LITERATURA
PRÉ-VESTIBULAR
LIVRO DO PROFESSOR
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© 2006-2008 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do
detentor dos direitos autorais.
I229
IESDE Brasil S.A. / Pré-vestibular / IESDE Brasil S.A. —
Curitiba : IESDE Brasil S.A., 2008. [Livro do Professor]
360 p.
ISBN: 978-85-387-0573-4
1. Pré-vestibular. 2. Educação. 3. Estudo e Ensino. I. Título.
CDD 370.71
Disciplinas
Autores
Língua Portuguesa
Literatura
Matemática
Física
Química
Biologia
História
Geografia
Francis Madeira da S. Sales
Márcio F. Santiago Calixto
Rita de Fátima Bezerra
Fábio D’Ávila
Danton Pedro dos Santos
Feres Fares
Haroldo Costa Silva Filho
Jayme Andrade Neto
Renato Caldas Madeira
Rodrigo Piracicaba Costa
Cleber Ribeiro
Marco Antonio Noronha
Vitor M. Saquette
Edson Costa P. da Cruz
Fernanda Barbosa
Fernando Pimentel
Hélio Apostolo
Rogério Fernandes
Jefferson dos Santos da Silva
Marcelo Piccinini
Rafael F. de Menezes
Rogério de Sousa Gonçalves
Vanessa Silva
Duarte A. R. Vieira
Enilson F. Venâncio
Felipe Silveira de Souza
Fernando Mousquer
Produção
Projeto e
Desenvolvimento Pedagógico
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Cândido Portinari.
Modernismo
a
2. geração: prosa
Romance de 30 é uma denominação genérica
que se dá às obras escritas entre as décadas de 1930
a 1970, por uma geração de escritores provenientes
das classes oligárquicas rurais decadentes com o
fim da República Velha. Todas as obras dessa geração têm em comum um caráter fortemente crítico.
Tais textos mantêm semelhanças com a estética
realista do final do século XIX, agregando algumas
das liberdades conquistadas pelos modernistas de
1922. Entretanto, saliente-se que tais obras estão,
esteticamente, mais próximas do Realismo que do
Modernismo.
Por isso, preferiu-se aqui utilizar a nomenclatura
do crítico José Hildebrando Dacanal, por ser uma
classificação que não estabelece conflito com as características essenciais dessas obras literárias.
Contexto histórico
EM_V_LIT_015
A década de 1930 nem começa e já temos um
abalo econômico de proporções mundiais, que afeta
diversos setores da economia brasileira da época, é
a quebra da Bolsa de Valores de Nova York, no ano
de 1929. No Brasil e no mundo diversos empresários
entram em bancarrota, sem chances de recuperação.
Milhões de dólares somem das mãos dos poderosos
como a água a escorrer pelo ralo.
Um ano depois, em nosso país, acontece a Revolução de 30, elevando ao poder o gaúcho Getúlio
Vargas, que se manteria na presidência por quinze
anos seguidos. É o fim da República Velha e das
oligarquias cafeeiras.
Café, de Candido Portinari.
No ano de 1945, fim da II Guerra Mundial,
Getúlio deixa o poder, é o fim do Estado Novo, que
começara em 1937 e que, às custas de um regime
ditatorial altamente opressor e populista, que perseguiu incessantemente intelectuais e políticos de esquerda, ao mesmo tempo que promovia espetáculos
de fervoroso patriotismo para as camadas populares,
moderniza a economia brasileira.
No contexto ocidental vê-se a instauração, em
diversos países, de regimes totalitários. Na Itália,
observa-se o fascismo com Mussolini, na Alemanha,
o nazismo com Hitler, na Espanha, o franquismo ou
fascismo com Franco e em Portugal, o salazarismo
ou fascismo, com Salazar.
O mundo passa por um período de extrema
conturbação social. Os artistas desse tempo não
poderiam fechar os olhos para tamanho caos e levam
à sua arte uma ideologia. A real democracia, os direitos trabalhistas, a busca por uma maior liberdade
são, no Romance de 30, transmitidos para as obras
literárias.
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1
Verossimilhança
No romance dessa geração conta-se uma história que não aconteceu, mas que poderia ter ocorrido.
Isso se deve ao fato de que aquilo que foi narrado
haveria sido baseado em elementos concretos da realidade. Logo, podemos afirmar que a verossimilhança
serve como recurso de denúncia social, pois não se
altera a realidade. Lembremos que tal característica
provém do romance realista do final do século XIX.
Por isso alguns críticos chamam os romances escritos
pela geração de 1930 de Neorrealismo.
Linearidade narrativa
São romances que não apresentam grandes inovações quanto às suas estruturas narrativas. Mesmo
em romances como Vidas Secas, de Graciliano Ramos,
que não temos uma linearidade tão clara ou a trilogia
de Erico Verissimo, O Tempo e o Vento, que apresenta
a técnica do contraponto temporal (permeia-se um
capítulo, de passado menos distante, entre os demais, referentes a um passado mais distante) identificamos facilmente o início, meio e fim. Em Vidas Secas,
apesar de não haver indicações temporais precisas
como em O Tempo e o Vento conseguimos perceber
que a história possui a duração de um ano.
Portanto, as obras dessa geração nos proporcionam boa noção temporal e espacial.
Linguagem
2
O Romance de 30 apresenta uma linguagem
muito mais próxima da escrita tradicional do que das
inovações linguísticas da geração de 1922. Vemos,
então, que a linguagem é filtrada pelo código culto
urbano. Mesmo em se tratando de uma história passada no sertão nordestino ou no interior gaúcho, por
exemplo, as personagens não irão falar exatamente
como as pessoas dessa região realmente falariam.
Essa não aproximação com a linguagem modernista
e essa filtragem pelo código culto urbano deve-se à
questão de acessibilidade. Eram romances em que
se desejava revelar uma crítica, fazer uma denúncia,
logo, sendo o grande público oriundo das capitais
do país, é estabelecida a linguagem dos habitantes
dessa região. Essa foi a forma que os escritores encontraram de atrair o público, e assim fazê-lo ler o que
se queria. Funcionou, pois os romances de 1930 foram
dos mais lidos em toda a literatura brasileira, aqui e
no exterior. Jorge Amado é a comprovação disso.
Estrutura histórica
Por serem romances de cunho crítico e social,
e terem como embasamento, para a criação, a realidade concreta, a estrutura histórica é facilmente
identificável. Isto é, percebemos sem dificuldades
a estrutura econômica e social a qual pertencem os
personagens. O período histórico também é de fácil
percepção. A maioria dos romances dessa geração
apresenta relatos em que se revela a estrutura histórica agrária, entretanto, há também os romances
de estrutura urbana.
Nas obras de temática rural vê-se, como personagens, os grandes senhores de terra, ou seja, os
integrantes da oligarquia rural e os trabalhadores, sofredores de injustiças sociais. Já nas obras de temática urbana são mostrados personagens provenientes
das camadas populares. Capitães da Areia, de Jorge
Amado é um exemplo disso, e da classe média, nos
romances urbanos de Erico Verissimo.
Tipificação social
São apresentados indivíduos que representam
determinado estrato social. Fabiano, de Vidas Secas,
por exemplo, representa o sertanejo nordestino que
passa por agruras para sobreviver.
Regional e universal
Já ouvimos nossos professores falarem e também já lemos a expressão Regionalismo Universal.
Sem entrarmos em conceituações, que sempre causaram discussão e continuarão causando, vamos
tentar explicar como se dá o regional e o universal
nos romances de 1930.
O regional apresenta-se nessas obras através
do local em que acontece a história. Os tipos humanos de um determinado lugar, com seus costumes,
sua maneira de pensar e agir revelam-nos os traços
da região tratada. Além da paisagem, é claro.
O universal revela-se a partir dos dramas
humanos vividos pelas personagens. Pela análise
psicológica, a qual revela os desejos e pensamentos
mais obscuros do ser humano, é que desvencilhamos
o universal no Romance de 30.
Assim, usando novamente o personagem Fabiano como exemplo, vemos um homem do sertão
nordestino na condição de muitos outros que vivem
ali (traço regional: condição social em determinado
lugar) e, simultaneamente, percebemos o sofrimento
de um pai que não pode oferecer melhores condições
de vida para seus filhos, que ama (traço universal:
sofrimento de um homem em relação a seus filhos,
por impossibilidades diversas).
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EM_V_LIT_015
Características
Autores e obras
O Quinze
É considerado como o primeiro romance da
geração de 1930 A Bagaceira, de José Américo de
Almeida. Trata-se de uma obra que tematiza os problemas da seca e apresenta as visões de mundo do
sertanejo, com seu código ético primitivo, a postura
autoritária do senhor de engenho e a visão civilizada do filho ilustrado do senhor de engenho. Esse
romance tem muito mais uma importância histórica
do que estética.
Essa narrativa, em terceira pessoa, divide-se
em dois planos que se interligam: o plano social e
o plano individual. Em relação ao primeiro plano,
narra-se o drama da família de Chico Bento, que
devido à seca, perde seu emprego na casa da avó de
Conceição (protagonista) e, sem alternativas, segue
em direção à cidade de Fortaleza.
No caminho um de seus filhos morre e o outro
desaparece. Chegando em Fortaleza recebem ajuda
de Conceição, que adota um de seus filhos, e seguem
para São Paulo em busca de melhores condições de
vida.
No plano individual, apresenta-se o drama existencial da jovem Conceição, uma mulher culta e caridosa, com ideologias simpatizantes do socialismo.
Seu dilema está em entregar-se a seu amor, Vicente
(jovem rústico proprietário de terras) ou seguir na
sua luta engajada pela filantropia, dedicando-se às
vítimas da seca. Necessariamente a escolha implicaria o abandono de uma das alternativas, pois eram
dois mundos diferentes, o rural e o urbano. A jovem
acaba, mesmo tendo consciência de seu sofrimento
e solidão, por continuar sua luta contra a miséria.
Rachel de Queiroz
Autor desconhecido.
Rachel de Queiroz
nasceu no ano de 1910,
em Fortaleza. Viveu
com sua família entre
a cidade e o campo.
Aos quinze anos já
colaborava em jornais.
No ano de 1930, lança
o livro O Quinze, obra
que impressionou a
crítica da época e alçou
a escritora aos grandes
expoentes da literatura brasileira. Filiou-se
Rachel de Queiroz.
no Partido Comunista
Brasileiro, deixando-o
tempos depois, após divergência em relação à publicação de outro livro seu. Torna-se, em 1977, a primeira
mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras.
Faleceu em 2003.
Suas principais obras são: O Quinze (1930);
João Miguel (1932); Caminho das Pedras (1937); As
Três Marias (1939); Dora, Doralina (1974); Memorial
de Maria Moura (1992).
EM_V_LIT_015
Características e temas
Na obra de Rachel de Queiroz verifica-se a
relação entre dois mundos: o rural e o urbano.
Centrando-se no primeiro ela demonstra a ligação
que possuem através das pessoas que saem do
universo rural, símbolo da imobilidade social, para
o universo urbano, representação das perspectivas
de melhoria de vida pela possibilidade de ascensão
social. Sua narrativa diferencia-se, da maioria das
demais da geração de 1930, por apresentar leves
traços de intimismo e uma visão feminista em seus
relatos.
Dentre todas suas obras destaca-se O Quinze.
O Quinze
Chegou a desolação da primeira fome. Vinha seca e trágica, surgindo no fundo sujo dos
sacos vazios, na descarnada nudez das latas
raspadas.
– Mãezinha, cadê a janta?
– Cala a boca, menino! Já vem!
– Vem lá o quê!
Angustiado, Chico Bento apalpava os bolsos... nem um triste vintém azinhavrado...
Lembrou-se da rede nova, grande e de
listras que comprara em Quixadá por conta do
vale de Vicente.
Tinha sido para a viagem. Mas antes dormir
no chão do que ver os meninos chorando, com
a barriga roncando de fome.
Estavam já na estrada do Castro. E se arrancharam debaixo dum velho pau-branco seco,
nu e retorcido, a bem dizer ao tempo, porque
aqueles cepos apontados para o céu não tinham
nada de abrigo.
O vaqueiro saiu com a rede, resoluto:
– Vou ali naquela bodega, ver se dou um
jeito...
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3
Cândido Portinari.
Voltou mais tarde, sem a rede, trazendo uma
rapadura e um litro de farinha:
– Tá aqui. O homem disse que a rede estava
velha, só deu isso, e ainda por cima se fazendo
de compadecido.
Faminta, a meninada avançou; e até Mocinha, sempre mais ou menos calada e indiferente,
estendeu a mão com avidez.
José Lins do Rego mostra personagens da zona
açucareira, homens corajosos que seguem à risca seu
código de honra e mulheres dóceis e submissas, vítimas da sociedade patriarcal do início do século XX.
Os seus três primeiros romances – Menino de
Engenho, Doidinho e Banguê – são narrativas de forte
cunho memorialista. Todas apresentam o mesmo
personagem, autobiográfico, Carlos Melo, que é o
narrador.
Após haver dito no prefácio de Usina (1936)
que encerraria seus romances sobre o ciclo da cana-de-açúcar, volta atrás e lança a obra-prima de sua
carreira, Fogo Morto.
Fogo Morto
José Lins do Rego
Domínio público.
José Lins do Rego Cavalcanti nasceu no estado da Paraíba, em 1901. Quando jovem,
transferiu-se para Recife, onde
cursou a Faculdade de Direito.
Nesse período tornou-se amigo
de Gilberto Freyre, aderindo a
muitas de suas ideias. No ano
de 1935 foi morar no Rio de
Janeiro, onde se estabeleceu.
Trabalhou em alguns jornais e exerceu cargos diplomáticos, além de exercer funções relacionadas ao
esporte, principalmente no Clube de Regatas Flamengo. Em 1955 ingressou na Academia Brasileira
de Letras. Faleceu no ano de 1957.
Suas principais obras são: Menino de Engenho
(1932); Doidinho (1933); Banguê (1934); O Moleque
Ricardo (1935); Usina (1936); Fogo Morto (1943); Pe­
dra Bonita (1938); Cangaceiros (1953); Pureza (1937);
Riacho Doce (1939).
Características e temas
4
A parte da obra de José Lins do Rego que merece maior destaque é a que mostra o ciclo da cana-de-açúcar. Esses romances apresentam a transição
do engenho-de-açúcar, outrora símbolo de riqueza,
para a usina de açúcar, que põe em total decadência
os engenhos.
Primeira parte – Mestre José Amaro
Amaro (amargo, em latim) é um homem revoltado com sua condição, demonstrando aversão a toda
e qualquer forma de ordem. Alimenta um ódio pelo
Coronel Lula de Holanda, dono das terras onde se
situa. Alia-se, por isso, ao cangaceiro Antônio Silvino.
Além disso, maltrata sua mulher, Sinhá, e sua filha
Marta, que vem a enlouquecer. Por ser uma pessoa
isolada de todos, anda à noite sozinho. Por isso, e
devido ao seu aspecto doentio, acaba ganhando fama
de lobisomem, o que o revolta mais ainda. Termina
abandonado pela esposa e filha. Em consequência
de sua solidão, suicida-se.
Segunda Parte – Coronel Lula de Holanda
Chacon
Lula de Holanda acaba se tornando proprietário
da fazenda Santa Fé, mediante o casamento com
Amélia, filha do poderoso Tomás Cabral de Melo.
Após a morte de Tomás, assume a administração
do engenho, que entra em decadência, chegando
ao ponto de não mais produzir açúcar. Amélia é
quem mantém o sustento da família com a criação
de galinhas e a venda de ovos. Entretanto, Lula de
Holanda, indiferente a tudo isso, age como se fosse
ainda um rico proprietário, andando pela estradas
com seu velho cabriolé – símbolo da decadência dos
senhores de engenho.
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EM_V_LIT_015
Os Retirantes, de Cândido Portinari (1944).
Essa obra é uma narrativa dividida em três
partes, cada uma delas centrando-se em um dos
personagens principais, que interagem entre si. O
autor quis, assim, mostrar um painel abrangente da
sociedade açucareira da época, focalizando a história
em três personagens que são, cada um, representante de um estrato social.
Fogo Morto marca o fim do memorialismo nas
obras referentes ao ciclo da cana-de-açúcar e é narrado em terceira pessoa.
Terceira Parte – Capitão Vitorino Carneiro da
Cunha
Nas duas partes anteriores, Vitorino é apresentado como um personagem rabugento e tolo, chegando a ser apelidado pelos meninos da rua de PapaRabo. Todavia, na última parte, torna-se símbolo de
coragem e luta. É o único personagem dos três que
não cai em decadência, ao contrário, eleva-se a herói
da justiça, com um certo caráter quixotesco (relacionado à percepção curta da realidade). Não medindo
consequências luta contra os poderes estabelecidos
em sua sociedade, que considera injustos, como a
influência política dos senhores de engenho, o poder
repressor da polícia e até os cangaceiros. Vitorino é
um verdadeiro humanista, um dos personagens mais
interessantes da literatura brasileira.
Graciliano Ramos
Domínio público.
Graciliano Ramos nasceu no ano de 1892 em
Quebrângulo, Alagoas. Fez
os estudos secundários
em Maceió. Viveu pouco
tempo na cidade do Rio de
Janeiro, fixando-se depois
em Palmeira dos Índios, no
interior de Alagoas. No ano
de 1936 foi preso, acusado
de atividades subversivas
sem nenhuma explicação,
ficando dez meses detido em várias prisões, sofrendo
torturas. Tal acontecimento dá origem à obra Memó­
rias do Cárcere. Depois de livre, estabeleceu-se no Rio
de Janeiro, trabalhando como inspetor de ensino. Em
1945 filiou-se do PCB. Veio a falecer em 1953.
EM_V_LIT_015
Características e temas
A obra de Graciliano Ramos caracteriza-se fundamentalmente pelo rigor expressivo. Utilizando-se
de linguagem seca, precisa, em frases curtas, o escritor busca passar somente aquilo que é essencial para
o entendimento da história. Dessa forma, consegue
dizer muito em poucas linhas, que nos levam a uma
profunda reflexão.
Através da análise psicológica das personagens
Graciliano revela a situação social de uma época,
logo, os lados social e psicológico estão intimamente
relacionados em sua obra. Os fatores sociais afetam a
subjetividade dos personagens, é a partir disso que
temos o desenvolvimento dos enredos dos romances
do autor. Podemos dizer então que os romances de
Graciliano Ramos são romances sociais introspectivos ou introspectivo-sociais – por isso a preferência
por narrativas em primeira pessoa. Neles o meio e o
ser humano estão completamente envolvidos.
Vamos analisar agora as principais obras de
Graciliano Ramos.
São Bernardo
Publicado em 1934, São Bernardo é um romance
em primeira pessoa, que tem como narrador protagonista Paulo Honório, homem que já fora rico fazendeiro e agora, em completa decadência econômica e
psicológica, narra a história de sua vida.
A história de São Bernardo acontece nos últimos
anos da década de 1920 e início de 1930. São reveladas nessa obra as transformações econômico-socias
e ideológicas ocorridas com a Revolução de 30.
Enredo
Paulo Honório, nos dois primeiros capítulos, no
presente, conta suas dificuldades para conseguir
narrar sua história. Chegou a pedir a colaboração de
alguns conhecidos, logo desistindo de tal ideia.
O atual fazendeiro decadente foi uma criança
órfã, ajudou por algum tempo um cego que o maltratava muito. Das poucas lembranças que tem ficou
guardada na memória a figura da negra Margarida,
única pessoa que lhe deu proteção e a qual, com cerca
de 100 anos no tempo presente, vivia na fazenda dele,
São Bernardo. Quando tinha 18 anos fora preso por
esfaquear um rival em um caso amoroso. Na prisão
aprendeu a escrever e, quando saiu de lá, tomou como
objetivo de vida acumular muito dinheiro.
Fixa-se em Viçosa, região onde se encontra
a fazenda de São Bernardo, local em que já havia
trabalhado e que agora estava “jogado às traças”,
pois seu antigo dono havia morrido e seu filho, Luís
Padilha, não dava a mínima atenção. Paulo Honório
aproxima-se de Padilha, trava uma pseudo-amizade e
lhe empresta dinheiro, devido à vida desregrada economicamente do herdeiro. Pressionado por Honório,
Padilha, já lhe devendo uma quantia considerável, se
vê obrigado a vender a fazenda São Bernardo para o
ambicioso homem.
Em posse das terras, Paulo Honório toma como
primeiras medidas o assassinato do dono das terras ao lado, por este ter invadido territórios de sua
fazenda, e o implemento imediato da modernização
de São Bernardo.
Novo maquinário, novos métodos agrícolas e a
contratação de empregados faz com que a fazenda
prospere rapidamente. Paulo Honório torna-se um
rico fazendeiro e homem politicamente influente da
região. Além disso, constrói uma igreja e uma escola
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5
dentro de São Bernardo, convidando para professor
Luís Padilha, que após a perda das terras começa a
simpatizar com ideais comunistas.
Ciente de sua posição social, Paulo Honório
conclui que estava na hora de ter um herdeiro. Acaba
conhecendo Madalena, jovem professora da cidade,
com quem vem a se casar, selando um ótimo negócio
(para o fazendeiro as pessoas eram mercadorias).
Madalena e sua tia, D. Glória, com quem Honório não simpatiza, vão morar em sua fazenda.
Os problemas não demoram a acontecer. Paulo não
admite o tratamento que Madalena, voltada a ideais
socialistas, dá aos trabalhadores.
Extremamente possessivo, o rico proprietário
começa a ter ciúmes de Madalena. A professora não
suporta mais tal situação. Certo dia Honório encontra
um trecho de uma carta de sua esposa a qual pensa
ser dirigida a um amante. Ele agride Madalena e tira
satisfações, ela, completamente apática nada faz. Na
noite posterior Madalena se suicida e Paulo Honório
vem a descobrir que aquele papel encontrado por
ele era uma das folhas de uma carta de sua esposa
dirigida a ele.
Algum tempo depois, já com São Bernardo
em crise econômica devido às mudanças sociais
ocorridas com a Revolução de 30, com os vizinhos
avançando as cercas das suas terras e os funcionários o pondo na justiça, Paulo Honório encontra-se
sozinho. Indiferente ao que acontece e à presença
do filho que teve com Madalena, começa a escrever
sua história (é nessa situação que ele reconstitui a
história de sua vida).
No triste final da obra, o narrador-protagonista
conclui que se pudesse voltar no tempo acabaria
caindo nos mesmos erros, fracassaria novamente,
por ser um homem bruto.
comunicação, faz com que sejam subjugados pelos
mais poderosos, representados na figura do Soldado
Amarelo e do Patrão.
A falta de comunicação faz também com que
ocorra outro fenômeno: a equalização entre o homem
e o animal. O vocabulário dos meninos faz com que
se comuniquem por sons guturais, não muito mais
desenvolvidos dos que a cadela Baleia produz. Fato
que também revela tal equalização é os meninos
(seres humanos) não possuírem um nome e a cadela
ter um nome próprio. Fabiano e Sinhá Vitória, para
conseguirem complementar com as palavras suas
ideias, fazem gestos, caretas e movimentos de beiço. Fabiano ao longo do romance diversas vezes se
considera um bicho.
Essa condição indefinida, desarmônica, desconjuntada se revela também na estrutura da obra.
Graciliano construiu um romance fragmentário, onde
todos os capítulos, com exceção de “Mudança” e
“Fuga” – respectivamente primeiro e último – não
precisam ser lidos na ordem em que aparecem.
São capítulos mais ou menos independentes que
formam no fim da história um grande painel das
desgraças por que passam os retirantes. O cronista
Rubem Braga classificou Vidas Secas como romance
desmontável.
Fator importante em Vidas Secas é a demonstração de um fenômeno social acontecido ainda na
primeira metade do século XX: a passagem do Brasil
Rural para o Brasil Urbano. A transição de uma estrutura econômico-social de imobilidade para uma
estrutura econômico-social de mobilidade, a qual
Fabiano e sua família irão em busca no último capítulo do romance.
Vidas Secas
A mudança
Fabiano e sua família vão comer um preá que
Baleia capturou. Ele olha para cima e vê nuvens, o
período de seca está acabando, poderá arranjar emprego em alguma fazenda. A esperança chega.
6
Fabiano
Com a chuva, Fabiano consegue emprego numa
fazenda. Sabe que quando a seca voltar será despedido, porque não é um homem, mas um bicho.
Pensa nos filhos, na necessidade de educá-los, de
lhes ensinar a serem vaqueiros como ele.
Cadeia
Fabiano vai fazer compras na cidade, depois de
um desentendimeto, acaba sendo preso pelo Soldado
Amarelo. Na cadeia vê que para pessoas como ele,
(bichos), a esperança não existe.
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EM_V_LIT_015
Vidas Secas, publicado em 1938, narrado em terceira pessoa, utilizando-se muitas vezes do discurso
indireto livre, conta a história de uma família de retirantes – Fabiano, Sinhá Vitória, Menino mais Velho,
Menino mais Novo e a cadela Baleia – e os efeitos da
seca na vida deles. Narrada em terceira pessoa, essa
obra apresenta personagens em deplorável condição
social, econômica e comunicativa.
Tanto Fabiano quanto sua família, por sua
condição social de extremo atraso, desprovidos de
qualquer oportunidade de melhorias em qualquer
aspecto, encontram-se isolados de todos em um
reduzido e primitivo mundo intelectual, que tem
como consequência a escassez comunicativa. Tal
falta de capacidade, para a articulação de ideias e de
Enredo
Sinhá Vitória
Sinhá Vitória sonha em ter uma cama de lastro
de couro (aqui se revela a mediocridade de seus sonhos, tamanha a impossibilidade de realizar algum),
como a de Seu Tomás da Bolandeira.
Lembra do papagaio que tiveram de comer
durante a seca. Considerava-o inútil, pois não falava (observe-se que o motivo do papagaio não falar
devia-se ao silêncio de seus donos).
O Menino mais Novo
Incrivelmente admirado com o talento de seu
pai para domar animais, o menino mais novo tenta
imitá-lo jogando-se em cima de um bode, o qual o
derruba.
É humilhado e ridicularizado pelo irmão. Porém,
sua tristeza logo passa e a fascinação pelo pai volta.
Um dia seria como ele.
O Menino mais Velho
O Menino mais Velho havia escutado uma
benzedeira falar “inferno”. Curioso para saber o
que significava tal palavra, pergunta à sua mãe.
Sinhá Vitória diz que é um lugar muito ruim. Não
conseguindo descrevê-lo para o filho, afasta-o com
um cascudo. Ele sai chorando e vai contar, com sua
escassa linguagem, uma história para Baleia.
Inverno
Com a chuva, o frio e a enchente, a família de Fabiano, à noite, tem de ficar em volta de uma fogueira.
Sinhá Vitória e Fabiano ficam conversando. O Menino
mais Velho tenta entender o que o pai fala, porém,
como não consegue ver as expressões do rosto de
Fabiano, encoberto pela sombra, cansa-se e dorme.
EM_V_LIT_015
Festa
Fabiano e a família vão para festa na cidade com
suas roupas novas. Os meninos impressionam-se
com a quantidade de pessoas e também de coisas
cujos nomes não sabiam. Sinhá Vitória sonha novamente em ter sua cama de lastro de couro. Fabiano
embebeda-se e dorme na calçada.
Baleia
Suspeitam que Baleia esteja com hidrofobia,
por questão de garantia, pela proteção dos meninos,
Fabiano e Sinhá Vitória decidem que ela deve ser
sacrificada. Fabiano a amarra e desfere o tiro, que
atinge a anca de Baleia. A cadelinha, ganindo com
imensa dor fica embaixo de uma carroça onde começa
a perder os sentidos e morre. Sonha com um mundo
cheio de preás (esse capítulo era anteriormente um
conto de Graciliano, e deu origem ao romance Vidas
Secas).
As contas
Fabiano vai acertar as contas com o Patrão.
Recebe menos que havia calculado, sente-se injustiçado, entretanto não reclama com medo de
ser despedido. Pensa em todas as injustiças que já
sofreu. Lembra-se do Soldado Amarelo e do fiscal da
prefeitura que lhe queria cobrar imposto por vender
um porco.
Soldado Amarelo
Um dia Fabiano estava caçando e encontra-se
no meio do caminho com o Soldado Amarelo. Pensa
em vingança. O soldado está completamente amedrontado. Porém Fabiano, incapaz de um gesto contra
a “autoridade”, cede espaço e ensina o caminho para
o soldado.
O mundo coberto de penas
A chegada da seca é anunciada com a vinda
das aves de arribação. Fabiano mata algumas dessas para salgar a carne e preservá-las durante a
viagem obrigatória que fariam com a volta do tempo
adverso.
Fuga
A família de Fabiano deve seguir viagem. Caminhando, vão nutrindo esperanças de uma vida
melhor. Planejam ir para uma cidade grande no Sul,
para lá viverem, envelhecerem e verem seus filhos
bem alimentados e na escola.
Romance de exceção
De todos os romances de Graciliano Ramos, Vi­
das Secas é o único que apresenta, por mais modesta
que pareça, uma visão de esperança, de mudança.
Em romances como São Bernardo e Angústia –
romance que apresenta a degradação psicológica e
a decadência econômica de Luís da Silva, narrador
protagonista – o pessimismo é o que impera.
Vidas Secas é um romance de exceção na obra
de Graciliano Ramos.
Jorge Amado
Jorge Amado de Farias nasceu em 1912 em
Itabuna, região cacaueira localizada no sul da Bahia.
Estudou no Colégio Antônio Vieira, fugindo três
anos mais tarde. Em 1930 ingressou na Faculdade
de Direito do Rio de Janeiro, logo após ingressou no
Partido Comunista. Em 1937 teve seu livro Capitães
da Areia apreendido e queimado. Tal fato tornou-o
conhecido em todo o país. Nos anos de Estado Novo
o escritor viajou por toda a América Latina e Estados
Unidos. Nos anos de 1941 e 1942 viveu em Buenos
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7
Suas principais obras são: O País do Carnaval
(1931); Cacau (1933); Suor (1934); Jubiabá (1935); Mar
Morto (1936); Capitães da Areia (1937); Terras do Sem
Fim (1943); São Jorge do Ilhéus (1944); Seara Vermelha
(1946); Os Subterrâneos da Liberdade (1954); Gabriela
Cravo e Canela (1958); Os Pastores da Noite (1964);
As Mortes e o Triunfo de Rosalinda in Os Dez Manda­
mentos (1965); Dona Flor e Seus Dois Maridos (1966);
Tenda dos Milagres (1970); Teresa Batista Cansada de
Guerra (1972); Tieta do Agreste (1977); Farda, Fardão
e Camisola (1979); O Menino Grapiúna (1982); Tocaia
Grande – A Face Obscura (1984); O Sumiço da Santa
(1988); A Descoberta da América pelo Turcos (1994);
Os Velhos Marinheiros; A Morte e a Morte de Quincas
Berro D’água; A Completa Verdade Sobre as Discu­
tidas Aventuras do Comandante Vasco Moscoso de
Aragão, Capitão de Longo Curso (1961); O Compadre
de Ogun (1995).
Características e temas
8
A obra de Jorge Amado pode ser dividida
em três fases, cada uma referente a uma temática
definida. São elas: o romance proletário, o romance
do ciclo do cacau e o romance (lírico) de costumes.
Essa classificação se aplica adequadamente às obras
mais relevantes do autor, aquelas escritas entre as
décadas de 1930 e 1970. Após essa época escreveu
romances de menor vigor e importância, que pouco
acrescentam à produção anterior.
No romance proletário percebemos a adesão
de Jorge Amado ao comunismo. A utopia comunista, por vezes, ­prejudica os relatos, tornando-os
romanticamente idealizados. Há o estabelecimento
de uma relação maniqueísta entre os personagens,
sendo os integrantes das camadas marginais, vistos
como os homens eticamente superiores. Já os representantes das classes abastadas são apresentados
como vilões.
Fator impressionante, desde as primeiras nar­
rativas de Jorge Amado, é a capacidade que teve
de fixar os tipos das camadas marginais e semimarginais do povo baiano, como malandros, jogadores, vagabundos, prostitutas, meninos de rua,
marinheiros etc., formando um vasto panorama que
possibilita uma visão variada da cultura popular de
seu povo.
Exemplo definitivo dessa fase é o interessante
romance Capitães da Areia, em que vemos os meninos de rua, os “capitães de areia”, sendo completamente idealizados. Eles acabam tendo destinos
surpreendentes, como o caso de Pirulito, que se torna
seminarista, Pedro Bala, o líder dos “capitães” vira
comandante de segurança de uma greve no porto e
Professor torna-se um pintor famoso.
No romance do ciclo do cacau, merece destaque Terras do Sem Fim, obra singular na carreira
do escritor. Aqui Jorge Amado abandona a utopia
comunista para criar um romance de fundo histórico
revelador do mundo cacaueiro das primeiras décadas
do século XX (universo que o próprio escritor, em
sua infância e juventude, viveu). Os personagens
deixam de ser idealizados e passam a representar os
tipos verossímeis existentes na sociedade do cacau.
Coronéis audaciosos, advogados corruptos, jagunços assassinos, prostitutas, aventureiros, arrivistas
formam um amplo panorama social.
Em Terras do Sem Fim vê-se a disputa entre coronéis: a família Badaró, que tem como líder o Sinhô
Badaró, que justifica seus atos violentos através de
interpretações estapafúrdias da Bíblia; e o pérfido e
inescrupuloso Horácio Silveira e seus aliados. Eles
lutam pela Mata de Sequeiro Grande, região ainda
sem dono e com fama de muito fértil para o plantio
de cacau.
Juntamente com a guerra pela Mata do Sequeiro
Grande, o escritor insere os dramas pessoais vividos
por cada personagem. Don’Ana, irmã mais nova da
família Badaró, apaixona-se por um aventureiro. Ester, mulher sentimentalmente solitária e romântica,
esposa de Horácio, mantém um caso extraconjugal
com o advogado Virgílo, que acaba sendo morto a
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EM_V_LIT_015
Domínio público.
Aires e Montevidéu. Em 1946, com a redemocratização, elegeu-se, por São Paulo, deputado estadual.
Firmou-se como o mais popular escritor brasileiro em
1958, com a publicação do romance Gabriela Cravo
e Canela, obra-marco da virada estética de Jorge
Amado. Faleceu em 2001.
mando do coronel. Tais dramas proporcionam momentos líricos numa narrativa que revela a violência
da região de São Jorge dos Ilhéus.
No final da história, Horácio, invade a fazenda
de Sinhô Badaró, que é gravemente ferido, pondo um
fim e estabelecendo um vencedor à disputa.
Os cacaueiros plantados na Mata de Sequeiro
Grande cresceram em apenas cinco anos, veja o
porquê:
Nasciam frutos enormes, as árvores car­
regadas desde os troncos até os mais altos
galhos, cocos de tamanho nunca visto antes, a
melhor terra do mundo para o plantio de cacau,
aquela terra adubada com sangue.
Divulgação Editora Record.
As outras obras do ciclo do cacau são Cacau e
São Jorge dos Ilhéus.
Quanto ao romance (lírico) de costumes
observa-se um gosto pelo popular. As classes populares simbolizam o último reduto de liberdade do ser
humano, o derradeiro local onde uma pessoa pode
ser autêntica, verdadeira, longe das hipócritas convenções estabelecidas pelas classes mais altas. Seus
romances aqui trocam o protesto da primeira fase e a
crítica mais veemente da segunda pelo humor, pelo
erotismo, pela alegria do povo.
o imigrante. Decide casar-se com ela e transformá-la
numa dama da sociedade. Gabriela sente-se presa
nessa condição e acaba traindo-o, sendo flagrada na
cama com o amante. Acontece a separação, porém, a
jovem ainda amava o estrangeiro, Nacib sede e voltam a viver juntos, sem casamento, sem as amarras
das convenções (é a glorificação do amor livre).
No plano sócio-histórico temos a disputa entre
o passado e o futuro, o atraso e o progresso, representado pelas figuras do Coronel Ramiro, símbolo da
velha oligarquia rural e Mundinho Falcão, exportador arrojado e perspicaz, que busca melhoramentos
para a região. O progresso vence, Mundinho Falcão
triunfa. Os tempos mudaram, o porto é construído,
o mundo se abre.
Outra obra muito importante dessa fase, símbolo da malandragem baiana e brasileira é a novela A
Morte e a Morte de Quincas Berro D’água, inseridos
originalmente no livro Os Velhos Marinheiros, juntamente com A Completa Verdade sobre as Discutidas
Aventuras do Comandante Vasco Moscoso de Aragão,
Capitão de Longo Curso.
O exemplar funcionário público aposentado
Joaquim Soares da Cunha, sem explicação, abandona a família, trocando-a pelos bares do subúrbio
e pelas casas de prostituição. Torna-se um legítimo
malandro. Tempos depois, morre, e sua família vem
recuperar o corpo do falecido para voltar a ser o
respeitável cidadão de outrora. Porém, no enterro,
seus amigos suburbanos aparecem oferecendo-lhe
cachaça, que ele aceita sem reclamação, e o levam
ao saveiro de Mestre Manuel. ­Ocorre uma grande
tempestade e Quincas joga-se ao mar, morte que
sonhava ter, pois sempre desejou trabalhar no mar.
Morre novamente, feliz, livre.
Domínio público.
Erico Verissimo
EM_V_LIT_015
Capa de Di Cavalcanti para
Gabriela, Cravo e Canela.
Obra essencial dessa fase, a mais lida de toda
a sua produção, é Gabriela Cravo e Canela. Esse
romance se constitui em dois planos superpostos: o
sentimental e o sócio-histórico.
No plano sentimental temos o caso de amor
entre a jovem retirante Gabriela, que tem cheiro de
cravo e cor de canela e o sírio-libanês Nacib, dono
do bar Vesúvio. Ela se torna cozinheira do bar. Pouco
tempo depois vivem um pacato caso de amor. Entretanto, o jeito espontâneo de Gabriela de lidar com os
homens, que a elogiavam constantemente, incomoda
Erico Verissimo nasceu no ano de 1905, em
Cruz Alta, Rio Grande do Sul. Oriundo de família da
oligarquia rural falida, estudou no colégio Cruzeiro
do Sul, em Porto Alegre. Impossibilitado de cursar
Medicina, pela dificuldade financeira da família, se
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9
Características e temas
A obra de Erico Verissimo pode ser dividida
em duas fases. A primeira fase relaciona-se à vida
dos integrantes da classe média gaúcha. São romances predominantemente urbanos, com algumas
exceções. Interessante nas obras da primeira fase é
a repetição de personagens em diferentes romances.
O casal Clarissa e Vasco estão presentes em Música
ao Longe, Um Lugar ao Sol e Saga. Noel e Fernanda
aparecem em Caminhos Cruzados, Um Lugar ao Sol e
Saga. Esses dois casais acabam travando amizade.
Erico Verissimo utilizou em dois de seus romances – Caminhos Cruzados e O Resto É silêncio – a
técnica do contraponto, criada pelo escritor inglês
Aldous Huxley, na obra O Contraponto, traduzida por
Erico. Tal técnica narrativa consiste na justaposição
de situações e personagens sem um centro narrativo, onde tudo deságue, convirja. O autor faz jogos
temporais. Dessa forma, não há um foco narrativo
estabelecido, mostrando-se simultaneamente diversas faces de uma dada realidade.
A linguagem utilizada pelo escritor se manterá
praticamente a mesma durante toda sua carreira, baseada quase que somente no nível culto, evitando-se
coloquialismos e regionalismos.
A segunda fase da obra de Erico Verissimo começa com a publicação dos romances que compõem
a trilogia O Tempo e o Vento. O escritor volta-se para
o passado gaúcho, passado que em parte viveu em
sua infância, para a partir daí, recompor a história da
formação do estado na perspectiva das elites rurais
sul-rio-grandenses.
10
A obra conta ficcionalmente a história da formação do Rio Grande do Sul pastoril. Tem como tema a
ascensão e a queda política dos grandes estancieiros,
a classe dirigente.
O Tempo e o Vento é composto pelos romances
O Continente, O Retrato e O Arquipélago. Juntos eles
contam duzentos anos da história do Rio Grande
do Sul através dos integrantes das famílias Terra
e Cambará. Diversos personagens participam dos
acontecimentos históricos mais relevantes ocorridos
no estado e no Brasil. O Capitão Rodrigo Cambará
(O Continente), por exemplo, participa da Revolução
Farroupilha e o Doutor Rodrigo Cambará (O Arqui­
pélago), bisneto do capitão, torna-se um dos líderes
da Revolução de 30.
Essa obra apresenta simultaneamente uma visão épica – a saga – da formação de um povo e uma
visão crítica contra a violência utilizada para a história tomar seu rumo. Dessa forma, ao mesmo tempo
que a coletividade é apresentada como corajosa e
heroica, é revelado seu lado violento e sanguinário.
Erico Verissimo sempre foi um pacifista.
A narrativa é em terceira pessoa, narrador onisciente, apenas em alguns capítulos de O Arquipélago
temos a narração em primeira pessoa. A linguagem,
apesar de se tratar de um tema com localização
muito bem definida, não é regional. Erico evita expressões regionais, utilizando-as somente às vezes,
geralmente na voz de personagens integrantes das
camadas populares.
O Tempo e o Vento tem uma quebra da linearidade cronológica. O autor permeia capítulos de uma
data mais avançada entre os demais. Veja o que
acontece em O Continente. Tal romance abrange um
período que se estende do ano de 1745 – época das
formações jesuíticas – até 1895 – período da Revolução
Federalista. Porém, não apresenta os acontecimentos
cronologicamente lineares. Ele faz o contraponto
temporal. Como isso se dá? O Continente é dividido
em sete capítulos, o capítulo “O Sobrado”, cronologicamente o último, é fragmentado em sete partes,
inserindo-se entre os demais capítulos. A ordem fica
assim: “O Sobrado I”, “A Fonte”, “O Sobrado II”, “Ana
Terra”, “O Sobrado III”, e assim por diante.
O Continente
Essa obra abrange 150 anos de história do Rio
Grande do Sul. É o romance que revela o estabelecimento de fronteiras do estado e a formação identitária do povo. A construção dessa identidade se dá a
partir das figuras mais representativas da narração,
destacando-se Ana Terra e o Capitão Rodrigo Cambará. Os Terra são os personagens pacíficos, centrados,
aqueles que se estabelecem, que permanecem na
terra. Já os Cambará são os impulsivos, guerreiros,
lutadores, aqueles que vão à guerra lutar pela fixação
da fronteira.
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EM_V_LIT_015
vê obrigado a retornar para Cruz Alta e ajudar na
administração da farmácia que haviam adquirido. Em
suas mãos, a farmácia faliu. Em condições financeiras precárias, vem com a esposa para Porto Alegre
no final da década de 1930. Um ano mais tarde, começa a trabalhar na Editora Globo como tradutor e
revisor. Na década de 1940 vai aos Estados Unidos,
onde leciona Literatura Brasileira na Universidade
da Califórnia. Ainda nessa década, estreia a trilogia
O Tempo e o Vento, sua obra-prima. Erico Verissimo
dividiu com Jorge Amado a preferência do público
leitor brasileiro. Faleceu em 1975.
Suas principais obras são: primeira fase – Cla­
rissa (1933); Caminhos Cruzados (1935); Música ao
Longe (1935); Um Lugar ao Sol (1936); Olhai os Lírios
do Campo (1938); Saga (1940); O Resto É Silêncio
(1943). Segunda fase – O Tempo e o Vento (19491961); Noite (1954); O Senhor Embaixador (1965); O
Prisioneiro (1967); Incidente em Antares (1971); Solo
de Clarineta (memórias, 1973).
O nome O Continente não é por acaso, continente significa literalmente “aquilo que contém”, logo,
na obra tem um sentido de constituição, de formação,
de aglutinação de um povo.
O Retrato
O Retrato centra-se na figura do jovem doutor
Rodrigo Cambará, filho de Licurgo Cambará, que
lutou na Revolução Federalista. Rodrigo é um jovem
idealista, recém-formado na Faculdade de Medicina
de Porto Alegre.
Nesse romance temos demonstrada a transformação acontecida nas elites rurais gaúchas. Rodrigo
é um homem sofisticado proveniente de um meio
rústico. É o caudilho ilustrado.
O Retrato narra fatos acontecidos no período
entre 1909 e 1915 e significa a fixação, a definição
de uma estrutura social.
O Arquipélago
O Arquipélago abrange um período que vai de
1922 a 1945, centrando-se no período da Era Vargas
(1930-1945). O doutor Rodrigo Cambará, antes um
homem correto, torna-se um hipócrita, deixando-se
ser corrompido pelo Estado Novo, de ideologia contrária a seus antigos valores.
O romance tem também como protagonista
o escritor Floriano Cambará (filho de Rodrigo),
alter ego de Erico Verissimo. Floriano percebendo a
fragmentação de sua família em ilhas (que formam
um arquipélago), busca através da arte recuperar o
passado, como único meio de manter viva a memória dos Terra-Cambará. Para isso decide escrever
um romance. No último parágrafo descobrimos que
esse romance é O Tempo e o Vento, pois o parágrafo
inicial de O Continente é idêntico ao último de O
Arquipélago (parágrafo este que está sendo escrito
por Floriano).
Era uma noite fria de lua cheia. As estrelas
cintilavam sobre a cidade de Santa Fé, que
de tão quieta e deserta parecia um cemitério
abandonado.
Incidente em Antares
Após o sucesso de O Tempo e o Vento, Erico
deixa um pouco de lado a temática rural com os romances Senhor Embaixador e O prisioneiro. Porém,
em 1971, retorna ao mundo rural com Incidente em
Antares, seu último romance.
Dessa vez, a narrativa assume um tom crítico,
irônico e bem-humorado. Na primeira parte, temos
uma espécie de crônica histórica da cidade de Antares e as disputas entre as duas famílias de poder,
os Campolargo e os Vacariano. Na segunda parte,
temos a greve dos coveiros. Em consequência disso,
sete mortos ficam insepultos. Eles retornam à cidade
e em praça pública revelam todos os “podres” dos
poderosos. A razão de serem defuntos os acusadores deve-se ao fato de que, como estão mortos,
não devem mais nada a ninguém, não sofreriam as
consequências do que dissessem.
Na verdade essa obra critica veementemente a
ditadura no Brasil. Podemos classificar tal obra como
romance político.
1. (FCC-SP) A obra de Jorge Amado, em sua fase inicial,
aborda o problema da:
a) seca periódica que devasta a região do Piauí.
b) decadência da aristocracia da cana-de-açúcar
diante do aparecimento das usinas.
c) luta pela posse da terra na região cacaueira de
Ilhéus.
d) vida nas salinas, que destrói paulatinamente os trabalhadores.
e) aristocracia cafeeira, que se vê à beira da falência
com a crise de 19.
``
Solução: C
O tema pela posse de terras na região cacaueira de Ilhéus
é abordado no romance Terras do Sem Fim.
EM_V_LIT_015
Assim o autor revela-nos o sentido cíclico da
obra, leia a epígrafe, retirada da Bíblia, de O Tempo
e o Vento.
Uma geração vai, e outra geração vem;
porém a terra para sempre permanece. Nasce
o Sol, e põe-se o Sol, e volta ao seu lugar donde
nasceu. O vento vai para o sul, e faz o seu giro
para o norte; continuamente vai girando o vento,
e volta fazendo os seus circuitos.
Eclesiastes – I, 4, 5, 6.
2. (Elite) “Buenas e me espalho, nos pequenos dou de
prancha e nos grandes dou de talho.”
Vimos na fala do personagem Rodrigo Cambará
a forte influência da língua espanhola no linguajar
do gaúcho. Isso se deve ao fato de o estado do
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11
b) Com qual tipo de variação linguística o texto
está lidando?
``
Solução:
Uruguai e Argentina.
Variação Diatópica.
1. (PUC-Rio) Na obra de José Lins do Rego, o memorialismo da infância e da adolescência é apresentado numa
linguagem de:
a) forte e poética oralidade.
b) límpida e perfeita correção gramatical.
c) pesada e imitativa fala regional.
d) fiel e disciplinada sintaxe tradicional.
e) original e reinventada expressão prosaica.
2. (FCC) Em 1928, a publicação de uma obra de José
Américo de Almeida abre caminhos para o romance
regionalista, que o Modernismo iria desenvolver largamente. Trata-se de:
a) A Bagaceira.
b) Luzia-homem.
c) Porto Calendário.
d) Cangaceiros.
e) Caetés.
3. (UEL) A primeira manifestação da moderna literatura
regionalista brasileira representa-se na obra de ___ com
o romance ___, que inaugura a prosa modernista.
a) Mário de Andrade – Macunaíma .
b) José Lins do Rego – Menino de Engenho.
c) Rachel de Queiroz – O Quinze.
d) José Américo de Almeida – A Bagaceira.
e) Jorge Amado – Mar Morto.
12
4. (UFRGS) “As terras de Santa Rosa andavam léguas e
léguas de norte a sul. O velho José Paulino tinha este
gosto: o de perder a vista nos seus domínios. Gostava
do descansar os olhos em horizontes que fossem seus.
Tudo o que tinha era para comprar terras e mais terras.
herdara o Santa Rosa pequeno, e fizera dele um reino,
rompendo os seus limites pela compra de propriedades
anexas. Acompanhava o Paraíba com várzeas extensas
e entrava caatinga adentro.”
Assinale a alternativa correta correspondente ao texto
acima.
a) Trata-se do romance A Bagaceira, de José Américo
de Almeida, no qual o narrador retrata a vida num
grande engenho de açúcar num período de seca.
b) O trecho acima é do romance Vidas Secas, de Graciliano Ramos; o narrador é Fabiano, um retirante
que, junto com a família, procura sua sobrevivência
e reflete sua infância.
c) Trata-se de um trecho do romance Menino de Engenho, de José Lins do Rego; o narrador é Carlos
de Melo, que relembra sua infância vivida no engenho do avô.
d) O autor desse trecho é Erico Veríssimo, que narra,
em Solo de Clarineta, suas memórias, lembrando
sua menina junto ao avô.
e) O trecho acima pertence ao romance O Quinze, de
Rachel de Queiroz, no qual o narrador descreve o
conflito vivido pela personagem Conceição, dividida entre o amor por um proprietário rural e a luta
contra a miséria dos sertanejos.
5. (Fatec) O trecho a seguir foi extraído da terceira parte
do romance Fogo Morto, de José Lins do Rego.
“Nunca mais que cabriolé de seu Lula enchesse as
estradas com a música de suas campainhas. A família do
Santa Fé não ia mais à missa aos domingos. A princípio
correra que era doença no velho. Depois inventaram que
o carro não podia rodar, de podre que estava. Os cavalos
não aguentavam mais com o peso do corpo.”
Sobre essa obra, podemos afirmar que:
a) o romance é o retrato da desintegração de seres
humanos, da decadência de uma sociedade na
sub-região açucareira do nordeste brasileiro. O
encerramento das atividades do engenho Santa fé
representa o fim de uma estrutura econômica.
b) o romance chama-se Fogo Morto porque aborda o
problema das queimadas nas plantações de cana
de açúcar.
c) Fogo Morto enfoca viagem de uma família nordestina que foge da seca em busca de um lugar melhor
para sobreviver.
d) em Fogo Morto, José Lins do Rego afasta-se do
regionalismo que marcou suas obras anteriores –
Menino de Engenho, Doidinho, Banguê, Moleque
Ricardo e Usina.
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EM_V_LIT_015
Rio Grande do Sul estabelecer fronteiras de língua
espanhola, que exerceram forte influência na sua
região.
Responda.
a) Quais são os países que fazem fronteira com o
estado mais ao sul do Brasil?
e) o romance é dividido em três partes. Na parte final,
o engenho Santa Fé é destruído por um incêndio
provocado pelo cangaceiro Antonio Silvino.
6. (UFG) Obras como A Bagaceira, Menino de Engenho,
Terras do Sem Fim, entre outras, representam uma corrente de ficção moderna que:
a) explora o registro de costumes locais e a opção
pela crítica e pelo engajamento – atitudes suscitadas por necessidades próprias de certas regiões
brasileiras.
b) insiste sobre a estranheza das relações entre os
homens, na fronteira indefinida entre o moral e o
aberrante.
c) joga com os planos do presente e do passado armando símbolos que os unificam.
d) realiza um meio-termo entre a crônica de costumes
e a notação intimista.
e) reúne uma pluralidade de tendências filosóficas,
científicas, sociais e literárias, advindas do Realismo/Naturalismo.
7.
(FCC)
“A influência que o meio rude exerce no espírito infantil,
como preparo para a vida, lhe dá uma lição de coisas
que ele não esquece mais. Largado no mundo rural,
sem pai e sem mãe, o herói deste belo romance vive na
infância toda a experiência do nordeste sertanejo. Nem
lhe falta o contato com o cangaceiro.”
No trecho acima está se considerando uma das obrasprimas do regionalismo modernista:
a) Capitães de Areia, de Jorge Amado.
b) Os Sertões, de Euclides da Cunha.
c) São Bernardo, de Graciliano Ramos.
d) Menino de Engenho, de José Lins do Rego.
e) Menino Antigo, de Carlos Drummond de Andrade.
8. (Fuvest) “O ‘herói’ é sempre um problema: não aceita o
mundo, nem os outros, nem a si mesmo. Sofrendo pelas
distâncias que o separam da placenta familiar ou grupal,
introjeta o conflito numa conduta de extrema dureza que
é a sua única máscara possível.”
O retrato de herói que o texto delineia ajusta-se à
personalidade:
a) do cético e um tanto cínico Brás Cubas.
b) do valente e fiel Poti.
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c) do covarde e vingativo Toríbio Todo.
9. (UFRGS) Considere as seguintes afirmações.
I. Incidente em Antares remete aos primórdios da
história sul-rio-grandense para narrar as origens
agropecuárias de Antares, cidade que assiste impotente, já sob o regime militar iniciado em 1964,
ao insólito e nauseante ressuscitar de alguns mortos insepultos.
II. A segunda parte do painel O Tempo e o Vento, O
Retrato, expõe a trajetória do jovem e ambicioso médico Rodrigo Terra Cambará, marcada por eventos
sobrenaturais, tais como a aparição dos antepassados Ana Terra, recém-estuprada por castelhanos
de maus bofes, e Capitão Rodrigo, devidamente
pilchado e farreante.
III. A terceira parte do painel O Tempo e o Vento, O
Arquipélago, tem por fio condutor, no presente da
narrativa, a doença e a agonia de Rodrigo Terra
Cambará, que voltou à sua terra natal, Santa Fé,
depois de ter gozado poder e glória na capital da
República junto ao ditador Getúlio Vargas.
Quais estão corretas?
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas I e III.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.
10. (FCC) O romance regionalista nordestino que surge
e se desenvolve a partir de 1930, aproximadamente,
pode ser chamado “neorrealista”. Isso se deve a que
esse romance:
a) retoma o filão da temática regionalista, descoberto
e explorado inicialmente pelos realistas do século
XIX.
b) apresenta, por meio do discurso narrativo, uma visão realista e crítica das relações entre as classes
que estruturam a sociedade do Nordeste.
c) tenta explicar o comportamento do homem nordestino, com base numa postura estritamente científica, pelos fatores raça, meio e momento.
d) abandona todos os pressupostos teóricos do Realismo do século passado, buscando as causas do
comportamento humano mais no individual que no
social.
e) procura fazer do romance a anotação fiel e minuciosa da nova realidade urbana do Nordeste.
d) do desconfiado e autoritário Paulo Honório.
e) do atormentado e penitente Augusto Matraga.
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1. A
2. A
3. D
4. C
5. A
6. D
7.
D
8. D
9. C
14
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10. B
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LITERATURA - Vestibular UERJ