SESI-MG
Incentivo
Projetos
Investimento em cultura
Guia profissionalizará gestão dos departamentos regionais
ma indústria de médio porte de Pirapetinga, cidade do interior mineiro com
pouco mais de 10 mil habitantes, procurou o SESI para ajudar a difundir a
cultura na região. A Indústria de Embalagens Santana S.A. (Inpa) construiu um
Centro Integrado de Desenvolvimento do Trabalhador em parceria com o SESI
e o SENAI e agora pretende elaborar uma linha de projetos culturais para esse
espaço. “Buscamos pessoas com experiência para formar parcerias e dar um sentido às suas
vidas”, diz a gerente de Recursos Humanos da empresa, Soraya Januzi. Esta será a primeira vez
que a Inpa contará com benefícios de leis de incentivo fiscal, graças à assessoria do SESI, que
participa da criação, formatação e da execução dos projetos.
Para que experiências como essa possam se repetir em outras regiões do País, o Departamento Nacional elaborou o Guia SESI de Investimentos Culturais, que facilitará o trabalho dos
regionais na área de cultura. “O objetivo é profissionalizar a gestão de cultura”, diz a gerente
de Projetos do SESI Nacional, Cláudia Ramalho.
São cinco volumes impressos que trazem análises sobre as leis de incentivo à cultura em
âmbito municipal, estadual e federal. Também orienta as empresas na elaboração de projetos
Orquestra de
Câmara SESIMinas:
música popular
e erudita em 40
concertos anuais
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Projetos
Incentivo
ANA PAULA FERREIRA
Fantoches: crianças
de baixa renda do
Rio Grande do Sul
e do Rio de Janeiro
aprendem a arte
milenar graças
ao incentivo
de empresas
culturais, definição de orçamento, captação
de recursos e inscrição na Lei Rouanet. Todas
essas informações estarão em um link na página do SESI, em fase de implantação.
Com esse documento, o SESI pretende estimular o financiamento à cultura. Atualmente
os recursos disponíveis são pouco usados por
falta de bons projetos e de informações sobre
essa modalidade de investimento. Segundo
a consultora de cultura do SESI-MG, Cristina Pereira Nunes, as grandes empresas são
as que investem tradicionalmente em cultura.
“Empresas de pequeno e médio portes têm
pouco conhecimento sobre os benefícios fiscais para a cultura”, diz.
CAPACITAÇÃO
O documento começará a ser distribuído
aos Estados em março e a capacitação dos
profissionais levará um ano. Segundo o gerente-executivo de Cultura, Esporte e Lazer
do SESI Nacional, Eloir Simm, a idéia é qualificar as equipes dos departamentos regionais
para desenvolver bons projetos que envolvam o trabalhador da indústria.
O superintendente do SESI-RS, Edison Lisboa, outro regional que desenvolve projetos
culturais de destaque, diz que o guia que está
sendo produzido pelo Departamento Nacional será um importante aliado na disseminação das boas práticas para os empresários
gaúchos. “Essa coletânia contribuirá para o
crescimento da cultura no Estado”, afirma.
Hoje as ações culturais são fontes de
emprego e renda. Começam, muitas vezes,
dentro das empresas voltadas para os empregados e seus familiares, como é o caso do
coral da GE Celma, do setor de motores, e
da Carl Zeiss Vision, de produtos oftálmicos,
ambas no Rio de Janeiro, que tiveram benefícios de leis de incentivo à cultura. Depois, essas ações extrapolam os muros das fábricas e
atingem a comunidade. Quando chega nessa
fase, um dos papéis do SESI é orientar os dirigentes e administradores a utilizar o melhor
canal para desenvolver projetos culturais.
Em Minas Gerais, a parceria do SESI com
a Inpa levará para o interior a Orquestra de
Câmara SESIMinas, que se apresentará em
março no teatro do Centro Integrado de Desenvolvimento do Trabalhador de Pirapetinga. Criada em 1986, em Belo Horizonte, a
Orquestra ampliou seu espaço musical. Atua
na área da música popular e erudita brasi-
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TEATRO DE BONECOS
No Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul
há outros exemplos de empresas que investem
em projetos culturais para a comunidade, mediante recursos da Lei Rouanet. O Projeto Bonecos na Escola, desenvolvido por indústrias
gaúchas dos vales do Taquari e Rio Pardo, possibilita o acesso gratuito de crianças de baixa
renda ao teatro de bonecos em escolas.
Outro projeto que usa bonecos para se
aproximar de crianças da comunidade é o
Arte na Escola, criado pela AES.Com, da área
de telecomunicações. Cerca de 90 crianças de
uma escola da zona sul do Rio de Janeiro participam de oficinas de bonecos e fantoches.
A gerente de Recursos Humanos da AES.
Com, Larissa Mello, salienta que a empresa
investe firme na área cultural, não como ação
de marketing apenas, mas pela consciência
do papel de responsabilidade social que exerce na sociedade. “A empresa está mesmo interessada em desenvolver ações para pessoas
que precisam. Tanto que, este ano, serão realizados novos projetos”, conta Larissa.
Além da manutenção do Projeto Arte na
Escola no Leblon, outras duas escolas deverão
receber a iniciativa. Também será desenvolvido um novo projeto junto com o SESI fluminense, para poder apresentar ao público,
industriários e familiares o resultado do que
vem sendo realizado nas escolas. “É assim que
a empresa faz: ajuda a comunidade carente a
participar de atividades culturais para as quais
normalmente não tem acesso”, finaliza.
O gerente de Recursos Humanos da GE
Celma, de Petrópolis, Christian Cetera, comenta que a preocupação da empresa é com
o desenvolvimento da comunidade, “afinal,
os colaboradores vêm da comunidade e é
para eles que proporcionamos atividades que
permitam maior desenvolvimento cultural”.
A área de RH da GE Celma coordena os
projetos culturais e a empresa tem uma comissão formada pelo presidente, diretores
e gerente de Impostos que toma a decisão
final sobre quais projetos serão realizados.
“Nossa escolha sempre recai sobre projetos com maior impacto junto à população
de Petrópolis e que tenham relação com a
arte popular”, conta. Por meio da legislação
de incentivo à cultura, a GE Celma, centro
de excelência mundial na revisão de motores
de avião, já produziu um filme sobre a história de Cristo, patrocinou peça teatral para
crianças, lançou um livro, fundou um coral
de funcionários e promoveu eventos artísticos
dentro da empresa, como atividades culturais
no Dia Internacional da Mulher, apresentações acrobáticas e circo.
O projeto que hoje é o centro das atenções é o Estrela da Manhã, que atende 400
crianças da comunidade. Todo sábado elas
recebem aulas gratuitas de dança, capoeira
e teatro. As ações culturais da empresa tiveram início em 2005 e vêm crescendo. “Agora
vamos apoiar a participação dos Canarinhos
de Petrópolis em concertos abertos para a comunidade”, declara Cetera.
A Viação Progresso, empresa de transportes do Rio de Janeiro, usou recursos da Lei
Estadual de Incentivo à Cultura para realizar
Cetera: a
preocupação da
empresa é com o
desenvolvimento
da comunidade
DIVULGAÇÃO
leira, executando Tom Jobim, Pixinguinha,
Villa-Lobos, Cláudio Santoro, entre outros.
A Orquestra vem se firmando como um
conjunto de alta qualidade artística, com uma
média de 40 concertos anuais. “Muitas pessoas nunca foram a um teatro. Não sabem o
que é uma orquestra, nem que ela pode tocar
música popular, erudita ou rock”, afirma Cristina, do SESI-MG.
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PATRIMÔNIO DA COMUNIDADE
A professora de violino da Escola de
Formação de Instrumentos de Cordas do
SESI (Efic) Luciene Villani diz que o contato
com a comunidade ajuda, por exemplo, a
quebrar o preconceito de que a orquestra
seria voltada para a elite. “Inicialmente, em
1989, a Escola era um projeto social do
SESI, voltado apenas para os industriários e
suas famílias. Hoje, com um patrimônio de
75 instrumentos, ela é aberta à comunidade e a procura é muito grande”, diz Luciene, que também é spalla (primeiro violino)
da Orquestra Jovem SESIMinas.
Formada pelos melhores alunos da Efic,
a Orquestra é composta por violino, viola, violoncelo e contra baixo, e faz arranjos
Projetos
Incentivo
ANA PAULA FERREIRA
Projeto Arte na Escola:
com patrocínio da
AES.Com, a iniciativa
atende 90 crianças
o projeto Teatro sobre Rodas. Uma caravana de teatro itinerante, estrelada pelo grupo
Viriato Corrêa, um dos mais tradicionais do
interior do Estado, leva para as comunidades
questões sobre educação no trânsito e sobre
como se comportar nos papéis de motoristas
e usuários de transportes coletivos. Já foram
realizadas 62 apresentações em seis municípios do interior do Estado.
variados, de MPB a Beatles. “A aceitação é
maior quando o público se identifica com o
repertório”, conta. Prova de que a Orquestra
Jovem SESIMinas caiu no gosto do público é
o convite que recebeu para fazer nova turnê
no Paraná, onde realizou concertos didáticos
com temas folclóricos brasileiros em escolas
e fábricas do Estado.
“Participando de atividades culturais,
como dança, canto e teatro, por exemplo,
as pessoas sentem-se valorizadas, melhoram
sua auto-estima e passam a compreender
mais o que se passa ao seu redor, inclusive
o papel das indústrias localizadas em suas
comunidades. E os industriais estão cada vez
mais conscientes deste novo e crescente papel”, diz a gerente de Marketing Cultural do
SESI-RJ, Fabiana Scherer.
De acordo com o documento elaborado
pelo SESI, o envolvimento de empresas com
o setor cultural tem gerado oportunidades de
motivação, manutenção e qualificação de seus
funcionários. “Com o acesso à cultura, o trabalhador tem mais competência para investir
no planejamento de sua qualidade de vida no
ambiente de trabalho e no seu tempo livre”,
afirma Simm, do Departamento Nacional.
Além disso, o Guia mostra que a produção
artística tem contribuído significativamente
para manter ou incrementar o conhecimento
de empresas, produtos e marcas, potencializando a comunicação e as relações delas
com seus públicos-alvo. A oferta de serviços nas mais diversas manifestações culturais promove o fortalecimento institucional,
corporativo e comunitário. “Só vamos efetivamente melhorar os índices de desenvolvimento humano de uma determinada região,
quando a cultura fizer parte dos processos de
resgate da cidadania da população”, afirma
Fabiana, do SESI-RJ.
Na primeira semana de abril, o SESI
vai mobilizar as principais empresas que
investem em cultura para discutir a criação de um fórum de investidores privados
nessa área. “A idéia é criar uma constância
de propósito nas políticas de cultura, além
de promover a troca de experiências”, diz
Claudia, do SESI Nacional.
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