma
1,09693
0,68205
95% Confidence Interval for Median
95% Confidence Interval for Median
5,00000
4,00000
Descriptive Statistics
Variable: h1Icert
Anderson-Darling Normality T est
10,733
0,000
A-Squared:
P-Value:
3
4
Mean
StDev
Variance
Skewness
Kurtosis
N
5
4,86111
0,42445
0,180159
-3,27420
10,9987
36
Minimum
1st Quartile
Median
3rd Quartile
Maximum
95% Confidence Interval for Mu
3,00000
5,00000
5,00000
5,00000
5,00000
95% Confidence Interval for Mu
4,71750
4,7
4,8
4,9
5,0
5,00472
95% Confidence Interval for Sigma
0,34426
0,55367
95% Confidence Interval for Median
95% Confidence Interval for Median
5,00000
Mann-Whitney Test and CI: H1DCER; h1Icert
H1DCER N = 36 Median =
4,0000
h1Icert N = 36 Median =
5,0000
Point estimate for ETA1-ETA2 is -1,0000
95,1 Percent CI for ETA1-ETA2 is (-0,9999; 0,0001).
W = 1011,0
Test of ETA1 = ETA2 vs ETA1 not = ETA2 is significant at 0,0007
The test is significant at 0,0000 (adjusted for ties)
5,00000
254
b) Aderência para não certificadas:
Descriptive Statistics
Variable: adh1ncert
Anderson-Darling Normality T est
A-Squared:
P-Value:
1
2
3
4
Mean
StDev
Variance
Skewness
Kurtosis
N
5
Minimum
1st Quartile
Median
3rd Quartile
Maximum
95% Confidence Interval for Mu
1,141
0,005
2,77778
1,24467
1,54921
7,13E-02
-9,6E-01
36
1,00000
2,00000
3,00000
4,00000
5,00000
95% Confidence Interval for Mu
2,35664
2,0
2,5
3,0
3,19891
95% Confidence Interval for Sigma
1,00953
1,62360
95% Confidence Interval for Median
95% Confidence Interval for Median
2,00000
3,00000
Descriptive Statistics
Variable: ih1NCERT
Anderson-Darling Normality T est
A-Squared:
P-Value:
1
2
3
4
5
95% Confidence Interval for Mu
3,395
0,000
Mean
StDev
Variance
Skewness
Kurtosis
N
4,05556
1,16972
1,36825
-9,1E-01
-2,7E-01
36
Minimum
1st Quartile
Median
3rd Quartile
Maximum
1,00000
3,00000
5,00000
5,00000
5,00000
95% Confidence Interval for Mu
3,65978
3,6
4,1
4,6
5,1
4,45133
95% Confidence Interval for Sigma
0,94874
1,52583
95% Confidence Interval for Median
95% Confidence Interval for Median
3,73538
5,00000
Mann-Whitney Test and CI: adh1ncert; ih1NCERT
adh1ncer N = 36 Median =
3,000
ih1NCERT N = 36 Median =
5,000
Point estimate for ETA1-ETA2 is
-1,000
95,1 Percent CI for ETA1-ETA2 is (-2,000;-1,000)
W = 965,0
Test of ETA1 = ETA2 vs ETA1 not = ETA2 is significant at 0,0001
The test is significant at 0,0001 (adjusted for ties)
Verificação da aderência entre a concordância e a importância das PMEs certificadas e
não certificadas em relação à influência das peculiaridades da construção civil na
implementação de SGQs:
255
a) certificadas:
Descriptive Statistics
Variable: AH2Cert
Anderson-Darling Normality T est
A-Squared:
P-Value:
4
Mean
StDev
Variance
Skewness
Kurtosis
N
5
Minimum
1st Quartile
Median
3rd Quartile
Maximum
95% Confidence Interval for Mu
1,599
0,000
4,83333
0,40825
0,166667
-2,44949
6
6
4,00000
4,75000
5,00000
5,00000
5,00000
95% Confidence Interval for Mu
4,40490
4,3
4,8
5,3
5,26176
95% Confidence Interval for Sigma
0,25483
1,00128
95% Confidence Interval for Median
95% Confidence Interval for Median
4,35714
5,00000
Histogram of iH2 cert, w ith Normal Curve
6
Frequency
5
4
3
2
1
0
5
iH2 cert
b) não certificadas
Descriptive Statistics
Variable: AH2NCERT
Anderson-Darling Normality T est
A-Squared:
P-Value:
3
4
Mean
StDev
Variance
Skewness
Kurtosis
N
5
Minimum
1st Quartile
Median
3rd Quartile
Maximum
95% Confidence Interval for Mu
0,654
0,050
4,14286
0,69007
0,476190
-1,7E-01
0,336
7
3,00000
4,00000
4,00000
5,00000
5,00000
95% Confidence Interval for Mu
3,50465
3,5
4,0
4,5
5,0
4,78106
95% Confidence Interval for Sigma
0,44467
1,51957
95% Confidence Interval for Median
95% Confidence Interval for Median
3,73333
5,00000
256
Descriptive Statistics
Variable: aH2nãocer
Anderson-Darling Normality T est
0,592
0,075
A-Squared:
P-Value:
3
4
Mean
StDev
Variance
Skewness
Kurtosis
N
5
4,28571
0,75593
0,571429
-6,0E-01
-0,35
7
Minimum
1st Quartile
Median
3rd Quartile
Maximum
95% Confidence Interval for Mu
3,00000
4,00000
4,00000
5,00000
5,00000
95% Confidence Interval for Mu
3,58660
3,5
4,0
4,5
5,0
4,98483
95% Confidence Interval for Sigma
0,48712
1,66461
95% Confidence Interval for Median
95% Confidence Interval for Median
3,73333
5,00000
Mann-Whitney Test and CI: AH2NCERT; aH2nãocer
AH2NCERT N = 7 Median =
4,000
aH2nãoce N = 7 Median =
4,000
Point estimate for ETA1-ETA2 is
-0,000
95,9 Percent CI for ETA1-ETA2 is (-0,999;1,000)
W = 49,5
Test of ETA1 = ETA2 vs ETA1 not = ETA2 is significant at 0,7494
The test is significant at 0,7260 (adjusted for ties)
Cannot reject at alpha = 0,05
Verificação da aderência entre a concordância e a importância das PMEs certificadas e
não certificadas em relação à influência da economia na implementação de SGQs:
a) certificadas:
Descriptive Statistics
Variable: AdH3CERT
Anderson-Darling Normality T est
A-Squared:
P-Value:
2
3
4
5
95% Confidence Interval for Mu
2,395
0,000
Mean
StDev
Variance
Skewness
Kurtosis
N
4,5
1,0
1
-1,96364
3,01818
12
Minimum
1st Quartile
Median
3rd Quartile
Maximum
2,00000
4,25000
5,00000
5,00000
5,00000
95% Confidence Interval for Mu
3,86463
4,0
4,5
5,0
5,13537
95% Confidence Interval for Sigma
0,70840
1,69788
95% Confidence Interval for Median
95% Confidence Interval for Median
4,26312
5,00000
257
Descriptive Statistics
Variable: aH3Ncer
Anderson-Darling Normality T est
4,009
0,000
A-Squared:
P-Value:
4
Mean
StDev
Variance
Skewness
Kurtosis
N
5
4,91667
0,28868
8,33E-02
-3,46410
12
12
Minimum
1st Quartile
Median
3rd Quartile
Maximum
95% Confidence Interval for Mu
4,00000
5,00000
5,00000
5,00000
5,00000
95% Confidence Interval for Mu
4,73325
4,7
4,8
4,9
5,0
5,1
5,10008
95% Confidence Interval for Sigma
0,20450
0,49014
95% Confidence Interval for Median
95% Confidence Interval for Median
5,00000
5,00000
Mann-Whitney Test and CI: AdH3CERT; aH3Ncer
AdH3CERT N = 12 Median =
5,000
aH3Ncer N = 12 Median =
5,000
Point estimate for ETA1-ETA2 is
0,000
95,4 Percent CI for ETA1-ETA2 is (-0,000; 0,000).
W = 137,0
Test of ETA1 = ETA2 vs ETA1 not = ETA2 is significant at 0,4705
The test is significant at 0,2662 (adjusted for ties)
Cannot reject at alpha = 0,05
b) Não certificadas:
Descriptive Statistics
Variable: adH3NCERT
Anderson-Darling Normality T est
A-Squared:
P-Value:
1
2
3
4
5
95% Confidence Interval for Mu
0,622
0,084
Mean
StDev
Variance
Skewness
Kurtosis
N
3,14286
1,23146
1,51648
-3,1E-01
-1,5E-01
14
Minimum
1st Quartile
Median
3rd Quartile
Maximum
1,00000
2,75000
3,00000
4,00000
5,00000
95% Confidence Interval for Mu
2,43184
2,5
3,0
3,5
4,0
3,85388
95% Confidence Interval for Sigma
0,89275
1,98393
95% Confidence Interval for Median
95% Confidence Interval for Median
2,94853
4,00000
258
Descriptive Statistics
Variable: ADERh3nãocer
Anderson-Darling Normality T est
A-Squared:
P-Value:
2
3
4
5
95% Confidence Interval for Mu
1,309
0,001
Mean
StDev
Variance
Skewness
Kurtosis
N
4,07143
1,07161
1,14835
-6,0E-01
-1,16020
14
Minimum
1st Quartile
Median
3rd Quartile
Maximum
2,00000
3,00000
4,50000
5,00000
5,00000
95% Confidence Interval for Mu
3,45270
3
4
5
4,69016
95% Confidence Interval for Sigma
0,77687
1,72641
95% Confidence Interval for Median
95% Confidence Interval for Median
3,00000
Mann-Whitney Test and CI: adH3NCERT; ADERh3nãocer
adH3NCER N = 14 Median =
3,000
ADERh3nã N = 14 Median =
4,500
Point estimate for ETA1-ETA2 is
-1,000
95,4 Percent CI for ETA1-ETA2 is (-2,000;-0,001)
W = 162,5
Test of ETA1 = ETA2 vs ETA1 not = ETA2 is significant at 0,0661
The test is significant at 0,0548 (adjusted for ties)
Cannot reject at alpha = 0,05
5,00000
259
APÊNDICE E:
A seguir, é dada uma explicação das fontes para obtenção dos dados utilizados para o
cálculo dos diferentes indicadores, listados no Quadro 1:
Riqueza criada por empregado*: os dados podem se obtidos através do Balanço das
empresas e do Registro dos empregados.
Endividamento*: os dados podem ser obtidos através do Balanço das empresas e de seus
Balanços Patrimoniais.
Lucratividade*: os dados podem ser obtidos através do Balanço das empresas, dos projetos e
das licenças de obra.
Percentual de Treinamento*: os dados podem ser obtidos através de relatórios internos, dos
registros dos empregados e das folhas de ponto.
Taxa de Freqüência de Acidentes *: os dados podem ser obtidos através dos diários de obra
e folhas de ponto.
Índice de Rotatividade*: os dados podem ser obtidos através das folhas de registro dos
empregados.
Índice de Absenteísmo*: os dados podem ser obtidos através das folhas de ponto e do diário
de obra.
Índice de Participação no Mercado**: os dados podem ser obtidos através dos Balanços das
empresas, relatórios internos e fontes externas como ADEMI-RJ e IBGE.
Velocidade de Vendas**: os dados podem ser obtidos através da área comercial das
construtoras.
Eficiência do Planejamento Produtivo*: os dados podem ser obtidos através dos projetos,
cronogramas físicos e orçamentos de obras.
Índice de Produtividade*: os dados podem ser obtidos através dos Registros dos
empregados, folhas de pontos, diários de obras, projetos e cronogramas físicos.
Índice de Qualidade do Produto*: os dados podem ser obtidos de relatórios internos dos
serviços de manutenção e relatórios da área comercial.
Índice de Satisfação do Cliente*: os dados podem ser obtidos através dos relatórios da área
comercial.
*
As fórmulas para o cálculo dos indicadores foram discutidas e acordadas entre os
pesquisadores do NITCON e as quatro empresas participantes do projeto de criação dos
mesmos, conforme descrito em 5.6. Algumas são fórmulas clássicas em Administração
260
Financeira e Administração de Recursos Humanos (Endividamento, Percentual de
Treinamento, Índice de Rotatividade, Índice de Absenteísmo, Taxa de Freqüência de
Acidentes), já outras foram desenvolvidas pelo grupo envolvido, que teve
preocupação de utilizar
aquelas já existentes nas empresas ou
desempenho.
**As formulas utilizadas são aquelas utilizadas pela ADEMI-RJ.
sempre a
representativas de seu
Download

luiz carlos brasil de brito mello modernização das pequenas e