Viva a Vida
Patrícia Engel Secco
Ilustrações
Maria Eugênia
Viva a Vida
Patrícia Engel Secco
Ilustrações
Maria Eugênia
Olá, você se lembra de mim?
Eu sou a Emengarda do Forro da Escola, uma coruja muito simpática
que, como o meu nome já diz, mora no forro da Escola Rural... Agora, cá
entre nós, eu preciso dizer que adoro a minha casa, pois nela todos os dias
são interessantes e eu vivo aprendendo coisas novas!
Mas dentre todas as aulas a que eu assisto a de que eu mais gosto é
a de leitura, pois, além de conhecer personagens estranhos, engraçados e
algumas vezes assustadores, acabo conhecendo também lugares do mundo inteiro por meio das histórias que são contadas quase todos os dias.
Uma delícia! E o melhor é que depois das aulas, à noitinha, eu reúno todos
os animais da fazenda aqui na varanda e conto para eles o que aprendi.
Outro dia veio bicho até da fazenda do vizinho. E foi uma diversão! Não
tem quem não goste das minhas histórias...
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Mas, além de gostar muito de lendas e de contação de histórias, eu
também adoro parlendas e adivinhações! E olha que não sou só eu...
Aqui na Escola Rural a professora faz questão de promover, pelo menos
uma vez por ano, o Dia da Parlenda. Esse dia é muito gostoso, pois todas as crianças têm que dizer uma parlenda ou adivinha, e, no recreio,
tem sempre um bolo quentinho para acompanhar.
Você por acaso sabe o que é uma parlenda?
Eu tenho certeza de que você sabe, sim, mesmo que não saiba
ainda que o nome é “parlenda”! Deixa eu explicar: parlendas são versinhos, rimados ou não, que ninguém sabe quem criou, mas, mesmo assim, passam de pai para filho, por gerações e gerações, e fazem parte
da nossa cultura. Como estes:
“Uni, duni, tê,
Salamê, mingüê,
Um sorvete colorê,
O escolhido foi você”.
Pois é... É justamente com estes versinhos que a professora começa
o Dia da Parlenda, escolhendo assim a criança que vai apresentar sua
parlenda ou adivinha.
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O que é o que é:
Que só pode ser usado,
Depois de quebrado?
O ovo.
O que é o que é:
Que tem bico,
Mas não pia?
Que tem asa,
Mas não voa?
O que é o que é:
Quanto mais ela enxuga,
Mais molhada fica?
O bule.
A toalha.
O que é o que é:
Ele está sempre na sua frente,
Mas você não vê.
O que é o que é:
Que na mesa não se come,
Se parte, reparte,
Mas fica sempre do mesmo tamanho?
O baralho.
Sobre as adivinhas eu acho que nem preciso falar nada. Eu bem sei
que você conhece muitas. Afinal, todos nós temos as nossas adivinhas favoritas, não é?
Eu, por exemplo, aprendo parlendas e adivinhas aqui na escola e depois, como sempre, vou direto contar para os animais da fazenda.
Eu acho essa idéia da professora tão bacana que chego a ficar esperando ansiosamente pelo pôr-do-sol, só para poder chamar todo mundo
para a “Noite da Parlenda”... Que por acaso vai ser hoje!
Isso mesmo, hoje! E eu até já escolhi o que vou mostrar para a bicharada. Você quer conhecer?
Então vamos lá, começando pelas adivinhas:
O seu nariz.
O que é o que é:
Quanto mais se perde,
Mais se tem?
O sono.
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Muito bom, não é?
Só quero mesmo é ver quem vai acertar todas!
He, he! Brincadeirinha! Eu bem sei que acertar não é o mais importante, e, como nós queremos mesmo é diversão, escolhi também algumas parlendas. Será que você já as conhece?
“Menina linda,
Da perna grossa,
Quando veste saia curta,
O papai não gosta.”
“Eu sou bem pequeninho,
Do tamanho de um botão,
Mas levo o papai no bolso,
E a mamãe no coração.”
“O tempo perguntou para o tempo
Quanto tempo o tempo tem?
O tempo respondeu para o tempo
Que o tempo tem tanto tempo
Que nem o tempo pode dizer
Quanto tempo o tempo tem!”
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“Hoje é domingo,
Pé de cachimbo.
O cachimbo é de barro,
Bate no jarro.
O jarro é de ouro,
Bate no touro.
O touro é valente,
Bate na gente.
A gente é fraco,
Cai no buraco.
O buraco é fundo,
Acabou-se o mundo.”
“Uma pulga na balança,
Deu um pulo e foi à França...
Os cavalos a correr,
Os meninos a brincar,
Vamos ver quem vai pegar!”
“O doce perguntou para o doce:
Qual é o doce mais doce?
O doce respondeu para o doce
Que o doce mais doce
É o doce de batata-doce.”
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Muito bom! Muito bom!
Acho que dá para perceber que eu me divirto muito contando histórias, fazendo adivinhas
e recitando parlendas, não dá? Mas sou suspeita para
falar desse assunto, pois vocês sabem muito bem que eu
sou fã de tudo o que eu aprendo lá na escola.
Aliás, hoje mesmo eu aprendi coisas tão interessantes que não
posso deixar de falar sobre isso! São curiosidades sobre a nossa pátria e sobre a natureza. Olha só que legal:
Você sabia...
...Que o nome da nossa pátria, Brasil, foi emprestado de uma árvore conhecida
como “pau-brasil”, muito comum aqui por estas terras na época do Descobrimento? Isso mesmo, essa árvore era muito valiosa, pois soltava uma tinta vermelha
que, na época, era usada para tingir roupas e para fazer tinta para escrever.
Entretanto, apesar de haver muitos pés de “pau-brasil” por aqui naquela época,
hoje já não existe quase mais nenhum! E você sabe por quê? Porque os colonizadores simplesmente cortavam as árvores sem nenhum tipo de cuidado, preocupados
apenas em levar mais e mais madeira para a Europa. Triste isso, não?
Mas não pense que foi só isso que eu aprendi, pois tem mais...
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Você sabia...
...Que em uma árvore podem viver centenas de espécies de animais e até mesmo de outras plantas? Pois é, eu
bem que desconfiava disso, pois sei muito bem que em uma
árvore vivem insetos, pássaros que se alimentam dos insetos, pássaros que se alimentam dos seus frutos, pássaros
que buscam abrigo e nela constroem seus ninhos etc. e tal.
Também sei que alguns mamíferos, como esquilos, macacos
e sagüis, e algumas plantas, como orquídeas e bromélias,
também fazem das árvores o seu lar, mas... Eu nunca tinha
imaginado que pudesse haver árvores que abrigam mais de
100 espécies de animais! Mas existem, sim. E mais... A professora contou aos alunos aqui da Escola Rural que um cientista descobriu, lá na Floresta Amazônica, uma única árvore
que servia de moradia para mais de 2 mil espécies diferentes de animais! Dá para acreditar?
Nem eu, que sou coruja e vivo voando de galho em galho
e visitando todas as árvores, sabia disso!
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Acho que o mundo inteiro deveria conhecer essa
descoberta! Quem sabe assim as pessoas não passariam
a proteger mais as árvores, como o Curupira, lembra dele? O
Protetor da Floresta?
Outro dia mesmo eu contei a história dele para os animais da fazenda, e muitos acharam que era apenas uma lenda... Será? Não sei, não!
Mas como vocês já conhecem a história do Curupira e como eu não posso
ficar sem contar uma lendazinha, que tal falarmos do Saci-Pererê?
O Saci-Pererê
Eu sempre ouvi contar que o saci é um negrinho do tamanho de uma
garrafa de refrigerante, de uma perna só e muito brincalhão, que anda pelo
mundo usando uma carapuça vermelha e fumando um cachimbo de milho.
Alguns dizem que ele protege as árvores, mas a grande maioria das pessoas sabe mesmo é que ele gosta de armar confusões: azeda o leite, joga
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sal pela cozinha, quebra
a ponta das agulhas, esconde as
tesourinhas de unha, brinquedos e óculos de todo mundo,
embaraça os novelos de linha e
lã, bota moscas na sopa, queima
o feijão que está no fogo, fazendo
uma fumaceira danada pela casa, dá nó na crina dos cavalos no
pasto e muito mais. Dizem até que tudo de estranho que acontece
em uma casa de sítio ou fazenda é culpa do saci.
Mas a gente não pode esquecer que as maldades do saci são sempre
pequenininhas e que, ao que me parece, ele só faz isso para ficar bem
acordado e proteger suas queridas florestas. Eu não sei, não!
Ainda outro dia mesmo eu ouvi dizer que pegaram um saci lá na encruzilhada da lavoura... Pegaram um saci! E você sabe como? Com uma
peneira de vime com uma cruz desenhada nela. O método até parece simples, mas, na prática, quero só ver...
O saci corre muito, muito mesmo. Corre tanto que para nós parece um
redemoinho que vem pelo meio da estrada. Então, para pegar o saci, basta
mirar a peneira no redemoinho e jogá-la sobre ele com todo cuidado. Assim que a peneira aprisiona o redemoinho, é só a gente pegar a carapuça
vermelha do malandrinho e pronto, ele fica bonzinho e obedece você direitinho, realiza até um desejo, se você quiser. Aí, para que ele fique sempre
bonzinho, é preciso prendê-lo em uma garrafa.
Isso sim é que é maldade. Afinal, quem é que gosta de viver preso?
Eu mesma nunca vi um saci, mas tem até gente que cria saci! Dá para
entender? Criar sacizinhos! Será que para mantê-los presos os criadores deixam todos dentro de garrafas, guardadas no armário da cozinha? Eu, hein!
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Hum, já que mencionei a cozinha... Acho que está chegando a hora do
recreio, pois estou sentindo um cheiro delicioso de bolo quentinho! Uma
gostosura!
Mas o melhor você ainda não sabe... Pelo que disse a Tia Ninha, nossa querida merendeira, hoje vamos ter bolo de banana nanica, uma fruta
bem brasileira que, além de ser deliciosa, faz muito bem para a saúde. A
receita, pra lá de especial, é secreta, e só os amigos mais queridos da Tia
Ninha têm. Mas como eu e você somos, sim, superespeciais, ela me explicou direitinho como fazer o bolo... Lá vai:
Bolo de Banana Nanica
Ingredientes
4 ovos
4 bananas nanicas grandes
1 copo de óleo
2 copos de açúcar
2 copos de farinha de rosca caseira (feita de pão adormecido torrado e moído)
1 colher de sopa de fermento em pó
Um pouco de canela e de açúcar para polvilhar
Modo de preparar
(com a supervisão de um adulto)
Bata os ovos, o óleo e a banana no liquidificador.
Em uma tigela, junte a mistura com o açúcar e a farinha de rosca, e, por
último, adicione o fermento.
Coloque tudo em uma fôrma untada e leve ao forno pré-aquecido.
Deixe por 35 minutos e pronto! O bolo está pronto.
Agora é só desenformar, polvilhar com açúcar e canela e... comer!
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A Tia Ninha vive dizendo que o Curupira e o Saci adoram banana...
Quem sabe eles também não gostam de bolo de banana, não é?
Bem, quanto a eles eu não sei, mas eu amo esse bolo! Fico quietinha
esperando as crianças comerem e, depois, assim que acaba o horário da
merenda, ganho um pedaço especial, só meu!
Agora só vai faltar mesmo é você fazer a receita secreta e depois me
convidar para um lanchinho. O que você acha?
Eu vou adorar! Afinal, o que pode ser mais gostoso do que passar o
tempo saboreando um lanche saudável em companhia de bons amigos?
Olha lá, hein!
Vou ficar por aqui, esperando seu convite... E enquanto ele não chega,
vou tratar é de aprender muitas parlendas e adivinhas novas para contar
para você!
Até mais!
Emengarda
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“Projeto Viva a Vida”
Projeto Gráfico & Editoração
Lili Tedde
Revisão
Trisco Comunicação
Coordenação Editorial
Secco Consultoria Empresarial
Concepção e Realização
Patrícia Engel Secco
Editora Boa Companhia
www.projetofeliz.com.br
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