HOSPITAL IBIRAPUERA: UMA LENDA NA OTORRINOLARINGOLOGIA BRASILEIRA
NÚCLEO DE OTORRINOLARINGOLOGIA DE SÃO PAULO: UMA REALIDADE ATUAL
Colaboração de José Antonio Pinto
Nos anos 60 o Brasil passava por importantes transformações... revoluções, ditadura,
minisaia, liberdade sexual, bossa nova, enfim mudanças comportamentais que se refletiam
em toda a sociedade. Criavam-se faculdades de Medicina a granel, porém a prática médica
era exercida com dignidade e liberdade pelos médicos, ainda não subjugados pelos
convênios e empresas mercantilistas.
Em meados de 1960, um grupo de otorrinos que trabalhavam juntos no Hospital do
Servidor Público Estadual de São Paulo e no Hospital das Clínicas da USP, resolveram se
associar montando uma clínica comum a todos. Para tal alugaram uma casa na rua Correia
Dias, 73, no bairro do Paraíso, e fundaram o Instituto de Otorrinolaringologia e Endoscopia
Peroral (IOEP). Desde grupo inicial, constavam Moisés Cutim (chefe do Serviço de ORL do
HSPE), Paulo Cunha Cintra, Luiz Pereira Barreto Sobrinho, Cid Pupo, Brás Nicodemos, Mauro
Spinelli, Zenshi Hishiki, Domenico Modesto, Antonio Douglas Menon, Rhadamés Ribas Neto,
Walter Freitas, Fabio Freire, Paulo Carvalho, Antonio Carlos Graça Wagner, Augusto Pastore
Filho e José Antonio Pinto. Logo após iniciar suas atividades, alguns colegas se desligaram
por não terem tempo util para trabalhar no grupo, entre eles, Cutim, Barreto, Cid, Brás,
Zenshi,Spinelli, enquanto Cintra transferia o compromisso a seu filho Paulo Neves da Cunha
Cintra.
O IOEP, então com o grupo formado por 10 otorrinos, atendia pacientes particulares e de
alguns poucos convênios, mantendo plantão de 24 horas na especialidade, o que na época
era uma grande novidade. Cirurgias também eram realizadas na clínica em duas pequenas
salas.
Dois fatos importantes aconteceram em 1967: a unificação dos institutos de previdência,
antes representados por vários grupos, p.ex., dos bancários, dos comerciários, etc., em um
único, o INPS: Instituto Nacional de Previdência Social. O segundo fato foi a criação da
chamada 2ª. Tarefa, através da qual os médicos previdenciários seriam remunerados por
seus procedimentos cirúrgicos, estimulando assim a produtividade.
Já então bem estruturado, o IOEP foi credenciado para atendimento das emergencias e
cirurgias do INPS e, como oferecia cobertura com plantonistas 24 hs., grande número de
otorrinos vieram fazer suas cirurgias no Instituto. O grande movimento cirúrgico levou a
alugarem casa vizinha para a amplicação das internações e das salas cirúrgicas, chegando
em pouco tempo a realizarem mais de 50 cirurgias por dia. Com este movimento crescente,
o grupo partiu para a idéia de construir um hospital próprio especializado em ORL,
adquirindo terreno na recém inaugurada Avenida Rubem Berta, próximo ao Hospital do
Servidor e da AACD.
Com um projeto bastante audacioso, em 4 de agosto de 1969, inaugurava-se o Hospital
Ibirapuera S.A., com área física de mais de 1.400 m2 em sua parte térrea e com fundações
em sua parte posterior para mais 10 andares com 400 m2 cada. (foto 1 e 2)
Em seu térreo possuia recepção, 5 consultórios, 1 consultório de fonoaudiologia, 5
apartamentos, 3 enfermarias, posto de enfermagem, centro cirúrgico com vestiário, 3 salas
cirúrgicas grandes e 2 pequenas, sala de recuperação e área de pronto atendimento.
Apresentava também toda infraestrutura hospitalar como lavanderia, cozinha e vestiários.
Assim, como o primeiro hospital especializado em São Paulo, o Hospital Ibirapuera tornouse uma referência na Otorrinolaringologia paulista e brasileira, aonde atuavam não só os
seus proprietários como grande número de otorrinos da cidade. Em 1973 foi criado o Centro
de Estudos do Hospital Ibirapuera, sendo seu primeiro presidente José Antonio Pin to, que
organizou então a Residência Médica em Otorrinolaringologia, uma das primeiras no Brasil
fora dos centros universitários. Foram seus primeiros residentes Lauro João Lobo Alcantara
formado pela Universidade Federal do Paraná, Simone Pavie Simon da Escola de Medicina e
Saúde Pública da Bahia e Jarbas Barbosa oriundo da Faculdade Medicina do Triângulo
Mineiro de Uberaba. A residência em ORL do Hospital Ibirapuera tornou-se uma das mais
concorridas do país e por ela passaram os seguintes médicos:
Juvêncio Coelho Lustosa,Luiz Márcio Hummel, Reinaldo Salmazo, Alexandre Felippu Neto,
Antonio Abel Pauperio, Modesta Ishii, Renato Abissamra, Celso Gomes, Deraldino Alves
Campos, Alfredo Jimenez, Haroldo F. Vilela, João Fernandes Leal, Obionor Nóbrega, Alberto
Peña Montaña (da Bolívia), Angel Alberto Peña , Heitor Sonda, Aldo Cassol Stamm, Fabio
Freire Junior, Pedro Luis Cóser, Maria José Costa Cóser, Teresa Monteiro Teixeira,
Washington Almeida, Domingos Lamônica Neto, Rogério Barros, Ricardo Sallum, Gabriel
David Hushi, Carlos Otavio Branco Graminho, Aureo Fernandes Borges, Donaldson Breda,
Charif Abrão Elias, Robson Vieira Santos, David Grinstein (da Bolívia),Khalil Fouad Hanna,
Olavo Cancian, Olavo Luiz Estefanato, Rui Lobo, Angela Maria Pereira de Barros,Fátima
Milito, Carlos A. Rodrigues de Faria, Renato Euclides C. de Veloso Viana, Rafle Kardouz (da
Síria), Sonia Pereira, Laércio Freitas de Oliveira, Milton Pamponet da Cunha Moura, Fábio
Freire Junior, Luis B. Schemi, Luiz Eduardo Wambier, Nuno Duarte Pizarro (de Portugal),
Raul Antonio Ferreira, Rafael Moliterno Neto, Francisco Cóser, Edson Carlos Miranda
Monteiro, Wilson dos Santos, Sergio Lorentz Seballos, Antonio Salaroli, Sérgio Bittencourt,
Ulisses José Ribeiro, Cândido José Santiago Moraes, Rômulo Augusto Barros, Julio Marcos
Pinheiro, Nilvano Alves Andrade, Almir Rolla. Maria Angélica Ayres Arrais, Mauro Knoll,
Carlos Tadeu Rodrigues de Souza, Valtrudes Alves Pamplona, Luiz Alberto Gonçalves dos
Santos, Levon Mekhitarian Neto, Charly Torregrosa .
Em final de 1985 o Hospital Ibirapuera, devido problemas societários, encerrou suas
atividades em Otorrinolaringologia, sendo vendido a empresa seguradora na área da saúde.
Durante os 16 anos de sua intensa atividade, o Hospital Ibirapuera marcou uma era dentro
da Otorrinolaringologia, não somente em seu aspecto assistencial como no
desenvolvimento da especialidade em nosso país. Além de centro de excelência na formação
de novos especialistas, foi também o embrião no desenvolvimento das mais modernas
técnicas em ORL como a microcirurgia da laringe, a microcirurgia endonasal (foto 3), a
cirurgia da base do crânio, o uso dos raios laser em ORL e outras. Sua lacuna jamais foi
preenchida.
Com o encerramento do Hospital Ibirapuera, José Antonio Pinto fundou o NÜCLEO DE
OTORRINOLARINGOLOGIA E CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO DE SÃO PAULO, juntamente
com outros colegas, dando andamento ao programa de residência médica em
Otorrinolaringologia, que funciona initerruptamente nestes 36 anos .
Este programa continuou inicialmente no Hospital Nossa Senhora de Lourdes,
posteriormente no Hospital Bandeirantes e na Clínica Infantil do Ipiranga. Desde 1993, o
Núcleo de ORL funciona no Hospital e Maternidade São Camilo – Pompéia, localizado a
Avenida Pompéia, 1137 e , em sua sede, na Alameda dos Nhambiquaras, 159, Moema, São
Paulo.
Foram residentes do Núcleo de ORL: Paulo Borges, Mab Furlan,Denise Abritta, João Oswaldo
do Santos,Gerardo Paredes Rengifo (da Colombia), João Elmar de Oliveira, Eduardo Barbosa
de Souza, Sávio Nogueira da Silva Junior, Saulo de Tarso Sgarbi, Luiz Nobuo, Massao
Yamada Sawamura, Pedro Paulo da Cunha Cintra, Henrique Cesar Felippu Pinto, Lucia
Helena da Costa Pinto, Luciana Lagata, Mario Luis Freitas, Fernando Cervantes dos Santos,
Carlos Eduardo Cervantes dos Santos, Adriana Meneghini, Liz Tozatti, Irajá Alves de
Oliveira Junior, Aguilar Rodrigues Junior, Airton Gonçalves, Ana Carla Souza Marque,
Angelika Ursula May , Arturo Frick Carpes, Delmer Jonas Polimeni Perfeito, Denilson Storck
Fomin, Eduardo Amaro Bogaz, Eduardo Nogueira Magri, Eloisa Pires do Prado, Fernando
Arruda Ramos, Fernando J. Sales Carneiro, Geraldo Rafael Muniz, Glaura Maria Pimentel
Ferreira, Gustavo Duarte Paiva Ferreira, Gustavo Juliani Faller, Janaina Guidotti Cunha,
Jeanne da Rosa Oiticica Ramalho, José Carlos Maruoka, Jose Milton Moura Borges, Jucicleide
B. Coimbra, Luciana Balester Mello de Godoy, Luiz Henrique Vaz, Marcus Alexandre Sodré,
Michele Villa Flor Brunoro, Monica de Oliveira Nobrega, Milton Hiroshi Abe, Paula Zimath,
Renato José Corso, Roberto Duarte Paiva Ferreira, Rose Mírian de Mateo, Rozania Soeli dos
Santos, Rubens Huber da Silva, Salvador do Carmo Rodrigues, Silvia Helena Lanza, Suhenia
Ligia P. Lima, Valeria Brandão Marquis, Paola Barbieri Pasquali, Silvana Belloto, Cris
Vanessa Gasgues, Carolina de Farias Aires Leal, Josemar dos Santos Soares, Marina Spadari
Àrtico, Fabio Caracho Batista, Thiago Branco Sônego, Regina Helena Noronha Gonçalves.
Setenta e um novos otorrinolaringologistas foram formados nos 16 anos de
existência do Hospital Ibirapuera, nomes de relevância dentro do cenário de nossa
especialidade. Nos ultimos 20 anos, o Núcleo de Otorinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e
Pescoço de São Paulo (NOSP), continuando esta mesma missão, contribuiu com mais 68
novos otorrinolaringologistas distribuidos pelos mais diversos pontos de nosso país.
O NOSP, sob a direção de José Antonio Pinto, atende a todos os setores da
Otorrinolaringologia, Cirurgia de Cabeça e Pescoço e Cirurgia Crâniomaxilofacial, contando
em sua equipe com os seguintes médicos: Pedro Paulo Cintra, Henrique Cesar Felippu Pinto,
Fernando Cesar Cervantes dos Santos, Gustavo Duarte Paiva Ferreira, Roberto Duarte Paiva
Ferreira, Heloisa Pires do Prado, Aguilar Rodrigues Fo.,Simone Pavie Simon, Nelson
Colombini, Arturo Frick Carpes, Eduardo Bogaz e Luciana Ballester Mello de Godoy.
Foto1: Hospital Ibirapuera
Foto2: Fundadores do Hospital Ibirapuera no dia da inauguração.
Da esq para dir.: Paulo da Cunha Cintra, Antonio Douglas Menon, Fabio Freire, Walter
Gonçalves de Freitas, Antonio Carlos Graça Wagner, José Antonio Pinto, Paulo Neves da
Cunha Cintra, Paulo Carvalho, Augusto Pastore e Domenico Modesto.
Foto3: Io. Curso Internacional de Microcirurgia Transnasal organizado pelo Hospital
Ibirapuera em 1982.
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