VI SEREA - Seminário Iberoamericano sobre Sistemas de Abastecimento Urbano de Água
João Pessoa (Brasil), 5 a 7 de junho de 2006
UNIDADE MÓVEL DE HIDRÁULICA PARA AVALIAÇÃO DE EFICIÊNCIA EM
INSTALAÇÕES DE BOMBEAMENTO
Augusto Nelson Carvalho Viana1; Edson da Costa Borton2; Carlos Belmiro Campinho3
Resumo – O PROCEL/ELETROBRÁS financiou o Laboratório de Etiquetagem de Bombas (LEB)
instalado no Instituto de Recursos Naturais da Universidade Federal de Itajubá para ser uma
referência nos ensaios de performance desse tipo de equipamento e atender o Programa Brasileiro
de Etiquetagem junto aos fabricantes de bombas. O LEB, na sua primeira etapa, está limitado em
50kW de potência e 0,100m3/s de vazão. As boas condições do laboratório apresentam pequenas
incertezas nas medidas dos parâmetros como pressão, vazão, temperatura, potência e outras
variáveis que compõem um ensaio de rendimento de uma bomba. Para complementar o LEB
propõe-se nesse trabalho um Laboratório Móvel equipado com instrumentação adequada para
avaliar conjuntos moto-bomba instalados nas empresas de saneamento.
Abstract – PROCEL/ELETROBRÁS financed the Pump Labeling Laboratory (LEB) installed at
the Itajubá´s Federal University´s Natural Resources Institute to be a reference in the performance
of tests on this type of equipment and to attend the Brazilian Program of Labeling together with the
manufacturers of the pumps. The LEB, in its first stages, is limited to tests in 50 kW of energy and
0,1000 m³/s of flow. The good conditions of the laboratory present small uncertainties in the
measurements of parameters such as pressure, flow, temperature, energy and other variables that
compose the performance test of a pump. To complement the LEB and attend higher energies in
already existing installations, in this work we propose a Mobile Laboratory, equipped with adequate
instrumentation for testing motor pump sets installed in the industry, in sanitation and in rural areas
with the purpose focused on the conservation of energy.
Palavras-chave: Instalações de bombeamento, conservação de energia, ensaios de bombas.
1, 2, 3
Universidade Federal de Itajubá – Instituto de Recursos Naturais, Av. BPS, Pinheirinho, 37500-903, Itajubá, MG,
1
2
Brasil;
Tel.:
35-3629-1382;
Fax:
35-3629-1265;
[email protected];
[email protected];
3
[email protected]
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INTRODUÇÃO
Um dos equipamentos mais utilizados na indústria de um modo geral, no saneamento e no meio
rural são as bombas centrífugas. As bombas centrífugas na grande maioria dos casos são acionadas
por motores elétricos e as potências abaixo de 50kW atendem aproximadamente 80% das
aplicações.
Baseados nesses dados, o PROCEL/ELETROBRÁS construiu na Universidade Federal de ItajubáUNIFEI um laboratório de Etiquetagem de Bombas Centrífugas para propiciar ensaios com
potência até 50 kW e vazões até 0,100m3/s, em atendimento ao Programa Brasileiro de
Etiquetagem-PBE e no caso das bombas foi constituído o grupo de trabalho denominado GT-BOM.
O grupo é coordenado pelo INMETRO, agrupa representantes do PROCEL, do CEPEL, da UNIFEI
e atualmente envolve oito fabricantes de bombas centrífugas, onde seus produtos encontram-se em
início de etiquetagem.
Muitas das aplicações envolvem conjuntos moto-bombas com potências muito superiores à
capacidade do laboratório. Por outro lado, a logística envolvida para o transporte e instalação de
bombas de grande porte para um laboratório com capacidade de atendimento, também é uma
restrição que em muitos casos inviabilizaria a avaliação energética de tais conjuntos. Uma solução
alternativa seria a construção de modelos reduzidos, cuja principal restrição se dá de ordem
econômica, inviabilizando a análise.
Não obstante o grande parque instalado de moto-bombas é com grande freqüência que se encontram
sistemas mal dimensionados, mal instalados, mal operados e com uma manutenção ineficiente
acarretando em baixos rendimentos, perda de vida útil, aumento de custos de operação e
manutenção e, principalmente, provocando um consumo de energia muito além do que se
observaria em condições adequadas.
Neste sentido, propõe-se uma unidade móvel com equipamentos portáteis de avaliação e ensaios em
conjuntos moto-bombas in-situ. Este sistema permitirá avaliar e identificar potenciais de economia
de energia na indústria, nas companhias de saneamento básico, no meio rural e em prédios no que
se refere às instalações de bombeamento, acionadas por motores elétricos, fornecendo subsídios
para análises mais acuradas de viabilidade de substituição ou de modernização das tecnologias
empregadas nestes sistemas, visando conservar energia.
O objetivo deste trabalho é apresentar uma unidade hidráulica móvel dotada de instrumentação
portátil para medidas hidráulicas e elétricas, com incertezas nas medidas menores possíveis, mas
compatíveis com esse tipo de ensaio. Os ensaios avaliarão as condições operativas e rendimentos de
sistemas de bombeamento baseados em conjuntos moto-bombas, visando identificar potenciais de
conservação de energia em indústrias, companhias de saneamento básico, meio rural e prédios que
se utilizam tais equipamentos.
DESENVOLVIMENTO DAS GRANDEZAS MEDIDAS E CALCULADAS
Para o desenvolvimento das equações, baseado nas grandezas lidas e calculadas, utilizar-se-á a
norma brasileira (NBR-6400, 1989).
As grandezas lidas são a vazão de bombeamento, as pressões de entrada e saída da bomba, as cotas
geométricas de entrada e saída da bomba, a temperatura do líquido e a potência elétrica do motor.
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As grandezas calculadas são compostas da altura total de elevação da bomba, da potência hidráulica
e de eixo da bomba e dos rendimentos do conjunto moto-bomba e da bomba. O rendimento da
bomba pode ser avaliado em função do rendimento do motor.
Instalação de Bombeamento
A figura 1 apresenta o croqui de uma instalação de bombeamento, onde a bomba é acionada
diretamente por um motor elétrico, cuja potência elétrica é Pel e a potência de eixo é Pe. A entrada
(1) da bomba e sua saída (2) são apresentadas, bem como as cotas z2 e z3, que são em relação a uma
referência fixa, nestas posições. Na entrada da bomba poderá ser instalado um manovacuômetro e
na saída um manômetro. Esses medidores de pressão poderão ser digitais ou analógicos.
Será utilizada a figura 1 como base para as medidas e determinação dos parâmetros.
FIGURA 1. Instalação de bombeamento acionada diretamente por um motor elétrico
Grandezas Medidas e Calculadas
Vazão - Q
Para uma medida expedita da vazão deve-se escolher medidores com praticidade mais acentuada
possível. Desta forma, selecionou-se dois métodos utilizados na medida de vazão em tubulações.
O primeiro método, bastante conhecido, trata-se da medida baseada no tubo de Pitot. Os métodos
mais tradicionais de medidas de velocidades através do tubo de Pitot são os de tomada de pressão
simples e os duplos (DELMÉE, 1983). Os duplos são denominados de Prandtl e o do tipo PitotCole, com a tomada de pressão diferencial ocorrida na própria haste do medidor. A medição da
velocidade de escoamento do líquido com o Pitot simples, a pressão total tem sua tomada na haste
do medidor e a pressão estática na tubulação.
Para este trabalho será considerado, no caso do primeiro método, a medida de vazão pelo tubo de
Pitot-Cole. A figura 2 ilustra um tubo de Pitot-Cole, apresentando suas tomadas de pressões estática
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e total, sendo sua diferença medida em um manômetro diferencial ou transdutor diferencial e
representa a pressão dinâmica.
A vantagem do Pitot-Cole em relação ao Prandtl é sua ponta ser mais estreita quando o mesmo está
na posição fechada, o que permite para sua instalação uma furação na tubulação com diâmetro do
furo menor. Além disso, a furação é realizada com a instalação de bombeamento em marcha através
de uma máquina que fura, rosqueia e instala um tap para fixação do Pitot-Cole. A figura 3 ilustra a
furação de uma tubulação de 1,7m de diâmetro, com uma espessura de ½”.
ptotal p
est.
ptotal
pest.
Ver Detalhe
2
ptotal
Ver Detalhe
1
Fluxo
DETALHE 2
ptotal
pest.
pest.
DETALHE 1
FIGURA 2. Tubo de Pitot-Cole com as tomadas de pressão e nos detalhes as pontas de tomadas de
pressões total e estática
FIGURA 3. Instalação da máquina furadeira, rosqueadeira e instaladeira de tap para fixação do
Pitot-Cole
Como o Pitot-Cole mede a diferença de pressão total e estática, tendo como resultado a pressão
dinâmica e conseqüentemente a velocidade de escoamento em cada posição, há necessidade, para a
determinação do perfil de velocidades padronização das posições de medidas.
Há autores que sugerem a medida da velocidade de escoamento apenas no raio da tubulação. Isso
pode ser realizado, caso a seção de medida não tenha interferência de válvulas, curvas ou qualquer
acessório de tubulação, o que caracteriza um perfil simétrico de velocidade. Entretanto na prática
isto nem sempre ocorre. Desta forma, baseado em (TROSKOLANSKI, 1965), sugere-se a medida
do perfil de velocidades no diâmetro do tubo e sua padronização está mostrada na tabela 1.
Para o cálculo da velocidade v[m/s] em cada posição, utiliza-se a equação 1, onde g[m/s2] é a
aceleração da gravidade, ∆h[m] é a diferença de pressão total e estática e kp é um coeficiente
adimensional do tubo de Pitot-Cole, obtido em sua calibração.
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v = k p . 2.g.∆h
(1)
A diferença de pressão pode ser medida através de um manômetro de colunas de água na forma
invertido ou através de um transdutor diferencial ou através de dataloggers preparados para isso.
Existem no mercado medidores eletrônicos que medem os parâmetros hidráulicos e que foram
projetados e montados para as medições e registros simultâneos da pressão e da vazão dos sistemas
que envolvem as instalações de bombeamento, (LAMON, 2005).
TABELA 1. Posições padrões no diâmetro da tubulação de acordo com (TROSKOLANSKI, 1965)
R=
[m]
Posições ( r )
0.R
0
0,316.R
1
R
0,548.R
2
0,706.R
3
0,836.R
4
-5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5
0,948.R
5
-0,316.R
-1
r
r
-0,548.R
-2
-0,706.R
-3
-0,836.R
-4
-0,948.R
-5
A Figura 4a ilustra o perfil de velocidades em função do raio r da tubulação, enquanto a Figura 4b
mostra o valor de r versus v.r.
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FIGURA 4. Perfil de velocidades no diâmetro da tubulação (4a) e valores de r.v para cada raio (4b)
Como o perfil de velocidades não deverá ser simétrico, a vazão de escoamento da água é
determinada pela equação 2 para cada raio r.
R
Q R = ∫ v.dA = π.∫ v.r.dr
A
(2)
0
A área sob a curva da figura 4b representa a integral
∫
R
0
v.rdr para cada raio. Para a determinação
dessa integral pode ser utilizado algum software gráfico.
O segundo método sugerido para esse trabalho é a medição de vazão através do ultra-som. É uma
medição de vazão eficaz, de simples instalação e de rápida resposta. Além disso, é adequada para a
maioria dos casos e com uma incerteza razoável, apesar de não constar nas normas de ensaios de
bombas de um modo geral. A sua utilização está prevista, desde que as partes interessadas, em
comum acordo, a aceitem (CEI 41, 2001).
Este medidor é portátil, o qual pode ser conectado nas tubulações com diâmetros externos de 25
[mm] a 5.000 [mm], e com a espessura da parede do tubo de até 40 [mm].
O principio funcionamento dos medidores de vazão ultra-sônicos é o da propagação das ondas
sonoras nos meios, no caso fluido em escoamento, com freqüências compreendidas entre 150 (kHz)
e 5 (MHz) (BORTONI, 2002).
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Diferentes princípios físicos podem ser utilizados para medição de velocidades de escoamentos, os
quais permitirão determinar a velocidade média e pelo principio de conservação da massa, a vazão.
Dentre estes princípios destacam-se o Doppler e o de Tempo de Transito.
Os medidores de vazão ultra-sônicos Doppler se baseiam no princípio do mesmo nome, de reflexão
de ondas acústicas que incidem nas partículas em suspensão no escoamento do fluido, como mostra
a figura 5a. O medidor de vazão do tipo Doppler funciona bem com partículas em suspensão no
líquido, mas deve conter um número limitado, pois caso tenha um número acima do recomendado, a
faixa de ruídos aumenta ocasionando menor precisão na medida da freqüência da onda refletida e
conseqüentemente na vazão.
T/R
T
A
o
o
vS
V
D
D
VS
V
LS
vS
e
R
VS
B
e
L
T/R
FIGURA 5. Medidor de vazão Doppler (a), Medidor de vazão tempo de trânsito (b)
Um medidor mais adequado para medida de líquidos limpos e homogêneos, ou sejam, líquidos sem
grandes concentrações de partículas suspensas ou bolhas de ar ou gases é o ultra-som de tempo de
trânsito. É um instrumento com base a um microprocessador para medir o fluxo. Ele se baseia na
medição dos tempos que ondas acústicas emitidas simultaneamente no sentido do escoamento e
contra a mesmo. Estes medidores podem ter o sistema emissor/receptor colocado externamente ao
tubo ou internamente denominados, respectivamente, medidores de vazão ultra-sônicos não
intrusivos e medidores de vazão ultra-sônicos intrusivos. A figura 5b apresenta um medidor de
vazão tempo de trânsito com sensores não intrusivos.
Esses medidores são configurados utilizando-se teclado compacto integrado e vídeo, a fim de
digitar variáveis como diâmetro do tubo, material do tubo, espessura da parede e tipo do fluido. O
medidor exibe a taxa de fluxo e o volume totalizado é apresentado em vários sistemas de unidades.
Além disso, pode ser configurado no modo remoto e monitorado por meio de uma interface RS232,
usando-se o utilitário de interface Polylink. Eles ainda, como alternativa, podem ser configurados e
os sinais analisados em ambiente Microsoft Windows.
A tabela 2 apresenta uma comparação entre os medidores de vazão do tipo Pitot-Cole e o do tipo
ultra-som.
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TIPO
Pitot-Cole
Ultra-som
TABELA 2. Comparação entre os medidores
VANTAGENS
DESVANTAGENS
Dificuldade de montagem (furação da
Custo baixo de aquisição; custo baixo tubulação – há necessidade da aquisição
de manutenção; pode ser utilizado da máquina Miller); a vazão é
próximo de curvas, válvulas e determinada através de leituras da
acessórios de tubulação, pois o perfil diferença
de
pressão,
para
a
de velocidades pode ser corrigido.
determinação do perfil de velocidade e
cálculos adicionais são necessários.
Facilidade de montagem; a vazão Custo Alto de aquisição; custo alto de
pode ser lida no display após as manutenção; não pode ser utilizado em
informações necessárias solicitadas qualquer posição da tubulação, pois há
pelo menu do instrumento e também interferência de curvas, válvulas e
pode ser aquisitada.
acessórios de tubulações próximos.
Altura total de elevação – H
Para a instalação da Figura 1, a equação da altura total de elevação H[m] é dada pela equação 3:
p 3 p 2 v 32 − v 22
−
+
+ ( z 2 − z1 )
H=
ρ.g ρ.g
2g
(3)
As pressões na saída da bomba (3) e na entrada da bomba (2) poderão ser medidas com manômetros
tradicionais como os do tipo Bourdon ou com transdutores de pressão. A vantagem dos transdutores
sobre os manômetros de Bourdon é poder armazenar as medidas de pressão através de um sistema
de aquisição de dados via computador.
Conhecendo-se os diâmetros internos das tubulações na entrada D2[m] e saída D3[m] da bomba,
pela equação da continuidade, pode-se determinar as velocidades v1[m/s] e v2[m/s] apresentadas na
equação 4.
v2 =
4.Q
4.Q
e v3 =
2
πD 32
πD 2
(4)
As cotas geométricas z2[m] e z3[m] são fixas e facilmente medidas.
Potência hidráulica - Ph
A potência hidráulica Ph[kW] é determinada pela equação 5.
Ph = ρ.g.Q.H.10 −3
(5)
A massa específica do líquido ρ[kg/m3] em função da temperatura t do líquido em graus Celsius
poderá ser determinada pela expressão 6 e a aceleração da gravidade g[m/s2] pela equação 7 em
função da altitude local em A[m] e da latitude φ em graus (CEI 41, 2001).
ρ = 1000,14 + 0,0094.t − 0,0053.t 2
(6)
g = 9,7803.(1 + 0,0053.sen 2 φ) − 3.10 6.A
(7)
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A temperatura do líquido será medida com um medidor pirômetro ótico digital.
Potência elétrica - Pel
Para determinação da potência elétrica Pel[kW] consumida pode-se utilizar um wattímetro digital
trifásico ou um medidor de grandezas elétricas. Este wattímetro poderá ser conectado no secundário
de TC’s e TP’s de medição quando houver, ou diretamente aos cabos de alimentação do motor no
caso de inexistência de TC’s e TP’s.
Rendimentos
Rendimento do conjunto moto-bomba - ηc
ηc =
Ph
Pel
(8)
Rendimento total da bomba
A potência de eixo da bomba Pe[kW] pode ser determinada em função do rendimento do motor
elétrico, como mostra a equação 8. O rendimento elétrico (ηel) por sua vez deve ser utilizado de
preferência, aquele dado pelo fabricante, ou em último caso estimado. O rendimento elétrico para
motores de indução trifásicos depende da sua potência. Por exemplo, na faixa de 1 [kW] a 50 [kW],
no seu ponto nominal há uma variação de 80 [%] a 90 [%]. Dessa forma pode-se utilizar um valor
médio de 85 [%]. Para potências maiores os rendimentos podem atingir 95%.
A equação 10 determina o rendimento total da bomba.
Pe = Pel .ηel
ηt =
Ph
Pe
(9)
(10)
SISTEMA DE AQUISIÇÃO DE DADOS
O laboratório de Etiquetagem de Bombas da UNIFEI utiliza o software de aquisição DASYlab, mas
outros que estão no mercado poderão ser utilizados. Qualquer um deles poderá estar associado de
uma forma amigável utilizando o Visual Basic.
O principal objetivo da Unidade Móvel de Hidráulica-UMH é possibilitar ensaios de equipamentos
em locais de acesso restrito. O módulo de aquisição de sinais da National Instruments escolhido
para a UMH caracteriza-se pelo seu alto desempenho e precisão no condicionamento dos sinais, que
reflete na fidelidade dos dados aquisitados.
Além disso, o controle e supervisão podem ser desenvolvidos no LabView, software adquirido, uma
poderosa ferramenta de aquisição, tratamento, controle e supervisão de sinais e processos. Além
disso, o LabView pode se comunicar com outras interfaces, tais como a comunicação serial, USB,
GPib e outros, e com isso, abrange uma gama muito grande de instrumentos e equipamentos que
podem ser controlados pelo sistema a ser criado, tais como wattímetros, osciloscópios, multímetros
e outros.
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O módulo de aquisição SCXI adquirido tem as seguintes vantagens:
•
•
•
•
Grande quantidade de canais de aquisição;
Alta Precisão;
Versatilidade;
Aquisição em corrente (4 a 20mA) e em tensão (0 a 10V, 0 a 300V, termopares).
O LabView possui as vantagens de:
•
•
•
•
•
Caracterizar-se por ser um sistema de controle e supervisão baseado em programação visual;
Basicamente, ter duas telas de programação: uma para a criação da tela de supervisão e outra
para a programação em si;
Na tela de supervisão, o desenvolvedor poder utilizar de recursos já prontos no Labview ou criar
seus próprios indicadores e campos de entrada e saída de informações;
A outra tela é restrita a programação e cada objeto criado na tela de supervisão é ligado a um
outro na tela de programação;
Além disso, o desenvolvedor dispõe de outras ferramentas para a programação, tais como
“loops”, rotinas de tempo, rotinas de seleção, matrizes, vetores, tabelas e outros, alem de
assistentes de aquisição e tratamento de sinais, tais como algoritmos de estatística, funções,
gráficos e outros.
O sistema de aquisição de dados deve ser preparado no laboratório, simulando cada tipo de
instalação, para que no local ocorram apenas ajustes mínimos e como conseqüência não haja falhas.
As informações adquiridas antecipadamente sobre as instalações a serem avaliadas, principalmente
através da documentação dos equipamentos é de suma importância para preparação do sistema de
aquisição.
Quando isso não é possível, haverá mais trabalho no local para a coleta de dados como o tipo de
arranjo, o tipo de bomba e do motor. Entretanto a Unidade Móvel deverá ter equipamentos e
instrumentação para selecioná-los em função da situação encontrada.
A figura 6 apresenta a preparação da tela principal do LabView e do sistema de aquisição de dados
para uma instalação de água tratada da CAGECE, onde existem três bombas em paralelo, sendo que
duas operam associadas e a terceira é reserva. As bombas são submersíveis, do tipo centrífugas.
A figura 7 mostra as três bombas em paralelo da Estação Elevatória Aldeota em Fortaleza-CE,
pertencente a CAGECE e a preparação da medida de vazão através de um ultra-som tempo de
trânsito.
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Figura 6. Tela principal do software LabView sendo preparado para a aquisição de dados
Figura 7. Vista das três saídas das bombas e instalação de um ultra-som tempo de trânsito para a
medida de vazão em uma dos três tubulações.
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A UNIDADE MÓVEL
Características e Adaptação
O veículo para o transporte dos equipamentos e da instrumentação é um furgão que está em fase de
adaptação, e terá um pequeno gerador, armários adaptados para alojar ferramentas, materiais de
consumo, equipamentos de medidas e mesa para computador.
O veículo tem as seguintes características: motor 4 cilindros, potência mínima de 90cv, a Diesel;
compartimento de carga fechado, com capacidade volumétrica mínima de 9m3; uma porta lateral
tipo corrediça e duas portas traseiras com vidro; capacidade de carga mínima de 1.400kg; ar
condicionado para atendimento à cabina e direção hidráulica.
A adaptação que está sendo realizada terá: banco para três passageiros, atrás da cabine do motorista,
com todos os requisitos de segurança exigidos à legalização do veículo junto ao DETRAN; caixa de
distribuição do ar condicionado, incluindo tubos, válvulas e acessórios; divisória atrás do banco
instalado; revestimento térmico lavável em MDF; piso de compensado naval de 15mm, revestido
com lamina de PVC de 2mm; bancada com tampo de madeira revestida com material resistente,
área de 1,2 x 0,6m e 0,7m de altura; luminária com duas lâmpadas fluorescentes tubulares de 15W e
dimensões reduzidas; remoção da divisória original atrás da cabine.
A unidade móvel estará equipada com instrumentação para medidas hidráulicas, como manômetros
manuais, transdutores de pressão, tubos de Pitot e ultra-som para medidas de vazão; medidas
elétricas, como Wattímetro, amperímetro e voltímetro; sensor de temperatura e sensor de rotação;
módulos de aquisição de dados para notebooks e sistemas portátéis de condicionamento de sinais.
Além disso, deverá ter câmera fotográfica e filmadora, GPS portátil e uma mini oficina equipada o
suficiente para atender as necessidades em campo.
Todos esses instrumentos e equipamentos estarão em maletas de condicionamentos com proteção
para resistências a impactos.
Função da Unidade Móvel
O objetivo do laboratório é avaliar as bombas acionadas motores elétricos nos mais diversos
ambientes, sejam eles indústrias, companhias de saneamento básico, instalações de bombeamento
no meio rural.
Os técnicos que estarão na unidade móvel deverão ter capacidades de avaliar as condições de
instalação do conjunto, as condições operativas e as condições de manutenção, e através de medidas
hidráulicas e elétricas serão avaliados os rendimentos dessas instalações, visando identificar
potenciais de conservação de energia.
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
A unidade móvel deste trabalho foi solicitada ao Convênio ELETROBRÁS (PROCEL)/UNIFEI
com recursos do Banco Mundial (PNUD) e no momento está em fase de adaptação. Todos os
equipamentos e instrumentações já estão adquiridos.
O que se pretende é ter uma unidade móvel, instrumentada e com uma equipe bem treinada para
avaliação de instalações de bombeamento nos vários setores, enfocando a conservação de energia.
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Estando essa unidade móvel disponível, um trabalho de campo em vários setores da indústria, do
saneamento e do meio rural deverá ser realizado com o intuito de verificar os procedimentos
sugeridos no trabalho e avaliar as especificações técnicas dos equipamentos adquiridos e otimizá-las
para futuras aquisições, com base nos resultados obtidos.
Espera-se que a unidade móvel sirva como um laboratório piloto para que se tenham outras
unidades em regiões estratégicas no país para esse tipo de avaliação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BORTONI, E.C. Instrumentação Industrial. Apostila, UNIFEI. Itajubá-MG, 2002.
CEI 41. Essais de Réception sur Place dês Turbines Hydrauliques, Pompes d’accumulation et
Pompes-turbines, em Vue de la Determination de Sens perfomances Hydrauliques, 3ª edition. 1991.
DELMÉE, J. G. Manual de Medição de Vazão”. Editora Edgard Bücher, 1ª Edição, São Paulo – SP,
1983.
LAMON, G. P. S., Pitometria e Macromedição nas Empresas de Saneamento, 1ª Edição, Belo
Horizonte, 2005.
NBR-6400. Bombas Hidráulicas de Fluxo (Classe C) – Ensaios de Desempenho e de Cavitação.
1989.
TROSKOLANSKI, A. T. Dês Mesures Hydraulics. Editora Dunot. Paris, 1965.
VIANA, A. N. C. Análise de Bombas Centrífugas Operando com Velocidade Variável, III
Congreso Iberoamericano de Ingeniería Mecánica - Habana/Cuba – Septiembre, 1997.
VIANA, A. N. C. Bombas de Fluxo e Ventiladores, Capítulo 7, Livro Conservação de Energia –
Eficiência Energética de Instalações e Equipamentos, Editora EFEI, Itajubá-MG, 2001.
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