ASPECTOS METODOLÓGICOS NA ABORDAGEM DAS
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA COM
ALUNOS DA 5ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL
COSTA, Reginaldo Rodrigues da – PUCPR
[email protected]
BELFORTE, Maria Regina Rezende – PUCPR
[email protected]
Eixo Temático: Psicopedagogia
Agência Financiadora: PIBIC-PUCPR
Resumo
O presente trabalho é resultado de uma pesquisa articulada com o ensino da matemática e as
dificuldades que permeiam o processo de ensino e, conseqüentemente a aprendizagem de
alunos da 5ª série do Ensino Fundamental de uma escola pública estadual de Curitiba, cujo
objetivo central é de proporcionar um espaço para discussões em torno do encaminhamento
metodológico dado ao processo de identificação e categorização das dificuldades de
aprendizagem em matemática. Como ações complementares, organização e desenvolvimento
de atividades que, inicialmente, objetiva eliminar e/ou diminuir as dificuldades apresentadas
pelos alunos da 5ª série. Ações estas, desenvolvidas num programa denominado Sala de
Apoio à Aprendizagem em Matemática, durante o período fevereiro a julho de 2009.
Almejando refletir teoricamente sobre a temática e, ao mesmo tempo, contribuir com o grupo
de alunos foi realizada uma avaliação das habilidades matemáticas com atividades
distribuídas entre as quatro séries iniciais do Ensino Fundamental que, após análise
quantitativa indicou a 1ª e 4ª séries com o menor rendimento e conseqüentemente o maior
grau de dificuldades apontadas pelos alunos. Parte-se do entendimento de que as atividades e
os conteúdos devem estar articulados com as dificuldades apontadas pelos alunos, por isso a
exploração das atividades se deu de forma contextualizada, com o auxílio de exercícios e de
materiais didáticos que, contribuíram significativamente para a compreensão das operações
básicas fundamentais. Considera-se importante ressaltar a integração entre professores e
equipe pedagógica, escola e família em relação as atividades desenvolvidas na Sala de Apoio
à Aprendizagem em Matemática potencializando as habilidades dos alunos, valorizando-se
cada conquista obtida e também contribuindo com a auto-estima.
Palavras-chave: Dificuldades de aprendizagem. Ensino da matemática. Apoio pedagógico.
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Introdução
Este trabalho tem como tema de pesquisa o ensino da matemática e as dificuldades que
permeiam o processo de ensino e conseqüentemente a aprendizagem desta disciplina de
alunos da 5ª série do Ensino Fundamental de uma escola pública estadual de Curitiba. O
intuito é apresentar as ações que permearam o encaminhamento dado ao processo de
identificação, categorização e intervenção das dificuldades de aprendizagem em matemática.
De acordo com Sánchez (2004, p. 18), “a intervenção é facilitadora, estabelece pontes
e ajudas com andaimes que devem ser progressivamente retiradas para facilitar a autonomia”,
intervenção essa, realizada na escola, desenvolvida numa sala de Apoio à Aprendizagem em
Matemática por meio de ações, atividades e avaliações que, inicialmente, possam eliminar ou
diminuir as dificuldades em matemática pelos alunos.
Os dados apresentados neste trabalho foram obtidos a partir de uma avaliação
realizada inicialmente com 38 alunos matriculados na 5ª série e, posteriormente das atividades
de intervenções desenvolvidas com quinze alunos selecionados a partir da avaliação
pedagógica período do primeiro semestre de 2009.
Dificuldades de aprendizagem em matemática
A dificuldade de aprendizagem é definida e observada quando o aluno não consegue
acompanhar o ritmo normal de aprendizagem comparada com o restante do grupo. No Brasil,
as dificuldades de aprendizagem estão diretamente relacionadas à evasão e ao fracasso
escolar, com alto índice de reprovação. Sua definição vai muito além dessas questões e dos
fatores, pois essas são oriundas tanto de fatores intra-escolares (práticas pedagógicas
inadequadas) como extra-escolares (condições sócio-econômicas). Outro fator é a falta de
motivação do aluno.
O embasamento teórico escolhidos para dar sustentação ao trabalho e responder o
objetivo geral e suas especificidades na caracterização das dificuldades de aprendizagem, sua
terminologia e subdivisões García (1998), na matemática, as dificuldades de aprendizagem
são denominadas de acalculia ou discalculia de desenvolvimento. A discalculia refere-se a um
transtorno estrutural da maturação das habilidades matemáticas, referente, sobretudo às
crianças, e que se manifesta pela quantidade de erros variados na compreensão de números,
habilidades de contagem, habilidades computacionais e solução de problemas verbais.
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É clássica a diferenciação de Kocs (idem, 1998), em seis subtipos: A discalculia verbal
com manifestações em dificuldades em nomear as quantidades matemáticas, os números, os
termos, os símbolos e as relações; A discalculia practognóstica, ou dificuldades para
enumerar, comparar, manipular objetos reais ou imagens, matematicamente; A discalculia
léxica, em relação com dificuldades na leitura de símbolos matemáticos; A discalculia gráfica,
em relação com dificuldades na escrita de símbolos matemáticos; A discalculia ideognóstica,
ou dificuldades em fazer operações mentais e na compreensão de conceitos matemáticos; A
discalculia operacional, em relação com dificuldades na execução de operações e cálculos
numéricos.
Pode-se simplificar dizendo que a acalculia se refere a uma situação de caráter lesional
e ocorre após ter sido iniciada a aquisição da função ou da habilidade matemática. Por sua
vez, a discalculia refere-se, sobretudo a crianças, é evolutiva, pode dar-se em adultos, mas não
é lesional, e estaria associada, principalmente, com as dificuldades de aprendizagem da
matemática.
Dockrell & McShane (2000), especialmente se referem às dificuldades de
aprendizagem em matemática no campo dos números, da contagem, voltadas à cognição,
motivação e ao aprendizado das regras de manipulação.
Selikowitz (2001) contribuiu para a compreensão das causas e fatores das dificuldades
de aprendizagem com teorias de diagnóstico de uma dificuldade específica.
Smith & Strick (2001) e Sánchez-Cano & Bonals (2008) foram úteis para a
caracterização do desenvolvimento das habilidades matemáticas de 1ª a 5ª séries e, com isso,
foi possível compor os objetivos e as avaliações desenvolvidas juntos aos alunos das turmas
de 5ª série, sendo que, a idade varia dos dez aos quatorze anos de idade.
Sánchez-Cano & Bonals (2008) contribuíram também para a composição dos roteiros
e protocolos utilizados inicialmente na avaliação e a partir dessa etapa no acompanhamento
dos alunos no Apoio Pedagógico em Matemática.
Sánchez (2004) orientou na definição de intervenção pedagógica realizada de forma
direta e indireta, ou seja, individualmente, para facilitar a aprendizagem e a superação das
dificuldades.
Portanto, este trabalho se justifica devido à necessidade de estabelecer um referencial
teórico-metodológico acerca das dificuldades de aprendizagem, seja na identificação por meio
de atividades pedagógicas durante o atendimento do aluno que faz parte da sala de apoio, seja
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na possibilidade de que esse aluno possa aprender e aplicar os conhecimentos matemáticos no
seu cotidiano, os pontos fortes, ou seja, as habilidades que o aluno já traz são importantes para
trabalhar a auto-estima do aluno para que ele obtenha uma aprendizagem significativa.
Aspectos metodológicos do estudo
Neste trabalho, a abordagem qualitativa se constituiu como opção metodológica face
às possibilidades que ofereceu para o estudo das ações desenvolvidas no diagnóstico e na
abordagem das dificuldades de aprendizagem no processo de ensino e aprendizagem da
matemática, predominando a descrição dos dados e retratando as situações e relações entre os
alunos que freqüentaram a sala de apoio à aprendizagem da matemática.
O estudo foi composto de duas etapas distintas que foram requisitos para a evolução e
desenvolvimento da pesquisa. Aqui descrevemos essas etapas:
•
A primeira etapa se referiu à identificação e classificação das dificuldades de
aprendizagem por meio de atividades pedagógicas para atendimento da sala de
apoio. Esta etapa indicou a direção da etapa seguinte, pois a intervenção
contemplou as dificuldades apontadas na avaliação pedagógica.
•
Na segunda etapa foi elaborada e desenvolvida uma intervenção tendo como
referencial a avaliação realizada anteriormente. Sua descrição e organização são
apresentadas posteriormente.
Os instrumentos utilizados na coleta de dados: a) observação das atitudes dos alunos
durante a realização das atividades propostas, seguindo roteiro de observação sistematizado;
b) diário do professor-pesquisador: este instrumento é destinado às anotações e narrativas das
situações ocorridas durante os encontros realizados com os alunos participantes na sala de
apoio, com o objetivo de acumular informações/descrições das atividades realizadas; c)
materiais produzidos pelos alunos (cadernos, fichas de atividades, avaliações, etc.), elaboradas
e aplicadas aos alunos com o intuito de identificar uma possível dificuldade de aprendizagem
em matemática, e com isso categorizar essa dificuldade com base no referencial teórico de
Garcia (1998).
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Avaliação pedagógica para alunos com dificuldades de aprendizagem em matemática
A avaliação realizada com trinta e oito alunos contemplava vinte e cinco atividades,
que abordava conteúdos e conhecimentos lógicos matemáticos fundamentais da educação
infantil e das quatro séries iniciais do ensino fundamental. A primeira série foi contemplada
com sete atividades, a segunda série com quatro atividades, a terceira série com cinco
atividades e a quarta série com nove atividades.
Inicialmente para esta tarefa apontava um obstáculo inicial. O que avaliar? E como
seriam os instrumentos adequados para esta avaliação? Para tal empreitada o referencial que
se fez opção foi o de Coma e Alvarez (2008), pois esclarecia pontos cruciais da avaliação de
dificuldades de aprendizagem. Entre esses pontos, fica evidente o caráter deste tipo de
avaliação que além de apontar lacunas na aprendizagem dos alunos, mas que direciona o
processo de tomada de decisões por parte de todos os setores da escola na intenção de sanar
ou minimizar as dificuldades apresentadas pelos alunos. Os autores ainda enfatizam que a
avaliação deve ser um processo contínuo e duradouro que utiliza de instrumentos
cientificamente reconhecidos e apresente um caráter global, ou seja, que possa expressar as
reais características do educando, do seu contexto familiar e social.
Diante disto, deparou-se como um fato: A avaliação não deveria consistir numa prova,
como geralmente se observa, e mais, numa prova com conteúdos da série onde o aluno se
encontra. Partimos novamente, para busca de um referencial que pudesse apontar o que era
necessário observar e que conhecimentos deveriam conter nesta avaliação. Utilizou-se neste
momento de Smith e Strick (2001) para a caracterização do desenvolvimento das habilidades
matemáticas até a 4ª série do ensino fundamental.
Sendo assim, os instrumentos elaborados para a avaliação e para o acompanhamento
desse processo propunham atividades da 1ª série que objetivava verificar se as crianças:
identificavam as propriedades da adição e subtração, agrupavam e contavam de 2 em 2 e de 5
em 5 e de 10 em 10; distinguiam os conceitos de números pares e ímpares; identificavam
frações simples; utilizavam de calendários; comparavam e identificavam valores monetários e
se realizavam problemas simples de adição e subtração.
Já as atividades da segunda série consistiam na identificação das medidas básicas; no
reconhecimento do relógio e na diferenciação de horas e minutos; na identificação das
propriedades da adição e subtração utilizando centenas; na contagem e realização de troco
(sistema monetário).
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As atividades da terceira série abordavam as propriedades da adição e subtração
utilizando quatro dígitos; contemplavam as relações entre multiplicação e divisão; as
representações fracionária e decimal dos números racionais e identificação das figuras
geométricas.
Na quarta série a intenção era identificar a habilidade de solucionar situações de
adição com três ou mais dígitos, realizar situações de multiplicação com dois ou três dígitos,
realizar situações-problemas utilizando a divisão simples, relacionar números decimais com a
representação fracionária, medir o tempo em minutos e segundos e fazer transformações de
medidas de tempo, realizar cálculos de áreas (quadrado, retângulo, etc.), calcular medidas
utilizando peso e toneladas, e identificação de paralelas, perpendiculares, etc.
Após a aplicação dos instrumentos de avaliação e da compilação dos dados, foi
possível observar que a maioria dos alunos (57.8% - 22 alunos) que realizaram a avaliação
apresentou dificuldades em mais da metade das atividades contidas neste instrumento. Outro
dado importante a ser salientado é que, as maiores dificuldades apresentadas pelos alunos se
referem ao campo numérico, ou seja, conceitos como pares e ímpares, representação decimal
e fracionária; do campo das medidas de tempo e de massa; e também do campo geométrico
como área de figuras geométricas e conceitos como paralelo e perpendicular. Foi possível
observar nesta avaliação após a sua análise quantitativa que as séries localizadas nas
extremidades deste nível de ensino, ou seja, primeira e quarta séries obtiveram o menor
rendimento e conseqüentemente o maior grau de dificuldades expressas pelos alunos.
É necessário destacar que os resultados apresentados anteriormente são de caráter
quantitativo e que numa etapa posterior realizou-se uma análise qualitativa dos dados
apresentados anteriormente com a intenção de analisar com maior profundidade as atividades
desenvolvidas na avaliação, apontando os objetivos que demonstraram menor apropriação
pelos alunos participantes. Ou seja, os dados permitiram desenvolver com cada aluno um
trabalho de intervenção específico de acordo com suas necessidades de aprendizagem em
matemática. Esses dados fazem parte do relatório de pesquisa apresentado à agência
financiadora do projeto em questão. Não são disponíveis aqui, pois, este trabalho objetiva
apresentar os passos metodológicos desenvolvidos junto à sala de Apoio de Aprendizagem em
Matemática.
5551
A intervenção
As atividades realizadas com os alunos selecionados e que fizeram parte do projeto de
Apoio de Aprendizagem à Matemática foram elaboradas com base nos resultados obtidos nas
avaliações, ou seja, os conteúdos contemplados nessas atividades foram determinados a partir
dos resultados obtidos pelos alunos. A forma de organização e de critérios para a abertura da
demanda de horas-aula, do suprimento e das atribuições dos profissionais das Salas de Apoio
à Aprendizagem – 5ª série do Ensino Fundamental, da Rede Pública Estadual está esclarecida
na INSTRUÇÃO Nº 022/2008 - SUED/SEED (2008).
A sala de apoio pedagógico em matemática é uma realidade concreta e existente em
grande parte dos estabelecimentos de ensino da rede pública estadual de ensino, mas com
base em estudo anterior (CRUZETTA, 2007), foi possível verificar que a forma de
encaminhamento dos trabalhos neste ambiente é variada e em alguns casos foi percebido um
“reforço” das ações desenvolvidas na prática pedagógica regular, ou seja, se o aluno apresenta
dificuldades na aprendizagem, o professor do apoio pedagógico enfatizava e reproduzia
mesmas as práticas desenvolvidas na sala de aula.
Fica evidente a necessidade de uma reflexão sobre os procedimentos e ações a serem
desenvolvidas neste ambiente pedagógico que tem como objetivo criar condições, a esses
alunos com dificuldades, à possibilidade de aprender e aplicar os conhecimentos matemáticos
no seu cotidiano.
A Sala de Apoio à Aprendizagem em Matemática, inicialmente é composta por quinze
alunos, no contra turno, em encontros semanais de quatro horas, trazendo a reflexão de que é
importante que exista a preocupação de se identificar as dificuldades dos alunos que não
conseguem aprender, para em seguida intervir na superação e/ou diminuição dessas
dificuldades (SEED-PR, 2005). Espera-se que tal preocupação e intervenção, além de
favorecer o desenvolvimento das habilidades dos alunos, possa ainda contribuir na formação
de futuros professores mais conscientes com o seu papel na sociedade, acreditando que todo
ser humano é capaz de aprender, desde que professor e aluno estejam comprometidos,
buscando métodos diferenciados ao ensino e aprendizagem da matemática.
Na matemática, as atividades e os conteúdos devem estar articulados com as
dificuldades apontadas pelos alunos, por isso a preocupação na utilização de materiais
didáticos e na elaboração dos conteúdos de forma contextualizada. De acordo com SánchezCano & Bonals (2008, p. 314): “Antes de entrar na escola, as crianças já estão em contato
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com o mundo dos números. Em sua relação com as pessoas mais próximas e na interação com
os objetos de seu entorno, apropria-se de uma série de vivências”, esta vivência permite à
criança adquirir noções básicas matemáticas, como a linguagem numérica, as relações
quantitativas, a contagem, etc.
Assim, aprender matemática significa mais do que apenas aprender a fazer contas,
significa buscar respostas aos problemas encontrados por meio das informações recebidas.
Após análise quantitativa da avaliação das habilidades matemáticas, os alunos que freqüentam
a Sala de Apoio à Aprendizagem em Matemática apontam dificuldades mais acentuadas
como: leitura e interpretação, organização dos dados, resolução de problemas com duas ou
mais situações, sistema numérico decimal, cálculos, tabuadas de multiplicação, representação
fracionária, entre outras.
Para a elaboração e aplicação da intervenção favorecendo um ambiente à
aprendizagem matemática, as atividades elaboradas e os conteúdos trabalhados estavam
voltados com base nos resultados obtidos e/ou dificuldades apontadas pelos alunos na
avaliação. Portanto, nessa intervenção para tratar das dificuldades de aprendizagem em
matemática os conteúdos contemplavam operações com números naturais, que envolveram
adição, subtração, multiplicação e divisão. Números pares e ímpares, tabuada da adição e
ainda, as diferentes formas de representação dos números (leitura, escrita e interpretação).
Nas fichas matemáticas os conteúdos específicos foram os de estatística, percepção,
organização e memória seqüencial, conservação de quantidades e símbolos. Trabalhou-se
também a classificação e a proporção. Atividades voltadas para o sistema de numeração
decimal com a utilização de gráficos, medidas de comprimento, sistema monetário, ângulos,
retângulos e não-retângulos, figuras geométricas e suas propriedades, situações-problemas,
conceitos relacionados com as unidades de tempo, frações simples.
Dando-se inicio às atividades relacionadas ao nível I, foram trabalhadas as fichas
matemáticas. Na ficha 1 (sistema numérico decimal); fichas 2 e 3 (classificação); ficha 4
(projeção espacial) e na ficha 5 (resolução de problemas utilizando a adição e a subtração com
numerais de 1 a 20). Foi observado que as dificuldades mais constantes se deram nas fichas 5,
4, 1, 3 e 2 respectivamente nesta ordem, apresentando dificuldades na resolução de
problemas, projeção espacial e dificuldades no conceito de direita e esquerda. Em seguida, a
atividade trabalhada foi à interpretação matemática (numerais); maior e menor; porcentagens,
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análise e interpretação de gráficos simples, com o objetivo de identificar se os alunos
interpretam corretamente as informações.
Nas atividades sobre conceitos de tempo, o objetivo central é de verificar se os alunos
utilizam a linguagem associada a tempo e situações cotidianas. As dificuldades observadas
foram com relação a: transformar horas, minutos e segundos, conceitos, leitura, cálculos,
frações simples, leitura e interpretação de gráfico simples e tabela. As dificuldades
apresentadas estão relacionadas em reconhecer o tempo, por exemplo, um dia tem 12 horas,
33 ou 44 horas.
Nas atividades nível I, trabalhou-se adição, subtração, multiplicação, números pares e
ímpares, menor, maior e igual. O objetivo é identificar se o aluno associa e soma números de
objetos a números escritos; se reconhece números pares e ímpares e utiliza a simbologia da
matemática corretamente. A correção das atividades foi acompanhada pelos alunos, onde se
percebeu a dificuldade com números pares e ímpares, simbologia da matemática, adição e
subtração com dois dígitos.
Retomando o conceito de adição e subtração. O professor levanta o questionamento: o
que é adição? Os alunos - é uma operação de mais, é uma soma para adicionar números, é
operação de aumentar. Dando continuidade o professor acrescenta que: A operação de adição
ou a conta de mais é um procedimento. A adição é juntar quantidades, exemplo: tinha dois
alunos para ficarem cinco foi preciso? Juntar, agregar, reunir... O mesmo procedimento é
utilizado para a subtração, os alunos – é conta de menos, operação de diminuir, tirar objetos,
conjuntos. A demonstração é realizada pelo professor: Tinha 6 alunos, tirei 2, quantos
restaram? Na subtração, tenho um conjunto do qual tiro uma determinada quantidade.
Aplicação e correção da avaliação das atividades nível I. Na correção da avaliação
observa-se a necessidade de retomar conceitos de números pares e ímpares, subtração, adição
e multiplicação. Para retomar os conceitos matemáticos dos números pares e ímpares, foi
necessária a construção da régua numérica representando os números naturais – aqueles que
posso acrescentar de 1 a 1, em seguida, foram colocados os números (1, 2, 3, 4,.... 9), entre os
números naturais, representando assim os números racionais, levando os alunos a perceberem
que quando tenho, por exemplo, 4,50 ele não é um número par e nem mesmo ímpar. Então
não se pode dizer que um determinado número terminado em zero seja um número par. Por
fim, questiona-se, quando um número é par? No geral, a resposta é: quando posso agrupar de
2 em 2.
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Durante as atividades nível II e avaliação das atividades nível II percebeu-se a
necessidade de retomar o conceito de frações simples. No quadro de giz, o professor inicia a
aula questionando os alunos sobre: O que é uma fração? O que é numerador e denominador?
Com o material concreto, cada aluno recebe 12 palitos, o professor pede que cada um divida
em 2 partes e pergunta: Na sua mão direita quantas partes você tem? A resposta é seis. A
correção vem em seguida, mostrando aos alunos que apenas 1 parte dos palitos está na mão
direita. O primeiro passo é mostrar aos alunos como proceder, dando exemplo 18: 6 = 3 (1/6 =
3), se uma parte são 3, 2 partes são 6. No caderno os alunos deverão calcular o valor das
frações... A correção é feita em seguida por meio do material concreto (palitos), pois se
percebe a dificuldade na tabuada de multiplicação e na divisão. Retomando o conceito de
frações simples - gincana das frações.
Na correção das atividades no caderno com frações simples, os alunos ainda
apresentam dificuldades, demonstrando confusão entre numerador e denominador, divisão e
multiplicação de uma fração simples. Nas correções das atividades de números pares e
ímpares e subtração de diferentes modos notam-se algumas dificuldades apresentadas pelos
alunos. Nas situações com medidas de capacidade falta organização dos dados, interpretação
da informação, atenção e dificuldades na resolução de problemas quando esses envolvem
mais de uma situação.
Dando continuidade foram aplicadas as atividades matemáticas nível III e em seguida
a avaliação nível III envolvendo vinte questões. As dificuldades mais acentuadas estão
relacionadas com a multiplicação, subtração, divisão, medidas de tempo, divisão de frações
simples e resolução de problemas que envolvem duas situações (adição e subtração),
dificuldades ainda com a leitura e interpretação da informação. Nas atividades matemáticas
nível IV, as dificuldades apresentadas pelos alunos foram com relação a: adição com três
dígitos, subtração com três e quatro dígitos, frações e representação decimal, área de
retângulos, medidas de tempo e massa, divisão, multiplicação, reconhecer horizontal e
vertical, dificuldades com a tabuada e falta de leitura e interpretação dos dados.
Finalizando o processo durante o semestre foi realizada a avaliação matemática nível
IV, onde as dificuldades estavam mais concentradas na leitura e interpretação de tabelas, na
subtração com números decimais e nas frações.
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Considerações Finais
Este estudo possibilitou uma reflexão em torno da disciplina escolar da matemática e
da forma de abordagem diante das dificuldades apresentadas por alunos da 5ª série do ensino
fundamental. Como em outras disciplinas, é necessário que o aluno esteja envolvido, por isso,
situações diversificadas de ensino e de aprendizagem que contemplem o interesse pela
matemática de alunos com dificuldades de aprendizagem é o primeiro passo para modificar
uma situação de atraso ou e aprendizagem lenta. De acordo com Rêgo & Rêgo (2000, p. 17),
“até muito tempo atrás se acreditava que os alunos aprendiam acumulando informações dadas
pelo professor, que escrevia, explicava e ensinava regras. As falhas no processo de
aprendizagem eram justificadas pela pouca atenção, capacidade ou interesse do aluno”,
segundo os autores, raramente era pela falta de didática do professor e, que cada aluno tem
um modo próprio de aprender que este varia a cada fase de vida desse aluno.
Por compreender que a aprendizagem é um processo contínuo, principalmente em
relação aos alunos com dificuldades de aprendizagem em matemática, este estudo denotou a
importância de estabelecer categorias como a série, a forma de abordagem das dificuldades e
o referencial teórico que sustentaram o estudo pretendido. Por isso, a importância na
organização dos conteúdos e no desenvolvimento das atividades para motivar a aprendizagem
respeitando-se os conhecimentos prévios que os alunos já possuíam.
O estudo mostrou que a avaliação, a intervenção diante das dificuldades de
aprendizagem deve ser um processo contextualizado com a realidade educacional do aluno e
também da prática docente realizado pelo professor. Sendo assim, vale ressaltar a importância
da comunicação estabelecida neste estudo entre o professor da sala de Apoio à Aprendizagem
com o professor da disciplina de matemática, e com os profissionais que compõem a equipe
pedagógica da escola, levando assim, a uma reflexão de caráter coletivo com definição de
estratégias mais adequadas para a intervenção (COMA e ALVAREZ 2008).
Diante dessas primeiras considerações vale destacar que o trabalho de Apoio
Pedagógico terá atingido seus objetivos a partir do momento que todos os segmentos
envolvidos contribuam, considera-se importante ressalta o papel da família e sua ação diante
da intervenção e do processo de ação pedagógica diante dessas dificuldades.
Segundo Macedo (2007) o desempenho da aprendizagem reflete o interesse e a
expectativa da família em relação ao educando. Essas expectativas podem demonstrar a forma
que a instituição FAMÍLIA lida com o desenvolvimento da criança e com as dificuldades
5556
apresentadas. Ressalta-se esse aspecto por considerar que o estudo poderia apresentar
resultados mais fecundos, pois, observou um distanciamento da família diante do processo
que se desenvolveu ao longo do todo o primeiro semestre de 2009.
Ou seja, após a comunicação aos pais de que o aluno deveria freqüentar as aulas de
Apoio à Aprendizagem Matemática, não ocorreu nenhum questionamento, nem mesmo a
presença da família para tomar conhecimento da situação diagnosticada pelas avaliações
realizadas. Em duas situações a família esteve presente: uma delas quando solicitada a
presença diante de uma situação de disciplina do aluno, e outra, quando a família questiona a
organização administrativa da escola em relação ao horário e permaneça do aluno fora do
expediente.
Destaca-se este aspecto, em relação à responsabilidade e comprometimento da família,
observando que dos quinze alunos participantes dez deles (66,6%), tiveram menos de 80% de
presença nas aulas de Apoio Pedagógico. Pois a ausência comprometeu em alguns casos o
avanço do aluno e até mesmo a eliminação da dificuldade de aprendizagem. Muitos desses
alunos não realizavam as atividades, ao longo da intervenção, com periodicidade e dessa
forma o atraso também ocorreu. Mesmo que cada aluno tivesse uma abordagem individual, as
avaliações de cada nível de ensino deixaram de realizada no momento previsto inicialmente,
para se ter uma idéia, a última avaliação realizada que contemplava os conhecimentos e
habilidades da 4ª série não foi aplicada a sete alunos devido a sua ausência.
Vale enfatizar também que os alunos que participaram efetivamente, seja de forma
presencial ou com a realização das atividades demonstraram sua evolução e eliminação de
todas ou de algumas dificuldades, dados esses que foram observados por meio das avaliações
realizadas em todos os blocos de conteúdos por série, sendo assim, seis alunos tiveram sua
participação às atividades de Apoio pedagógico suspensa.
Finalizando destaca-se que os resultados obtidos revelam que a avaliação e
intervenção pedagógica ocorreram de forma satisfatória tornando este estudo num suporte
teórico metodológico na ação pedagógica das dificuldades de aprendizagem matemática e,
principalmente, na superação dessas por alguns alunos que freqüentaram a sala de apoio à
aprendizagem.
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REFERÊNCIAS
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(2008), In: SÁNCHEZ-CANO, Manuel. BONALS, Joan. Avaliação psicopedagógica.
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CRUZETTA, Danieli D´Aguiar. Reforço escolar no ensino da matemática. Curitiba, 2007.
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da Costa.
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PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação. Departamento
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REGO, Rogéria Gaudêncio do. REGO, Rômulo Marinho do. Matematicativa. Editora
universitária/UFPB, João Pessoa: Camped, 2000.
SÁNCHEZ-CANO, Manuel. BONALS, Joan. Avaliação psicopedagógica. Tradução Fátima
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SELIKOWITZ, Mark. Dislexia e outras dificuldades de aprendizagem. Rio de Janeiro:
Revinter, 2001.
SMITH, Corinne. STRICK, Lisa. Dificuldades de aprendizagem de A a Z / trad. Dayse
Batista – Porto Alegre: Artmed, 2001.
Download

aspectos metodológicos na abordagem das dificuldades