Filme: A Pessoa é Para o que Nasce
Gênero Documentário
Diretor Roberto Berliner
Elenco Conceição, Maria, Regina
Ano 1998
Duração 6 min
Cor Colorido
Bitola 35mm
País Brasil
Disponível em: http://www.portacurtas.com.br/Filme.asp?Cod=1010
Aplicabilidades em Educação
Comentários de
Maria Elizabeth B. Almeida 1
2
Mônica Mandaji
De acordo com estimativas da Organização das Nações Unidas - ONU, no Brasil,
aproximadamente 10% da população é constituída por pessoas que possuem algum tipo
de deficiência (física, sensorial ou mental), ou seja quase 20 milhões de pessoas.Em
virtude de suas deficiências, estas pessoas têm dificuldades ou são impedidas, total
ou parcialmente, de realizarem uma série de atividades como estudar, trabalhar,
participar de atividades culturais, esportivas etc.
Segundo Maria Regina Cazzaniga Maciel, em seu artigo “Portadores de deficiência a
questão da inclusão social”, o processo de exclusão social de pessoas com deficiência
ou alguma necessidade especial é tão antigo quanto a socialização do homem, uma vez
que, a estrutura das sociedades, desde os seus primórdios, sempre inabilitou os
1
Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação: Currículo e do Depto de Ciência da
Computação, da PUC/SP; Mestre e Doutora em Educação: Currículo. E-mail:
[email protected]
2
Jornalista, Doutoranda em Educação: Currículo – PUC/SP e Mestre em Ciências da
Comunicação pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo ECA _ USP.. Email [email protected]
portadores de deficiência, marginalizando-os e privando-os de liberdade. Essas
pessoas, sem respeito, sem atendimento, sem direitos, sempre foram alvo de atitudes
preconceituosas e ações impiedosas.
A literatura clássica e a história do homem refletem esse pensar discriminatório, pois
é mais fácil prestar atenção aos impedimentos e às aparências do que aos potenciais e
capacidades de tais pessoas.
Nos últimos anos temos visto, porém, que estão sendo desenvolvidas ações que visam
promover e implementar a inclusão de pessoas com deficiência ou necessidade
especial. Essas atitudes pretendem resgatar a dignidade, o respeito além de
possibilitar o pleno desenvolvimento e o acesso a todos os recursos da sociedade por
parte desse segmento.
A Organização dos Estados Americanos – ONU, em seu Programa de Ação Mundial
Relativo às Pessoas com Deficiência, declara que é preciso proporcionar a equiparação
de oportunidades que é "o processo através do qual o sistema geral da sociedade, tais
como os ambientes físicos e culturais, a moradia e o transporte, os serviços sociais e
de saúde, as oportunidades educacionais e de trabalho, a vida cultural e social,
incluindo as instalações esportivas e recreativas, é tornado acessível para todos".
Diante deste conjunto de iniciativas, projetos, trabalhos e políticas públicas, podemos
dizer que os preconceitos em relação às deficiências ainda estão muito presentes na
nossa sociedade porém, é certo, que uma nova postura diante dos cidadãos com
deficiência está sendo gradativamente sendo assimilada pela sociedade.
O documentário de curta-metragem “A pessoa é para o que nasce” apresenta a
história de três irmãs cegas que vivem em Campina Grande, no Estado da Paraíba, e
que em troca de esmola cantam para os transeuntes. Durante o documentário elas vão
discutindo questões como a ausência que provoca excesso e a experiência de vida
através da falta e levam o espectador a repensar o compromisso que as três irmãs
cegas tem com a sobrevivência. Em um dos diálogos do curta elas afirmam: “Quando
eu tô sonhando, eu vejo tudinho as coisas. A gente vê tanta coisa...Tanta coisa bonita...
As nuvens, as estrelas, os mato verde, assim ... a pessoa pensa que é mesmo... Mas é
sonhando... Aí quando você acorda... Ai meu Deus!!...É por isso que o povo diz que tem a
hora do cego ver. É quando ele está sonhando.”
É a diferença, a discriminação, a busca por inclusão que pretendemos discutir nesta
seqüência didática. Para que o professor possa fazer isso de forma a integrar a
pesquisa com o texto, a imagem e o som, bem como aproximar a produção de
fragmentos da realidade, do dia-a-dia, propomos trabalhar a elaboração de um vídeo
documentário que poderá ser produzido com câmera de fotografia digital ou de
filmagem, ou ainda com a utilização de recursos dos celulares.
Níveis de Ensino : Ensino Médio
Disciplina(s)/ Temas Transversais: Artes, Língua Portuguesa, História,
Sociologia e Filosofia
Objetivos de aprendizagem:
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Discutir, a partir da história do curta: “A pessoa é para o que nasce” ,
questões que envolvam a discriminação e a inclusão social de pessoas
portadoras de necessidade especiais, o mercado de trabalho para esse
grupo, o preconceito, a atitude de cada aluno em relação aos portadores de
deficiências etc;
Pesquisar ações que fazemos no nosso dia-a-dia e que são discriminatórias e
aquelas que são inclusivas;
Desenvolver a criatividade com a concepção, produção e edição de um vídeo
documentário;
Desenvolver a expressão escrita ao exercitar a elaboração dos roteiros;
Desenvolver o trabalho colaborativo;
Diversificar a aprendizagem através das Tecnologias de Informação e
Comunicação (TIC).
Seqüência didática sugerida:
O trabalho tem início com uma pesquisa prévia, que será realizada pelos alunos em
jornais, livros, revistas e Internet sobre os seguintes temas: inclusão social, escola
inclusiva, preconceito em relação à deficiência, ações de inclusão de pessoas com
necessidades especiais e as dificuldades que essas pessoas passam, muitas vezes,
porque não têm acesso à formação e com isso não conseguem emprego etc. O objetivo
deste levantamento é fazer com que o aluno comece a compreender a importância da
mudança de atitude diante dos diferentes e passe a tratar os portadores de
deficiências como pessoas que merecem respeito,cujas necessidades têm que ser
levadas em conta em quaisquer situações.
Na seqüência os alunos terão a apresentação do curta “A Pessoa é para o que nasce”.
Ao final do filme o professor poderá pegar um trecho dos diálogos para dar início ao
debate como:
“ -Já nascemos cegas de nascência já, tudinho.
- Sim, é mais difícil, porque tudo é pelos outros, os outros é quem toma conta, nós
mora numa casa três só, três ceguinhas tudo numa casa só.
- Aí vamos vivendo assim.
- Um dia tem, outro dia não tem
- Um dia tem, outro dia não tem
- Na quarta não tem
- Nem tem na quinta
– Nem tem na sexta
- Porque não tem coisa mais ruim do que uma pessoa ficar assim, com uma bacia na
mão, esperando, implorando a um e a outro.
- Um dá, o outro não dá
- Se um já dá com gosto, o outro já dá com raiva.”
A partir desta seqüência e do resultado do debate o professor deve dividir a turma
em grupos para que cada conjunto monte um vídeo com uma história sobre o tema da
inclusão. Para isso será necessária uma pesquisa e depois a elaboração de um roteiro.
Com esses elementos em mãos, o grupo irá mergulhar na produção do vídeo
documentário que irá exigir não apenas boas histórias, mas também a captação de
imagens ”fortes”. Feito isso o grupo partirá para a edição e terão que fazer uso de
música e de outros efeitos sonoros..
A seguir apresentamos as etapas para a criação do vídeo documentário e damos
algumas dicas para a elaboração de um programa radiofônico.
Pesquisar
Como o trabalho visa uma releitura do tema, ou seja, a partir do que foi apresentado e
discutido, a atividade propõe buscar novas histórias que mostrem a vida de pessoas
portadoras de necessidades especiais e assim o aluno deverá dividir a pesquisa em
duas partes:
• Pesquisa documental – levantar dados e informações sobre os tipos de
deficiências, direitos e deveres desse conjunto de pessoas entre
outros.
• Pesquisa de campo – o grupo irá procurar em sua comunidade pessoas
que tenham necessidades especiais e que queiram compartilhar suas
histórias. Aqui também podem ter como participante os personagens
familiares, enfermeiros, agentes sociais e pessoas que direta ou
indiretamente estão envolvidos com o tema.
Equipamentos
• Câmera de vídeo ou câmera fotográfica ou ainda celular com recurso de
captação de som e/ou imagem
• Microfone
•
•
Computador com programa de captação de imagem e de edição digital (existem
vários programas gratuitos na internet)
Aparelho de som
Para se produzir um vídeo
A produção de um vídeo documentário pode ser dividida em cinco etapas que são:
criação e planejamento; roteiro; produção; gravação; edição e finalização.
A Criação e o Planejamento - é nessa fase que os alunos farão o levantamento dos
recursos disponíveis e do que será necessário para ilustrar o assunto tais como fotos,
pinturas, documentos, imagens em movimento de arquivo, entrevistas produzidas pelo
grupo etc. É muito importante determinar o que queremos do nosso documentário e o
que vai ser dito. As tarefas dentro desta etapa são:
Definir o tema e qual será a abordagem;
Realizar uma pesquisa sobre o assunto em diversas fontes;
Escolher a técnica que será utilizada no trabalho (animação, gravação de imagens,
entrevista etc.).
Roteiro - É a forma escrita de qualquer produto audiovisual onde temos a descrição
objetiva das seqüências, diálogos e também as indicações técnicas.
É na etapa do roteiro que teremos que definir se o documentário terá ou não um
apresentador ou narrador, uma voz em off (quando a pessoa não aparece), onde e
quando utilizaremos as entrevista ou colocaremos as fotos etc.
As tarefas dentro desta etapa são:
Escrever o roteiro;
Revisar o roteiro;
Criar um storyboard (Planejamento quadro a quadro do que será filmado e quais
recursos serão necessários).
Dica:
O roteiro deve ser composto por frases curtas e na ordem direta
Devemos evitar adjetivos e frases longas pois, quanto mais objetivo, direto e claro for
o texto, melhor será o entendimento por parte do espectador.
Produção: é fase em que decidimos as funções dos membros da equipe, pois, a partir
desse momento, teremos que procurar os elementos que irão preencher o roteiro.
Poderíamos dizer que é a hora de montar o quebra cabeça.
Gravação: Acontece depois que todo o roteiro estiver idealizado. Nesse momento
todos os elementos são providenciados, desde se iremos ou não usar o microfone até o
vasinho de planta que estará sobre a mesa durante a gravação.
Edição e finalização: é a última etapa do processo e é nela que será feita a costura
geral do vídeo. Dividimos o material em cenas (fazemos a decupagem) e depois unimos
todos os elementos para compor o todo do vídeo.
Software para edição: Existem muitos softwares para edição de vídeo (inclusive
gratuitos como o Cinelerra). O Windows Movie Maker é uma aplicação simples de
edição de vídeo que faz parte do pacote do sistema operativo Windows XP. Com ele é
possível importar segmentos de vídeo, analógicos ou digitais, cortá-los, ordená-los,
acrescentar legendas, transições e outros efeitos e, no final, gravar em um arquivo
digital que pode ser gravado no computador, CD ou DVD e que depois pode ser
publicado na Internet em site como o do Youtube, Videolog, ou algum outro provedor
gratuito.
Material pesquisado:
Artigo:
Maciel Maria Regina Cazzaniga, “Portadores de Deficiência – a questão da inclusão
social”. Perspectiva, vol.14 no.2, São Paulo, abril/junho 2000.
Para saber mais sobre o assunto
Martin, Marcel A. Linguagem Cinematográfica, Ed. Brasiliense, 1990
Apostila do Movie Maker http://www.apostilando.com/download.php?cod=457
Museu da Pessoa http://www.museudapessoa.net/oquee/
Download

Leia o parecer pedagógico aqui