Se fosse implementada, medida reduziria os custos de produção de manufaturados nacionais,
tornando-os mais competitivos. Isso facilitaria entrada do Brasil nas cadeias globais de valor
Para estimular exportações, governo
precisa atuar sobre valor de insumos
COMÉRCIO EXTERIOR
Paula Salati
São Paulo
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• Especialistas ouvidos pelo
DCi apontam que uma das
prioridades do próximo go­
verno para o comércio exte­
rior deve ser a redução das ta­
xas de importação às
matérias-primas do BrasiL
Uma medida como essa
tomaria menos oneroso o
custo da produção de manu­
faturados, elevando a quali­
dade da pauta de exportação,
composta hoje, em sua maior
parte, por produtos básicos.
Para os especialistas, dessa
forma, o Brasil conseguiria se
inserir de fato nas cadeias
globais de valor.
As altas taxas de imposto
de importação que o País
vem aplicando a importantes
insumos, como minério de
ferro e plástico, são alguns
dos principais fatores que
oneram o preço dos produtos
lá na frente, reduzindo sua
competitividade.
Paia a especialista em co­
mércio internacional do LO.
Baptista-SVMFA.
Cynthia
Kramer, essa é uma postura
equivocada do governo, pois,
alem de proteger somente al­
gumas empresas, a produção
nacional, muitas vezes, não
consegue abastecer o merca­
do intemo e nem ter um pre­
ço mais acessível.
M
Não adianta o Brasil colo­
car diversas barreiras aos in­
sumos, pois não somos autossuficientes”, diz Kramer.
"E mesmo com a intenção de
proteger a indústria, o Brasil
não consegue ter competiti­
Cynthia Kramer defende desoneração total da cadeia de exportação
vidade", finaliza a especialista
em comércio exterior.
As indústrias que mais se
beneficiam da política prote­
cionista são a siderurgia, a pe­
troquímica e a mineração.
Cadeias Globais
Com insumos a preços mais
baixos, é possível produzir
mercadorias com maior valor
agregado e, portanto, integrar-se com mais qualidade
nas cadeias globais de valor.
explica a especialista.
Outra maneira, no entanto, de
gerar mais competitividade é a
desoneração total da cadeia de
produção voltada à exporta­
ção. “Dentro das regras da
OMC (Organização Mundial de
Comércio], é possível desone­
rar a cadeia exportadora, para
não ter que vender tributos",
diz Kramer. “O impacto no or­
çamento público não seria sig­
nificativo (...). A desoneração
seria sobre os produtos e não
PERFIL_____________
desafio ao próximo governo.
Eleições e acordos
CYNTHIA KRAMER.
£ ADVOGADA NO LO.
BAPTISTA-SVMFA
• FUNÇÃO É especialista em
comércio internacional.
• ATUAÇÃO Representa
clientes em assuntos
relacionados à OMC.
• PRÊMIO Foi indicada como
referência no Brasil Expert
Guides, no ano de 2012.
• ESTUDO É doutora em
assuntos relacionados a
antidumping pela
Universidade de São Paulo
sobre a receita da empresa.
Sem contar que o País ganha­
ria em competitividade”.
Reintegra
Para o sócio administrador da
Barrai M Jorge e ex-secretário
de Comércio Exterior entre
2007 e 2011, Welber Barrai,
uma forma de aumentar a ex­
portação de manufaturados é
implementar um “Reintegra
mais substantivo”.
MIsso significa ter uma alíquota
maior, na restituição de tribu­
tos, para setores que exportam
mercadorias com maior valor
agregado", diz Barrai.
“Apenas as atuais políticas de
ex-tarifários e drawbacks (regi­
me que desonera tributos aos
insumos utilizados na produ­
ção de bens destinados à ex­
portação] não têm resolvido os
problemas da exportação bra­
sileira” complementa o espe­
cialista, colocando mais um
Na análise dos especialistas, os
programas de governo dos três
principais candidatos à Presi­
dência da República são gené­
ricos em suas propostas para o
comércio exterior. “O tema
tem pouca atenção eleitoral”.
Para Barrai, um dos acordos
comerciais que devem ter mais
atenção do próximo governo é
entre Mercosul e União Euro­
peia (UE). “Esse teria mais im­
pacto para o Brasil, pois nosso
comércio com o bloco já é
grande e temos grande compe­
titividade agrícola na região.
Além dos países europeus se­
rem os nossos principais in­
vestidores", diz Barrai.
Ele lembra que o desafio do
País não é somente elevar o
número de alianças comer­
ciais, mas também firmar mais
acordos para evitar bitributação, além de acordos sanitá­
rios, já que o Brasil é um gran­
de exportador de carne.
Divergência
Kramer avalia que o discurso
politico de Aécio Neves (PSDB)
e de Dilma Roussef (PT) com
relação a acordos bilaterais são
bem divergentes. NNa linha do
Aécio, existe uma tendência de
deixar o Mercosul de lado e
priorizar acordos bilaterais
com outros países, lá Dilma
tem uma proposta que vai no
sentido de ficar de mãos ata­
das ao bloco”, diz Kramer.
“A Marina Silva (PSB) fica no
meio termo: ‘Não vamos aban­
donar o Mercosul, mas vamos
firmar acordos com outros paí­
ses*. No entanto, essa media­
ção só daria certo se houvesse
mudança na regjra que impede
acordos bilaterais” finaliza.
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Para estimular exportações, governo precisa atuar sobre valor de