Maria Clara Otani
A caixa de espinhos
“Tum,Tum,Tum...clique!”algo me joga num chão duro e gelado. Dou um grito.
Acho que quebrei minha perna. A dor sobe para minha cabeça. Tento me levantar,
mas meu corpo não obedece. “Onde estou? O que estou fazendo aqui?” pergunto
para mim mesmo. Olho ao redor. Não vejo nada. Apenas a escuridão. Me arrasto
pelo chão procurando por algo para me apoiar. De repente, sinto algo afiado bater
no meu peito. A dor é insuportável. Fecho os olhos e me deito no chão. Estou
sangrando muito. Tento me levantar novamente, mas ao fazer isso sinto algo
perfurar a minha cabeça. Levanto os braços para cima e percebo que há muitos
espinhos bem em cima da minha cabeça apontados para mim.
Subitamente sinto o chão chacoalhar. Olho para cima e vejo o céu, teto, sei lá o
que estava lá em cima, se levantar e a luz inunda o ambiente. Estou numa caixa.
Os espinhos são maiores do que eu imaginava. Eles brilham na luz e têm uma cor
prateada. Me levanto e tento encostar em um deles, mas ao chegar perto de um
dos espinhos, ele se levanta para cima, sai pela abertura da caixa e desaparece.
Levo um susto e penso: “Por que eu não agarrei a esse espinho? Se eu tivesse
feito isso, eu já estaria fora dessa caixa maldita!
Tento escalar a parede, mas meu corpo dói demais, não consigo me locomover.
- Se eu dormisse um pouco ... vou repousar e talvez estarei mais forte – digo para
mim mesmo. É isso, vou descansar um pouco. Me deito e fecho os olhos, mas
acordo com um barulho alto e agudo. Parecia som de maquina! Me deito
novamente e tento ignorar o som.
-Klirtuc! Klirtuc! – escuto alguém gritar. Será que estou sonhando? Não, não pode
ser. Espera um pouco! Eu conheço essa voz! É da minha mãe! Me levanto e vejo
ela descendo pela parede. Tento chamar, mas nenhum som sai da minha boca.
Corro na direção dela, mas estou muito fraco. Vendo que estou machucado, ela
corre na minha direção
- Meu filho! Você esta bem? Já vou tirar você daqui! - ela exclama, me pegando
no colo. Ela começa a escalar a parede novamente, me levando nas suas costas.
Olho ao redor e pergunto:
- Onde estou? – Minha mãe ri e responde:
- Você caiu em uma caixa de agulhas daqueles seres humanos! Agora fique
quietinho e tente descansar um pouco, pois a família inteira está procurando
você. Já vamos voltar para o formigueiro.
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Maria Clara Otani A caixa de espinhos