Adubação nitrogenada na cultura do alho vernalizado.
Roberto Lyra Villas Bôas (1); Clarice Backes (1); Claudinei Paulo de Lima(1); Leandro
José Grava de Godoy (2); Isao Imaizumi (3).
(1)
UNESP – Faculdade de Ciências Agronômicas - Departamento de Recursos Naturais/ Ciência do Solo,
(C.P. 237, 18.610-907, Botucatu, SP);
(2)
UNESP - Unidade Diferenciada de Registro, (R. Tamekishi Takano, 195, CEP 11900-000, Registro-SP);
(3)
Genove Agronegócios Ltda (Santa Juliana, MG).
RESUMO
Conduziu-se o experimento em campo com o objetivo de avaliar o efeito de doses de
nitrogênio sobre a produtividade da cultura do alho vernalizado. O delineamento
experimental utilizado foi o de blocos ao acaso, compreendendo seis doses de nitrogênio
(0; 20; 40; 80; 160; 320 kg ha-1) com cinco repetições. O nitrogênio foi aplicado
parceladamente em cobertura aos 20 e 75 DAE (dias após a emergência). Foram obtidos
os dados de intensidade de coloração verde (ICV) e teor de nitrogênio das folhas, peso
médio e produção total de bulbos. A concentração de N e a ICV foram influenciadas pelas
doses de nitrogênio. Para o peso médio e a produção total de bulbos obteve-se melhores
resultados com as doses de 268,25 e 267,75 kg ha-1 de N, respectivamente.
Palavras-chave: Allium sativum L., produção de bulbos, adubação nitrogenada.
ABSTRACT
One experiment was carried out in the field aiming to evaluate the effect of nitrogen doses
under productivity in the vernalizated garlic culture. The randomized block experimental
design was adopted, it comprehends six nitrogen doses (0; 20; 40; 80; 160; 320 kg ha-1)
with five replications. The nitrogen doses were applied in parts sisedress at 20 and 75
days after emergency (DAE). The intensity of green colour (ICV), the nitrogen theor of
leaves, the medium weight and the production bulb data were obtained. The N
concentration and the ICV were influenced by nitrogen doses. Better results for medium
weight and production bulb data were obtained with N doses of 268,25 and 267,75 kg harespectively .
Key words: Allium sativum L., bulb production, nitrogen fertilization.
INTRODUÇÃO
O nitrogênio é o nutriente que mais contribui para o aumento da produtividade de
bulbos na cultura do alho, e dentre todos os nutrientes, este elemento tem sido o mais
estudado, naturalmente em função da sua importância na produção e na qualidade do
produto. Algumas pesquisas têm demonstrado a importância do N no incremento da
produtividade do alho, sendo as respostas bastante variáveis. Dessa forma o presente
trabalho foi verificar a quantidade adequada de nitrogênio que propicie a maior produção
e qualidade de bulbos de alho.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado em campo no município de Santa Juliana-MG, em
canteiros dimensionados com 1,10 m de largura x 2,00 m de comprimento. A análise de
solo da camada de 0 a 20 cm de profundidade apresentou as seguintes características,
depois de ser corrigido, de acordo com as necessidades da cultura: K = 2,9 mmolc dm-3;
Ca = 100 mmolc dm-3; Mg = 26 mmolc dm-3; P = 104 mg dm-3; H+Al = 12 mmolc dm-3; pH
em CaCl2 = 6,3; V % = 91; matéria orgânica 30 g dm-3. Aplicou-se 600 kg ha-1de
superfosfato simples; 200 kg ha-1 de cloreto de potássio; 10 kg ha-1 de sulfato de zinco; 10
kg ha-1 de ácido bórico e 2500 kg ha-1 de farelo de algodão (4% de N). O plantio dos
bulbilhos foi realizado no dia 29/04/05, adotando o espaçamento de 10 cm entre plantas e
16 cm entre linhas (6 linhas por canteiro), sendo a área útil amostrada de 1 metro,
totalizando 60 plantas, gerando um estande de 444.444 plantas por hectare. A irrigação
foi realizada por gotejamento de acordo com a necessidade da cultura. Utilizou-se o
cultivar Roxo Pérola de Caçador, e os bulbilhos sementes no 3 (com baixa infestação de
vírus) submetidos ao tratamento de vernalização a 4 ºC, por período de 47 dias. O
delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso, compreendendo seis doses
de nitrogênio (0; 20; 40; 80; 160; 320 kg ha-1) com cinco repetições. O nitrogênio foi
aplicado em cobertura aos 20 e 75 DAE sendo metade da dose aplicada antes da
diferenciação e, a segunda, após a diferenciação completa, utilizando-se o nitrato de
amônio. Aos 70 e 100 DAE foi feita à determinação da intensidade da coloração verde
das folhas (ICV) do alho, através do clorofilômetro SPAD-502 (Minolta) cuja unidade é
denominada SPAD, e as mesmas folhas foram coletadas para determinação da
concentração de N. Para estas avaliações utilizou-se a quinta folha viva (contando de
baixo para cima). A colheita do experimento foi realizada aos 120 dias após o plantio,
avaliando-se peso médio e produção total de bulbos. Os resultados foram submetidos à
análise de variância e regressão, utilizando-se o programa SisVar.
RESULTADO E DISCUSSÃO
A concentração de N e a ICV das folhas foram influenciadas pelas doses de N nas
duas épocas avaliadas (Figura 1 e 2). Verifica-se que aos 70 DAE, quando havia sido
aplicada apenas a metade da dose de N, não houve um ponto de máxima, com os
maiores valores sendo encontrados com a maior dose aplicada (Figura 1 e 2 –A).
Aos 100 DAE a máxima concentração de N (30,35 g kg-1) foi alcançada com a dose
de 311,11 kg ha-1 (Figura 1 – B). Para a ICV das folhas (Figura 2 – B) verificou-se maior
índice (56,29) com a dose de 250,5 kg ha-1. Lima (2005) obteve máxima intensidade de
cor verde das folhas ao aplicar a dose de 240 kg ha-1 de N.
O peso médio de bulbos é característica de grande importância para a
comercialização do alho, sendo que os bulbos maiores recebem as melhores cotações
nos mercados consumidores (Resende e Souza, 2001). Para esta característica (Figura 3A), houve um efeito quadrático, onde a dose de 268,25 kg N ha-1 proporcionou o maior
peso médio de bulbos (35,56 g). Souza e Casali (1991) verificaram um aumento linear na
medida em que se aumentaram as doses de nitrogênio, utilizando a cv.Júreia, alcançando
peso médio em torno de 30 gramas para a dose de 180 kg ha-1. Garcia et al. (1994),
Resende e Souza (2001) também obtiveram aumento linear no peso médio de bulbos
com doses crescentes de nitrogênio (21,6 e 31,94 g com as doses de 150 e 120 kg ha-1,
respectivamente). Lima (2005) não verificou diferença significativa para as diferentes
doses de N, obtendo o maior peso médio de bulbo (40,72 g) com a dose de 120 kg ha-1,
no entanto, utilizou além do fertilizante químico 20 t ha-1 de esterco bovino (1% de N).
Para a produção de total de bulbos observa-se que a maior produção (14,25 t ha-1),
foi alcançada com a dose de 267,75 kg ha-1 de nitrogênio (Figura 3 - B). Souza e Casali
(1991) obtiveram aumento linear da produção de bulbos com doses crescentes de
nitrogênio (7.756 t com a dose de 150 kg ha-1). Silva et al. (2000) obtiveram resposta
positiva até a dose de 85 kg N ha-1, alcançando uma produtividade máxima de 11,95 t ha-1
para o cv. Gravatá, proveniente da cultura de meristemas.
A ICV da folha indicou valores do ponto de máxima próximo à produção máxima de
bulbos, indicando ser um bom parâmetro para melhorar o manejo da adubação
nitrogenada.
LITERATURA CITADA
GARCIA, D.C.; DETTMANN, L.A.; BARNI, V.; LOPES, S.J. Efeito de níveis de nitrogênio no
rendimento de alho. Ciência Rural, Santa Maria, v. 24, n. 2. p. 299 – 302, 1994.
LIMA, C.P. Medidor de clorofila na avaliação de nutrição nitrogenada na cultura do alho
vernalizado. Botucatu (dissertação) UNESP, 95p., 2005.
RESENDE, F.V.; FAQUIN,V & SOUZA, R.J. Efeito da adubação nitrogenada no crescimento e
na produção de alho proveniente de cultura de tecidos e de multiplicação convencional.
Revista Brasileira de Ciência do solo, Viçosa (MG), v. 24, n.1, 2000.
SILVA, E. C.; MACHADO, A. S. da; SOUZA, R. J. de; CALDERÓN, J. F. T. Efeito de doses de
potássio (cloreto de potássio) e nitrogênio (sulfato de amônio) em alho proveniente de cultura
de tecidos. Ciência Agrotecnologia., Lavras, v. 24, n. 4, p. 917 – 923, out./dez., 2000.
SOUZA, R. J. de e CASALI, V. W. D. Influência do nitrogênio, potássio, cycocel e
paclobutrazol na cultura do alho ( Allium sativum L.). Ciência e Prática, Lavras, v. 15, n.1, p.
69 – 78, 1991.
35
Concentração de N (g kg )
(A)
(B)
-1
-1
Concentração de N (g kg )
35
30
y = 0,0416**x + 20,451 R2 = 0,97
25
20
30
25
y = -9E-05**x2 + 0,056**x + 21,641 R2 = 0,9868
20
0
40
80
120
0
160
40
80
-1
120
160
200
240
280
320
-1
Doses de N (kg ha )
Doses de N (kg ha )
Figura 1. Concentração de nitrogênio na folha de alho aos 70 (A) e 90 (B) DAE, em
função de doses de N.
(A)
70
(B)
70
y = -0,0002**x2 + 0,1002**x + 43,741 R2 = 0,9996
60
ICV, spad
ICV, spad
y = -0,0004**x2 + 0,1584**x + 44,329 R2 = 0,9991
50
60
50
40
40
0
40
80
120
0
160
40
80
-1
120
160
200
240
280
320
-1
Doses de N (kg ha )
Doses de N (kg ha )
Figura 2. Intensidade de coloração verde da folha de alho aos 70 e 90 DAE, em função de
doses de N.
(A)
(B)
15
14
35
-1
Produção (t ha )
Peso médio de bulbo (g)
40
30
25
20
y = -0,0002**x2 + 0,1073**x + 21,172 R2 = 0,99
13
12
11
10
9
15
y = -8E-05**x2 + 0,0429**x + 8,4705 R2 = 0,99
8
0
80
160
240
320
-1
Doses de N (kg ha )
0
80
160
240
320
-1
Doses de N (kg ha )
Figura 3. Peso médio de bulbo (A) e produção total de bulbos de alho (B) em t ha-1 em
função de doses de nitrogênio.
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- Associação Brasileira de Horticultura