Leonardo Araújo e Rogério Gava
ESTRATÉGIAS PROATIVAS
DE NEGÓCIO
As Quatro Chaves da Proatividade
Estratégia + Marketing + Inovação + Pessoas
© 2014, Elsevier Editora Ltda.
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Revisão Gráfica: Hugo de Lima Corrêa
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_____________________________________________________________________
A687e
Araújo, Leonardo
Estratégias proativas de negócio: as quatro chaves da proatividade
– estratégia, marketing, inovação e pessoas / Leonardo Araújo, Rogério
Gava. – 1. ed. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2014
184 p.: il. ; 23 cm.
Inclui bibliografia e índice
ISBN 978-85-352-7518-6
1. Planejamento estratégico. 2. Planejamento empresarial. 3.
Administração de empresas. I. Gava, Rogério. II. Título.
CDD: 658.4012
14-15000
CDU: 65.012.2
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Prefácio
Este livro trata de um assunto muito
importante: PROATIVIDADE. Na vida pessoal
e corporativa, não importa, essa qualidade muito
comentada – mas pouco compreendida – está
sempre em voga. Pergunte a qualquer pessoa se
ela gostaria de ser mais proativa e a resposta com
certeza será positiva. Nas empresas, isso não
é diferente. Todos querem ser mais proativos,
mas não sabem como. A pergunta que não
quer calar é exatamente esta: afinal, o que é a
PROATIVIDADE?
Empresas Proativas: esse foi o título
de nosso primeiro livro. Nele, expomos uma
ideia que articulamos já há quase uma década:
as empresas podem antecipar a mudança, em
vez de somente se adaptarem a ela. Sim, é um
raciocínio muito simples, mas que faz uma
grande diferença quando o objetivo é gerar
VANTAGEM COMPETITIVA. No campo
da estratégia, ser proativo significa perceber
a mudança antes dos concorrentes e até criar
a mudança de forma deliberada. É ir além da
adaptação, da reatividade, da defesa.
10
Estratégias Proativas de Negócio
ELSEVIER
Se você é empreendedor, executivo, gestor
de qualquer tipo de empresa, não importa, e se
você é competente, com certeza se preocupa com
questões como inovação, conquista de novos
mercados e lucratividade. Você se preocupa com
as pessoas e como elas podem trabalhar melhor.
Então, temos uma boa notícia: este livro foi
feito para você. Nosso objetivo é que ele acenda
insights novos em sua mente, fazendo-o pensar
em algumas questões que talvez o seu dia a dia o
esteja fazendo esquecer. Este é um livro de leitura
simples, objetiva e aleatória. Para ajudá-lo em
um mundo de grandes mudanças (sim, isso é um
chavão, mas continua verdadeiro). Para ajudálo a construir ESTRATÉGIAS PROATIVAS DE
NEGÓCIO.
Algumas questões que levantamos talvez
pareçam pouco convencionais. Isso não nos
preocupa, pois é justamente este o nosso objetivo:
inquietá-lo, surpreendê-lo, tirá-lo da zona de
conforto, inspirá-lo, fazê-lo pensar em coisas que
nunca pensou. Abra o livro em qualquer tópico,
esqueça a numeração das páginas. Rabisque nas
margens, reescreva parágrafos. Entre em contato
e nos conte a sua opinião sobre ele. Mas, atenção:
não ignore o que possa incomodá-lo. Aí, com
certeza, estarão pontos que você deve levar a
sério.
Por fim, salientamos que este é um livro
eminentemente pragmático, um manual. Esse
é o nosso estilo. Somos acadêmicos, mas com
Prefácio
os olhos na realidade empresarial. A academia
é muito importante, mas há que se ter cuidado
com o que chamamos de síndrome do aquário.
Muitos pesquisadores se apaixonam pela teoria
e esquecem a realidade prática. Como peixes
em um viveiro, passam a enxergar o mundo
distorcido por uma parede de vidro, em um
ambiente totalmente apartado da realidade.
Gostamos de teoria, mas gostamos ainda mais
da teoria na prática. O livro que você tem em
mãos é fruto desse entendimento. Esperamos
que você goste do que encontrará pela frente.
Boa leitura!
11
Introdução
VOCÊ TEM EM MÃOS UM LIVRO
DIFERENTE. ELE FOI ESCRITO PARA SER
LIDO DE FORMA LIVRE E ALEATÓRIA.
Os 24 tópicos aqui apresentados podem ser
consultados de maneira independente. Ao
mesmo tempo, você irá notar que todos eles se
relacionam, trazendo informações sobre quatro
perspectivas fundamentais para uma empresa
antecipar a mudança, criar o futuro, enfim, ser
proativa em relação ao mercado.
Estratégia, Marketing, Inovação e Pessoas.
Os blocos básicos para que uma empresa consiga
agir antes da mudança, moldando o mercado em
seu favor. Não há proatividade sem que os gerentes
e estrategistas entendam essas quatro questões
fundamentais:
(1) Fazer Estratégia é muito mais do que
um processo racional, deliberado e analítico,
devotado a ajustar a empresa ao ambiente.
Empresas não são espécies evolutivas sem
escolha perante o meio.
(2) As ações de Marketing não precisam
estar voltadas somente para atender as
necessidades dos clientes. O marketing pode
também “orientar o mercado”, em vez de tão
somente ser por ele orientado.
Estratégia, Marketing, Inovação
e Pessoas: os blocos básicos de
toda estratégia proativa.
14
Estratégias Proativas de Negócio
Este livro é um handbook, um
manual. Manuais trazem referên­
cias fundamentais e que devem
estar sempre à mão, prontas para
serem consultadas. De forma
rápida e fácil.
Optamos por narrar casos de
empresas brasileiras e que atuam
no cha mado middle market.
Portanto, são empresas médias
que ocupam uma posição
diferenciada em seus mercados
de atuação. Por isso, elas podem
ensinar muito às pequeninas e
também às gigantes.
ELSEVIER
(3) A verdadeira Inovação é aquela que
muda o comportamento do mercado e coloca a
empresa para além da concorrência. Inovações
radicais ou disruptivas são um dos pilares das
estratégias proativas.
(4) Empresas proativas são feitas “de” e
“por” Pessoas proativas. O comportamento
proativo dos líderes e gerentes é o grande
combustível da proatividade de mercado.
Cada um desses quatro temas é abordado
em um capítulo-chave, formado por seis tópicos
específicos, textos individuais selecionados
que contêm o essencial sobre a abordagem
proativa. Ao final, os tópicos em seu conjunto
servem como um handbook, um manual para
a proatividade. E, como tenciona a própria
etimologia da palavra, a ideia é que este manual
possa estar sempre à mão, sendo uma fonte de
consulta acessível e rápida.
Ao final de cada capítulo-chave há
sempre um caso empresarial relacionado ao
tema abordado. Esses casos revelam trajetórias
vitoriosas de empresas que estão fazendo a
diferença por força de suas estratégias proativas
e mostram o que foi feito e os resultados
alcançados. Em matéria de estratégia, ações são
sempre melhores do que palavras.
Você encontrará, também, notas de
margem ao longo de todo o texto. São anotações
complementares, contendo informações e até
mesmo curiosidades sobre o assunto em pauta.
Essas notas podem ser lidas no avançar do texto ou
de forma livre. Isso vai do seu gosto. É do grande
Introdução
escritor e filósofo Rubem Alves essa técnica, que
o mestre chamou de notas de canapé, ou seja,
informações em pílulas para serem degustadas
antes ou juntamente com o prato principal.
As questões levantadas neste livro podem
ser combinadas e complementadas com os
textos que publicamos em nosso espaço web
voltado para a divulgação da proatividade
no meio empresarial. Esse recurso adicional
proporcionará reflexões sempre atualizadas
sobre os tópicos abordados.
Mas, seja como for que você utilize este
livro, esperamos sinceramente que ele seja uma
ferramenta útil em seu dia a dia profissional. A
utilidade de um livro sobre negócios se mede,
também, pelas orelhas de uso, anotações às
margens e páginas dobradas, lembrando que
aí está algo que valeu a pena manusear. Nossa
expectativa é que este volume não tenha tempo
de pegar poeira na estante.
Finalmente, conte-nos a respeito de sua
experiência. Em matéria de gestão, as impressões
dos leitores são sempre a melhor matéria-prima
para um escritor.
Leonardo Araújo
([email protected])
Rogério Gava
(rogé[email protected])
15
Rubem Alves, Variações sobre o
prazer. Planeta, 2011.
www.proatividademercado.com.br
Nossos liv ros continuam em
nosso portal. Periodicamente tem
algo novo lá sobre proatividade
de mercado. Visite­nos e fique
sempre por dentro das novidades
sobre estratégias proativas.
Lógica deste livro:
as quatro chaves
e a fórmula da
proatividade
I MAGINE A PROATIVIDADE DE
MERCADO COMO UM CLUBE DISTINTO,
N O Q UA L S Ó E N T R A M E M P R E S A S
criteriosamente convidadas. Para tanto, essas
empresas devem comprovar sua competência
em quatro dimensões diferentes: estratégia,
marketing, inovação e pessoas.
Para cada competência comprovada, a
empresa ganha uma chave, a qual abrirá uma
porta para ter acesso ao seleto clube das empresas
proativas. Mas o acesso só será permitido com
a posse das quatro chaves; falte uma delas e a
empresa será “barrada no baile”.
A lógica deste livro se baseia nessa
alegoria. As empresas devem desenvolver –
de forma eficaz e concomitante – as quatro
competências essenciais para a proatividade de
mercado. Três delas dizem respeito às três fontes
de reatividade de mercado que apresentamos
18
Estratégias Proativas de Negócio
ELSEVIER
em nosso primeiro livro – Empresas proativas:
como antecipar mudanças no mercado –, e isso
não é por acaso. As empresas só serão proativas
se as estratégias que construírem, o marketing
que praticarem e a inovação que gerarem forem
todos, também, de natureza proativa. Nossa
alegoria pode ser colocada em uma simples
fórmula:
PM = EP + MP + IP
Assim, para ser proativa perante o
mercado (PM), a empresa deve construir
estratégias proativas (EP), ter um marketing
proativo voltado para antecipar a mudança (MP)
e uma inovação proativa voltada para quebrar os
padrões da competição (IP).
Falta, porém, ainda uma chave: as pessoas.
Sim, há muito aprendemos que o capital humano
é o alicerce de qualquer estratégia, ainda mais
quando se trata de estratégias proativas. Pessoas
proativas (PP) constituem, assim, a pedra
angular sobre a qual as estratégias proativas, o
marketing proativo e a inovação proativa irão
se sustentar. Nossa fórmula então fica completa
como segue:
PM = (EP + MP + IP) × PP
Veja o que a equação mostra: a capacidade
relacionada à proatividade das pessoas – ou seja,
ao comportamento proativo – atua como um
Lógica deste livro: as quatro chaves e a fórmula da proatividade
multiplicador do trio estratégia, marketing
e inovação. Em outras palavras, quanto mais
saliente e consolidada for a proatividade no nível
dos indivíduos, mais a empresa atuará de forma
proativa nesses três campos. E, em consequência,
maior será o nível de proatividade de mercado
da empresa.
Mas, em lado contrário, veja que, se a
proatividade pessoal não for fomentada, se ela
for nula ou até negativa, a multiplicação resultará
em prejuízo em relação aos outros pilares.
Tudo pode ser posto a perder se a empresa não
souber identificar, desenvolver e reter os talentos
proativos em seus quadros.
A fórmula da proatividade de mercado,
portanto, está em deter as quatro chaves
para entrar no distinto clube das empresas
proativas. Um clube que dá regalias especiais
aos seus sócios, como maior rentabilidade,
bem como a construção de uma marca forte
e respeitada.
É sobre isso que trataremos neste livro.
Nós o convidamos a seguir adiante!
Estratégias Proativas (EP)
Pa r a s e r p r o a t i v a e m
relação ao mercado uma
empresa deve construir
estratégias que antecipem
a mudança, e não apenas
reajam a ela.
19
20
Estratégias Proativas de Negócio
ELSEVIER
Marketing Proativo (MP)
Uma estratégia proativa
re q u e r u m m a r k e t i n g
voltado para moldar e guiar
o mercado, e que vá muito
além da mera satisfação dos
clientes.
Inovação Proativa (IP)
A proatividade de mercado
requer que a inovação não
seja apenas subordinada
às demandas dos clientes
e a o s m ov i m e nt o s d a
concorrência.
Pessoas Proativas (PP)
Empresas proativas são feitas
de e por pessoas proativas.
O comportamento proativo
dos líderes e das equipes é
o pilar humano da proatividade.
Sumário
Chave 1 – Estratégias Proativas 1
1. Antecipação: um novo tempero na
culinária estratégica 2
2. Quando a reatividade é prejuízo 8
3. Planejamento Estratégico Proativo
(PEP) – planejando com os dois
lados do cérebro 12
4. Os quatro tipos de empresas 18
5. Capacidades da empresa proativa 22
6. Dez lições sobre estratégia 26
Caso Madero 37
Chave 2 – Marketing Proativo 45
7. Marketing de antecipação 46
8. Segmentando mercados
inexistentes 53
9. A Proposta de Valor Proativa
(PVP) 58
10. A pesquisa proativa 64
11. Como ser proativo no turbilhão das
mídias sociais 69
12. Marketing pós-moderno e a
proatividade de mercado 75
Caso Enox 80
22
Estratégias Proativas de Negócio
ELSEVIER
Chave 3 – Inovação Proativa 87
13. E por falar em inovação... 88
14. Abrindo as portas para o “acaso
proativo” 93
15. Aprendendo com os erros 98
16. Sinais fracos do mercado 105
17. Inovação proativa e visão de longo
prazo 108
18. Inovação em modelos
de negócio 113
Caso Angelus 119
Chave 4 – Pessoas Proativas 129
19. O profissional proativo 130
20. Desenvolvendo a proatividade
pessoal 135
21. O ambiente de trabalho
proativo 139
22. As quatro atitudes do líder
proativo 143
23. E agora, estou diante de um talento
proativo? 147
24. Proativos famosos: o que eles têm a
nos ensinar? 151
Caso Sabin 155
Palavras finais
161
Chave 1
Estratégias Proativas
1. Antecipação: um novo tempero
na culinária estratégica
A NOS SESSENTA. OS BEATLES
As origens da estratégia remontam
aos tratados militares. A arte da
guerra, de Sun Tzu, escrito há mais
de dois mil e quinhentos anos, e
Da guerra (1832), de Carl Philipp
Von Clausewitz, são considerados
até hoje precursores do moderno
c on c e i t o d e e s t r a t é g i a . No
campo específico dos negócios,
admite­se o advento da estratégia
competitiva a partir dos estudos
de Chandler e de Ansoff, ambos
realizados na primeira metade da
década de 1960.
CONQUISTAVAM O MUNDO; SURGIAM
OS HIPPIES E A CONTRACULTURA; O
homem chegava à lua. e nascia o conceito de
estratégia. Embora possa parecer um evento
menor, o advento da estratégia corporativa
pode ser considerado um dos marcos da história
econômica. Quando vamos ao supermercado,
compramos pela internet ou discutimos o preço
de determinado produto, por trás desses fatos
existem estratégias previamente concebidas.
Empresas, governos, hospitais, clubes de futebol,
universidades: não há organização que não tenha
uma estratégia, mesmo que tácita. Queiramos ou
não, a estratégia faz parte da nossa vida.
Mas, se a música mudou, se o homem
ultrapassou os limites do sistema solar e se os
hippies já não existem mais, a estratégia parece
não ter evoluído muito nestes últimos 50 anos.
Em pleno século XXI, estrategistas continuam
seguindo a cartilha do planejamento estratégico
concebida nos distantes anos setenta. Mais do
que isso, seguem enxergando a formulação de
estratégias como um ritual quase sagrado, em
que passos predefinidos devem ser seguidos a
risca, sem muito espaço para digressões mais
criativas e ousadas.
Veja conosco: o que propõe a receita
tradicional do planejamento estratégico? Analise
Chave 1 – Estratégias Proativas
o ambiente em suas oportunidades e ameaças, as
forças competitivas do mercado e o que querem
e fazem clientes e concorrentes. Adicione ainda
alguns fatores-chave de mercado e uma pitada de
variáveis macroambientais. Misture tudo e deixe
brotar daí o prato de objetivos, estratégias e táticas.
Fácil assim. Pena que tantas vezes o resultado
seja indigesto. Isso porque um ingrediente muito
importante tem sido negligenciado na culinária
estratégica: a PROATIVIDADE.
Em nosso primeiro livro, Empresas
proativas, observamos como o chamado
determinismo ambiental tem influenciado
o campo da estratégia ao longo do tempo.
Essa visão coloca a formulação estratégica na
dependência das condições do mercado. Em
outras palavras: para sobreviver, as empresas
devem construir estratégias que as acomodem
da melhor forma possível quanto às mudanças
do ambiente. Adaptação é o tempero-chave da
cozinha estratégica tradicional.
Uma nova gastronomia estratégica pede
um novo condimento: antecipação. Essa é a
essência das empresas proativas. Indo além
da mera resposta ao mercado, essas empresas
buscam antecipar a mudança ou até criar a
mudança de forma deliberada. Estão sempre
atentas aos sinais de tendências e transformações,
constroem cenários e escrutinam futuros
possíveis no longo prazo. São empresas que não
buscam a acomodação (não se acomodam!), mas
buscam agir antes da mudança (antecipar a ação
= antecipação).
3
Nossa visão crítica a respeito
do pla neja mento estratégico
tradicional não anula,
obviamente, a validade dessa
i mpor ta nte fer ra menta de
gestão. O que propomos com
a abordagem da proatividade é
justamente uma nova forma de
planejar estrategicamente, onde
haja espaço para a antecipação
da mudança. É o que chamamos
de planejamento estratégico
proativo.
D e t e r m i n i s m o a m b i e nt a l :
Visão que coloca a estratégia
como dependente das condições
do mercado. Estratégia, no viés
determinista, é sinônimo de
adaptação.
4
Estratégias Proativas de Negócio
Trat a remos d i s so no tópico
seguinte. Mas tenha em mente,
desde já, que a reatividade em
si não é uma anomalia. Seu uso
excessivo é que é.
ELSEVIER
Estrategistas proativos sabem que as
empresas têm o poder de influenciar o mercado,
mudando as regras do jogo a seu favor. Agindo
dessa forma, transformam-se em verdadeiras
rule breakers, “quebradoras de regras”, empresas
que não se conformam em apenas seguir os
concorrentes e jogar pelas regras do jogo. São
as empresas que guiam o mercado – market
driving –, inovam, transformam, mudam hábitos
e preferências dos consumidores, alteram os
comportamentos e dinâmicas de fornecedores,
distribuidores e concorrentes.
Empresas proativas são hábeis em
equilibrar ações reativas e proativas. Ao contrário
do que erroneamente se pode entender, elas
não jogam a reatividade na lata do lixo. Ser
reativo, em muitos casos, é fundamental. A
diferença é que essas empresas conseguem o fino
balanceamento entre as demandas operacionais
do hoje e as oportunidades do amanhã (algo
que, admitamos, não é fácil de ser feito). Essas
empresas não se deixam seduzir pelo excesso
de reatividade, não se aprisionam pela defesa e
pela resposta. Em vez disso, elas competem hoje
enquanto se preparam para o amanhã.
Surge então a pergunta: como as empresas
proativas justamente colocam a proatividade em
prática? A partir de três grandes frentes: oferta,
indústria e cliente. A dimensão da oferta
representa o que a empresa vende e entrega ao
mercado; a dimensão da indústria, a competição
e a cadeia de valor no mercado em que a empresa
Chave 1 – Estratégias Proativas
5
atua; a dimensão do cliente, os compradores do
mercado.
As três dimensões da
proatividade de mercado
OFERTA
INDÚSTRIA
CLIENTE
Pense nas estratégias atuais da sua empresa:
concorda conosco que qualquer uma delas cabe
em ao menos uma dessas três dimensões? Tente
pensar em uma quarta dimensão: entendemos
que ela não existe. Temos a firme convicção
de que tudo o que se pode fazer em termos de
estratégia de mercado se resume, em última
instância, a ações relativas à oferta da empresa,
à indústria (cadeia de valor) em que a empresa
compete e aos compradores do mercado em que
a empresa atua. Constituem o que denominamos
três grandes avenidas estratégicas.
Nesses três caminhos, as empresas poderão
circular e conduzir as suas estratégias proativas.
Mas, como acontece com todas as avenidas,
elas conduzem também a estradas vicinais. Em
nosso modelo, essas estradas são os níveis de
ação proativa, em número de seis, dois para
cada avenida descrita. Na oferta, temos os níveis
da oferta-padrão e da oferta complementar.
Na indústria, da dinâmica da competição e
As três grandes avenidas estra­
tégicas:
OFERTA: O que a empresa vende
e entrega ao mercado.
INDÚSTRIA: A competição no
mercado em que a empresa atua.
CLIENTE: Os compradores do
mercado.
Os seis níveis da ação proativa:
OFERTA:
– Padrão
– Complementar
INDÚSTRIA:
– Dinâmica da competição
Concorrentes
Distribuidores
Fornecedores
– Mecanismos reguladores
CLIENTE:
– Preferências
– Necessidades
6
Estratégias Proativas de Negócio
As duas ações proativas funda­
mentais:
MODIFICAÇÃO: Mudar as regras
do jogo.
GERAÇÃO: Escrever novas regras.
ELSEVIER
dos mecanismos reguladores. No cliente, das
preferências e das necessidades.
Para entender melhor. Na ofer ta,
considere uma livraria: você vai a uma livraria
para comprar livros (oferta-padrão), certo? Sim,
mas você pode também querer bebericar um
suco ou saborear uma torta de limão enquanto,
confortavelmente, assiste a um documentário
s obre um liv ro re cém-l anç ado (ofer t a
complementar). Na indústria, considere os
atores com os quais toda a empresa contracena
no grande palco competitivo: concorrentes,
fornecedores e distribuidores (dinâmica da
competição), além da influência do governo e
instituições (mecanismos reguladores). Por fim,
na dimensão dos clientes, perceba as escolhas
de determinada oferta em detrimento de outras
(preferências) e as lacunas entre o que os
consumidores demandam e as ofertas existentes
(necessidades).
Pois bem, sobre esses seis níveis possíveis a
empresa aplicará sempre, e somente, duas ações
muito simples: geração e modificação. É quase
uma obviedade dizer isso, mas repare que uma
empresa, em última instância, só tem duas coisas
a fazer: ou modifica o que já existe ou parte para
criar o que ainda não existe. Nada mais.
Quando modifica o que já existe, a
empresa está, na verdade, mudando as regras
do jogo. Quando gera o que ainda não existe, ela
está escrevendo novas regras. Assim como um
cozinheiro experimental busca mudar a maneira
de preparar um prato clássico ou criar receitas
Chave 1 – Estratégias Proativas
totalmente inusitadas e “fora da curva”, gerentes
e estrategistas proativos podem e devem escrever
novas regras competitivas. E, veja, quem escreve
novas regras ou modifica as existentes deixa os
concorrentes a ver navios.
Empresas proativas são quebradoras
de receitas, em vez de se curvarem àquelas já
dispostas do mercado. Gerentes proativos são
cozinheiros ousados e experimentais.
7
Chefs proativos inventam receitas
e criam tendências. Usam novos
ingredientes e não se prendem à
culinária tradicional.
2. Quando a reatividade é
prejuízo
J Á PA R O U PA R A P E N S A R E M
No Brasi l, dados do IBGE
mostram que 40% das empresas
desaparecem antes de completar
dois anos de idade. Nos Estados
Unidos, não é diferente: cerca de
50% fecham antes do quinto ano.
Quantas delas foram demasiado
reativas?
Nenhuma empresa é proativa
100% do tempo. Em certos casos,
ser reativo é a melhor estratégia. O
problema é quando a empresa age
de forma somente reativa.
Para aprofundar o conhecimento
sobre estratégias de defesa em
relação a ataques competitivos,
recomenda mos ler o liv ro
Defending Your Brand, de Tim
Calkins (Palgrave Macmillan,
2012).
Responsáveis pela causa mortis
de muitas empresas.
QUANTAS EMPRESAS SUCUMBIRAM,
EM ALGUMA PARTE DE SUA HISTÓRIA,
por terem sido excessivamente reativas? Elas
como que exageraram na dose da reatividade,
ficando totalmente estagnadas. São empresas
que entraram em um estado de aflição. Estar
aflito é não conseguir nem mais responder à
mudança, ficar paralisado diante de uma nova
realidade.
Sempre dizemos que a reatividade, se
aplicada na dose certa, é essencial para qualquer
negócio. Nenhuma empresa é proativa 100%
do tempo, nem seria recomendável. Quando,
por exemplo, a empresa repara algum erro ou
dano causado a algum cliente que reclamou,
temos um exemplo de reatividade saudável. Ou
quando se muda alguma operação em contraataque a uma ação da concorrência. Nada de
errado nisso. O problema, contudo, é a empresa
cometer alguns “pecados mortais” em relação
à ação reativa. Vamos citar os três que nos
parecem mais danosos:
Os pecados mortais da empresa reativa:
1. A empresa fica cega pelas demandas
e afazeres do curto prazo, negligenciando a
mudança futura. Na conhecida alegoria do
Download

Lógica deste livro: as quatro chaves e a fórmula da proatividade