entrevista M A I Raymundo Magliano Filho na presidência da Bovespa O 2 5 BENS & SERVIÇOS Fecomércio 2 0 0 7 Revista da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul saúde Corra menos, produza mais tendência Funcionários acima de 40 anos turismo Caminho livre e céu aberto para o setor no Brasil EXPEDIENTE Fecomércio SUMÁRIO BENS & SERVIÇOS Publicação mensal do Sistema Fecomércio-RS Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul Rua Alberto Bins, 665 – 11º andar – Centro CEP 90030-142 – Porto Alegre/RS – Brasil Fone: (51) 3286-5677 – Fax: (51) 3286-2143 www.fecomercio-rs.org.br – [email protected] 26 Presidência: Flávio Roberto Sabbadini Vice-presidência: Antônio Trevisan, Ary Costa de Souza, Darci Alves Pereira, Flávio José Gomes, Ivo José Zaffari, Jorge Ludwig Wagner, José Alceu Marconato, José Vilásio Figueiredo, Julio Ricardo Mottin, Luiz Caldas Milano, Luiz Carlos Bohn, Manuel Suarez, Moacyr Schukster, Olmiro Lautert Walendorff, Renato Turk Faria, Valcir Scortegagna, Zildo De Marchi Diretoria: Adelmir Freitas Sciessere, Airto José Chiesa, Albino Arthur Brendler, Alécio Lângaro Ughini, Arnildo Eckhardt, Arno Gleisner, Carlos Raimundo Calcagnotto, Celso Ladislau Kassick, Dagoberto de Oliveira Machado, Derli Neckel, Edson Luis da Cunha, Eroci Alves dos Santos, Eugênio Arend, Francisco Amaral, Francisco José Franceschi, Gilberto Antônio Klein, Gilberto José Cremonese, Gisele Machado de Oliveira, Hans Georg Schreiber, Hélio Berneira, Hélio José Boeck, Henrique Gerchmann, Ibrahim Muhud Ahmad Mahmud, Ildoíno Pauletto, Itamar José Oliveira, Ivar Anélio Ullrich, João Francisco Micelli Vieira, João Oscar Aurélio, Joarez Miguel Venço, Joel Carlos Köbe, Joel Vieira Dadda, Jorge Alberto Macchi, Jovir Pedro Zambenedetti, Julio Roberto Lopes Martins, Lauro Fröhlich, Leonardo Ely Schreiner, Leonides Freddi, Levino Luiz Crestani, Liones Bittencourt, Lucio Flávio Bopp Gaiger, Luis Antônio Baptistella, Luis Fernando de Mello Dalé, Luis Zampieri, Luiz Alberto Rigo, Luiz Henrique Hartmann, Marcos Rodrigues, Marice Fronchetti Guidugli, Maurício Eduardo Keller, Nelson Lídio Nunes, Nilton Luiz Bozzetti, Níssio Eskenazi, Olemar Antônio F. Teixeira, Pascoal Bavaresco, Paulo Roberto Käfer, Paulo Roberto Kopschina, Paulo Saul Trindade de Souza, Regis Luiz Feldmann, Renzo Antonioli, Ricardo Machado Murillo, Ricardo Pedro Klein, Ricardo Tapia da Silva, Roberto Simon, Robson Athaydes Medeiros, Rodrigo Selbach da Silva, Rogério Fonseca, Rudolfo José Mussnich, Rui Antônio dos Santos, Sergio José Abreu Neves, Sérgio Luiz Rossi, Sérgio Roberto H. Corrêa, Sírio Sandri, Susana Gladys C. Fogliatto, Valdo Dutra Alves Nunes, Vilmar Alves Vieira, Walter Seewald Conselho Editorial: Antonio Trevisan, Derly Cunha Fialho, Everton Dalla Vecchia, Flávio Roberto Sabbadini, Ivo José Zaffari, José Paulo da Rosa, Luiz Carlos Bohn, Manuel Suarez, Moacyr Schukster e Zildo De Marchi Assessoria de Comunicação: Aline Guterres, Bruna Silveira, Camila Barth, Catiúcia Ruas, Fernanda Romagnoli, Juliana Maiesky, Simone Barañano e Everton Ataídes. turismo Céu aberto para os negócios Nem a crise aérea nem o dólar baixo prejudicaram o desempenho do turismo no país. Com faturamentos recordes, o segmento ganha destaque na economia Coordenação Editorial: Simone Barañano Produção e Execução: Fone: (51) 3346-1194 www.tematica-rs.com.br Edição: Fernanda Reche (MTb 9474) e Svendla Chaves (MTb 9698) Número 25 – Maio 2007 Chefia de Reportagem: Marianna Senderowicz Reportagem: Marianna Senderowicz, Patricia Campello, Renata Giacobone Colaboração: Domingos Ricca, Edgar Vasques, Fernanda Morena, Mariana S.Thiago, Moacyr Scliar Revisão: Flávio Dotti Cesa Edição de Arte: Silvio Ribeiro Tiragem: 25 mil exemplares É permitida a reprodução de matérias, desde que citada a fonte. Os artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião do veículo. 12 tendência Mercado de gente grande Profissionais acima dos 40 anos aumentam significativamente sua participação no mercado de trabalho, comprovando que a idade também traz experiência SUMÁRIO guia de gestão Cuidado para não cair no óbvio 14 As datas comemorativas sempre foram motivo de decorações temáticas e atividades externas especiais. Porém, o público interno das organizações também merece atenção palavra do presidente 8 notícias & negócios opinião 32 Trabalho com sensibilidade Em profissionalização constante, as empresas funerárias destacamse pelos serviços diferenciados saiba mais serviços saúde Corra menos, produza mais 36 O acúmulo de estresse decorrente da agenda apertada pode desencadear uma série de problemas no organismo. Para evitar as doenças psicossomáticas, é preciso prevenção 42 39 eu, empreendedor tecnologia 44 34 40 visão trabalhista cultura mercado Para todos os gostos e bolsos Festivais de teatro agradam a espectadores e divulgam grupos que nem sempre têm a chance mostrar seu trabalho 46 entrevista No lugar da aposta, o investimento Raymundo Magliano Filho dirige a Bovespa desde 2001 e defende a democratização dos investimentos em ações 48 50 50 50 45 visão tributária usabilidade 18 17 segmentação 47 para ler ac gr eô n di caa 49 agenda FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 25 – Maio 2007 24 7 05 Bom turismo tes, serviços de transporte e empreendimentos hoteleiros e de lazer, o desenvolvimento turístico contribui para a qualificação profissional de toda a sociedade, movimentando 52 atividades fundamentais para a melhoria social e para o crescimento sustentável. Prova disso está nos números cada vez mais favoráveis ao país, que comemora os recordes de receita proporcionada pelos turistas em solo nacional. Os quase US$ 4 bilhões deixados por estrangeiros no Brasil em 2005 já correspondem ao maior faturamento registrado desde 1969 pelo Banco Central. Mesmo assim, ainda existem brechas e gargalos a serem resolvidos para que o Brasil possa competir igualmente com os destinos mais visitados do mundo. Melhorias nas estradas e na estrutura aeroportuária, aliadas à divulgação dos roteiros, são o mínimo esperado para levar o país – ícone em belezas naturais e em cordialidade – ao topo dos destinos mais visitados do mundo. Cabe a governantes e à iniciativa privada se unirem a fim de formar parcerias que mantenham uma evolução promissora, superando dificuldades e distribuindo responsabilidades entre todos. Flávio Roberto Sabbadini Presidente do Sistema Fecomércio-RS FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS PA L A V R A D O P R E S I D E N T E S Número 25 – Maio 2007 egmento da economia explorado há muito tempo pelos países desenvolvidos, o turismo finalmente começa a ganhar força e representatividade no Brasil. Englobando dezenas de ramos de atividades do comércio de bens e de serviços, o setor contribui para o desenvolvimento da economia como um todo, incluindo empresas de todos os portes. Apesar da crise aérea enfrentada por passageiros ao longo do ano passado – e que ainda se manifesta nos aeroportos nacionais –, o turismo dá sinais crescentes de profissionalização por parte de empresários e funcionários, despertando olhares de investidores de dentro ou de fora do país. Só em nível educacional, são centenas de cursos oferecidos, aprimoramento que contribui para o aumento do número de visitantes a cada ano e, conseqüentemente, para a elevação do faturamento proveniente dessa atividade. Da contratação de professores ao aumento das vagas em restauran- Divulgação/Fecomércio-RS para todos 07 N OT Í C I A S & N E G Ó C I O S Edgar Vasques Número 25 – Maio 2007 Aumenta número de brasileiros na classe C 08 Alunos do Senac treinam inglês na Disney No último ano, 8 milhões de brasileiros deixaram a base Um grupo de estudantes da da pirâmide social e passaram a deter um maior poder aquisitivo. Isto é o que revela a pesquisa Observador 2007, realizada pela empresa financeira Cetelem em conjunto com o instituto de pesquisas Ipsos Public Affairs. As classes D e E, que em 2005 detinham 51% da população brasileira, passaram a representar 46% dos brasileiros. A classe C, por conseqüência, sofreu um incremento no seu contingente, passando de 62,7 milhões de brasileiros em 2005 para 66,7 milhões em 2006. Com mais dinheiro, a população das classes D e E, que detém 62% dos cartões de crédito em circulação no país, passou a comprar produtos mais caros, que antes não cabiam no orçamento. A intenção de comprar eletrodomésticos, por exemplo, subiu de 25% em 2005 para 32% no ano passado. escola de educação profissional Senac Alegrete embarcará no dia 16 de julho em uma viagem à Disney World (em Orlando, nos Estados Unidos), para aprimorar a língua inglesa. O objetivo da iniciativa – em parceria com o Centro de Línguas Positivo e com a agência de viagens Tia Iara – é unir teoria e prática em um dos maiores universos de entretenimento e lazer do mundo, a fim de estimular a fluência do idioma. A ação faz parte do programa English at Disney, que inclui ainda estada em Miami e visitação de parques temáticos e aquáticos, sempre estimulando a conversação em inglês. FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS N OT Í C I A S & N E G Ó C I O S Valdemir Bitencourt/Sesc-RS Porto-alegrenses acima do peso Conhecida como a capital do churrasco no Brasil, Porto Alegre já demonstra conseqüências do consumo excessivo de carnes e alimentos gordurosos. Conforme pesquisa do IBGE, a cidade lidera o ranking de homens com excesso de peso no país, somando mais de 50% do público masculino. Em relação ao número de homens obesos, os resultados também preocupam: 11% da população masculina apresentam o problema, enquanto as mulheres obesas beiram 13% do total de gaúchas. Estabilidade empresarial Segundo pesquisa do Global Entrepreneurship Monitor (GEM), a estabilidade empresarial cresceu 5,3% no Brasil nos últimos dez anos. De 7,6% das empresas que estavam estabelecidas de forma consolidada no país em 1993, o índice subiu para 12,9% no ano passado, totalizando 14,2 milhões de empreendimentos e superando, pela primeira vez, o número de organizações iniciantes. No ranking mundial, o Brasil figura na 5ª posição no número de empreendedores estabelecidos e é o 10º país com o maior número de pessoas que abrem negócios no mundo. Dada a largada para o Circuito Sesc de Minimaratona 2007 Será iniciado em Farroupilha o Circuito Sesc de Minimaratona 2007. O evento, que tem como objetivo promover a qualidade de vida dos trabalhadores do comércio de bens e de serviços, acontecerá no dia 20 de maio. Com oito etapas pelo interior gaúcho, o Circuito terá sua final em Porto Alegre, em 9 de dezembro. Entre as diversas novidades deste ano, a competição passará por cidades que ainda não faziam parte do Circuito, como Passo Fundo (14 de outubro). Paralelamente, o Sesc-RS promoverá a Minimaratoninha, voltada a crianças e jovens de 10 a 15 anos. Para saber mais sobre a competição acesse www.sesc-rs.com.br. Comércio eletrônico em alta Mesmo com a tendência de redução tradicional após as festas de fim de ano, o comércio eletrô- Número 25 – Maio 2007 nico brasileiro no primeiro trimestre de 2007 foi 53% superior em relação ao mesmo período do ano passado. Os dados são do relatório da expectativa de consumo divulgado pela E-Bit e pelo Provar (Programa de Administração de Varejo, da Fundação Instituto de Administração da USP), que aponta que, no total, o faturamento do e-commerce nacional chegou a R$ 1,2 bilhão nos três primeiros meses do ano. Os artigos mais vendidos foram Livros, Revistas e Jornais (19%), Eletrônicos (14%) e Informática (13%). Para 2007, a previsão é de um faturamento de cerca de R$ 6,4 bilhões (sem contabilizar a venda de automóveis, turismo e sites de leilão). FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS 09 N OT Í C I A S & N E G Ó C I O S Divulgação/Sesc-RS Educação a distância tem aula presencial em Porto Alegre Aconteceu em 12 de abril a primeira aula presencial do ano dos DDD tem recorde de participação cursos de pós-graduação no sistema de Educação a Distância (EAD) oferecidos pelo Senac-RS. O encontro, que será seguido de outros dois, foi realizado na sede da Faculdade de Tecnologia Senac (Fatec), em Porto Alegre. Os 90 estudantes presentes eram provenientes da capital, do interior do Estado, de São Paulo, Santa Catarina e até da Argentina, e estudam Educação Ambiental, Educação a Distância e Gestão Educacional. Desde 2005, os cursos da área de pós-graduação do Senac formaram cerca de 170 alunos. Mais de 34 municípios gaúchos participarão do Dia do Desafio 2007 (DDD). O evento, que será celebrado no dia 30 de maio, consiste em uma competição saudável entre cidades do mundo inteiro, na qual as pessoas interrompem suas atividades rotineiras e praticam, por pelo menos 15 minutos consecutivos, qualquer tipo de atividade física. No ano passado, 282 cidades participaram do Dia do Desafio no Rio Grande do Sul, somando mais de 4 milhões de pessoas. No Brasil, foram 1.080 cidades e mais de 28 milhões de participantes. Outras informações podem ser obtidas nas Unidades Operacionais do Sesc no Estado. Super Receita entra em funcionamento Após quase dois anos de deliberações, começou a funcionar, em 2 de maio, a Super Receita. Unindo a Secretaria da Receita Federal e a da Receita Previdenciária, o novo órgão contará com 93 unidades em todo o Brasil, que terão a função de solucionar problemas referentes a impostos e a contribuições previdenciárias em um único local. A previsão é de que, até o fim do ano, 716 pontos sejam disponibilizados para atendimentos, contra uma estrutura original de 567 postos da Receita Previdenciária e 800 da Federal. Número 25 – Maio 2007 Em assembléia realizada no dia 2 de maio na sede da Fecomércio-RS, em Porto Alegre, sindica- 10 tos patronais filiados, delegados representantes e vice-presidentes reconduziram Flávio Sabbadini à Presidência da entidade pela terceira vez. A gestão 2007/2010 dará continuidade aos projetos e ações em andamento. “Continuamos um trabalho sério e incansável na busca de melhores condições de competitividade e longevidade dos negócios, tão importantes para a geração de emprego e adistribuição de renda na sociedade”, destacou o presidente reeleito, que também é presidente dos Conselhos Regionais do Sesc-RS e do Senac-RS, vice-presidente da Confederação Nacional do Comércio, Serviços e Turismo (CNC) e delegado dos empregadores da CNC junto à Organização Internacional do Trabalho (OIT). Durante a assembléia do dia 2 também foi definida a diretoria para o próximo triênio. FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Simone Barañano/Fecomércio-RS Sabbadini é reeleito para presidência da Fecomércio-RS Satisfação profissional em alta, salário em baixa Recente estudo do instituto de pesquisa de mercado e opinião pública Market Analysis aponta que 21% dos brasileiros estão plenamente realizados com a tarefa que exercem e estão satisfeitos com oportunidades de desempenhar atividades interessantes. Por outro lado, apenas 10% dos entrevistados (aproximadamente 500 pessoas nas regiões Sudeste, Sul, Centro-Oeste e Nordeste, no total) estão contentes com seus salários, enquanto 12% sentem uma falta de perspectiva de obter uma mudança de cargo. Mesmo com a insatisfação em relação aos vencimentos, 24% estão satisfeitos com a segurança profissional e 46% se dizem parcialmente satisfeitos neste aspecto. Conforme a Market Analysis, a margem de erro da pesquisa é de 4,5%. Congressos de empresas familiares Será realizado, em 18 e 19 de maio, o I Congresso Nacional de Empresas Familiares. O evento, que acontece em São Paulo, abordará uma das estruturas empresariais mais praticadas no país e no mundo, discutindo temas como profissionalização, sucessão e gestão. Além disso, serão realizados workshops sobre direito sucessório, planejamento tributário, sucessão internacional, entre outros. Para mais informações, acesse www.empresafamiliar.com.br/congresso. Rio Grande do Sul – Volume das Vendas Variação Mensal em Fevereiro de 2007 espaço do leitor N OT Í C I A S & N E G Ó C I O S “Desde que li a revista Bens & Serviços me apaixonei. As matérias são bem feitas e tratam de assuntos coerentes e pertinentes a todas as classes profissionais. Interessantíssima a cada edição, a publicação me fascina por seus focos e pontos de vista.“ Juliana Xavier da Silva Profissional liberal Rio Grande do Sul “Recebam meus cumprimentos pela revista Bens & Serviços. Quero registrar o grande respeito que tenho por profissionais competentes que divulgam assuntos e entrevistas sérios, como A hora de investir, com o exministro da Educação, Paulo Renato Souza, em abril de 2007.” Jaime Santo Della Flora Presidente da Associação dos Contabilistas de Capão da Canoa/RS Comércio varejista gaúcho sobe menos que o nacional Fonte: Fecomércio-RS do Sul foi bem inferior à do comércio brasileiro, se comparados os resultados com os do mesmo período do ano passado. Conforme o Índice de Vendas no Varejo (IVV), calculado em parceria entre a Fecomércio-RS e a FEE, a alta gaúcha foi de 1%, enquanto o IBGE aponta alta de 9,4% no Brasil como um todo. No Estado, o bom desempenho foi liderado pelos setores de Hipermercados e supermercados (8,8%), que costumam ser os itens que registram alta no levantamento, e Móveis e eletrodomésticos (6,7%). No acumulado de 12 meses (entre janeiro de 2006 e fevereiro de 2007), o comércio varejista continua com taxas positivas desde setembro do ano passado, apresentando, em fevereiro deste ano, crescimento de 1,5%. Para ver a íntegra do IVV, acesse www.agencia.fecomercio-rs.org.br. FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 25 – Maio 2007 A alta do comércio varejista registrada no mês de fevereiro no Rio Grande 11 TENDÊNCIA Número 25 – Maio 2007 A maturidade dos profissionais interfere diretamente no desenvolvimento do trabalho. Pessoas com mais de 40 anos agregam experiência e tranqüilidade ao dia-a-dia da empresa 12 Mercado de gente grande e que a realidade do mercado de trabalho não é fácil ninguém duvida. Pessoas formadas, especializadas e de diferentes idades disputam lugar em meio à alta competitividade e a processos seletivos cada vez mais exigentes, que costumavam priorizar a mão-de-obra jovem pela animação decorrente da idade. Contudo, empreendedores já começam a se dar conta de que alguns profissionais acima de 40 anos podem trazer à empresa o conhecimento e o aperfeiçoamento – profissional e pessoal – de habilidades que talvez só a experiência propicie. Um levantamento feito pelo IBGE no final de 2006 mostra que a participação do grupo de 45 anos ou mais foi a que mais cresceu no mercado, subindo de 15,4% em 2002 para 18,1% no ano passado nas seis principais regiões metropolitanas do país. Esse cenário, D FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS que aponta uma trajetória contínua de crescimento, contribuirá para que, em 2030, essa parcela da população represente quase metade da população em idade ativa (acima de 15 anos), segundo projeções do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea). A consultora e gerente de Recursos Humanos do Centro Universitário Fieo (Unifieo), em Osasco (SP), Maria Bernadete Pupo, atribui tal expansão ao retorno de muitos profissionais ao mercado e ao aumento da expectativa de vida, que contribui, também, para uma melhor saúde nesse tipo de força de trabalho. “São trabalhadores experientes e maduros, que conseguem se manter ativos e contam com extenso conhecimento de mercado e com grande capacidade de empreendedorismo”, aponta. Idade com qualidade Confirmando o dito popular de que a idade traz experiência, as competências profissionais tendem a se aperfeiçoar com o passar do tempo. Profissionais mais expe- TENDÊNCIA A Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social (Fgtas) recebeu, pelo Sistema Nacional de Emprego (Sine), mais de 9.500 profissionais acima de 40 anos procurando vagas no mercado em 2006. Destes, 6.300 conseguiram uma colocação – a maioria no setor de serviços. Na opinião de Maurício Jorge Daugustin Cruz, diretor técnico da entidade, a Fundação é um retrato do que o mercado exige: “As empresas estão procurando profissionais mais experientes porque eles têm um perfil de comprometimento”. O vigilante das Faculdades Porto-Alegrenses (Fapa) Gilberto dos Santos Junior confirma a tendência. Com 41 anos de idade e mais de 20 de experiência no mercado, ele já trabalhou com atividades administrativas corporativas e, há quase uma década, fixou-se na área de vigi- Empregado, Gilberto dos Santos Junior planeja retomar os estudos FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 25 – Maio 2007 Na ativa lância. No início de 2007, o Sine o indicou para a vaga na universidade, e a experiência, ele relata, tem sido maravilhosa: “Gosto de estar nesse ambiente porque é um lugar de desenvolvimento e de qualificação”. Santos reconhece que o avançar dos anos torna a procura por empregos uma tarefa mais difícil, mas também sabe o valor proporcionado pela vivência. “Gente mais velha põe os olhos na situação e sabe, com mais frieza, qual a melhor atitude a ser tomada. No meu ramo, esse tipo de situação é muito importante. É preciso ter tranqüilidade”, avalia. Assim como em todos os grupos de profissionais, a busca pela capacitação é um imperativo, e não exclui pessoas mais velhas. No entanto, Bernadete lembra que as necessidades são diferentes, assim como as oportunidades: “Aprimorar habilidades é indicado para todos. O que não se pode fazer é justificar um erro estratégico culpando a idade”, aconselha. Santos é partidário da qualificação, e estar exposto ao ambiente acadêmico o fez retomar o projeto de ensino superior, abandonado há duas décadas, quando trancou o curso de Administração. “Trabalhar na faculdade me dá perspectiva”, revela o vigilante, que pretende conciliar o curso depois da jornada de trabalho. Rosi Boninsegna/Fecomércio-RS rientes são maduros, possuem mais habilidade para lidar com situações inusitadas e, em geral, são mais proativos, principalmente por terem passado por um maior número de ocasiões adversas. Além disso, apresentam mais flexibilidade para se relacionar com pessoas e para negociar. “Esses diferenciais reforçam a idéia de conhecimento como sinônimo de valor, não o atrelando necessariamente à idade e tampouco a um inexistente prazo de validade”, explica Bernadete, que também é autora do livro Empregabilidade acima dos 40 anos (ed. Expressão & Arte). Com o crescente aumento dos cuidados com a saúde praticados em todas as idades, a possibilidade de unir ao vigor dos jovens a experiência dos trabalhadores mais velhos se transforma em um dos fatores que impulsionam as empresas a apostar nesse grupo de profissionais. Assim, muitas companhias já encaram esse tipo de mão-de-obra como uma forma de economizar em treinamento e de pluralizar o conhecimento. Cargos de chefia e setores que exigem qualidades como autoconhecimento e autocontrole são, de acordo com Bernadete, os que mais se beneficiam desta simbiose. “As mudanças que se apresentam montam um cenário para um ambiente novo, marcado pela competitividade e pela quebra de paradigmas. As empresas começam a se apoiar no bom senso e na capacidade de discernimento dos profissionais mais experientes, obtendo resultados relevantes.” 13 Número 25 – Maio 2007 G U I A D E G E S T ÃO 14 A comemoração de datas especiais movimenta o setor do comércio, que busca formas inovadoras de cativar o público externo. No entanto, o público interno também precisa de atenção nesses momentos Cuidado para não cair no óbvio P áscoa, Natal, Dia das Mães, dos Pais e das Crianças, e por aí vai. A lista de datas comemorativas no calendário brasileiro é imensa e “enche os olhos” dos empresários varejistas. Na busca pelo incremento nas vendas e pelo aumento da receita, são utilizadas estratégias de marketing inovadoras, que primam pela criatividade para atrair clientes e destacar a organização em um mercado competitivo. Vários estados da federação, incluindo o Rio Grande do Sul, já FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS instituíram até o Dia do Cliente, comemorado em 15 de setembro: uma ação diferenciada para chamar a atenção dos consumidores. Com a preocupação de “fazer bonito” para o público externo, a empresa pode acabar negligenciando outro público importante para a obtenção de sucesso: o interno. Contudo, essa é uma cultura que tem começado a mudar no país, mas ainda precisa de alguns ajustes. “A maioria das empresas define as datas comemorativas internas em seu programa de endomarketing, mas muitas fazem apenas ações pontuais”, explica a consultora orga- GUIA DE GESTÃO Tradicionalmente as atividades de comemoração corporativas estão relacionadas a datas como Dia da Mulher, dias dos Pais e das Mães, Dia das Crianças, Festas Juninas, Páscoa e, claro, festas de final de ano. Nesses momentos é preciso ter claros os objetivos das comemorações, que devem servir para integrar o corpo funcional e criar um ambiente agradável para se trabalhar. O ideal, segundo a consultora, é que os diretores procurem estar presentes nas ocasiões, o que valoriza a ação aos olhos dos trabalhadores. Para Ângela Christofoletti, também consultora da Razão Humana, é preciso levar em conta as características de cada empresa na hora de formular o plano de celebrações. “Prestando essa atenção, o projeto fica mais completo e eficaz, e a organização muda positivamente na opinião do trabalhador.” Ela ressalta que essas atividades criam um clima organizacional favorável, aumentando o prazer do funcionário em ir trabalhar. “A impressão No Grupo Algar, cada empresa define seu calendário de acordo que dá é a de que a diretoria se preocupa e valoriza o com o perfil dos colaboradores e orçamento FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 25 – Maio 2007 Diz-me o que promoves... empregado, que passa a ser visto não como força de trabalho, e sim como ferramenta para o sucesso da organização.” É assim que acontece nas empresas do Grupo Algar, de Minas Gerais. Atuando nos segmentos de telecomunicações, agroindústria, infra-estrutura e lazer e entretenimento, o grupo define as ações de acordo com o perfil de cada uma de suas empresas, que variam realidade, orçamento e estilo de associados. “O nosso Contact Center, por exemplo, possui um calendário anual com festa junina, Dia do Cliente, Dia da Mulher, aniversário da empresa, Dia Brega e Carnaval”, conta a diretora de Desenvolvimento, Elizabeth Amaral. Ela explica que algumas datas têm calendário fixo, mas o inusitado é a forma de comemorar, que deve ter traços criativos e diferentes do ano anterior. Com isso, cumprem-se os objetivos de confraternização, integração, promoção da qualidade de vida no trabalho e melhora do clima organizacional. Também é importante consultar os colaboradores sobre suas expectativas e seus gostos antes de formatar as atividades. “O departamento de Recursos Humanos precisa estar sintonizado com toda a equipe”, apon- Fabrizio Trez/Divulgação Algar nizacional Helena Ribeiro, sócia-fundadora da Razão Humana Consultoria e Treinamentos Empresariais, de Campinas (SP). Ela comenta que as empresas têm procurado inserir um calendário formal, porém ainda enfrentam dificuldades. “Muitos acreditam que isso é tarefa de grêmio recreativo, que promove ações fora do contexto dos recursos humanos.” Dessa forma, a organização acaba fazendo um investimento alto que não traz o retorno esperado. A festa de final de ano da companhia pode ser um exemplo clássico de má administração das ações, de acordo com a consultora. Alugar um salão e convidar todos os colaboradores e suas famílias pode não atingir objetivo algum: “A família tende a ficar toda perdida, porque não há interação nem com o próprio funcionário nem com as demais pessoas”. Essa situação também desanima a comissão organizadora, que fica na obrigação de continuar promovendo as confraternizações. Para que isso não ocorra, é preciso trabalhar no sentido de desenvolver um projeto sólido. Ações isoladas, sem planejamento, acabam descontentando a todos. 15 G U I A D E G E S T ÃO ta Ângela. Na Algar, há a preocupação com a adesão e o empenho dos colaboradores e executivos sobre a comemoração, para que não ocorram situações que destoem do público. “Temos uma empresa na qual a faixa etária é de 18 a 25 anos, mas há outras em que a grande parte dos trabalhadores tem menor escolaridade formal e possui em torno de 40 anos. O tipo de celebração deve levar em conta o público, o que eles gostam, como eles querem comemorar. Envolver os colaboradores no planejamento e execução é fundamental para o sucesso”, ensina Elizabeth. O pecado do excesso Não só as comemorações podem ser fora do comum, como também as datas celebradas. Algumas empresas criam atividades como o Casual Day – dia da semana para usar roupas mais confortáveis, geralmente nas sextas-feiras –, Dia do Chapéu, Dia do Bege e outras tantas para movimentar o ambiente e integrar as pessoas. O perigo de uma diversificação de atividades sem planejamento é a perda do foco e, portanto, a ineficiência das ações. Isso vale também para comemorações diferentes: “Uma empresa que atendemos resolveu inovar na Páscoa e, em vez de entregar um ovo para cada funcionário, promoveu uma caça ao chocolate. A ação teria obtido sucesso se, no dia seguinte, os colaboradores não tivessem aparecido no setor de RH para pedir seus ovos”, conta Ângela. Envolver os funcionários no processo é uma atitude que ajuda a deixar claros os objetivos da comemoração. Para a diretora da Algar, é necessário ter outros dispositivos nesse sentido. “Ter e-mail marketing que fale sobre as propostas ou um comitê que represente os colaboradores e que possa fazer a divulgação dos objetivos daquela comemoração são só alguns exemplos.” Outra sugestão das consultoras é a instituição de comemorações para metas atingidas. “Há muita cobrança, mas as empresas não costumam fazer eventos para celebrar esse tipo de situação”, comenta Ângela. Mais uma vez, uma atitude dessas contribuiria para a valorização do trabalhador, melhorando sua auto-estima e criando um ambiente agradável. Elas ainda alertam para a idéia errada de que esse tipo de investimento demanda altos custos. “É possível criar um programa e treinar colaboradores para que sejam multiplicadores em suas unidades. Assim, o processo fica todo dentro da organização, sem gerar ônus para a gerência e ainda internaliza os objetivos”, enfatiza Ângela. Os resultados desse tipo de iniciativa são claros: ao gerar satisfação para os funcionários, o atendimento ao cliente também melhora, e o consumidor final lucra positivamente. “As pesquisas de satisfação com consumidores confirmam que o atendimento melhora consideravelmente. Ao criar um ambiente melhor para a equipe, o cliente percebe a mudança e a aprova também. O reflexo no público externo acontece naturalmente.” Antes de planejar a ação, consulte os colaboradores sobre o que esperam Envolva a equipe no processo de criação das comemorações Número 25 – Maio 2007 Seja criativo, mas deixe claros os objetivos das celebrações 16 Vai rolar a festa Comemorar é preciso e pode gerar conseqüências positivas para colaboradores e empresa. Mesmo assim, é preciso atentar para algumas regras: FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Crie datas especiais, não necessariamente ligadas ao calendário tradicional Busque feedback dos colaboradores sobre as ações para poder avaliar a eficácia do trabalho Insira a diretoria no maior número de ações possível, para que os funcionários se sintam valorizados A dinâmica determinante das empresas mediante incentivos de financiamentos e de articulações das instituições relevantes de forma favorável à dinâmica empreendedora, à rede de negócios e aos demais meios de alavancagem. Quando se analisa o desenvolvimento local, obserom o aumento substancial da participação de micro e pequenas empresas va-se que o contexto não é mecânico, e sim orgânico. no PIB brasileiro, após a crise da déca- Ou seja, toda a estrutura regional é personalizada, com da de 80, a organização econômica nacional características próprias e particulares. Configura-se, desta sofreu uma mudança de panorama. Diante da forma, um sistema aberto com interação dinâmica entre mudança estrutural do mercado nacional, as empresa e meio ambiente direto. Partindo dessa premisempresas governamentais passaram a buscar sa, atenta-se para o fato de que o processo de desenvolvimento local é endógeno, ou a redução de seus déficits através seja, depende da dinâmica emde cortes de gastos e também em A falta preendida pela comunidade. seu quadro de pessoal, assim como de demanda O desenvolvimento local exias grandes corporações privadas de empregos ge uma nova base de informação também começaram a produzir desagregada, que permita uma gerou um fenômeno: mais com menos empregados. A análise mais apurada da economia falta de demanda de empregos a proliferação e da realidade social local, bem gerou um fenômeno: a proliferade empreendedores como novos indicadores locais de ção de empreendedores, que disdesenvolvimento que incorposeminaram micro e pequenas empresas e se tornam um importante meio de rem índices capazes de aferir os níveis de qualidade de geração de empregos e renda na conturbada vida e de sustentabilidade alcançados nos diversos momentos do processo. O fortalecimento de micro, peeconomia nacional. A grande característica das empresas de quenas e médias empresas só se consolidará a partir pequeno e médio portes se define, basicamen- do momento em que essas organizações forem criate, no aspecto regionalizado em que elas se das com foco e clientela bem delineados, fortifiquem inserem. Isso porque sua sobrevivência se es- seu processo gerencial e produzam riquezas para a cotabelece, fundamentalmente, diante da depen- munidade em que estão inseridas. Domingos Ricca Diretor da DS Consultoria Educacional e Empresarial e diretor-presidente da Revista Empresa Familiar FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 25 – Maio 2007 dência de comunidades locais. A localidade é responsável pelo ambiente favorável ou desfavorável ao sucesso dessas organizações, posto que as mesmas só se desenvolverão OPINIÃO C 17 18 Número 25 – Maio 2007 E N T R E V I S TA Ra y m u n d o M a g l i a n o Fi l h o E N T R E V I S TA FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Arquivo Bovespa E N T R E V I S TA Raymundo Magliano Filho Presidente da Bovespa desde 2001, o executivo comanda uma nova concepção a respeito das transações comerciais do pregão, que vem batendo recordes nos últimos meses. Foi-se o tempo das apostas arriscadas e é chegada a hora do investimento consciente e democratizado nas ações. No lugar da aposta, o investimento B & S A participação na Bolsa está cada vez mais comum entre pequenos investidores. Como começou essa tendência e por que as pessoas físicas estão apostando nessa forma de investimento? trabalhadores, aos estudantes, às donas-decasa, aos aposentados e aos professores que todos podem investir em ações. Hoje, a Bovespa é uma instituição aberta, democrática e acessível a todos. Somos, literalmente, a Bolsa do Brasil. O resultado é que, atualmente, a participação das pessoas físicas no volume de negócios da Bovespa é de 25%. Em 2000, era de 20%. M a g l i a n o Esse fenômeno começou em 2002, quando iniciaB & S Quais os reflexos desse movimento para a macroeconomia? M a g l i a n o O mercado de ações é fundamen- tal para o crescimento da economia de um FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 25 – Maio 2007 mos o Bovespa vai até você, o programa de popularização da Bolsa de Valores de São Paulo. Desde então, temos conseguido mostrar que o mercado de capitais não é elitista, voltado só para uma minoria abastada. Para isso, trabalhamos com a educação, com o esclarecimento da população. Mostramos aos 19 E N T R E V I S TA Lucas Lima país. Não há qualquer nação desenvolvida que não tenha uma bolsa de valores forte. Hoje, a Bovespa já é a principal fonte de financiamento de longo prazo das companhias nacionais. No ano passado, por exemplo, o mercado de capitais financiou cerca de R$ 120 bilhões para as empresas, mais que o dobro do volume de- sembolsado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Isso significa que mais empresas se financiaram para crescer, investir e criar novos postos de trabalho. Ao crescer e ter lucro, uma companhia aberta distribui esse resultado aos acionistas, seja por meio do pagamento de dividendos ou pela valorização da ação. É assim que o país cresce e se desenvolve. B & S Por que os jovens estão muito mais próximos deste universo do que há alguns anos? M a g l i a n o Uma parcela significativa dos jovens de hoje está preocupada com o futuro. Muitos já trabalham e investem de olho na formação de uma aposentadoria que garanta uma vida tranqüila. Para esse tipo de público, que tem objetivos de longo prazo, o mercado de ações é uma boa alternativa. Outro ponto que atrai os jovens para o mercado de capitais é o uso de alta tecnologia. A Bovespa conta com um moderno sistema de Home Broker, que permite que qualquer pessoa, onde quer que esteja, invista no mercado de ações. Para isso, basta ter uma conta em uma corretora e um computador com acesso à internet. Em março, nosso Home Broker bateu um recorde histórico, com ofertas colocadas por 97.520 investidores, que somaram um volume total de R$ 10,5 bilhões. B & S As ações atraem mais aqueles que não sabem eco- Número 25 – Maio 2007 nomizar ou os que eram acostumados a guardar di- 20 “No ano passado, o mercado de capitais financiou cerca de R$ 120 bilhões para as empresas, mais que o dobro do volume desembolsado pelo BNDES.” FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS nheiro em aplicações de renda fixa? M a g l i a n o É verdade que uma parcela da população brasilei- ra ainda não tem noções de poupança e de investimento. Pensando nesse público, a Bovespa lançou no ano passado o Programa Educar. Trata-se de um programa de educação para de- E N T R E V I S TA B & S Se possuem retorno garantido no pregão, qual o interesse das grandes empresas em dividir seu capital com os pequenos investidores? M a g l i a n o Do ponto de vista de uma companhia aberta, o ideal é ter o capital pulverizado entre vários acionistas, pois a empresa fica mais democrática. Quanto maior é a dispersão do capital, menor é a pressão de venda em um eventual mo- mento de volatilidade. Hoje, já existe a figura da corporação no mercado de capitais brasileiro. São empresas que têm o capital pulverizado entre vários acionistas, inclusive pessoas físicas, sem a figura de um controlador. Esse é o caso, por exemplo, das Lojas Renner, do Rio Grande do Sul. Ao ter o capital pulverizado, a empresa também cumpre a sua função de inclusão social, política e econômica, além de contribuir para a democratização do mercado de capitais. Número 25 – Maio 2007 senvolver noções de finanças pessoais e planejamento financeiro. Por meio de cursos e palestras, transmitimos conceitos básicos como orçamento familiar, controle de gastos e alternativas de investimento. Os módulos variam conforme o público interessado, como adolescentes, jovens, adultos e famílias. Desde o lançamento, em fevereiro de 2006, o Educar já atendeu mais de 30 mil pessoas pelo Brasil. FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS 21 E N T R E V I S TA B & S O que garante a estabilidade das bolsas? Qual a sua relação com o Poder Executivo? M a g l i a n o A Bovespa é uma instituição in- Lucas Lima dependente do governo. Estamos, sim, sujeitos às leis do país e à legislação que regulamenta o mercado de capitais no Brasil. Além disso, há a fiscalização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que, aliás, tem feito um grande trabalho em prol do mercado nos últimos anos. B & S O que a tecnologia trouxe em termos de benefícios para o mercado? M a g l i a n o A tecnologia trouxe agilidade e rapidez ao mer- cado de ações. Graças aos computadores e à tecnologia de informação, a Bovespa tem um volume médio diário de mais de R$ 3,4 bilhões. Isso seria impensável no passado. Vou dar outro exemplo: antigamente, quando havia operadores no pregão viva-voz, realizávamos uma média de 30 mil negócios por dia. O pregão até que tinha o seu charme, aquela gritaria e movimentação toda que muita gente via pela televisão. Hoje, graças ao Mega Bolsa, é tudo computadorizado. Em compensação, em 27 de fevereiro, registramos o recorde histórico de 198.674 negócios em um único dia. B & S Como se dá o relacionamento entre as diversas bolsas mundiais? Número 25 – Maio 2007 M a g l i a n o As várias bolsas de valores do mundo têm um 22 “De nada adianta ter um empreendimento lucrativo se esse lucro é conseguido por meio do comprometimento da sociedade ou do meio ambiente.” FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS relacionamento institucional. Nós, da Bovespa, participamos tanto da Federação Mundial de Bolsas (a WFE, na sigla em inglês) quanto da Federação Ibero-Americana de Bolsas (FIAB). Nosso objetivo é discutir formas de tornar nosso negócio mais ágil, mais competitivo, capaz de atender às demandas dos nossos clientes em todo o mundo. No âmbito da América Latina, temos um relacionamento estreito com todas as bolsas do continente. Nos últimos tempos, temos desenvolvido um trabalho conjunto com a Bolsa do México visando à integração entre os mercados brasileiro e mexica- E N T R E V I S TA no. Em breve, os investidores do Brasil poderão comprar ações no México e vice-versa. Com isso, estaremos contribuindo para aumentar o volume de negócios das duas bolsas de valores, sem comprometer a liquidez de ambas. senvolvimento econômico nacional? M a g l i a n o O empresário brasileiro tem um papel muito importante a desempenhar. Precisamos investir cada vez mais em educação e em negócios sustentáveis. De nada adianta ter um empreendimento lucrativo se esse lucro é conseguido por meio do comprometimento da sociedade ou do meio ambiente. Negócios assim, que põem em risco a nossa própria sobrevivência, não têm futuro. Os investidores brasileiros e mundiais estão muito atentos à questão da sustentabilidade. Outro ponto é que, como formadores de opinião, os empresários precisam articular a união da sociedade civil em torno de causas comuns. Já percebemos que o governo não tem a resposta nem a saída para tudo. Cabe a nós, como sociedade, termos uma atuação conjunta capaz de analisar a fundo os nossos problemas e propor soluções. Só assim conseguiremos ter políticas públicas realmente eficazes. Número 25 – Maio 2007 B & S Como o capital privado pode contribuir para o de- FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS 23 S E G M E N TA Ç Ã O Trabalho com sensibilidade O mercado de funerárias pode parecer promissor, visto que o serviço prestado é necessário para toda a população. No entanto, é preciso um perfil diferenciado para atuar no segmento pesar de ser uma atividade delicada por conviver com sentimentos fortes e difíceis de lidar, os serviços funerários são uma necessidade para pessoas, organizações e até mesmo para o governo. De acordo com dados do Sindicato dos Estabelecimentos Funerários do Rio Grande do Sul (Sesf-RS), apenas na região metropolitana de Porto Alegre são registrados cerca de 1.600 óbitos por mês, mesmo com o aumento da longevidade graças aos avanços da medicina. Para atender a essa demanda, existem aproximadamente 600 empresas funerárias no Estado. Esse mercado movimenta, mensalmen- Número 25 – Maio 2007 Fotografias Bisol/Grupo L Formolo A 24 O Memorial São José, mais moderno da América Latina, é um dos investimentos que o Grupo L. Formolo fez na diversificação dos serviços FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS te, cerca de R$ 7 milhões. Duas mil pessoas estão diretamente ligadas ao setor atuando dentro das empresas, e ainda há aquelas que operam indiretamente, em lugares como cemitérios e floriculturas. O desafio do segmento é auxiliar familiares em um momento difícil do cotidiano. “São situações complicadas, que envolvem sofrimento. Nesse cenário, o agente entra com a missão de lidar com as questões burocráticas. Para os envolvidos, já basta a dor que estão sentindo”, afirma o presidente do Sesf-RS, Paulo Coelho. Para isso, a funerária presta serviços que incluem documentação – como registro de óbito –, translado e preparação, urna funerária, ornamentação da capela, serviços de auxílio ao cerimonial e acompanhamento da família. Diversificando Para ampliar seus serviços, as empresas têm investido em ações complementares. Técnicas de conservação do corpo (para casos de translado nacional ou internacional), assistência psicológica para familiares e reconstituições de tecidos e ossos, além de maquiagem, são alguns dos diferenciais propostos. Os valores podem variar entre R$ 500 e R$ 18 mil. Uma nova modalidade de contratação oferece a possibilidade de planos funerários, facilitando o acesso dos consumidores: com pagamentos mensais, o cliente garante antecipadamente os serviços. O plano ainda dá direito a auxílio-convalescença, com cedência de equipamentos como cadeiras de rodas e descontos em lojas dos mais diversos segmentos. O valor médio desse tipo de programa fica em torno de R$ 5 mensais. “Esses planos Antes e depois Os serviços oferecidos pelos empreendimentos do setor já foram bem mais simples: no início do século passado, as funerárias primavam pela venda de urnas e, para isso, acabavam também fazendo as vezes de marcenaria, fábrica e vidraçaria. É o que conta Ronaldo Ritter, diretor da Armador Adolpho Petzhold, empresa mais antiga em funcionamento na capital. “Completamos 85 anos em 1º de março, e ainda temos a placa que exibia nossos serviços naquela época.” Hoje, a empresa atende a todas etapas do processo, e o diferencial, segundo Ritter, está no atendimento: “Por ser um empreendimento pequeno, temos uma relação mais próxima com o cliente, sem contar a experiência que todo esse tempo no mercado nos confere”. Coelho também ressalta que excelência no atendimento é um ponto importante no mercado, pois é preciso fazer com que as pessoas se sintam acolhidas na hora da solicitação do serviço. Ritter destaca a necessidade de um perfil diferenciado para se trabalhar no mercado. “Como lidamos com as pes- Ritter destaca a experiência de 85 anos atuando no mercado como diferencial da empresa no atendimento aos clientes soas em momentos muito difíceis, temos que entender suas reações e não julgá-las. Enquanto alguns riem, outros ficam agressivos.” Outro viés é o sentimento do próprio agente funerário; realizar a tarefa sem se envolver emocionalmente é fundamental para o bom desempenho. Para que tudo saia conforme o necessário, os funcionários passam por capacitações constantes. Papel social No Rio Grande do Sul, as funerárias ainda cumprem um papel importante para a sociedade. São elas que fazem a remoção de corpos com fins de necropsia, especialmente no interior. O trabalho acontece graças a uma parceria entre o Sindicato e o Departamento Médico Legal (DML). “Nossas associadas realizam a ação, que não gera nenhum tipo de ônus para o governo”, afirma Coelho. Em Porto Alegre, o Sindicato também é regulador da Central de Atendimento Funerário – submetida à Comissão Municipal de Serviço Funerário –, que monitora o sistema funerário da cidade e presta informações às famílias enlutadas. FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 25 – Maio 2007 têm mais aceitação no interior do Estado”, comenta Coelho. As empresas investem também em infra-estrutura. “Algumas instalam laboratórios especiais para fazer as reconstituições, por exemplo.” O Grupo L. Formolo é um dos que apostaram em diversificação. Fundado em 1971 na cidade de Caxias do Sul, hoje atua em outros três municípios, com estruturas que contemplam desde funerárias até complexos como o Memorial Capelas São José e o Crematório São José. “Nosso Memorial é o mais moderno da América Latina, com oito capelas, cafeteria, estacionamento e ar-condicionado”, conta Mateus Formolo, assessor da Diretoria. A idéia de investir nesse nicho surgiu a partir de uma mudança cultural: “Diferentemente da capital, os velórios aqui aconteciam nas casas das pessoas. Construímos as capelas para oferecer mais comodidade aos consumidores nessa hora tão difícil.” A experiência com administração de cemitérios favoreceu a abertura do crematório, que fica em um parque de quatro hectares, com instalações para cerimônias de despedida e uma câmara fria, que permite realizar os ritos em qualquer horário. Rosi Boninsegna/Fecomércio-RS S E G M E N TA Ç Ã O 25 Número 25 – Maio 2007 TURISMO TURISMO 26 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS TURISMO Segmento cada vez mais representativo para as finanças brasileiras, o turismo começa a se profissionalizar no país, superando crises e apontando para um futuro promissor Céu aberto para os negócios epresentando mais de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, o turismo vem ganhando força e representatividade política no Brasil, que já descobriu no setor uma fonte garantida de recursos financeiros. Em meio a um cenário econômico animador e superando uma crise que abalou todo o setor aéreo no ano passado, o segmento conquista, pelo quinto ano consecutivo, a expansão de divisas no país por meio do turismo internacional. O plano, agora, é direcionar as ações ao marketing e à infraestrutura para consolidar a nação como um dos destinos mais freqüentados no mundo. Incluindo vôos domésticos e internacionais, somente no ano passado foram mais de 52 milhões turistas no país. O dólar baixo, que em 2006 fez com que os brasileiros gastassem mais no exterior do que os estrangeiros gastaram aqui, não prejudicou a receita: a quantidade de dinheiro deixada pelos estrangeiros em território nacional chegou a US$ 4,32 bilhões, superando os US$ 3,86 bilhões recebi- R dos em 2005, que correspondiam ao maior faturamento registrado desde 1969 pelo Banco Central. O otimismo dá lugar ao crescimento efetivo: janeiro de 2007 totalizou o ingresso de US$ 484 milhões por parte de turistas estrangeiros, batendo todos os recordes desse tipo de negócio. “O turismo só vai bem quando a economia vai bem, e o quadro econômico do Brasil é promissor”, destaca Leonel Rossi Júnior, diretor de Assuntos Internacionais da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav). Segundo Rossi, mesmo que soframos com as más condições rodoviárias e enfrentemos problemas técnicos inadmissíveis em outros lugares do mundo, contamos com roteiros diversificados que incluem praia, negócios e eventos, ecoturismo, cultura e esporte: “Temos desde os tradicionais pacotes para o Nordeste e o Rio de Janeiro até viagens para cidades históricas de Minas Gerais, a Serra FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 25 – Maio 2007 Por Marianna Senderowicz 27 Rosi Boninsegna/Fecomércio-RS TURISMO Divulgação/Abav gaúcha, o Pantanal. São diferentes estilos que conquistam vários públicos”. As belezas naturais, os climas variados e a cordialidade do povo fizeram com que o segmento registrasse uma elevação no faturamento do turismo quase dez vezes superior ao percentual de crescimento da economia brasileira no ano passado: 29,3% e 3,7%, respectivamente. Alunos do Senac-RS aprendem na prática atividades do turismo Desenvolvimento em cadeia “A Varig representava 75% dos vôos das companhias brasileiras internacionais.” Leonel Rossi Junior Diretor de Assuntos Internacionais da Abav O crescimento do turismo induziu os empresários brasileiros a ampliarem em 21,6% o quadro de pessoal no ano passado. O bom desempenho anima não só quem está diretamente ligado ao setor: classificação da Embratur relaciona 52 atividades de serviços à cadeia turística, englobando gastronomia, transporte, comércio, lazer, entre outros. “Mesmo aquelas atividades que não costumam lembrar o turismo são favorecidas. O petróleo, por exemplo, abastece os meios de transporte; a indústria têxtil produz produtos de cama, mesa e banho para hotéis, e por aí vai”, declara Norton Luiz Lenhart, presidente da Federação Nacional de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares (FNHBRS), coordenador da Câmara Brasileira do Números animadores Nos últimos anos o turismo vem animando empresários do setor. Veja alguns números que contribuem para esse cenário: O setor turístico brasileiro deverá crescer 7,2% em 2007, totalizando faturamento de US$ 79,3 bilhões Número 25 – Maio 2007 O percentual de crescimento do segmento no país deve ser de cerca de 5,3% nos próximos dez anos 28 1.583 vôos internacionais fretados chegaram ao Brasil em 2006, contra 1.433 em 2005 O orçamento da Embratur para a promoção internacional do destino Brasil somará R$ 85 milhões em 2007 966 mil empregos foram gerados pelo setor entre 2003 e agosto de 2006 Fontes: Conselho Mundial de Viagens e Turismo e MTur FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Turismo da Confederação Nacional do Comércio (CNC) e vice-presidente dos Mebros Afiliados da Organização Mundial do Turismo (OMT). As empresas de pequeno porte são as principais beneficiadas, pois representam mais de 90% do total estimado de empresas das Atividades Características do Turismo (ACT), conforme o IBGE. “O tripé do segmento são agências de viagens, transportadoras e rede hoteleira, mas por trás dessas áreas existem vários outros atendimentos, afinal o turista precisa comer, se locomover, se divertir, dormir”, lembra a coordenadora do curso de Turismo da Ulbra Torres, Vilma de Aguiar, para quem esse é um dos segmentos de distribuição mais justa de renda. Com uma sistemática tão ampla de funcionamento, ganham empresários, que percebem no bolso o crescimento dos negócios, consumidores, cada vez mais satisfeitos com o atendimento prestado, comércio, que sente na pele o aumento das vendas, e, claro, funcionários, que garantem suas vagas e o reconhecimento financeiro. Levantamento feito pelo IBGE em 2003 mostra que apenas o serviço de transporte aéreo de passageiros somou R$ 1,3 bilhão em salários e outras remunerações, enquanto o transporte aquaviário e rodoviário pagaram R$ 19,5 milhões e R$ 2,1 bilhões, respectivamente. Só no Rio Grande do Sul, são mais de 115 mil trabalhadores de carteira assinada atuando no setor, que absorveu aproximadamente 20 mil trabalhadores a mais em cinco anos. “Assim como o Brasil como um todo, estamos em uma tendência clara de crescimento”, acredita o secretário estadual do Turismo, Esporte e Lazer, Luís Augusto Lara. Entretanto, o político destaca que ainda existem muitos caminhos a serem percorridos: “O Brasil inteiro recebe em torno de 5 milhões de turistas estrangeiros por ano, e só TURISMO Período de superações “Enquanto o orçamento gaúcho para promoção do turismo é de R$ 1,7 milhão, a Bahia tem R$ 36 milhões.” Luís Augusto Lara Secretário do Turismo, Esporte e Lazer do RS Número 25 – Maio 2007 Arquivo/Riotur Mesmo com problemas aéreos e com a crise da Varig, que fez com que cerca de 400 mil turistas estrangeiros deixassem de vir ao país no ano passado, a última edição da pesquisa Caracterização e dimensionamento do turismo internacional no Brasil, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), mostra que mais de 96% dos estrangeiros que vieram ao Brasil entre 2004 e 2005 querem voltar algum dia, sendo que 60% vieram mais de uma vez. Para Rossi, em termos de infra-estrutura não há do que reclamar, mas ainda falta uma atenção direcionada pelos governos para que o setor decole. “Temos uma rede hoteleira eficiente, operadores de agências de viagem profissionais e companhias aéreas competentes. Contudo, pagamos as maiores taxas do mundo e o dinheiro não é revertido em áreas que necessitam de mais investimentos”, acredita. Segundo o representante da Abav, apesar da modernização de aeroportos como os de Porto Alegre e Curitiba, outros ficaram para trás por displicência. “Falta um dimensionamento da demanda, como é o caso de Guarulhos, cujo terceiro terminal deveria estar quase pronto e nem foi iniciado, e de Congonhas, que tem capacidade para operar com 12 milhões de passageiros e recebe 18,5 milhões.” Na opinião de Rubem Medina, secretário de Turismo do Rio de Janeiro, os bons resultados refletem uma política de profissionalização do setor. “O turismo é a atividade econômica que mais cresce e gera emprego no mundo, mas exige capacitação constante para o atendimento permanente ao visitante”, pondera o dirigente, responsável pelo setor na cidade que mais recebe turistas no Brasil (em 2005 Solange Brum/Setur Buenos Aires (capital argentina, cuja província tem 14 milhões de habitantes) recebe mais do que isso”. Após a criação do Ministério do Turismo (MTur) pelo governo Lula, considerada um grande passo para o desenvolvimento do setor, uma das estratégias para subir da 59ª colocação de destino mais atrativo do mundo – de acordo com pesquisa divulgada pelo Fórum Econômico Mundial – é o investimento em marketing e a mensuração dos roteiros turísticos nacionais, iniciada pelo Ministério do Turismo no Estado. “O Brasil é um país que fideliza seus visitantes, e esse é o mote das nossas campanhas de mídia no exterior: Brasil. Vire Fã”, afirma Jeanine Pires, presidente do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur). De acordo com ela, pesquisas revelam que a diversidade do patrimônio e a alegria do povo são consideradas os principais atributos do Brasil. “Além disso, 99% dos visitantes disseram que vão indicar o país para amigos e parentes.” Além de se beneficiar das belezas naturais, o Rio investe em capacitação e infra-estrutura turística FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS 29 Marcia Tuna/FNHBRS TURISMO “Vários países em desenvolvimento encaram o turismo como uma de suas principais atitivades econômicas.” Número 25 – Maio 2007 Norton Luiz Lenhart Presidente da Federação Nacional de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares (FNHBRS 30 1,9 milhão de visitantes estrangeiros, conforme o Rio Convention & Visitors Bureau). A cidade, que sediará os Jogos Pan-Americanos em julho, deverá receber 625 mil turistas nos próximos meses, gerando um impacto de US$ 687 milhões na economia local. “Temos um faturamento anual médio de R$ 4 bilhões com o turismo, mas em 2007 a soma deve ser ainda maior.” Para tanto, além de investir na infra-estrutura física e tecnológica, a região espera qualificar 15 mil pessoas até o início dos jogos, incluindo guias turísticos, taxistas e trabalhadores de restaurantes e quiosques pelo programa Rio Hospitaleiro. “Eles terão noções de inglês, espanhol, cidadania e conhecimento da cidade para que atendam os visitantes da melhor maneira possível.” Sol, praia e reuniões de trabalho Desde 2003, quando foi criado o MTur e a Embratur passou a cuidar exclusivamente da promoção, do marketing e do apoio à comercialização do destino Brasil no exterior, o turismo de negócios vem ganhando destaque internacional. Para se ter uma idéia, nos últimos cinco anos o Brasil conquistou 14 posições no ranking da International Congress and Convention Association (ICCA), principal associação internacional do segmento por número de eventos, chegando, em 2006, ao 7º lugar. Com 207 encontros internacionais realizados, o país foi o mais bem colocado entre os países latino-americanos e o segundo melhor das Américas, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Em junho deste ano, a entidade deve divulgar um relatório que contabilizará o número de participantes em eventos, classificação que colocou o Brasil no 8º lugar em 2005 e que movimentou a economia. “O turismo de negócios e eventos é um segmento que, diferentemente do de sol e praia, impulsiona a vinda de turistas ao longo de todo ano. Além de FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS não estar preso à sazonalidade, traz visitantes mais qualificados em termos de gasto, já que o visitante de lazer desembolsa menos por dia”, analisa a presidente da Embratur. O Rio Grande do Sul figura como referência nacional nesse tipo de atividade. Em 2005, a capital gaúcha foi a terceira mais visitada com intuito, perdendo apenas para Rio e São Paulo. Na classificação “outros motivos”, que não inclui foco em lazer nem em negócios e eventos, Porto Alegre ocupa a quarta posição, ficando atrás das capitais carioca, paulista e mineira. Em março, aconteceu a primeira reunião do núcleo de Marketing do Planejamento Estratégico do Turismo da Capital, que visa à transformação da cidade em uma referência mundial no setor até 2020. “A infra-estrutura turística gaúcha está entre as melhores do país, contando com uma excelente rede hoteleira e gastronômica”, aponta Lara, segundo quem o Estado já se consolida como o terceiro na preferência dos brasileiros para se fazer turismo. Para Roland de Bonadona, diretor-geral da Accor Hotels para a América do Sul, o Estado contribui para uma realidade nacional que possui a melhor infra-estrutura hoteleira da América do Sul devido a sua variedade, segmentação e aos preços acessíveis. “Além disso, a qualidade de serviço é uma das melhores do mundo em termos de gentileza, disponibilidade e simpatia dos funcionários, mesmo que às vezes falte um pouco de técnica.” Na opinião do diretor da rede, presente em 90 países, a localização geográfica brasileira – longe dos grandes mercados fontes, como Europa, América do Norte e Ásia – e as dificuldades tributárias poderiam dificultar a situação do turismo, mas os atrativos naturais acabam aumentando a freqüência de visitantes. “A Accor nunca poderia ficar fora deste mercado, por isso temos aqui as nossas principais marcas (Sofitel, Novotel, Mercure, Ibis & Formule 1).” Direitos e deveres Para conquistar seu lugar no mundo em meio a tantas dificuldades, uma solução foi enxergar o segmento com outros olhos. Conforme a coordenadora do curso de Turismo na Ulbra, durante muitos anos o setor foi encarado como uma atividade amadora por empresários, funcionários e até mesmo pelos governantes. Porém, a professora datas comemorativas para movimentar a economia nos 365 dias do ano. Com lotação máxima nas férias de julho e durante o Natal e o AnoNovo, a região também fica disputada nas semanas que antecedem a Páscoa, faça calor ou frio, em virtude da Chocofest. Em sua 13ª edição, o evento recebeu cerca de 100 mil pessoas em 18 dias, fazendo com que os municípios arrecadassem em torno de R$ 22 milhões em passeios, alimentação, compras e hospedagem. “Além de beneficiar toda a economia, realizações como essa são uma prestação de serviço para a região, na medida em que envolvem a comunidade e fidelizam o cliente”, avalia Sílvia Zorzanello, uma das organizadoras. O evento empurra toda a indústria serrana, principalmente a de chocolate. “Desde a criação da Chocofest foram inauguradas 30 novas pequenas fábricas na região.” A organizadora ressalta também a visibilidade que esse tipo de realização proporciona ao território nacional: “Recebemos visitantes de dentro e de fora do país, que ficam deslumbrados com a beleza da região e usam seus canais para divulgar nossos atrativos”. Ela lembra que muita gente que freqüentava o festival durante a infância hoje volta com toda a família. “E vai continuar visitando a Serra para o resto da vida.” “A repercussão de fatos violentos é muito maior dentro do Brasil do que fora.” Jeanine Pires Presidente da Embratur Só a Chocofest proporcionou um incremento de R$22 milhões na economia de Gramado e Canela FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 25 – Maio 2007 Sandro Seewald/Chocofest conta que essa situação já está se modificando: “Trata-se de uma questão de consciência e cultura, que, ao ser incorporada pela sociedade, contribui para o aperfeiçoamento em todos os níveis.” Tal visão faz com que, hoje, 16 instituições de ensino superior ofereçam formação ligada ao Turismo no Estado, sem falar nos cursos técnicos e de extensão. No Senac-RS, foram quase 9 mil matrículas em 2006 nos cursos da área de Turismo e Hospitalidade, formando profissionais que atuarão com hospedagem, alimentação, eventos, agenciamento, guiamento e turismo de aventura. Para Sabrina Gomes Dias, técnica da entidade, esse cenário movimenta toda a sociedade. “O turismo é um gerador e fomentador de economias locais. Quando bem planejado, as comunidades participam do processo e possibilitam a inclusão dos mais variados agentes sociais e econômicos.” A professora da Ulbra concorda: segundo ela, o litoral gaúcho tem investido em projetos de inclusão social e de redução da sazonalidade a fim de desenvolver a região durante todo o ano. “Em Torres estamos trabalhando mais o interior, mostrando que não temos apenas sol e mar. Com isso, divulgamos a parte costeira da serra e locais como Mampituba, Dom Pedro de Alcântara e Maquiné, justamente para que o período de ociosidade possa ser ocupado por roteiros rurais, ecológicos e de aventura.” Na região serrana essa experiência já colhe os frutos: vencendo uma tradição de que só eram atrativos no inverno, Gramado e Canela criaram eventos e apoiaram-se em Divulgação/Embratur TURISMO 31 SAIBA MAIS Vida longa às pequenas Uma recente pesquisa realizada pela Fundação Getulio Vargas no Rio de Janeiro confirma o que especialistas vêm dizendo há tempos. O estudo Fatores determinantes da longevidade das micro e pequenas empresas aponta que 21,2% dos 260 entrevistados acreditam na força do bom atendimento como determinante para uma vida longa às pequenas empresas, enquanto 15,2% indicam a qualidade do produto como peça-chave do sucesso e 12% acreditam na localização adequada e na credibilidade do negócio. 32 Internet As mulheres navegam mais na internet do que os homens, pelo menos nos Estados Unidos. A conclusão é da empresa eMarketer, que aponta que 97,2 milhões de mulheres habitam o mundo cibernético, contra 90,9 milhões de homens. Entre as curiosidades do estudo também está o fato de que o sexo feminino utiliza menos a web para se divertir do que os homens. Pela pesquisa, 78% dos homens internautas têm o hábito de assistir vídeos on-line, enquanto esse costume atinge apenas 66% das mulheres consultadas. O filme Em busca da felicidade, baseado em um relato verídico e com a participação do ator Willl Smith, conta a história de um sujeito que estava tendo muitos problemas profissionais. Após conhecer uma pessoa bem-sucedida, resolveu empenhar-se para alcançar o mesmo sucesso. Recomendo este filme porque ele demonstra que, com muito trabalho e dedicação, é possível alcançar nossos sonhos e vocações. Penso que é muito importante vermos histórias assim, até para nos motivarmos. Paulo Uebel Presidente do Instituto de Estudos Empresariais (IEE) 2006/2007 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Tania Mainerz/IEE eu recomendo Número 25 – Maio 2007 Consumidor Recente pesquisa da TNS InterScience alerta para um novo tipo de consumidor: aquele que não se importa de pagar um pouco mais caro por produtos que lhe economizam tempo pela proximidade ou facilidade e que gosta de se manter informado a respeito do que está comprando, seja pelos rótulos das embalagens ou por discussões com conhecidos. Nesse sentido, é importante que as empresas estejam atentas aos novos hábitos dos clientes, que admiram marcas que inovam, se esforçam para encontrar produtos genuínos e autênticos, valorizam colaborações com a comunidade, analisam a ética corporativa na hora da compra e se preocupam com o comportamento ambiental de seus fornecedores. SAIBA MAIS s 70,7% de brasileiros mais pobres do país representam um mercado de aproximadamente R$ 376 bilhões, conforme relatório intitulado Os próximos quatro bilhões, feito por institutos privados ligados ao Banco Mundial. Pela pesquisa, que mostra a participação das pessoas da base da pirâmide econômica de acordo com a paridade de compra local, os 124 milhões de brasileiros que possuem renda anual inferior a cerca de R$ 6,2 mil respondem por 34,5% do consumo familiar no país. No mundo todo, as pessoas que ganham menos de US$ 3 mil por ano totalizam 4 bilhões e formam um mercado de US$ 5 trilhões. Para avaliar a situação brasileira, a pesquisa baseou-se em dados do IBGE do ano de 2002. O Mais informações na edição 17 da B&S Mercado Com a portaria do governo federal que assegura a obrigatoriedade de condições de acesso a portadores de necessidades especiais em todos os estabelecimentos, esse público passou a representar um excelente mercado consumidor. Entre os 25 milhões de portadores de necessidades especiais do Brasil calculados pelo IBGE, mais de 13 milhões serão economicamente ativos, resultando em uma injeção de até R$ 5 bilhões na economia nos próximos cinco anos, segundo estimativas da Tech Access, empresa de tecnologia e acessibilidade. Nota fiscal A exemplo da Europa e dos Estados Unidos, o Senado brasileiro discute uma lei que prevê a impressão do valor do imposto sobre compras nas notas fiscais. O projeto (174/06) passará por discussões na Comissão de Defesa do Consumidor e é visto com bons olhos pelos especialistas. Tributaristas defendem o direito de o brasileiro saber o que paga em tributos e o que tem direito de receber em troca, em forma de serviços. Número 25 – Maio 2007 em tempo Baixa renda, alto consumo Reconhecimento Já estão abertas as inscrições para o projeto Pequenos Gigantes Brasil, que busca empresas que se destacam pela paixão pelo que fazem, pelo encantamento proporcionado a seus clientes e pela lucratividade gerada. A idéia, lançada pelo escritor e palestrante Raúl Candeloro, está sendo executada por associações empresariais, sindicatos e alunos de Administração de diversas universidades brasileiras. Outras informações podem ser obtidas no site www.pequenosgigantesbrasil.com.br, que também oferece espaço para indicação de empresas até 31 de maio. As vencedoras serão citadas no livro Pequenos Gigantes Brasil 2007, cujo lançamento deverá acontecer em outubro, e receberão placas comemorativas. FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS 33 SERVIÇOS Astin le Clercq/Stock.xchng Número 25 – Maio 2007 A consolidação do uso do telefone como mediador entre empresa e cliente existe há mais de século. A questão é saber usar essa ferramenta a favor da empresa – e não contra 34 Tecnologia a favor da empresa Q uando foi inventado em 1870 pelo engenheiro escocês Alexander Graham Bell, o telefone tinha o intuito de ser uma ferramenta de aproximação entre as pessoas e de expandir as redes de comunicação. De lá para cá, a consolidação do aparelho foi rápida e levou somente 40 anos para que ele fosse implantado definitivamente no dia-a-dia das empresas como instrumento de ampliação da clientela, o que foi chamado de telemarketing. FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS A expressão, que significa originalmente “marketing a distância”, virou uma forma de reaproximar-se dos clientes antigos, conquistar novos consumidores e combater a concorrência. O setor que engloba, dentro da empresa, todo o atendimento via fone é chamado de call center e envolve ouvidoria e assistência técnica até televendas. A complexidade transformou o o Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) em um ponto nevrálgico das organizações. De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Telesserviços (ABT), Jarbas Nogueira, o segredo do SERVIÇOS Passar a responsabilidade? Conforme a ABT, de 2000 a 2005 os telesserviços tiveram crescimento de 235%, tornando-se um dos setores que mais empregam no país. Até o fim de 2007, serão 750 mil pessoas trabalhando na área. Mesmo assim, apesar de ser um setor regulamentado e promissor, algumas empresas passam por cima das diretrizes em busca de números volumosos de ligações. O professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) de São Paulo, Cláudio Tomanini, aponta que um dos erros pode ser a terceirização do serviço sem gerenciamento: “É necessário que a organização mantenha foco no gerenciamento das equipes e não somente acompanhe resultados e cumprimento de metas”. Além disso, julgar que a publicidade sozinha fará a venda dos produtos decolar é pensamento do passado, exigindo uma relação direta entre cliente e empresa. A Vivo conhece bem o mercado de telefones e sabe da importância de um bom atendimento. Apesar de terceirizar as televendas, mantém dentro da companhia o setor de Atenção ao Cliente e aposta nos programas de treinamento da equipe, que envolvem capacitação inicial e reciclagem regular. “Buscamos a maior satisfação dos clientes e, por isso, o treinamento engloba todas as áreas, desde produtos até postura institucional”, conta o diretor do setor, Marco Casarotto. Para ele, a melhor maneira de fidelizar o cliente é com o bom atendimento, e para isso a Vivo procura aliar personalização e agilidade na hora da ligação. “Fazemos pesquisas constantes para identificar as necessidades do usuário e fazer ofertas pertinentes”, revela Casarotto. Em busca do SAC ideal Um modelo de gestão que vise somente a resultados está fora do mercado. Para serem bem-sucedidas, as em- presas precisam, muito mais do que de números, de qualidade. “O melhor marketing é saber manter seu maior patrimônio: a relação com o mercado”, alerta o especialista Tomanini. Na opinião dele, o bom funcionamento do call center começa na contratação. “Buscar pessoas compatíveis com a função: simpáticas, proativas e que saibam trabalhar sob condição de estresse é peça-chave. Mas também é preciso saber falar no tom certo, impostar a voz e mostrar-se solícito.” Utilizar clara e corretamente o português é tão importante quanto conhecer o produto, sem falar da necessidade de se conhecer a fundo aquilo que se está oferecendo ou tratando, e de estar disposto a buscar outras informações. Gerencie a comunicação As expressões utilizadas pelo teleatendimento afetam – e muito – na hora de satisfazer as necessidades do cliente. Instrua sua equipe. Mostre conhecimento do produto. Saiba dar informações pertinentes e evite expressões como “não posso dar esta informação” Mantenha a simplicidade na linguagem, evitando gerúndios e expressões ambíguas Prepare-se antes da ligação. Busque todas as informações possíveis sobre o produto que vai oferecer e não deixe o cliente esperando na linha enquanto procura respostas Saia do roteiro. Scripts são bons para manter o foco da conversa, mas prepare-se para sair dele se a conversa tomar um rumo inesperado Cuidado com as negativas. Dizer “não” ou que algo “não é possível” afasta o cliente. Diga “infelizmente este serviço não está disponível” e retorne a ligação assim que o sistema estiver habilitado FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 25 – Maio 2007 marketing do SAC é resolver todos os problemas pelo telefone. Não é mais necessário vender de porta em porta, esperar meses para consertar eletroeletrônicos, ir ao banco reclamar de uma cobrança indevida. Porém, o bom andar do serviço depende, além de treinamento do funcionário, do conhecimento amplo da estrutura da empresa, de suas atividades e do produto. 35 Constantin Kammerer/ Stock. xchng SAÚDE Corra menos, produza mais A vida profissional atribulada provoca o acúmulo de estresse, ocasionando danos à saúde. A ânsia em dar conta do excesso de trabalho pode surtir efeito contrário, comprometendo a produtividade imposição criada pelo mercado competitivo, principalmente por prazos apertados e pela busca de resultados, afeta a saúde de todo o meio corporativo. Vítimas do esgotamento, funcionários, empresários e altos executivos são alvos de doenças ocasionadas pelo desgaste físico e emocional, enquanto os fatores desfavoráveis da Número 25 – Maio 2007 A 36 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS rotina de trabalho acabam mexendo com a mente e com a emoção e gerando uma realidade nada agradável. Segundo pesquisas da International Stress Management Association (Isma) no Brasil, 70% dos brasileiros sofrem com o estresse profissional, o qual leva a patologias que afetam a produtividade e colocam a vida de muitos em risco. O empresariado tem sido uma presa fácil: com uma jornada acelerada, a possibilidade de adoecer pela sobrecarga de compromissos é imensa. Para Augusto Costa, diretor-geral da Manpower do Brasil, empresa prestadora de serviços na área de recursos humanos com sedes em diversos estados, a pressão no mundo dos negócios é muito grande, demandando um esforço “sobrenatural” para se chegar a um nível de SAÚDE O ritmo estressante pode ser um vilão para a saúde, trazendo como conseqüência as doenças de ordem psicossomáticas. A somatização incide em qualquer área do corpo, com reclamações mais comuns relacionadas ao tubo digestivo, como dores, regurgitações e náuseas. Os problemas dermatológicos e sexuais também figuram na lista de moléstias originadas por fatores de cunho emocional. “A pessoa começa a sentir dor na coluna, visita inúmeros médicos e nada é diagnosticado. No momento em que passamos a conhecer melhor o dia-a-dia do paciente, percebemos que os sintomas são reflexos de uma atividade desgastante”, comenta José Moromizato, especialista em medicina psicossomática. Qualidade de vida O assunto é tão sério que as empresas estão direcionando a atenção à saúde de seus colaboradores, seguindo a idéia de que qualidade de vida no trabalho não é um objetivo difícil de alcançar. Investir em momentos de descontração e relaxamento já é um bom começo para aliviar o peso das tarefas extenuantes que acompanham funcionários e empresários, ao mesmo tempo em que a atividade física permanece uma alternativa para melhorar as condições emocionais. Mesmo com a O incentivo à leitura é uma iniciativa da BS Colway para reduzir o estresse FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 25 – Maio 2007 Corpo e mente O médico elucida que 80% das enfermidades têm relação com a mente, visto que o organismo traduz os sentimentos humanos. Experiências ruins ou boas ficam gravadas no subconsciente, e o acúmulo de acontecimentos negativos atinge órgãos com maior sensibilidade. “Emoções reprimidas podem machucar profundamente, causar depressão e nervosismo. O cérebro decodifica qualquer sensação e prepara o corpo para se defender.” O conselho de Moromizato é não abrir mão das horas de descanso, principalmente à noite, e utilizar técnicas de relaxamento e caminhadas ao ar livre, que podem diminuir a tensão. O contato com a natureza, sugere o médico, ajuda a “espantar” as preocupações. Divulgação/Enfoque excelência. De acordo com o consultor, “o jogo é duro e perigoso. A pessoa acaba se envolvendo de uma forma que não sobra tempo para mais nada”. Assim, a maioria dos empresários esquece de tirar férias, de descansar e de relaxar, criando uma rotina capaz de desencadear enfermidades. “Uma vez ouvi de um empreendedor que a sensação é de ser igual a uma vela queimando nas duas pontas ao mesmo tempo”, exemplifica Costa. Aspectos como folha de pagamento, responsabilidade com equipes, altos tributos e a concorrência consomem boa parte da energia de quem está na liderança de uma organização. “São inúmeros fatores que não permitem o desligamento total. A presença física pode não estar no escritório, mas as decisões e as preocupações acompanham o empresário até em casa.” Além disso, a velocidade de informações e o volume de trabalho aumentaram consideravelmente nos últimos 20 anos. Tal mudança veio junto com a evolução, que, às vezes, requer do organismo recursos para dar conta da tensão que a modernidade traz. Daí surgem as reações bioquímicas e os problemas orgânicos mais graves, oriundos de uma soma de ansiedade e estresse. “Antigamente, a gente recebia dois ou três e-mails, hoje são em média 150 por dia”, acrescenta o diretor da Manpower. 37 O médico das emoções Para o especialista em psicossomática José Moromizato, o empresário contemporâneo é uma vítima fácil das doenças de fundo emocional em função do estresse e da tensão da rotina de trabalho. B & S O que são as doenças psicossomáticas? Número 25 – Maio 2007 J M Primeiro é importante entender que a medicina psicossomática cuida de todas as alterações que se manifestam no corpo em conseqüência da mente. De modo geral, 80% das doenças são de origem emocional-mental. Quando a pessoa não tem como resolver situações desagradáveis, ela internaliza o problema, que é percebido e decodificado pelo cérebro, o que ocasiona as moléstias. 38 põe a zelar pela saúde. Além disso, é paga uma bonificação àqueles que comprovarem uma melhora”, diz o diretor de Assuntos Corporativos, Ozil Coelho Neto. Da mesma forma, a Google tem apostado no bemestar dos seus colaboradores, liderando a lista das 100 melhores empresas para trabalhar segundo a revista Fortune. Além das refeições gratuitas, os empregados têm direito a pausa para o café em uma das 11 cafeterias da sede da organização, em Mountain View (EUA). Se o cansaço bater, os colaboradores podem se dirigir ao SPA com piscina, o que contribui para que a corporação tenha sido comparada a um clube pelos novos conceitos que instituiu. Uma realidade ainda distante do Brasil, mas que mostra a crescente preocupação de estabelecer medidas para driblar o estresse corporativo. B & S Por que os empresários são cada vez mais acometidos por patologias de ordem somática? FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS M J O volume de informações e de trabalho aumentou nos últimos anos. Há uma pressão por resultados, o que acaba originando o estresse e a ansiedade. Esses sentimentos reprimidos se refletem direto em órgãos mais vulneráveis. A tensão pode levar uma pessoa a sentir dores no estômago sem ter nenhum problema no tubo digestivo, por exemplo. B & S Quais são as queixas mais comuns? M J O desgaste de uma jornada que, na maioria das vezes, ultrapassa as oito horas diárias, pode desencadear dores de cabeça, alteração na pressão, taquicardia, entre outros sintomas. Os aparelhos circulatório e digestivo são o pára-choque das emoções. Uma sobrecarga de acontecimentos negativos contamina todo o organismo. B & S Como evitar o estresse e a somatização dos problemas? M J O maior dos remédios é o descanso. Trabalhar de dia e dormir à noite, dando tempo suficiente para o corpo repousar e recuperar as energias. Caminhadas ao ar livre e técnicas de relaxamento funcionam muito bem, assim como o contato com a natureza, capaz de amenizar os dissabores da vida. Arquivo pessoal/ Moromizato SAÚDE agenda apertada, reservar um período para se exercitar pode significar benefícios em termos de produtividade. A BS Colway Pneus, na região metropolitana de Curitiba, vem se destacando por ter um pensamento voltado ao futuro. Academia de ginástica, espaço para leitura, biblioteca e redução da jornada de trabalho são algumas mudanças implantadas pela fábrica e que têm adesão absoluta do quadro funcional. Há três anos, professores de educação física, fisioterapeutas e médicos de diferentes especialidades têm a missão de cuidar da equipe. “Acompanhamos de perto o desempenho de quem pratica os exercícios, faz os exames e se pro- E U, E M P R E E N D E D O R Valores Eder Tondello ” Odete da Cas Número 23 – Março 2007 “ A história da Puro Sabor do Interior começou com um presente inusitado que a minha filha ganhou: uma ‘vaquinha’. Tanto eu como meu marido estávamos desempregados e vimos no animalzinho uma saída para os nossos problemas. Mudamos da cidade para o interior de Farroupilha e resolvemos colocar um tambo de leite, sem saber sequer ordenhar. A prática foi a aliada da empresa, que deu seus primeiros passos produzindo e comercializando o produto e, em seguida, os seus derivados. Hoje os moradores da região têm a oportunidade de adquirir uma linha vasta, desde iogurtes até queijos com um gosto especial que lembra a colônia. Investimos em especialização e aos poucos estamos adotando recursos tecnológicos. Atualmente, industrializamos conforme a demanda, contando com o apoio de apenas dois funcionários, por ser uma indústria familiar . O reconhecimento do público também é positivo. Participamos de feiras como Festa da Uva (Caxias do Sul), Fenavinho (Bento Gonçalves) e Expointer (Esteio). Trocar a atividade urbana pela rural representou uma transformação de vida radical, mas que valeu a pena e tem resultado em frutos com um ‘sabor’ inigualável. Proprietária da Puro Sabor do Interior, de Farroupilha. Junto com o marido, Odete administra uma propriedade de oito hectares e conta com um rebanho de 40 animais. Deste total, 20 são vacas leiteiras. FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS 39 T E C N O LO G I A Número 25 – Maio 2007 Apesar de trazer benefícios como a popularização da informação, a tecnologia também criou os “excluídos digitais”. Em tempos de informatização, ter qualificação na área é fundamental na hora de arrumar um emprego 40 Democratizando o conhecimento A democratização da informática tomou forma na última década e atingiu tanto os lares como as empresas brasileiras. A tecnologia chegou para ficar, sendo recurso imprescindível no mundo dos negócios. Acompanhar essas transformações tornou-se fator-chave para ingressar no mercado de trabalho, pois se por um lado a informatização inclui, por outro, exclui. Nesse contexto, o computador trouxe aspectos positivos, mas cobrou um preço da sociedade: a qualificação. O largo alcance da internet, com o boom da rede mundial verificado nos anos 90, levou às camadas menos favorecidas a possibilidade de ter acesso a conteúdos antes restritos a um número reduzido de pessoas. De acordo com a coordenadora de Informática do Senac-RS, Luciana Balsenão, a proximidade com o conhecimento só era possível para poucos que podiam ingressar na universidade, comprar livros, viajar, freqüentar bibliotecas e museus. “De certa forma, a internet viabilizou economicamente esse contato”, afirma. Na opinião da coordenadora, o ganho maior foi com a facilidade de comunicação. “Basta saber utilizar o computador e acessar um navegador.” As ferramentas de bate-papo e o e-mail também se configuram como benefícios dessa disseminação do mundo virtual. FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS “É fantástico poder interagir com alguém em tempo real ou em questão de minutos.” A informatização agregou novos conceitos aos currículos profissionais, fazendo com que manipular um computador seja condição básica para se ter chance de arrumar uma melhor colocação. “Em praticamente todas as áreas, ser um profissional atualizado significa ter afinidade com a informática”, pondera a representante do Senac. Mesmo assim, ela acredita que ainda há uma geração com dificuldade de se integrar a essa realidade. “São pessoas que basearam sua formação dentro de uma outra sistemática, sem, no entanto, comprometer a competência individual.” Dois lados da moeda Mesmo com pouca cultura em informática, qualquer um pode navegar e encontrar resposta para suas dúvidas pela internet. Sem dúvida, esse é um dos pontos positivos oriundos da democratização da informática. Contudo, uma gama de “desinformatizados” tem elevado as taxas de desemprego no país. Conforme o IBGE, 11,4% dos domicílios do Brasil possuem computador e internet. Deste total, apenas 5% têm renda familiar de até 10 salários mínimos. O estudo revela o quanto a exclusão digital ainda está presente entre a população mais carente. Na interpretação de Luciana, houve a criação de postos de trabalho, mas, infelizmente, muita gente ficou à margem do mercado em função da desqualificação. Divulgação/Senac-RS T E C N O LO G I A De forma incipiente, entidades, ONGs e órgãos governamentais têm feito um movimento de inserção da parcela excluída, e de norte a sul do país observam-se ações que buscam reverter o quadro dessa complicada limitação social. Iniciativas como a do governo federal, que, em 2005, lançou o Computador para Todos – Projeto Cidadão Conectado, assim como os Telecentros de São Paulo, entre outras, exemplificam a tentativa de apresentar uma saída sócio-educativa. “As escolas públicas já despertaram para essa necessidade, havendo bons programas voltados a jovens e crianças. Contudo, há um grupo na faixa etária dos 40 anos que ainda precisa de atenção”, acrescenta Luciana. Reciclagem constante Para quem está familiarizado com a era da informática, não resta escolha senão aprofundar conhecimentos. A informatização gerou mão-de-obra e demanda de qualificação permanente daqueles que optaram por trabalhar no setor. De acordo com a coordenadora de Informática do Senac-RS, os recursos tecnológicos se modificam tão rapidamente que os profissionais do segmento precisam correr atrás de atualização. “Em uma escola formal de nível médio ou de graduação, a visão passada é ampla. Não existe um foco específico como um sistema operacional ou uma determinada linguagem. A reciclagem é vital para o empreendimento.” Por essa razão, a procura pelos cursos técnicos da área é uma das formas encontradas para o aperfeiçoamento, que não permite estagnação. “O desempenho vai depender de um aprendizado mais minucioso de certas tecnologias. É preciso acompanhar as tendências.” om o intuito de proporcionar uma formação adequada a quem quer estar em dia na era da informatização, o Senac-RS oferece inúmeros cursos de formação e capacitação profissional. O atendimento compreende diferentes níveis, que vão desde o básico até cursos nas áreas de montagem e manutenção de hardware, programação e administração de redes. Conforme Luciana Balsenão, uma linha que vem se destacando é a de edição gráfica, que trabalha ferramentas de dese- C nho e manipulação de imagem, além do programa AutoCad, que serve principalmente aos profissionais de engenharia e arquitetura. “A chegada do Software Livre no mercado também levou o Senac a oportunizar o aprendizado do Linux, por meio dos cursos oficiais Mandriva Linux”, afirma a coordenadora. Além disso, são ministradas aulas focadas, como Informática Júnior e Informática para a terceira idade. Outras informações podem ser obtidas pelo telefone (51) 3029-3633 ou pelo e-mail: [email protected] FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 25 – Maio 2007 Aperfeiçoamento em informática 41 Cultura para todos e por toda a parte Festivais de teatro apresentam várias linguagens em espaços diferentes. Além disso, os valores dos ingressos variam a ponto de sempre haver uma peça no tamanho do bolso do espectador em de muito a crença de que teatro é forma de entretenimento e cultura para classes mais abastadas, cujo hábito de freqüentar esses espaços quase passa de geração a geração. Dois fatores, no entanto, vem modificando essa percepção: o alto custo dos ingressos de cinema e a proliferação de festivais teatrais, que aliam preços acessíveis e diferentes opções de linguagens. Somente em Porto Alegre, o calendário cultural já destina pelo menos quatro datas Número 25 – Maio 2007 Luciano Bergamasche/Cia. 4 Produções C U LT U R A V 42 para ver. Dá para se programar com antecedência e combinar com amigos para aproveitar bem.” E não é só o público que ganha com essas ações: os grupos teatrais também aplaudem as iniciativas. Para Dilmar Messias, diretor da Companhia Circo Girassol, de Porto Alegre, os festivais são fundamentais para a troca de informações entre as diferentes culturas. “Mas esses encontros fazem mais: deixam as pessoas em contato com a realidade, porque a arte é a expressão da realidade, da cultura e leva à reflexão”, pondera. Primeiros passos Os festivais também cumprem uma função extra: podem ser um chamariz para que o público desenvolva o hábito de ir ao teatro. Messias acredita que existam os “espectadores de festival”, ou seja, pessoas que só freqüentam o Kiran/ Cia. Circo Girassol Ricardo Gabriel/Centro Teatral Etc e Tal Elenize de Barro/Delírio Cia. para festivais de teatro: janeiro, maio, julho e setembro. Nesses meses, o número de pessoas que passam a freqüentar o teatro aumenta consideravelmente. É o caso do advogado João Cláudio Pizzato Sidou. “O preço do ingresso fica muito mais acessível, e também é muito legal saber que todo dia tem uma peça FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS teatro nessas ocasiões. “Alguns têm interesse em aprimorar seus conhecimentos e inserir-se culturalmente.” Para esses, o pontapé inicial pode estar aqui. Quem também acredita nisso é a atriz e diretora da Companhia Brasileira de Mystérios e Novidades, do Rio de Janeiro, Ligia Veiga. Ela afirma que esses eventos propiciam uma expansão na visão do que se faz no teatro, C U LT U T R A Fique de olho Denise Benevides/Grupo Amok balhos no Festival Palco Giratório Sesc, que acontece em Porto Alegre durante o mês de maio (veja box). O evento acontece nas cidades de Recife, Cuiabá, Brasília, Florianópolis, São Paulo, Porto Alegre e Fortaleza. Além das peças, o festival organiza oficinas e debates sobre temas culturais. Essa é uma das ações do projeto Palco Giratório, que foi criado em 1998 para auxiliar na difusão das artes cênicas no Brasil. De lá para cá, os números cresceram e impressionam: já são 104 grupos, 750 trabalhadores de artes cênicas, 2.300 apresentações, 1.600 debates, 4 mil horas de oficinas e 800 mil espectadores em 120 cidades. Muitos grupos reconhecidos nacionalmente ganharam projeção via Palco e, hoje, mantêm espaços em suas agendas especialmente para o projeto. Em sua segunda edição na capital gaúcha, a iniciativa tem alargado os horizontes dos porto-alegrenses com grupos de todo o país. Em 2006, 25 espetáculos foram apresentados para 3.200 mil espectadores. Para Ligia, que estará na cidade com a peça Navelouca, o PalJackeline Nigri/Cia de Teatro Artesanal co é um dos projetos mais importantes do Brasil. “Ele dá espaço especialmente para grupos que não estão inseridos na mídia de massa. Seria preciso haver mais projetos, governamentais até, com esse modelo tão completo e que leva a cultura de forma muito mais democrática.” FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 25 – Maio 2007 Lucas Sancho/Bagaceira de Teatro Tanto Messias quanto Ligia vão apresentar seus tra- Festival Palco Giratório Sesc se realiza em Porto Alegre até o dia 31 de maio. Durante o período, mais de 30 espetáculos serão apresentados para o público, entre produções gaúchas e nacionais. As peças estarão em cartaz no Teatro do Sesc Centro, no auditório do Sesc Campestre, no Café Concerto e no Parque da Redenção e são voltadas aos públicos adulto e infantil. Os ingressos variam entre R$ 5 e R$ 10. Os espetáculos apresentados no parque têm entrada franca. Informações sobre endereços e horários no site www.sesc-rs.com.br/artesesc. Cláudio Etges/Oi Nóis Aqui Traveiz Nova opção O Ana Limp/Grupo Amok chamando a atenção para o que é produzido culturalmente em todo o país. Isso serve para quem faz e quem assiste. “A televisão só divulga aquilo que é produzido pelos seus próprios profissionais, e o espectador acaba por conhecer apenas esse tipo de peça. Quem está fora do meio não ganha tanta divulgação, e isso dificulta a inserção de grupos em cidades onde não há festivais.” Outro trunfo dos festivais está na democratização da cultura, por meio de espetáculos que ocupam espaços alternativos, como locais públicos e a própria rua. Geralmente com entrada franca, essas apresentações atingem um público que, em princípio, não tem condições nem costume de ir aos espetáculos. “Acho importante que esse tipo de apresentação aconteça como uma forma de propiciar essa forma de lazer a pessoas que normalmente não têm acesso ao teatro”, comenta o advogado Sidou. Para Ligia, cujo trabalho na Cia. Brasileira de Mystérios tem base em teatro de rua, ainda há alguma resistência quanto à linguagem, e os festivais auxiliam na valorização do estilo. “Os patrocinadores, às vezes, acreditam que não há necessidade de muita verba, já que utilizamos um espaço aberto, mas não é assim que funciona. Ainda falta investimento nessa forma de teatro.” 43 Rosi Boninsegna/Fecomércio-RS Número 25 – Maio 2007 V I S Ã O T R A B A L H I S TA Antônio Job Barreto* 44 Os pisos e a intervenção do Estado ram para manter seus negócios e empregados nesses anos de crise. Ressalte-se que no mesmo período o governo estadual não contemplou seus servidores com a recomposição cheia da inflação. Com efeito, as leis que fixaram pisos salariais aciais uma vez o governo estadual está ma dos índices inflacionários no Estado de 2001 a diante do impasse referente à necessidade ou não de remeter projeto de 2006 interferiram de tal forma nas relações de tralei à Assembléia Legislativa fixando pisos sa- balho que dificultaram a criação de novos postos de trabalho. Ademais, a elevação artificial dos pisos somenlariais estaduais a partir de maio de 2007. Sempre sustentamos que o Executivo, te traz conseqüências negativas aos trabalhadores, como o aumento nas taxas de desemprego ao fixar piso salarial para cae na informalidade. O reajuste somentegorias organizadas, passa a Cabe aos atores te é admissível quando a economia interferir diretamente nas das relações entre demonstra condições de suportá-lo. negociações coletivas de tracapital e trabalho O atual governo do Estado, de balho. É cristalino que o Esforma clara, tem se posicionado no tado deve ficar à margem das a construção sentido de que frente suas dificulnegociações coletivas de trados mecanismos de dades econômicas não há condições balho, pois cabe somente aos garantia salarial de concessão de reajustes salariais atores das relações entre capara o funcionalismo público. Aspital e trabalho a construção dos mecanismos de garantia salarial e a fi- sim, acreditamos que o Executivo terá este mesmo xação de condições de trabalho. O sindi- entendimento para o setor privado, frente às condicalismo operário gaúcho não precisa de um ções econômicas adversas que afetaram diretamente os empregadores do Estado do Rio Grande do Sul “Estado babá”. Nos últimos anos os reajustes dos pi- nos últimos anos e se refletiram na receita do Estado, sos salariais foram fixados acima dos índi- sob pena de novamente ocorrer elevação artificial de ces inflacionários, apesar das sérias dificul- salários com reflexos negativos no nível de emprego. M dades financeiras que os comerciantes e prestadores de serviços do Estado sofre- FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS * Integrante de Flávio Obino Filho Advogados Tem, mas acabou Mesmo que o consultor critique a “emenda” e recomende sempre ações preventivas, em casos como o da cerveja quente vale oferecer um produto similar pelo mesmo preço daquele solicitado ou até mesmo proporcionar à pessoa uma nova visita ao bar, sem qualquer custo. Outro erro comum observado no comércio é a indiferença. Porém, o consultor alerta: “Se você já não cumpriu o que o cliente esperava, o mínimo que pode fazer é se colocar à disposição para tudo que ele precisar”. Como exemplo, Carvalho de Araújo cita lojas que, depois de terem convencido o comprador a levar um produto de outra marca por não terem a desejada, não querem mais saber de possíveis problemas ou dúvidas. “Colocar um técnico a serviço dessa pessoa seria uma atenção valorizada, da mesma forma que se oferecer para eventuais trocas”, sugere o especialista. “Só o que conquista o consumidor é o atendimento. Se você tiver que escolher entre um local onde foi bem atendido e outro em que não aprovou o tratamento despendido, qual seria a sua opção?” FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS MERCADO N Se o seu negócio costuma utilizar a frase acima para os clientes, está na hora de rever o sistema de planejamento. Prometer e não cumprir pode se transformar em uma verdadeira antipropaganda Número 25 – Maio 2007 em todas as empresas precisam investir em modernos sistemas de planejamento, mas qualquer estabelecimento comercial precisa ter um controle eficiente de estoque, para evitar falhas. O famoso “tem, mas acabou”, utilizado de restaurantes a lojas de eletroeletrônicos, pode não apenas irritar o consumidor, como gerar uma propaganda contrária aos empreendimentos em efeito cascata. Bebidas que estão no cardápio e quando o cliente pede não estão geladas, marcas que estão “em falta” e ausência de numeração para roupas e calçados são apenas alguns exemplos da negligência com o estoque. Para Ênio Carvalho de Araújo, diretor da baiana Marketing Consultoria, Idéias e Resultados, trata-se de descaso com o cliente, única fonte de lucro de qualquer negócio. “Creio que na maioria dos casos o problema é amadorismo e falta de preparo por parte do gestor, que não sabe como atuar dentro do seu segmento”, avalia o consultor. Ingenuidade ou não, a situação não pode ser corriqueira, pois acarreta uma péssima imagem do estabelecimento. “O que nutre uma empresa é o cliente. Se ele ficar insatisfeito com um produto, serviço ou atendimento, não vai mais voltar e ainda vai falar mal do lugar para seus amigos”, previne Carvalho de Araújo. Assim, prometer ou oferecer algo que não se pode cumprir pode ser pior do que não oferecer: “Se a cerveja mais barata do cardápio está quente, o cliente vai interpretar que o lugar está querendo vender as mais caras. Isso passa uma idéia de aproveitamento e antipatia com o consumidor”. 45 Rosi Boninsegna/Fecomércio-RS Os contribuintes e suas vitórias Número 25 – Maio 2007 VISÃO TRIBUTÁRIA Rafael Pandolfo* 46 Outra importante decisão foi proferida pela Justiça Estadual gaúcha. O Primeiro Grupo Cível do TJ-RS considerou inválida a fixação de qualquer exigência pela Fazenda Estadual como condição à emissão, pela mesma, Justiça brasileira proferiu recentes e de Autorização para Impressão de Documentos Fiscais. importantes decisões em favor dos Assim, as empresas que desejam discutir seus débitos contribuintes. A primeira diz respeito na Justiça não terão suas atividades prejudicadas pela ao reconhecimento, pelo STF, da incons- dificuldade na obtenção de notas fiscais. Tampouco setitucionalidade da exigência do depósito re- rão compelidas ao parcelamento de um débito que encursal, ou arrolamento de bens, no processo tendem indevido ou abusivo. administrativo tributário. A legislação tribuAs decisões acima referidas estabelecem um limite tária federal, assim como diclaro às pretensões arrecadatórias imversas legislações esparsas, plementadas por intermédio de técA eliminação exige como condição ao ennicas indiretas de cobrança, dotadas de entraves caminhamento do recurso de clara índole punitiva. Para um país burocráticos aumenta interposto pelos contribuinem desenvolvimento, com diversos tes em processos administraproblemas estruturais, a eliminação de o cenário de segurança tivos ao órgão recursal entraves burocráticos e a possibilidapara empresários (Conselho de Contribuinde de acesso aos órgãos administratie investidores tes, por exemplo) a realizavos técnicos para resolução de quesção de um depósito (ou artões fiscais aumentam o cenário de serolamento de bens em garantia) no valor gurança para empresários e investidores. Isso porque reequivalente a um percentual do débito afirmam a eficácia de garantias essenciais à estabilização discutido. Essa exigência, muitas vezes, im- de um estado democrático de direito, no qual o interespede que os contribuintes tenham acesso se público é cumprir a Constituição Federal, não se conaos conselhos administrativos recursais, que, fundindo com interesse arrecadatório. Por fim, revelam ao contrário dos órgãos julgadores de primei- o importante papel do criticado Poder Judiciário, dentro ra instância, são constituídos também por re- do sistema de freios e contrapesos do jogo democrático. presentantes dos contribuintes, além da pre*Consultor tributarista da Fecomércio-RS ponderante representação fazendária. A FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS PA R A L E R Os caminhos da aprendizagem “Precisamos aprender a ler o ambiente, a perceber sinais, a refletir sobre o significado disso em nossa vida, na organização e, assim, realizar mudanças, quer seja no nível pessoal, profissional, coletivo ou empresarial, que nos coloquem em condição mais favorável frente aos cenários do mundo atual.” tivamente ligado ao Programa Gaúcho da Qualidade e Produtividade (PGQP) e ao Movimento Brasil Competitivo, o engenheiro Eduardo Guaragna tem experiência em gestão da qualidade. Coordenador do Sistema de Gestão Empresarial da Copesul, conduziu o processo que levou a empresa a ganhar o Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ), em 1997. Guaragna inspirou-se no conhecimento obtido nessas vivências para rea- A lizar a obra Desmistificando o aprendizado organizacional, lançada no dia 4 de abril durante a 41ª Reunião da Qualidade, promovida pelo PGQP em Porto Alegre. Fruto de uma pesquisa de mestrado, o livro traça um perfil amplo das questões inerentes à aprendizagem no âmbito corporativo. A primeira metade da obra esquadrinha conceitos relacionados ao tema, revisitando diversos especialistas do setor. Equilibrando o tratamento acadêmico dado ao trabalho, são apresentadas situações reais vividas por empresas fictícias, com o intuito de provocar a reflexão do leitor. Na segunda parte, três grandes empresas viram alvo de análise: Cetrel, Suzano Bahia Sul Celulose e Gerdau Aços Finos Piratini. O autor traça os processos de aprendizagem verificados nesses empreendimentos, complementando o estudo de caso com trechos de entrevistas feitas junto aos gestores. Desmistificando o aprendizado organizacional Autor: Editora: No de páginas: Eduardo Guaragna Qualitymark 360 A terceira e última seção é destinada a apresentar o Sistema de Aprendizado Organizacional de Excelência (SAOEx), criado por Guaragna para auxiliar as empresas a desenvolverem seus próprios processos de aprendizagem. Por meio dele, empresas de médio e grande portes podem encontrar o caminho para permanecerem competitivas em um mercado em constante transformação. leia também Número 25 – Maio 2007 Ferramentas Criativas 48 Em Pense fora do quadrado (editora Futura, 128 páginas), o consultor Norman Meshriy apresenta estratégias inovadoras para superar dificuldades, estabelecer boas relações pessoais no trabalho, lidar de forma positiva com pessoas difíceis e desenvolver as habilidades fundamentais exigidas pelo mercado. FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Crédito no varejo Lançado em abril, Crédito no varejo para pessoas físicas e jurídicas (editora IBPEX, 160 páginas), de Sérgio Kazuo Tsuru e Sérgio Alexandre Centa, serve de material de apoio para empresas de diversos ramos que desejam conhecer os principais conteúdos envolvidos nas operações de crédito. CRÔNICA Por Moacyr Scliar Comércio & democracia do folclore brasileiro e aparece até em anúncios de tevê. Alguém está ao balcão (de uma loja, de uma mercearia, de qualquer coisa). Entra um cliente e faz uma solicitação: quer um determinado tipo de presunto, por exemplo. E aí vêm as respostas típicas: “Acabou agora mesmo”, ou “Desse não disponho, mas tenho coisa muito melhor.” Por maior que seja a amabilidade do vendedor, a reação do potencial comprador será de frustração. E essa frustração remete a um antigo problema endêmico e histórico em nosso país. Há duas maneiras de fazer comércio. Uma é a maneira democrática; parte do princípio de que o freguês sempre tem razão (ou, pelo menos, tem suas razões). Portanto, a satisfação do cliente é um objetivo altamente prioritário, é a razão de ser da atividade comercial. A outra maneira é a aristocrática. Esta parte do princípio que o freguês nunca tem razão. Na verdade, o dito freguês é apenas um acidente de percurso, um ser estranho (um ET, talvez) que, de alguma maneira, penetrou no augusto recinto do estabelecimento. Alguém perguntará: mas como pode o comércio ser aristocrático, se a aristocracia sempre desprezou o comércio, como aliás sempre desprezou o trabalho em geral? Boa pergunta. Acontece que, em certas situações, a aristocracia não podia depender só de ren- das. E aí entrou na atividade comercial. Mas entrou contrariada, irritada. Com o que os clientes tornaram-se bodes expiatórios. No caso do Brasil, o que aconteceu foi uma variante desse processo. Os primeiros povoadores eram, não raro, aventureiros, gente que vinha para cá com o propósito de enriquecer e cair fora o mais rápido possível. Muitos, contudo, tiveram de ficar. Ficando, viam-se a si próprios como uma espécie de aristocracia. Quando dirigiam estabelecimentos comerciais, faziam-no com a arrogância de aristocratas. Felizmente essa arrogância foi neutralizada pelo fato de que brasileiro, em geral, é boa praça. Assim, o tratamento dado ao cliente acabou se caracterizando pelo sorriso, pela gentileza. Mas não pela organização. O que, de novo, é um resíduo da suposta aristocracia. Gente fina não precisa se preocupar com detalhes como esse, de ter um estoque organizado. Clientes compram o que estiver disponível, e estamos conversados. A desorganização do estoque reflete, portanto, uma postura histórica. Que, aos poucos, o Brasil está corrigindo. A duras penas estamos aprendendo o que é democracia, o que são os direitos das pessoas. Direitos que valem em qualquer lugar. Inclusive no balcão da loja ou da mercearia. Número 25 – Maio 2007 A cena, com muitas variantes, faz parte FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS 49 maio 02 Teatro A G E N D A Início do 2º Festival Palco Giratório Sesc/POA, que reunirá 30 espetáculos em Porto Alegre, entre produções nacionais e regionais, além de oficinas e debates (veja matéria na página 42). Informações: www.sesc-rs.com.br/artesesc ou (51) 3284-2070. 05 Cultura Encerramento da Feira do Livro Cultural de Taquara, realizada em parceria entre a Prefeitura Municipal e o Sesc-RS. Informações: (51) 3541-2022. O evento acontece no Espaço Cultural Albano Hartz, no calçadão de Novo Hamburgo. Porto Alegre. O Senac-RS é apoiador prata do evento. Informações: www.abrhrs.com.br/ congregarh. 13 20 Literatura Encerramento da 22ª Feira do Livro de Bento Gonçalves, que tem copromoção do Sesc-RS. Esporte Primeira etapa do Circuito Sesc de Minimaratona 2007 em Farroupilha. 25 14 Empreendedorismo Gastronomia Início da Semana do Empreendedor em Santa Cruz do Sul, que terá oficinas do Senac-RS. Início da Festa do Milho e Feijão, em Venâncio Aires, que terá duas oficinas de gastronomia ministradas pelo Senac-RS. RH 27 Começo do Congregarh e da Expo Congregarh 2007, na PUCRS, em Beleza 06 19 Negócios Solidariedade Encerramento da Fenegócios, em Alegrete, que teve estande institucional da Fecomércio-RS. Informações: www.fenegocios.com.br. Realização do Dia da Solidariedade, no Parque da Redenção, em Porto Alegre. O Sistema Fecomércio disponibilizará diversos serviços à comunidade. Informações: www.diadasolidariedade.com.br 08 Primeiro dia do 20º Sul Beleza, em Porto Alegre. Informações: www.sulbeleza.com.br. 29 OdontoSESC Lançamento da Carreta OdontoSESC em Sentinela do Sul. Informações: (51) 3671-6492. 50 Início da Semana da Saúde de Novo Hamburgo, que contará com palestras e atividades promovidas pelo Senac-RS para profissionais e estudantes das áreas de Saúde, Ciências Biológicas e do Bem-Estar. FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS 30 Saúde Divulgação/Senac-RS Número 25 – Maio 2007 Saúde Dia do Desafio 2007, que acontecerá em mais de 340 municípios gaúchos (veja nota na página 10).