A Região onde hoje se situa o Município de São José do Vale do
Rio Preto foi outrora o desconhecido Sertão da Serra Acima, morada dos índios Puris e
Coroados que deixaram velhas trilhas pelas quais começou a penetração do Território
por aventureiros, subindo por veredas íngremes na vegetação nativa da Serra dos
Órgãos ou pelo Vale da Paraíba. Por se localizar numa área intermediária entre a cidade
do Rio de Janeiro, então Capital da Colônia e as Minas Gerais, isto é , entre dois
mercados em potencial. Esta situação começou a estimular a fixação do homem branco
nos territórios do Rio Preto
Sesmarias foram solicitadas e surgiram as primeiras fazendas. Os solares rurais dessa
época de glória e fausto são hoje a melhor imagem do que foram os protagonistas desse
esforço.A aristocracia do café foi representada em São José pelo Barão de Águas Clara,
Guilherme A Souza Leite, e pelo Barão de Bemposta, Ignácio Santos Werneck. os
intrépidos personagens da nossa História.
São José nasceu sobre a égide do trabalho e da oração. As riquezas produzidas pela
lavoura e a grande influência da Igreja, organizadora do povoado, fizeram com que a
localidade progredisse. "Em 15 de junho de 1822, Domingos Lopes de Carvalho e sua
mulher, Florinda Maria da Encarnação fazem doação de terrenos para a Igreja, parte do
corpo da igreja já existia.
Os primeiros colonizadores de São José vieram de Portugal, Minas Gerais, Paraíba do Sul
e Vassouras e iniciaram suas produções com pequenas lavouras de milho, cana, batata,
fumo e café. Com a Crise Mundial de 1929, surgiu a queda do preço do café, em
conseqüência, a economia do Vale do Rio Preto, baseada no café, caiu em acentuada
decadência. Sem alternativa de meio de vida, as famílias abandonaram São José, em
busca de novos meios de sobrevivência.
Felizmente, em 1945, novo ciclo foi se instalando em São José e a avicultura, hoje
harmonizada com a agricultura, são os sustentáculos econômicos da região. A cultura do
café, antiga atividade econômica, está, aos poucos retornando, com o uso de novas
tecnologias.
Atualmente ainda encontramos alguns vestígios dessas épocas, que nos servem de
lembranças e que caracterizam a nossa história.
São José do Rio Preto conseguiu sua emancipação em 1987 e em 1989
aconteceu a instalação do Município de São José do Vale do Rio Preto.
Prefeito Municipal Presidente da Câmara Municipal
Adilson Faraco Brügger de Oliveira Ivo da Gama Pires
Vice‐Prefeito Municipal Secretário de Educação e Cultura
Fernando Magno Geoffroy Filho José Adilson Gonçalves Priori
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Influências do trem na vida rio-pretana
Carlos A. Lomongi e Jany de O. Limongi
Testemunhas da época contam que a linha férrea cruzava a Silveira
da Motta 42 vezes. Era um zig-zag digno de uma acelerada máquina de costura.
Nas subidas, os passageiros mais jovens desciam e retornavam ao trem com
ligeiras passadas.
Conta-se o caso de um tal "Biquina" que sempre se divertia, saltando
do trem em movimento com o embrulho de outros passageiros debaixo dos
braços, despedindo-se de todos, como se fosse ficar por ali mesmo, mas, depois,
retornava ao vagão, para alívio dos donos dos pacotes.
De certa vez, o "Biquinha" de tanto descer e subir da composição em
marcha, descuidado, fazendo gracinhas, não percebeu o término da subida e
atrapalhado , acabou mesmo por perder o trem. Teve que continuar o caminho a
pé, da Parada Salomão à Areal. Havia no carro de passageiros uma corda , que
uma vez puxada, avisava o maquinista de que era preciso parar o trem. Naquele
dia, a rapaziada resolveu pregar uma peça no "Biquinha" e ninguém puxou a tal
corda. Dava pena ver o peralta embalado atras do trem , com dois embrulhos
enormes, um debaixo de cada braço. O trem ganhava velocidade. De repente,
apareceu um mata-burro e o pobre "Biquinha" foi ficando cada vez mais para trás,
enquanto que o pessoal a bordo , festivamente, gritava-lhe: Puxa a corda
"Biquinha"!!
Esta História das peraltices do "Biquinha" nos foi contada pelo Lélio,
ou melhor, pelo Hélio de Jesus Severini de Souza que, nos seus dias de estudante
era freguês habitual do "Maria-Fumaça" e participou do episódio. Depois de contar
o caso, Lélio ficou pensativo por alguns momentos e confessou: É... um daqueles
embrulho era o meu...
O trem passou a fazer parte da vida sócio-econômica da comunidade,
modificando e criando hábitos. Esperar o trem da tarde passou a ser um
acontecimento muito desfrutado. Os noivos esperavam na estação a chegada dos
convidados para o casamento. As mocinhas, hoje maduras senhoras, lembramse com saudades do vestido novo que fizeram para esperar-o-trem.
Em entrevista, tia Abigail nos contou que o trem das 5 horas
começava a apitar insistentemente às 4,30 da manhã indiferente ao sono dos que
não iam viajar. Também a criançada acordava com o barulho e adeus sossego nas
casas.
Segundo pessoal daquele tempo, o primeiro Agente da estação de S.
José foi João Ambrósio, pai do nosso saudoso Cordolino José Ambrósio, prefeito
de Petrópolis e Deputado Estadual. Cordolino é sempre lembrado como
benemérito pela comunidade rio-pretana, pois, realizou em São José várias obras
públicas e, quando Prefeito, desapropriou, amigavelmente , uma grande área de
terreno e fez doação dela ao Estado para a construção do Grupo Escolar Cel. João
Limongi.
Também nos lembramos do "Cabiúna" e sua pontual charrete que
conduzia os passageiros que chegavam de trem. "Cabiúna" não perdia sequer
uma só chegada de trem. Todos os dias , na descida para a estação, levava de
carona uma ruidosa criançada. Como a condução não cabia todas as crianças,
"Cabiúna", pacientemente, organizava grupos de caronas.
A estrada-de-ferro de São José marcou uma época bem definida na
vida da comunidade a que servia.
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