CONHECIMENTO DOS CONSUMIDORES ADULTOS EM MERCADOS DE
SALVADOR-BA SOBRE AS ZOONOSES TRANSMITIDAS PELA INGESTÃO DE
CÁRNEOS E LÁCTEOS
KNOWLEDGE IN CONSUMER MARKETS FOR ADULTS SALVADOR-BA ABOUT
ZOONOSES TRANSMITTED BY CONTAMINATED MEAT AND DAIRY
Angélica Maria Gomes Oliveira1, Kátia Cerqueira Lima2, Sandra Maria Correia Lôbo Sodré2,
Manoel Leôncio da Penha Filho2,3
1
Médica Veterinária / Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia – ADAB
2
Fiscal Estadual Agropecuário / Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia – ADAB
3
Discente de Direito / Faculdade 2 de Julho
Palavras-chave: carne, leite, enfermidades transmitidas por alimentos.
Introdução
Com o crescente espaço nos meios de comunicação percebe-se que ainda é
insuficiente para sensibilizar o consumidor sobre os problemas relacionados aos
agrotóxicos, benefícios da alimentação orgânica ou mesmo sobre os riscos de uma
alimentação deteriorada ou de origem duvidosa. Apesar dos dados mostrarem que a
alimentação é uma questão de alto risco para a saúde pública, o assunto acaba não sendo
objeto de preocupação popular pela falta de informação do consumidor. Mas, em relação
aos alimentos não há nenhuma campanha ou projeto, com o forte apelo necessário ao tema,
voltados a esse objetivo de esclarecimento da população. Este trabalho visou avaliar o nível
de conhecimento dos consumidores adultos baianos sobre as enfermidades transmitidas
pelo consumo de alimentos cárneos e lácteos contaminados.
Material e métodos
Este trabalho foi realizado no período de abril a novembro de 2007 abrangendo cinco
das dezoito regiões administrativas da cidade de Salvador-Ba, a saber: São Caetano,
Brotas, Rio Vermelho, Pituba/Costa Azul e Subúrbios Ferroviários. A amostra, de 300
indivíduos, representativa para o universo de 909.705 habitantes das cinco “RA’s”, foi
definida estatísticamente, inclusive com as considerações relativas à estimativa de
confiança e erro em cada proporção calculada. A amostra foi escolhida por conveniência e
sem recusas. Foram aplicados questionários dentro de estabelecimentos varejistas de
alimentos perguntando: o sexo, o grau de instrução, “Você costuma olhar o rótulo da
embalagem”, “Você escolheu este local para comprar pela limpeza, organização,
atendimento, proximidade, hábito, praticidade, preço, qualidade do produto, forma de
pagamento”, “Você acha que o que transmite a cisticercose é carne de porco ou horti-fruti” e
“Você acha que leite tipo C em pacote causa diarréia”.
Resultados e discussão
A análise de distribuição da frequência permitiu observar que a maior parte (76,3%)
dos entrevistados é composta por mulheres. Com relação ao grau de escolaridade 35% dos
entrevistados são analfabetos ou cursaram o ensino fundamental, 33,7% concluíram ou
estão cursando o ensino superior ou cursaram uma pós-graduação. O consumo de leite
diário é uma constante em todas as regiões e em ambos os sexos. Os valores encontrados
ratificam os estudos de Alvim et al. (2005) e Marcondes (2007) quando estes reconhecem
que, mesmo com falta de indicadores mais específicos do consumo de lácteos, aumentos de
renda média e particularmente das camadas da população de renda mais baixa repercutem
diretamente no consumo de alimentos em geral e de lácteos em particular. Quanto à
questão “Leite pasteurizado causa diarréia?” as respostas sim, não e não sei oscilaram
pouco entre si, respectivamente 29,3%, 34,3% e 36,4%. Esses números demonstram que a
maioria (65,7%) desconhece os benefícios e objetivos da pasteurização como forma de
reduzir a carga bacteriana patogênica ou degradadora dos alimentos. Do total de 300
entrevistados, 200 (66,6 %) afirmam olhar o rótulo sendo o principal motivo a observação da
data de validade. 29 disseram olhar algumas vezes e 71 afirmam não olhar– os 100 deram
como explicação para a falta de freqüência ou ausência na ação por esquecimento. 43%
dos entrevistados tem o hábito de procurar frases em rótulos que evidenciam benefícios
nutricionais. Desse grupo 34% faziam isso para escolher alimentos que estivessem
relacionados à prevenção de enfermidades e promoção de saúde. Outro fator relacionado à
segurança alimentar – limpeza – apresentou uma pontuação baixa para todas as RA’s, ao
contrário do apresentado nos estudos de Salim e Sampaio (2006) em que esse fator
aparece como principal, o que torna este dado relevante para a Saúde Pública uma vez que
demonstra o seu grau de importância para os entrevistados. Os resultados mostram que
85% não sabem ou atribuem à carne de porco a transmissão da cisticercose. Esta afirmação
foi feita inclusive por médicos e outros profissionais de saúde entrevistados confirmando o
mito existente ao consumo de carne suína relatado por Ganc et al. (2007) que indicam a
falta de conhecimento sobre a enfermidade já que essa parasitose está intimamente
relacionada com problemas de higiene e saúde pública, além de ser transmitida
exclusivamente de homem para homem. Os dados analisados revelam que pelo menos 40%
da população entrevistada desconhece qualquer uma das enfermidades transmitidas pela
ingestão de cárneos ou lácteos relacionadas neste quesito. Houve uma diferença díspare
entre os 73% da população que reconheceram os produtos cárneos e lácteos como
veiculadores de doenças e os 46% que nunca ouviram falar das enfermidades transmitidas
por estes alimentos.
Conclusões
Os números encontrados demonstraram a falta de informação aliada à permanência
dos mitos sobre os alimentos. O estudo mostra que a probabilidade de doença e morte
decorrentes da ingestão de alimentos contaminados, principalmente por falta de educação
sanitária, permanece ainda como o principal desafio à saúde pública. Medidas de prevenção
simples podem ser adotadas visando dirimir os riscos da ingestão de alimentos de origem
animal contaminados.
Referências bibliográficas
ALVIM, R. S.; MARTINS, M. C.; de CARVALHO, M. P. O desafio de ampliar o consumo
interno de lácteos. Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA, n. 212, nov dez 2005. Disponível em:< http://www.cna.org.br/site/noticia.php?ag=0&n=7892>. Acesso
em 18 nov 2007.
GANC, A. J.; CORTEZ, T. L.; VELOSO, P. P. de A. A carne suína e suas implicações no
complexo teníase-cisticercose. Associação dos Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul ACSURS. Artigos Técnicos. Disponível em:<
http://www.acsurs.com.br/Arnaldo%20Jose%20Ganc.pdf>. Acesso em 14 set 2007.
MARCONDES, T. Leite – considerações sobre o comportamento dos preços em 2007.
Informe Conjuntural. Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola – CEPA. Empresa
de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina S.A. set. 2007. Disponível
em:< http://cepa.epagri.sc.gov.br/Infconj/textos07/ILeite/ILeite1409.htm>. Acesso em 18 nov.
2007.
SALIM, C.de J.;SAMPAIO, D. de O.Fatores que influenciam os consumidores de Juiz de
Fora a optarem por um determinado supermercado. Estação Científica, Juiz de Fora, n. 03,
Outubro 2006.
Autor a ser contactado: Angélica Maria Gomes Oliveira – [email protected]
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