PROGRAMA “MAIS MÉDICOS” SOB A ÓTICA DOS BRASILEIROS
Projeto elaborado pelos acadêmicos
Alexandre
Soares,
Andrew
Araújo,
Elisandra Ferezini e Julia Castilho para a
disciplina de Pensamento e Metodologia
do Trabalho Cientifico, sob orientação do
Prof. Dr. João Tristan Vargas.
Julho/2014
APRESENTAÇÃO
O programa “Mais Médicos”, proposto pelo governo Dilma, em julho de
2013, tem como proposta levar tais profissionais a lugares que carecem de
atendimento de saúde adequado e, consequentemente, de especialistas na
área. O projeto foi lançado logo após diversas manifestações realizadas em
junho e julho do mesmo ano, as quais clamavam melhorias e investimentos no
âmbito da saúde pública, no entanto, o governo já debatia a proposta com
prefeitos dos municípios nacionais antes mesmo dos protestos estourarem.
Instaurado o programa, o Brasil poderia receber médicos de quaisquer
nacionalidades, desde que eles preenchessem os requisitos estabelecidos por
este. Foram trazidos profissionais espanhóis, argentinos, cubanos e de outros
países, porém, os médicos cubanos tiveram destaque pela grande quantidade
que se deslocaram ao Brasil e pela recepção multifacetada a que foram
submetidos ao desembarcar e iniciarem suas atividades.
Inicialmente, em julho de 2013, segundo dados de pesquisa do Instituto
DataFolha, 47% da população brasileira era favorável ao programa proposto
pelo governo, contrapondo-se aos 48% que se mostraram avessos a essa
ideia. Desta forma, a receptividade foi bastante diversa e é essa a questão que
problematizamos neste projeto.
O problema abordado em nossa pesquisa se refere “as diferentes
recepções que a sociedade brasileira apresentou diante da vinda de médicos
estrangeiros ao Brasil através do programa “Mais Médicos”“.
Diante deste tema, formulamos a seguinte questão científica: Como a
sociedade brasileira encarou a vinda dos médicos cubanos ao Brasil? E desta
forma surgiram, espontaneamente, as questões apresentadas a seguir:

Por que os médicos cubanos vieram ao Brasil?

O que levou o governo brasileiro a solicitar a vinda dos médicos
estrangeiros?

Por que o governo cubano ofertou o maior número de médicos
dentro desse programa de vinda de médicos estrangeiros?

Como a classe médica brasileira encarou a vinda de médicos
estrangeiros?

Como os pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) encararam
a vinda dos médicos estrangeiros ao Brasil?

Como a opinião pública de massa encarou a vinda dos médicos
estrangeiros ao Brasil?

Como o governo brasileiro lidou com as múltiplas recepções da
sociedade brasileira à vinda de médicos estrangeiros ao Brasil?

Em que medida o programa de vinda de médicos estrangeiros
respondeu aos anseios da população nas manifestações de julho
de 2013?

Por que alguns médicos cubanos desistiram do programa?

Por que a sociedade brasileira ficou dividida quanto a vinda dos
médicos estrangeiros ao Brasil?
Diante de tais questões podemos pensar em outras questões ou
hipóteses:

A falta de médicos levou a solicitação da vinda dos médicos
estrangeiros ao nosso país?

Médicos cubanos têm sido os que mais participaram do programa
por que não há trabalho suficiente disponível em seu país de
origem?

A classe médica brasileira será prejudicada no quesito oferta de
trabalho ou os benefícios aos estrangeiros foram maiores que os
nacionais?

Os médicos que desistiram foram motivados por condições
precárias do programa ou por considerarem poucos os benefícios
ofertados?
Com tais hipóteses, buscaremos abordar o tema através de entrevistas
com público variado, pela opinião expressa em veículos midiáticos e ainda
pelos argumentos emitidos pelo governo em favor deste programa, a fim de
que, através disso, possamos obter resposta para tamanha divisão de opiniões
em toda a sociedade brasileira.
O tema foi proposto por abordar um assunto bastante polêmico, em que
até hoje, através de diversos debates e discussões, não se chega a um
consenso, tendo em vista tamanha discrepância de opiniões e variedade de
argumentos. Buscamos, então, chegar a uma linha de pensamento defendida
por ambos os lados, ou, ao menos, poder entender e aclarar as faces de forma
compreensível e justificável, diante da diversidade das avaliações expressas.
“MAIS MÉDICOS” E OS CUBANOS
A constituição brasileira de 1988 trouxe ao país uma nova visão sobre
saúde e uma promissora melhoria em vista. Era fundado alí o Sistema Único de
Saúde, o SUS, que apesar da expectativa sobre ele continuou sendo
subfinanciado e assim ficando em segundo plano nas salas de discussões
governamentais à época. Estima-se que 54% dos gastos universais com nos
últimos 10 anos foi efetuado por famílias e/ou empresas, e não pelo Governo
através do Sistema Único, o que gera estranheza nos analistas que comparam
o sistema com projetos internacionais.
Mais de 50 milhões de brasileiros contornam o Sistema Único através de
planos privados. Em 2003 foi apurado que houve um crescimento de 32
milhões dentro do sistema, um crescimento de 57% de 1993 até o ano
mencionado.
A resultante deste histórico sem dúvidas é uma insatisfação em diversas
classes dentro da população. Outro dado preocupante é que 45% dos
brasileiros identificam a Saúde como um todo, o principal problema do país.
Este é o cenário e o problema que é exposto e cobrado da Direção Nacional. O
problema é complexo, porém fácil de discorrer: O Brasil necessita dos Médicos,
precisamos e rápido. Este foi o pontapé inicial para o debate sobre trazer os
médicos estrangeiros para atender. O Governo publicou que a ação é
emergencial e visa suprir uma demanda imediata. Trazer médicos de fora do
país agilizaria a regularização do sistema, dado o longo tempo de formação de
novos médicos em universidades. Assim eles estariam habilitados para operar
em uma zona determinada deste gargalo nacional, onde só alí poderiam
exercer sua posição.
Grande parte dos médicos recebidos por tal programa é de
nacionalidade Cubana, país que é dono da maior relação de médicos por
habitante do mundo, possuindo cerca 85 mil médicos , 15 mil deles espalhados
por missões em 60 países, em média, atuando principalmente nas áreas onde
médicos nacionais se recusam ou não conseguem chegar, proporcionando a
Cuba cerca de 5 bilhões de dólares anuais, o que representa 7% de seu PIB.
MÚLTIPLAS REAÇÕES
Muito se ouve a respeito da atuação do SUS nos municípios brasileiros e
um grande número de pessoas relata que já enfrentou problemas no
atendimento deste, mostrando-se pouco contente com o serviço que é pago
pelos altos impostos cobrados pelo governo.
Dentre as pessoas ouvidas para a realização desta análise obtivemos
declarações que criticavam a falta de médicos em plantão, a demora no
atendimento, diagnósticos errados, e até casos como o de não conseguir
agendar uma consulta, pois a unidade de saúde não dispunha de folhas de
papel para imprimir um pedido de encaminhamento a um especialista.
Em nossa pesquisa, coletamos respostas de 158 cidadãos de diferentes
regiões do Brasil, dentre eles pacientes de clínicas particulares, do SUS e
profissionais
da
área
médica,
comprovamos
então
que
97,4%
dos
entrevistados acreditam que o país careça de médicos em determinadas
localidades, embora apenas 55% se mostre favorável ao programa, contra 32%
que discordam de tais medidas.
A jornalista Tainah Medeiros afirma que, de fato, faltam médicos no
Brasil, cerca de 1,8 médico por mil habitantes, enquanto a Argentina, por
exemplo, tem quase o dobro, no entanto, acrescenta que alguns dos médicos
brasileiros
se indignaram com o programa devido a ausência do exame
nacional para legitimação de diplomas obtidos no exterior, denunciando
também a falta de infraestrutura de saúde pública nacional, causado
principalmente pelo baixo investimento na área, que acreditam ser de fato o
verdadeiro problema da saúde a nível nacional, ao invés da falta de
profissionais somente.
Assim como o restante da população brasileira, a classe médica
nacional, um dos principais elementos no debate desse polêmico tema, não
manifesta unanimidade de opinião, sendo esta fracionada nos que se mostram
contrários à medida proposta pelo programa, os que são a favor da recepção
dos médicos estrangeiros e os que são indiferentes à chegada de profissionais
com quem dividiriam as vagas de emprego disponíveis.
Constatamos, através das respostas obtidas de profissionais da saúde,
que 57% dos médicos entrevistados discordam do programa, apresentando
argumentos como os de que “o programa não garante a qualidade desses
profissionais e que os profissionais que dele participam são obrigados a aceitar
o local de trabalho não tendo possibilidade de procurar outro emprego, só
podendo trabalhar dentro do programa, além disso, o salário é repassado
primeiro à Cuba, e o trabalhador recebe 1/10 do que deveria.” ou ainda que “a
forma como a coisa é feita não está correta, sem preparar o profissional, sem a
revalidação do diploma, feito às pressas, vida fins eleitorais e não uma
preocupação com a melhora do sistema de saúde.” ou até mesmo “Quando
uma proposta dessas surge, ela não só atribui a nós a culpa pelo péssimo
sistema de saúde, como nos desvaloriza profissionalmente. Somos capazes de
ir para o interior do país, sim, desde que lá existam condições de trabalho.
Trabalhar em um lugar depredado e sujo é desrespeito com o profissional e,
principalmente, com o paciente. Eles acham que um médico estrangeiro vai
poder fazer muito mais do que nós em um cenário como esse? Claro que não”,
afirma o ortopedista Alexandre Guerreiro da Fonseca
Contrários a essa vertente de opinião, outros médicos se colocaram a
favor do programa, argumentando, por exemplo “que a carência de
profissionais da área de saúde não esteja na formação, mas no deslocamento
de grandes centros urbanos (que consequentemente pagam mais para esse
tipo de serviço, ou confere mais "status") para regiões mais periféricas do país,
que necessitam também desse tipo de serviço. Desse modo, não tendo
demanda de profissionais para essas partes é necessário que o Brasil
"importe" os médicos.”.
Pacientes do Sistema Único de Saúde também são considerados
protagonistas dessa questão e não entram em concordância sobre o tema.
Entre os entrevistados foram levantados diversos argumentos contra o
programa, dentre eles “Acho que o Brasil tem que investir em brasileiros, não
em estrangeiros, sendo assim, dar suporte a quem já esta na área e a quem
quer ser um médico.”, assim como argumentos a favor, tal qual “Se faltam
médicos no Brasil e sobram médicos em outros países, me parece
extremamente óbvia a solução.”.
Nas palavras da professora Miriam Scoriza Lenhare: “Hoje fui ao
postinho (UBS) para uma consulta marcada há três meses, era só para trocar a
receita dos remédios fornecidos. Fiquei surpresa com a informação de que
todos os médicos haviam saído do atendimento e que agora seria atendida por
uma
médica
cubana.
(Que eu saiba, os médicos anteriores eram concursados, sendo assim, só
sairiam
se
pedissem
demitidos,então
exoneração,
suponho
que
não
tenha
podiam
sido
ser
isso
simplesmente
que
ocorreu.)
A médica cubana que me atendeu foi de uma delicadeza e educação ímpar
(tão diferente da grosseira mal-humorada e má vontade da médica anterior),
além da competência, pois não se limitou apenas a troca de receituário, fez
uma consulta completa, preencheu meu prontuário no computador,o qual
estava
em
branco,
apesar
de
eu
me
consultar
ali
há
anos.
Sabemos que existem profissionais bons e maus em todos os setores, não
podemos generalizar a partir dos maus exemplos nem dos bons; mas,
podemos divulgar o que constatamos. Portanto, pela minha vivência, até agora,
só posso elogiar o atendimento que recebi e a mudança realizada.”
Além disso, encontramos opiniões que se posicionavam de forma
intermediária, alegando que concordam com o programa desde que “de
maneira temporária, para que possa suprir a ausência de profissionais da
saúde até que se possa investir mais em educação e planos de incentivo para
médicos brasileiros motivarem-se a ir para demais estados.”.
Diante de tamanha diversidade de opiniões o Ministro Nacional da
Saúde, Arthur Chioro, considera que o programa está atingindo as
expectativas, considerando o tempo em que está sendo desenvolvido,
afirmando que a quantidade de médicos brasileiros não é suficiente para
atender todo o território nacional.
A assessoria do Ministério da Saúde admite que existam falhas na
infraestrutura médica, mas afirma que estão investindo na construção,
ampliação e reforma de postos, bem como na aquisição de equipamentos.
Coloca ainda que a importação de médicos não é motivo para que o governo
descuide da infraestrutura, salientando que as coisas não estão diretamente
relacionadas entre si e que o programa é uma medida apenas a curto prazo e
que o investimento federal em saúde quase triplicou nos últimos 10 anos.
“Eu gosto do Mais Médicos porque nós conseguimos formatar uma política que,
também focada, leva esse médico e esse atendimento humanizado, porque
uma das coisas que as pessoas se queixam é que o atendimento médico não
era humanizado”, explicou Dilma durante café da manhã com jornalistas, no dia
18 de dezembro de 2013.
Cabe ressaltar que o PT não é o único responsável pelo programa, que já
havia sido proposto pelo PSDB na voz do Ministro da Saúde, José Serra, no
ano de 2000.
OS RESULTADOS
Muitas manifestações ocorreram no Brasil, por volta de junho de 2013,
clamando por melhorias em questões socioeconômicas e políticas. Dentre elas,
reivindicavam-se investimentos mais significativos na área da saúde. O
governo brasileiro propôs, então, a vinda de médicos estrangeiros através de
um programa nomeado “Mais Médicos”, para atender áreas onde a assistência
médica não se mostrava suficiente ou sequer existia.
Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)
de 2009, apenas 3,6% do PIB (Produto Interno Bruto) do país foi gasto com
saúde pública, se contrapondo a quase 5% de investimento do setor privado,
sendo que é considerado ideal, como acontece em países mais desenvolvidos,
investir cerca de 10% do produto interno bruto no setor.
Desta forma, questiona-se se os anseios da população, no que se refere
a saúde pública, reclamados nas manifestações de julho de 2013 foram
saciados, através da aplicação do programa “Mais Médicos”.
Em nossa pesquisa, uma das perguntas foi relativa a mudança no
atendimento do SUS após a chegada dos médicos estrangeiros e, abaixo se
encontra o gráfico separado por regiões referente às opiniões coletadas.
Notamos, por exemplo, que na região sul do Brasil mais de 60% dos
entrevistados acredita que o atendimento do SUS permaneça ruim, e menos de
20% acredita que o atendimento tem melhorado ou se tornado mais rápido.
Edson Trajano, economista, escreveu um artigo para o jornal “O Vale”,
em outubro de 2013, relatando a falta de mudanças significativas no quesito
saúde em cenário nacional. Em sua opinião, pouco se mudou na realidade da
saúde quatro meses após as manifestações: “Em relação aos investimentos
em saúde e educação reivindicados nas ruas, pouco foi feito. A única ação
relevante foi o polêmico programa “Mais Médicos”. [...] As ações foram focadas
apenas em curto prazo, a exemplo da contração de médicos para resolver
problemas emergenciais”.
Em oposição, através de números apresentados no seminário “Mais
Médicos para o Brasil”, ocorrido em junho de 2014, em Fortaleza, pode-se
considerar um aumento de 39% no número de consultas realizadas em janeiro
desse ano comparado com o do ano anterior nos municípios do Ceará, após a
chegada do programa no estado. Ainda, diminuíram em 18% os casos que
eram encaminhados aos hospitais devido a complicações.
Em Piauí, segundo dados levantados pelo Ministério da Saúde, as
cidades que participam do programa tiveram aumento de 93% no número de
consultas e no Espírito Santo houve a redução de mais de 36% em
internações, referente ao mesmo período já especificado.
No entanto, o conselheiro do Cremesp (Conselho Regional de Medicina
de São Paulo), Roberto Lotfi, se manifesta contrário à medida, acreditando que
o programa seria apenas um jogo de marketing do governo, pois o problema se
encontra, antes de tudo, na estrutura de todo o plano de saúde pública.
Ressalta: “Vejam, por exemplo, o programa ‘Mais Médicos’. Colocado em
prática às pressas para calar as manifestações de junho de 2013, trouxe ao
país milhares de médicos formados no exterior, a maioria cubanos, para tentar
esconder a incipiência das políticas para o setor. O resultado prático é somente
um show de marketing. Todos os dias são gastos milhões em propaganda para
vender à população a falsa versão de que a saúde agora vai. Puro engodo. As
pesquisas mais atuais sobre a insatisfação dos brasileiros continuam
registrando que a pior área da administração Dilma Rousseff é a saúde”.
Segundo Lotfi, o governo anda contra o SUS, como diz: “Aliás, nos
últimos cinco anos, nosso Ministério da Saúde só jogou contra o povo.
Promoveu o fechamento de 286 hospitais ligados ao SUS e deixou de utilizar,
apenas em 2012, R$ 17 bilhões destinados ao setor. Daria para construir e
equipar cerca de 20 mil unidades básicas de saúde, conforme denunciado dias
atrás pelo ilustre professor Miguel Srougi. Quanto aos cubanos, privados de
sua liberdade de ir e vir em um Brasil que se diz democrático e ganhando 10%
do que o anunciado, ou seja, em regime escravo, cresce a insatisfação com as
mazelas de nossa saúde e muitos já querem partir”.
O conselheiro entra em outro tema muito pertinente para o entendimento
da pesquisa. Apesar de todas as múltiplas opiniões quanto aos dados de
melhoria na saúde pública após vinda dos médicos estrangeiros, muitos
médicos desistiram de participar do programa.
Muitos profissionais estrangeiros desistem do programa alegando falta
de direitos trabalhistas e falta de pagamentos do salário. A maioria dos
desistentes é de nacionalidade cubana que se revoltaram ao descobrir que
seus salários são mais baixos em relação aos profissionais de outras
nacionalidades.
Ruy Vaz Gomide do Amaral, anestesista, escreveu na revista Veja em
outubro de 2013: “Esses profissionais se formam em lugares sem infraestrutura
alguma. Faltam até fios para sutura nas faculdades cubanas. Além disso, eles
não sabem a nomenclatura dos remédios brasileiros. Português não é
espanhol. Não é um cursinho que os fará entender. O regime de trabalho dos
cubanos, ainda por cima se configura como escravo. Eles não podem trazer a
família, o salário não vai todo para eles. O que deveria ser feito é simples: o
governo poderia criar caravanas de médicos brasileiros das mais variadas
especialidades para percorrer o Brasil e rastrear o real problema dos hospitais
no país, que é a falta de infraestrutura”.
Para o procurador José de Lima Ramos Pereira, que preside no
Ministério Público do Trabalho, a contratação dos médicos é irregular. Segundo
ele: “O governo será empregador na hora de contratar e dirigir esses médicos,
mas, na hora de assalariar, a remuneração é feita por Cuba ou por meio de
acordos. Isso fere a legislação trabalhista... O governo contrata, mas não paga
diretamente os salários? A ilegalidade é flagrante”.
O Ministério Público do Trabalho abriu um inquérito em agosto de 2013
para a averiguação da irregularidade do programa, com questões como a falta
de contratos de trabalho e o não pagamento de FGTS e 13º aos profissionais a
serem discutidas, que, segundo o governo, se justifica por ser um processo de
qualificação profissional, vinculadas a uma bolsa
Segundo o urologista Cesar Camara: “Não há direito algum. Fica
complicado aceitar um trabalho nessas condições”.
Arthur Chioro, ministro da saúde, disse que as desistências são normais
em qualquer programa e completou que o governo vai tratar todos esses
abandonos com naturalidade e transparência. Segundo ele, todos os médicos
do programa estão sujeitos à legislação brasileira, que todos são livres para ter
sua vida privada e que o governo respeita suas liberdades individuais.
CONCLUSÃO
Inúmeras opiniões nos foram apresentadas a partir da pesquisa
desenvolvida, relacionando diversas indagações que incidem sobre a questão
principal da nossa pesquisa: Como a sociedade brasileira encarou a vinda dos
médicos cubanos ao Brasil?
A sociedade
brasileira,
como
visto
e justificado
anteriormente,
apresentou opiniões diversas em praticamente todos os temas e questões
abordadas. Divididas as opiniões quanto à vinda dos médicos, quanto à
eficiência do programa, quanto às melhorias do sistema de saúde pública
brasileiro, entre outras.
Enquanto alguns entrevistados salientaram os problemas da estrutura do
programa, outros se voltaram para o problema do sistema de saúde pública
como um todo. Alguns ainda relataram a falta de direitos trabalhista que os
médicos estrangeiros enfrentam no Brasil.
Do lado oposto, registramos opiniões quanto a melhorias na saúde
através do programa “Mais Médicos” expressa principalmente no aumento do
número de consultas e a diminuição do tempo de espera para que estas
fossem realizadas, alguns são favoráveis devido à falta de médicos em regiões
mais afastadas e à universalização da assistência médica no Brasil.
Desta forma, a conclusão que chegamos referente ao problema
abordado, as diferentes recepções que a sociedade brasileira apresentou
diante da vinda dos médicos estrangeiros ao Brasil através do programa “Mais
Médicos” é que atualmente não é possível pensar em uma unanimidade nas
opiniões, porém nota-se que a saúde pública é motivo de descontentamento
para grande parte de seus pacientes, que clamam por melhorias.
Diante disso, podemos concluir que cabe a cada um dos indivíduos
brasileiros a análise de argumentos, da situação do SUS, da atuação dos
médicos, sejam estes estrangeiros ou brasileiros, da administração federal, a
fim de se posicionar
como cidadão para lutar por seus direitos e ideias,
auxiliando assim na construção de um país melhor para todos.
WEBGRAFIA
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http://jus.com.br/artigos/29956/um-ano-das-manifestacoes-populares-de-junho-de-2013reflexoes-acerca-da-efetividade-do-atual-modelo-de-democracia-representativa-em-vigenciano-brasil#_ftn11
http://www.opovo.com.br/app/fortaleza/2014/06/10/noticiafortaleza,3264852/apos-maismedicos-consultas-aumentam-39-no-ceara.shtml
http://g1.globo.com/pi/piaui/noticia/2014/06/ministerio-aponta-aumento-de-93-nasconsultas-apos-mais-medicos-no-pi.html
http://g1.globo.com/espirito-santo/noticia/2014/06/numero-de-internacoes-diminui-no-esapos-programa-mais-medicos.html
http://www.fenatracoop.com.br/site/?p=56857
http://www.administradores.com.br/artigos/economia-e-financas/o-programa-maismedicos/76877/
http://cenariotocantins.com.br/principal/medicos-alegam-falta-de-direitos-e-desistem-deprograma-mais-medicos-do-governo-federal/
http://oglobo.globo.com/brasil/cubanos-abandonam-mais-medicos-reclamando-de-falta-depagamento-12702984
http://cd.jusbrasil.com.br/noticias/122339069/cubanos-sao-minoria-entre-os-que-desistemdo-mais-medicos-afirma-ministro?ref=home
http://www.diariodecanoas.com.br/index.php?id=/noticias/pais/materia.php&cd_matia=1570
7
http://noticias.terra.com.br/educacao/medicos-desistem-de-programa-de-dilma-alegandofalta-de-direitos,68bc6a4d291ff310VgnVCM10000098cceb0aRCRD.html
http://www.meionorte.com/efremribeiro/ministro-da-saude-diz-que-numero-de-medicos-domais-medicos-pode-aumentar-300357.html
http://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/noticia/2013-12-31/cinco-pactos-foram-respostado-governo-federal-aos-protestos-de-junho
http://drauziovarella.com.br/noticias/medicos-brasileiros-protestam-contra-a-entrada-deprofissionais-estrangeiros/
Programa "Mais Médicos"
Pesquisa da disciplina de Metodologia sobre as diferentes recepções que a sociedade
brasileira
prestou aos médicos estrangeiros trazidos ao Brasil pelo programa "Mais Médicos"
*Obrigatório
1. Em qual região do Brasil você reside? *
Norte
Nordeste
Centro-oeste
Sul
Sudeste
2. Você é: *
Caso você não tenha o hábito de buscar atendimento médico assinale a segunda opção.
Profissional da área médica.
Paciente do Sistema Único de Saúde (SUS).
Paciente de clínicas particulares.
Paciente tanto de clínicas particulares quanto do SUS.
3. Você acredita que o Brasil careça de médicos em determinadas regiões? *
Sim
Não
Não tenho opinião a respeito.
4. Você é favorável a vinda ao Brasil de médicos estrangeiros pelo programa "Mais
Médicos"? *
Sim
Não
Não tenho opinião a respeito.
5. Por quê?
6. Você já teve algum tipo de problema relativo ao atendimento prestado pelos
profissionais do SUS? *
Sim
Não
Não sou paciente do SUS.
7. Qual tipo de problema?
8. Você acredita que a classe médica nacional tenha sido prejudicada pelo programa
"Mais Médicos"? *
Sim, o aumento do número de médicos em território nacional aumenta a competição
pelas vagas disponíveis e dificulta o ingresso de profissionais nacionais no mercado de
trabalho.
Não, o Brasil necessita de mais médicos para que o atendimento de saúde esteja ao
alcance de todos em todo o território nacional.
Não tenho opinião a respeito.
Outro:
9. Você consegue identificar mudanças no atendimento dos profissionais do SUS após a
chegada de médicos estrangeiros? *
O programa foi anunciado em 08/07/2013.
Sim, o atendimento tem se tornado mais rápido.
Sim, o atendimento tem piorado.
Não, o atendimento permanece ruim.
Não, o atendimento permanece bom ou razoável.
Não sou paciente do SUS.
10. Você já foi atendido por um médico estrangeiro trazido ao Brasil pelo programa "Mais
Médicos"? *
Já fui atendido e fiquei satisfeito.
Já fui atendido e não fiquei satisfeito.
Nunca fui atendido por tais médicos.
11. Você conhece alguém que foi atendido por um médico estrangeiro trazido ao Brasil
pelo programa "Mais Médicos"? *
Sim, e ficou satisfeito.
Sim, e não ficou satisfeito.
Sim, e não sei se ficou satisfeito.
Não conheço.
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