DOAÇÃO DA COLECÇÃO DE L. SILVEIRA BOTELHO AO INSA Dia 3 de Outubro de 2011, 2011 pelas 12h45 tem lugar no anfiteatro do Instituto Nacional de Saúde em Lisboa, Lisboa a cerimónia de assinatura do Termo T de Doação da Colecção do médico L. Silveira Botelho (1922), (1922) que incluirá a inauguração de mostra documental. documental Regista-se assim mais uma incorporação de um acervo científico no INSA, que integra já os espólios de José Alberto Faria (1888-1958) e de Aloísio Coelho (1925-1998),, que q constituem relevantes fonte de investigação para o conhecimento da Medicina e da Saúde Pública em Portugal. Médico, professor, escritor e pintor, p Luís Silveira Botelho, natural ral de Óbidos, licenciou-se licenciou em medicina pela Faculdade de Medicina de Lisboa (1946) e doutorou-se nesta mesma cidade, pela Universidade Clássica em 1963, com a tese Tumores malignos da tiroideia: tiroideia estudo anátomo-clínico clínico de 155 casos em Portugal. Portugal Notabilizado sobretudo pela sua acção na luta contra o cancro,, em particular na área da Endocrinologia Oncológica, teve como mestres os Professores Francisco Gentil (1878-1964) (1878 e, na especialidade, Gregorio Marañón (1887-1960). (1887 Nos anos 40 iniciou uma profícua carreira clínica ao ingressar no Instituto Português de Oncologia ncologia Francisco Gentil (IPO) (IPO por admissão para a Consulta de Ginecologia, inecologia, onde permanecera 2 anos. Por orientação do Prof. Francisco Gentil, fundador e então director do IPO, especializou-se se em Endocrinologia, especialidade entretanto emergente e inexistente em Portugal. Considerados Canadá e Espanha à época os países de referência neste domínio, domínio Silveira Botelho estagiou 2 anos em Madrid com o Prof. Marañón,, na altura o expoente europeu da Endocrinologia. No regresso a Portugal fundou a consulta da especialidade em Lisboa (1948), conforme gizado por Francisco Gentil, antecedendo as consultas nos Hospitais Civis e no Hospital Colonial (actual Egas Moniz). No IPO trabalhou durante 43 anos (de 1947 a 1990) 1 e foi até hoje o médico que mais anos esteve ao serviço daquela instituição, tendo percorrido diversos graus hierárquicos, culminando em 1988 com o cargo de director do Instituto Português de Oncologia Centro de Lisboa. Lisboa Durante os anos em que esteve à frente dos destinos do Instituto, Instituto, consciente conscien do trabalho desenvolvido por aquele que fora seu mestre e o grande cirurgião da Lisboa,, chegou a assumir 1 que a sua maior preocupação residiu em tentar manter ter a instituição num nível de eficiência elevado e dar continuidade à obra do Prof. Francisco Gentil. Paralelamente à clínica,, L. Silveira Botelho exerceu funções de ensino pré-graduado, na Faculdade de Medicina e na Faculdade e de Ciências Médicas de Lisboa. Neste campo assegurou a orientação de 40 teses em Endocrinologia, convencido de que é a existência de discípulos a grande obra que um docente pode deixar, e assumiu a organização da participação do Instituto no ensino do 5º ano da Faculdade das Ciências Médicas. Fruto do seu percurso profissional e do sempre manifesto interesse pela História da Medicina, L. Silveira Botelho, é autor de vários trabalhos científicos, artigos e conferência. A sua dedicação à escrita tem-se intensificado desde a sua exoneração, em 1990, tendo já redigido cerca de duas centenas de biografias de médicos, pois acredita que é sua obrigação valorizar os mestres da d medicina portuguesa que teve oportunidade de conhecer. conhecer De entre os trabalhos científicos sobre o estudo das glândulas, publicados principalmente em revistas da especialidade, predominam os que versam sobre a tiróide, o cancro da mama e a diabetes,, dos quais se realça: realça TIRÓIDE − Tumores malignos da tiroideia, 1963; O nódulo simples da d tiroideia: lesão prémaligna?, 1965; Estudo de uma família com bócio por defeito de organificação do iodo (Eduardo Limbert, Luís Botelho, Luís Sobrinho), 1972 ; Certos tumores da tiroideia poderão incluir-se incluir nos síndromas da T.S.H.?, 1960; Cancro da tiróide, 1962; Comentários clínicos sobre o valor diagnóstico do iodoraiodora dioactivo no esclarecimento da função tiroideia t (Luís Botelho, M. Freire da Cruz, F. Magalhães Colaço), 1955; 1955 Considerações clínicas sobre os primeiros 60 casos de hipertiróidismo tratados com I-131 (Fernando Magalhães Colaço, Luís Silveira Botelho, Miguel Freire da Cruz), 1957 | CANCRO DA MAMA − A sufra-renalectomia renalectomia e ovariectomia bilaterais na terapêutica do carcinoma da mama e suas metástases (Eduardo Girão Girã do Amaral e Luis Silveira Botelho), 1960; Histofisiologia do córtex e da medula supra-renais renais no carcinoma da mama (João Vasconcelos concelos Frazão, Luís Silveira Botelho), 1959; Aspectos histofisiológicos das glândulas supra-renais renais de doentes adrenalectomizadas por carcinoma da mama com metástases (João João Vasconcelos, Luís Silveira Botelho), 1959 | DIABETE − A diabetes de contracontra regulação ão e a sua terapêutica por via oral (Luís Silveira Botelho... [et al.]), 1956; 1956 Formas clínicas da diabetes, 1958. 2 Da sua obra literária em História da Medicina destaca-se destaca as obras Francisco Gentil: 1878-1964 1878 (introdução de Fernando Namora; coord. e legendas de Luís Botelho), 1978; Marañón e Portugal (1987); Quem foi Marck Athias (1990); o Barão de Catânia, D. José Benetti (1994); (1994 Dr. Thomaz de Carvalho (1994); José Maria Grande (1974); Os monumentos a Sousa Martins (1995); Pina Manique e a Medicina (1994); Médicos na toponímia de Lisboa, 1991; O Instituto Português de Oncologia e a luta contra o cancro em Portugal: 75 anos (coord. Luís Silveira Botelho), 2000; A Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa e os seus presidentes: 1835-2006 (Artur Torres Pereira, Luís Silveira Botelho, Jorge Soares; rev. Luís Milheiro), 2006; 2006 Subsídios para a História dos hospitais civis de Lisboa e da medicina portuguesa: 148-1990 148 (José Leone; coord. Luís Silveira lveira Botelho e Barros Veloso), 1993; Relações científicas entre a endocrinologia de Portugal e a endocrinologia de Espanha (Luís Silveira Botelho, B José Luís Medina), 2008, sendo ainda de sua autoria A mulher na toponímia de Lisboa (Luís Silveira Botelho; coord. António F. Trindade; fot. Humberto Mouco), publicado em 1998. A colecção agora generosamente doada pelo ilustre médico ao INSA constitui um valioso conjunto documental para o entendimento da História da Medicina Med contemporânea ontemporânea em Portugal,, nomeadamente das grandes personalidades médicas que se notabilizaram na clínica e na investigação em Lisboa. Lisboa Resulta de pesquisas e aquisições feitas, em particular nos últimos 20 anos,, de materiais preparatórios da sua actividade literária e de divulgação científica, que documentam o empenhamento de Silveira Botelho na preservação da memória médica, o reconhecimento dos contributos dados em prol da medicina e, sobretudo, sobretudo o zelo que punha no que intentava dar à estampa num dicionário de médicos portugueses ortugueses. O conjunto incorpora essencialmente biografias e bibliografia médica impressas (grande grande parte encontram-se encontram com dedicatórias autógrafas), um vasto arquivo de recortes de imprensa das principais revistas de divulgação científica médica e outros documentos de natureza vária coligidos sobre a vida e obra das diversas personalidades (caricaturas, currículos, fotografias, correspondência, cartões postais, etc.), etc. das quais sobressaem os médicos: Ricardo Jorge (1858 1858-1939); Francisco Gentil (18781964); ); António Lima Leitão (1787-1876); (1787 Egas Moniz (1874.1955); ); Amato Lusitano (1511( 1568); Tomás de Carvalho (1819-1897); ( H. Barahona Fernandes (1907--1992); F. Pulido Valente (1884-1963); ); J. A. Pires de Lima (1877-1951); ( Maximiliano Lemos (1860 1860-1923); Sobral Cid (1877-1941); 1941); Alfredo Magalhães (1894-1959); (1894 Aníbal Bettencourt (1868 1868-1930); Azevedo Neves (1877-1955); 1955); J. Cid dos Santos (1907-1975); ( J. Leite de Vasconcelos (1858-1941), ( entre 3 muitos outros. Inclui ainda relevantes obras sobre a história das instituições de referência na área (Instituto Português de Oncologia, Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa; Hospital Real de Todos os Santos e Hospitais Civis de Lisboa; Faculdades de Medicina) e obras gerais sobre a História da Medicina em Portugal (A.J. d’Oliveira, 1883; Pires de Lima, 1943; Silva Carvalho, 1929; Augusto d’Esaguy, 1931; Bettencourt-Rodrigues, 1922). Para o INSA reveste-se de especial significado a entrega da colecção ainda em vida, acautelando o próprio Autor o seu acesso aos investigadoras a fim de dar continuidade ao seu trabalho intelectual e a preservação da documentação sobretudo numa instituição que incorpora outros espólios médicos, permitindo no futuro encontrar-se testemunho de sucessivas gerações de médicos. Elvira Silvestre Biblioteca do INSA 2011-09-25 4