E-Learning nas Empresas
Por Sandra Regina da Luz Inácio
As exigências de treinamento das empresas não cabem mais no espaço compreendido pelas quatro
paredes da sala de aula. Nos últimos dois anos, diversas companhias começaram a por em prática projetos de
ensino a distância
Baseados em intranets, internet, transmissão via satélite ou outros meios digitais para suprir a demanda
de aperfeiçoamento e reciclagem de profissionais.
O apelo do uso da tecnologia na área de educação é tão marcante que alguns observadores arriscam afirmar
que o e-learning (ensino eletrônico) é a mais nova moda da internet, depois do comércio eletrônico.
Mas a final, o que mudou nos últimos dois anos? A empresas sabem que os cursos que reúnem
instrutores e alunos, ao vivo e em construtores, no mesmo espaço físico continuam sendo importantíssimos no
desenvolvimento de seus recursos humanos. Descobriram, no entanto, que esse treinamento não é suficiente
quando a competitividade é global, as mudanças tecnológicas ocorrem numa rapidez alucinante e o ciclo de
desenvolvimento de produtos está cada vez mais curto.
E no mercado de e-learning como um todo, a área de treinamento corporativo é a mais promissora. O IDC
estima que o mercado de treinamento a distância por meio digital vai crescer mundialmente cerca de 69% ao
ano. Com esse fator de crescimento, o setor deve sair de um patamar de modestos 2 bilhões de dólares em 1999
para respeitáveis 23 bilhões de dólares em 2004.
Os indícios dessa tendência estão por todos os lados. Levantamento de setembro do ano passado da
Masie Center mostrava que 53,5% das organizações americanas tinham planos na área de treinamento virtual –
e em boa parte dessas companhias (66,2%) envolviam a organização como um todo. No Brasil, apenas 20% das
empresas de grande porte que participaram de um estudo conduzido pela PriceWaterhouseCoopers em 2002 já
oferecem regularmente treinamento eletrônico aos seus funcionários.
Mas nos próximos anos esse percentual deve aumentar bastante. O portal e-learnig Brasil, por exemplo,
consultou empresas, instituições de ensino e consultorias e descobriu que 100% pretendem ter implantado algum
projeto de treinamento a distância até 2003. Em tempo: as corporações representavam 56% do universo
pesquisado.
O Maior Desafio do Marketing on-line
O mercado de mídia on-line cresce. Isso é claro em todas as estatísticas e direções que se olhe o
mercado. Em média o orçamento das multinacionais para a internet já alcança bons 10% do bolo publicitário.
Mas o que falta para a mídia on-line se consolidar? Existem duas correntes no mercado: uma é que a mídia online nunca irá se consolidar, apesar do seu crescimento. A outra corrente defende que a mídia on-line vai crescer
e se desenvolver muito rapidamente, concentrando-se principalmente nos grandes portais.
Verdade seja dita, a internet foi tomada pelas agências de publicidade que assumiram um modelo de
mídia de massa para suas ações on-line. Surgiram assim os banners, pop ups, botões e outras peças. Só que a
internet está mais para o marketing direto do que para a mídia de massa, a publicidade. O marketing direto, por
outro lado, não interessa às agências de publicidade como negócio. Não é tão lucrativo como a mídia de massa.
O pessoal de marketing direto também não conseguiu ainda entender a internet como ferramenta de
relacionamento personalizado. No mundo todo o marketing de promoção, e ações de marketing de
relacionamento vão ganhando cada vez mais espaço. Não porque estão em moda, mas porque os grandes
anunciantes estão mudando o seu modelo de remunerar as agências de publicidade. A remuneração agora é
baseada em resultados.
Preocupadas, as agências estão adquirindo participações em empresas de marketing direto e marketing
de relacionamento. Isso deve garantir os resultados esperados pelos clientes. Não vejo a internet como um
modelo unicamente de mídia. Mas como algo híbrido, que reúne tecnologia e ações marketing 1-para-1. Os
desafios da mídia on-line passam por entender a web como uma mídia de relacionamento (Empresa-Empresa,
Empresa-Consumidor, Consumidor-Consumidor), algo que vai extrapolar o conceito de marketing de
relacionamento ou mídia de massa que conhecemos hoje. Para todos nós que criamos estratégias on-line o
maior desafio é entender o alcance da tecnologia, compreendendo como ela irá nos ajudar a trazer resultados
para os nossos clientes. Esse é o grande desafio para 2002.
Como Utilizar o e-learning nas Empresas
Em 2004 vão ser investidos um bilhão de dólares em treinamento on-line na América Latina, segundo o
IDC. Suponho que pelo menos metade disso no Brasil. A sua empresa já tem um plano de como reduzir custos
usando o e-learning? Minha experiência com educação e computadores começa em 1993. Nesse ano trabalhei
para uma empresa na concepção e desenvolvimento de um software educacional para ensinar para crianças de
10 a 13 anos a noção de 'algoritmo' (o código que faz os programas executarem as funções devidas). Fiz um
roteiro onde usava um garotinho trocando de roupa para falar de todos os recursos que um algoritmo possui.
Desenhistas criaram o garotinho e as peças de sua roupa. O meu roteiro serviu de base para que
programássemos várias cenas onde a criança que usava o programa podia tentar trocar a roupa do garoto,
preocupando-se em colocar a calça antes dos sapatos, e aprendendo que fechar uma camisa de botões é fechar
um botão muitas vezes, o que os programadores chamam de loop. O projeto todo durou 3 meses, e até hoje um
monte de escolas no Brasil tem o sisteminha instalado. Depois dessas experiências vieram outras com CD-ROM
de treinamento, institucionais e finalmente a Web. Em todas os desenvolvimentos que participei ficou claro que o
mais importante em treinamento on-line é a sua concepção, usando corretamente as capacidades de interação
do software. A editora e a gráfica não têm nada a ver com quem cria um livro didático, ele é feito por profissionais
que entendem do conteúdo, dos melhores formatos para aprendizagem (a famosa pedagogia, ou andragogia, no
caso de treinamento para adultos) e de ilustradores e editores que criam o layout final do livro.
Para produzir um treinamento on-line, é preciso ter os mesmos recursos, acrescentando os profissionais
de tecnologia que dão vida às idéias dos profissionais de conteúdo é designers interativos que criam as
atividades sobre os conteúdos. É claro que não é necessária a gráfica e a editora, já que o meio é digital e
reproduzido a custo zero através da internet. O treinamento começa pela concepção, conversando com quem
domina o conteúdo e identificando os trechos adequados para se mostrar animações, vídeo, áudio e engajar os
alunos em atividades e avaliações interativas. Em seguida, um roteiro detalhado deve ser escrito e revisado pelo
dono do conteúdo. O próximo passo é montar usando formatos padrões da internet (HTML, XML, ASP ou JSP,
Flash, etc) os textos, imagens, sons, vídeos e atividades descritas no roteiro. Finalmente põe-se tudo em uma
ferramenta de e-learning que faz a distribuição do curso para todos os alunos. Neste momento, uma avaliação do
próprio curso é necessária para corrigir pontos confusos ou desinteressantes e acrescentar outros que fizeram
falta aos alunos. E então começa um novo curso, e o processo se repete, agora com uma equipe entendendo
melhor os alunos e aproveitando ainda mais as capacidades interativas do software.
O Perfil do Processo de e-learning nas Empresas
Para 50% dos participantes o melhor modelo de utilização das soluções de e-learning é a aquisição da
solução tecnológica e a manutenção da mesma internamente, já para 32% o modelo ASP (linguagem de
programação para internet) é a melhor alternativa.
O Portal e-Learning Brasil realizou de 3 e 16 de dezembro de 2001 uma pesquisa para avaliar o processo
de seleção de tecnologias de e-learning pelas empresas. A participação no estudo foi livre e contribuiu para um
banco de informações que pode ser acessado gratuitamente pelas empresas e profissionais que se interessem
pelo assunto.
Uma questão relacionada à estratégia de implantação do e-learning, perguntou qual o modelo de
utilização preferido das organizações brasileiras. Para 50% a melhor alternativa é a aquisição da solução
tecnológica e a manutenção da mesma internamente. Outros 32% afirmaram que a possibilidade de utilizar as
tecnologias sob demanda, ou seja, pagando pelo uso (modelo ASP) é a melhor alternativa. Para os outros 18% a
melhor opção é a aquisição da solução e a hospedagem da mesma em um Data Center externo que possua toda
a infra-estrutura necessária.
Uma das perguntas feitas durante a pesquisa buscou analisar quais departamentos as empresas julgam
que deveriam ser envolvidos durante o processo de seleção de tecnologias para o e-learning. O departamento
mais mencionado foi tecnologia da informação (97%), seguida de perto por treinamento (84%) e recursos
humanos (75%).
Outra questão abordada refere-se à necessidade do envolvimento de uma consultoria nos projetos de elearning: 97% dos participantes disseram sim, enquanto apenas 3% disseram não.
A pesquisa também avaliou a viabilidade das empresas implantarem um projeto piloto para testar
tecnicamente uma solução e mesmo mapear eventuais obstáculos e resultados junto aos usuários. Para 57%
dos participantes da pesquisa um projeto piloto é perfeitamente viável em suas organizações. Outros 32%
acreditam que existem poucas chances de um projeto ser realizado e para 11% esta iniciativa é inviável.
Outros resultados da pesquisa podem ser consultados aqui. O portal promete para breve um novo estudo
para avaliar o crescimento do e-learning em 2001 e estimar os resultados para os próximos dois anos.
Sandra Regina da Luz Inácio
Consultora DS Consultoria
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