ÁREA DE OPERAÇÕES INDUSTRIAIS 1 - AO1
GERÊNCIA SETORIAL DO COMPLEXO QUÍMICO
-
POLIETILENO
-
INTRODUÇÃO
As resinas de polietileno, produzidas comercialmente há mais de 50 anos, representaram um
consumo mundial em torno de 38 milhões de toneladas em 1995, correspondendo a um
faturamento ao redor de US$ 40 bilhões. Os polietilenos participam com 44% do consumo
mundial de termoplásticos e demandam 50% da produção mundial de eteno. Mais de 180
empresas produzem polietilenos, significando uma capacidade mundial de produção de cerca
de 45 milhões de toneladas/ano.
ASPECTOS GERAIS
As resinas de polietileno são normalmente classificadas pela sua densidade e estrutura
molecular, sendo conhecidas como PEAD ( polietileno de alta densidade); PEBD ( polietileno
de baixa densidade) e PEBDL( polietileno de baixa densidade linear). O PEBD é um dos mais
antigos termoplásticos conhecidos, pois foi introduzido no mercado no final da década de 30. O
PEAD começou a ser utilizado no final da década de 50, enquanto que o PEBDL tem menos de
vinte anos de utilização.
A demanda do polietileno encontra-se dividida entre a maior rigidez do PEAD e a flexibilidade
dos polietilenos de baixa densidade. O PEBD e o PEBDL competem entre si, cada um
apresentando vantagens específicas (por exemplo, o PEBD apresenta maior transparência
enquanto que o PEBDL tem maior resistência). O PEAD, sendo rígido e pouco fluido, presta-se
à produção de filamentos, moldagem a sopro e artigos como engradados, caixas, estrados e
tambores. O PEBD é bem mais flexível e fluido, o que o torna adequado a filmes para sacos
plásticos, garrafas, brinquedos e revestimentos de fios/cabos. Por sua vez, o PEBDL possibilita
produzir fios e películas mais finas, resistentes e recicláveis, tendendo a substituir o PEBD
tradicional.
Uma nova geração de catalisadores chamados de “metallocenos”, cujo uso se iniciou na
década de 90 nos países desenvolvidos, permite novas combinações dos monômeros e
principalmente a criação de polímeros com propriedades desejadas para o material. No futuro,
a distinção entre os polietilenos convencionais ficará mais difícil, pois qualquer possível
combinação de propriedades será teoricamente disponível e toda associação tradicional de
propriedade por produto vai desaparecer. O segmento dos polietilenos é o mais evoluído
atualmente, já apresentando um grande número de produtos fabricados através dos
metallocenos (m-PE). Por exemplo, existe um tipo de m-PE que é mais resistente do que os
polietilenos convencionais, podendo ter uma espessura 30% menor. Porém, esta resina é mais
difícil de processar no momento e requer tempo de processamento maior nos equipamentos de
transformação atuais.
CENÁRIO MUNDIAL
Entre os maiores segmentos consumidores de resinas de polietileno destacam-se os filmes e
laminados, que representam praticamente a metade do consumo mundial (vide gráfico 1 a
seguir).
1
Gráfico 1 - Principais Aplicações de
Polietilenos no Mundo - 1994
Gráfico 2 - Principais Produtores
Mundiais de Polietilenos -1994
Outros
18%
Moldagem
Injeção
14%
Eni 3%
Tubos
4%
Moldagem
Sopro
13%
Solvay3%
Dow 7%
Exxon 5%
Quantum
5%
Carbide
4%
Borealis
3%
Outros
67%
Filmes/
Laminados
48%
Fios/
Cabos
3%
Mobil 3%
Através do gráfico 2, pode-se constatar que oito produtores detêm 33% da capacidade
produtiva mundial dos polietilenos, sendo que o maior produtor é a Dow Chemicals, que
também é o que apresentará, no final de 1996, a maior capacidade de produção de m-PE.
Cabe destacar ainda que, dos quinze maiores produtores mundiais de polietilenos, apenas três
se concentram na produção do PEAD (Solvay, aliás o maior produtor mundial , Hoechst e
Phillips), enquanto que os doze restantes produzem todos os polietilenos (PEBD;PEBDL e
PEAD).
Por outro lado 65% da capacidade produtiva mundial de polietilenos em 1995 concentrou-se
nas regiões da América do Norte, Europa Ocidental e Japão, como se pode verificar no gráfico
3 a seguir. Segundo estimativas da Phillips Chemical Co., exposto no 1996 DeWitt
Petrochemical Review Conference, a capacidade produtiva mundial de polietilenos poderá
aumentar em 12 milhões de t/a nos próximos cinco anos, sendo que boa parte dos projetos
estão concentrados na Ásia e Oriente Médio. A se confirmar esta previsão, a capacidade
mundial de polietilenos chegará a 57 milhões de t/a e a participação das regiões da América do
Norte, Europa Ocidental e Japão cairá para 56% (conforme gráfico 3). Convém mencionar que
74% deste aumento projetado é representado por novas plantas “swing”, que podem produzir
PEBDL e/ou PEAD.
Gráfico 3 - Distribuição Regional Mundial da Capacidade Produtiva dos Polietilenos
1995
2000
Ásia
17%
Leste
Europeu
7%
Europa
Ocid.
25%
Japão
7%
Outros
11%
Outros
15%
Japão
6%
Ásia
21%
Amér.
Norte
33%
Leste
Europeu
8%
Amér.
Norte
28%
Europa
Ocid
22%
Fonte: 1996 DeWitt Petrochemical Review Conference
2
Do total do consumo mundial de 38 milhões de toneladas em 1995, o PEBDL representou 20%
deste total e o PEBD e PEAD participaram cada um com 40%. O gráfico 4, a seguir, ilustra a
evolução da demanda mundial dos polietilenos bem como o nível de utilização média das
plantas nos últimos onze anos.
CONSUMO (EM MILHÕES DE
TONELADAS)
Gráfico 4 - Consumo Mundial de Polietilenos (1984 - 95)
40
90
35
85
30
25
80
20
%
75
15
10
70
5
0
65
1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995
PEAD
PEBD
PEBDL
NÍVEL DE UTIL.
Fonte: CMAI -10 th Annual World Petrochemical Conference
Pode-se constatar que o PEBD é um termoplástico maduro, pois a taxa de crescimento neste
período foi de 3,2% a.a., enquanto que o PEAD alcançou uma taxa média de 7,8% a.a. Por
ser um termoplástico relativamente novo, o PEBDL apresentou um expressivo crescimento
médio de 35% a.a.
O quadro abaixo projeta as taxas de utilização das plantas de polietilenos no mundo até o ano
2000, com base nas expansões de capacidade supracitadas, utilizando-se duas hipóteses de
taxa anual de crescimento da demanda mundial: 5% e 7%.
QUADRO 1 - Provável Cenário do Mercado Mundial de Polietilenos até o Ano 2000
ANO
Capacidade
Instalada
- milhões t/a -
Demanda Mundial
(Taxa crescimento
5% a.a.)
Taxa
Utilização
(%)
Demanda Mundial
(Taxa crescimento
7% a.a.)
Taxa
Utilização
(%)
1996
1997
1998
1999
2000
48,8
51,5
55,0
57,4
58,3
39,9
41,9
44,0
46,1
48,5
82
81
80
80
83
40,6
43,5
46,5
49,8
53,3
83
84
85
87
91
Fonte: 1996 DeWitt Petrochemical Review Conference
O mercado mundial de polietilenos cresceu no período 1984/95 a uma taxa média de 6,5%
a.a. Portanto, é razoável utilizar o cenário que supõe uma taxa de crescimento de 7% a.a., o
qual prevê uma taxa de utilização de 91% nas plantas de polietilenos, no ano 2000, caso os
projetos já comentados forem implementados.
CENÁRIO BRASILEIRO
O perfil de consumo dos polietilenos no Brasil é relativamente diferente do padrão mundial
apresentado em 1994, uma vez que no País há um maior consumo para filmes/laminados (vide
gráfico 5).
3
Gráfico 5 - Principais Aplicações de
Polietilenos - Brasil - 1994
Gráfico 6 - Principais Produtores
Brasileiros de Polietilenos - 1996
Injeção
15%
Extrusão
9%
Polialden
8%
Sopro 16%
Polisul
15%
Solvay
6%
Politeno
18%
Carbide
15%
Filmes/
Laminados
60%
Triunfo
9%
Fonte: ABIQUIM.
OPP
28%
Fonte: ABIQUIM.
A capacidade instalada atual de polietilenos no Brasil é de 1,43 milhão de t/a, representando
3% da capacidade mundial. Pelo gráfico 6, constata-se que há sete produtores de polietilenos,
mas apenas OPP e Politeno, que respondem por 47% da atual capacidade instalada,
produzem os três tipos de polietilenos. As demais empresas são monoprodutoras (Triunfo /
Union Carbide com o PEBD; Polialden / Polisul / Solvay com o PEAD). Pela relação dos
investimentos programados para o setor químico, elaborado em março/96 pela ABIQUIM,
existem projetos que representam aumento de 670 mil t/a na oferta de polietilenos até o ano
2000. Cabe destacar ainda a primeira planta de metallocenos (m-PE), a ser implantada pela
Dow na Argentina, que certamente afetará o mercado brasileiro via Mercosul. Vale mencionar
que, por ora, não se tem algum conhecimento de unidade de m-PE a ser instalada no Brasil.
Pelo lado da demanda constata-se que o mercado brasileiro de polietilenos, em 1995,
representou um consumo de 1,1 milhão de toneladas, onde o PEBD participou com 46% deste
total, o PEAD com 42% e o PEBDL com 12%. As importações, antes inexpressivas, agora
suprem 10% das necessidades brasileiras de polietilenos.
O gráfico 7, a seguir, ilustra a evolução da demanda no Brasil dos polietilenos, bem como o
nível de utilização médio das plantas nos últimos onze anos, onde se pode constatar que na
maioria dos anos essas taxas foram bem superiores à média mundial, uma vez que os
produtores nacionais tiveram um bom desempenho nas exportações.
Gráfico 7 - Consumo Brasileiro de Polietilenos (1984 - 95)
CONSUMO ( EM MIL
TONELADAS)
1200
100
98
1000
96
94
800
92
%
90
600
88
400
86
84
200
82
0
80
1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995
PEBD
PEAD
PEBDL
NÍVEL DE UTIL.
Fonte: ABIQUIM/AO1-GESET4 (BNDES).
4
A demanda brasileira de polietilenos cresceu 8,5% a.a. nos últimos onze anos e a taxa de
elasticidade foi de 2,0. Por ser o PEBDL um produto relativamente novo no Brasil, considerase que o seu consumo significativo se iniciou na década de 90, sendo o seu crescimento médio
anual no período 92/95 de 23% a.a. Quanto aos demais, o PEAD apresentou um aumento
médio de 13,5% a.a. entre os anos 1984-95, enquanto que o PEBD apresentou taxa de
crescimento no período 1984-95 da ordem de 3,8% a.a.
Para a projeção do mercado brasileiro até o ano 2005, considerou-se um crescimento médio
do PIB em 2% para 1996 e 3,5 % a.a para os anos subsequentes, resultando em um aumento
médio anual de 5,8 % a.a. da demanda de polietilenos neste período. A taxa de elasticidade
resultante é 1,65. O gráfico, a seguir, resulta da consolidação entre a projeção da demanda
supracitada com a oferta (incluídos os aumentos a que se referem os projetos citados pela
ABIQUIM). No ano 2000 onde o superavit será o mais acentuado, o setor terá de exportar mais
de 20% da sua produção, a fim de obter um nível de utilização de 90% para suas plantas.
Gráfico 8 - Projeção da Oferta e Demanda de Polietilenos no Brasil
(1996-2005)
2.500
MIL TONELADAS
2.000
1.500
1.000
500
0
1996
1997
1998
1999
2000
PROJ.DEMANDA BNDES
2001
2002
2003
2004
2005
PREVISÃO OFERTA
Fonte: AO1/GESET4 (BNDES)
CONCLUSÃO
Portanto, diante do exposto, cabe destacar a significativa expansão prevista da oferta nacional,
até o ano 2000, com um incremento que corresponde a 52% da atual capacidade instalada. No
tocante à oferta mundial espera-se um aumento estimado em cerca de 27% da presente
estrutura produtiva. As previsões internacionais mais otimistas prevêem um índice de utilização
de 91% para as plantas de polietilenos até o ano 2000. Caso esse cenário não se confirme,
haverá o conseqüente acirramento da competição no comércio internacional dos excedentes
exportáveis.
Outro fator importante é a tendência, para os próximos anos, de maiores taxas de crescimento
de consumo para os produtos de alta densidade (PEAD) e linear (PEBDL) em detrimento dos
de baixa densidade (PEBD), bem como a utilização de uma nova vertente tecnológica, a nível
mundial, que é a dos “metallocenos”. No Brasil, o uso dessa nova tecnologia ainda não se
materializou, estando sem perspectivas para o futuro próximo.
Cabe mencionar ainda que, dentre as resinas termoplásticas o polietileno, nos seus diferentes
“grades”, continuará a ter o seu nicho de demanda bastante relevante a longo prazo.
5
O BNDES, por conseguinte, deverá continuar o seu trabalho de avaliação dos projetos
emergentes, contribuindo com seu “funding” para os empreendimentos que agreguem escalas
econômicas, tecnologia competitiva e aumento da produtividade.
Equipe Técnica Responsável:
. Ricardo Sá Peixoto Montenegro - Gerente
. Janusz Zaporski - Engenheiro
. Kelly Cristina de Azevedo Melo - Estagiária
. Katia Maria Vianna Duarte de Oliveira - Secretária
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Os polietilenos é o termoplástico mais importante, responsável por