Luís Manuel Moreno da Costa
TIS 4
ESCOLA SECUNDÁRIA COM 2º E 3º CICLOS ANSELMO DE ANDRADE
Curso de Educação e Formação de Adultos (nível secundário)
Área: Cultura, Língua e Comunicação
UFCD6: Urbanismo e Mobilidade
RA 4: Mobilidades Locais e Globais
Critérios de Evidência:
- Actuar compreendendo as causas económicas, políticas e culturais dos fluxos migratórios das populações e
reconhecendo a importância do multiculturalismo para a diversidade da oferta cultural.
- Actuar individual e colectivamente na defesa do património linguístico comum da língua portuguesa e do seu papel e
lugar no mundo, compreendendo a sua importância económica, histórica e cultural a par com outras línguas.
- Actuar no mundo global, tendo em conta que a língua é um elemento essencial do funcionamento das sociedades e
das relações entre as pessoas de diferentes origens sociais e culturais, e um factor indiscutível de integração.
EMIGRAÇÃO PORTUGUESA NO MUNDO
Portugal têm sido desde o século XV um país de emigrantes, facto que acabou por condicionar toda a sua
história. Nos século XV e XVI a emigração dirigiu-se sobretudo para as costas do norte de África (Marrocos), ilhas
atlânticas (Açores, Madeira, São Tomé, Cabo Verde, Canárias) e depois da descoberta do caminho marítimo para a
Indía (1498) espalha-se pelo Oriente, mantendo-se muito activa até finais do século XVIII.
Em meados do século XVI aumenta a emigração para o Brasil, o qual acaba por se tornar no século XVII no
principal destino dos portugueses, o que se manterá sem grandes oscilações até finais dos anos 50 do século XX.
Em finais do século XIX os portugueses começam a procurar activamente novos destinos alternativos ao
Brasil, quer na Europa, quer no outro lado do Atlântico. Ao longo do século XX, fora da Europa, espalham-se pelos
EUA, Argentina, Venezuela, Canadá, Austrália, etc. O fluxo emigratório para África aumenta, em especial para
Angola, Moçambique e outras regiões da África Austral como a África do Sul, Zimbabwe ou o Congo.
A grande debandada do país, ocorre todavia a partir de finais dos anos 50, e dirige-se agora para a Europa:
França, Alemanha, Bélgica, Holanda, Luxemburgo, Suíça, etc. O impacto deste surto emigratório será tão forte que
abala toda a sociedade portuguesa. Em menos de dez anos, imigram para a França, por exemplo, mais de um milhão
portugueses.
A emigração portuguesa, apesar de todos os entraves continuou até aos nossos dias, embora numa dimensão
mais modesta, assumindo agora um carácter temporário, e cada vez mais ligada a investimentos económicos,
realização de estudos, actividades profissionais, etc.
Carlos Fontes, imigrantes.no.sapo.pt
Século XX
Na primeira metade, a emigração continua a dirigir-se para o outro lado do atlântico (Brasil, EUA,
Argentina, Venezuela, Uruguai, etc ), e depois da 2ª. Guerra Mundial também para o e depois para o Canadá. A partir
dos anos 50, os emigrantes portugueses rumam sobretudo para a Europa (França, Alemanha, Bélgica, Holanda, GrãBretanha, Suíça, Luxemburgo, Suécia, etc.).Registam-se também importantes fluxos emigratórios para a Austrália.
A política de colonial do anterior regime, sobretudo a partir dos anos 30 do século XX, provocou igualmente
um importante fluxo de emigrantes para as ex-colónias (Angola, Moçambique, São Tomé e Principe, Guiné-Bissau,
Estado da Indía (Goa, Dão e Diu), Macau, Timor). Apesar do número destes emigrantes ter aumentado
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continuamente até aos anos 70, foi sempre inferior ao daqueles que rumavam para o Brasil e a França. A emigração
para a África do Sul, sobretudo entre 1964 e 1967, atinge valores muito elevados.
Os números sobre a emigração de portugueses, neste período, são impressionantes. Entre 1958 e 1974, as
estatísticas oficiais registam que 1,5 milhões de indivíduos tenham abandonado Portugal. Em 1973, por exemplo,
foram 123 mil. No ano seguinte, mesmo após todas as restrições à emigração por toda a Europa, saíram do país 71
mil pessoas.
Nos anos oitenta e noventa a emigração continua, sobretudo para a Alemanha e a Suíça. O fenómeno mais
importante foi todavia, primeiro o repatriamento de emigrantes das ex-colónias (1974-1977), e depois o retorno de
emigrantes dos país europeus (reformados) a partir dos anos oitenta.
A emigração portuguesa, ainda está por estudar em toda a sua extensão e implicações. Ao longo de quase
seis (6) séculos muitos milhões de portugueses espalharam-se por todo o mundo. Muitas vezes fizeram-no por razões
culturais, outras por espírito de aventura, mas quase sempre por motivos de sobrevivência. Convém não esquecer
este ponto, numa altura que chegam a Portugal centenas de milhares de imigrantes à procura de melhores condições
de vida que não possuem nos seus países de origem.
Carlos Fontes, imigrantes.no.sapo.pt
I
Os portugueses são um povo que, ao longo da sua história, se dispersou por todo o mundo. No entanto, houve
fluxos migratórios massivos, como a emigração para África (a partir dos anos 30 do séc. XX) ou para a Europa (a
partir dos finais dos anos 50 do mesmo séc.).
1.
Explique os diferentes motivos que estarão na origem dessas correntes migratórias.
Durante os anos 30, a emigração portuguesa para o continente africano deveu-se
essencialmente à política do Estado Novo, para o povoamento e controle das colónias
ultramarinas, mas foi muito influenciada pela queda da bolsa em 1929, que deu origem a
uma grave crise económica na Europa e na América, diminuindo os fluxos migratórios para
estes dois continentes.
No final dos anos 50, início dos anos 60, as difíceis condições de vida em Portugal, com
grande pobreza e desemprego nas aldeias do interior, a fuga à guerra colonial e as
necessidades de mão obra dos países mais industrializados, levaram os portugueses a
emigrar principalmente para os países do continente europeu, atraídos pelos salários mais
elevados e pela esperança de melhores condições de vida.
Em geral, os fenómenos migratórios implicam o surgimento de redes ilegais que os alimentam.
2.
Analise este fenómeno no contexto da realidade portuguesa.
Até 1974 os movimentos migratórios de Portugal para o estrangeiro eram na sua maioria
feitos através de redes clandestinas que mediante um determinado pagamento levavam os
portugueses a atravessar clandestinamente as fronteiras (passagem a salto) até ao país de
acolhimento. Ao chegarem ao seu destino, situações de racismo, xenofobia e exploração
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eram frequentes e só a difícil situação económica e fragilidade dos emigrantes, fazia com
que estes aceitassem condições de vida (Bidonville) e de trabalho humilhantes.
A entrada de Portugal para a Comunidade Europeia e o grande desenvolvimento
económico consequente, transformaram Portugal num oásis para a imigração,
principalmente do Brasil e dos países de Leste. Grande parte destes imigrantes entrava
ilegalmente em Portugal, através de pagamentos a redes organizadas, ligadas à Mafia dos
países de Leste, especialistas no tráfico de pessoas. Foi a vez de empresários portugueses
sem escrúpulos se aproveitarem da situação precária desses emigrantes para os explorarem.
Em 2008, a crise económica e social, com o aumento desenfreado do desemprego, levou
de novo os portugueses a emigrar em grande escala. Embora a emigração clandestina seja
agora meramente residual, assistimos ao aparecimento de novas redes ilícitas, que recebem
pagamentos chorudos, acenando com contratos de trabalho, principalmente para a
construção civil no estrangeiro, que na maioria dos casos não passam de fraudes
encapotadas que levam os portugueses para situações de grande desespero e até de
escravatura humana.
II
O português no mundo
O mundo lusófono (que fala português) é avaliado hoje entre 190 e 230 milhões de pessoas. O português é a
oitava língua mais falada do planeta, terceira entre as línguas ocidentais, após o inglês e o castelhano.
O português é a língua oficial em oito países de quatro continentes:
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Angola (10,9 milhões de habitantes)
Brasil (185 milhões)
Cabo Verde (415 mil)
Guiné Bissau (1,4 milhão)
Moçambique (18,8 milhões)
Portugal (10,5 milhões)
São Tomé e Príncipe (182 mil)
Timor Leste (800 mil).
1.
Portugal faz parte da CPLP. Visite o site desta organização, resuma o seu historial e destaque os seus
objetivos.
O primeiro passo no processo de criação da CPLP foi dado em São Luís do Maranhão, em
Novembro de 1989, por ocasião da realização do primeiro encontro dos Chefes de Estado e de
Governo dos países de Língua Portuguesa - Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau,
Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe, a convite do Presidente brasileiro, José Sarney.
Na reunião, decidiu-se criar o Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), que se ocupa
da promoção e difusão do idioma comum da Comunidade.
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A ideia da criação de uma Comunidade reunindo os países de língua portuguesa, nações
irmanadas por uma herança histórica, pelo idioma comum e por uma visão compartilhada do
desenvolvimento e da democracia, já tinha sido suscitada por diversas personalidades. Em
1983, no decurso de uma visita oficial a Cabo Verde, o então ministro dos Negócios
Estrangeiros de Portugal, Jaime Gama, referiu que "O processo mais adequado para tornar
consistente e descentralizar o diálogo tricontinental dos sete países de língua portuguesa
espalhados por África, Europa e América seria realizar cimeiras rotativas bienais de Chefes de
Estado ou Governo, promover encontros anuais de Ministros de Negócios Estrangeiros, efetivar
consultas políticas frequentes entre diretores políticos e encontros regulares de representantes
na ONU ou em outras organizações internacionais, bem como avançar com a constituição de
um grupo de língua portuguesa no seio da União Interparlamentar". O processo ganhou
impulso decisivo na década de 90, merecendo destaque o empenho do então Embaixador do
Brasil em Lisboa, José Aparecido de Oliveira.
Em Fevereiro de 1994, os sete ministros dos Negócios Estrangeiros e das Relações
Exteriores, reunidos pela segunda vez, em Brasília, decidiram recomendar aos seus Governos a
realização de uma Cimeira de Chefes de Estado e de Governo com vista à adoção do ato
constitutivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.
A CPLP assume-se como um novo projeto político cujo fundamento é a Língua Portuguesa,
vínculo histórico e património comum dos Oito – que constituem um espaço geograficamente
descontínuo, mas identificado pelo idioma comum. Esse fator de unidade tem fundamentado,
no plano mundial, uma atuação conjunta cada vez mais significativa e influente. A CPLP tem
como objetivos gerais a concertação política e a cooperação nos domínios social, cultural e
económico. Para a prossecução desses objetivos a Comunidade tem promovido a coordenação
sistemática das atividades das instituições públicas e entidades privadas empenhadas no
incremento da cooperação entre os seus Estados-membros.
A Organização tem como objetivos gerais a concertação político-diplomática entre seus
estados membros, nomeadamente para o reforço da sua presença no cenário internacional, a
cooperação em todos os domínios, inclusive os da educação, saúde, ciência e tecnologia,
defesa, agricultura, administração pública, comunicações, justiça, segurança pública, cultura,
desporto e comunicação social, a materialização de projetos de promoção e difusão da língua
portuguesa.
III
O multiculturalismo implica basicamente a transição de uma cultura homogénea para sociedades onde
coabitam várias culturas. São duas as estratégias de inclusão: ou se isolam aqueles que são diferentes em ‘minorias’
e se reduzem a uma representação ‘simbólica’ na cultura dominante, quando a ela são assimilados; ou se procuram
integrar as diferenças culturais, descentrando-se os valores culturais tradicionais, em respeito pela pluralidade e
diversidade, e questionando-se os esquemas de poder em vigor, em prol da justiça social.
Considerando as características do mundo actual, o multiculturalismo é um fenómeno irreversível.
1-
Analise o seu potencial para gerar conflitos sociais e o seu potencial para enriquecer as sociedades
destacando alguns desses aspetos.
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Multiculturalidade refere-se à existência de várias culturas numa localidade, cidade ou país,
onde geralmente existe uma cultura predominante.
No entanto, a multiculturalidade está muito ligada às migrações internas e externas, e
algumas tradições culturais, como a poligamia e a mutilação genital feminina, não são aceites
pelas leis e pelas culturas predominantes e dão origem a divergências e conflitos, que só
podem ser minimizados e resolvidos através do diálogo e respeito pela diversidade cultural.
Nenhuma cultura é mais importante que a outra. A diversidade cultural são as diferenças
culturais que existem entre os seres humanos, como a língua, as tradições e costumes, a
religião, comportamentos e valores, entre outras.
A diversidade cultural, baseada no conceito de pluralidade, variedade e heterogeneidade,
convivendo em tolerância mútua, pode ser muito importante na evolução das sociedades.
2- Caracterize o fenómeno da tolerância religiosa no mundo ocidental e compare-a com o integrismo
característico de outras culturas.
Todos têm direito a escolher a sua própria religião, de acordo com os valores e princípios de
cada um.
No entanto, os conflitos causados pela intolerância religiosa sempre existiram e não vemos
perspetivas de acabarem nos tempos mais próximos.
Embora a democracia nas sociedades ocidentais, com Estados laicos a garantir uma
aparente maior tolerância religiosa, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e
garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto, não nos podemos esquecer das
guerras santas e da Inquisição na Idade Média, dos conflitos entre católicos e protestantes na
Europa, principalmente, na região da Irlanda e o preconceito em relação aos mulçumanos, quando
grupos de terroristas utilizam o islamismo como justificativa de suas investidas.
Uma sociedade ocidental cada vez mais individualista e onde o fervor da religião tem vindo a
diminuir, dando lugar a um número cada vez maior de agnósticos e ateus, acaba por ser mais tolerante
ou indiferente no que à religião diz respeito.
No Médio Oriente, onde a religião é invocada como o principal motivo de conflitos e de disputas de
território, com cerca de 90% da população a praticar o Islamismo, com um sem número de
fundamentalistas religiosos a defenderem o integrismo para fins políticos e pior ainda, para fins
terroristas, os restantes 10% que praticam Cristianismo e o Judaísmo entre outras religiões, têm a vida
dificultada para professar a sua religião.
Os formadores
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Hélia Cruz e Jorge Carvalho
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