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REGIÃO CARBONÍFERA, TERÇA-FEIRA, 29 DE MARÇO DE 2011
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Amanhã ou depois
de amanhã?
É interessante como alguns episódios da história
brasileira (em especial, da história recente, entre os
finais de 1800 a contemporaneidade) assumem maior ou menor importância na proporção direta da
evolução do pensamento sócio-político nacional,
obviamente sempre direcionado pela elite econômica e intelectual do país.
Transformações sociais da envergadura de uma Abolição da Escravatura e Proclamação da República, não
por mera coincidência acontecidas em sequência de dois
anos seguidos(1888/89),a despeito das circunstâncias
obscuras de como ocorreram, suas mazelas e contradições, a rigor só foram demonstrar mais profundamente
suas repercussões depois do primeiro quarto do século
vinte. Até a Revolução de 30, a República Velha, se construiu alguma novidade, foi apenas de o povo ter de chamar de presidente a
quem, anteriormente,
chamava de impera- (...) o que ficou do
dor. Estruturalmente, golpe de estado
o país continuou a viver dentro das mes- dado em 1964?
mas pilastras sociais
que sustentavam o sistema, inclusive no que diz respeito
ao trato com os antigos escravos que, em agravo, passaram a conviver com uma adversidade ainda maior do que
a enfrentada nos tempos da escravidão: tiveram de voltar
“espontaneamente” para a condição de escravatura, jogados que foram à própria sorte, quando libertados, o
que os levou, quase que fatidicamente, a morrerem pelos
descaminhos da marginalização social.
Na contemporaneidade, o que ficou do golpe de estado dado em 1964 pelas elites nacionais e estrangeiras, com o apoio dos militares, descontentes com os
rumos políticos que o Brasil parecia tomar naquele período? Não esqueçamos que o 31 de março (ou 1º de
abril, há controvérsias) está no calendário mais uma vez
e, queiramos ou não, a data nos remete a olharmos para
trás e pesarmos o que ficou de um Brasil pós trauma
ditatorial. Na verdade, talvez não muito diferente de
outros ciclos que também passamos, sob o estigma de
outras ditaduras (Deodoro da Fonseca, Floriano Peixoto, Getúlio Vargas), ou seja, alguns benefícios materiais
(um salto na tecnologia das comunicações, por exemplo) mas que, no entanto, em confronto com o que perdemos em vários outros componentes vitais para a constituição de uma sociedade consciente e equilibrada,
amargamos hoje o rescaldo de vícios, falcatruas e desmoralizações na gestão da coisa pública, incrustrados
em nossa cultura política, que, a duras penas, lutamos
para apagá-los da vida do país.
Amanhã (ou depois de amanhã?...), mesmo que
quase ninguém mais dê qualquer importância à data,
precisamos fazer, sim, um reflexão para averiguar
se crescemos politicamente o necessário para
estamos devidamente bem vacinados contra o vírus
do autoritarismo e das atrocidades contra os direitos humanos.
Portal_375.p65
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OPINIÃO
Editor: Marcos Barbosa - (51) 8401.2309
No Twitter: @colunadoaranha
Colaboram: Renato Miller, Rodrigo Ramazzini, Susana Martins e Viviane Bueno
Na frente
Mobilização
Reeleição
Investimento da
Multilab anunciado na edição
passada é mais um
exemplo de que o
jornalismo do
Portal de Notícias
está léguas à
frente. Em primeira mão: R$ 200
milhões em
investimentos e
300 empregos. A
IESA é outro caso:
foi anunciada em
primeira mão no
Portal de Notícias.
Mesmo que criticada por
ambientalistas e pelos
“caranguejos” (que se
excluíram por burrice), a
mobilização pró-instalação
da IESA em Charqueadas
foi válida. Mostrou um
pouco da união que sempre
faltou à região, já que lá
estiveram representantes de
vários municípios, convocados a participar pelo prefeito
Davi Gilmar e organização
do manifesto. Se a Fepam e
o Governo do Estado foram
ou não sensibilizados, é
outra história.
José Dirceu acha que a discussão sobre o fim da reeleição
visa atingir o Partido dos Trabalhadores (PT). Bobagem, se, é
claro, o fim da reeleição vier após a próximas eleições gerais e
se Dilma puder concorrer. Afinal, foi ela eleita podendo se
reeleger e não será justo mudar a lei no meio do caminho.
Basta usarem o mesmo princípio utilizado pelo STF no julgamento da Lei da Ficha Limpa. E o mesmo pode valer para
vereadores, deputados e senadores, que se perpetuam nos cargos muitas vezes comprando votos utilizando a máquina pública (que continuará a ser usada de qualquer forma). O fim da
reeleição, caso venha a ser aprovado e inclua os legislativos,
servirá para melhorar a política (ou não). Isso é o que importa.
ISAÍAS
Pela coerência
Quando o jornal se propõe a tecer críticas a atuação de uma pessoa ou a uma organização é porque entende que o bem público, que
deveria ser o primordial em qualquer ação, foi deixado de lado por
outros interesses. Em contrapartida, quando essas mesmas pessoas
ou organizações trabalham para o crescimento e desenvolvimento da
população e região também merecem o registro jornalístico, por uma
questão de coerência.
O caso mais próximo é a atividade dos agentes políticos, sempre
propensos a serem criticados ou elogiados no exercício de suas funções, devido à visibilidade e por agirem diretamente na vida das pessoas. Um exemplo recente que sintetiza a temática exposta é a atuação do vereador de São Jerônimo, Márcio Pilger, do Partido dos
Trabalhadores (PT). Integrante de uma das combatidas Câmaras de
Vereadores nas páginas do jornal por causa da falta de produtividade
e excessos de gastos, o vereador, com apoio do ex-prefeito do município, Urbano Knorst, e do deputado estadual José Sperotto, participou de forma positiva e produtiva para articular junto ao governo do
Estado que o Laboratório Multilab fizesse uma planejada ampliação
de suas instalações no município jeronimense e não seguisse para a
construção de uma unidade no Estado de Pernambuco, conforme
noticiado na edição passada do jornal.
Limite para a criação de CCs
Paulo Odone*
grande conquista da democracia,
pois garante a igualdade no acesso
A polêmica gerada na sociedade aos cargos públicos. A criação sem
gaúcha com o envio, por parte do limites e critérios de Cargos em CoGoverno Estadual, de uma série de missão já virou uma deformação hisprojetos criando um número expres- tórica, uma prática que se alarga em
sivo de Cargos em Comissão, moti- alguns governos, seja para cumprir
vou a Bancada do PPS na acordos políticos partidários, seja
Assembleia a apresenpara acomodar companheitar Emenda Constituros de partido. É necessácional que se destina a A criação
rio, também, impedir que
limitar o número e os
se estabeleça uma política
valores gastos com a sem limites e salarial que privilegie as incontratação de Cargos
dicações partidárias em deem Comissão, em critérios de
trimento dos servidores de
percentuais associados Cargos em
carreira, que já encontram
ao total de cargos efetanta dificuldade para contivos de cada órgão da Comissão já quistar uma remuneração
administração pública.
digna, frente a um Estado
As propostas que bus- virou uma
sempre esgotado na sua cacam valorizar, organi- deformação
pacidade de financiamento
zar e moralizar as esdo gasto público. A meditruturas e as ações da histórica
da será regularizada por
Administração Pública
projeto de lei complemensão uma tradição em
tar que vai quantificar os linosso Partido. Para o PPS o Estado mites após um diagnóstico detalhatem que ser agente de promoção so- do dessa realidade que até aqui tem
cial e de correção das desigualdades se mantido em segredo, apenas sob o
sociais e as leis devem ser criadas controle dos governantes. Para isso,
para eliminar as distorções e promo- um pedido de informação foi formaver o bem comum. A Emenda Cons- lizado ao Executivo Estadual. Essa
titucional proposta pelo PPS justifi- proposta de Emenda Constitucional
ca-se, uma vez que a Constituição do colocará um freio nos procedimenEstado do Rio Grande do Sul não tos abusivos e - tão importante quanestabelece limites nem critérios para to - dará à população uma ferramena criação de novos cargos de confi- ta eficaz de controle do Poder Públiança que são de livre provimento da co, prerrogativa do cidadão na Deadministração, sem a necessidade de mocracia que se quer madura em
concurso público para a seleção dos nosso Estado.
contratados. O concurso público é
um imperativo republicano e uma
(*) Deputado estadual
28/3/2011, 19:02
DO LEITOR
Direitos ou Politicagem?
Ocupo esse espaço em resposta a uma determinada coluna de um jornal coirmão, onde leva
o título de “Folha Livre”. Livre para ser coerente? Humano? Solidário ou defensor de seus próprios interesses políticos?
Os moradores da “Rua da Barca”, como
somos rotulados, quando estamos lutando por
nossos direitos de cidadãos, gritando por melhor qualidade de vida, não querendo mais do
que viver dignamente, tendo no mínimo o direito de respirar um ar puro, que nos é garantido pela constituição federal.
Quando se referem a “rua da Barca”, é preciso que saibam que estão falando da rua
Rafael Athanásio, rua Flôres da Cunha (rua da
barca), rua Ítalo Lena e Oscar Pereira de
Abreu. Vivemos no meio da poeira 24 horas
por dia. Esgoto a céu aberto onde as valetas
são limpas quando não escoam mais, ficando
crateras de 2 metros de profundidade.
Não sabem e não se importam com nosso
drama quem nunca precisou passar por ali
para levar seu filho no carrinho de bebê para
a creche da São Francisco em dia seco que a
poeira sufoca, ou em dia de chuva que o barro atola. Sem falar que se abrirmos a casa em
dia seco, a poeira invade. Se não abrirmos, os
ácaros tomam conta, nos piorando da renite
alérgica que já é um problema de muitos nesses bairros. Esperamos que nossos representantes políticos não pensem também que nosso apelo por melhorias seja “politicagem”,
pois pelo que sabemos dentre as famílias prejudicadas e mal assistidas pelo poder público
não tem ninguém candidato a nada. Mas esperamos que os que realmente vivem de cargos políticos, olhem um pouco para os bairros que hoje estão esquecidos.
Iracema dos Santos Massena, residente
na Rua Ítalo Lena, em São Jerônimo.
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