Vim de lá para O continuar a adorar…
Há vários meses atrás decidi Seguir uma estrela. Poderia ser a Estrela do Oriente
como há milhares de anos atrás Três Magos de lá o fizeram. Tal como eu centenas e
centenas de jovens de todo o mundo, atenderam ao chamamento Dele. E para aqueles
que Nele não acreditam, julgo que lá foram para O encontrar, talvez para
compreenderem o que é a Fé e a Esperança e para acolher um pouco dos ensinamentos
de Amor que Ele nos revela nas coisas simples. O tema de reflexão das Jornadas
Mundiais da Juventude que ocorreram em Agosto, em Colónia (onde estão na catedral,
num relicário, os restos mortais dos Magos), na Alemanha era: “Viemos para AdoráLo!”. Tal como os Magos fizeram quando o encontraram em Belém.
A viagem foi fantástica, feita de autocarro, (o que pôs à prova a nossa tolerância
e fraternidade!) percorremos a Espanha, parámos em Paris para visitar os belos
monumentos que a cidade oferece, para ver também o lado de degradação que possui.
Com os mapas na mão, vestidos à turistas, a comer enlatados, porque lá é tudo
caríssimo, e com a ajuda de imensos portugueses lá emigrados ou luso descendentes que
fomos encontrando, conseguimos ver em 2 noites e um dia um pouco de tudo.
Seguimos pela Bélgica com as suas bonitas casinhas de tijolo e paramos já na
Alemanha em Paderborn, e aí começou a caminhada visivelmente mais espiritual de
preparação para O Adorar. As famílias alemãs que nos acolheram bem no-lo ensinaram
no caloroso abraço que nos foram dando nas conversas, nos presentes, na comida e no
banho quentinhos, nos horários rigorosos, na seriedade das orações, mas na abertura de
espírito e de coração.
Chegados a Colónia, o CAOS. Éramos na cidade perto de 4 milhões de
peregrinos, diziam os jornais. E as cidades que auxiliavam Colónia, Bonn e Dusseldorf
não foram suficientes no apoio logístico. Faltou comida, os transportes estavam lotados
e eram insuficientes, os túneis subterrâneos para o metro eram claustrofóbicos e em
algumas situações a ajuda médica e a Organização tardavam em resolver as situações.
Mas tudo isto, só nos fez valorizar ainda mais o propósito para o qual lá tínhamos ido.
Alem do encontro de culturas e nacionalidades, do colorido das t-shirts e das bandeiras,
pudemos contactar com diferentes experiências de fé. Todos rezamos universalmente
uma única oração e todos conhecíamos a linguagem musical de Taize. Esta que fez
justiça ao trabalho de uma vida do Irmão Roger que foi naquele período assassinado.
Para mim, o momento forte foi o Caminho feito para o Marienfield onde
experimentamos o limite e onde podemos testar as nossas capacidades físicas e
meditativas. Igualmente importante foi a Vigília de Sábado à noite onde na noite fria e
no meio de sacos-cama e plásticos do lixo a proteger-nos da humidade, pudemos Adorar
o Santíssimo e silenciar, perante Ele aquilo que nos alvoroçava o interior.
Vi o Papa e conciliei-me com a Escolha deste vigário de Cristo agora como
Chefe da Igreja de Roma. A sua presença sábia de quem é de poucos gestos mas de
palavras sérias e “agitadoras de consciências”, é muito forte. E à sua passagem sente-se
Jesus. Chamem-lhe sugestão psicológica, chamem-lhe fé, mas é o que se sente. Sintome abençoada e sei que o que o Benedictus pediu é muito exigente. Pediu-nos que a
semelhança dos Magos, regressássemos a casa por Outro Caminho (o que fizemos, pelo
Santuário de Lourdes). Caminho este que não é somente físico mas espiritual (este
muito mais difícil, porque implica a mudança interior e exterior). A um milhão de
jovens presentes em Marienfield, e a tantos outros que nos seguiam pelos meios de
comunicação, apelou para vivermos no mundo como “verdadeiros adoradores de Deus”.
Muito foi dito acerca disto, e concluo que Ser Verdadeiro Adorador de Deus é deixarme modificar para que o mundo em volta ganhe outra leveza e cor, algo mais positivo,
mais de esperança, onde eu possa ser uma mais valia do Seu Amor. O adorar a Deus,
nos seus diferentes rostos, vai muito além do momento e do lugar.
Não esqueçamos de O adorar por excelência na Eucaristia, pois aí Ele se nos doa
gratuitamente. Entendo que não poderá haver uma vida inteiramente cristã se não se
participar e comungar plenamente da Eucaristia. Mas a verdadeira adoração é aquela
que nos leva a adorá-Lo cada vez mais, e pelo mundo. O "sítio" onde regressamos,
nunca é o mesmo, como nunca são mesmas as pessoas.
E para finalizar a partilha desta experiência, como eu diria a um amigo, não
deixemos agora que o "sítio" de regresso seja o mesmo, e ouse alterar aquilo que já se
transformou em cada um de nós.
Valeu tanto a pena ir…
Sentimos que muitos rezavam connosco, não só as famílias que ficaram em casa
preocupadas, mas também os amigos e outros conhecidos. Ao regressar notei que muito
mais gente do que aquela a quem eu tinha falado desta minha viagem, sabia que eu lá
tinha estado. E diziam-me que tinham estado atentas às notícias e às imagens televisivas
para ver se me viam, ou viam portugueses, e acabaram por falar das palavras do Papa e
do que sentiam ao ver aquele cenário de suas casas. “Quanto mais não fosse, pelo menos
consegui inconscientemente que mais pessoas vissem e participassem da Eucaristia no
Domingo. Já valeu a pena!” dizia eu um pouco na brincadeira.
E agradeço aos jufristas que mostraram a essência de serem jovens franciscanos,
fiquei orgulhosa pela abertura aos outros, pela simplicidade e pelo amor a Cristo e aos
irmãos demonstrado. Nunca é fácil quando se vive em comunidade! 
Obrigada aos que se fizeram presentes de alguma forma e me fizeram sentir amada…
Um abraço na Paz e no Bem de Cristo Jesus
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