Boletim Ribeirão em Foco Ano I, Nº 01 Abril de 2007 Universidade de São Paulo Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto. Fundação para Pesquisa e Desenvolvimento da Administração, Contabilidade e Economia. O que é o Boletim Ribeirão em Foco? Fique de OLHO! • O Observatório do Setor Sucroalcooleiro da FEARP realizará Seminário sobre “Gestão de Risco no Setor Sucroalcooleiro”. Compareça! Dara: 16/04/07 às 19:30 Local: FEA-RP/USP • Invista em seu aprimoramento profissional: cursos de curta duração oferecidos pela Fundace. Saiba mais em: www.fundace.org.br 2 Inflação em Ribeirão: mais volátil que a nacional. Foco Micro ENEM-2006: Ribeirão se destaca na RARP. A análise de mercados específicos, especialmente do mercado de trabalho, será o tema da seção Foco Micro. Serão abordados tópicos relacionados ao fluxo de trabalhadores, buscando sempre destacar as especificidades de cada setor de atividade bem como de cada cidade da região. A seção é inaugurada com um panorama do mercado de trabalho local em que Ribeirão Preto desponta como pólo regional de prestação de serviços. Nas próximas edições, este texto inaugural dará lugar a uma tabela com os principais indicadores regionais, para acompanhamento dos leitores. A Coordenação. 3 O mercado de trabalho na região de Ribeirão Preto. Em Destaque Na seção Foco Macro, o leitor acompanhará as políticas econômicas, as taxas de inflação, o desempenho do produto, as relações econômicas e financeiras com outros países, entre outros temas, sempre com o foco sobre os possíveis impactos para a região de Ribeirão Preto. Neste primeiro número, essa seção traz uma comparação entre o comportamento do índice de inflação local e o nacional que serve de guia para a política monetária. O Boletim terá um espaço para temas variados que contribuam para o debate sobre os problemas e interesses locais – a seção Em Destaque, que nesta edição avalia as condições do ensino médio segundo o último Exame Nacional do Ensino Médio, destacando o desempenho de Ribeirão na RARP. Nesta edição: Foco Macro O Boletim Ribeirão em Foco é uma iniciativa de professores da FEA-RP/USP com o apoio da Fundace que objetiva divulgar, para um público amplo, parte do trabalho acadêmico de seu corpo de pesquisadores, contribuindo para o debate sobre os problemas e interesses da região de Ribeirão Preto. A Região Administrativa de Ribeirão Preto (RARP) é a delimitação geográfica e, além do município de Ribeirão Preto, inclui Altinópolis, Barrinha, Brodowski, Cajuru, Cássia dos Coqueiros, Cravinhos, Dumont, Guariba, Guatapará, Jaboticabal, Jardinópolis, Luís Antônio, Monte Alto, Pitangueiras, Pontal, Pradópolis, Santa Cruz da Esperança, Santa Rosa do Viterbo, Santo Antonio da Alegria, São Simão, Serra Azul, Serrana, Sertãozinho e Taquaral. 4 Boletim Ribeirão em Foco Contato: [email protected] Coordenadores do projeto: Profª. Drª. Elaine Toldo Pazello Prof. Dr. Luiz Guilherme Dácar da Silva Scorzafave Profª. Drª. Roseli da Silva Estagiários: Fernanda Yoshida, Mariana Vilar de Almeida e Severino Serafim Rodrigues. Apoio: Fundace—Fundação para Pesquisa e Desenvolvimento da Administração, Contabilidade e Economia. As análises e opiniões aqui divulgadas são de responsabilidade exclusiva de seus autores, não refletindo a opinião da USP, da FEA-RP ou da Fundace. Página 2 Boletim Ribeirão em Foco Inflação em Ribeirão: mais volátil que nacional Foco Macro locais em relação ao índice que guia a gestão da política monetária nacional – o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), produzido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e que cobre em sua amostra as regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre, além de Brasília e Goiânia. Já o índice local é o Índice de Preços ao Consumidor Fipe-Moura Lacerda (IPC-RP), que abrange a cidade de Ribeirão Preto e vem sendo produzido desde novembro de 2003. A inflação medida por qualquer índice de preços reflete uma média dos preços para certa região de abrangência. Por outro lado, a inflação percebida por uma família pode ser diferente da percebida por outra, uma A média da inflação nacional, de janeiro de vez que essa percepção depende do conjun- 2004 a fevereiro de 2007 é de 0,44%, ento de bens e serquanto que a média viços consumidos local no mesmo Inflação local e nacional por cada uma período é de dessas famílias – 0,35%. Observa-se 2,0 IPC-RP IPCA o mesmo raciocígraficamente que o 1,5 nio se aplica para comportamento inflações mensugeral é bastante 1,0 radas em regiões semelhante para geográficas distinambos os indicado0,5 tas. res, porém com a 0,0 média local sendo Dessa forma, e mais baixa em dispondo de um -0,5 2005 e 2006 devido indicador de preàs fortes deflações -1,0 ços local, buscaverificadas em jumos aqui avaliar nho desses mesmo -1,5 o comportamenanos. Fontes: IBGE e Fipe-Moura Lacerda to dos preços ja n/ ab 04 r/ 04 jul /0 ou 4 t/ 0 ja 4 n/ ab 05 r/ 05 jul /0 ou 5 t/ 0 ja 5 n/ 0 ab 6 r/ 0 jul 6 /0 ou 6 t/ 0 ja 6 n/ 07 “A diferença principal se dá na variabilidade mensal dos índices, ou seja, no “sobe-e-desce” dos preços. Esta variabilidade média, tecnicamente medida pelo desvio-padrão, é também conhecida como volatilidade.” No regime monetário de metas de inflação, que vigora no país desde junho de 1999, o governo tem como principal objetivo da política monetária a manutenção da estabilidade de preços da economia como um todo. Este objetivo tem sido alcançado com relativo sucesso e a inflação brasileira tem se mantido em um patamar baixo e com pouca variação ao longo do tempo. Total 2004 2005 2006 Total 2004 2005 2006 Médias Nacional Local 0,444 0,351 0,613 0,615 0,463 0,296 0,258 0,132 Desvios-padrão Nacional Local 0,247 0,532 0,189 0,419 0,251 0,634 0,217 0,386 Fontes: IBGE e Fipe-Moura Lacerda. Tabela de elaboração própria. Percepção é de maior instabilidade nos preços locais A diferença principal se dá na variabilidade mensal dos índices, ou seja, no “sobe-edesce” dos preços, que o gráfico acima ilustra bem. Esta variabilidade média, tecnicamente medida pelo desvio-padrão e também conhecida como volatilidade, é o que gera a percepção de maior ou menor instabilidade nos preços. A variabilidade média da inflação nacional no período completo é de 0,247%, enquanto que a local é mais que o dobro, medida em 0,532%. Ano a ano, também se verifica uma diferença considerável na volatilidade da inflação local comparada à nacional. Os dois índices apresentam uma associação positiva, porém apenas 46% da variabilidade da inflação local pode ser explicada pela variabilidade da nacional, o que permite concluir que as especificidades são mais importantes para compreendermos a inflação local do que as características da inflação nacional. Profª. Drª. Roseli da Silva (FEA-RP/USP) Ano I, Nº 01 Página 3 O mercado de trabalho da região de Ribeirão lis, Sertãozinho e Ribeirão Preto. No caso de Sertãozinho a presença de uma forte indústria ligada ao setor sucroalcooleiro explica este bom resultado. O destaque negativo é Cássia dos Coqueiros que tem a menor renda (R$535,31). Neste caso, fica claro que o potencial turístico do município (um setor emprego intensivo) pode ser bem melhor explorado. O mercado de trabalho formal na RARP é composto por cerca de 266 mil trabalhadores. Cerca de 67% estão no setor de comércio e serviços e apenas 5% na agropecuária; 36% são mulheres e 12% terminaram o ensino superior. Entretanto, estes números escondem um grande contraste entre as cidades da região. Por um lado, Pradópolis é a cidade que possui a maior porcentagem (75%) de trabalha- As diferenças entre as cidades também são dores na indústria, devido à presença da gritantes quanto à qualificação da mão-deusina de açúcar e álcool São Martinho. Por obra o que gera, em parte, as diferenças de outro, Guatapará possui a maior fração de renda entre as cidades. Cerca de 45% dos trabalhadores na agropecuária (47%). Já trabalhadores de Santo Antônio da Alegria Ribeirão Preto desponta no setor de comér- possuem até a 4ª série do ensino fundamental, enquanto em cio e serviços Renda Per Capita na Região de Ribeirão Preto (82% dos trabaRibeirão Preto lhadores no seeste número é de tor), funcionan8,1%. Por outro do como pólo lado, Ribeirão r egional de Preto possui 15% prestação de dos trabalhadores serviços. com ensino superior completo, Com relação à ficando em prirenda, Luiz Anmeiro lugar na tônio possui a região neste indimaior renda per cador, enquanto capita, devido à Santo Antônio da presença da Alegria tem apeVCP Papel e nas 6,6%. Celulose, seguida de PradópoR$ 1.530,87 Luiz Antônio R$ 1.168,81 Pradópolis R$ 1.159,36 Sertãozinho R$ 1.089,06 Ribeirão Preto Jaboticabal R$ 1.055,98 Pontal R$ 1.028,49 R$ 1.014,85 Sta Rosa de Viterbo R$ 968,73 Serrana R$ 912,18 Guariba R$ 898,61 Cravinhos Monte Alto R$ 897,81 Jardinópolis R$ 894,15 Pitangueiras R$ 887,82 R$ 762,90 Dumont R$ 754,02 Serra Azul Cajuru R$ 721,12 Barrinha R$ 681,88 Sta Cruz da Esperança R$ 680,96 R$ 664,89 Brodow ski Altinópolis Taquaral Sto Antônio da Alegria Cássia dos Coqueiros Pradópolis é a cidade que possui a maior porcentagem (75%) de trabalhadores na indústria. Já Ribeirão Preto desponta no setor de comércio e serviços (82% dos trabalhadores no setor), funcionando como pólo regional de prestação de serviços. R$ 735,21 São Simão Guatapará Foco Micro R$ 634,44 R$ 621,61 R$ 612,51 R$ 560,93 R$ 535,31 A participação das mulheres % de Mulheres entre os Trabalhadores na RARP Brodow ski A participação das mulheres entre os trabalhadores também é muito desigual na região. Enquanto em Brodowski metade dos trabalhadores são mulheres, e em Ribeirão Preto 42%, Pradópolis apresenta apenas 16% de mulheres, pois o emprego nesta cidade se concentra na indústria. Tradicionalmente a indústria e a agricultura absorvem menos mulheres que o setor de comércio e serviços. Segue ao lado o ranking completo. Prof. Dr. Luiz Guilherme Scorzafave (FEA-RP/USP) 50,4 Taquaral 48,5 Sta Cruz da Esperança 44,3 Cássia dos Coqueiros 42,2 Ribeirão Preto 41,9 Guatapará 40,2 Jardinópolis 38,3 São Simão 37,8 Serra Azul 37,8 Dumont 37,5 Monte Alto 35,6 Barrinha 35,0 Cajuru 32,7 Jaboticabal 31,7 Sto Antônio da Alegria 31,6 Altinópolis 28,8 Cravinhos 28,6 Serrana 27,9 Pontal 27,8 Guariba 26,6 Sertãozinho 25,6 Sta Rosa de Viterbo Pradópolis 45,1 40,0 39,7 37,7 34,3 33,4 32,0 17,5 15,7 14,4 13,7 11,2 9,9 8,1 30,4 Pitangueiras Luiz Antônio 1. Sto. A. Alegria 2. Pitangueiras 3. Pontal 4. Altinópolis 5. Serrana 6. Luiz Antônio 7. Sta C. Esperança 19. Sertãozinho 20. Monte Alto 21. Cravinhos 22. Dumont 23. São Simão 24. Brodowski 25. Ribeirão Preto 25,5 16,8 16,5 Municípios com as maiores e menores porcentagens de trabalhadores com até 4a série completa Ano I, Nº 01 Página 4 ENEM-2006: Ribeirão se destaca na RARP No inicio deste ano, o INEP (Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos), vinculado ao MEC, divulgou os resultados por escola do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Este exame, realizado uma vez por ano, é aplicado aos estudantes e egressos do ensino médio desde 1998. Antes dos resultados, quatro observações: 1) só tiveram as notas divulgadas aquelas escolas em que no mínimo dez de seus alunos concluintes fizeram a prova. É por esta razão que na análise aqui realizada, não aparecem os municípios de Taquaral e Santa Cruz da Esperança; 2) as notas para os municípios apresentadas na figura são médias ponderadas das notas individuais das escolas. Para a ponderação, usamos o número de matriculas no ensino médio da escola; 3) incluímos na análise apenas es- colas da área urbana do País e alunos concluintes do ensino médio regular; 4) as notas estão em escala de 0 a 100. A RARP teve desempenho superior ao observado no estado e no país: 45,96 na RARP, frente a 43,86 no Estado e 42,90 no Brasil. Destaque: em um ranking construído para os estados brasileiros, a RARP apareceria na 3ª posição, perdendo apenas para o DF (48,37) e RS (47,45); o Estado de São Paulo aparece na 8ª posição. Comparando os resultados entre os municípios da região, observamos que Ribeirão Preto foi o município que apresentou melhor desempenho: a nota média de suas escolas foi 46,6. Na 2ª e 3ª colocações estão, respectivamente, Jardinópolis (45,8) e Jaboticabal (44,7). Escolas privadas têm melhor desempenho que públicas Do total de escolas para as quais observamos notas, 66% são públicas, quase que exclusivamente estaduais (apenas em Ribeirão Preto temos notas de alunos da rede municipal). Em todos os municípios a média das notas das escolas privadas superou a nota das escolas públicas. Com relação a este último ponto, é importante que se faça uma ressalva. Em 9 dos municípios da RARP, não há dados de escolas privadas, sendo que em 7 destes há dado para apenas uma escola. Do total das escolas analisadas, 40% estão em Ribeirão Preto, resultado já esperado tendo em vista o porte desse município relativamente aos demais, bem como seu papel de destaque como pólo de serviços na região, em especial, serviços relacionados à educação. Profª. Drª. Elaine Toldo Pazello Barrinha 42,9 Brodowski 41,3 Serrana 42,8 Dumont 39,8 Jaboticabal 44,7 Altinópolis 43,2 Monte Alto 42,7 Cássia dos Coqueiros 40,2 Ribeirão Preto 46,6 Sertãozinho 42,4 37,2 Cajuru Pontal 42,6 39,6 Jardinópolis 45,8 Serra Azul Luis Antonio 41,1 Pradópolis “O objetivo fundamental dessa iniciativa é divulgar para um público amplo um pouco do trabalho científico produzido por pesquisadores da FEA-RP, contribuindo para o debate sobre os problemas e interesses da região de Ribeirão Preto” 38,2 São Simão Guariba Boletim Ribeirão em Foco 41,8 Cravinhos Guatapará A escola com melhor desempenho na RARP está em Ribeirão Preto, com 62,69 pontos, 36% maior que a da região. Entre as públicas a escola com melhor desempenho é de Jardinópolis, com nota média de 43,8 pontos. 43,5 Pitangueiras Santa Rosa de Viterbo (FEA-RP/USP) 38,4 Santo Antonio da Alegria Em Destaque 42,4 39,7 44,1 42,6 A Coordenação