Anatomia I
Sistema Cardiovascular — Vasos e Sangue
Objetivo da Aula
Compreender os tipos e funções dos vasos sanguíneos. Adquirir a capacidade
de aplicar este conhecimento na prática acadêmica e profissional da Educação Física.
O coração, as artérias e as veias formam circuitos fechados que permitem
a circulação do sangue pelo corpo. Basicamente, existem dois grandes sistemas
de circulação: circulação sistêmica e a circulação pulmonar. Além dessas duas circulações,
existem outras menores, como: a circulação cardíaca (estabelecida entre as artérias
coronárias que surgem da aorta e as veias cardíacas que terminam no seio coronário),
portal (que é um tipo de circulação aberta formada pela veia porta, que se origina
do intestino delgado e baço pelas veias mesentéricas e lineal, e no fígado os ramos
da veia porta terminam nos sinusoides hepáticos), linfática (circulação aberta formada
pela rede capilar linfática, coletores pré-linfonodais, linfonodos, pós-linfonodais e ductos
linfáticos) e fetal (circulação estabelecida entre o feto e a mãe, apresenta padrão diferente
das circulações pulmonar e sistêmica do adulto).
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Artérias
No início do estudo do corpo humano, como as artérias dos cadáveres sempre
se encontravam vazias de sangue, acreditava-se que só continha ar, daí seu nome.
Somente no século XVII foi demonstrada claramente a circulação sanguínea nas artérias.
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As artérias são vasos que partem do coração e levam o sangue aos tecidos.
Duas grandes artérias saem do coração: tronco pulmonar, que distribui o sangue para
os pulmões e faz parte da circulação pulmonar e a artéria aorta, cujos ramos constituem
as artérias sistêmicas, que distribuem o sangue ao resto do corpo, fazendo parte da
circulação sistêmica.
As artérias são formadas por três camadas: túnica íntima, túnica média
e túnica externa. A túnica íntima fica mais próxima ao lúmen, o centro oco em que flui
o sangue. A túnica média é mais espessa e formada por músculo liso. Por estimulação
do Sistema Nervoso Autônomo, as artérias podem estreitar (vasoconstrição) ou aumentar
(vasodilatação) o lúmen, alterando a pressão e, consequentemente, a fluidez do sangue.
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Quanto mais distante do coração, menor o calibre da artéria. A partir da artéria
aorta surgem ramificações que atendem à irrigação do corpo inteiro. As artérias
de maior calibre são também chamadas de artérias elásticas, porque suas túnicas médias
contêm proporção elevada de fibras elásticas e suas paredes são relativamente finas
em relação ao diâmetro do lúmen. Possuem papel importante, pois ajudam na propulsão
do sangue para o próximo trecho, enquanto os ventrículos estão relaxando. Conforme
o sangue é ejetado do coração para as artérias de grande calibre (artérias elásticas),
suas paredes são estiradas, acomodando o sangue. Pelo estiramento, as fibras elásticas
momentaneamente armazenam energia mecânica, funcionando como reservatório
de pressão. Em seguida, as fibras elásticas se retraem, convertendo a energia mecânica
em energia cinética, movimentando o sangue. Exemplos de artérias de grande calibre são:
artéria aorta, braquiocefálica, carótidas comuns e ilíacas.
As artérias de grande calibre conduzem o sangue para artérias de médio e pequeno
calibre (artérias condutoras ou musculares), que possuem mais músculo liso e menos
fibras elásticas. Dessa forma, artérias de médio calibre são capazes de vasoconstrição
e vasodilatação mais acentuadas, para regular a intensidade do fluxo sanguíneo. Exemplos
de artérias de médio calibre são: artéria braquial, radial e tibial.
Após a ramificação das artérias de médio calibre, surgem artérias de pequeno
calibre, também chamadas de arteríolas, que são quase microscópicas. Elas podem
ter diâmetro de até 0,5 mm e levam o sangue para os capilares. As arteríolas possuem
papel fundamental no controle do sangue das artérias para os capilares. Quando o músculo
liso das arteríolas se contrai, produzindo vasoconstrição, o fluxo sanguíneo diminui,
quase para.
O número de artérias que irriga um determinado órgão é muito variável.
Está relacionado não apenas ao volume do órgão, mas principalmente à sua importância
funcional e mesmo à sua atividade em determinados momentos. Geralmente, um órgão
ou uma estrutura recebem sangue de mais de uma artéria, embora haja exceções,
como é o caso dos rins e do baço.
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Capilares
Embora Leonardo da Vinci e Cesalpino tenham intuído a existência dos vasos
capilares e feito algumas observações sobre a circulação sanguínea, foi Marcello Malpighi
em 1661 quem descreveu pela primeira vez utilizando microscópio.
Os capilares são vasos microscópicos que conectam as arteríolas às vênulas.
Os capilares são encontrados próximos de quase todas as células do corpo, mas sua
distribuição varia conforme a atividade metabólica do tecido vascularizado. A função primária
dos capilares é permitir trocas de nutrientes e catabólitos entre o sangue e as células.
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A estrutura desses vasos é adequada a esse propósito, pois possui somente uma camada,
a túnica íntima.
Os capilares formam extensas redes ramificadas, que aumentam a área
de superfície disponível para as trocas. O espaço formado entre os capilares e as células
é chamado de interstício.
Veias
A origem da palavra veia é incerta, pode ser porque o sangue viria ao coração
através das veias, ou devido ao sangramento venoso parece um veio, um fio de sangue.
As veias conduzem o sangue dos capilares para o coração. Existem dois sistemas
distintos, a circulação pulmonar e a sistêmica, representados por veias pulmonares
e veias cavas, que desembocam diretamente no coração.
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Quando diversos capilares confluem, eles formam pequenas veias chamadas
de vênulas. As vênulas coletam o sangue dos capilares e drenam para as veias de médio
calibre. As veias, inclusive as arteríolas, são formadas por três camadas, assim como as
artérias, entretanto as espessuras são diferentes. As túnicas externas são mais espessas,
enquanto as outras são mais finas. O lúmen das veias é maior que o das artérias
e suas paredes são mais distensíveis para se adaptar às variações de volume e pressão.
Muitas veias, especialmente as dos membros, possuem número abundante de válvulas
voltadas para o lúmen e na direção do coração. As válvulas auxiliam no retorno venoso,
por impedir que o sangue vá em direção aos capilares.
O número de veias é maior do que o das artérias. Em geral, há duas veias
acompanhando uma artéria, mas há exceções, como na porção proximal dos membros,
no pênis e no cordão umbilical. Levando-se em conta que a velocidade do sangue é menor
nas veias que nas artérias e que as veias têm de transportar o mesmo volume sanguíneo
em um determinado tempo, compreende-se o porquê deste maior número.
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Sangue
O sangue é um tecido conjuntivo formado por parte líquida chamada de plasma
e por parte celular, consistindo em vários tipos de células e por fragmentos celulares.
O oxigênio, inspirado pelos pulmões, e os nutrientes, absorvidos pelo trato gastrointestinal
são transportados pelo sangue para os tecidos corporais. O oxigênio e os nutrientes
passam a partir do sangue para o líquido intersticial e em seguida para as células.
O gás carbônico e outros catabólitos movem-se em direção oposta para serem eliminados
por rins, pulmões ou trato gastrointestinal. O sangue é o único tecido conjuntivo líquido
e têm três funções: transporte (oxigênio, gás carbônico, nutrientes, catabólitos, hormônios,
calor, etc.); regulação do funcionamento do organismo (pH, temperatura, água, íons,
proteínas) e proteção contra doenças (coagulação, anticorpos, linfócitos, interferon, etc.).
O sangue é mais denso e mais viscoso que a água, sua temperatura é cerca de 38ºC
e seu pH varia de 7,35 a 7,45. O sangue representa cerca de 8% da massa corporal,
seu volume é de 5 a 6 litros no homem adulto médio e de 4,5 litros na mulher adulta média.
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Circulação Pulmonar
O sangue entra na circulação pulmonar quando sai do ventrículo direito
em direção ao tronco pulmonar. Este se divide em artérias pulmonares direita e
esquerda, que se dirigem aos pulmões correspondentes. Ao penetrarem nos pulmões,
as artérias pulmonares se dividem em ramos lobares, um para cada lobo do pulmão.
As artérias lobares se dividem em artérias de pequeno calibre, arteríolas até capilares.
Cada conjunto de capilares envolve um alvéolo e assim as trocas gasosas entre o sangue
e o ar podem ocorrer. O sangue do capilar e o ar dos alvéolos estão separados somente por
um epitélio alveolar bem fino e o endotélio capilar. Dos capilares, o sangue é coletado por
vênulas e destes vasos para veias de calibres cada vez maiores até chegarem nas veias
pulmonares. A partir das veias pulmonares, o sangue chega ao coração no átrio esquerdo.
As artérias pulmonares transportam sangue com alta concentração de gás carbônico
e baixa concentração de oxigênio. O sangue nas veias pulmonares possui alta concentração
de oxigênio e baixa concentração de gás carbônico. Esse padrão é exatamente o oposto
do que ocorre nas artérias e veias da circulação sistêmica. Os vasos são denominados
de acordo com a direção do fluxo sanguíneo. Os vasos do circuito pulmonar não suprem
os tecidos dos pulmões com oxigênio e nutrientes. As necessidades metabólicas
dos pulmões são supridas por pequenos vasos da circulação sistêmica.
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Circulação Sistêmica
A circulação sistêmica inicia-se após o sangue sair do ventrículo esquerdo em direção
à artéria aorta. A artéria aorta é dividida em parte ascendente, arco e parte descendente.
A partir dela surgem ramos para irrigar todo o corpo. Os únicos ramos da parte ascendente
são as artérias coronárias, que irrigam o músculo cardíaco. Os ramos do arco da artéria
aorta são: tronco braquiocefálico, artéria carótida comum esquerda e artéria subclávia
esquerda. Estas artérias se ramificam e irrigam a cabeça, pescoço e membros superiores.
Os ramos da parte descendente da artéria aorta são divididos em: parte torácica, que após
ramificações irriga o tórax, incluindo os pulmões; parte abdominal, que após ramificações
irriga todo o abdome, pelve e membros inferiores. Após chegar aos capilares, o sangue
é coletado pelas vênulas e destes vasos ruma para as veias de calibres cada vez maiores,
até chegar às veias cavas. A veia cava inferior drena o sangue, que chega abaixo da
altura do coração e a veia cava superior, acima do coração, até que ambas desembocam
no átrio direito.
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Uma lição de anatomia
Arteriosclerose: isquemia e infarto. Veias varicosas.
A doença arterial adquirida mais comum em países desenvolvidos é a arteriosclerose
(enrijecimento das artérias), com espessamento e perda de elasticidade das paredes
arteriais. A forma mais comum está associada ao acúmulo de gordura, principalmente
o colesterol, nas paredes arteriais. Há formação de depósito de cálcio na placa de ateroma.
O consequente estreitamento arterial e irregularidade superficial podem a artéria ou ser
deslocada para a corrente sanguínea, formando um êmbolo e bloquear vasos menores.
As consequências podem ser a isquemia, que é a redução do suprimento sanguíneo para
um órgão ou região e infarto, que é a morte local, ou necrose de uma área de tecido
ou um órgão, decorrente da redução do suprimento sanguíneo. Estas consequências
são particularmente significativas em relação ao coração (cardiopatia isquêmica e infarto
do miocárdio), encéfalo (derrame) e as partes distais dos membros (gangrena).
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Quando as paredes das veias perdem sua elasticidade, elas se tornam fracas.
Uma veia enfraquecida dilata sob pressão da sustentação de uma coluna de sangue contra
a gravidade. Isto resulta em veias varicosas, observadas com maior frequência nas pernas.
As veias varicosas possuem um calibre maior que o normal e as válvulas não se encontram
ou foram destruídas por inflamação. Essas veias possuem válvulas incompetentes,
assim a coluna de sangue que ascende em direção ao coração não é interrompida,
aumentando a pressão sobre as paredes enfraquecidas, assim exacerbando o problema
da varicosidade.
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Referências
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