IMPRESSO Vida Missionária ANO XV - No. 54 - Junho - Julho - Agosto / 2009 Uma Publicação Conjunta dos Missionários do Verbo Divino e das Missionárias Servas do Espírito Santo N Polikarpus Rangga ossa Senhora ocupa um lugar especial no coração do povo brasileiro. Nas horas difíceis somente uma mãe como Maria para nos proteger. Uma mãe da cor de nossa gente, Nossa Senhora Aparecida é a companheira de todas as horas. A religiosidade faz parte da vida de cada dia.Está presente na música, nas rezas, nas procissões, nas crendices e nas festas religiosas. Às vezes tudo anda misturado, pois a fé e a vida não se separam... Mostram o quanto Deus é importante, e os santos também!As festas juninas, com bandeirinhas coloridas e o som alegre das quadrilhas, tem cheiro de pipoca e quentão. Procissões e festas do padroeiro... Isso está na raiz do povo que se agarra em Deus, pede força para o caminho e ainda faz quermesse para ajudar os que passam necessidade. É isso aí, quem ama a Deus e os santosé solidário com os que sofrem! Página 3 missionaria 54.pmd NOVOS PADRES Até o final de julho serão sete novos sacerdotes enviados em missão Pág. 2 PELO MUNDO Campanha Missionária Verbita deste ano é para ajudar a população do Zimbabwe Pág. 5 JUSTIÇA E PAZ Romaria protesta contra construção de presídio no Vale do Ribeira (SP) Pág. 7 VOCAÇÕES Como se faz a animação vocacional nas três congregações da Família Arnaldina Pág. 4 MÚSICA E CULTURA As letras das músicas expressam o que acontece com os jovens e com a cultura Pag. 6 MISSÃO NA TANZÂNIA Pe. José Eudes partilha seu trabalho missionário junto ao povo massai Pág. 8 1 5/6/2009, 22:01 Vida Missionária 2 • Junho - Julho - Agosto / 2009 FAMÍLIA ARNALDINA Espaço do Leitor SVD ordena 7 novos padres N EDITORIAL EDITORIAL Pe. Cristóvão ergue suas mãos ungidas em sinal de benção a todos que participaram de sua ordenação sacerdotal na vila das Belezas (SP) nou para completar os estudos. No momento Pe. Cristóvão está esperando o visto para ser enviado à Colômbia. “Tudo tem sido muito gratificante para mim, pois conquistei um lugar no mundo onde posso transformar sonhos em realidade e fazer minha parte na vida daqueles (as) que Deus por em meu caminho” - afirma com entusiasmo. Giro pelas Províncias Compromisso Vocacional Esta edição traz dois temas importantes para a ação missionária do povo de Deus nas comunidades: a religiosidade popular e a promoção vocacional. O povo brasileiro possui uma fé muito viva e ao longo do tempo adaptou as tradições religiosas vindas de Portugal e de outros lugares à sua maneira própria de festejar e expressar seu amor a Deus, aos santos e a Nossa Senhora. Junho é particularmente rico no calendário popular com as festas juninas. Nas comunidades sempre há quermesse, quadrilha, e muitos comes e bebes em torno das festas de Santo Antônio, São João e São Pedro. Acolher os festejos populares como expressão da alma do povo e aprofundá-los como oportunidades de vivenciar o mistério do amor de Deus e da salvação faz parte do nosso compromisso missionário e de diálogo com a cultura. Mas, para animar a festa da vida, precisamos cuidar das vocações e, como agosto é o mês vocacional, trouxemos algumas reportagens sobre a promoção vocacional na Família Arnaldina. Trabalhar para que haja mais vocações religiosas, sacerdotais e missionárias faz parte do seguimento de Jesus. Ele mesmo disse: “a messe é grande e os operários são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da messe que envie operários” (Mt 9,37-38; Lc 10, 2). Rezar pelas vocações, divulgar o trabalho dos e das missionárias e convidar os jovens para conhecer mais de perto as diversas possibilidades de responder ao chamado de Jesus é parte integrante de nossa missão cristã. Que tenhamos o coração aberto para perceber, acolher e apoiar todos aqueles e aquelas que sentem dentro de si o chamado a servir e contribuir para que este mundo seja melhor. missionaria 54.pmd “Que o Espírito Santo conduza sempre o trabalho de vocês e toque o coração de todos os leitores para que o espírito missionário cresça e se fortaleça sempre mais através do Jornal Vida Missionária.” Ir. Maria Elizabeth – Missionárias Servas do Espírito Santo da Adoração Perpétua , Ponta Grossa (PR). Arquivo: SVD este primeiro semestre já foram ordenados cinco sacerdotes e até final de julho serão ordenados mais dois, num total de sete novos padres verbitas a serviço da missão no Brasil e no mundo. Foram ordenados os padres Anderson Luís de Souza, Ademar Lino de Souza, Cristóvão Gonçalves, Cláudio Alberto Eichinger e Antônio da Rocha Monteiro. Em breve será a vez de William Paiva que receberá a ordenação sacerdotal em Ibipeba, (BA) no dia 18 de julho, e de Wagner Apolinário, dia 25 de julho em Belo Horizonte (MG). Pe. Cristóvão, um dos neo-sacerdotes, é natural de Pirpirituba (PB), e foi ordenado dia 07 de março, na Vila das Belezas, em São Paulo (SP). Em depoimento ao Vida Missionária ele conta um pouco de sua luta para realizar sua vocação. Aos 16 anos Cristóvão deixou sua família e sua comunidade e partiu para São Paulo em busca de sobrevivência. Em 1998 entrou para o propedêutico em Araraquara, dando início à sua formação. Passou por todas as etapas: a filosofia, o noviciado e a teologia. Fez experiência missionária de dois anos no Paraguai e depois retor- 2 “Trabalho com grupo de jovens, pastoral social e com o sindicato dos trabalhadores rurais. Recebo a algum tempo o jornal e ele tem me ajudado muito no meu conhecimento religioso e missionário. Ele traz um conteúdo muito rico para nos manter informados e as mensagens são verdadeiras reflexões espirituais e solidárias com o povo sofrido. Para mim o jornal é uma luz que nos ilumina e nos leva à partilha, ao amor e a harmonia. Nos ajuda a sermos fraternos e nos mostra Deus como guia.” Edinaldo dos Santos Pinheiro (Tuca), 24 anos. Oriximiná (PA). “Quero parabenizar à Família Arnaldina por este instrumento de divulgação da Justiça e Paz que é o Jornal Vida Missionária. Neste período em que refletimos o tema da Campanha da Fraternidade 2009 o Vida Missionária trouxe para dentro do nosso lar mais riquezas para podermos aprofundar. Pelos exemplos de trabalhos dos padres verbitas e das Irmãs SSpS no mundo inteiro, vemos que já estão cultivando o espírito de Paz e Justiça. Lendo o jornal posso sentir que os missionários e missionárias estão preparados, capacitados e prontos para semear boas sementes no imenso campo da Evangelização.” Maria Yuriko Matsuoka, Indaiatuba (SP). Escreva para nós : S p SS Tempo de eleições As Missionárias Servas do Espírito Santo estão em discernimento para a eleição da nova equipe de coordenação que irá dirigir cada uma das duas províncias no Brasil durante os próximos três anos. O processo de escolha é feito com a participação de todas as irmãs e é um momento importante para a vida da congregação. Os resultados deverão sair até final de julho. Envie sua carta ou e-mail para: Jornal Vida Missionária Rua São Benedito, 2146 São Paulo - SP Cep 04735-004 [email protected] Encontro das Escolas Acontecerá em São Leopoldo (RS), de 13 a 17 de julho próximo, o III Encontro das Escolas MSSpS com o tema “Educar é Vida... É criar Comunhão”. O encontro reunirá cerca de 150 pessoas entre irmãs e educadores leigos e leigas que trabalham nas escolas ligadas às Servas do Espírito Santo em todo o Brasil. Colégio de Canoas celebra Jubileu O Colégio Espírito Santo de Canoas (RS) comemorou 50 anos de existência com festa e celebração reunindo a comunidade educativa e as missionárias Servas do Espírito Santo que participaram de sua história desde a fundação. Estudantes promovem “Um Dia pela Paz” Aconteceu no dia 7 de junho no Colégio Espírito Santo, em São Paulo (SP), o evento Um dia pela Paz promovido pela Associação Palavra Viva e os estudantes de Relações Públicas da Universidade Metodista. O encontro que tratou sodre a temática das migrações apontou para a necessidade de políticas públicas e encerrou com um ato ecumênico e inter-religioso. D SV Juventude nas pegadas do Verbo A comunidade verbita Brasil Centro está organizando uma romaria com os jovens das paróquias da província e outras do Vale do Ribeira. O tema é: Juventude nas Pegadas do Verbo. A Romaria acontecerá no dia 04 de Outubro de 2009 na cidade de Iguape (SP) informações com Pe. Jaime Gato, tel.(11) 5181 9655 ou pelo e-mail jaimemmsss@ yahoo.com.br . Semana Vocacional A Paróquia São Sebastião em Barra Mansa (RJ) vai realizar uma Semana Vocacional e de Animação Missionária de 27 de julho a 02 de agosto para celebrar os 80 anos de sua fundação. A programação prevê, entre diferentes tipos de atividades, de cinco a sete celebrações eucarísticas diárias distribuídas entre as 44 comunidades da paróquia. Óbidos recebe novo bispo Óbidos (PA) com seus 181.308,49 Km 2 é uma das maiores prelazias do mundo e estava sem bispo há quatro anos. Depois da longa espera a população de Óbidos recebeu com muita alegria a Dom Bernardo Ballman, franciscano que trabalhava no centro de São Paulo e que foi ordenado no dia 09 de maio, na Alemanha. Sua posse aconteceu no dia 23 de maio. 5/6/2009, 22:01 Vida Missionária O Jornal da Família Arnaldina [email protected] Editado pelos Missionários do Verbo Divino e pelas Missionárias Servas do Espírito Santo Conselho Superior Pe. Djalma Antônio da Silva SVD-BRN Pe. Joachim Andrade SVD – BRS Pe. José Boeing SVD – Região Amazônica Ir. Maria de Fátima Kapp - SSpS - BRS Ir. Maria Inês de Aragão SSpS-BRN Pe. Miguel McGuinness SVD - BRC Conselho Editorial Província Verbita Brasil Norte: Pe Hélcio Nunes Grespan Valda Nazareno Província Verbita Brasil Sul: Pe. Edward Fernandes Pe. Alexandre Nogueira Província Verbita Brasil Centro: Pe. Manh Le Hong Ir. Moacir José Rudnick Região Amazônica: Pe. Aparecido Luiz de Souza Pe. José Mapang Província SSpS Brasil Norte: Ir. Ana Elídia Caffer Neves Província SSpS Brasil Sul: Ir. Eva Bueno Editora e Jorn. Responsável Ir. Ana Elídia Neves, MTB 20.383 Diagramação e Arte Gráfica Unisind (11) 3806-0424 Redação e Revisão José Manoel Rodrigues - MTB 19.188 Tiragem 25.500 exemplares Impressão Gráfica Unisind (11) 3806-0424 Vida Missionária 3 • Junho - Julho - Agosto / 2009 RELIGIOSIDADE POPULAR Solidariedade marca festejos juninos Comunidades se unem em favor dos mais pobres, ao comemorar os seus padroeiros. S ão Pedro, são João, santo Antônio... O mês de junho entra no calendário de milhões de brasileiros como a estação das festas que misturam religiosidade e diversidade cultural. Nas comunidades, em pequenas e grandes cidades, é a oportunidade de rezar juntos, de organizar novenas e envolver afetivamente as pessoas, visitando famílias, enfeitando ruas, tornando o espaço público menos impessoal. A solidariedade está entre os valores promovidos na celebração dos santos em junho. O apelo para que isso aconteça sensibiliza o povo, de modo especial em relação aos necessitados. Este ano há uma preocupação maior com as vítimas de catástrofes naturais, como no Nordeste. A CNBB e a Cáritas realizaram campanhas para socorrer as famílias atingidas pelas fortes chuvas no Piauí e em Pernambuco, entre outros estados da região. As campanhas de arrecadação de alimentos, roupas e utensílios ganharam espaço nos festejos juninos, em Apesar da perda das raízes culturais na vida das grandes cidades os santos do mês de junho ainda estão muito presentes na vida dos brasileiros dado nesta época, por meio das santas missões populares, que se revestem das cores e sabores juninos, não só no Nordeste, mas no cotidiano das famílias ribeirinhas do Norte do Brasil. Grandes romarias e gestos de profunda caridade marcam a peregrinação de comunidades inteiras, em longas todo o País. O povo se sensibilizou em ajudar e a solidariedade é essencial ao fazer memória de mártires como João, Pedro e Tiago. É, no fundo, uma maneira de imitar ou seguir o exemplo de compaixão e aliança com os marginalizados. O tema da solidariedade é aprofun- Tradição muda com o inchaço das grandes cidades jornadas por terra, rios e mares. O nordestino procura Juazeiro, em honra de Padre Cícero, no Ceará; o povo da região amazônica converge para a festa do Círio de Nazaré, em Belém; enquanto a Basílica da mãe Aparecida, em São Paulo, é parada obrigatória no centro-sul. Para refletir em grupo: Que significados estas festas alimentam entre os jovens e os adultos de sua comunidade? Que valores promovem? Você compartilha da preparação de quermesses e outros eventos em seu bairro? Por quê? A sua comunidade vivencia a memória dos santos nos festejos populares? De que maneira? A economia que gira em torno de São João Odair / Paróquia São Marcos No Brasil, as festas juninas definiram um grande roteiro turístico, capaz de ativar economicamente cidades como Recife e Caruaru, ambas em Pernambuco. A indústria da festa gera empregos e também a corrida pelo lucro. É talvez o lado menos positivo dos festejos juninos. É preciso dinheiro para se adequar à “moda caipira”, comprar roupas, freqüentar os lugares mais badalados... Por outro lado, é também o mo- mento em que milhares de migrantes revêem a família, fazendo sacrifícios para retornar à terra natal por um bom motivo: a saudade. As rodoviárias de São Paulo e Rio de Janeiro apresentam estatísticas que comprovam o esforço feito por estas pessoas: o mês de junho é o que mais registra partidas e chegadas depois do período natalino, em dezembro. O fato segue inalterado há muitos anos, mesmo em períodos de crise. Desde que populações inteiras começaram a se deslocar em direção ao Rio de Janeiro e São Paulo, nos anos 50, observa-se o fenômeno de desenraizamento, ou seja, perda da identidade com a terra e os costumes do rincão natal. Para os estudiosos das manifestações populares, o fato também tem a ver com o inchaço das grandes cidades e resultou no empobrecimento da celebração das festas religiosas. São João, são Pedro, santo Antônio não seriam mais comemorados como antes, em municípios ou distritos populosos. Restaram então as quermesses, principal ponto de referência da memória junina em muitas vilas e bairros. A tradição estaria reduzida às demonstrações de danças e da culinária, sem abandonar totalmente a devoção aos missionaria 54.pmd 3 santos padroeiros. Os mais críticos acham que a fé propagada por estas manifestações não adquire a devida profundidade. Quem participa delas teria perdido o verdadeiro sentido de uma prática religiosa em comunidade. Mas há que se ressaltar o papel destas quermesses para a sobrevivência de um sem número de paróquias e para a manutenção de obras sociais. Festas como a de Nossa Senhora Achiropita e São Vito, em São Paulo, realizadas nos finais de semana, são suficientes para prover o sustento de projetos o ano inteiro. O desafio é como resgatar a pureza e alegria dos festejos, com o objetivo de promover os valores do Evangelho: unir as comunidades em torno dos ideais de Jesus. Arquivo Além das festas juninas é comum a comemoração dos santos padroeiros, a devoção à Nossa Senhora e muitas outras formas de devoção popular. A dança de quadrilha, as comidas típicas, as fogueiras de são João e as quermesses ajudam as comunidades a se encontrarem e a manterem suas tradições. 5/6/2009, 22:01 Vida Missionária 4 • Junho - Julho - Agosto / 2009 ANIMAÇÃO VOCACIONAL Ajudando os jovens a descobrir a vocação O Serviço de Animação Vocacional vai muito além do trabalho de divulgação do carisma missionário das congregações arnaldinas. Há, em primeiro lugar, o compromisso do diálogo junto às comunidades, no sentido de revelar a dimensão missionária perpassando as escolhas de vida, sejam elas no campo religioso ou profissional. Este cuidado especial, sobretudo em relação aos jovens, aponta para a importância do trabalho desempenhado nas bases, por agentes da Animação Missionária e de Pastoral Vocacional. Ir. Sirley Fátima Weber, animadora vocacional da província Brasil Sul, mostra o quanto é abrangente o espectro de atuação destes agentes: “Há uma ação continuada de visitas às famílias e de preparação e execução dos cursos vocacionais, inclusive os que ocorrem à distância”. Ir. Sirley diz que são preparados 18 encontros por correspondência. “Os jovens recebem este material, estudam, fazem avaliação e depois o devolvem. O animador responde e neste processo ajuda o jovem a clarear a opção pela vida religiosa ou por outro caminho de realização pessoal”. O Serviço de Animação Vocacional é feito em conjunto entre as Servas do Espírito Santo e Verbo Divino. Uma das atividades, de acordo com Ir. Sirley, é a visita às escolas, através das quais já foram feitos 3.600 contatos com jovens do ensino médio só neste ano. O vídeo é um dos recursos utilizados na abordagem dos estudantes, a fim de motivar a reflexão em sala de aula. “Algumas perguntas são freqüentes por parte dos jovens. Eles sentem curiosidade em relação ao modo de vida de religiosos (as) e suas atividades”, afirma Ir. Sirley. O trabalho tem continuidade também nas paróquias e comunidades - “procuramos realizar encontros nos finais de semana para apresentar a congregação, o fundador e a espiritualidade”. Manh Le Hong Conheça o caminho que leva à formação para a vida religiosa nas três congregações arnaldinas A presença junto aos jovens e adolescentes é essencial para a Animação Vocacional pois é nessa etapa da vida que se dá o despertar para a vocação Ir. Maria Eucharistica celebrou seus votos perpétuos em maio após uma caminhada vocacional de muita busca A maneira como Elis Baumel conheceu a congregação das Missionárias Servas do Espírito Santo da Adoração Perpétua, no interior do Paraná, se repete na vida de muitas jovens que, inquietas quanto à própria voca- ção, procuram dar um passo arrojado na sondagem de si mesmas. Elis, que hoje é a Ir. Maria Eucharistica, fez uma experiência de algumas semanas no convento das irmãs, quando tinha 18 anos. Gostou, mas ainda não se sentia madura para assumir a vida religiosa. Ela voltou para a família, continuou os estudos - formando-se em Agronomia - e em seguida começou a lecionar em uma Escola Agrícola de Ponta Grossa (PR). O fator determinante para a opção que viria a fazer é que Elis não deixou de lado a sua participação na Igreja. Permaneceu como membro ativo, o que favoreceu a escuta do chamado vocacional. Este chamado continuou repercutindo, atraindo-a para a vida contemplativa. Isto aconteceu, enfim, em 2001. No último dia 17 de maio, ocorreu a celebração dos votos perpétuos de Ir. Maria Eucharistica, em Ponta Grossa. O papel das irmãs, no contexto missionário de sua congregação, é para ela o apoio à Igreja e aos sacerdotes através das orações e sacrifícios do dia-a-dia. Retiro antecede tomada de decisão Arquivo SSpS Arquivo SSpSAP Jovens buscam vida contemplativa Na sequência dos encontros e dos cursinhos por correspondência, o próximo passo é o retiro de discernimento, acompanhado pela equipe de formação. Nesse retiro, eles decidem se querem entrar na congregação ou se desejam continuar a refletir, antes de tomar uma decisão. Falando pelas Servas do Espírito Santo, Ir. Sirley (foto) diz que é um gran- de desafio o trabalho de animadora, “porque a proposta da sociedade vai na direção contrária. Você apresenta valores que, aos olhos da sociedade, são contra-valores”. Uma dificuldade, para ela, é a falta de apoio da família, que não quer e vê a opção da filha como uma perda. “Outras vezes é a jovem que tem vergonha de se expressar no meio dos colegas”, diz Ir. Sirley. “Precisamos ser mais ousados e ter a coragem de fazer como Jesus, de formular o convite do vem e segue-me”. O tema vocacional chega às escolas verbitas junto com a formação humana que perpassa o aprendizado geral. O Pe. Alexandre Antônio Nogueira, SVD, afirma que o diálogo mais direcionado para a vida religiosa só acontece depois, através das visitas de jovens ao convento ou seminário. “A maior alegria é se encontrar com a juventude e sua cultura diversificada. Aliás, a diversidade vai muito além da cultura: ela abrange as diferentes linguagens, origens sociais e modos de ser e pensar”, comenta. Para Pe. Alexandre, há nesta relação uma riqueza que valoriza e motiva o jeito de ser Igreja no Brasil. Convento é aberto à visita de vocacionadas Ir. Maria Elizabeth, que dirige este trabalho, diz que também é comum o interesse de candidatas que ouviram falar sobre a vida contemplativa e buscam mais informações. “Estas pessoas são encaminhadas por familiares ou amigos que conheceram nosso convento - leigos, religiosos, saO Convento Nossa Senhora do Cenáculo, em Ponta Grossa, é a cerdotes”. única comunidade da Adoração Perpétua existente no Brasil. Ir. Mar ia Elizabeth As Servas do Espírito Santo da acrescenta que atualmente há uma Adoração Perpétua realizam continucandidata, religiosa de outra congreamente o trabalho de promoção vogação, que fará uma experiência de cacional, através de folders e da aberalguns meses, para depois discernir tura para visitas de jovens ao conveno ingresso definitivo. to em Ponta Grossa (PR). Este é o contato para jovens que missionaria 54.pmd 4 quiserem mais informações: telefone: (42) 3229-1629; e-mail: cnsdocenaculo@ yahoo.com.br ou através de car- ta ao endereço: Rua Nunes Machado, 150 – Bairro Colônia Dona Luiza - CEP 84045-410 - Ponta Grossa (PR). Programação Vocacional SVD e SSpS Os Missionários do Verbo Divino em São Paulo estarão realizando encontros vocacionais de 19 a 21 de junho, em Suzano, de 18 a 20 de setembro no Seminário, e de 20 a 22 de novembro em Suzano. Os interessados deverão entrar em contato com Pe. Jaime Marcelo Gato pelo telefone (11) 5181 6444 ou 5184 0747. Em Minas Gerais, haverá encontro de 03 a 05 de julho e outro em novembro na comunidade de Filosofia Dom Helder Câmara, em Contagem. Mais informações com o Pe. Arturo Calonia pelo telefone (31) 33971955. Em São Paulo, a responsável pela Pastoral Vocacional das Missionárias Servas do Espírito Santo é a Ir. Nelly Boonen. As jovens interessadas poderão entrar em contato pelo telefone (11) 5821 2174. 5/6/2009, 22:01 Vida Missionária 5 • Junho - Julho - Agosto / 2009 ENCONTROS PANAMERICANOS Animação Bíblica aprofunda espiritualidade A Palavra de Deus é fonte de inspiração para responder aos apelos de Deus na vida do povo pobre e excluído A espiritualidade missionária centrada na escuta da Palavra de Deus e na vida do povo foi o tema inspirador do VI Encontro Panamericano de Animação Bíblica que reuniu em Córdoba, na Argentina, representantes da Pastoral Bíblica do Verbo Divino e das Missionárias Servas do Espírito Santo. O encontro aconteceu no final de abril com participantes dos Estados Unidos, Bolívia, Equador, Colômbia, Nicarágua, Argentina, Chile, Paraguai e Brasil. Para Ir. Maria Cristina Krupek, uma das participantes, o encontro proporcionou a parti- lha e a troca de experiências a partir da espiritualidade bíblico-missionária frente aos novos desafios sócio-eclesiais e congregacionais. Além de rever os objetivos e as metas “todos os participantes nos sentimos agradecidos, fortalecidos e encorajados para seguirmos levando em frente o serviço de Animação Bíblica em nossas Províncias/Regiões”, afirmou Ir. Cristina. Questões emergentes como a nova conjuntura política do Continente e o movimento indígena, os últimos Capítulos Gerais, o Sínodo da Palavra de Deus e a Conferência de Aparecida trouxeram elementos inspiradores para novas metodologias para o trabalho bíblico junto aos excluídos/as. Aconteceu: Animadores da Pastoral Bíblica em Córdoba buscaram entender os desafios dos novos contextos sócio-político e eclesiais para animar a missão O II Encontro Panam de Administradoras SSpS de 11 a 15 de maio em Buenos Aires, na Argentina. O objetivo foi reunir as irmãs das diversas províncias do Continente para partilhar suas experiências, aprofundar a espiritualidade da administradora, renovando-se para as exigências da missão que passa pela gestão e pelos desafios da economia num mundo em crise. PELO MUNDO Chegando em Ghana Ir Adriana Regina da Silva (foto), enviada para Ghana em março, está dando seus primeiros passos na nova terra de missão, de onde escreve: “A dificuldade da língua existe, porém a linguagem do amor todos/as entendem. As africanas são acolhedoras e simpáticas. Mas não posso negar que estou em outro mundo, porém, feliz!” Para Ir. Adriana a África é um sonho antigo que teve início quando era coordenadora do grupo de jovens, em sua cidade natal – Assis Chateaubriand (PR). Ela conta que grande parte dos integrantes eram negros. “Foram eles que me ensinaram quanta beleza, energia, vibração e dinamismo tem esse povo”. Formada em Direito e em assessoria para jovens, Ir. Adriana sempre se dedicou à Pastoral da Juventude, o que considera sua vocação pessoal, tanto que nos últimos três anos fez parte da equipe de coordenação estadual da PJ Paraná. Durante a preparação para os votos Perpétuos escolheu Ghana como seu país de missão. “Os desafios me motivam a caminhar com ânimo e coragem”. O trabalho em Ghana ainda não está definido. As Irmãs atuam em hospitais, pastorais e Educação, o que abre a possibilidade de Ir. Adriana continuar seu trabalho desenvolvido no Brasil com o ensino religioso e com a juventude. missionaria 54.pmd 5 De volta para Angola Campanha Missionária O Pe. Ademar Lino de Souza (foto), missionário do Verbo Divino e natural de Ponte Nova (MG), onde recentemente foi ordenado sacerdote, está se preparando para retornar a Angola, na África, onde realizou sua experiência transcultural de 2005 a 2006. Naquela ocasião desenvolveu diversos trabalhos na linha da formação pastoral, bíblica e pedagógica, animação missionária e vocacional, enfermagem e ainda ajudou na administração da paróquia e da província. Pe. Ademar ainda está tentando conseguir o visto e não quer arriscar dizer o que irá fazer quando retornar em Angola, mas afirma que estará aberto às necessidades da Província e às exigências daquela localidade. Consciente dos desafios que enfrenta seu país de destino, Pe. Ademar lembra as conseqüências deixadas por mais de 30 anos de guerra e o esforço que Angola está fazendo para se reconstruir. Sua população bastante jovem está em torno de 12.500.000 habitantes vivendo “um verdadeiro abismo entre a classe rica e a classe pobre que se vê num estado de miséria alarmante”, explica ele. Outro desafio que Pe. Ademar terá que enfrentar é a quantidade de línguas que, com suas variantes, chega a cerca de 450. Por isso ele pede orações para poder “fazer da missão o Evangelho vivo de libertação onde de fato haja a paz e que a mesma seja fruto da justiça”. 5/6/2009, 22:01 A Campanha Missionária Verbita deste ano será em favor de um dos países mais pobres do mundo, o Zimbabwe. Localizado na África Austral, com uma população de 13 milhões de habitantes, o país enfrenta o caos econômico e o conflito entre grupos rivais. Um dos seus maiores problemas na área da saúde é a Aids e a Cólera que chegam a dizimar aldeias inteiras. A maior parte dos infectados pelo HIV morrem entre os vinte e quarenta anos de idade. Em conseqüência disso há muitos órfãos e jovens com menos de 15 anos assumindo a responsabilidade por toda a família. A situação do país piora a cada dia por falta de remédio e saneamento básico. Estando próximo da África do Sul que goza de melhores condições de vida, o povo do Zimbabwe, especialmente os jovens e as crianças, buscam fugir da pobreza e tentam emigrar para o país vizinho. Muitos morrem nas cercas elétricas colocadas pela África do Sul ao longo das fronteiras para combater a imigração. Os missionários verbitas estão no Zimbabwe desde 1987 procurando ser solidários com o sofrimento daquele povo. Quem quiser fazer sua doação para ajudar o povo do Zimbabwe poderá entrar em contato com qualquer uma das Províncias Verbitas (ver contatos na página 8). Vida Missionária 6 • Junho - Julho - Agosto / 2009 COMUNICAÇÃO Música que fale de um novo tempo Letras contribuem para reflexão sobre comportamento e opções do jovem de hoje A percepção de que a indiferença e o individualismo contagiam, em grande medida, o jovem de hoje, preocupa formadores em diferentes níveis de atuação. O Pe. Aparecido Luiz, da equipe de Animação Missionária SVD da sub-zona Brasil, enfatiza a necessidade de conhecer e entender os novos contextos sócioculturais em que os jovens se espelham e nos quais constroem a sua identidade.. A produção musical sinaliza para um destes contextos. Durante encontro assessorado pelo prof. Mario Antônio Betiato, da PUC-PR, realizado em Toledo, em 2006, o niilismo juvenil retratado nas músicas e resultado do fim das utopias soou como um alerta para Pe. Aparecido. “Vi o quanto é urgente questionar os rumos que estamos dando ao nosso trabalho na animação missionária”, disse ele. “A indiferença que se canta em sucessos cada vez mais efêmeros, como o da cantora Luka (alguém se lembra dela?) – ‘Tô nem aí, tô nem aí...’ – sublinha este comportamento que nem sempre ganha a nossa atenção”. Ficar alheio, sem uma causa porque Cresceu, ao mesmo tempo, o fetichismo identificado com a violência das gangues, com o lema do “deixar a vida me levar”. Afinal, o que temos a oferecer às novas gerações? Qual é a boa nova? “Os grupos de jovens de nossas paró- quias (aqueles que lotam as nossas Igrejas nos grupos de oração) dizem que é Jesus Cristo. Até aí tudo bem. O problema é que é um Jesus Cristo mágico, vago. Canta-se muito sobre Jesus como uma ‘chave’, um tal segredo: ‘deixa Jesus te abençoar, deixa Jesus te controlar...’ ou: ‘ainda que vier noites traiçoeiras, Cristo estará contigo, o mundo pode até fazer você chorar, mas Deus te quer sorrindo’. Quem quiser fazer sucesso entre os jovens é só embarcar nesta espiritualidade. Mas certamente vai arrancar aquela página do Evangelho em que o jovem triste desiste de seguir Jesus depois de Ele colocar as suas condições para o seguimento”. Tomar consciencia da realidade já é um bom começo. Fazer a diferença já é uma atitude. É aí que o nosso papel de missionários animadores se torna importante, como destaca Pe. Aparecido: “Ao invés de projetos para acelerar a punição é melhor conscientizar para a prevenção e enfrentamento deste fracasso das utopias. É preciso nos perguntar se estamos seguindo em direção a Emaús ou voltando para Jerusalém.” mundo, a partir de sua condição de povo escolhido, a proposta da santificação. Já os judeus que se fizeram cristãos vivenciaram a vocação como projeto de salvação. Jesus mesmo já havia dito “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para evangelizar os pobres” (Lc 4,18). O Segundo Testamento entende a vocação à santidade e consagração a Deus em relação ao Espírito Santo e Jesus. A comunidade de Lucas (1,35) afirma: Jesus, concebido do Espírito Santo é “santo e filho do Altíssimo”. A fé das comunidades paulinas logo compreenderam que todos os cristãos, no Espírito Santo, são santificados. Por ele participamos todos da morte e ressurreição de Jesus (Rm 1,4). A vocação do cristão à Santidade exige viver segundo o Espírito de Deus e testemunhar Jesus à comunidade eclesial (1Pd 1,14: 2,5). Fr. Jacir de Freitas Faria ofm A música faz parte da vida dos jovens e revela sua maneira de ser, seus sonhos e buscas lutar, é um fenômeno típico do início do século XXI. Pe. Aparecido diz que isso explica, em parte, porque algumas letras como as do compositor Belchior (‘Ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais’) deixaram de fazer a cabeça da juventude. BÍBLIA E VIDA Falar da vocação na Bíblia exige uma análise acurada da vida das pessoas que fizeram história em Israel. Falar de vocação é falar da experiência de Deus que eles e elas fizeram. Cada um, a seu modo, soube experimentar Deus e seus mistérios. Viver a vocação é passar a vida inteira procurando explicar o inexplicável. A vida é igual para a grande maioria dos mortais: nascemos, crescemos, realizamos ou não em uma profissão, geramos ou não filhos, e morremos. A diferença, no entanto, para muitos, reside na experiência de fé em Deus, o Sagrado, o Eterno, Alá. Vários nomes, mas um único Mistério. Judeus, cristãos, mulçumanos, hinduístas, indígenas, etc., procuram demonstrar a presença de Deus e seu mistério. Para nós, cristãos, Jesus Cristo, segundo nossa fé, Deus encarnado no meio de nós, faz o diferencial. Mas Jesus tem sua origem no judaísmo. Ele foi judeu. Filho de mãe judia, o seu nascimento é envolto em um polêmico mistério de fé. Compreender a nossa vocação significa mergulhar na vida de Jesus, no judaísmo e na Bíblia. Como a Bíblia registrou o chamado de Deus a pessoas e comunidades? Como as pessoas, comunidades e instituições responderam a este chamado? Como Jesus anunciou a sua vocação? Os escritores (as) da Bíblia não mediram esforços para registrar o modo como Deus chamou algumas pessoas a serem suas testemunhas. E todos procuram responder ao chamado. Os judeus tinham a consciência que o chamado era levar ao Arquivo SSpS Vocação na Bíblia ESPIRITUALIDADE EM FOCO Viver da Palavra para anunciar a Palavra Viva Jesus Arquivo SSpS Pe. Paulo Bubniak e Ir. Ágada Brand falam da experiência de vida e partilha da Palavra de Deus em Curitiba. O grupo de verbitas e Servas do Espírito Santo (foto) existe há mais de 14 anos e se reúne mensalmente. Essa convivência com a nossa família Arnaldina nos enriquece, anima na missão e robustece a nossa vida espiri- missionaria 54.pmd 6 tual. Nesse diálogo novos caminhos e novas luzes se abrem para prosseguirmos em nossa caminhada, vivendo mais profundamente a palavra de Deus. E vivendo a palavra de Deus é que poderemos transmiti-la aos demais. Os Missionários do Verbo Divino e as Missionárias Servas do Espírito Santo receberam de seu santo Fundador, Arnaldo Janssen, a herança de um grande amor à Palavra de Deus. O Fundador buscava nesta Palavra a luz para o seu caminho e a força transformadora que o conduzisse e sustentasse na busca e vivência fiel e perseverante da vontade de Deus, apesar dos inumeráveis desafios e contratempos que isto constantemente lhe trazia. Hoje, nós, que levamos em frente a sua mesma Missão, necessitamos alimentar-nos desta mesma Palavra, deixando-nos guiar e impregnar por ela em meio aos muitos desafios que a vida missionária nos traz. Por isso, além de buscar sustento nessa Palavra pela me- 5/6/2009, 22:01 ditação e contemplação individual diária e, pela partilha em comunidade, um grupo de Verbitas e Servas do Espírito Santo da Região de Curitiba e São José dos Pinhais, nos reunimos cada mês para juntos estudarmos e partilharmos esta Palavra, - agora precisamente o Evangelho de São Marcos. Para mim pessoalmente, estes encontros tem sido uma rica experiência de aprofundamento e partilha, abrindo pistas e novos horizontes para melhor compreender e conhecer este Jesus – Palavra Viva do Pai. Somente assim, na medida em que Ele se encarnar em nossas vidas, poderemos segui-lo mais autenticamente e ser suas testemunhas, anunciando-O a todos como fonte de verdadeira Vida e Felicidade. “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14). Irmã Agada Brand, SSpS e Pe. Paulo Bubniak, SVD Vida Missionária • Junho - Julho - Agosto / 2009 7 JUSTIÇA E PAZ Para quê ter mais um presídio? M ovimentos e pastorais sociais da diocese de Registro (SP) se organizaram em maio, para protestar contra a construção de um presídio de segurança máxima, previsto para ser implantado no município. A manifestação ocorreu junto com a Romaria do Trabalhador, realizada dia 2, e também contou com apoio da prefeitura. Cerca de 200 pessoas participaram da caminhada pela BR-116, em trajeto que terminou no local onde se pretende construir o presídio. Até a chegada, os romeiros entoaram cantos e rezaram pelo fim da violência, por medidas governamentais que promovam a educação e a reinserção social, ao invés da segregação das pessoas. Ir. Ivo dos Santos Fiúza, um dos articuladores da romaria, explica que além da discordância quanto ao método de coibir a violência, as pastorais e movimentos gostariam que a população fosse consultada antes de uma decisão tão importante como essa. “Seria democrático”, afirma Ir. Ivo. “O debate sempre é mais indicado, uma vez que esclarece e aproxima do povo as esferas de decisão. Infelizmente, não foi o que aconteceu”, pondera o missionário SVD. Segundo ele, a reação dos cidadãos é ao mesmo tempo de incredulidade porque o anúncio da obra veio junto com promessas de desenvolvimento para a região, mais verba e geração de empregos. Com o grito de “Queremos educação e não prisão”, os participantes do ato público reivindicaram outras prioridades para o Vale do Ribeira, como a implantação de faculdades, cursos técnicos e investimentos em saúde e moradia. O ato contribuiu para concretizar o lema da Campanha da Fraternidade, que este ano foi “A Paz é Fruto da Justiça”. Ao final da manifestação, todos participaram de uma celebração ecumênica que culminou na partilha do pão entre as mais de 200 pessoas presentes ao local. Manh Le Hong SVD População de Registro quer ser consultada antes de o governo construir uma nova penitenciária Romeiros do Vale do Ribeira protestam contra construção de presídio na região. ESPORTE MISSIONÁRIOS LEIGOS Cresce a presença leiga na Família Arnaldina O Colégio Arnaldo, fundado pelos missionários do Verbo Divino em 1912, na cidade de Belo Horizonte (MG) saiu vitorioso no campo dos esportes em 2009. A escola, por três vezes campeã de basquetebol no estado de Minas Gerais e bicampeã brasileira foi a representante do Brasil no Campeonato Mundial de Basquete Escolar dos dias 3 a 11 de maio em Istambul, na Turquia. A delegação, composta do coordenador de esportes do Colégio José Aloísio Dias, irmão do Pe. Arlindo Dias, atual conselheiro geral SVD, do técnico Emerson Rodrigues e 12 jogadores, conquistou o 8º lugar no mundial das escolas. O time verbita venceu a China, Eslováquia, Estônia, Servia, Israel e a Eles vêm de diferentes áreas profissionais e compartilham o ideal de evangelizar, a partir da inserção em suas comunidades. Formam em São Paulo o primeiro grupo de Missionários Leigos do Deus Uno e Trino, ramo da Família Ar naldina que já existe nos Estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Tocantins, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. São 11 grupos ao todo com o acompanhamento das Missionária Servas do Espírito Santo. Ainda sem ter completado um ano de atuação, o grupo da capital paulista parte do testemunho e da troca de experiências para crescer na Arlindo Dias svd Colégio Arnaldo representa Brasil em Campeonato na Turquia A equipe vitoriosa representada pelo Emerson, Raul, Durval e Aloisio recebe premiação em Stambul Dinamarca. Além disso conquistou três destaques: melhor rebote do mundo, melhor jogador de todo o campeonato e o melhor jogador do mundo, com o maior número de cestas. Dois dos melhores jogadores, Raul Togni Neto e Durval Prado Cunha, assim que pisaram em território brasileiro foram convocados a fazer parte da seleção brasileira de basquete. espiritualidade missionária. Textos de apoio à formação circulam pelo grupo, mas a ênfase está na busca de uma fé encarnada no dia-a-dia em família e no ambiente de trabalho. Pa ra isso acontecem, mensalmente, encontros presenciais. Os participantes se sentem impulsionados a transformar em serviço a diversidade de dons, acolhendo as palavras de são Paulo (1Cor 12, 4-12). Jornalista, advogado, psicóloga, líder comunitário, assistente social, todos querem experimentar o que Arnaldo Janssen definiu como a maior prova de amor ao próximo: “o anúncio do Evangelho”. POEMAS E CONTOS É tempo de Festa Junina... Tá chegando Santo Antonio e eu vou me animar. Vou pedir novamente ao Santo para me ajudar a casar. Ele que é o Santo Padroeiro dos que vivem a buscar. Um amor, que seja verdadeiro e que possa se perpetuar... No dia 24, do meu querido São João vou pedir a esse santinho uma benção pro meu coração. Pulo até fogueira pra receber sua benção. E no dia de São Pedro também não vou me esquecer. Espero que ele possa meus desejos atender. missionaria 54.pmd 7 Festas Juninas são por mim muito esperadas. Fico numa grande animação. Danço quadrilha, como pipoca, não deixo de beber o meu quentão. Paçoca, pamonha e vinho quente, adoro essa nossa tradição. Ao som de uma velha sanfona acalento o meu coração. Fico aqui a esperar comendo um pouco de amendoim. Espero que esse ano o meu bem lembre de mim... E quando as festas juninas chegarem irei até o amanhancer... Vou pular até fogueira para o meu amor me querer. (Giovânia Correia) Arquivo SSpS Tempo de dançar quadrilha e acender a fogueira... A dança da quadrilha envolve grandes e pequenos em torno dos festejos dos santos juninos 5/6/2009, 22:01 Vida Missionária 8 • Junho - Julho - Agosto / 2009 MISSIONÁRIO TESTEMUNHO MISSIONARIO De Soweto para as periferias do mundo A experiência da favela no Quênia, vivida por um missionário verbita, anima outras comunidades que enfrentam a pobreza oweto, o bairro que ficou conhecido mun dialmente, por causa da resistência à segregação racial na África do Sul, batizou inúmeros outros lugares pelo mundo – favelas, morros, periferias... Quase sempre cenários de exclusão. Nairobi, a capital do Quênia, não fugiu à regra. Foi lá que o Pe. José Eudes Ribeiro dos Santos, 33 anos, missionário do Verbo Divino, iniciou uma história que já conta seis anos de convivência com os mais pobres. Ele morou na favela de Soweto por quase dois anos, até 2005. Nesse período, o foco principal do seu trabalho foi com a juventude e o apoio aos portadores do vírus HIV. O missionário desenvolveu um programa de terapia ocupacional que também tinha a preocupação de gerar renda aos pacientes. “Não havia políticas públicas relacionando tratamento e inclusão social”, comenta. “O trabalho acontecia sem o reconhecimento do governo. Mas ainda que funcionando à base de um sistema rudimentar de produção de velas e bijuterias, tivemos bons resultados”, afirma Pe. Eudes. Em dezembro de 2005, ele voltou ao Brasil para concluir os estudos de Teologia no ITESP. A experiência vivida no Quênia serviu de tema para o seu TCC. “Escrevi sobre antropologia africana, a ancestralidade de Jesus no contexto religioso de povos africanos”. O tema, segundo ele, apontou pistas para o diálogo entre diferentes culturas e tradições religiosas. A grande referência para o trabalho de Eudes foi o povo massai, de forte incidência nômade, originário do extremo norte do continente e que através de correntes migratórias se estabeleceu entre o Quênia e a Tanzânia. Estudar os massai é recomendável em se tratando de missão na África. E Pe. Eudes explica porque: “É uma tribo que se mantém intocada. Como não mudou os costumes nem a língua, requer um esforço maior de inculturação”. Em 2007, quase pronto para voltar, Pe. Eudes terminou a formação em Teologia e no ano seguinte (abril de 2008) se ordenou na cidade de Santa Lúcia (SP), onde nasceu. Antes de terminar aquele ano, a África voltou ao seu horizonte de vida – desta vez trabalhando na Tanzânia, país vizinho do Quênia, onde os verbitas atuam nas áreas da educação, saúde e pastoral social. “Temos escolas, um pequeno hospital e alguns projetos de agricultura comunitária. O grande problema é a falta de água potável”, detecta Pe. Eudes. “Acompanhei o esforço do povo local e de nossos missionários para aprovar a construção de um poço artesiano”. Na Tanzânia com os massai Os massai entraram novamente no caminho de Pe. Eudes, no período em que seu retorno coincidiu com uma grande escassez de recursos. “É doloroso ver como as crianças são atingidas, sem escola, castigadas por doenças”. A dimensão da carência fez os verbitas se aliarem ao plano de agricultura que ensinou os massai a plantar e resultou na aquisição de um trator, que hoje os ajuda a arar a terra e obter alimento. A missão SVD está instalada no povoado Emboreti, no Parque Nacional de Simanjiro, reserva florestal e de vida animal. A cidade mais próxima fica a 100 km, separada por uma estrada de terra no meio da mata. Se chove, o percurso fica intransitável. Ana Elídia Neves SSpS S Pe. José Eudes de passagem pelo Brasil prepara-se para retornar ao povoado na Tanzânia onde trabalha com o povo massai Pe. Eudes mora em uma vila com cerca de 2 mil habitantes. É vigário auxiliar. Coopera com o pároco no campo pastoral e na administração do hospital com apenas 30 leitos e uma equipe reduzida – dois enfermeiros, dois agentes de saúde, dois assistentes de enfermagem e três faxineiros. Às vezes, Pe. Eudes deixa a função de administrador e assume a de enfermeiro, nas situações mais inesperadas devi- do à falta de funcionários – de partos à coleta de sangue e realização de exames de laboratório. “Também preciso plantar para ter o que comer. Isso faz parte da nossa opção de vida ao estar junto com aquele povo”. Pe. Eudes falou da experiência de vida no Quênia e Tanzânia durante recente vinda ao Brasil, em razão do agravamento da saúde de seu pai, que veio a falecer. Animação Vocacional Missionárias Servas do Espírito Santo Deus nos envia aos pobres e não evangelizados como testemunhas da vida e da esperança. Venha você também ser uma missionária sem fronteiras. Província Norte: Rua: São Benedito, 2146, CEP 04735-004 Santo Amaro, São Paulo, SP Tel. (0xx11) 56877229 - Site: www.ssps.org.br E.mail: [email protected] Província Sul: Rua: Arnaldo Janssen, 320 – Caixa Postal 411 CEP 84001-970 Ponta Grossa, PR Tel. (0xx42) 3226-4091 – Site: www.mssps.org.br E.mail: [email protected] missionaria 54.pmd 8 Missionários do Verbo Divino Deus está sempre chamando! Venha ser um missionário do Verbo Divino, padre ou irmão... O povo de Deus espera por você! Entre em contato conosco: Província Norte: Rua Halfeld, 1179 - Cep. 36016-000 Caixa Postal - 668 - Cep 36001-970 Juiz de Fora, MG Tel.: (0xx32) 3212-8864 e 3229-9820 - Ramal 140 E.mail: [email protected] Província Centro: Rua: Verbo Divino, 993 CEP 04719-001 - São Paulo, SP Tel. (0xx11) 5181-6444 E.mail: [email protected] Província Sul: Rua Prof. Brandão, 155 CEP 80040-010 - Curitiba, PR Tel. (0xx41) 3023-2893 E.mail: [email protected] Região Amazônica: Caixa Postal 299 CEP 68100-970 - Santarém, PA Tel. (0xx93) 3523-2059 E.mail: [email protected] 5/6/2009, 22:01 Servas do Espírito Santo da Adoração Perpétua “O Senhor, que é Amor, nos chamou para a vida contemplativa missionária. Com nossas humildes orações e sacrifícios, apoiamos a obra missionária da Igreja e os sacerdotes. As necessidades da humanidade fazem eco em nossos corações e em nossas preces pedimos as bênçãos e graças divinas para o mundo” (Ir. Maria Eucharística). Convento N. Sra. Do Cenáculo Rua Nunes Machado, 150 Cx. Postal 405 - CEP 84001-970 Ponta Grossa, PR Tel. (0xx42) 3229-1629