Bairros mais ricos de SP têm até quatro vezes mais investimento que os mais pobres, diz estudo - BOL N...
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24/04/2008 - 20h15
Bairros mais ricos de SP têm até quatro vezes
mais investimento que os mais pobres, diz
estudo
Da Redação
Em São Paulo
Uma pesquisa realizada pela ONG Movimento Nossa São Paulo e
divulgada nesta quinta-feira (24) traduz em números a desigualdade
econômica e social entre as diferentes regiões da capital paulista. O
estudo, feito com dados oficiais, fornecidos pela Prefeitura de São Paulo,
revela que enquanto bairros de classe média como os de Pinheiros e
Jardins têm serviços de saúde, educação e cultura semelhantes aos de
países desenvolvidos, bairros da periferia da capital apresentam total
carência de serviços essenciais.
O estudo revela quanto a Prefeitura efetivamente investe em cada uma
das 31 subprefeituras da cidade. Ao analisar o orçamento de cada
subprefeitura em 2006 e dividi-lo pelo número de habitantes atendidos, a
ONG conseguiu detectar que o volume de recursos que chega aos bairros
ricos é em média 4 vezes maior que chega aos bairros pobres.
A Rua Oscar Freire (foto), pertence a uma
subprefeitura cujo orçamento per capta é 4
vezes maior que o de Cidade Ademar
No período analisado, as três
subprefeituras com maior orçamento
per capita foram Pinheiros (R$
126,59), Sé (R$ 123,22) e Santo
Amaro (R$ 120,87). No outro extremo,
as de menor investimento foram as de
Capela do Socorro (R$ 31,43), M'Boi
Mirim (R$ 35,60) e Cidade Ademar
(R$ 44,66)
De acordo com Maurício Broinizi
Pereira, coordenador-executivo do
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Movimento Nossa São Paulo, o
volume de recursos repassados pela
Prefeitura às subprefeituras é desproporcional ao tamanho dos bairros e
de sua população. "A maior parte dos investimentos se concentra em
bairros de classe média alta, que concentram uma elite com capacidade
de pressão política", afirma.
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Um exemplo: a verba destinada à região da subprefeitura de Pinheiros
(Pinheiros, Jardim Paulista, Alto de Pinheiros e Itaim Bibi), com 245 mil
habitantes divididos por 32 km2, foi quatro vezes maior do que o total
destinado à Capela do Socorro (Socorro, Cidade Dutra e Grajaú), que tem
645 mil habitantes em uma área de 134 km2.
Além da desigualdade de investimentos, a pesquisa revelou a
desvantagem dos bairros de periferia com relação a acesso a saúde,
educação, esporte, cultura e lazer.
Comparando o número de hospitais existentes em toda São Paulo, o
estudo constatou que a cidade tem em média 2,84 leitos hospitalares para
cada 100 mil habitantes. Os bairros melhor assistidos são os da região da
Sé (18,64 leitos para cada 100 mil habitantes), da Vila Mariana (16) e de
Pinheiros (12,53). Os pior assistidos são os de Campo Limpo (0,02 leitos
para cada 100 mil habitantes) e Aricanduva e Freguesia do Ó/Brasilândia
(0,47 cada). E há regiões que não contam com um leito sequer: Cidade
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Ademar, Cidade Tiradentes, Parelheiros e Perus.
Quanto acesso à educação, a desigualdade mais evidente está no número
de horas de aula oferecidas a estudantes de bairros pobres e ricos. Na
periferia, para atender a um número maior de alunos, as escolas
municipais de Ensino Fundamental têm aulas divididas em três turnos de
quatro horas - o intermediário, das 11h às 15h, é conhecido como 'o turno
da fome'. Em Cidade Tiradentes, por exemplo, 69% das escolas seguem
esse sistema. Em Campo Limpo, 51%. Já em Pinheiros e na Sé, todas as
escolas têm apenas dois turnos, de seis horas cada.
Segundo os organizadores do estudo, a falta de serviços públicos
essenciais é determinante para o agravamento de problemas sociais na
periferia. "As subprefeituras com menor grau de investimento público são
as que têm os piores indicadores de criminalidade juvenil", diz Pereira.
A partir de dados do Pro-Aim (Programa de Aprimoramento de Dados
sobre a Mortalidade no Município de São Paulo), o Movimento Nossa São
Paulo fez uma análise do número de homicídios de jovens do sexo
masculino de 15 a 29 anos em toda a cidade de São Paulo.
Segundo essa análise, as regiões com menor número de mortes violentas
são as das subprefeituras de Vila Mariana (10,19 para cada 100 mil
habitantes), Pinheiros (12,85) e Lapa (18,12). As regiões com maior
número são: Casa Verde/Cachoeirinha (174,92), Freguesia do
Ó/Brasilândia (143,44) e M'Boi Mirim (129,69). "Ou seja, enquanto os
bairros mais ricos de São Paulo apresentam índices de mortes violentas
semelhantes ao de países desenvolvidos, os mais pobres da periferia
apresentam taxas semelhantes às de países em guerra", diz Pereira.
De posse desses dados, a ONG espera convencer a população a
pressionar a Prefeitura para que ela atenda de forma mais equânime os 96
distritos da cidade. De acordo com os organizadores, o estudo poderia
servir para nortear os postulantes ao cargo de prefeito e às 55 vagas na
Câmara Municipal a montarem programas que atendam às reais
necessidades de cada bairro. A íntegra da pesquisa pode ser acessada no
site do Movimento Nossa São Paulo.
Veja o que já foi publicado com a(s) palavra(s):
grau de investimento
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