Coração de Soldado
by Túlio Marques Soria
Em uma cidade desértica do planeta Shiloh do setor Koprulu...
O dia parecia não passar. Aquele frio de lascar fazia com que a nojenta
lanchonete Green estivesse tão vazia quanto o bolso de um misero
morador das ruas da pobre e desértica cidade de Kranon. Alex Green, um
jovem de 23 anos, 1,85m, mais ou menos 80 kg, aparência atlética,
ombros largos, pele clara, cabelos castanhos e olhos acinzentados – se
encontrava limpando uma prateleira de bebida quando o velho
grandalhão Scott, com um bafo de álcool e uma voz arrastada pela
embriaguez lhe chamou:
- Ei garotão, me sirva mais um uísque que quero esquecer que
amanhã terei que escoltar burocratas para aquela merda de cidadezinha,
Pamplona-2. Sabe que uma vez eu me meti em uma briga lá, mas
consegui se sair bem diante de três Pamplonenses babões! Você já foi
para a cidade de Pamplona-2 rapaz?
-Não Scott... e acho que o senhor já bebeu demais. Responde Alex
em tom de desprezo.
- Não enche garoto – Alias, enche sim, meu copo de Uísque antes
que o dia amanheça. Sabia que amanhã aquela droga quente que
chamam de sol irá lançar raio solares para cima de Kranon. Vai ficar calor
pra porra aqui e ainda vamos ficar sem os rádios e radares por algumas
horas. Tome cuidado por onde anda rapaz. Diz Scott com seu hálito de
álcool.
-Eu já sabia disso Scott, meu amigo soldado Collins me contou. Mas,
eu não tenho nem radio nem radares e calor não é problema para mim.
Replica Alex enquanto serve Scott, um velho soldado que defende a
desértica cidade de Kranon.
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- Passa cá esse copo rapaz! Vou lhe ensinar como se faz bebezão!
Scott vira o copo como se este fosse o liquido mais saboroso do universo e
solta um longo “Ah”.
Alex respira fundo e apenas se questiona sobre até quando irá agüentar
servir fracassados nessa espelunca que seu pai chama de bar. O garoto
sabe que daqui duas semanas os que se alistaram irão estar prontos para
saírem da cidade de Kranon. Os seus amigos provavelmente irão viajar
planetas afora em eventuais convocações da Supremacia, mas Alex Green
não pode se alistar, ele fora recusado. Ele amaldiçoa todos os servos da
Supremacia que fizeram isso com ele. E também amaldiçoa seu pai por
isso! Malditos sejam! – Pensa Alex. Sendo assim, só lhe restava tocar o bar
e lanchonete do pai para poder sobreviver. Sua diversão era em alguns
dias do mês quando Alex era chamado para fazer algumas missões para o
velho louco biólogo, Dr. Harrison.
A pequena cidade de Kranon é um ponto no meio de um denso deserto do
planeta Shiloh, o deserto de Sadena. A sobrevivência da cidade se da pela
existência da academia de soldados da Supremacia e pelo posto de
reabastecimento de grandes naves que ali existe. Fora isso, a cidade é um
poço de alcoólatras, malucos e jogadores que vem de longe para jogar no
cassino intergaláctico, Karlov. Os dias em Shiloh são longos, assim como as
noites. Os dias são quentes como o inferno e as noites geladas como
qualquer pólo. Por essa e outras que Alex odeia Kranon e desejaria estar
alistado na Supremacia para poder visitar outros planetas em missões
inimagináveis.
O tempo passava com muita dificuldade na pacata cidade, mas chegara à
hora em que Alex precisava fechar o bar e ir se descansar, pois a noite
estava acabando. Hoje, em especial, ele precisa tentar dormir pelo menos
cinco horas já as 08h00minh1 ele irá sair para coletar cactos no deserto de
Sadena a mando do biólogo, o Doutor Harrison.
Oito horas, Alex liga a motonave abutre emprestado pelo Doutor e agora
pode esquecer toda tristeza que a cidade de Kranon lhe traz pilotando em
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Os humanos em Shiloh classificam as horas de 0 a 24, mas nesse planeta hostil os dias
são mais longos que 24 horas. Essa classificação é mera conveniência humana.
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altíssima velocidade pelo deserto de Sadena. Alex pilota e pensa nos seus
amigos que daqui duas semanas provavelmente estarão a milhares de
milhas de distancia. Ele lamenta por seu eterno amor, Milla Ivaish, a bela
de 20 anos, 1,65m, mais ou menos 50 kg, aparência angelical, pele clara,
cabelo ruivo fino e liso, com graciosas sardas no rosto e olhos azuis
profundo. A jovem Milla vem de uma família clássica de pilotos e sempre
gostou também de Alex, mas nunca cedeu aos seus flertes, pois o garoto
não era um soldado. Ele não passou do teste básico para entrar na
academia e isso era uma desonra para a clássica família Ivaish. Milla se
alistou na academia da Supremacia para ser pilota de naves Vikings e
agora, Alex tinha apenas duas semanas para ser um soldado, dar um jeito
de entrar na Supremacia e ter aprovação da família de Milla assim
conseguindo ficar junto dela.
O pior é que Alex desconfiava o porquê não havia conseguido entrar na
academia. Ele tinha certeza que era por que seu pai havia sido afastado do
regimento de soldados há alguns anos depois de um misterioso incidente
no qual Alex nunca soube o que aconteceu, pois na época ele era apenas
um garoto inocente. Entretanto, seu pai sempre lhe dissera que isso não
tinha nada haver com sua não admissão. Mas a desconfiança de Alex o
afastou de seu pai e o tornou um rapaz revoltado por essa recusa. Todas
essas coisas vinham com tudo na cabeça de Alex enquanto ele pilotava
sua potente motonave pelos desertos de Sadena até que o jovem viu um
dos cactos da descrição do Dr. Harrison e aí ele freou bruscamente e sua
desatenção era tanta que errou na dose de frenagem – Sua motonave
deslizou alguns metros perdeu seu centro de gravidade sendo
impulsionada para frente assim arremessando Alex de cara na areia. O
garoto desacordou.
Tudo embaçado e uma puta de uma dor de cabeça. Era isso que Alex
sentiu quando começou a acordar. Por sorte, ele não dormiu muito, pois
senão teria morrido queimado ou soterrado na areia daquele deserto
hostil. Ele olhou para o cacto e para sua moto no chão e caiu em uma
longa gargalhada de si mesmo. Quão besta ele havia sido em cair sozinho.
Enquanto ele estava rindo de si mesmo ele avistou algo no horizonte.
Será uma alucinação? Ele batera pra valer a cabeça e isso estava lhe
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afetando? Não, definitivamente aquilo não era uma alucinação. Os pontos
se aproximavam no horizonte e eram Zergs! Alex nunca tinha os visto
antes, mas sabia que eram eles, os Zergs. Eles vinham pelo ar, voadores e
transportadores Zergs, era um ataque! Na escola ele havia estudado
história antiga da terra e aquilo lhe lembrava uma velha foto de um
pitoresco ataque a um porto: Pearl Harbor. Ele pensou, raciocinou e
começou a camuflar-se. Por sorte, a moto estava cheia de areia. Ele
também se enterrou com facilidade e esperou. O barulho era intenso,
urros bizarros de uma língua estranha. Ele sentiu medo, mas pensou em
Milla e em seus amigos. Após a revoada passar, Alex saiu do meio da areia
e sem pestanejar correu de volta para Kranon! Ele sabia que chegaria
tarde, mas era a coisa certa a fazer.
Ele correu o máximo que pode e quando chegou encontrou uma cidade
sendo devastada sob ataque! Urros bestiais e tiros eram ouvidos. Ele
pensou e rápido decidiu! Em direção a academia! Ele precisava encontrar
Milla e saber se ela estava bem. O jovem corre com sua motonave quando
é surpreendido por um monstro errante que vem do ar, ele tenta
manobrar para desviar quando o monstro acerta em cheio uma das torres
de comando da academia. Ele está próximo do Hangar – Ele sabia que
todo inicio de dia Milla treinava no simulador do Hangar. Ele está próximo
quando é derrubado da moto. Um soldado Zerg guincha e corre
ferozmente para cima de Alex que corre até a moto caída e pega em seu
compartimento de malas um rifle de caça armado e dispara loucamente
em direção a criatura Zerg.
- Morra seu ser bestial! Grita Alex com uma expressão assustada
enquanto atira.
Após vários tiros o monstro cai rendido pela força do rifle Compenetrado,
o garoto levanta sua motonave e vai em direção ao Hangar. Chegando às
proximidades do Hangar, Alex é fica surpreso, várias criaturas grotescas
cercam o perímetro do Hangar e atacam sua porta incansavelmente. –
Eles estão perto de derrubar a forte porta blindada por campo magnéticos
e colocar toda a construção e a frota de naves terráqueas abaixo!
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Enquanto Alex olha a situação lamentável ele ouve uma voz lhe
chamando:
- Alex, venha! Aqui! Grita uma voz robótica. A voz é de Smith Collins,
seu melhor amigo e piloto de “Morcego de Fogo”, uma espécie de Robô
gigante de batalha – Seu amigo diz – Você está louco? Está sem armaduras
nesse Armageddon? Caramba venha comigo, o quartel ainda não foi
atacado, vamos vestir uma armadura em você! Essa arma de brinquedo
não vai lhe adiantar nada agora! Siga-me.
Alex segue Smith que o dá cobertura com seu Meca Demolidor, “Morcego
de Fogo”, Após andarem algumas quadras no quartel invadido Smith
sincroniza sua chave com a porta e abre o quartel – Alex passa e Smith
lança algumas granadas enquanto fecha a porta.
- Cara, o que está acontecendo? – Diz Alex assustado com a situação
e preocupado com Milla.
- Está tudo acabado! Os Zergs se aproveitaram da onda solar que
danificou nossos radares e comunicadores e atacaram de surpresa.
Metade do regimento já caiu! O quartel logo irá cair – Me siga! Vamos
vestir você! Diz Smith enquanto corre para uma das salas do quartel que
está totalmente vazio, todos saíram para lutar e os que não saíram
estavam treinando fora do quartel, já que é o começo do dia. Smith leva
Alex para uma sala aonde existe diversas armadura de soldado, ele faz
sinal para que Alex fique no centro da sala e digita o código para que
robôs o vistam. Tudo feito, agora Alex Green agora é um soldado armado.
- Smith, eu preciso ir até o Hangar! Milla está lá e os Zergs querem
colocar toda frota aérea abaixo! – Diz Alex impaciente, mas agora
vestindo armaduras de soldado.
- Cara eu to com você! Se a frota aérea nem chegar a decolar,
estamos perdidos! Existem muitos deles voadores. Irão nos trucidar! Eu
vou abrir a porta, me de cobertura com seu rifle e tente não morrer amigo,
agora é pra valer!
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Smith abre a porta do quartel e espera a saída de Alex. Ele fecha a porta
enquanto Alex o cede cobertura. Collins sai correndo atirando granadas
com seu Morcego e grita!
- Vão pro inferno seus alienígenas! Rock in Roll!
Alex sai sob cobertura de seu amigo Smith Collins – Respira, observa e
raciocina. Faz a rota em sua cabeça e começa a correr em em direção ao
Hangar enquanto criaturas bestiais tentam o conter. Alex atira e se
esquiva. Ele está preocupado com Milla, mas está feliz, pois está
realizando seu sonho: Lutar como um soldado! Coisa que a Supremacia
nunca o permitira fazer. Smith faz sinal para que eles encostem atrás de
uma construção próxima ao Hangar.
- Alex, precisamos de um Plano. Aquele Hangar está infestado. A
única porta está sendo atacada e em questão de minutos eles irão
derrubá-la. É importante impedirmos, mas não sei como... Diz Smith
Collins com sua voz robótica dentro de sua armadura de “Morcego de
Fogo”.
O jovem Alex se vê em cheque. O que fazer agora? Quando lhe vem à
cabeça a idéia mais absurda que lhe poderia surgir.
- Smith, você tem o código de segurança para abrir as portas do
Hangar? Pergunta Alex com um olhar esperançoso.
- Eu tenho, mas você é cego – Eles estão atacando a porta
insanamente. Não há maneira de chegar até a porta e quem está lá dentro
sabe que se a porta se abrir será o fim. Replica Smith.
- Não se os Zergs que estão atacando a porta pararem de fazer isso.
Diz Alex
- Você não está pensando no que eu estou pensando está? Replica
Smith.
- É isso mesmo. Eu vou atrair essas bestas para cima de mim e você
vai abrir a porta para que as naves decolem em segurança. É nossa única
chance de vencer essa batalha. Olhe para a cidade, não há ninguém. Olhe
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para o chão, todos os soldados mortos! A única chance nossa é fazer com
que essas naves levantem vôo com nossas armas mais poderosas. Confie
em mim, vai dar tudo certo.
- Caramba, não sei por que, mas eu sempre acredito em você. Vai lá
então Alex! Diz Smith.
O coração de Alex pulsa agora em ritmos acelerados. Ele sabe que o que
está prestes a fazer será a maior loucura que já fez em vida e olha que
Alex sempre foi um cara temerário. Mas bem, não há dúvida agora, ele
está decidido. Rifle na mão, o jovem corre atirando para cima e gritando
para que todos os que todos os Zergs ouçam-lhe.
- Venham para mim – Venham logo! Estou aqui!
Por uma fração de segundo o som ensurdecedor de batidas na porta do
Hangar cessa. Todas as criaturas olham para Alex e agora o som é de
guinchos bestiais em direção do mais novo soldado de Kranon. Alex corre!
Corre como nunca correu antes! Smith Collins vê o portão do Hangar livre
para ser aberto. Ele sabe que lá há dezenas de pilotos prontos para
decolar, mas não podem, pois não havia espaço seguro para isso, mas
agora há! Smith sincroniza sua chave, digita a senha de dentro de seu robô
Morcego, faz o reconhecimento de córnea e a porta está aberta. Dezenas
de naves, todas tripuladas, os pilotos com feições assustadas a espera de
um milagre – E o milagre aconteceu. Smith da passagem os pilotos que
acenam em agradecimento e ligam os propulsores. Eles estão decolando
agora.
....
Enquanto isso Alex tentava se esconder do enxame Zerg. Ele vê um
alojamento abandonado e corre para lá. O jovem pula pela janela e entra
no alojamento o fazendo dele um “bunker”. Tiros de rifle com pontaria
perfeita – Dois Zergs voadores caem, mas dezenas de outros vem atrás em
direção a janela. Alex corre pelo alojamento na esperança de sair por
outra janela e ganhar um pouco mais de tempo.
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- Smith, Smith! Os rádios voltaram a funcionar. Eu vi o Alex pela
câmera externa do Hangar, cadê ele? Diz em uma doce voz enquanto
levanta vôo, é Milla, preocupada com a vida de Alex.
- Não sei Milla! Ele chamou o enxame para cima de si – Me de
cobertura e vamos atrás dele! Replica Smith
Os segundos eram importantes para Alex. Ele sabia disso. Agora ele fazia
um salto por outra janela do alojamento e continuava a correr. Os Zergs
perceberam que ele saiu e se voltaram novamente ao seu encalço. Alex
enquanto corre avista a nave de Milla voando em paralelo com ele e Smith
lançando algumas granadas sob o enxame. Alex olha para Milla, faz sinal
de positivo e salta para frente enquanto a garota lança uma rajada de
mísseis sob o enxame. Outras naves entram para ajudar. O exame que
estava atacado o Hangar estava sofrendo sucessivos ataques e pareciam
rendidos. Alex olhou para traz e sorriu, sabia que sua loucura não havia
sido em vão. O jovem estava levantando admirando a nave de Milla e o
momento quando não percebeu um Zerg que havia se distanciado do
enxame lhe atacou – O monstro perfurou suas costas atravessando pela
sua armadura de Soldado. A garra entrou paralisando o corpo de Alex que
caiu em um olhar de piedade. Smith gritou!
- Droga não! Alex! Enquanto fuzilava o agressor.
- Smith, O que aconteceu? Diz Milla pelo comunicador.
- Alex foi atacado. Replica Smith.
Alex então em uma ultima ação sintoniza seu rádio enquanto visualiza
vôos circulares de Milla Ivaish.
- Alex? Alex? Seu maluco não vá agora! Você sempre teve o coração
de um soldado. Diz Milla em voz de choro pelo comunicador.
Ele com muita dificuldade aperta o botão de comunicação e diz
lentamente com uma voz rouca já engasgada pelo sangue do ferimento:
- Milla, me desculpe. Eu queria que tudo fosse diferente. Mas estou
partindo do jeito que imaginava que se... – Silencio no comunicador.
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Lamentos e choros são ouvidos no comunicador vindos de Smith Collins e
Milla Ivaish.
Horas se passaram e os terráqueos da Supremacia exterminaram os Zergs
invasores. Era o fim. Kranon havia sido quase destruída, mas o ato de um
não soldado havia poupado a total extinção da cidade.
Milla e Smith nunca mais se esqueceram daquele dia e dos feitos de Alex
Collins que recebeu sinceras homenagens da Supremacia.
 
Alex Collins viveu como nunca desejou, mas morreu como
sempre sonhou.
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