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MULHERES MASTECTOMIZADAS: ASPECTOS PSICOSOCIAIS
MASTECTOMIZED: PSYCHOSOCIAL ASPECTS
SILVA, Gusmão Fernanda¹
SOUZA, Lindyara Thâmara²
Resumo
O câncer de mama tem sido o responsável pelos maiores índices de
morbidade da mulher no mundo, tendo a mastectomia o tratamento mais
importante e mais antigo. Trata-se de uma revisão bibliográfica narrativa de
literatura de caráter qualitativa, com finalidade de identificar os sentimentos
encarados pelas mulheres mastectomizadas por câncer de mama. O objeto de
estudo dessa pesquisa foi os aspectos psicosociais em mulheres
mastectomizada, com a pergunta de investigação “quais os aspectos
psicosociais relacionados com a mastectomia por câncer de mama em
mulheres?” e como objeto geral: Identificar os aspectos psicosociais
relacionados a mulheres mastectomizadas. Encontrou como resultados da
pesquisa a ansiedade, depressão, sexualidade afetada, autoimagem afetada.
Conclui-se que as mulheres mastectomizadas apresentam muitas alterações
psicologicas devido à mastectomia, sendo necessária uma intervenção
multiprofissional para realizar um acolhimento humanizado para as mulheres e
a familia.
Palavras Chave: alterações psicosocias, câncer de mama, mulheres,
mastectomia.
Abstract
Breast cancer has been responsible for the higher morbidity of women
worldwide, with the most important treatment mastectomy and older. It is a
narrative literature review of qualitative literature in character, aiming to identify
the feelings faced by women who had undergone mastectomy for breast
cancer. The object of this research was to study the psychosocial aspects in
women with mastectomies, with the research question "what are the
psychosocial aspects related to mastectomy for breast cancer in women?" And
as general object: Identify the psychosocial aspects related to women with
mastectomies. Found as search results to anxiety, depression, sexuality
affected, self-image affected. We conclude that women with mastectomies have
many psychological changes due to changes mastectomy, requiring a
multidisciplinary intervention to perform a host humanized for women and the
family.
Key Word: psicosocias changes, breast cancer, women, mastectomy
SILVA, Gusmão Fernanda- Pós graduanda em Enfermagem Oncologica da Atualiza
Cursos.¹
SOUZA, Silva Lindyara Thâmara- Pós graduanda em Enfermagem Oncologica da
Atualiza Cursos.²
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INTRODUÇÃO
De acordo com os dados do INCA (2012), o câncer de mama, dentre as
neoplasias malignas, tem sido o responsável pelos maiores índices de
morbidade no mundo, ficando atrás apenas do câncer de pele do tipo não
melanoma, tornando-se uma das grandes preocupações em saúde pública, no
que diz respeito à saúde da mulher. Tendo a mastectomia o tratamento
primário e muitas vezes mais importante do tratamento.
A mutilação relacionada à mastectomia favorece o surgimento de muitas
questões na vida das mulheres, especialmente aquelas relacionadas à imagem
corporal. Como a mulher percebe e lida com essa nova imagem, como isso
afeta a sua existência apresenta-se como forma de inquietações para os
profissionais que se propõem prestar uma assistência integral.
Embora vários aspectos sobre os efeitos psicosociais do câncer sejam
conhecidos, compreendemos que a experiência do câncer de mama é ampla e
envolve diferentes momentos com significados distintos e com implicações na
vida diária e nas relações entre a mulher e as pessoas do seu contexto social.
Com
isso
podemos
afirmar
que
é
fundamental
para
as
equipes
multiprofissionais oncologicas a identificação e descrição desses múltiplos
sentimentos vivenciados por essas mulheres, porque a partir deles, podemos
estar prestando uma assistência mais qualificada para superar as dificuldades
que essas mulheres encontram após a mastectomia.
Nesse trabalho o objeto de estudo é os aspectos psicosociais em mulheres
mastectomizadas e a pergunta de investigação “quais os aspectos psicosociais
relacionados com a mastectomia por câncer de mama em mulheres?” e como
objeto geral: Identificar os aspectos psicosociais relacionados a mulheres
mastectomizadas.
Após a construção desse trabalho foi possível identificar as dificuldade
encontradas pelas mulheres após a mastectomia, levando em consideração a
multiplicidades dos aspectos psicosociais vivenciaram por elas.
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METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão bibliográfica narrativa sobre os aspectos psicosociais
das mulheres mastectomizadas, com uma abordagem de caráter qualitativo,
que tem a finalidade de identificar os sentimentos encarados pelas mulheres
mastectomizadas provenientes de câncer de mama.
As buscas bibliográficas contemplaram as publicações dos últimos dez anos
(2000-2011). As referências encontradas estão disponíveis na base de dados
Bireme, Scielo, Lilacs. Os descritores da pesquisa foram: Câncer de mama;
aspectos psicosocias, mulheres. Foram encontrados 20 artigos no momento
inicial da pesquisa, sendo utilizado apenas 06 para a elaboração do artigo.
Selecionamos apenas artigos em língua portuguesa a partir do ano de 2000,
que relatam sobre os aspectos psicosocias vivenciados pelas mulheres
mastectomizadas. Foram excluídos os artigo anterior a 2000, que não relatam
os aspectos psicosociais das mulheres mastectomizadas e que não estejam
em língua portuguesa.
Os dados foram analisados de forma descritiva, sendo a analise dos dados o
núcleo central da pesquisa. Foi realizada uma leitura previa dos trabalhos
publicados sobre o tema, selecionando os que apresentam informações
relevantes. A leitura do material utilizado foi realizada tomando por base os
relatos das dificuldades e sentimento encontradas pelas mulheres após a
mastectomia.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
ALTERAÇÕES PSICOSOCIAIS DA MASTECTOMIA
A partir da análise dos 6 artigos incluídos nessa pesquisa, possibilitou afirmar
que essas mulheres e as famílias, apresentam: sexualidade afetada, alterações
familiares, autoestima alterada, ansiedade e depressão. Dois artigos falam
sobre as alterações familiares.
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Conforme Melo, Silva e Fernandes (2005), a família com um portador de
câncer, particularmente de mama, requer maior atenção, em virtude do caráter
crônico e da gravidade de que se reveste a doença, além do significado social
e impacto psicossocial que representa para a mulher e seus familiares. A
situação da doença e da mastectomia pode afetar os relacionamentos
interpessoais na família, visto que diante de todo o processo da doença,
ocorrem alterações de ordem física, emocional e social na vida da mulher, as
quais se estendem aos familiares.
Conforme Vieira, Lopes e Shimo (2007, apud Gomes R, Skaba MMVF, Vieira
RJS, 2002), o tratamento do câncer feminino precisa ser encarado de forma
positiva. É preciso que as representações envolvidas no câncer sejam
reformuladas, de forma que ao se defrontar com a doença, a mulher consiga
compreender que existem tratamentos eficazes para isto, e que pode ter a sua
qualidade de vida de forma satisfatória. O que acontece é que o diagnóstico
está diretamente associado a sentimentos de punição, e isto, faz com que esta
só pense nos aspectos negativos diretamente relacionados ao câncer de
mama.
De acordo com os autores citados acima pode-se perceber a veracidade das
alterações psicosocias que o câncer de mama pode causa as famílias e ao
portador, pois além de sua malignidade patológica, tem uma repercussão
absoluta nas alterações psicosocias das mulheres, afetando toda sua estrutura
familiar. É interessante que os familiares de uma mulher com câncer receba
todo um suporte psicosocial para que juntos consigam atravessar essa
passagem, já que a estrutura familiar esta diretamente envolvida nesse
processo.
Ansiedade e depressão são as alterações psicológicas que foram citadas em
todos os artigos, já que o processo de adoecer com câncer de mama tem uma
relação direta com o psicológico.
Diversas pesquisas descrevem que ansiedade e depressão estão entre os
problemas psicológicos mais frequentes entre as pacientes com câncer,
verificaram que 20% - 30% das pacientes com câncer de mama têm
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ansiedade, depressão e baixa auto-estima em algum momento após o
diagnóstico. (EPPING-JORDAN ET AL. 1999, APUD VENÂNCIO, 2004).
Epping-Jordan et al. (1999, apud Venâncio, 2004) apontam fatores que podem
estar associados com ansiedade e depressão durante o câncer de mama.
Esses fatores são: variáveis demográficas, idade, nível educacional, estágio da
doença, temperamento (otimista ou pessimista), respostas ao estresse e
estratégias de confrontação com a doença.
Diante das pesquisas citadas pelos autores acima, pode-se concluir que a
mulher mastectomizada é vitima de muitos sofrimentos, como: ansiedade,
depressão, baixa autoestima, rejeição social e sexual. São vedadas por muitos
sentimentos negativos que acabam dificultando as respostas positivas do
tratamento.
Três dos artigos trazem a questão da sexualidade, sendo considerada um dos
fatores com maior impacto na vida das mulheres, consequente na maioria das
vezes autoimagem destruída, causada pela mastectomia.
De acordo com venâncio (2004), pode-se afirmar que um medo muito frequente
entre as pacientes mastectomizadas é o de não ser mais atraente
sexualmente. Dessa forma, a presença do companheiro na reestruturação de
sua integridade é fundamental. Porém, percebe-se que certas mulheres se
afastam dos seus parceiros nesse momento, passando até a evitar contatos
sexuais.
Conforme o estudo do autor citado acima e da assistência de enfermagem
diariamente
com
mulheres
mastectomizadas,
pode-se
afirmar
que
a
sexualidade é a necessidade humana básica mais afetada, pois envolve o
parceiro que muitas vezes reduz sua atração sexual pela parceira por achar
que a mesma não pode ter relações sexuais diante aquela situação ou até
mesmo uma consequência da baixa autoestima dessas mulheres.
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Num espaço de acolhimento e escuta o terapêuta deve sempre trabalhar com a
realidade. Quanto mais informado o paciente estiver de sua doença, maior será
a sua capacidade de enfrentar o adoecer e mais confiança terá na equipe.
Pacientes bem informados reagem melhor ao tratamento. Dessa forma, a
equipe deve preocupar-se em falar numa linguagem acessível ao paciente e
sempre checar se as informações e orientações dadas pela equipe foram
efetivamente compreendidas. (VENANCIO, 2004)
De acordo Melo, Silva e Fernandes (2005), é importante que a enfermagem
desenvolva estratégias de atenção, enfocando o cuidado junto à família,
contribuindo para o cuidado individual de cada um. Com isso se oportuniza o
aperfeiçoamento na assistência a essa clientela, pois a saúde individual está
intrinsecamente relacionada à saúde familiar, representando um fator
importante na prática profissional.
As citações dos autores acima reforçam a importância do acolhimento não só
das mulheres submetidas à mastectomia, mas toda a sua família, a fim de
esclarecer duvidas do tratamento, o significado da mastectomia e orienta-las
que esse efeito pode ser passageiro, já que o Sistema Único de Saúde
disponibiliza prótese de silicone; preparar a família para receber essa mulher;
orientar o esposo sobre o procedimento e a alternativa de melhora; convidar a
mulher para participar de rodas de discussão com outras mulheres já
mastectomizadas.
CONCLUSÃO
Após o estudo sobre as alterações psicosociais vivenciadas pelas mulheres
que são submetidas à mastectomia, identificou-se que elas expressão
sentimentos negativos, como autoestima reduzida, alterações do seio familiar,
autoimagem destruída, ansiedade, depressão, sexualidade afetada. Não foram
encontradas nos artigos avaliados alterações relacionadas às atividades
profissionais dessas mulheres, essa pode ser uma alteração que merece ser
pesquisada profundamente, pois de acordo com os artigos e o contato direto
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com mulheres pós mastectomia percebe-se o quanto a vida dessa mulheres
sofrem modificações.
E necessário algumas estratégias para minimizar o sofrimento vivenciado por
essas mulheres, como um acolhimento humanizado para elas e suas famílias,
desde o diagnostico até o procedimento, trabalhando com a veracidade das
informações, encorajando-a ao tratamento, mostrando a perspectiva de cura
quando houver e as alternativas paliativas quando necessário.
A enfermagem pode estar desenvolvendo estratégias de atenção enfocando o
cuidado junto à família, contribuindo com o apoio coletivo já que cada membro
da família tem um significado, uma representação, até porque a saúde
individual esta intrinsecamente relacionada com a saúde familiar o que facilita o
tratamento da mulher mastectomizada.
A criação das “redes sociais” para que as mulheres mastectomizadas tenham
seu espaço de discussão para troca de experiência com outras mulheres que
vivenciaram essa mesma situação. Paralela às redes sociais das mulheres
acometidas ao tratamento a criação de redes sócias com acolhimento da
equipe multiprofissional das famílias que também são vitimas desse processo
de adoecimento de um câncer, com a finalidade de esclarecerem duvidas e um
acolhimento mais humanizado.
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