TRADUÇÃO
EULÁLIA DE ANDRADE P. KREGNESS
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O INÍCIO DE UMA PAIXÃO ETERNA
Sumário
Prefácio: Da instrução à adoração .............................................. 7
Introdução ............................................................................... 11
1. O que é adoração? .............................................................. 17
2. Sua vida de adoração perante os filhos .................................. 31
3. Conheça seus filhos .............................................................. 45
4. O ambiente dos seus filhos: lar e igreja ................................. 59
5. Culto familiar ...................................................................... 73
6. Os amigos de seus filhos ..................................................... 91
7. Princípios familiares e adoração ............................................ 107
8. Ministério de adolescentes .................................................... 123
9. Culto público e crianças ....................................................... 137
10. Etapas na vida de adoração ................................................ 151
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O INÍCIO DE UMA PAIXÃO ETERNA
prefácio
Da instrução à adoração
Para ensinar, guiar e incentivar os filhos a seguir o Caminho,
concentramo-nos em todos os aspectos possíveis e imagináveis de
suas vidas. O primeiro contato que têm com a Bíblia é por meio de
versões em quadrinho ou em forma de histórias bem ilustradas.
Algumas Bíblias infantis são acompanhadas de vídeos e CDs. Para
despertar o interesse deles por missões, levamos nossos filhos a participar de escolas bíblicas de férias, acampamentos, conferências e
programas missionários. Tudo isso é válido e merece nosso tempo
e energia.
Mas, normalmente, depois de uma hora de aula com os pobres e exauridos “profissionais do ministério do Senhor”, nossos
filhos voltam para casa tão desmotivados e com a vida do mesmo
jeito, igualzinho ao que acontece conosco, não é verdade? Será que
não oramos o suficiente? Será que deixamos escapar algo melhor?
Será que a comissão não deveria ter escolhido outro líder? Por que
nossos filhos vivem sem estímulo espiritual? E por que nós também vivemos assim?
Erramos ao não perceber que, em qualquer área do ministério,
é a adoração pura e simples que enche nosso coração e alma de
interesse por Deus. A Bíblia somente se torna viva quando lida
como se fosse uma carta enviada por aquele a quem adoramos. As
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CRIANDO FILHOS QUE ADORAM A DEUS
missões são uma resposta de amor e obediência vinda de homens e
mulheres que conhecem a Jesus Cristo e estão apaixonados por ele;
pessoas cuja adoração inunda os cantos mais remotos do planeta (e
até da vizinhança!). A adoração é o cerne do nosso culto a Deus. É
também o início e o término de nosso louvor a ele.
Voltemos aos nossos filhos que deixamos ali atrás com suas
edições especiais da Bíblia, seus CDs evangélicos “da hora”, seus
convites para a próxima reunião animada de adolescentes. Repararam
no olhar desconfiado lançado em nossa direção? Esse olhar não deixa
dúvida que televisão e videogames são muito mais interessantes. Devo
ir atrás de outra coisa? Do quê? Nossos filhos estão buscando a chave
que nem sabem como pedir. Afinal, não são apenas crianças; são
almas vivas que — exatamente como nós — anseiam em ouvir e
descobrir o como e o porquê da própria existência.
Você está preparado para lhes responder? Eu estou? Será que
podemos abrir a porta para nossos filhos quando muitos de nós
raramente se aventura até mesmo a tocar na maçaneta?
A chave — o propósito deles e o nosso — é adorar ao Deus
vivo, é embarcar numa jornada de adoração pessoal que dura a vida
inteira.
Você senta-se (ou fica em pé) com este livro nas mãos que
pegou na prateleira porque o título é intrigante e chamou sua atenção,
talvez sugerindo a resposta de uma pergunta que você nem mesmo
sabe fazer. Nosso irmão Patrick apresenta uma estratégia espiritual
de longo prazo, bem pensada, independente de programações e
notadamente bíblica. O autor convida-nos e incentiva-nos a ajustar
e adaptar sua estratégia às necessidades particulares de nossos filhos,
criaturinhas únicas. Mais do que oferecer respostas, Patrick ensinanos a fazer as perguntas certas — para o bem de nossos filhos e o
nosso próprio bem.
Portanto, incentivo os leitores a lhe dar ouvidos. Espero que se
convençam, como fui convencido, a atender o profundo chamado
que temos como pais — não simplesmente de outros seres hu-
O INÍCIO DE UMA PAIXÃO ETERNA
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manos, mas de almas vivas e eternas — e ir da simples instrução à
adoração. Quem sabe, durante o processo, aquela porta finalmente
não se escancare em nossa vida também e junto com nossos filhos,
de joelhos, aprenderemos a lição que estamos querendo lhes ensinar faz um tempão?
Michael Card
O INÍCIO DE UMA PAIXÃO ETERNA
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Introdução
Nos meses seguintes ao lançamento de meu livro Worship—A
Way of Life [Adoração — um caminho de vida] fui entrevistado
numa dezena de programas cristãos de rádio. Os entrevistadores,
que eram de muitos lugares do país e representavam uma variedade
de denominações, fizeram as mais diferentes perguntas sobre
adoração, tanto pública quanto particular.
Contudo, um tema foi recorrente nos programas. Absolutamente
todos os entrevistadores perguntaram — de iniciativa própria — algo
neste sentido: “Como ensinamos os nossos filhos a adorar a Deus?”
Uma pergunta bastante importante, sem dúvida, nenhuma!
A NECESSIDADE DO MOMENTO
Para começar, gostaria de dizer que todos os pais cristãos devem se esforçar para transmitir a fé bíblica a cada um de seus filhos.
O resultado será a salvação eterna das crianças, bem como uma
existência inteira conhecendo e servindo ao Senhor. Logo que alguém se torna pai, essa “passagem do bastão”, por assim dizer, tem
de ser um aspecto primordial em sua vida.
Essa responsabilidade que vem de Deus é enfatizada repetidamente em toda a Bíblia. A Bíblia é clara sobre o assunto, desde a
ordem de Moisés sobre as leis de Deus: “Ensine-as com persistência
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CRIANDO FILHOS QUE ADORAM A DEUS
a seus filhos” (Dt 6.7) até a admoestação de Paulo para criarmos os
filhos “segundo a instrução e o conselho do Senhor” (Ef 6.4).
Por isso, é triste saber que nos últimos séculos algumas igrejas
cristãs não têm enfatizado esse ensino. Samuel Taylor Coleridge,
poeta e filósofo britânico, conversava com um cavalheiro que insistia em dizer que qualquer ensino religioso dado às crianças era cerceamento da liberdade que elas têm de se expressar e escolher o
próprio caminho. Coleridge evitou discutir, mas levou o cavalheiro
até seu jardim, que andava bastante negligenciado. O visitante ficou atônito.
— O senhor chama isto de jardim? Não existe nada aqui, a
não ser erva daninha!
— Veja bem — respondeu secamente o poeta — não tenho a
mínima intenção de cercear a liberdade do jardim. Estou apenas lhe
dando a chance de se expressar e de escolher o que deseja produzir.
Na sociedade secular em que vivemos, essas ideias “liberais”
continuam se propagando. Talvez sejam consideradas politicamente
corretas, mas são biblicamente incorretas.
Certa vez, um jovem pai disse-me que, embora fosse cristão,
daria total liberdade aos filhos para “descobrir a verdade por si mesmos”. Não ofereceria nenhuma orientação paterna durante a formação das crianças. Esse amigo bem intencionado levou um susto
quando lhe respondi: “Infelizmente, Satanás não tem o mesmo
escrúpulo”. O mundo ao nosso redor tem muito prazer em levar
nossos filhos — e com mão firme — para bem longe da fé.
Criar filhos que desenvolvam uma fé pessoal e sincera em Jesus
Cristo é a necessidade do momento. Se desde o início do cristianismo, todos os pais cristãos tivessem sido bem-sucedidos em transmitir a fé em Jesus a cada um de seus filhos, a maioria da população
mundial estaria seguindo o Senhor há séculos. Provavelmente, os
grandes ministérios e programas evangelísticos de nossos dias nunca teriam sido necessários. Qualquer evangelista que contempla um
grupo de convertidos em potencial, em geral, está diante de pessoas
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O INÍCIO DE UMA PAIXÃO ETERNA
que tiveram ancestrais cristãos — mas a certa altura da vida a linha
foi interrompida, o bastão caiu.
Antes de prosseguir, gostaria de enfatizar duas questões importantes a respeito de inspirarmos nossos filhos a ter fé em Deus:
1. Alguns pais fazem todo o possível para que seus filhos abracem
a fé em Cristo, mas eles acabam rejeitando-a. Acontece que os filhos
têm livre arbítrio e prestarão contas individualmente ao Senhor Deus.
Os pais não devem se esquecer disso, sobretudo para não carregar
nenhum sentimento de culpa. Ainda que façamos tudo certo, alguns filhos decidem se rebelar.
Por falar nisso, não acontece o mesmo com os filhos de Deus?
Sem dúvida nenhuma, nosso Deus é o pai perfeito e, mesmo assim,
já foi rejeitado por milhões de seus filhos. Em referência à vinda de
Jesus ao mundo, o evangelho afirma: “Veio para o que era seu, mas
os seus não o receberam” (Jo 1.11). Se a gente se rebela contra o pai
perfeito, por que nossos filhos não se rebelariam contra nós e nossas crenças? Mesmo assim, nossa tarefa é fazer de tudo para incentivar sua fé e entregar o resto nas mãos de Deus.
2. Embora devamos criar nossos filhos de modo a serem encorajados na fé, chega uma hora em que têm de tomar posse dessa fé.
Como diz o velho ditado: “Deus não tem netos”. Querer que os
jovens frequentem a igreja só “porque os pais sempre frequentaram”
não é o motivo certo. Isso funciona com crianças, mas não com
adultos. Mais cedo ou mais tarde, cada indivíduo tem de tomar sua
própria decisão de seguir a Jesus ou de rejeitá-lo.
Infelizmente, muitos jovens que acreditam na Bíblia de todo o
coração quando são crianças, não conseguem transportar a fé em
Jesus para a vida adulta. Repetindo, a tarefa dos pais é criar os filhos
de modo a que se tornem adultos consagrados a Deus.
O LUGAR SUPREMO
DE INTIMIDADE E ADORAÇÃO
“Está bem”, concorda você. “Quero ver meus filhos se transformarem em cristãos adultos firmes em sua fé. Para tanto, ensino-
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CRIANDO FILHOS QUE ADORAM A DEUS
os a orar e leio a Bíblia com eles. Mas o que você quer dizer com
ensinar meus filhos a adorar? Não é isso que fazemos na igreja todos os domingos?”
Agora, chegamos ao objetivo deste livro. Como escrevi em meu
livro Worship—A Way of Life [Adoração — um caminho de vida], a
verdadeira adoração vai além do que fazemos juntos na igreja. A verdade é que em um número demasiado grande de igrejas, os cultos
são praticamente um acontecimento para os adultos, o que deixa as
crianças confusas, ou entediadas, ou as duas coisas. Como ministro
de música, ao observar o auditório quase sempre vejo pais cantando
a Deus de todo o coração — totalmente alheios à indiferença dos
filhos, que obviamente prefeririam estar em outro lugar.
Não, não, este livro não trata desse tipo de “adoração”.
Cada um de nós foi criado para adorar a Deus todos os dias em
casa, no escritório, no carro — onde quer que estejamos. E a adoração
individual é a forma mais “pura” de adoração. Pode acontecer em
qualquer lugar e a qualquer momento — não exige templo, coral,
hino nem mesmo Bíblia. Exige apenas um coração pronto a declarar
a Deus: “Eu o amo. Louvo-o pelo Senhor ser quem é. Agradeço
porque o Senhor me ama e me chama de seu filho”.
É essa atitude de coração que desejamos que nossos filhos tenham.
Adoração é uma forma íntima de louvor. Não tem que ver
com cânticos, frequência aos cultos, rituais exteriores. Tem que ver
com o desenvolvimento e nutrição de um relacionamento interior
com Deus.
Faz mais de vinte anos que trabalho com crianças de lares cristãos, como diretor do ensino fundamental e também como professor do ensino médio (em escolas cristãs, nos dois casos) e, agora,
como diretor de um acampamento de música para jovens e adolescentes. Tenho experimentado a alegria de ver muitos jovens cristãos
transportarem sua fé em Cristo para a vida adulta e sofrido a angústia de ver outros abandoná-la quando deixam a infância para trás.
Além disso, minha esposa e eu criamos quatro filhos maravilhosos,
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e todos os quatro amam profundamente a Jesus, mas cada um de
seu próprio jeito.
Observo repetidamente como o senso comum sobre criação
de filhos ditos nos círculos cristãos atuais são ineficazes. Por quê?
Porque, em geral, envolvem fazer coisas exteriores de certas maneiras. Por exemplo, basta que nossos filhos frequentem os cultos,
entoem os cânticos, memorizem alguns versículos e entreguem suas
ofertas — bom, assim cumprimos nossa tarefa de pais, certo?
Obviamente tudo isso é bom, mas não representa um fim em
si mesmo. São meios que levam ao objetivo maior: conhecer a Deus
intimamente. Essas manifestações visíveis têm de ser ensinadas aos
nossos filhos, claro. Mas à medida que crescem, necessitam de algo
mais profundo que demonstrações exteriores. Precisam adorar ao
Senhor por iniciativa própria. De outro modo, farão parte daquele
grupo contra quem Isaías e Jesus falaram: “Este povo me honra com
os lábios, mas o seu coração está longe de mim” (Mt 15.8). O coração
de nossos filhos é que deve se voltar para Deus. A não ser que os
jovens cristãos desenvolvam um relacionamento íntimo com Cristo,
normalmente considerarão atividades como ler a Bíblia e ir à igreja
algo remanescente de uma infância desinformada.
Através dos tempos, essa é a experiência das pessoas que amam
o Senhor Jesus. Thomas à Kempis afirma em seu clássico centenário,
A imitação de Cristo (São Paulo: Shedd Publicações, 2001): “Se
permitirmos que o progresso de nossa vida religiosa dependa simplesmente da aparência externa, nossa dedicação desaparece rapidamente”. Caso essas atividades na vida de nossos filhos — por mais
importante que sejam — não passarem de atitude exterior, serão
facilmente descartadas como parte da infância (como Papai Noel e
o coelhinho da Páscoa) quando ela se acabar. Por outro lado, a
adoração individual continua porque é puramente interior. Ficar
sozinho na presença de Deus, adorando-o, expressando-lhe louvor
e gratidão é fruto de um relacionamento genuíno com o Senhor.
Essa é a diferença entre fazer algo e conhecer alguém.
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CRIANDO FILHOS QUE ADORAM A DEUS
As crianças entendem isto. Elas podem ler a Bíblia e orar para
agradar os pais. (E isso não é ruim, de jeito nenhum!) Mas a única
base de adoração a Deus é o relacionamento pessoal com ele. Algo
que, na verdade, não envolve os pais. É absolutamente entre a criança e Deus.
Essa é a progressão natural do ensino que damos a nossos filhos.
C. S. Lewis lembra-nos: “Alimentamos nossos filhos na esperança de
que logo se alimentem sozinhos; nós os ensinamos na esperança de
que logo não precisem mais de nossos ensinos”. Enquanto estão sob
nossos cuidados, nós os ensinamos a adorar a Deus para que — mesmo depois de nossa morte — passem o resto da vida (ou melhor, a
eternidade!) adorando o Senhor.
As crianças cristãs que passam a infância adorando a Deus de
maneira tão particular são bem menos propensas a abandonar a
prática na vida adulta. Elas sabem a diferença entre adoração verdadeira e fazer algo “simplesmente porque a mamãe e o papai mandaram”. A adoração “acontece” porque Deus está mesmo presente e é
conhecido das crianças. Esse é o cumprimento definitivo do versículo: “Instrua a criança segundo os objetivos que você tem para ela, e
mesmo com o passar dos anos não se desviará deles” (Pv 22.6).
Se esse relacionamento espiritual interior é o que você deseja
para seus filhos, então, convido-o a continuar lendo.
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O INÍCIO DE UMA PAIXÃO ETERNA
capítulo um
O que é adoração?
TODOS OS DIAS TE BENDIREI E LOUVAREI
O TEU NOME PARA TODO O SEMPRE!
SALMOS 145.2
Este livro trata da importância de ensinarmos nossos filhos a
adorar a Deus.
Seu objetivo não é fabricar líderes de louvor nem ministros de
música mirins, e, sim, inspirar nossos filhos (incluindo os adolescentes) a ter um relacionamento mais profundo, mais pessoal com
Jesus Cristo. Seu objetivo não é simplesmente incentivar a adoração
aqui e agora, mas capacitar nossos filhos a incorporar as verdades da
fé cristã à sua própria vida.
Para todas as pessoas que cuidam de crianças — sejam pais,
sejam avós, sejam professores — essa é uma das tarefas mais importantes que jamais realizarão.
A
IMPORTÂNCIA DA ADORAÇÃO EM FAMÍLIA
O que Deus pensa desse assunto? Com referência a Abraão, o
grande patriarca, o Senhor disse: “Pois eu o escolhi, para que ordene aos seus filhos e aos seus descendentes que se conservem no
caminho do SENHOR, fazendo o que é justo e direito” (Gn 18.19,
grifo do autor). Deus mandou Moisés dizer ao povo: “Ensine-as
[as palavras] com persistência a seus filhos. Converse sobre elas quando estiver sentado em casa, quando estiver andando pelo caminho,
quando se deitar e quando se levantar” (Dt 6.7).
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CRIANDO FILHOS QUE ADORAM A DEUS
Billy Graham, um dos maiores evangelistas de nossa época,
falou sobre o valor supremo de ensinarmos a fé a nossos filhos: “A
única maneira de oferecermos um lar adequado a nossos filhos é pondo
o Senhor acima deles e instruindo-os totalmente nos caminhos de
Deus. Somos responsáveis perante Deus pelo lar que lhes damos”. É
impossível exagerar a importância de ensinarmos nossos filhos a adorar
a Deus, e o melhor lugar para isso é em casa, no ambiente familiar.
Todavia muitos pais transferem informalmente essa responsabilidade
para outras pessoas. Alguns pais cristãos preferem deixar que a igreja
ensine seus filhos a adorar a Deus. Como veremos em outros capítulos, a igreja local tem um papel importante na vida espiritual de
nossos filhos, mas seu objetivo nunca foi usurpar o lugar da família.
Simplesmente não existe nenhum lugar melhor para ensinarmos uma criança a adorar a Deus. É em casa, e não na igreja nem na
escola, que adquirimos nossos valores mais importantes. Charles
Swindoll, escritor e professor, ensina: “Digam o que disserem sobre o lar, ele é o ponto-chave da vida, a bigorna sobre a qual atitudes e convicções são forjadas. É onde as contas da vida são acertadas, a força única mais influente de nossa existência terrena... É no
lar que a vida toma suas decisões”.
ENSINO
QUE PERMANECERÁ
Durante a última ceia, a última reunião de Jesus com seus discípulos antes de morrer, nosso Senhor afirmou: “Vocês não me
escolheram, mas eu os escolhi para irem e darem fruto, fruto que
permaneça” (Jo 15.16). A implicação é que nossa produtividade é
medida por sua permanência, e não por sua quantidade. Geralmente,
esse princípio é aplicado à evangelização. Ou seja, se você levar alguém a Cristo, então, deve continuar encorajando a pessoa a seguir
o Senhor pela vida toda. Jesus não nos mandou recolher “cartões de
decisão”, e, sim, fazer discípulos.
Da mesma forma, nossa responsabilidade como pais é inspirar
uma vida inteira de adoração. Se nossos filhos nos acompanharem
O INÍCIO DE UMA PAIXÃO ETERNA
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educadamente à igreja, entoarem todos os hinos e memorizarem
todos os versículos apropriados, mas abandonarem o cristianismo
na vida adulta, nossa produção foi zero. Veja como a parábola abaixo
se relaciona a nós, pais. Jesus perguntou: “O que acham? Havia um
homem que tinha dois filhos. Chegando ao primeiro, disse: ‘Filho,
vá trabalhar hoje na vinha’. E este respondeu: ‘Não quero!’ Mas
depois mudou de ideia e foi. O pai chegou ao outro filho e disse a
mesma coisa. Ele respondeu: ‘Sim, senhor!’ Mas não foi. Qual dos
dois fez a vontade do pai?” (Mt 21.28-31).
Os ouvintes responderam: “O primeiro”, e Jesus confirmoulhes a resposta. Deus está mais interessado num compromisso de
longo prazo, vitalício, do que numa aceitação imediata. Lembra-se
da parábola do semeador? Uma das áreas semeadas tinha mais pedra do que solo fértil. A planta cresceu rapidamente, mas logo
murchou. Jesus comparou isso a uma pessoa que “ouve a palavra e
logo a recebe com alegria. Todavia, visto que não tem raiz em si
mesmo, permanece pouco tempo” (Mt 13.20,21).
Ao criar filhos que adorem a Deus, nossos olhos devem permanecer fixos no objetivo de longo prazo. A semente que plantamos criará raízes? Essa missão não será realizada em um dia, nem
em uma semana, tampouco em um mês. O que tentamos inspirar
é um estilo de vida de adoração. Ensinar e exemplificar de modo
eficiente essa lição requer alguns ajustes em nosso próprio estilo de
vida.
Como pais cristãos, o desejo de nosso coração é que os filhos
sigam a Jesus. Queremos isso não somente porque é a vontade de
Deus, mas porque conhecemos a alegria do relacionamento com o
Senhor. No entanto, conhecer algo por experiência própria e saber
transmiti-lo aos outros são duas coisas bem diferentes. Como Cícero
afirmou: “Saber é uma arte, mas ensinar o que sabemos também
requer certa arte”.
Para ensinar algo de maneira eficiente aos outros, precisamos
estar seguros em duas áreas:
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CRIANDO FILHOS QUE ADORAM A DEUS
1. Assunto. Temos de conhecer bem o assunto, saber do que se
trata e do que não se trata.
2. Professor. Temos de mostrar a importância do assunto crendo nele e vivendo-o perante os alunos.
Sem esses dois pré-requisitos nunca ensinaremos nossos filhos
a adorar a Deus. Este capítulo inicial trata da primeira área, certificando-se de que saibamos o que é e o que não é adoração de verdade. O segundo capítulo também se concentra em nós — o adulto, não a criança — para mostrar que a adoração é ensinada pelo
exemplo e vivência, e não por sermões! Comecemos, então, pelo
primeiro pré-requisito: adoração.
ADORAÇÃO. O
QUE É ISSO EXATAMENTE?
Adoração vem do latim “adoratìo, ónis”, e quer dizer venerar,
render culto a alguém considerado divino. O conceito é simples:
para ser cultuada a pessoa deve ser digna de ser adorada. Os cristãos
testemunham o fato de que nosso Deus grandioso merece toda
adoração. A Bíblia lembra-nos: “Tu, Senhor e Deus nosso, és digno
de receber a glória, a honra e o poder, porque criaste todas as coisas,
e por tua vontade elas existem e foram criadas” (Ap 4.11).
A melhor definição que já encontrei para adoração (todos os
tipos de adoração cristã) é esta:
ADORAR É PRESTAR CULTO INDIVIDUAL A DEUS.
Assim, o culto — adoração a Deus — pode acontecer se estivermos sozinhos na mata ou cantando com a igreja no domingo.
Pois até mesmo no último caso, a adoração acontece entre a pessoa
e Deus. Vemos um grupo cantando; Deus vê cada coração em particular. “O SENHOR, contudo, disse a Samuel: ‘O homem vê a aparência, mas o SENHOR vê o coração’” (1Sm 16.7).
De fato, se formos bastante honestos em relação a isso, confirmamos essa verdade em nossa própria vida. Sabemos que é absolutamente possível se juntar à congregação num cântico fervoroso,
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O INÍCIO DE UMA PAIXÃO ETERNA
enquanto nosso pensamento está em milhares de outros lugares:
no escritório, em casa, no futebol. Isso é adoração? Claro que não.
Adorar não é meramente uma questão de atitude exterior; é um
culto interior — de adoração particular a Deus. Agostinho lembranos: “Se Deus não é adorado exclusivamente, ele não é adorado”.
Como ministro de música, geralmente, observo a congregação
durante o período de adoração. (Todos os ministros de músicas
agem assim; por isso, dão tantos foras!) Normalmente, vejo dezenas de pessoas cantando louvores a Deus com toda a alma, expressando cada gesto da verdadeira adoração. Contudo, muitas vezes,
observo uma pessoa bem quieta, de boca fechada, parecendo muito
entediada. Fico muito tentado a imaginar que ela não está, de jeito
nenhum, em conexão com Deus naquele momento.
Mas não tenho como saber se é verdade ou não. Pode ser que
ela esteja vivenciando um período de adoração bastante relevante.
Talvez esteja profundamente consciente da presença de Deus e sinta-se maravilhada diante do Criador. Conheço muitos cristãos que
são adoradores fiéis, mas não do tipo que extravasam o que sentem.
Ou seja, você pode adorar sem cantar com a igreja — não precisa
de uma congregação para adorar a Deus. Em última instância, a
adoração é algo que acontece entre você e Deus.
MAS
ADORAMOS A
DEUS
TODOS OS DOMINGOS, CERTO?
Bem, se a verdadeira adoração é uma prática interna que pode
acontecer em qualquer lugar, você pergunta: qual é o problema? É
este — a maioria das lições sobre adoração divide corretamente o
assunto em duas partes: adoração coletiva e adoração individual. As
duas são fundamentadas na Bíblia e são igualmente incentivadas.
Hoje, porém, dá-se tanta ênfase à adoração coletiva que muitos
cristãos nunca pensam em adorar a Deus em particular. Em outras
palavras, dedicam, mais ou menos, trinta minutos da semana em
adoração coletiva e acreditam estar atendendo ao chamado de Deus.
22
CRIANDO FILHOS QUE ADORAM A DEUS
Na verdade, estão se limitando a adorar apenas quando vão à igreja,
reúnem-se com os irmãos e têm a ajuda dos músicos!
Talvez mais por causa dessa prática que por outros motivos,
muitos pais cristãos sinceros sentem tanta dificuldade em ensinar
seus filhos a adorar a Deus.
Pense um pouco. Se os filhos ouvem-nos falar sobre nosso
Deus maravilhoso e magnificente, porém, observam que o adoramos só uma vez por semana, até os mais novos percebem que nossas atitudes contradizem nossas palavras e concluem: “Por que vou
me incomodar em adorar tanto esse Deus, quando meus pais fazem
isso só de vez em quando?” Conscientes ou não, acabamos criando
um enorme obstáculo no aprendizado espiritual dos que estão sob
nosso cuidado.
O aspecto individual da adoração revela uma mensagem bem
diferente. Temos liberdade para adorar a Deus a qualquer hora, em
qualquer lugar e em todas as circunstâncias. O rei Davi é nosso
exemplo ao proclamar: “Bendirei o Senhor o tempo todo! Os meus
lábios sempre o louvarão” (Sl 34.1). Observe que ele não diz: “Bendirei o Senhor uma vez por semana. Os meus lábios o louvarão
semanalmente”.
Portanto, antes de começarmos a ensinar nossos filhos a adorar
a Deus, temos de avaliar como nós, os adultos, adoramos a Deus.
Quando pergunto aos cristãos a respeito de sua “vida de adoração”,
em geral, discorrem sobre sua igreja e o que acontece nos cultos de
domingo. Beleza! E o resto da semana, como é que fica? Alguns
mencionam seu momento a sós com Deus. Maravilha! E como
fica o restante do dia?
Deus não nos criou para adorar uma vez por semana nem mesmo uma vez por dia. Em seu clássico A prática da presença de Deus
(São Paulo: Candeia, s.d.) o irmão Lourenço afirma: “Nem sempre é necessário estar na igreja para estar com Deus. Podemos transformar nosso coração em capela, na qual nos recolhemos de vez em
quando para estar em doce, singela e amorosa comunhão com o
O INÍCIO DE UMA PAIXÃO ETERNA
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Senhor”. Lourenço também ensinou: “Deveríamos conversar com
Deus o tempo inteiro para, assim, enraizarmo-nos firmemente em
sua presença”.
Temos de descobrir maneiras de incorporar a adoração no que
fazemos diariamente, como levar as crianças à escola, ir para o trabalho, fazer as refeições, escovar os dentes e, acredite, até pagar as
contas. Um dos aspectos mais relevantes da caminhada cristã é aprender a adorar mais o Senhor no cotidiano, passar mais tempo com
ele, agradecer-lhe por toda sua bondade, louvá-lo por ser quem é
— esteja você num banco de igreja ou num banco do metrô.
Isso é adoração verdadeira. É isso que precisamos fazer todos
os dias. E é isso que precisamos ensinar nossos filhos a fazer. Aliás,
seria bem estranho ensinar uma criança a adorar a Deus na igreja,
mas em nenhum outro lugar. Seria o mesmo que lhe ensinar a
mentira de que Deus está perto de nós só na igreja, e não se preocupa conosco nos outros dias da semana.
Por favor, não me entendam mal. Não estou menosprezando a
importância de irmos à igreja. Todo cristão deve pertencer a uma
igreja local, frequentar seus cultos e apoiá-la fielmente. Além disso,
como veremos nos capítulos à frente, adorar a Deus na igreja local
é uma parte indispensável na criação de filhos cristãos. Mas nossa
adoração tem de ir além das paredes da igreja. Tem de envolver
nosso lar, nosso trabalho, nosso estilo de vida.
A Bíblia adverte-nos: “Por meio de Jesus, portanto, ofereçamos continuamente a Deus um sacrifício de louvor, que é fruto de
lábios que confessam o seu nome” (Hb 13.15; grifo do autor). De
que outra maneira nossa vida pode convencer nossos filhos da suprema importância da adoração? Nossos filhos vivem nos lendo. Ou
seja, passam a vida observando-nos com a maior naturalidade — o
que fazemos e quanto tempo dedicamos a essas atividades — e constroem um mosaico de nossas prioridades. Talvez inconscientemente
tenhamos ensinado a nossos filhos que o cristianismo é coisa de domingo e que, na verdade, tem pouco que ver com “o mundo real”.
24
CRIANDO FILHOS QUE ADORAM A DEUS
A boa notícia é que esse conceito pode ser mudado! Comece
hoje mesmo uma aventura de adoração que levará você e sua família
inteira para mais perto do Senhor. Decida agora mesmo tornar a
adoração uma prioridade em sua vida. Seus filhos notarão a diferença
e serão estimulados a seguir seus passos.
Bom, e o que devemos fazer para adorar a Deus continuamente?
Dois aspectos são importantes para todos os cristãos.
1. ADORE
EM SEU TEMPO A SÓS COM
DEUS
Ao escrever um livro, todo e qualquer autor encara o desafio de
se conectar aos diferentes contextos de seus leitores. Por exemplo,
muitos de meus leitores já se deleitam com a devoção particular ou
com o passar um tempo a sós com Deus todos os dias. Para outros,
talvez esse seja um conceito novo.
Para garantir que estamos na mesma sintonia, quero ser específico. O “tempo a sós com Deus” é um momento regular do dia em
que nos afastamos de todas as tarefas e pessoas para ficarmos sozinhos com o Senhor. Alguns de nós reservamos um tempo longo
para isso; outros, menos tempo. Pode ser a qualquer hora do dia ou
da noite, mas é preciso ser consistente. Mais uma vez, Davi é nosso
exemplo: “De manhã ouves, Senhor, o meu clamor; de manhã te
apresento a minha oração e aguardo com esperança” (Sl 5.3; grifo do
autor). Talvez a coisa mais importante seja nos livrarmos das distrações (um desafio e tanto!) e concentrarmos toda nossa atenção em
Deus.
E o que fazemos nesses momentos de quietude? As respostas
são tantas quanto o número atual de cristãos. A maioria dos cristãos
se concentra em dois aspectos básicos: oração e Bíblia. Ou seja, os
momentos a sós com Deus combinam oração (súplica, agradecimento, intercessão, etc) e leitura (estudo, memorização, meditação,
etc) da Bíblia. Fazer um diário espiritual também é proveitoso.
Oração e estudo da Bíblia são duas áreas muito importantes na
vida do cristão. Mesmo assim, acrescentaria uma terceira a esse mo-
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O INÍCIO DE UMA PAIXÃO ETERNA
mento devocional: adoração. Acho que é necessário um momento
em que colocamos a Bíblia de lado, paramos de fazer pedidos a
Deus e simplesmente o adoramos. Podemos louvar ao Senhor com
palavras, entoar-lhe um cântico ou apenas nos aquietar e esperar
nele. Como veremos adiante, existem muitos jeitos maravilhosos
de adorarmos a Deus — e deveríamos incorporá-los ao nosso tempo diário a sós com ele.
Os leitores que já incluíram esses momentos em sua rotina
diária conhecem o resultado transformador que eles produzem na
caminhada cristã. Os que ainda não o fizeram têm um presente
fantástico aguardando por eles. Incentivo-o a começar hoje mesmo! Claro que há um preço a ser pago (como com qualquer coisa
valiosa) ao tentar encaixar esse tempo em sua agenda lotada. Se lhe
parecer difícil disponibilizar um horário para esse novo aspecto da
vida cristã, lembre-se das palavras do escritor escocês George MacDonald: “Realizar as tarefas por obrigação nada mais é que dar um
passo no caminho para o reino da verdade e do amor”. Os resultados de longo prazo desse tempo a sós com Deus compensam, e
muito, o “custo”.
A bem da verdade, com certeza, você achará bom acrescentar
essa prática à sua vida antes de incentivar seus filhos a fazer o mesmo — como veremos mais adiante.
2. ADORAÇÃO
COMO ESTILO DE VIDA
Muita gente pode achar estranho falar em adorar a Deus na fila
do supermercado, enquanto espera o computador carregar o sistema ou parado no trânsito. Talvez achem que essas atividades não
são nada espirituais, são corriqueiras demais para ser palco de adoração
ao Todo-poderoso. Acontece que nossa vida não foi feita para ser
ligada e desligada entre o espiritual e o mundano. “Do Senhor é a
terra e tudo o que nela existe” (Sl 24.1), e nossa adoração a Deus
não está restrita a hora nem lugar.
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CRIANDO FILHOS QUE ADORAM A DEUS
Naturalmente, isso não quer dizer que gritaremos: “Glória a
Deus!” todas as vezes que entrarmos num restaurante. Podemos ser
retirados em uma camisa de força! Muitos provérbios bíblicos admoestam-nos a ser “prudentes”, e a impetuosidade destemperada
não é exatamente um testemunho positivo para o mundo. Além
do mais, Deus consegue ouvir o que ninguém mais consegue:
“Cantando e louvando de coração ao Senhor,” (Ef 5.19; grifo do
autor ). Quer sejamos audíveis quer adoremos a Deus em nosso
coração, o Senhor ouve cada palavra do nosso louvor.
Como adoramos a Deus no transcorrer do dia? Algumas sugestões para ajudar você a começar (fragmentos do livro Worship—A
Way of Life [Adoração — um caminho de vida]:
Recite frases de louvor a Deus (em voz alta e baixa). Em suas
próprias palavras, diga ao Senhor que você o ama, agradeça-lhe por
ser fiel, e relacione seus muitos atributos: “O Senhor é amoroso”;
“O Senhor é imutável”. Expresse sua gratidão por ser filho dele.
Personalize os versículos que lhe vierem à mente: “Que tudo o que
existe em mim louve o seu santo nome”.
Cante ao Senhor. Peça a Deus que lhe traga à memória um
cântico que expresse seu amor por ele. Não importa se você é ou
não afinado; o que importa é que o louvor brote de seu coração.
Concentre-se em dar sentido verdadeiro às palavras que estiver
cantando e focalize sua atenção em Deus.
Cante louvores espontâneos a Deus. Acrescente suas próprias
palavras de louvor aos cânticos ainda que tenha de repetir as mesmas frases. Quando se sentir mais à vontade, componha também
suas melodias. Não se preocupe com a qualidade musical do improviso; concentre-se em cantar louvores a Deus.
Não se esqueça da postura física. Erga as mãos a Deus. Ajoelhe-se
diante dele. Curve-se em reverência. Talvez você seja inspirado a caminhar, louvando a Deus de corpo inteiro. Deus criou-nos. Ele não se
envergonha de nosso corpo como, muitas vezes, nos envergonhamos.
Peça a Deus para guiá-lo e ajudá-lo nessa área da adoração bíblica.
O INÍCIO DE UMA PAIXÃO ETERNA
27
Adore em silêncio. Existe um tempo de ficar quieto perante
Deus em adoração arrebatadora. Não são necessários gestos, nem
palavras, nem música. São momentos para simplesmente nos assentarmos diante do Senhor, como Davi fez (veja 2Sm 7.18), e
sentirmos a alegria de seu aconchego.
Medite na Palavra. O verbo meditar quer dizer “ponderar, contemplar, cogitar, ruminar, refletir, pensar”. Aplique esses verbos a
um versículo e peça que Deus se revele por meio desse conceito
bíblico.
Comungue com Deus. Normalmente, achamos que comungar é
algo formal ou litúrgico, mas quer dizer apenas “ter comunhão”
com o Senhor — ou seja, fazer coisas normais na companhia dele.
Comer —“partir o pão” — é um exemplo. Muitas pessoas gostam
de fazer “caminhadas de adoração” com Deus. Outras transformam
uma atividade — desenhar, escrever, pintar — em tempo de adoração
e comunhão com Deus. O importante é estar bem consciente da
presença e da direção do Senhor.
Espere em Deus. Esse é um aspecto chave da adoração. É diferente da adoração porque a espera pressupõe um estado de passividade
total. Normalmente, é exercitado após um momento de oração, de
busca da orientação de Deus. Depois de limpar o coração por meio
da confissão de pecado, de receber o perdão de Deus e ter estabelecido comunhão total com ele, pare e espere. Não faça nada. Fique
em atitude de adoração e aguarde para ver se Deus deseja orientá-lo
de alguma maneira.
Nenhuma dessas atividades requer templo, coral, sistema de
som ou ministro de música. Só é necessário um coração desejoso
de adorar a Deus sempre que possível. Cada pessoa tem seu estilo
de vida, mas todos nós temos alguns momentos durante o dia —
no chuveiro, no farol fechado, na limpeza da casa — quando podemos dizer: “Senhor, louvo-o. Obrigado por sua bondade. Eu o
amo, Pai, e adoro-o de todo o coração”.
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CRIANDO FILHOS QUE ADORAM A DEUS
Essas frases podem ser ditas em poucos segundos. Adicionar
esses momentos de adoração ao seu dia revolucionará sua caminhada cristã. Guarde na memória essa verdade dita pelo presidente estado-unidense Calvin Coolidge: “O homem só começa a crescer
quando começa a adorar”.
O
RELACIONAMENTO É A ESSÊNCIA DA ADORAÇÃO
Por que devemos adorar a Deus sempre que possível? Por que
devemos louvar e adorar o Senhor durante a semana? Será que Deus
precisa mesmo dessa adoração toda?
Claro que não. A Bíblia afirma que o Deus todo-poderoso não
precisa de nada. O Senhor quer nossa adoração porque deseja um
relacionamento íntimo com seus filhos. Não entoo cânticos de louvor por razões musicais nem estudo a Bíblia por motivos acadêmicos e, sim, para conhecer o autor do livro! Medite nisso. Desenvolver relacionamentos leva tempo.
Pense em seu melhor amigo. Ele não era seu melhor amigo quando se conheceram. Com o passar do tempo, no entanto, vocês se
tornaram mais íntimos e o relacionamento se fortaleceu. Ocorre o
mesmo com marido e mulher. Existem por aí canções falando de
“amor à primeira vista”, todavia, para a maioria de nós o namoro
levou um tempinho para acontecer. (Para muitos, levou um tempão!)
Depois do casamento, esse relacionamento especial continua crescendo e aprofundando-se pela vida toda.
E o que dizer das crianças? Se quisermos ter um relacionamento sólido com nossos filhos precisamos passar tempo com eles, e
não apenas “tempo de qualidade”, mas a quantidade de tempo também é importante! Sabe, quando me lembro da época em que meus
filhos eram pequenos, as ocasiões mais memoráveis aconteceram
de repente — não porque foram planejadas e, sim, porque passamos várias horas juntos.
Qualquer tipo de relacionamento leva tempo para se desenvolver, e essa verdade se aplica também ao relacionamento mais impor-
O INÍCIO DE UMA PAIXÃO ETERNA
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tante de todos: o relacionamento com o Salvador. Essa é a essência
de toda a adoração. Não é o cumprimento de uma obrigação ou de
um ritual, porém, algo que nos deixa cada dia mais perto de Cristo.
É exatamente isso que devemos ensinar a nossos filhos. E pode
ser feito! O salmista afirma: “Como é feliz o povo que aprendeu a
aclamar-te, Senhor, e que anda na luz da tua presença! Sem cessar
exultam no teu nome, e alegram-se na tua retidão” (Sl 89.15,16;
grifo do autor).
Os pais não deveriam se satisfazer em simplesmente ensinar
músicas cristãs a seus filhos durante os cultos. Devemos inspirá-los
a adorar a Deus diariamente à maneira deles. Esse é o nosso objetivo e pode ser alcançado.
Agora que já definimos o assunto, consideraremos exatamente
como ensiná-lo; o segundo capítulo trata de um conceito indispensável: exemplo.
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criancas adoradoras livro.p65