Órgão Internacional dos Adventistas do Sétimo Dia
Ju n h o 2 0 0 8
Conexão
sem F o com a
Salvacao
12
Por que a Vida
é Tão Confusa?
24
O Mundo Está
Esperando
27
O Sábado e o
Tempo do Fim
Junho 2008
A
IGREJA
AÇÃO
EM
Editorial ....................... 3
Notícias do Mundo
3 Fotos & Notícias
Visão Mundial
W I L L I A M S
C O S TA ,
J R .
8 “Viver Bem”
ARTIGO
DE
C A PA
Conexão sem Fio com a Salvação
Por Williams Costa, Jr. ................................................................ 16
Usando tecnologia de ponta para falar aos outros sobre Jesus.
DEVOCIONAL
Por que a Vida é Tão Confusa? Por Israel Banini ............ 12
Tentando conciliar um Deus que é todo amor e todo poder.
VIDA
ADVENTISTA
Daqui para Lá Por Lee Dunstan ............................................ 14
Cada sábado quase todo adventista ao redor do globo está
lendo a mesma página.
CRENÇAS
10 Rumo ao Uruguai
SAÚDE
NO
MUNDO
Doenças
Cardiovasculares ....... 11
Por Allan R. Handysides e
Peter N. Landless
PERGUNTAS
BÍBLICAS
Lutando Contra
Demônios ................... 26
Por Angel Manuel Rodríguez
ESTUDO
BÍBLICO
O Sábado e o
Tempo do Fim ............ 27
Por Mark A. Finley
INERCÂMBIO
MUNDIAL
29 Cartas
30 O Lugar de Oração
31 Intercâmbio de Idéias
FUNDAMENTAIS
O Grande Conflito Por Douglas Matacio ............................ 20
A luta entre o bem e o mal é real e já está sendo decidida.
ESPÍRITO
Janela
DE
PROFECIA
O Segundo Grande Mandamento de Cristo
Por Ellen G. White ...................................................................... 22
O Lugar das
Pessoas ........................ 32
Tradução: Sonete Magalhães Costa
O Mundo Está Esperando Por H.M. S. Richards, Sr. ........ 24
EVANGELISMO PELA INTERNET: Duas
das três mulheres da foto ouviram a
mensagem e foram batizadas, após
assistirem a uma série evangelística
adventista pela Internet. Da esquerda
para a direita: Tatiana, Cristina e
Márcia. Márcia, adventista há muitos
anos, convidou a irmã Cristina para
assistir às reuniões, online.
Adventist World (ISSN 1557-5519) é editada 12 vezes por ano, na primeira quinta-feira do mês, pela Review and Herald
Publishing Association. Copyright (c) 2005. Vol. 4, nº 5, Junho 2008.
www.portuguese.adventistworld.org
Temos deveres para com os outros e para com Deus.
SERVIÇO
Sua vida reflete o caráter de Deus?
2
Adventist World | Junho 2008
A Igreja em Ação
EDITORIAL
Maravilhosa Graça,
Maravilhosa Trajetória
Na meia-luz de uma madrugada chuvosa, fico curvado
sobre a brilhante tela do meu computador, com olhos úmidos
de lágrimas de gratidão, enquanto leio as mensagens que lotam minha caixa de entrada.
“Estou orando por você hoje... apresentando-o diante do
Pai... Peço a Deus que lhe dê alegria e paz neste sábado.”
As mensagens de graça e amor foram enviadas, em algum
momento da noite, por amigos da África do Sul, Filipinas,
Nova Zelândia, Noruega. Do outro lado do mundo, como
costumamos dizer, eles intercedem por um amigo, à medida
que a bondade deles acompanha a Web ao redor do globo.
Sou abençoado, de modo real, em tempo real. A solidariedade que compartilhamos em Cristo é aprofundada, fortalecida,
envolvida pelas expressões digitais de fé. Sei que meu Redentor
vive, inclusive porque Ele tem tais seguidores na Terra.
Se não fossem as novas tecnologias que encurtam distâncias entre nações, raças, religiões e línguas, ficaríamos
desesperados por nunca poder ir “a todo o mundo” com
o evangelho. Milhões, sem conta, nunca saberão do amor
de Jesus se, para falar-lhes sobre a mensagem de salvação,
dependermos apenas de botes, aviões, rádios e até de meios
de distribuição em massa, como a revista Adventist World. A
menos que caminhemos agressivamente em direção às novas
mídias que Deus tem disponibilizado, o inchaço da população
mundial irá superar nossa capacidade de contar “a velha,
velha história” que tanto amamos.
Neste mês, ao você ler o artigo de capa, ore por um coração
aberto e imaginação aguçada. Deixe que o irrestrito Espírito
do Deus vivo lhe mostre as mídias, as tecnologias de comunicação pelas quais você pode compartilhar a sua fé com vizinhos e com aqueles que, talvez, nunca veja pessoalmente até
chegar ao Céu.
Suas palavras de amor, uma vez digitadas, podem penetrar
qualquer condomínio fechado, os altos prédios de apartamentos onde nunca receberá permissão para entrar. Seu testemunho pela Web e suas incríveis plataformas de áudio e vídeo
podem cruzar desertos, escalar montanhas, atravessar rios e
tocar corações de uma maneira como nunca foi possível a nenhuma outra geração de missionários.
— Bill Knott
NOTÍCIAS DO MUNDO
F O T O /
R A J M U N D
Junho 2008 | Adventist World
A N N
ORAÇÃO: “Ajuda-nos a ser mais
sensíveis à Tua direção”, foi a
oração final do presidente mundial
da Igreja Adventista do Sétimo
Dia, durante as Reuniões Administrativas da Primavera de 2008.
D A
Reunidos na Universidade Andrews,
em Berrien Springs, Michigan, Estados
Unidos, os delegados votaram outros
itens importantes, como a nomeação de
alguns administradores.
Os delegados escolheram Gary R.
Councell, ex-capelão do Exército dos
Estados Unidos e atual diretor associado
do Ministério Adventista de Capelania,
para dirigir o mesmo departamento, devido à jubilação de Martin W. Feldbush.
Mário Ceballos, atual vice-presidente
do Kettering Medical Center, em Ohio,
EUA, foi nomeado para preencher a
vaga de Councell, que assume a função
de Feldbush.
A R Q U I V O S
■ Apesar dos desafios que aguardam
a Igreja Adventista do Sétimo Dia
(IASD), os adventistas não devem ter
“atitude de derrotados”, disse Jan Paulsen, presidente mundial da Igreja aos
seus quase 150 administradores, no
encerramento das reuniões administrativas da Primavera. Em vez disso,
ele desafiou os adventistas a ser “positivos” e a “seguir em frente, centrados
na missão”.
Paulsen também convocou “discussões inclusivas” e de cooperação entre os
líderes da Igreja, cujos delegados votaram, em 6 de abril, fazer do ano de 2009
o “Ano do Evangelismo” da Igreja.
D A B R O W S K I
IGREJA MUNDIAL: Líderes Adventistas Encerram
Reuniões da Primavera com Foco na Missão
3
A Igreja em Ação
IGREJA MUNDIAL: Planos de
Evangelismo Regional Para Fazer
Frente à Missão Inacabada da Igreja
■ Para alertar a Igreja Adventista do
Sétimo Dia para sua missão inacabada,
os administradores votaram, nas reuniões administrativas da Primavera, do
dia 7 de abril, o desenvolvimento de
um plano criativo e financeiramente
responsável para alcançar os grupos
não alcançados, em seus territórios.
Os delegados foram informados, por
meio do relatório do dia 6 de abril, o
“desconcertante” volume de trabalho
que aguarda a Igreja. Desde 1990, a
Igreja criou o departamento, hoje co-
4
Adventist World | Junho 2008
nhecido como Missão Adventista, que
são adventistas trabalhando em mais de
19 países. Até agora, a Igreja não possui trabalho organizado em 26 países,
incluindo o Afeganistão e a Somália.
Em 2006, quando a população (hoje de
6,5 bilhões) aumentou em 95 milhões,
apenas um milhão de pessoas uniu-se à
Igreja Adventista. Há hoje, 2,1 bilhões
de pessoas a mais a serem alcançadas
em relação a 1990, quando a Missão
Global foi organizada.
“Nosso Deus é especialista em
realizar o impossível”, disse Homer
Trecartin, diretor de planejamento para
a Missão Adventista. Trecartin citou
dezenas de dados estatísticos “encorajadores”, das últimas duas décadas,
como, por exemplo, no Camboja, onde
a porcentagem da população adventista
saltou de zero para 8 mil e, de cada 12
jamaicanos, um é adventista.
Essa porcentagem na Arábia Saudita, entretanto, é bem mais desencorajadora, disse Trecartin, sugerindo
R A J M U N D
REUNINDO PENSAMENTOS:
Michel L. Ryan, à direita, vicepresidente da Igreja mundial, e
Gary Krause, diretor da Missão
Adventista, discutem a necessidade de a Igreja acelerar o trabalho
entre os grupos de pessoas não
alcançadas. Ryan, Krause e outros
administradores foram desafiados,
durante as Reuniões Administrativas da Primavera de 2008, a
desenvolver planos criativos para
finalizar a missão da Igreja.
F O T O :
Os delegados ainda elegeram Paul
Brantley, diretor do recém-criado Programa de Avaliação e Eficácia, como
secretário geral de campo. Paulsen
agradeceu a Brantley por seu trabalho
“habilidoso e efetivo” na sede mundial
da Igreja.
Brantley, ex-consultor no Hospital da Flórida, foi também diretor do
Departamento de Educação na Universidade Oakwood, em Huntsville,
Alabama, EUA, e lançou uma revista
de referência em pesquisa na educação
cristã, quando era professor na Universidade Andrews. Em sua nova função,
Brantley tem o desafio de ajudar a
Igreja a alcançar a excelência em suas
operações: “Meu papel é promover,
na Igreja mundial, uma cultura pela
excelência, cheia do Espírito, baseada
em evidências, de forma que inspire
cada obreiro a ver, com entusiasmo,
o potencial e a alegria de ser parte da
organização mais bem administrada do
mundo”, disse ele.
Em sua oração, no fim das reuniões
administrativas da Primavera, Paulsen
estimulou os líderes a estarem atentos à
direção de Deus para a Sua igreja. “Se,
apesar do que decidimos aqui, o Senhor tiver um caminho melhor, ajudanos a ser mais sensíveis à Tua direção”,
ele orou. —Rede Adventista de Notícias,
com equipe da AR
D A B R O W S K I / A N N
NOTÍCIAS DO MUNDO
que, embora as pessoas com convicções
cristãs vejam o Adventismo como historicamente relevante, a Igreja deve
trabalhar de forma mais eficaz na
abordagem aos mulçumanos, judeus,
budistas, hindus e outros grupos com
diferente orientação religiosa.
Fazer amizade com os vizinhos e
colegas de trabalho que adotam outras
crenças, é, talvez, tão difícil quanto
enviar missionários para países não
alcançados, disse Trecartin, referindose às estatísticas, as quais mostram que
quase 80% dos indianos na América
no Norte “não conhecem um cristão a
quem possam chamar de amigo”. Esse
tipo de iniciativa local pode ter a mesma eficácia, disse Trecartin, ressaltando
que “mais muçulmanos vivem no Reino Unido do que no Kuwait”.
Essas tendências, disse ele, são comparáveis com outras sociedades “livres”
e com outros grupos religiosos.
“Se não os conhecermos no lugar
em que moram, como levaremos [a
mensagem da Igreja] aos países de
onde vieram?”, perguntou. “Precisamos,
desesperadamente, fazer mais pelas
regiões difíceis. Mas como esperar ser
efetivos lá, se ainda estamos falhando
nos lugares seguros?”
Os meios de comunicação social,
como a Rádio Mundial Adventista, que
atua em “regiões difíceis”, não podem
dar-se ao luxo de abrandar seus esforços, assim como os membros de igreja
não podem enclausurar-se em grandes
círculos cristãos, disse Trecartin.
A programação da Rádio Mundial está disponível em apenas 70 dos
13.540 idiomas falados no mundo.
Outras rádios da Igreja elevam o total
para 108, mas “esperamos que os que
falam 95% dos idiomas do mundo,
também falem outras línguas. Se não
falarem, não estarão sendo alcançados”,
disse ele.
As estatísticas são também desalentadoras para muitos dos leitores
potenciais da Bíblia. Pouco mais que
“porções das Escrituras” estão traduzi-
das para 50% dos maiores idiomas do
mundo, disse Trecartin.
“Se somos o povo do Livro, o que
estamos fazendo?” perguntou ele.
“Não estamos falando de analfabetos;
estamos falando de pessoas que lêem e
escrevem, mas que não têm mais que
um pedaço da Bíblia em sua língua. Se
eles não falam outro idioma, não podemos compartilhar a Palavra de Deus
com eles.”
Mark Finley, vice-presidente mundial da Igreja, disse que, apesar das estatísticas desanimadoras, os adventistas
não devem concluir que é impossível
terminar o trabalho da Igreja ou pensar
que só esforços redobrados serão suficientes para superar o desafio: “A primeira [reação] nos leva ao desespero; a
segunda, à exaustão física, emocional e
espiritual.”
Em vez disso, o relatório deveria
estimular “uma reflexão mais cuidadosa, mais aguçada e estratégica” entre os
líderes da Igreja. Finley também sugeriu que uma reorientação em Deus e na
missão conduziria os líderes a “reajustar as finanças e renovar a prioridade
da missão da Igreja”.
Resumindo, disse L. Ryan, vicepresidente da Igreja: “Quando sairmos
desta reunião, teremos o que contar
ao mundo todo.” —por Elizabeth
Lechleitner, assistente editorial da Rede
Adventista de Notícias, com a equipe
da AR
IGREJA MUNDIAL: O Projeto Igreja
em “Um Dia” Ajuda Adventistas
■ A congregação adventista do sétimo
F O T O :
R A J M U N D
D A B R O W S K I / A N N
dia, no Equador, acostumada a freqüentes mudanças entre igrejas alugadas,
alimentou a esperança de realizar seus
cultos em um prédio permanente, a partir do fim de abril.
As vigas de aço de uma igreja, prontas para serem montadas, chegaram
numa camionete. A montagem levará
não mais que seis horas.
O prédio é parte do projeto destinado a ajudar cerca de 80 mil pedidos
feitos à Maranatha International, organização cristã leiga que
constrói igrejas e escolas
para a Igreja Adventista,
em todo o mundo.
Empreendimento que
une a Adventist-Lamen’s
Services e Industries e
Maranatha, o projeto
Igreja em “Um Dia” espera ajudar a recuperar o
atraso na infra-estrutura
da Igreja, nas regiões em
que ela tem crescimento
galopante, informaram líderes adventistas, durante
IGREJAS EM UM DIA: Don Noble, presidente da
o Concílio da Primavera
de 2008.
Maranatha, à direita, explica as características
“Esta é a resposta
da igreja de um dia a Barry Oliver, presidente da
que
esperávamos”, disse
Igreja Adventista na região do Sul do Pacífico.
Geoffrey Mbwana, líder
O modelo da igreja foi exposto no dia 6 de abril,
da Igreja Adventista na
no Concílio da Primavera, em Berrien Springs,
África Centro-Oriental.
Michigan, EUA, onde os delegados da igreja
“Nossos recursos de base
dedicaram o projeto.
são tão escassos que não
conseguimos acompanhar
o ritmo e acomodar todos os membros”,
acrescentou ele, explicando os desafios
do crescimento rápido da Igreja em
países como o Congo.
Igrejas permanentes encorajam a
conservação dos membros e isso funciona como “investimento para o futuro”
da Igreja, disse Garwin McNeilus, membro da ASI e empresário adventista que
ajudou a desenvolver o projeto da Igreja
em Um Dia.
“Toda vez que uma congregação
se muda, perdemos cerca de 30% dos
membros originais”, disse o presidente
da Maranath, Don Noble. “Se mudássemos três vezes em um ano, perderíamos todos os membros originais.”
Essas igrejas de um dia não apenas
promovem um senso de estabilidade
nos membros, como também necessitam de membros para “investir” na
própria estrutura, disse McNeilus. Os
membros precisam terminar as paredes
da igreja com cimento, bambu ou qualquer outro material de construção que
seja resistente.
Desenvolvidas por engenheiros, as
estruturas de aço, que são resistentes
a ferrugem, podem resistir a cupins,
terremotos, furações da classe 3, que
afetam a parte mais dispendiosa do
templo: o telhado, disse McNeilus.
Muitas igrejas parcialmente construídas
durante curtas viagens de estudantes
missionários, são deixadas imcompletas porque os membros locais não têm
dinheiro ou recursos para finalizar o
telhado, explica.
“Em alguns desses lugares, ao passar
pela rua, pode-se observar prédio após
prédio construído até o nível do telhado,
e estão ali, apenas se deteriorando”, diz
Robert E. Lemon, tesoureiro mundial
da Igreja, ao se referir ao tempo em que
morou na África.
Cada igreja padrão acomoda
aproximadamente 150 pessoas, mas
pode ser expandida e até mesmo ser
adaptada para escola ou casa pastoral,
disse McNeilua. Enquanto os líderes do
Maranatha ainda não podem avaliar o
Junho 2008 | Adventist World
5
A Igreja em Ação
NOTÍCIAS DO MUNDO
F O T O : I A D
custo da Igreja de Um Dia − devido à
flutuação do câmbio, dos produtos importados e variação nas estimativas de
preço do aço – disse Noble, estima-se
um custo entre 3 a 4 mil dólares americanos por igreja.
Enquanto a ASI controlar a construção das igrejas de um dia, Maranatha
irá garantir a entrega das igrejas construídas, disse Noble. “Nós não despachamos a igreja e dizemos: ‘Boa sorte!’
Haverá supervisão a princípio, mas
nossos membros são criativos e dão
conta do recado.” —By Elizabeth
Lechleitner, Rede Adventista de Notícias
ACAMPANTES FELIZES: “Gostaria
de lhes dizer que nunca estive em
um evento em que pudesse perceber
tanta alegria no rosto de todos os
presentes”, disse o presidente da
República Dominicana, Leonel Fernández, às centenas de adventistas
do sétimo dia reunidos em Najayo,
terreno localizado a 30 quilômetros
da capital, Santo Domingo, no dia 28
de março, durante evento histórico.
Adventistas Dominicanos
Ganham Terreno
■ O presidente da República Dominicana doou 31 alqueires de terreno público – já utilizado pelos jovens adventistas
6
Adventist World | Junho 2008
do sétimo dia para retiros anuais – à
Igreja, no mês de março. Durante a
cerimônia de doação, o presidente
Leonel Fernández aplaudiu o trabalho
e a imagem da igreja no país.
“Há uma amabilidade natural em
cada um de vocês, a qual é resultado de
ter a Deus como guia de suas atitudes
e comportamento”, disse Fernández a
centenas de líderes e membros da igreja
reunidos para a cerimônia. “Gostaria
que o mesmo espírito fosse estendido
para toda a nação dominicana.”
O terreno doado (parte do campus
de uma universidade de propriedade
pública) por decreto do governo nacional
dominicano, está localizado na ilha de
San Cristóbal, província fora da capital,
Santo Domingo.
Em 2006, na República Dominicana, a Igreja promoveu uma campanha
de relações públicas para chamar a
atenção dos líderes do governo para seu
ministério e atividades. No ano passado, Fernández tomou conhecimento
da missão da Igreja (hoje com 250 mil
membros), num país de 9.4 milhões de
habitantes, e seu impacto positivo na
comunidade, no envolvimento de seus
jovens e administradores.
A igreja construirá novos prédios
para acomodar milhares de jovens adventistas que já freqüentam os retiros
anuais, disse Silvestre González, portavoz da Igreja Adventista na República
Dominicana.
González disse também a um líder
nacional que não é comum o reconhecimento de uma denominação não
católica, e a Igreja agradeceu.
A Igreja Adventista na República
Dominicana administra seis escritórios
regionais, mais de mil congregações e
cerca de 100 escolas fundamentais e
de ensino médio, uma universidade,
um hospital e oito estações de rádio.
O país ocupa metade de ilha caribenha
Hispaniola; a República do Haiti
ocupa a outra metade. —Libna Stevens,
Divisão Interamericana/ANN com
equipe da AR
Dízimo
Aumenta
Para as
Elizabeth Lechleitner,
assistente editorial da Rede Adventista de
Notícias, de Berrien Springs, Michigan, EUA.
A
pesar da turbulenta economia
mundial, a Igreja Adventista do
Sétimo Dia continua crescendo
financeiramente, informou Robert E.
Lemon, tesoureiro da igreja mundial.
“Não foi apenas um aumento nos
dízimos e ofertas”, disse ele, “mas a igreja
foi abençoada e recebeu milhares de
dólares de ‘dízimo extraordinário’.” O
relatório financeiro de Lemon, no dia 6
de abril, nas reuniões administrativas da
Primavera, reflete cerca de metade desse
dízimo extraordinário, que foi anunciado à igreja, pela primeira vez, nas
reuniões administrativas do Outono de
2007. Esse dízimo, proveniente de uma
única família, como resultado da venda
de seu negócio, foi doado à igreja, em
nível mundial, levando-se em conta que
o procedimento, feito por uma única
Associação distorceria, em grande parte,
o potencial de uso da doação.
O presidente da igreja mundial, pastor Jan Paulsen, descreveu o dízimo extraordinário como um “privilégio” a ser
administrado e disse que ele permitirá
que a igreja trabalhe de tal modo que, de
outra forma, seria impossível.
Parte do dízimo já está alocada para
áreas específicas do ministério, relata
Juan Prestol, tesoureiro assistente para a
igreja mundial. Quanto à distribuição do
Extraordinário
Orçamento da Igreja
Missões
Igreja Adventista recebeu 1, 78 bilhão de
dólares em dízimos, no ultimo ano fiscal, e está
tomando “medidas cautelosas e conservadoras”
em meio à crise econômica atual.
dízimo adicional, os delegados concordaram com uma lista de diretrizes para avaliar iniciativas em potencial. Paulsen disse
que a Igreja iria aguardar propostas de
cada região eclesiástica, para, em seguida,
distribuir “rapidamente” os fundos.
“A Igreja está traçando planos cuidadosos e diligentes para a utilização desses
fundos na missão, em particular nas áreas
sem presença adventista”, disse Paulsen.
Para a Igreja em nível global, o dízimo recebido subiu 9% em 2007, chegando a 1,78 bilhão de dólares americanos,
em comparação com os 1,6 bilhão, na
mesma moeda, em 2006, informou
Lemon. Pela primeira vez, o dízimo retornado das regiões do mundo quase se
equiparou à quantia recebida da região
norte americana.
Embora a taxa de câmbio, conjugada
ao enfraquecimento do dólar americano
tenha contribuído para essa elevação,
Lemom declarou que a Igreja teve expressivo aumento no retorno do dízimo
em moedas locais.
Apesar de o enfraquecimento do dólar americano ter aparentemente inflado
os relatórios financeiros da Igreja, isso
mostra o que esses recursos podem fazer
nos territórios das missões, disse Lemon.
Ele mencionou ainda o crescimento
“muito encorajador” de 12% nas ofertas
ATUALIZAÇÕES FINANCEIRAS: Robert E. Lemon, tesoureiro
da Igreja, apresenta relatório financeiro, no dia 6 de abril,
na Universidade Andrews, em Berrien Springs, Michigan,
Estados Unidos. Lemon disse que o dízimo e outras somas
doadas aumentaram neste ano, apesar da flutuação da
economia mundial.
F O T O :
R A J M U N D
D A B R O W S K I / A N N
para as missões, doadas pela Igreja na
região norte-americana, durante os últimos quatro anos. No último ano fiscal,
esses valores totalizaram 24 milhões de
dólares americanos vindos da América
do Norte e 38 milhões das outras regiões
do mundo. O total de ofertas para as missões aumentou 199% nas regiões fora da
América do Norte, nos últimos 20 anos.
Paulsen denominou os aumentos de
“testamento” para a ênfase da Igreja no
evangelismo. “Se nossos membros virem
que estamos focados na missão, eles nos
apoiarão”, disse ele.
Lemon afirmou que o crescimento
das ofertas para as missões e dos dízimos, juntamente com a moderação
da sede mundial da Igreja, na região
de Washington, D.C., EUA, fez com
que a Igreja fechasse o ano fiscal com
um aumento de 23 milhões de dólares
americanos, no total do ativo líquido
– não contando o dízimo extraordinário. Alguns desses fundos são limitados
a atribuições específicas ou designados
para fins especiais, mas o saldo não será
mantido na sede mundial da Igreja.
Os administradores da área financeira
direcionaram os investimentos da Igreja
em função da flutuação do mercado. Referindo-se especificamente ao fundo de
aposentadoria da Igreja, o tesoureiro as-
sociado Roy Ryan disse que, pelo fato de
os investimentos da Igreja serem de longo
prazo, diversificados e conservadores, os
riscos são “administráveis”.
Devido à volatilidade dos mercados,
“ninguém está à espera de um exercício
financeiro robusto em 2008”, acrescentou Ryan, “mas a força internacional e
dos mercados emergentes é alvissareira
para os investidores que vivem nos Estados Unidos”.
“Com base nos relatórios financeiros,
o auditor externo da Igreja, Jim Nyquist,
sócio da empresa Maner, Costerisan
& Ellis, deu uma opinião clara e sem
reservas” dos registros financeiros da
Igreja. Ele sugeriu pequenos ajustes
necessários para manter os balanços da
Igreja em consonância com as normas
de auditoria adotadas recentemente nos
Estados Unidos.
As reuniões administrativas da primavera deste ano foram realizadas, pela
primeira vez, na Universidade Andrews,
de propriedade da Igreja. Reuniões de
negócios são periodicamente realizadas
em outros lugares fora da sede mundial
da Igreja. Foi anunciado que, em outubro, os líderes da Igreja se reunirão
para o Concílio do Comitê Executivo
da Associação Geral, em Manila, nas
Filipinas.
Junho 2008 | Adventist World
7
A Igreja em Ação
VISÃO MUNDIAL
V ver ’’
em
B
‘‘
Este artigo é uma adaptação de uma mensagem apresentada
por Michael Ryan, vice-presidente da Associação Geral.
− Os Editores
E
arl Weiss foi um “gangster” em Chicago, conhecido por sua brutalidade e paixão pelo conforto.
Durante a década de 1920, ele subornou e matou até conseguir alcançar o topo do “ranking”
do crime, no submundo do jogo, extorsão e
violência, em Chicago. Weiss tentou, repetidas vezes, matar
o líder da gangue rival, Al Capone. Curiosamente, foi ele o
inventor da frase “caminho sem volta”, depois de assassinar
um adversário a sangue frio. Mas o que tornou Earl Weiss
uma lenda foi seu apetite para o que ele chamava de “viver
bem” – referindo-se como as “melhores” coisas da vida:
mulheres, comida, carros velozes e entretenimentos.
Aos 28 anos, Earl Weiss estava morto e seu corpo perfurado pelas balas da arma automática usada por um dos
capangas de Al Capone. Ele trilhou seu próprio caminho
sem volta.
O Que nos Motiva?
Cada um, particularmente, deve definir o que significa
“viver bem”. Quais são nossos sonhos e valores? O que nos
motiva? O que consome nosso tempo, pensamentos e energia? E, no fim da vida, como será a contabilidade da maneira como usamos as oportunidades que tivemos?
Há não muito tempo, os adventistas do sétimo dia
identificam três valores básicos que ajudam a definir quem
somos como movimento mundial: unidade, crescimento
e qualidade de vida. Esses valores descrevem nossa identidade coletiva e ajudam a moldar nossos planos e o uso de
nossos recursos, tanto em nível local como internacional.
Unidade: Somos uma família, unida pela fé em Cristo, o
amor por Sua verdade e esperança no Seu breve regresso.
Crescimento: Somos comprometidos a compartilhar
com os outros a alegria e segurança que encontramos.
Mas o que, realmente, significa “qualidade de vida”?
Dentre esses três conceitos, esse é o que, talvez, mais necessite ser definido. Certamente, não significa ser “consumista”
8
Adventist World | Junho 2008
– acumulando o que há de mais novo e melhor; ou de desfrutar conforto, no sentido material. Não é ainda uma preocupação exclusiva de como nos sentimos: na saúde, educação
ou na sensação de bem-estar.
Para um adventista do sétimo dia, a busca da qualidade
de vida – viver bem – significa algo singular. Isso tem raízes
nos principais fundamentos que moldam nossa vida –
diretrizes, geralmente inconscientes, de como vivemos, as
quais dirigem as grandes e pequenas decisões que fazemos
a todo o momento. Para um adventista, qualidade de vida
significa viver com o olhar voltado para algo grandioso,
para o drama cósmico entre o bem e o mal, do qual todos
somos atores.
O profeta Miquéias descreve a definição divina de “viver
bem” da seguinte maneira: “Com que me apresentarei ao
Senhor e me inclinarei ante o Deus excelso? Virei perante Ele
com holocaustos, com bezerros de um ano? Agradar-Se-á o
Senhor de milhares de carneiros, de dez mil ribeiros de azeite? Darei o meu primogênito pela minha transgressão, o fruto do meu corpo, pelo pecado da minha alma?” (Mc 6: 6-8).
Viver bem – na busca de qualidade de vida – em seu nível mais básico, significa uma vida de serviço. Significa, em
primeiro lugar, pensar nos outros e colocar suas necessidades
acima das nossas. Significa olhar ao redor com compaixão,
participando na solução dos problemas essenciais que assolam as comunidades. Mais do que isso: viver bem significa
colocar o coração e a vida nas mãos de Deus.
Exemplo Prático
Jesus contou muitas histórias sobre viver bem. Uma de
minhas favoritas encontra-se em Lucas 10 – a história do
bom samaritano. É uma história com a qual estamos bastante familiarizados: um homem que viaja de Jerusalém
para Jericó é atacado por ladrões e deixado para morrer na
estrada. O sacerdote e o levita passam por ele sem oferecerlhe ajuda. Aproxima-se, então, um samaritano – suposto
“inimigo” – que pára e oferece ajuda. Ele conduz o homem a
um hotel e paga para que ele receba tratamento e remédios.
Por esse exemplo, Jesus nos dá um vívido e prático exemplo
de “viver bem”.
Às vezes, penso no sacerdote e no levita passando. O que
os levava a Jericó? Por que eles julgaram que seus compromissos eram tão importantes que não podiam ser interrompidos? Certamente, não eram homens maus; eram pilares da
comunidade, líderes importantes. Talvez o sacerdote tenha
sido chamado para uma missão urgente, para ministrar às
necessidades espirituais de alguém. Talvez, o levita estivesse
com pressa, pois precisava preencher algum cargo importante relacionado com o serviço do templo. Entretanto,
qualquer que fosse o motivo que os levou à estrada de Jericó,
eles tinham prioridades que os mantiveram tão apressados
que passaram ao largo do homem que quase morria de tanto
sangrar. Eles passaram rapidamente, racionalizaram suas
ações, relembrando quão importante era sua missão.
É possível ser um escrupuloso membro da igreja adventista
do sétimo dia e, mesmo assim, falhar ao tentar entender completamente o plano de Deus com respeito ao “viver bem”. Os
últimos versos de Matheus 5 dizem : “Se vocês amam somente
aqueles que os amam, por que esperam que Deus lhes dê alguma recompensa? Até os cobradores de impostos amam as
pessoas que os amam! Se vocês falam somente com os seus
amigos, o que é que estão fazendo de mais? Até os pagãos
fazem isso! Portanto, sejam perfeitos em amor, assim como é
perfeito o Pai de vocês, que está no Céu” (Mt 5:46-48 NTLH).
Que bela prescrição do que significa viver bem!
Os pioneiros de nossa igreja entenderam essa visão. Suas
histórias são marcadas por sacrifício e serviço. Lembro-me
de pessoas como Jorge Riffel, pioneiro e missionário leigo na
Argentina, e Abram LaRue, outro membro leigo que foi nosso primeiro missionário na Ásia. E hoje, ao redor do mundo,
pioneiros da Missão Global, missionários e voluntários,
continuam a inspirar vidas focadas nas necessidades ao seu
redor, e não nas próprias necessidades.
Quando conhecemos alguém que “vive bem” para Cristo,
somos impactados. Na noite de Natal de 1944, meu pai era
prisioneiro de guerra num campo de concentração japonês.
Enquanto ele e seus companheiros de cela estavam sentados
juntos, desejando estar em casa, abriu-se a porta do quarto e
um dos guardas entrou. A primeira reação dos prisioneiros
foi de medo: uma visita ao quartel durante a noite era algo
inesperado. O guarda permaneceu parado por um instante e,
logo depois, começou a cantar em inglês: “Tudo é paz, tudo
amor, calmo está ao redor...” Quando a música acabou, ele
disse: “Eu sou um cristão. Feliz Natal!” Deixou uma pequena
mala de doces no chão e saiu pela porta. Meu pai nunca se
esqueceu do carinho daquele homem que, sob terrível risco
pessoal, tentou levar conforto para aqueles que eram seus
inimigos.
Hoje, não é a definição de Earl Weiss sobre “viver bem”
que tem sentido. Também não é a maneira como a igreja define “qualidade de vida” que conta. Não é também a opinião
da pessoa que se assenta ao nosso lado, no banco da igreja,
a cada sábado. Cada um de nós, individualmente, deve definir o que é “qualidade de vida” para nós mesmos. Devemos
decidir como usamos nosso tempo e como responderemos
às necessidades das pessoas à nossa volta. Será que escolheremos viver bem somente para nós mesmos até que, finalmente, tomemos o inevitável “caminho sem volta”? Ou será que
escolheremos viver bem para Cristo, pela eternidade?
Michael Ryan é vice-presidente geral da
Associação Geral da Igreja Adventista do
Sétimo Dia.
Junho 2008 | Adventist World
9
A Igreja em Ação
M I LT O N
JANELA
Rumo ao
S A U
R I
N A
Uruguai
R
O
M
E
R
O
O Uruguai por dentro
Brazil
Uruguay
Capital
Montevidéu
Língua Oficial
Espanhol
Religiões
Católicos Romanos – 47%;
Protestantes – 11%;
Ateus e Agnósticos – 17%;
outros – 25%
População
3.460.607
Membros adventistas
6.750
Número de adventistas
per capita
1:513
Lagoa
Mirim
Embalse
de la India
Muerta
Rio de la Plata
Montevideo
Argentina
South Atlantic
Ocean
À
semelhança de um sanduíche,
entre o Brasil ao norte e a Argentina ao sul, o Uruguai é o
segundo menor país independente da América do Sul (maior apenas
que o Suriname). De sua população de
mais de 3,46 milhões de pessoas, 1,7
milhão moram na capital, Montevidéu,
e seus arredores. Noventa por cento da
população é de descendência européia, a
maioria espanhola e italiana.
O explorador espanhol Juan Díaz de
Solís, em 1516, foi o primeiro europeu
a pisar a região onde hoje é o Uruguai.
Pouco mais tarde, naquele mesmo ano,
Solís e seus exploradores foram mortos
pelos indígenas Charrúas. Nenhuma
tentativa séria foi feita para colonizar
a região até 1624, quando os jesuítas
espanhóis e missionários franciscanos
estabeleceram missões na área. Pelos
100 anos seguintes, a região foi alvo de
uma série de disputas entre a Espanha
e Portugal, com o resultado a favor da
Espanha, em 1726.
Montevidéu foi fundada pelos espanhóis como uma fortaleza militar, no
começo do século XVIII. A luta do Uruguai pela independência começou em
1810, sob o comando de José Gervasio
Artigas. Mas só catorze anos mais tarde,
os uruguaios, sob a liderança de Juan
Antonio Lavalleja, promoveram uma
10
Adventist World | Junho 2008
insurreição que
libertou o país
e declarou sua
independência
em 25 de agosto de 1825.
O Uruguai é
considerado a nação mais secular da
América do Sul. Embora metade da sua
população se identifique como católica (47%), quase um quarto (23%) se
denomina “crentes em Deus, mas sem
religião”, e aproximadamente um quinto
(17%) identifica-se como ateus ou agnósticos. Os uruguaios, em sua maioria,
não são religiosos praticantes.
R O C
K
Lago Artificial de
Rincon del Bonete
Laguna
Merin
I S
L U
Lago Artificial de
Paso del Palmar
Adventistas no Uruguai
De acordo com alguns relatos, o
primeiro adventista do sétimo dia,
no Uruguai, foi o Sr. Juan Rivoir, que,
quatro anos antes de imigrar para o
país em 1890, ouviu Ellen White pregar
em Piedmont, na Itália. Em 1891, os
primeiros colportores adventistas A. B.
Stauffer, E. W. Snyder e C. A. Nowlen
foram a Montevidéu, onde ficaram
pouco tempo, antes de prosseguir
viagem até Buenos Aires. Em 1893,
Stauffer e Snyder retornaram com
um jovem britânico chamado Lionel
Brooking. Stauffer começou trabalhando entre a população que falava
alemão; Snyder com os imigrantes que
falavam inglês e Brooking, com os colonos que falavam francês.
Um dos primeiros indivíduos no
Uruguai a responder à mensagem
adventista foi John McCarthy, superintendente do “Seamen´s Mission”, em
Montevidéu.
Outros missionários adventistas da
época incluem Lucy Post, Jean Vuilleumier e F. H. Westphal. Em 1906, a Missão da América do Sul recomendou que
o Uruguai fosse organizado como uma
missão. Naquela época, a igreja no Uruguai tinha apenas 48 membros e John
McCarthy foi nomeado superintendente
da nova Missão.
A primeira Escola Adventista foi
organizada em 1908, na casa de Julio
Ernst, com Otto Heydeker como professor. O Colégio Adventista do Uruguai
foi fundado em 1944.
Em 1909, duas enfermeiras, Meda
Kerr e Francisca Brockman, vieram dos
Estados Unidos para o Uruguai. Dois
outros enfermeiros da Argentina se
uniram ao time: Armando Hammerly e
sua esposa.
Os quatro trabalharam juntos para
acabar com o preconceito entre a população, provendo serviço médico à
comunidade.
Os primeiros programas de rádio
adventista foram veiculados por A. R.
Sherman, em 1925. Hoje, La Voz de la
Esperanza Uruguay (A Voz da Esperança
Uruguai) é transmitida de Montevidéu.
Cerca de sete mil adventistas no Uruguai
reúnem-se em 49 igrejas espalhadas
pelo país.
Para saber mais sobre a linha de frente
do trabalho missionário ao redor do
mundo, visite www.adventistmission.org.
S A Ú D E
N O
M U N D O
Doenças
Cardiovasculares
Por Allan R. Handysides e
Peter N. Landless
Quão problemática é a doença cardiovascular para as pessoas que não vivem
nos países do Ocidente?
ua pergunta é muito importante
porque os problemas cardiovasculares são normalmente descritos
como doenças encontradas em países
desenvolvidos ou ocidentais.
Infelizmente, os maus hábitos são
aprendidos muito mais rapidamente
do que os bons e, conseqüentemente,
vemos agora um número crescente de
mortes por problemas cardiovasculares
nos países em desenvolvimento.
Os índices aumentam enquanto a
taxa de mortalidade por doenças cardiovasculares cai ligeiramente nos Estados
Unidos.
O estilo de vida é um fator muito
importante. Vários estudos mostram
que há poucas mortes devido a problemas cardiovasculares nos dois a três
por cento dos indivíduos que adotam
dieta vegetariana, incluindo castanhas,
grãos integrais, frutas e vegetais, e que
se exercitam regularmente. Há, porém,
cada vez mais provas de que a nossa história de colesterol, tanto herdada como
adquirida, não é tão simples como se
pensava.
Além do colesterol, outros fatores
como os níveis de vitamina D e indicadores de inflamação como a proteína
C-reativa podem ser tão significativos
para o prognóstico quanto os níveis de
colesterol. É preocupante o aumento
da taxa de doenças cardiovasculares
em mulheres. De modo geral, as doen-
S
F O T O S :
S A N J A
G J E N E R O / M O D I F I C A D O
ças cardiovasculares são, na verdade,
um problema muito mais grave que a
infecção pelo HIV. A China tem uma
das taxas de derrame mais altas, e esse
fato está principalmente relacionado ao
hábito de fumar. Geralmente, pensamos
que os Estados Unidos têm os maiores
índices de doenças cardiovasculares
(derrames e ataques do coração). Mas
isso não é verdade. Muitos outros países
têm índices mais altos de mortalidade
por doenças cardiovasculares, como a
Índia, China, Argentina e Escócia, com
índices elevados.
A dieta é, com certeza, um dos fatores, mas não o único. Em 2020, o tabaco
será a maior ameaça à saúde em todo o
mundo.
Embora tenha havido um declínio no
tabagismo no mundo ocidental, há níveis
estratosféricos no mundo em geral.
O exercício faz maravilhas –
mesmo nas pessoas obesas. Indivíduos
obesos que se exercitam são apenas
metade dos inativos atingidos por
doenças vasculares. Não faz sentido
ser fanático por dieta. Isso não quer
dizer que o exercício compensa a obesidade, porque ambos – dieta desequilibrada e falta de exercícios – são fatores
de risco das doenças vasculares.
Frutas e vegetais ajudam definitivamente a evitar doenças cardiovasculares,
assim como o consumo de alguns gramas de castanhas pelo menos algumas
vezes por semana.
Alguns defendem o consumo de
peixe, que é tão maléfico quanto a carne
D I G I TA L M E N T E
vermelha, por causa do câncer de cólon.
Não importa onde você vive; o fato é
que os cinco elementos clássicos de um
estilo de vida saudável (exercícios regulares, dieta baseada em plantas, grãos
integrais, castanhas e água como o principal líquido) ajudam a reduzir o risco
de doenças cardiovasculares.
O maior desafio do estilo de vida enfrentado pela população do mundo é a
redução do consumo de tabaco. A eliminação deveria ser nosso alvo, mas para
aqueles que não são motivados, como os
adventistas – por questões espirituais –
a expectativa da total eliminação do uso
do fumo, em termos globais, não
é realista.
A segunda mudança no estilo de
vida mais gratificante, numa base global,
seria exercitar-se mais. São necessários
150 minutos de exercício moderado por
semana. Isso significa que o exercício,
para ter intensidade efetiva, deve provocar um pouco de suor.
Allan R. Handysides, M.B.,
Ch.B., FRCPC, FRCSC, FACOG,
é diretor do Departamento do
Ministério da Saúde da
Associação Geral.
Peter N. Landless, M.B., B.Ch.,
M.Med., F.C.P.(SA), F.A.C.C.,
ICPA, é diretor executivo e
diretor associado do Ministério
da Saúde.
Junho 2008 | Adventist World
11
D E V O C I O N A L
é Tão
N U R E T T I N
Por que a
Vida
Confu
Por
Israel Banini
Reflexões sobre a onipotência
Lição de um Jogo
Eu estava assistindo a um jogo de futebol de dois times
africanos, Accra Hearts of Oak e Kumasi Ashanti Kotoko,
no estádio Accra Sports, em Gana. Apenas cinco minutos
após o apito do árbitro para iniciar o jogo, os Hearts of Oak
levaram um gol. Seu treinador, eleito o melhor da África esse
ano, permanecia ao lado do campo, vendo seus jogadores cometendo todo tipo de falta, por ignorância ou simplesmente
por displicência.
Notei que o treinador não invadiu o campo para
ajudar seus jogadores. Ao contrário, ele sofreu o desapontamento de ver seu time perder, enquanto dava, com muita
paciência, todos os conselhos e dicas que lhe vinham à
mente. Agindo assim, ele ajudou seus jogadores a virar
o jogo.
Deus é como um treinador do lado de fora do campo.
Ele sofre por causa de nossos erros, ignorância, insensatez,
pecados e sofrimentos. Seria muito mais fácil entrar no cam-
12
K AYA
E
rupção vulcânica, tsunamis, morte acidental de um ente
querido, tempestade, redemoinho, furacão, terremoto
– todos, de certa forma, imprevistos – levam muitos a
questionar se realmente existe um Deus de amor sentado em Seu
trono no Universo, ou se Ele perdeu o controle de todas as coisas.
Pessoas atingidas por grande pesar, perda de familiares e outras
calamidades levantam as mãos, em angústia, e exclamam: “Onde
está a onipotência de Deus?” “Será que Ele está no controle?”
Os sumo sacerdotes, escribas e anciãos foram apanhados na
mesma situação durante a crucifixão de Jesus. Lemos suas palavras em Mateus 27:42,43: “Salvou os outros, a Si mesmo não
pode salvar-Se. É rei de Israel! Desça da cruz, e creremos nEle.
Confiou em Deus; pois venha livrá-Lo agora.” Eles estavam
impressionados com o fato de que Deus, com todo o poder em
Suas mãos, fosse tão lento para mover Seu braço e salvar Seu
Filho, com a força de um relâmpago, se necessário.
Por que tinha que ser assim?
Adventist World | Junho 2008
po e jogar em nosso lugar, mas isso seria uma fraqueza. Seria
contra as regras do jogo.
Assim, Ele assiste enquanto nós, Seus jogadores, levamos
cartões amarelos e vermelhos. Meu filho morre; minha esposa agoniza; meus irmãos perdem a casa num incêndio; e vão
acontecendo uma e outra calamidade. Algumas, como resultado de nossa tolice, outras, sem que tenhamos culpa. Mas,
por meio de todas essas coisas, Deus chega até nós – ajudando, aconselhando, guiando.
Correr para dentro do campo seria confessar Sua falha
como treinador – admitir que Seu plano para a partida,
como planejada no início, foi inadequado.
Nosso Deus não é descuidado, um intrometido caprichoso. Ele nos ajuda a jogar de acordo com as regras de Sua infinita sabedoria. Mas, como expressão de Sua onipotência, Ele
impôs uma limitação a Si mesmo, dando-nos o livre arbítrio,
algo que Ele nunca tira de nós; e há coisas que Ele simplesmente não faz sem nossa cooperação.
Agentes Humanos
Quando Deus quer fazer algo importante no mundo, Ele
não mobiliza os anjos. Ao contrário, reúne duas pessoas, não
pela força, mas pela atração do amor. Eles têm um bebê que
se torna um Davi ou Sansão, um Abraão ou Noé. Se Ele quer
construir um templo, dá instruções a Salomão. E quando
deseja construir um mundo livre, ele pergunta no contexto
das limitações que Ele impôs a Si mesmo: “A quem enviarei,
e quem há de ir por nós? Até respondermos: “Eis-me aqui,
envia-me a mim”, esse Deus onipotente é, por assim dizer, impotente para revelar completamente Sua natureza ou para realizar Seu propósito, por ter condescendido tão profundamente
para cooperar conosco.
Ele pode expressar Seu extraordinário poder por meio de
uma poderosa cachoeira, do vento cortante, de ondas furiosas
e de um relâmpago rasgando o céu. Ele pode prover água suficiente para as necessidades de toda a humanidade. Porém, o
sa?
ciedade e edificação da humanidade? Não estamos nos isolando
em um mundo perfeito? Mesmo em meio ao sofrimento, será
que podemos admitir, no silêncio de nossa alma, o fato de que
erramos em vez de apontar onde Deus errou?”
Peçamos a Cristo para colocar Seu dedo naquele lugar de
nossa vida onde nosso coração está resistente ao Seu poder,
nossos pecados poluindo o rio, nossa ignorância construindo
um muro numa área de terremotos.
Se deixarmos de resistir a Deus, Ele liberará Seu imenso
poder como no dia de pentecostes, quando “de repente, veio
do céu um som, como de um vento impetuoso” (At 2:2). Se
pudermos fazer isso, o resultado final não será apenas uma
vitória completa para Deus e uma vitrine de Sua onipotência,
mas nosso caminho para ela, pois o que agora parece derrota
será transformado em vitória. Na verdade, a grande humilhação de Cristo – a cruz – é agora o maior sinal de vitória do
cristianismo.
O livre arbítrio humano
tornou-se obstáculo para um
Deus onipotente.
de Deus
livre arbítrio (e a tolice) do ser humano torna-se um obstáculo, colocado por Ele mesmo, à Sua onipotência. Por exemplo,
Deus não pode ajudar um estudante de medicina a se tornar
médico, se ele se recusar a aprender. Cada decisão é nossa decisão; cada escolha é nossa escolha.
O fato de Deus recusar-Se a interferir na liberdade humana custou-Lhe o Calvário. Se Seu poder entrasse em ação toda
vez que necessitássemos dele, acabaria com nosso problema e,
em conseqüência, arruinaria o plano de Deus para nos educar
e desenvolver nosso caráter.
Qual, então, é o propósito de Deus? Podemos ter um mundo sem pobreza, sem doença, sem tristeza ou morte? Podemos
ter total condição de felicidade e prosperidade?
Da Perspectiva de Deus
Devemos, francamente, perguntar a nós mesmos: “Estamos
cumprindo a nossa parte do contrato de trilhar nosso caminho
no mundo, envolvendo-nos em trabalho útil para o bem da so-
Os acontecimentos que agora rotulamos como “catástrofes” se transformarão, com a nossa cooperação, em glória a
Deus, muito além do que pensamos ou imaginamos. Cooperar
com Deus é ajudá-Lo a cumprir Seu maravilhoso propósito
– propósitos vastos e gloriosos, além de qualquer imaginação,
além dos nossos sofrimentos, tristezas e desastres que nos
sufocam e ameaçam a nossa fé nEle. Finalmente, com Sua onipotência disponível e Seu poder em ação, poderemos cantar:
“Glória, glória a Deus nas alturas.”
Israel Banini trabalha há vários anos
como repórter de linha de frente em muitas
operações das Nações Unidas e, mais
recentemente, atuou na Missão das Nações
Unidas, em Serra Leoa.
Junho 2008 | Adventist World
13
V I D A
A D V E N T I S T A
Lee Dunstan
Daqui Para Lá
Material Precioso
Para muitas pessoas, em partes
remotas do globo, como na Divisão
do Sul do Pacífico, de onde estou escrevendo, a Lição da Escola Sabatina é
preciosa e muito apreciada. As pessoas
que falam inglês no Sul do Pacífico
(embora o francês também seja falado),
consideram que seu valor intrínseco é
14
Adventist World | Junho 2008
Uma vez confirmada a aprovação final da lição pela comissão da Associação
Geral, ela é preparada para a produção.
Em formato eletrônico, é distribuída
para os tradutores autorizados pela igreja e para as muitas casas publicadoras
da igreja, em várias divisões do mundo. Na Divisão do Sul do Pacífico,
por exemplo, ela é impressa pela
Sings Puglishing Company, em
Melbourne, Austrália.
Uma vez impressa, a lição é
embalada para ser despachada.
Parece que, na linha de produção, é sempre corrido aprontar tudo
para o malote seguinte, e o pessoal da
expedição freqüentemente trabalha até
tarde ou nos fins de semana para cumprir o prazo, às vezes até deixando para
trás outras produções urgentes. A lição
é despachada de Melbourne para uma
viagem de mais de três semanas até as
ilhas de Fiji, Papua-Nova Guiné, Taiti,
Vanuatu e Nova Caledônia. Os barcos
para esses países são relativamente
freqüentes e regulares, mas esse não é
o caso para muitos outros lugares.
PA C Í F I C O
D O
S U L
D O
D I V I S Ã O
O Início da Jornada
A incrível jornada
da Lição da Escola
Sabatina
D A
maior do que seu preço. Para alguns, é
a única literatura adventista a que têm
acesso, além da Adventist World. Para
eles, a lição vale “ouro”. Na economia
em desenvolvimento do Pacífico, há
pouca infra-estrutura fora da capital e
em algumas cidades do interior. Para
chegar a tempo às muitas comunidades, a lição precisa iniciar sua jornada
meses antes do início do trimestre. O
crédito deve ser dado à igreja que trabalha para que, a cada sábado, em todo
o mundo, seus membros estudem o
mesmo assunto, que é enriquecido por
uma grande diversidade de idéias.
C O R T E S I A
D
esde seu planejamento até
chegar aos bancos da igreja, a
Lição da Escola Sabatina requer
cerca de três anos para ser produzida.
Primeiro, é escolhido o autor, ou
a pessoa a quem o Departamento da
Escola Sabatina da Associação Geral,
em Silver Spring, Maryland, Estados
Unidos, chama de colaborador principal. Então, a lição é escrita, revisada e
editada; finalmente, é impressa. Tudo
isso leva tempo.
Aproximadamente 2,7 milhões de
lições da Escola Sabatina – o que inclui
todas as cinco edições (alunos, professores, lição fácil, lição condensada
e uma versão em letras grandes) em
85 línguas e dialetos – são impressas e
distribuídas ao redor do mundo, a cada
trimestre, por meio das lojas de livros
adventistas e igrejas locais, segundo
Gary Swanson, diretor associado do
Departamento de Ministério Pessoal e
Escola Sabatina. Entretanto, a maioria
dos membros de igreja que usam a
Lição da Escola Sabatina, ao abrirem a
lição no início do trimestre, provavelmente não têm conhecimento do longo
processo de produção, nem imaginam
quão trabalhoso ele é. Entretanto, embora a maioria de nós nunca se tenha
preocupado com o processo de criação
da lição, essa mentalidade não é universal.
Acima:
TRABALHO
DE AMOR:
Alguns missionários locais, pastores e anciãos
das regiões remotas da Divisão do Sul
do Pacífico, caminham de dois a três
dias para buscar a lição da Escola
Sabatina. Esquerda: LIÇÃO COPIADA
A MÃO: Essa lição para adultos foi
copiada a mão por um membro de
igreja na Romênia, durante o tempo
em que usar esse tipo de literatura
era ilegal naquele país.
C O R T E S I A D O D E PA R TA M E N T O D E E S C O L A S A B AT I N A E
M I N I S T É R I O P E S S O A L D A A S S O C I A Ç Ã O G E R A L
Para Regiões Distantes
A maioria das nações do Pacífico
está espalhada por uma vasta extensão
de oceano, pontilhada por pequenas
ilhas. Assim, quando as lições chegam
aos escritórios da união ou missão, a
remessa precisa ser dividida em lotes
menores para cada ilha e remetida para
o destino seguinte – os escritórios das
missões locais – por meio de embarcações que navegam entre ilhas. Desde
que a lição é impressa, é necessário um
período de dois a três meses até ela
chegar ao destino.
Esse, porém, é apenas o início do
processo. Agora, uma mensagem é enviada por rádio UHF e radiotelefonia
para os diretores dos distritos e pastores das igrejas no alto das montanhas
e em postos de fronteira sob seu cuidado: o precioso suprimento de lições
chegou.
Nessa etapa, missionários locais,
pastores e anciãos de igreja fazem
sua jornada para a missão ou sede de
distrito, para buscar as lições. Para os
moradores das montanhas de PapuaNova Guiné, onde não existem estradas
interligando a maioria das vilas, isso
pode significar de dois a três dias de
difícil caminhada, somente de ida. Se
tiverem sorte, um avião da missão pode
entregar os pacotes em um campo de
pouso do outro lado do vale, o que
requer apenas um a dois dias de dura
caminhada pelos precipícios de PapuaNova Guiné. Embora seja possível lançar uma seta através do vale, a descida e
subida nas duas direções são realmente
“de matar”. Para as igrejas nos atóis
da grande Lagoa Marovo, nas Ilhas
Salomão, por exemplo, pode significar
lotar uma canoa e ir de ilha em ilha
por vários dias. Embora haja lanchas a
motor, o preço do combustível, quando
disponível, é inacessível.
Uma vez que a igreja adventista
mais distante do escritório central do
Sul do Pacífico está na Ilha Pitcaim, a
República de Kiribati, composta por
33 ilhas dispersas numa área de 3.5
milhões de quilômetros quadrados,
ela é provavelmente o melhor exemplo
de lugar remoto, tanto em distância
como em acesso. A ilha mais próxima
que tem escritório de missão é Fiji, que
dista 1.500 quilômetros, enquanto a
mais distante está a 3.300 quilômetros.
Além da distância, há dificuldades em
relação ao acesso, uma vez que poucos barcos navegam entre as ilhas em
horários regulares, fazendo com que
as lições esperem pacientemente. Mas,
vale a pena.
O Pão e a Manteiga do Estudo
da Bíblia
Piuki Tasa, diretor do SELS (loja de
livros e revistas) da União-Missão de
Papua-Nova Guiné, diz que a lição da
Escola Sabatina é o pão e a manteiga
do estudo da Bíblia e do culto familiar
diário, naquele campo. Ele já morou e
trabalhou como pastor e administrador de uma loja de livros adventistas,
tanto em Papua-Nova Guiné quanto
nas Ilhas Salomão e sabe que isso é verdade. Ele diz que as lições não chegam
às comunidades mais remotas antes da
quarta ou quinta semana do trimestre,
os adventistas sentem muita falta. Tasa
considera a lição como uma “grande
bênção” para os membros da igreja em
sua região, e diz que os membros apreciam muito seu estudo.
“O estudo da lição da Escola
Sabatina, cada trimestre, traz força
espiritual e discernimento aos membros”, diz Tasa. Ele acrescenta que a
lição sempre chega aos lugares mais
difíceis. Os membros de muitas outras denominações compram lições
regularmente, quando há exemplares
disponíveis nas lojas, uma vez que, à
semelhança de seus amigos adventistas, têm pouca publicação espiritual
acessível financeiramente e de fácil
compreensão.
costa sudoeste, para participar de um
seminário de treinamento seguido da
venda de literatura. Para ir da vila onde
moram até o lugar do seminário, tiveram que caminhar por três dias através
da floresta, cruzando rios inundados e
infestados de jacarés, e ainda precisavam de dinheiro para voltar para casa,
mas logo ficaram sem livros para vender. Foi quando alguém se lembrou de
haver visto pacotes de lições de
trimestres anteriores em um depósito
da loja adventista local. As lições haviam chegado muito tarde para o trimestre correspondente e haviam sido
abandonadas. De posse desse material,
os homens foram, mais uma vez, de
porta em porta vendendo os panfletos
para pessoas que ignoravam a data
e a má aparência das lições. Os dois
homens, ao voltarem para casa, ainda
venderam lições.
Já ouvi outras histórias, como a de
pessoas que usaram a lição da Escola
Sabatina para enrolar cigarros, arrancando página por página, à medida que
iam fumando, até começarem a ler as
páginas restantes e, posteriormente,
encontraram a igreja.
O Fim da Jornada – ou Não?
Damos mais valor às coisas que
são mais caras. Por isso, os pescadores
das ilhas do Pacífico e os camponeses
das montanhas de Papua-Nova Guiné
que sabem quanto custa uma lição
em termos de esforço para obtê-la, a
consideram um tesouro precioso. Para
eles, a lição não é descartável no fim do
trimestre. Pelo contrário, passa a fazer
parte de suas bibliotecas, sendo manuseada e compartilhada até se tornar
tão gasta e rasgada que seu uso se torna
praticamente impossível.
Resgate por Meio da Lição da
Escola Sabatina
Brian Brunton, gerente do Departamento de Publicações de Papua-Nova
Guiné até 2005, relata como, certa
ocasião, dois colportores evangelistas
visitaram Daru, um remoto país na
Lee Dunstan é editor-
chefe da Signs Publishing
Company, em Vitória,
Austrália.
Junho 2008 | Adventist World
15
A R T I G O D E C A PA
Por Williams Costa, Jr.
Conexão
com a
sem Fio
Salvaçao
Tecnologia digital leva campanha evangelística aos
lares e internautas aceitam a Jesus.
P
ara muitas pessoas, os avanços tecnológicos
fazem mais mal do que bem. Com quase 196
BATISMO: Tatiana (direita)
bilhões de e-mails rodando diariamente nas
e o esposo de sua irmã,
redes de computadores, a luta para ficar livre de
Edmilson (não fotografado),
mensagens indesejáveis toma minutos preciosos no
foram batizados no final da
trabalho e nos lares.
série evangelística realizaAo mesmo tempo, os avanços tecnológicos esda pela Igreja Adventista
tão aumentando a habilidade dos adventistas do séno Brás, São Paulo. As reutimo dia de proclamar e levar as boas novas sobre
niões foram transmitidas,
Jesus a pessoas em todo o planeta. Algumas vezes,
ao vivo, pela Internet para
a tecnologia é usada por evangelistas que não estão
buscando prioritariamente grandes massas, mas um
chamar a atenção
coração sedento da verdade.
das pessoas ocupadas,
Aqui está um exemplo: Em agosto de 2007, no
sem sair de casa.
populoso bairro do Brás, na cidade de São Paulo,
Brasil, o evangelista Luís Gonçalves apresentava na
igreja local uma mensagem baseada em Apocalipse
Nesse momento, o celular da Cristina tocou. Ela olhou
12. As mensagens eram captadas por câmeras de televisão
para a tela do telefone e exclamou:
e transmitidas, ao vivo, pela Internet. Isso foi feito para atrair
− É meu marido!
os moradores do Brás − bairro com a maior comunidade mu− Atenda à ligação − disse Gonçalves.
çulmana do Brasil −, os quais poderiam ter o interesse em ir
− Oi, querido! −Cristina disse a Edmilson.
às reuniões dessa série evangelística, mas que estavam muito
− Quando você saiu de casa e foi para a igreja, liguei o
ocupados ou cansados no fim do dia.
computador e assisti a toda a programação pela Internet −
No fim do sermão, o pastor Gonçalves fez um apelo ao
disse Edmilson.
público, mas também olhou diretamente para uma das câO pastor Gonçalves pediu a Cristina que o deixasse falar
meras de televisão, apelando especialmente aos que estavam
com o marido. O pregador fez um apelo direto e especial
assistindo pela Internet, para atenderem ao chamado.
a essa única pessoa. Isso foi verdadeiramente “interativo”:
Cristina, presente na igreja, levantou-se de seu assento e foi
Edmilson estava ouvindo a mensagem ao vivo pela Web e o
à frente. Quando o pastor Gonçalves a viu, perguntou:
pastor estava fazendo um apelo personalizado por um telefone
− Onde está seu esposo? − Edmilson, o marido dela, não
celular!
estava ao seu lado, e ela respondeu:
Gonçalves perguntou a Edmilson se ele poderia colocar o
− Eu vim sozinha.
− Que pena! Estamos sentindo a falta dele – disse Gonçalves. telefone nas “caixas de som” da igreja, e ele consentiu. Dessa
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F O T O S :
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FRUTOS DA TECNOLOGIA: O evangelista Luís
Gonçalves entrevista Cristina, logo após o apelo.
Durante a conversa, o esposo de Cristina, Edmilson,
ligou para o celular da esposa. Gonçalves colocou
a conversa no “viva-voz” e fez um apelo pessoal a
Edmilson, que tomou sua decisão de aceitar a Jesus
como seu Salvador.
maneira, toda a congregação pôde ouvir o diálogo. Momentos
depois, Edmilson, profundamente movido pelo Espírito Santo,
decidiu entregar o coração a Jesus. Lágrimas vieram aos olhos
de Cristina. A congregação explodiu de alegria, aplaudindo
com entusiasmo.
Fazia muito tempo que Cristina estava orando por aquela
decisão. Agora, seu marido estava fisicamente longe do prédio
da igreja, mas perto da família de Deus. Edmilson foi profundamente tocado ao ver tudo na tela do computador de sua
casa. Foi uma combinação abençoada de ministério pessoal e
tecnologia para alcançar um homem por meio da Internet e
um telefone celular.
Tudo começou de um jeito pouco tecnológico. Márcia,
fiel adventista do sétimo dia que vive na Bahia, a mais de dois
mil quilômetros de São Paulo, ligou para sua irmã Cristina.
Márcia convidou a irmã, não adventista, a assistir a uma série
evangelística de 30 noites com o pastor Gonçalves, intitulada:
“Apocalipse, a Resposta”.
O Brás, onde Cristina mora, sempre foi um lugar “difícil”
para o evangelismo adventista, mas os líderes da Associação
daquela região decidiram construir um templo numa área
sem presença adventista. O Brás é um bairro extremamente
comercial, com muitos imigrantes. Além da enorme comunidade muçulmana, há coreanos, italianos, bolivianos e muitos
outros que fizeram daquele lugar o seu lar. A série evangelística foi planejada como “pontapé” inicial para a inauguração
da igreja.
A Grande São Paulo, com mais de 20 milhões de habitantes, possui todos os elementos para induzir as pessoas a
ficarem em casa, à noite: muito trânsito, poluição e falta de
segurança. Depois de um longo dia de trabalho em uma metrópole, as pessoas estão completamente exaustas. Por essa
razão, o pastor Gonçalves tomou a decisão de disponibilizar a
série pela Internet. Se as pessoas não podiam, ou não queriam
ir à igreja, a mensagem deveria ficar disponível em seus lares,
ele pensou.
Cristina e Edmilson moram longe da igreja, mas aceitaram o convite de Márcia e começaram a assistir às pregações
pela Internet. O casal conhecia o pastor Gonçalves, pois havia
assistido a uma série de estudos bíblicos em DVD. Tatiana,
outra irmã de Cristina, também decidiu assistir aos programas pela Internet, que causaram grande impacto em sua vida.
No dia 22 de agosto, uma semana antes da conclusão da série
evangelística, Tatiana decidiu ser batizada e convidou Cristina
e o esposo a ir à igreja com ela. Edmilson recusou o convite e
preferiu ficar. Depois que Tatiana assinou sua ficha batismal,
junto com a irmã, decidiu ficar para o programa da noite,
quando Gonçalves pregou sobre a graça de Deus. Foi nesse dia
que Edmilson fez o que pode ter sido a chamada telefônica
mais importante de sua vida.
Três dias depois, Edmilson, a esposa Cristina e a cunhada
Tatiana foram batizados na igreja do Brás. Como resultado
dessa fantástica combinação de pregação num local com
transmissão pela Web, 457 pessoas receberam estudos bíblicos, durante a campanha de testemunho. Desse número, 120
decidiram ser batizadas e 62 já foram batizados. A igreja do
Brás, com 300 lugares, por muitas noites acomodou mais de
600 pessoas que lotavam o templo. No fim da série, aproximadamente 900 pessoas superlotaram a igreja para assistir à
cerimônia batismal.
Muitas campanhas evangelísticas já foram transmitidas
pela Internet, mas, dessa vez, o pastor Gonçalves “incluía” os
expectadores on-line. Quando mencionava um texto bíblico,
virava para a câmera e perguntava: “Você encontrou?” ou
dizia: “Vou esperar por você. Já está pronto?” Isso criava uma
ligação entre o pregador e os expectadores. No fim da série,
32.619 pessoas acessaram a transmissão pela Internet.
Noêmia Mendes, advogada, também tomou a decisão de
ser batizada ao assistir à série da igreja do Brás, pela Internet.
No dia 15 de agosto, ela foi à igreja e disse com toda a certeza:
“Conheço a mensagem adventista desde os 15 anos de idade.
Williams Costa, Jr. é diretor dos Serviços de
Mídia para o Departamento de Comunicação
da Associação Geral.
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Esquerda: COMPROMETIDOS COM JESUS: Sessenta e duas pessoas foram batizadas na Igreja Adventista do
Brás. Da esquerda para a direita: Edmilson, sua esposa Cristina e a irmã de Cristina, Tatiana. Direita: CONVERSÃO
PELA INTERNET: Pastor Luís Gonçalves entrevista outra candidata ao batismo, Noêmia Mendes, advogada, que
entregou seu coração a Jesus enquanto assistia à série evangelística da igreja do Brás, transmitida pela Internet.
F O T O S :
Assisto constantemente à TV Novo Tempo e acompanhei esta
série evangelística pela Internet. Estou muito segura ao tomar
minha decisão ao lado de Jesus.” Noêmia também foi batizada
no fim da série.
Alguém disse que existem pelo menos três maneiras de
se chegar a Paris. Uma é através dos canais de esgoto, o que
pode levar a pessoa a dizer que “Paris é escura, estreita e cheira
muito mal.” Outra, é de carro, causando a seguinte reação:
“Oh! Paris é linda, seus jardins, maravilhosos! Mas tem um
problema: o tráfego é tão intenso que não se consegue andar!”
Pode-se, entretanto, chegar a Paris sobrevoando a cidade, e a
impressão será inteiramente diferente: “Paris é brilhante, espaçosa, magnífica. É realmente a cidade das luzes!”
Dependendo da maneira como se usa a Internet, ela também pode ser brilhante ou escura, estreita ou espaçosa, feia
ou bonita. A Internet oferece uma oportunidade única de
compartilhar as boas novas da salvação a muitas pessoas confusas, que precisam de respostas. Em alguns países, a Internet
é controlada pelas autoridades locais, mas, por sua própria
natureza, ela transpõe todas as barreiras. Por isso, é tempo
de pensarmos além das velhas rotinas, criando “espaços” na
Web e dando oportunidade às pessoas de conhecer Jesus e Seu
amor, por meio da Internet.
Todos os que acessam a Internet sabem quanto conteúdo
ruim existe na Web; a torrente de “spams” é um tsunami de
pecado em diversos níveis. Mas, ao mesmo tempo, a Internet é
uma oportunidade de comunicar esperança e salvação, e é por
essa razão que os adventistas devem usá-la. Se não usarmos
essa ferramenta, o inimigo usará. No passado, muitas vezes,
ficamos com medo de usar filmes, TV e rádio para compartilhar o evangelho; como resultado, Satanás está usando esses
meios de diversas maneiras. Sinceramente, creio que o Senhor
inspirou a invenção de todas essas mídias, que são ferramentas
de alta tecnologia, para ajudar a expandir o nosso testemunho.
Precisamos ter um propósito, sendo até ousados, para conse-
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guir espaço na mídia secular. Freqüentemente, somos muito
acanhados, tímidos e, às vezes, até omissos ao lidarmos com
a mídia em geral. No mundo secular, as pessoas lutam para
aparecer. As celebridades investem muito dinheiro para ser
promovidas, fotografadas, e até para ter seus escândalos divulgados! Como cristãos, não promovemos escândalos. Nossa
conduta dever ser sóbria, equilibrada e centrada em Cristo:
“o amor de Cristo nos constrange” (2Co 5:14). Precisamos ser
motivados a usar a mídia corretamente, não para autopromoção, mas para a causa de Deus.
A vida de Paulo de Tarso é bom exemplo. Ele havia abraçado a causa de destruir a igreja cristã que nascia. Após um
encontro pessoal com Jesus, virou o mundo de cabeça para
baixo, denominando-se “louco para Cristo”. Seu evangelismo
mudou a história.
Paulo precisou viajar todo o mundo conhecido, enquanto
você e eu precisamos apenas de um computador e acesso à
Internet em casa. Imagine que alguém do Afeganistão, agora
morando no Brasil, comece a enviar e-mails para sua família
em Kabul, dizendo algo mais ou menos assim: “Eu descobri
Jesus. Você precisa conhecê-Lo. Sei que, se você O aceitar
como Salvador pessoal, estará arriscando a vida, mas, por
favor, tente. Minha vida mudou, agora sou feliz, estou livre de
culpa. Você quer fazer um Curso Bíblico on-line?”
Imagine que uma senhora japonesa, que aceitou a Jesus
no México, mande uma mensagem para sua tia em Osaka.
Ela compartilha a nova vida que descobriu depois de aceitar
a Jesus como Salvador e Senhor. Ela convida os parentes para
assistir ao Hope Chanel pela TV a cabo ou pela Web. Finalmente, um muçulmano procedente do Oriente Médio aceitou
a Jesus através de uma campanha evangelística realizada pelo
pastor Mark Finley e decide compartilhar sua experiência com
seu filho que ainda vive naquela região. O pai encoraja o filho
a ouvir a AWR (Rádio Mundial Adventista).
A televisão, o rádio, as publicações, a Internet – tudo isso
precisa convergir para o objetivo de alcançar o propósito pelo
qual, creio, foram inventados. São ferramentas para levar esperança às pessoas.
Deus não precisa de nós para concluir Seu trabalho. Ele
poderia usar os anjos voando pelo meio do céu para anunciar
a mensagem de salvação a este mundo enfermo. O uso criterioso e agressivo da tecnologia será mais poderoso que a maior
campanha publicitária da história. Trilhões de reais, dólares
e euros gastos com marketing não fariam o mesmo impacto
na vida das pessoas. O poder da presença cristã adventista na
mídia somente será calculado, um dia, pelos rostos, cheios de
alegria, dos remidos que desfrutarão a eternidade conosco,
porque ousamos testemunhar, falando sobre Jesus.
Esse mesmo Jesus nos dá o privilégio de compartilhar
nosso testemunho pessoal com todos os nossos “vizinhos” – os
6,6 bilhões de moradores do planeta Terra. Não teremos maior
alegria nesta vida do que a de levar aos pés de Jesus aqueles
que, talvez, nunca encontraremos pessoalmente, mas podem
ser alcançados por nosso testemunho pessoal.
Ellen White compreendeu a importância imperativa de
compartilhar as boas novas: “Disponha-se toda a vez que houver trabalho a ser feito. Não importa se é rico ou pobre, grande
ou humilde, Deus o convida para um serviço ativo para Ele.”1
Note esta promessa maravilhosa: “No trabalho pelas almas
que perecem, os anjos sempre fazem companhia. Milhares e
milhares, e dez mil vezes dez mil anjos estão esperando para
cooperar com os membros de nossa igreja na comunicação da
luz que Deus generosamente tem dado.”2
Mais de um século atrás, a mensageira de Deus escreveu as
seguintes palavras inspiradas: “Há um trabalho missionário
a ser feito em muitos lugares sem esperança. O espírito mis-
sionário precisa tomar conta de nós, inspirar-nos a alcançar
as classes com quem não imaginávamos trabalhar. O Senhor
tem Seu plano para a semeadura da semente do evangelho. Ao
semearmos, de acordo com a Sua vontade, multiplicaremos as
sementes de modo que Sua palavra alcance milhares que nunca ouviram da verdade.”3
A Internet está dando a oportunidade de acessarmos maneiras e lugares com os quais “não imaginávamos trabalhar”.
Estou seguro de que “o Senhor tem Seus planos para a semeadura da semente do evangelho”. Precisamos semear “de acordo
com Sua vontade”, e Sua Palavra alcançará não somente “milhares”, mas bilhões de pessoas para o caminho da salvação.
Embora seja poderosa, a Internet nunca substituirá a
importância do contato pessoal. A melhor maneira de compartilhar o plano da salvação é, certamente, por meio do
testemunho pessoal. Mas a Internet pode ser usada corretamente, como um meio, não como solução final. Existe um
enorme potencial para “fazermos evangelismo” pelo sábio uso
do YouTube, Google, e-mail, MSN, blogs, websites, webpages.
Usemos essas ferramentas associadas ao poder insubstituível
do testemunho pessoal.
Por todas essas razões, vamos dar as boas-vindas ao futuro
dessa nova mídia; vamos dar as boas-vindas às oportunidades
de usar a Internet para o evangelismo. Que Deus abençoe você
e o inspire. Que o Espírito Santo use sua vida para conectar as
pessoas com a salvação, mesmo se seja por meio de um telefone celular!
1. Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, v. 9, p. 129.
2. Ibid.
3. Ibid. p. 130.
Fórum de Internet
Incentiva
Evangelismo On-line
Como aqueles que estão ativamente envolvidos na missão da igreja podem ganhar
conhecimento técnico para a utilização eficaz da Internet no evangelismo? A resposta
está contida em quatro letras: GIEN.
GIEN é a sigla em inglês para “Rede Global de Evangelismo pela Internet”, uma comunidade de evangelistas e técnicos comprometidos em usar a Internet para compartilhar a boa notícia. Além de evangelizar,
os membros do GIEN estão empenhados a
instruir os crentes no discipulado, preparando pessoas para o retorno de Cristo.
O primeiro encontro do GIEN ocor-
reu em 2004, na sede mundial da Igreja
Adventista do Sétimo Dia, em Silver Spring,
Maryland, Estados Unidos. Desde então,
eventos anuais foram realizados na Tailândia, San Diego, Califórnia e Inglaterra.
A Cidade do Cabo, África do Sul, foi
sede do primeiro GIEN regional para o
continente africano, em março de 2008.
Para abril de 2009, está planejado outro
GIEN regional, dessa vez na Alemanha,
para os adventistas europeus. A realização de outros GIENs regionais está
sendo planejada para levar instrução em
tecnologia para mais perto das linhas de
frente da missão e do serviço.
Neste ano, o quinto GIEN internacional
será realizado em Denver, Colorado, EUA,
nos dias 9 a 13 de junho. Se o evangelismo
on-line é seu objetivo, faça planos para participar. O tema deste ano será: “No Espírito
da Internet”. Serão cobertas quatro áreas:
1. O Espírito de Colaboração (desenvolvendo unidade e convergência).
2. O Espírito do Testemunho (desenvolvendo conteúdo para testemunhar).
3. No Espírito da nossa Era (compreendendo a mídia e as novas tecnologias).
4. O Espírito do Criador de Conteúdo
Adventista.
Para mais informações sobre a
conferência on-line, acesse www.gien.
adventist.org.
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E
d, tio de minha esposa, era soldado na Segunda Guerra
Mundial. Certo dia, por engano, entrou no terreno inimigo e encontrou as botas de um amigo, perto de uma fogueira
extinta. Não vendo o companheiro em nenhum lugar por ali,
temeu pelo pior. No desfecho da história, essa foi uma ocasião
em que Ed usou definitivamente suas armas.
Recentemente, ao retornar de uma visita à casa dos pais,
minha esposa trouxe uma das armas do tio Ed: um punhal.
Examinei-o cuidadosamente. Media cerca de 40 centímetros
de comprimento com uma lâmina medindo pouco mais de
24 por 5 cm, em sua parte mais larga. A alça foi fortemente
encordoada para melhorar a
aderência e, veja bem, tinha sete
nós de latão, conhecidos como
‘soco inglês’, capaz de matar
com apenas um golpe. Gravado
na bainha de couro, constavam
as palavras Denzil Don 1942.
Quanta história aquele punhal
poderia contar!
Mas o próprio tio Ed, tipo
reservado, nunca falou muito
sobre a guerra. Ele não gostava
de falar sobre ela. Não gosto de
falar sobre isso também. Não
gosto, inclusive, de pensar em
jovens, rapazes e moças, saindo
para a guerra.
E por que estou escrevendo
sobre esse assunto? Alguém da
Adventist World pediu-me para
ser um tipo de correspondente de guerra. Não no Afeganistão ou Iraque, mas da mãe de
todas as guerras: O GRANDE CONFLITO ENTRE CRISTO
E SATANÁS.
Veja como João, o revelador, descreve esse conflito: “Houve
peleja no Céu. Miguel e os Seus anjos pelejaram contra o dragão.
Também pelejaram o dragão e seus anjos; todavia, não prevaleceram; nem mais se achou no Céu o lugar deles. E foi expulso o
grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás,
o sedutor de todo o mundo, sim, foi atirado para a Terra, e, com
ele, os seus anjos” (Ap 12:7-9).
Lembro-me da atitude de minha mãe, quando eu era
criança e gostava de assistir aos jogos de baseball do Chicago
O
Cubs, no canal 9. Quando ela ouvia, nos intervalos, o som da
propaganda de cerveja começando, ela corria até a sala, abaixava o volume e ficava em frente da TV cobrindo a tela com
o vestido, de modo que eu não visse o que estava se passando
nela. Você pode achar engraçado, mas funcionou. Até hoje,
nunca provei uma gota de cerveja!
Desempenhando o Papel
Qual é nossa parte no grande conflito? Quando criança, eu
evitava brigar na rua, até que um garoto começou a me cercar
com provocações. Tentei me desvencilhar dele por alguns dias,
NÚMERO 8
Grande
Por Douglas
Matacio
Conflito
Douglas Matacio é professor associado
de estudos religiosos na Universidade
Canadense, em LaCombe, Alberta, Canadá.
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Adventist World | Junho 2008
Essa é uma batalha cósmica na qual
todos nós estamos envolvidos.
mas ele persistia. Finalmente, concordei e fomos para o chão.
Apenas deitei de costas e deixei que ele sentasse em meu peito.
Menos de um minuto mais tarde, ele se cansou, pulou fora e
saiu correndo. Foi a última vez que ele me provocou.
Numa escala muito maior, Lúcifer começou uma briga
com Deus por ciúmes da autoridade e poder do Filho. Ele
manchou o caráter de amor de Deus, proclamando que Sua
lei é injusta. Cristo, com Sua morte na cruz e uma vida sem
pecado, provou que a lei de Deus é imutável e pode ser cumprida. A morte e ressurreição de Cristo tornaram possível a
vida eterna, demonstrando que Deus realmente ama a todos
e a expulsão de Satanás do Céu tinha sentido. Ele, porém, não
destruiu o rebelde, pois Seus filhos poderiam servi-Lo por
medo e não pelo amor, nutrido pela liberdade. Assim, esperamos para que Satanás seja desmascarado e revelado como
realmente é. Esperamos para que o caráter amorável de Deus
seja apreciado e Seu governo de justiça vindicado. (Veja O
Grande Conflito, Ellen G. White, p. 492-504.)
Esperar e observar, porém, é tudo o que podemos fazer?
Certa ocasião, fiquei decepcionado com um obreiro e me
Vamos em frente, de
joelhos, orando uns pelos
outros, vestidos com a
armadura de Deus e
guiados pelo Espírito.
opunha a ele sempre que possível. Um desentendimento
administrativo transformou-se em uma chama que estava
destruindo, não apenas meu relacionamento com meu irmão,
mas minha própria experiência como cristão. Desesperado,
procurei uma solução na Bíblia. Encontrei-a no Salmo 37.
“Descansa no Senhor e espera nEle, não te irrites por causa
do homem que prospera em seu caminho, por causa do que
leva a cabo os seus maus desígnios. Deixa a ira, abandona o
furor; não te impacientes; certamente, isso acabará mal. Espera no Senhor, segue o Seu caminho, e Ele te exaltará para
possuíres a terra; presenciarás isso quando os ímpios forem
exterminados” (Sl 37:7, 8, 34).
Conhecendo o Inimigo
É possível que o grande conflito seja realmente entre
Cristo e Satanás e não entre o irmão Ferreira e o irmão José?
Também não é entre cristãos genuínos e ateus, religiosos do
mundo e apóstatas. Somos participantes ou espectadores? Na
verdade, o Salmo 37 diz: “Espera e verá o que Deus fará.” Mas
o apóstolo diz: “se possível... tende paz com todos os homens;
não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira;
porque está escrito: A Mim Me pertence a vingança; Eu é que
retribuirei, diz o Senhor” (Rm 12:18,19).
Assim, podemos participar vivendo em paz com amigos e
inimigos, “seguindo a verdade e o amor” (Ef 4:15), demons-
trando o caráter de amor de Deus por meio da bondade, perdão e, se possível, transformando inimigos em irmãos e irmãs
na família de Deus.
“Porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim
contra os principados e potestades, contra os dominadores
deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal,
nas regiões celestes” (Ef 6:12). Nossa luta não é contra seres
humanos, mas contra Satanás e seus demônios, diz Paulo.
Devemos amar nossos semelhantes, tratá-los com gentileza
e respeito. Devemos ir adiante, de joelhos, orando uns pelos
outros, na armadura de Deus, acompanhados pelo Espírito
(Ef 6:13-19). Jesus provou ser mais forte do que Seus adversários espirituais, e Ele lutará contra eles por nós.
Praticando a Bondade
Ao vermos o mal nos seres humanos, como evitar lutar
contra eles? Podemos aprender com os SULADS, do Colégio
Mountain View, nas Filipinas. Esses estudantes missionários
alcançam as comunidades de Monobo e Tallandig, ajudandoos com saúde, agricultura e alfabetização.
Os guerreiros tribais e outros, entretanto, ameaçam seu
bem-estar e, por extensão, o daqueles que trabalham com eles.
Certa ocasião, um grupo de SULADS encontrou alguns desses
“piratas” boiando no mar, após naufrágio de seu bote. Eles
não acreditaram, mas foram resgatados e socorridos em vez de
abandonados para morrer. Esse incidente abriu as portas para
o estabelecimento de uma escola na região. Durante o verão
de 2007, um dos SUDADS foi tragicamente baleado e morto;
agora, porém, de acordo com a página Web dos SULADS, o
assassino foi perdoado.
Inacreditável, mas verdadeiro! Os SULADS não lutam com
punhais Ranger, mas praticam a bondade e o amor. À sua própria
maneira, estão lutando contra os poderes do mal pela dependência diária de Deus, demonstrando, por atos de misericórdia e
perdão, que a essência do caráter de Deus é o amor.
O
Grande Confito
Toda a humanidade está agora envolvida em um grande conflito entre Cristo e
Satanás, a respeito do caráter de Deus,
Sua lei e Sua soberania sobre o Universo.
Esse conflito originou-se no Céu, quando
um ser criado, dotado de liberdade de
escolha, em auto-exaltação tornou-se
Satanás, o adversário de Deus e induziu
à rebelião uma parte dos anjos. Ele introduziu o espírito de rebelião neste mundo,
quando levou Adão e Eva a pecar. O
pecado humano resultou na distorção da
imagem de Deus na raça humana, a distorção do mundo criado e sua devastação
no tempo do dilúvio. Observado por toda
a criação, este mundo tornou-se a arena
do conflito do Universo, ao fim do qual, o
Deus de amor, finalmente, será vindicado.
Para ajudar o Seu povo na presente controvérsia, Cristo envia o Espírito Santo e os
anjos leais para guiar, proteger e sustê-los
no caminho da salvação.
(Ap 12:4-9; Is 14:12-14; Ez 28:12-18; Gn
3; Rm 1:19-32; 5:12-21; 8:19, 22; Gn 6–8; 2
Pe 3:6; 1Co 4:9; Heb. 1:14.)
Junho 2008 | Adventist World
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E S P Í R I T O
D E
P R O F E C I A
egundo
S
Por Ellen G. White
O
Grande
anda
M
de Cristo
“Pensemos uns nos
outros a fim de ajudarmos
todos a terem mais
amor e a fazerem o bem”
—Hb 10:24, NTLH
“Um novo mandamento vos dou: que
vos ameis uns aos outros; assim como Eu
vos amei.” Essas palavras não são de um
homem, mas de nosso Redentor; e quão
importante é que cumpramos as instruções que Ele nos deu! Não há nada que
enfraqueça mais a influência da igreja do
que a falta de amor. Cristo diz: “Eis que
Eu vos envio como ovelhas para o meio
de lobos; sede, portanto, prudentes como
as serpentes e símplices como as pombas.” Se é para enfrentarmos oposição de
nossos inimigos, que são representados
pelos lobos, sejamos cuidadosos para não
manifestar o mesmo espírito entre nós. O
inimigo sabe muito bem que, se não nos
amarmos uns aos outros, poderá atingir
seus objetivos ferindo e enfraquecendo
a igreja, por causar divergências entre os
irmãos...
jam em harmonia com a sagrada verdade que Deus nos confiou! As pessoas
do mundo estão nos observando para
ver o que nossa fé está fazendo por
nosso caráter e vida. Eles estão atentos
para ver se há um efeito santificador
em nosso coração, se estamos sendo
transformados à semelhança de Cristo.
Estão prontos para descobrir todos os
defeitos de nossa vida, cada incoerência
em nossas ações. Não demos motivos
para criticarem nossa fé.
Não é a oposição do mundo que nos
coloca em perigo; o mal acariciado em
nosso meio torna-se nosso mais grave
desastre. São as vidas não consagradas
de professores não comprometidos que
retardam o trabalho da verdade e trazem
trevas sobre a igreja de Deus.
Viver a Favor ou Contra
Desenvolvendo o Fruto do
Espírito
Como devemos ser cuidadosos,
para que nossas palavras e ações este-
Deus coloca cada um de nós individualmente em posição tal que possa
22
Adventist World | Junho 2008
colocar Seu amor sobre nós. Ele pagou
alto preço pelo homem, redimindo-nos
pelo sacrifício de Seu Filho unigênito,
de maneira que vejamos em nosso semelhante o valor do sangue de Cristo.
Se tivermos esse amor uns pelos outros,
cresceremos em amor por Deus e pela
verdade... O amor é uma planta de origem celeste e, se tivermos que florescer
em nosso coração, cumpre-nos cultiválo diariamente. Brandura, mansidão,
sofrimento, longanimidade, paciência
para com todos – esses são os frutos da
preciosa árvore do amor.
Quando estiverem reunidos, sejam
cuidadosos em suas palavras. Que sua
conversação seja de tal natureza que
não tenham motivos para arrependimentos... Se o amor pela verdade
estiver em seu coração, caminharão na
verdade. Falarão da bendita esperança
que têm em Jesus. Se houver amor em
seu coração, procurarão introduzir e
firmar seu irmão na fé santíssima. Se
R O H R
K E V I N
mento
deveríamos tornar mais leves os fardos
uns dos outros, ao manifestarmos o
amor infinito de Jesus às pessoas que se
acham ao nosso redor.
Em vez de procurarmos faltas uns
nos outros, sejamos críticos de nós
mesmos. A pergunta de cada um de nós
deveria ser: Está meu coração diante
de Deus? Está o rumo de minhas ações
glorificando o Pai que está no Céu?
Vivendo o Amor
soltarem alguma palavra que prejudique o caráter do seu amigo ou irmão,
não incentivem a linguagem do mal.
Esse é o trabalho do inimigo. Gentilmente relembre ao que fala que a
Palavra de Deus proíbe tal conversação.
Devemos esvaziar o coração de tudo o
que corrompa o templo da alma, para
que Cristo ali habite... É a unidade da
igreja que a habilita a exercer consciente influência sobre descrentes e
mundanos.
Viver por Cristo
A igreja de Cristo é considerada um
templo sagrado. O apóstolo diz: “Assim,
já não sois estrangeiros e peregrinos,
mas concidadãos dos santos, e sois da
família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas,
sendo Ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra
angular.” Todos os seguidores de Cristo são representados como pedras no
templo de Deus. Cada pedra, grande ou
pequena, deve ser pedra viva, emitindo
luz e ocupando o local a ela determinado na construção de Deus. Como devemos estar agradecidos pelo fato de que
um caminho foi aberto para que todos
pudessem ter um lugar no templo espiritual! Irá você, meu irmão e minha
irmã, pensar nessas coisas, estudá-las e
falar sobre elas? À medida que as apreciarmos, nós nos tornaremos fortes no
serviço de Deus... e cumpridores das
palavras de Cristo.
O trabalho de construir um ao outro na mais santa fé é obra abençoada;
mas o trabalho de demolição é cheio
de amargura e tristeza. Cristo Se identifica com o sofrimento de Seus filhos;
pois Ele diz: “Sempre que o fizestes a
um destes Meus pequeninos irmãos,
a Mim o fizestes.” Se todos pudessem
levar avante as instruções de Cristo,
que amor e unidade existiriam entre
Seus seguidores! Cada coração tem seus
próprios pesares e desapontamentos, e
Cristo é o nosso exemplo. Ele sempre fez o bem. Ele viveu para abençoar os outros. O amor embelezava e
enobrecia todas as Suas ações, e é-nos
ordenado seguir Seus passos. Lembremo-nos de que Deus enviou Seu Filho
unigênito a este mundo de tristeza para
“remir-nos de toda iniqüidade e purificar, para Si mesmo, um povo exclusivamente Seu, zeloso de boas obras”.
Procuremos obedecer aos preceitos de
Deus e cumprir Sua lei. “O cumprimento da lei é o amor”, e Aquele que
morreu para que tivéssemos vida nos
deu o mandamento de que devemos
amar uns aos outros, assim como Ele
nos amou; e o mundo saberá que somos Seus discípulos...
Essa matéria foi extraída do artigo editado
na The Advent Review and Sabbath
Herald, hoje Adventist Review, de 5 de
junho de 1888. Os adventistas do sétimo
dia crêem que Ellen G. White exerceu o
dom profético bíblico por mais de 70 anos
de ministério público.
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23
H E R A N Ç A
A D V E N T I S T A
C
risto aguarda com fremente desejo a manifestação de
Si mesmo em Sua igreja. Quando o caráter de Cristo se
reproduzir perfeitamente em Seu povo, então virá para
reivindicá-los como Seus.”1
“
O Mundo Está Maduro para o Reavivamento
Muitas pessoas estão em busca de um reavivamento, mas
toda a história da Bíblia é uma história de reavivamento.
Ouço pregadores dizerem: “Os reavivamentos são temporários.” São, com certeza. Do mesmo modo, é o banho e a
refeição, mas muito necessários. Toda a história do Livro
Sagrado, meu amigo, é de apostasia e reavivamento. E se já
houve maior apostasia que em nossos dias, e maior necessidade de reavivamento, não sei quando houve ou se um dia
haverá. [...] Ninguém sabe o que trará o futuro. O mundo,
clamando por socorro, diz-nos da necessidade que temos de
um reavivamento em nossa vida...
Algumas pessoas são como Lutero, que experimentou uma
ardente e dramática conversão. Não somos todos iguais. Porém, meu amigo, todos precisamos ser convertidos, nascidos
outra vez, regenerados, ou não fertilizaremos a terra com nosso ministério. [...] Esse é um mundo faminto. Se quiser, posso
ler mil cartas. Nossa correspondência varia entre mil e três mil
cartas por dia. E que testemunho elas dão! As pessoas querem
conhecer alguém que conhece a Deus, alguém que pode dizer:
“Eu O conheço porque Ele fez isso por mim.” É disso que o
mundo tem fome.
A Começar por Mim
Tenho aqui uma declaração que simplesmente me emociona ao lê-la. É a última mensagem que a Sra. White enviou
para a assembléia da Associação Geral, em 1913, a primeira assembléia da Associação Geral da qual participei. Há
uma passagem onde ela diz que viu algo – o povo de Deus
alinhado... “Fiquei profundamente impressionada pelas cenas
que recentemente passaram diante de mim, à noite. Parecia
existir um grande movimento – um trabalho de reavivamento
– em ação em vários lugares. Nosso povo movia-se em linha e
respondia ao apelo de Deus.”2
Foi isso que ela viu: um grande movimento, um grande
trabalho de reavivamento acontecendo em muitos lugares,
onde eu estou e onde você está. “Nosso povo movia-se em
linha.” Oh, graças a Deus que ela viu isso!...
Este mundo está maduro para um reavivamento, maduro
O
Por
H.M.S.
Richards
Mundo
spe
E
Está
“Porventura, não
tornarás a vivificar-nos,
para que em Ti se
regozije o Teu povo?”
– Salmo 85:6
U N I V E R S I D A D E A N D R E W S
C E N T R O D E P E S Q U I S A A D V E N T I S TA
M O D I F I C A D O D I G I TA L M E N T E
para um tremendo evento, maduro para grandes e maravilhosas conquistas. Digo: Sê forte e corajoso, meu irmão e amigo;
vamos nos reavivar.
A vida mais feliz na Terra é a vida de
consagrado trabalho pelo homem. A
mais gloriosa recompensa neste mundo é a recompensa de ganhar almas.
Esqueça as recompensas futuras que
estão além de nossa imaginação. Há
recompensas aqui. Não ande por aí
com vida dupla, com um coração
“Oh, o que
mais desejo
hoje, amigos,
é um reavivamento
em meu coração!”
—H.M.S. Richards
rando
não consagrado, frio e crítico [...] (Vamos) abrir o coração,
os braços ao redor uns dos outros, abrir o coração uns aos
outros e a Deus.
Oração por Restauração e Renovação
Querido Pai celestial, ao estarmos juntos, nesta tarde,
trazemos nosso coração a Ti. Oh, Senhor, nós nos enverganhamos dele! Nós o trazemos aqui [...] e o colocamos ao pé
da cruz. Pai, vê como ele é duro e contaminado. E, ao contemplarmos a Jesus, temos vergonha de olhar para cima e
uns aos outros...
Dá-nos um coração novo, um coração de carne que anseia pela salvação do mundo todo. Senhor, como podemos
observar as nações mergulhadas em sangue e em terror, milhões em desespero e perplexidade? Como podemos nós [...]
deixar que isso continue acontecendo sem lágrimas e dor no
coração? [...] Lemos que Jesus olhou para a bela cidade de
Jerusalém, e que lágrimas rolaram pela Sua face [...] Como
podemos olhar para São Francisco, Los Angeles, Londres,
Paris, Xangai, Hong Kong e todas essas grandes cidades e não
chorar sobre elas?[...] Dá-nos um coração sensível; livra-nos
de nossos pecados...
Dá-nos, oramos, um reavivamento como nos tempos
antigos – como nos tempos dos profetas, nos tempos dos
apóstolos. Ajuda-nos a dizer a verdade. Ajuda-nos a amar
uns aos outros. Ajuda-nos, ó Deus, a converter-nos. Pedimos
em nome de Jesus.
1. Parábolas de Jesus, p. 69.
2. Testemunhos Para Ministros, p. 515.
H.M.S. Richards (1894-1985), adventista do sétimo dia, estudioso da Bíblia e evangelista, pioneiro, por mais de 75 anos, no
uso do rádio para apresentar o evangelho numa época em que
muitos de seus colegas pensavam que a nova tecnologia vinha do
diabo. Seus programas O Culto Familiar foram transmitidos,
pela primeira vez, em 1929. O estúdio de rádio era um galinheiro
reformado, no fundo de sua garagem. O nome do programa foi
mudado para Voz da Profecia, em 1937. Richards sempre dizia
que a maior emoção de todo o seu ministério foi sua primeira
transmissão de um lado a outro do país, em mais de oitenta
e nove estações, no domingo, 4 de janeiro de 1942. No mês
seguinte, foi inaugurada a primeira Escola Bíblica Adventista do
Sétimo Dia por Correspondência, um ministério que abençoou
milhões. As lições ainda estão disponíveis em mais de setenta e
cinco línguas, e hoje, dezenas de programas associados à Voz da
Profecia e à Voz da Esperança produzem, em todo o mundo,
programas de rádio que são levados ao ar em mais de mil estações.
Esse sermão foi extraído de Aflame for God (Em Chamas para
Deus), Review and Herald Publishing Association, 1951. Foi
pregado por H.M.S. Richards nas reuniões que antecederam a
sessão da Associação Geral de 1950, em São Francisco, Califórnia.
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P E R G U N TA S B Í B L I C A S
P
ara responder à sua pergunta, vou falar sobre uma
grande questão – a expulsão de demônios –, a qual faz
parte do trabalho ministerial de alguns de nossos pastores em diferentes partes do mundo. Em geral, um dos desafios
que os adventistas enfrentam é a fundamentação bíblica, sem
deixar que as práticas de outros cristãos determinem como os
demônios devem ser expelidos.
1. Agumas Terminologias: O termo “exorcismo” vem do
substantivo grego exorkistés, e designa a pessoa que expulsa
espíritos malignos. A forma verbal, exorkizó, significa “colocar
alguém sob juramento”, “intimar” (Mt 26:63). Isso expressa a idéia de compelir alguém
a fazer algo, invocando um
poder sobrenatural (“exorcizar”). No Novo Testamento,
o verbo não é usado para se
referir ao exorcismo, e o substantivo é aplicado somente
uma vez a judeus exorcistas
(At 19:13). O Novo Testamento usa o verbo “expulsar”
(ekballó), domônios, em vez
de “exorcizar”. Isso pode ter
alguma relação com o fato de
que o exorcismo era associado
com mágica, com a prática de
certos rituais e o uso de fórmulas religiosas específicas.
Não é isso que encontramos
no Novo Testamento.
2. Possessão Demoníaca:
Nas Escrituras, a possessão demoníaca é uma realidade levada
muito a sério. Indivíduos possessos são caracterizados
por um comportamento agressivo (Mt 8:28); tentativas de
auto-destruição (Mt 17:15); incapacidade para falar (Mt 9:32),
para ouvir (Mc 9:25) ou para ver (Mt 12:22). Em geral, possessão demoníaca é distinta de doenças (Mt 4:24; Mc 1:32).
Um dos aspectos mais controversos da possessão demoníaca
é que, em quase todos os casos, é difícil ser distinta da epilepsia, outras doenças físicas ou mentais. Subentende-se, então,
que a possessão demoníaca causa um impacto similar a essas
condições na mente e no corpo. Mas, comumente, vem acompanhada de elementos de clarividência, fenômenos sobrenaturais, até mesmo levitação de objetos. Como em muitos casos,
é muito difícil fazer a diferença entre a possessão demoníaca e
doença natural. Sempre que possível, deveríamos pedir a ajuda
de um médico ou outras pessoas qualificadas.
3. Abordagem Bíblica: A expulsão de demônios era comum no ministério de Jesus, mas Ele não deu procedimentos
específicos aos discípulos. Ele, simplesmente, expulsava os
espíritos malignos pelo poder de Sua palavra, sem executar
nenhum ritual ou usar fórmulas tradicionais (Mt 8:16). Ele
ordenava que saíssem e eles obedeciam (Lc 9:49,50; 10:17).
Não havia longos e demorados exercícios, nenhum grito de
que tenhamos notícia, nenhum envolvimento físico de Jesus
com a pessoa possessa. Na verdade, Ele nunca tocou um endemoninhado e somente uma vez ele dialogou com um deles
(Mc 5:7-10). Jesus simplesmente tinha autoridade sobre os
poderes do mal, os quais não podiam resistir a Ele.
Jesus compartilhou com Seus discípulos essa mesma
autoridade (Mt 10:8; Mc
3:15; Lc 9:1). O modo como,
provavelmente, eles expulsavam demônios, era como
é descrito no livro de Atos.
Os apóstolos ordenavam em
nome de Jesus para libertar
o povo dos demônios. A fórmula era simples: “Em nome
P E R G U N TA :
de Jesus Cristo, eu te mando:
retira-te ...” (At 16:18). Era
Cristo quem libertava as pessoas; os apóstolos clamavam
pela Sua intervenção. Não
havia luta prolongada com o
demônio ou diálogo com ele.
O poder de Cristo era efetivo
por meio das palavras dos
Por
discípulos.
Angel Manuel
4. Exorcismo e Dons
Espirituais: Agora a sua perRodríguez
gunta: No Novo Testamento,
o exorcismo não é mencionado entre os dons espirituais.
Ninguém foi chamado por Jesus para estabelecer o ministério do exorcismo. Ele deu a Seus discípulos o poder e autoridade sobre demônios, mas nem uma vez sugeriu que essa
deveria ser sua atividade principal. Sua responsabilidade era
a de proclamar o reino de Deus, a boa nova da salvação. Ele
disse explicitamente:
“E, à medida que seguirdes, pregai que está próximo o
reino dos Céus. Curai enfermos, ressuscitai mortos... expeli
demônios” (Mt 10:7, 8; cf Mc 6:12; Lc 9:2). A proclamação do
reino de Deus é a missão de todo crente. Quando, no cumprimento dessa missão, nos depararmos com demônios, levemos
em conta que fomos capacitados por Cristo a enfrentá-los.
Mas nosso primeiro chamado é para proclamar o evangelho
da redenção em Cristo.
Lutando Contra
Demônios
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Adventist World | Junho 2008
Existe algum
ministério ou dom
do exorcismo na
Bíblia?
Angel Manuel Rodríguez é diretor do Instituto de Pesquisa
Bíblica da Associação Geral.
O
E S T U D O
B Í B L I C O
Sábado
Tempo Fim
eo
do
Por Mark A.
Finley
O sábado é o sinal eterno de que Deus é nosso amorável Criador. Ele revela o Todopoderoso, compassivo Pai celestial que está interessado nos detalhes de nossa vida.
Quando descansamos cada sábado, descansamos em Seu amor e cuidado por nós.
No livro de Apocalipse, o sábado do sétimo dia é um sinal de lealdade para com Deus,
o sinal visível de nosso compromisso com Cristo.
1. A quem o apóstolo João descreveu como autor do Apocalipse? Circule o nome do
autor do Apocalipse no texto abaixo, e preencha os espaços em branco.
“Revelação de Jesus Cristo, que Deus Lhe deu para mostrar aos Seus servos as coisas que em breve devem
acontecer e que Ele, enviando por intermédio do Seu anjo, notificou ao Seu servo João” (Ap 1:1).
a. Quem deu a mensagem do Apocalipse (Revelação) a Jesus?
b. A quem Jesus deu a mensagem?
c. E para quem o anjo a entregou?
O Apocalipse é uma mensagem a respeito de Jesus, enviada a João diretamente de Deus,
por um anjo. As profecias do Apocalipse revelam Jesus e o evangelho eterno.
2. Como João identifica a mensagem do último dia trazida para a Terra por meio de três anjos?
“Vi outro anjo voando pelo meio do céu, tendo um evangelho eterno para pregar aos que se assentam sobre a
Terra, e a cada nação, e tribo, e língua, e povo”(Ap 14:6).
a. O anjo traz o
b. Para quem eles levam essa mensagem?
A mensagem de Deus para os últimos dias, contendo o evangelho eterno – a boa nova de salvação da penalidade e poder do pecado – vai até os confins da Terra, antes que Jesus venha.
3. Que quatro aspectos do evangelho eterno são destacados no Apocalipse? Leia o texto
abaixo e preencha os espaços em branco.
“Temei a Deus e dai-Lhe glória, pois é chegada a hora do Seu juízo; e adorai Aquele que fez o céu, e a Terra,
e o mar, e as fontes das águas” (Ap 14:7).
a.
Deus.
b.
glória.
c. pois é
a
do Seu
d.
Aquele que fez
e as
Temer significa respeitar e obedecer. Dar a Ele glória significa honrá-Lo em tudo o que
fazemos. O julgamento implica sermos criaturas morais, responsáveis por nossas ações.
Junho 2008 | Adventist World
27
4. Como adoramos nosso Salvador e Senhor como Criador? Qual é o sinal de Sua
autoridade criadora? Preencha os espaços em branco.
“Lembra-te do dia de sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia
é o sábado do SENHOR, teu Deus... porque, em seis dias, fez o SENHOR os céus e a Terra, o mar e tudo o que
neles há e, ao sétimo dia, descansou ... e o santificou” (Ex 20:8-11).
O mandamento diz: “Lembra-te do dia de
Por que em
para o
dias, o
....
fez os
ea
.”
Nós adoramos a Deus, cada sábado, porque Ele nos criou. Não evoluímos. A vida é um presente precioso do nosso querido Pai celestial.
5. Enquanto o primeiro anjo de Apocalipse 14 chama a humanidade para “adorar o
Criador,” contra o quê o terceiro anjo nos alerta? Preencha os espaços em branco, abaixo.
“Seguiu-se a estes outro anjo, o terceiro, dizendo, em grande voz: Se alguém adora a besta e a sua imagem e
recebe a sua marca na fronte ou sobre a mão, também esse beberá do vinho da cólera de Deus” (Ap 14:9,10).
O terceiro anjo alerta contra a adoração da
e da sua
.
O Apocalipse aponta para dois sistemas de culto: a adoração ao Criador e a adoração
à besta. O sinal dos verdadeiros adoradores é o sábado do sétimo dia, um símbolo da
suprema fidelidade a Jesus como Criador.
O sinal do falso culto é a marca da besta que ignora os caminhos de Deus; pelo contrário,
exalta o humano em lugar do divino.
6. Como o povo de Deus, no tempo do fim, é descrito em Apocalipse? Escreva sua
própria resposta nas linhas abaixo.
“Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus” (Ap 14:12).
O povo de Deus, no tempo do fim, tem duas características inconfundíveis:
a. Os que
os
b. e a
de
em
.
.
7. Um dos sinais do povo de Deus, nos últimos dias, é o amor por Jesus que os leva à obediência. O sábado é o símbolo da obediência para Aquele que nos criou. O mandamento do
sábado é um chamado para quem? Leia o texto abaixo e preencha os espaços em branco.
“E manifestar qual seja a dispensação do mistério, desde os séculos, oculto em Deus, que criou todas as
coisas” (Ef 3:9).
“Todas as coisas foram feitas por intermédio dEle (Jesus) e, sem Ele, nada do que foi feito se fez” (Jo 1:3).
Deus criou todas as coisas por intermédio de
Uma vez que Deus criou todas as coisas por meio de Jesus, o sábado do sétimo dia é
o sinal de adoração a Jesus no tempo do fim. Ele é o “Senhor... do sábado”(Mt 12:8).
Quando adoramos durante o sábado, damos a Jesus o mais elevado louvor e
honra. Por que não louvá-Lo com todo o nosso coração e adorá-Lo como
Criador no sétimo dia, o sábado?
Qual é o conselho dá Bíblia em relação
à guarda do sábado?
Esse será o assunto do próximo mês.
28
Adventist World | Junho 2008
.
Intercâmbio Mundial
C A R TA S
“Esclarecimentos Sobre
Serviço Militar”
Na edição de março da Adventist World,
Jan Paulsen, presidente da Associação
Geral, compartilhou sua preocupação em
relação aos adventistas do sétimo dia e o
serviço militar. A Adventist World recebeu dezenas de cartas de leitores, inclusive
as publicadas abaixo.
Será que ao usarmos armas estamos
limitando a capacidade de Deus de nos
livrar? Uma vez que vivemos em um
mundo marcado pelo mal, qual é nossa
obrigação moral? Qual é a diferença entre atirar em um cachorro louco, prestes
a morder você ou seu filho, e atirar em
um ladrão com a possível intenção de
matá-lo? Há alguma diferença moral entre possuir um machado ou uma arma?
Para muitos outros e para mim mesmo,
essa não é uma questão acadêmica.
Ermeka Ukegbu
Via Fórum Adventista Nigeriano
Espero que o artigo “Esclarecimentos
Sobre Serviço Militar,” do presidente
Paulsen, na página 8 da edição de março de 2008, estimule nova discussão
sobre a posição da Igreja concernente
aos nossos membros que escolhem essa
carreira. Fui persuadido pelos ensinamentos de nossa Igreja a me declarar
“cooperador consciencioso”, em 1970,
quando era adventista recém-converso. Lembro-me de, algum tempo mais
tarde, ter escrito ensaios, na faculdade,
defendendo nossa posição tradicional
de não combatente. Acredito que, necessariamente, não escreveria do mesmo modo hoje.
O tempo e as circunstâncias mudam.
Temos justificado outras revisões em
nossas crenças e práticas desde a Guerra
Civil Americana. Com demasiada freqüência, especialmente nas igrejas conservadoras, nossos membros militares,
pela escolha que fizeram, parecem ser
considerados cristãos de segunda categoria. Isso também precisa ser mudado.
Dennis Murphy
Oeste da Virginia, Estados Unidos
Quero apenas dizer que estou muito
grato por um artigo tão ponderado
sobre o tema do não pegar em armas.
Esse é um assunto que particularmente
tem me preocupado desde o famoso
11 de setembro. O fato de ser pai de
dois rapazes (gêmeos) que em breve,
ao completarem 18 anos, terão que se
alistar, fez com que eu considerasse
todo o conceito de modo mais acurado. Isso é algo que poucos dos nossos
jovens levam a sério. O fato é que nossa
sociedade, a cada dia que passa, está
se tornando mais e mais militarizada.
Hollywood exalta a guerra como se
fosse um grande empreendimento humano. Com o aumento dramático das
despesas militares e a violência étnicoreligiosa, não pode haver dúvida de que
o alistamento não está muito distante
de nós. Temos que deixar que nossos
jovens conheçam os ensinos de Cristo
– colocar de lado a espada. A nossa
espada não é deste mundo.
Barry Bussey
Oshawa, Canadá
Fiquei preocupado quando li que os
militares adventistas fizeram “escolhas
erradas” e me alegro com o fato de que
o pastor Paulsen defende que devemos
compreender e aceitar os militares
adventistas, “apesar de suas escolhas
erradas”. Mas o uso da palavra “apesar”
rotula os militares adventistas como
membros de igreja de segunda classe.
Essa é uma afirmação, a meu ver, imprecisa. Na minha experiência (quase 24
anos na ativa como capelão do exército
e 13 anos como endossante militar e diretor do Ministério Adventista de Capelania, na Associação Geral), tenho visto
que, quando há uma igreja adventista
perto de alguma instalação militar, muitos dos militares e membros das suas
famílias são ativos em vários níveis da
liderança, e “apesar” de serem militares,
tornam-se, essencialmente, a “espinha
dorsal” daquela congregação.
Para qualquer crente, o serviço militar é um assunto complexo. Não há
dúvida disso. Os cristãos lidam com esse
problema desde o primeiro século. Mas
precisamos nos lembrar de que havia
somente uma voz no Calvário que reconheceu Jesus como o Filho de Deus.
Não foi a voz de um líder religioso, nem
de um seguidor religioso que deu seu
testemunho por Jesus. Foi a voz de um
militar. A voz de um soldado que gritou
dizendo que o homem que estava morrendo na cruz era o Filho de Deus. Precisamos nos lembrar, também, de que a
primeira igreja não judia de que temos
registro, nasceu na casa de Cornélio, que
era soldado.
Como igreja e membros, individualmente, deveríamos sempre estudar,
considerar, orar a respeito e trabalhar
pela aplicação convincente da fé na vida
cotidiana. Creio que deveríamos honrar
aqueles que arriscam a vida para nos
garantir o direito e a liberdade de fazer
tudo isso.
R. O. Stenbakken
Colorado, Estados Unidos
Tive o prazer de ler, na coluna Visão
Mundial, o artigo “Esclarecimentos
Sobre o Serviço Militar”, do pastor Paulsen. Ele é claro, compassivo e nos liga,
fortemente, à nossa própria tradição
de não combatentes. Como filho de
um militar americano com 34 anos de
trabalho, veterano de três guerras, sou
profundamente patriota e apreciador do
serviço que as forças armadas nos oferecem. Entretanto, sou também, agora,
um cristão adventista do sétimo dia. É
importante saber que a posição histórica
e autêntica de nossa igreja em relação
Junho 2008 | Adventist World
29
Intercâmbio Mundial
C A R TA S
ao envolvimento militar tem sido a de
não combatentes. Ekkehardt Mueller,
do nosso Instituto de Pesquisas Bíblicas,
também publicou um trabalho muito
esclarecedor sobre esse assunto (veja em
www.adventistbiblicalresearch.org/documents/noncombatancy.htm.).
Na página Web da Associação Geral,
há três declarações sobre a paz e como
fazemos bem em apoiar e encorajar os
pacificadores (veja www.adventist.org/
beliefs/statements/index.html.).
Com o orgulho nacional tão fortemente generalizado em todo o mundo, as palavras de Paulsen são muito
oportunas. Sua liderança sobre o tema
é muito importante e adequada. Quero
agradecer a ele por escrever e a vocês
por publicarem esse artigo.
Mark F. Carr
Califórnia, Estados Unidos
Esse artigo [do pastor Paulsen] saiu
com atraso! Sugiro que enfatizemos não
apenas a posição de não combatente
de nossa igreja mundial, mas também
nossa compreensão no que diz respeito
a questões nacionalistas, étnicas, etc. Se
não assumirmos uma posição clara em
relação ao não combate e à prioridade
de nossa confissão cristã acima de ufanismos nacionalistas, pode ser que um
dia nos encontremos em uma situação
em que os adventistas lutarão e matarão
uns aos outros.
Herbert Bodenmann
Winterthur, Suíça
Gostaria de ratificar a clara e ponderada
declaração de Jan Paulsen sobre a tradição da IASD e os mais amplos princípios
cristãos. Estou grato por perceber que a
posição histórica dos adventistas em relação à paz é confirmada com simplicidade
e clareza. A Igreja tomou uma atitude
própria e correta, nos anos 1960, ao disponibilizar aconselhamento e apoio a todos os jovens adventistas que prestavam
tanto o serviço militar quanto o alternativo, sendo eles opositores conscientes,
“cooperadores conscientes” (como, então,
chamávamos os médicos militares), ou
soldados portadores de armas.
Entretanto, isso não deveria ser
confundido com apoio ao porte de armas no serviço militar. O presidente da
Associação Geral fez bem em relembrar
nossos princípios fundamentais.
A. Gregory Schneider
Califórnia, Estados Unidos
Finalmente! Graças ao Espirito Santo
que inspirou o pastor Jan Pausen a escrever sobre o serviço militar, na edição
de março da Adventist World! Isso é
como as águas refrescantes do Espírito
Santo! A linguagem ambígua, local e
politicamente correta sobre o assunto,
usada durante anos, havia deixado uma
porta aberta para o grande enganador,
causando trágica confusão em muitas
congregações. Tal lacuna na posição
oficial da Igreja foi prejudicial para a sua
identidade e para o poder da mensagem
adventista. Boas-vindas ao retorno do
verdadeiro Evangelho!
Stéphane Augsburger
França
Cartas para o Editor – Envie para: [email protected]
As cartas devem ser escritas com clareza e ao ponto, com
250 palavras no máximo. Lembre-se de incluir o nome do artigo,
data da publicação e número da página em seu comentário.
Inclua, também, seu nome, cidade, estado e país de onde você
está escrevendo. Por questão de espaço, as cartas serão
resumidas. Cartas mais recentes têm maior chance de ser
publicadas. Nem todas, porém, serão divulgadas.
O LUGAR DE ORAÇÃO
Iniciei uma escola para órfãos e crianças
de rua em 2006, usando meus próprios
recursos. Mas agora estudo e tem sido
muito difícil. Estou orando para que
Deus abra portas com oportunidades e
recursos que me capacitem a realizar o
sonho de servir à comunidade.
Cornelius, Quênia
Poderiam, por favor, orar por mim?
Necessito da intervenção de Deus em
minha saúde, vida acadêmica, financeira
e tudo mais.
não recebi resposta. Por favor, orem para
que Deus providencie um companheiro
para a minha vida, alguém adventista,
responsável e temente a Deus.
30
Adventist World | Junho 2008
Emma, Zimbábue
Ngozi, Nigéria
Por favor, orem por um amigo que tem
Transtorno do Déficit de Atenção com
Hiperatividade – TDAH. Ele foi ungido,
porém não foi curado. Muitos médicos já
foram consultados. Orem por sua cura e
para que seja uma testemunha para Deus.
Mark, via e-mail
Phillip, Zimbábue
Quero parabenizá-los pelo belo trabalho. Que nosso poderoso Deus os abençoe e guarde! Gostaria que orassem pelo
meu casamento. Tenho orado, mas ainda
Meu esposo e eu somos servidores civis.
Orem para conseguirmos os recursos
para enviar nossos filhos à escola.
Por favor, poderiam orar por minha
família e por mim? Meu filho gostaria
de ir para a universidade. O irmão mais
novo não passou em algumas matérias
e gostaria de ir para cursar o nível A.
Por favor, orem para que meus amigos
encontrem acomodações adequadas, no
início de setembro, e sejam capazes de
conciliar trabalho, estudo e paternidade.
Ed, via e-mail
Pedidos de oração e agradecimentos (gratidão por resposta à
oração). Sua participação deve ser concisa e de, no máximo,
75 palavras. As mensagens enviadas para esta seção serão
editadas por uma questão de espaço. Embora oremos por todos
os pedidos nos cultos com nossa equipe durante a semana, nem
todos serão publicados. Por favor, inclua no seu pedido, seu nome
e o país onde vive. Outras maneiras de enviar o seu material:
envie fax para 00XX1(301) 680-6638, ou carta para: Intercâmbio
Mundial, Adventist World, 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring,
Maryland 20904-6600 EUA.
“Eis que cedo venho…”
INTERCÂMBIO DE IDÉIAS
Nossa missão é exaltar Jesus Cristo, unindo os
adventistas do sétimo dia de todo o mundo numa só
crença, missão, estilo de vida e esperança.
Neste mês, a Rádio Mundial
compartilha o primeiro
encontro de um ouvinte
com Jesus.
A
R Á
D I
O
M U
N D
I A
L
A D
V E
N T
I S
TA
Somália é um país muçulmano
que não tem um movimento adventista oficial, mas os
programas de rádio podem alcançar
lugares na Terra que os missionários e
outros não podem alcançar. Aqui está o
testemunho de um jovem que, através
da Rádio Mundial Adventista, ouviu,
pela primeira vez, falar de Jesus.
“Minha vida não tinha sentido,
antes de eu aceitar a Cristo. Eu estava
cansado de religião e de todo o povo
“santo”. Não cria que Deus Se importava comigo. Eu precisava desesperadamente de conforto, mas nunca o achei
em nossa religião. Encontrei a Rádio
Mundial Adventista e ouvi as palavras
de vida de Jesus Cristo. Quanto mais
eu ouvia, mais queria aprender.
“Com a ajuda de Deus, a verdade foi revelada a mim gradativamente, por meio
de seus ensinos. Entreguei meu coração a Ele, e Ele mudou minha vida. Ele me deu
conforto e esperança. Comecei a falar aos meus amigos e a alguns membros de minha família sobre Cristo e o cristianismo. Disseram que eu estava errado. Riram de
mim e me ironizaram com suas palavras. No início, fui capaz de lidar com essas dificuldades, mas, depois de algum tempo, isso começou a me incomodar muito. Uma
vez que eu não tinha ninguém que me apoiasse, decidi manter minha fé em segredo.
Tudo que eu tinha no mundo era Deus e Jesus.
“Em meu primeiro dia de aula na escola de ensino médio, conheci duas garotas
que estavam na mesma situação em que me encontrava, antes de me tornar cristão.
Elas estavam confusas e preocupadas. Após um ano, quando conclui que éramos
amigos sinceros e que podia confiar nelas, compartilhei minha fé em Cristo. Elas
abriram o coração e convidaram Jesus para entrar.
“Agora tenho, pelo menos, duas amigas cristãs. Elas têm o mesmo propósito que
tenho na vida. Juntos ouvimos a Rádio Mundial Adventista. Nunca fomos a uma
igreja, mas com esse programa acredito que somos uma igreja para Cristo. Ele está
conosco, mesmo em uma sociedade difícil. A cada dia crescemos na fé.”
Para mais informações, escreva para Rádio Mundial Adventista, 12501 Old Columbia
Pike, Silver Spring, Maryland 20904-6600 EUA; visite www.awr.org ou ligue para
800-337-4297.
Editor
Adventist World é uma publicação internacional da
Igreja Adventista do Sétimo Dia, editada pela
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Aos colaboradores: São bem-vindos artigos enviados
voluntariamente. Toda correspondência editorial deve ser
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A menos que indicado de outra forma, todas as referências
bíblicas são extraídas da Versão João Ferreira de Almeida,
Revista e Atualizada no Brasil pela Sociedade Bíblica do
Brasil, 1993.
Adventist World é uma revista mensal editada simultaneamente na Coréia, Austrália, Indonésia, Brasil e Estados Unidos.
Vol. 4, No. 6
Junho 2008 | Adventist World
31
Q U E
L U G A R
É
E S S E ?
O Lugar Das
T T E
C H A R LO
de presentes. Após decorarem a árvore e arrumarem
mesas e cadeiras – e muita guloseima – trouxeram os
pequeninos para as brincadeiras e jogos.
As crianças desfrutaram cada momento. Entre outras
coisas, fizeram sanduíche, biscoito, suco e sobremesa.
Mas a fisionomia deles brilhou quando abriram as
Caixas de Amor.
Logo depois, o grupo foi a outro abrigo, onde distribuíram mais doze caixas. Eles levaram os presentes
que sobraram para o Hospital Tembisa, próximo dali, e
entregaram para crianças com doença terminal. Já estão
planejando o próximo projeto em um asilo da região.
— Chrissie Sarvari, secretário de comunicação da Igreja
Adventista do Sétimo Dia de Kempton Park, Glen Marais,
Kempton Park, África do Sul
VIDA ADVENTISTA
Voltando de uma de suas viagens ao redor do
planeta, Charlotte Ishkanian, editora da revista
Missão Adventista e “Inside Story”, chegou trazendo
uma novidade. Ela estava na Mongólia e gostaríamos de saber de que modo a Adventist World era
disponibilizada naquele país. Apreciamos muito
essa foto tirada por ela e decidimos compartilhar
com você. Se você viu a Adventist World em algum
lugar inusitado, envie-nos uma foto.
FRASE
DO
MÊS
“Não podemos encontrar
o Deus da Bíblia sem
seguir a Bíblia de Deus.”
—Pastor Erickson Fabien, durante um sermão na
Igreja Adventista do Sétimo Dia da Comunidade,
Cingapura, em 19 de janeiro de 2008.
RESPOSTA: Na África do Sul, crianças na Creche Pingüim abrem “Caixas de Amor” com itens doados
por membros da igreja, em Kempton Park. Os presentes foram doados em dezembro passado.
I A N
I S H K A N
CONHEÇA SEU VIZINHO
Nossa igreja está situada perto do Aeroporto Internacional Oliver Tambo, em Kempton Park. Às vezes, aos
sábados, temos que competir com os aviões que sobrevoam a área, mas isso não nos incomoda.
Nossa igreja é bem pequena, composta em sua maioria por aposentados, mas temos um jovem casal muito
dinâmico. Nossos jovens são a minoria, mas graças a
Deus, temos ainda quatro lindas moças (três das quais
foram batizadas em março de 2007), que também são
muito dedicadas.
Durante 2007, eles decidiram começar um projeto
com seu professor, Liezl Fotiadis, e fazer
“Caixas de Amor” para crianças carentes (das quais
temos muitas em nossa área). Eles começaram a angariar sabonetes e toalhas de rosto, brinquedos, giz de cera,
lenços, pantufas, biscoitos, pasta e escova de dente e
pequenas coisas que essas crianças não têm.
Decidiram fazer 30 caixas, mas acabaram fazendo 40
pela generosidade dos “idosos” da igreja.
No dia 4 de dezembro, o grupo (chamado “Adolescentes para Jesus”) foi à Creche Pingüim, com 22 caixas
S A R VA R I
AS
C H R I S S I E
PESS
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