Técnicas de Apresentação para Teleconferências
Profa. Dra. Luiza Maria Carravetta
Pós- Doutora em Televisão
UCLA- USA
1.Conceito de Teleconferência
Com o avanço tecnológico, a educação começou um processo de ampliação
de seus limites. Hodiernamente, as situações de ensino-aprendizagem procuram
acompanhar o desenvolvimento, oriundo da tecnologia.
Sem dúvida, a comunicação passou a fazer parte do cotidiano educacional,
oportunizando mudanças significativas nas relações de ensinar e aprender. Hoje, mais do
que nunca, a aldeia global, proposta por Mc Luhan é fator determinante para aqueles que
se ocupam quer com Comunicação, quer com Educação.
Com o surgimento dos meios de comunicação de massa, mormente da
televisão, e com as possibilidades surgidas do computador, começou-se a discutir
educação a distância. Nessa linha de pensamento, foi criada a Teleconferência e/ou
Videoconferência, tornando possível a troca de informações fora do sistema tradicional,
ou seja, presencial. Desse modo, a tecnologia coloca-se a serviço da educação, onde o
processo informativo ocorrerá fora dos limites da sala de aula.
Partindo do exposto, justifica-se um estudo mais aprofundado sobre
educação a distância através de Teleconferência e /ou Videoconferência.
Teleconferência
Na Teleconferência, o sinal é gerado em algum lugar e transmitido para
outro, ou seja, processa-se em uma via, podendo ser interativo ou não. A geração do
sinal é feita através de imagem e a recepção também é feita através de imagem.
A interatividade ocorrerá somente por aúdio, não necessitando de imagens.
Por exemplo, alguém faz uma palestra em uma cidade e outras pessoas assistem em
outras cidades. A interatividade pode ser feita por via telefone, via fax, via e-mail e por
uma linha de áudio privativa, sendo a úlitma, a mais eficaz ( não é necessário a
discagem, pois a comunicação é direta por intermédio de um microfone).
Videoconferência
Na Videocoferência, o sinal, normalmente, é gerado em duas vias, ou seja, na
primeira ela está sendo transmitida através de imagens e na segunda ela está sendo
recebida também através de imagens. A diferença fundamental da Videoconferência para
a Teleconferência é que na Video a interatividade pode ser feita por áudio e vídeo.
Há dois tipos de Videoconferência: via Internet e via Embratel.
A Videoconferência via Internet não oportuniza definição clara de imagens,
pois ainda há limitações tecnológicas. Entretanto, esse tipo é o que está sendo mais
usado, principalmente, por pequenos grupos. Além disso, o sistema tem sido o mais
escolhido, por ser menos oneroso do que o outro sistema.
A Videoconferência via Embratel possui clara definição de imagem, pois é
feita via satélite. Nesse tipo, é possível haver sala específica para
a geração da
conferência, podendo haver auditórios com material próprio ( telão, som estereofônico,
câmeras, mesa de corte, etc.). Além disso, o local poderá estar provido de material de
apoio, tipo: teleprompter, power point, data show, etc..
A interatividade será feita em vários locais, outras cidades, desde que os
mesmos estejam equipados com material que permitam a geração de imagens.
Não há literatura específica sobre Teleconferência e Videoconferência. A
terminologia ainda não está bem definida, havendo divergências quanto ao vocabulário
empregado.
A Videoconferência via Embratel é a mais perfeita do ponto de vista da
geração de imagens em duas vias. Além disso, o fator interatividade será beneficiado pela
possibilidade do uso dos recursos tecnológicos mais sofisticados. Acrescente-se a isso, o
fato de que a Videoconferência aproxima-se mais da educação presencial.
Para que seja estudada a Videoconferência, é necessário resgatar
fundamentos básicos da Comunicação Social. A mensagem precisa ser comunicada sem
ruídos na comunicação. Portanto, estudos relacionados à expressão corporal e à
expressão oral são pertinentes a um processo de comunicação efetivo.
Além disso, estudos relacionados à linguagem da TV podem auxiliar na
construção do conhecimento da educação a distância no tocante à informação
processada em duas vias. Tudo o que se refere a recursos fundamentais da comunicação
tornam-se
instrumentais
preciosos
para
essa
nova
linguagem,
denominada
Videoconferência, com características comunicacionais e educacionais de pósmodernidade.
2. Expressão Corporal
Linguagem gestual constitui-se numa ação que emite um sinal visual a um
assistente. Para se tornar um gesto, um ato tem que ser presenciado por alguém e tem
que comunicar uma informação. Portanto, a linguagem gestual pressupõe comunicação.
O homem precisa conhecer as suas possibilidades corporais, pois desse
conhecimento dependerá o seu uso no processo comunicacional.
É possível treinar habilidades corporais, para que o indivíduo possa usá-las,
conscientizando-se de suas potencialidades corporais como recurso para a exprssão e a
comunicação de mensagens.
Para desenvolver a expressão corporal, algumas etapas devem dser
consideradas:
* desbloqueio corporal;
* descoberta de tabus que impedem a utilização normal das expressões;
* descontracão e improvisação;
* reconhecimento de capacidades e habilidades corporais;
* treinamento do corpo para colocá-lo a serviço da comunicação.
A expressão corporal propõe-se a permitir a determinação da sua própria
linguagem corporal e permitir o encontro e a comunicação com todos e com tudo.Para o
desenvolvimento da expressão corporal são necessários exercícios de sensibilização
corporal.
3. Expressão oral
Os atos de falar e ouvir ocupam mais de três quartas partes do tempo das
atividades de comunicação de uma pessoa comum. Levando-se em conta o rádio, a
televisão, o cinema, o telefone, compreender-se-á que, no atual estágio da civilização,
quase 95% das necessidades, em relação à linguagem, são de uma eficiente comunicação
oral.
A fala é um dos principais meios de comunicação. Por ser mais rico inclui,
além da expresão verbal, gestos e expressões fisionômicas e o mais econômico ( fala-se
mais do que se escreve, ouve-se mais do que se lê).
É importante lembrar, também, que a fala é da máxima significação social,
pois através dela expressam-se pensamentos e sentimentos, procurando e conseguindo
cooperação de outras pessoas, informa-se, persuade-se os ouvintes. Em resumo:
controla-se o relacionamento social.
Para o desenvolvimento das atividades de fala, deve-se levar em conta:
1. Falar se aprende. Isso significa que com prática, tempo e paciência, uma
voz efetiva e uma articulação clara podem substituir vozes fracas e articulações
deficientes.
2. O desenvolvimento da habilidade de falar
só ocorre realmente com
atividades sistemáticas.
3. As habilidades de falar e ouvir desenvolvem-se melhor quando
trabalhadas, em conjunto.
Um apresentador, conferencista ou locutor, precisa, antes de mais nada de
uma boa diçcão
e controle respiratório. A diçcão inclui a correta articulação das
palavras e saber respirar é essencial para dar ritmo ao que se fala.
Pausas e entonações exigem dicção e respiração perfeitas.
O ouvinte e o telespectador deve perceber nitidamente todas as pontuaçõe de
um texto: vírgulas, aspas, travessão, reticências, exclamação, interrogação, ponto final.
Para uma expressão oral efetiva, é necessário que se trabalhe com técnica
vocal.
Como a voz é a expressão a personalidade como um todo, é indispensável
desenvolver os recursos da técnica vocal que visam a um melhor domínio do aparelho
fonador.
Para um bom desenvolvimento da técnica vocal são importantes:
* técnicas de relaxamento;
* técnicas de respiração.
4. Leitura
Temos dois tipos de leitura: leitura mecânica e leitura expressiva.
Leitura mecânica
A leitura macânica compreendetrês fases:
1. Articular mastigada e lentamente cada fonema que constitui a palavra,
cada palavra que constitui a frase, cada frase que constitui o período.
2. Articulação rápida e ágil.
3. Seguimento rigoroso das regras da sintaxe, controlando a respiração e
conscientizando a sua aplicação e dosagem.
Leitura Expressiva
É preciso salientar quatro elementos indispensáveis para a leitura expressiva.
1. Pontuação oral. Obedecer à pontuação oral que ressalta os sentimentos.
Determinar a pontuação, de acordo com a sua própria sensibilidade.
2. Entonação: são as variações de nível que a voz descreve, tendo por base a
tonalidade.
3. Ritmo: Ficar atento a dois extremos perigosos.
a) Falar depressa: porque distrai a atenção para a velocidade, provocando
desconforto nos ouvintes.
b) Falar muito lentamente porque produz enfado, dando a entender que
aquele que fala ou lê não entende do que está falando ou lendo.
4. Colorido na dicção são os variados matizes, colocados na leitura
expressiva de um texto.
5. Linguagem da TV
O mundo da televisão é o mundo das sensações, das mensagens emotivas,
rico de fantasia, de movimento, de brinquedo, operando mais sobre os mecanismos
sensoriais do que os lógicos.
A televisão espectaculariza todos os acontecimentos, sendo esse o seu modo
de transmitir o mundo para o mundo.
O espetáculo define-se pela sua eficácia visual e a fascinação vem da forma
espetacular com que é apresentado. Sendo assim, o espetáculo é a linguagem da
televisão.
Os produtos das mensagens televisivas têm como objetivo captar as fantasias
dos receptores, estimulando-os, para que se desenvolvam, para que liberem a imaginação
e a criatividade. Chega-se ao sonho, ao desejo de afeto, à procura de amor, às pequenas
loucuras proibidas.
Um exemplo tradicional é a cena de Gene Kelly do filme The singing in the
rain. Ela provoca uma agradável fuga do cotidiano. Em seguida, para que a loucura não
contagie excessivamente o público, a personagem volta ao mundo normal, quando a
figura de um guarda aparece.
A relação dicotômica entre o mundo dos sonhos e o da realidade faz da TV a
produtora de imagens que mais faz o show, que mais dá o espetáculo.
Para que a linguagem da TV seja bem entendida, é preciso reconhecer suas
características, ou seja, os planos, os movimentos de câmera, a pontuação, a angulação e
alguns recursos, tal como o chromakey.
5.1.Planos de TV
Tomada ou take: É a unidade básica da imagem. É a fração da imagem em um
determinado tempo e espaço.
1) Planos Fechados: São planos próximos dos objetos. São tomados a pouca distância
entre a câmera e o objeto. Procuram ressaltar o ser: personagem ou objeto. Têm poder
dramático e intimista. São apropriados para cenas individualizantes. São ricos em
expressividade e profundidade. São muito usados em televisão, devido ao tamanho da
tela. Existe a expressão que diz: “ São os planos de caras e bocas”.
1.1) BCU (Big close up): Plano de detalhe. Procura enquadrar um detalhe do rosto de
uma personagem.
PPP (Primeiro Primeiríssimo Plano)
1.2) CU (Close Up): Procura enquadrar o rosto inteiro da personagem.
PP (Primeiro Plano)
1.3) MCU (Medium Close Up): Enquadrar a personagem do meio para
cima.
PMF (Plano Médio Fechado)
2- Planos Abertos: São descritivos e generalizantes. São tomadas a distância. São
apropriadas para cenas em conjunto. São pobres em expressividade e dramaticidade.
2.1) MS (Medium Shot): Divisão da personagem do meio da cintura à
Também conhecido como plano de cintura
ou boneco de meio.
PM (Plano Médio)
2.2) TS (Thight Shot): Enquadra a personagem da cabeça até a altura da coxa.
PMA (Plano Médio Aberto)
2.3) KS (Knee Shot): Enquadra o personagem da cabeça até o joelho.
PA (Plano Americano)
2.4) FS (Full Shot): Enquadrar o personagem da cabeça aos pés. Revela o
cabeça.
ambiente do cenário.
PG (Plano Geral)
2.5) LS (Long Shot): Enquadra o personagem de corpo inteiro, ocupando
2/3 da altura do vídeo. Sobra 1/3 de teto acima da
cabeça da personagem.
GP (Grande Plano)
2.6) ELS (Extremo Long Shot) : Procura ressaltar todo o ambiente. A
personagem está perdida no ambiente.
GPG (Grande Plano Geral)
5.2. Movimentos de Câmera
São as maneiras de movimentar a câmera para a captação de imagem de
objetos e personagens.
1) Dolly-In (aproximação)
2) Dolly-Out (afastamento)
3) Pan (panorâmica)
3.1) Pan Right: Panorâmica para a direita. Movimento horizontal da câmera para o seu
eixo.
3.2) Pan Left: Panorâmica para a esquerda. Movimento da câmera no sentido horizontal
para esquerda.
4) Tilt-Up: Movimento da câmera sobre o seu eixo no sentido vertical, para cima.
5) Tilt-Dowm: Movimento da Câmera sobre o seu eixo no sentido vertical, para baixo.
6) Travelling: Movimento do dolly para as laterais, para direita ou para a esquerda.
7) Wipe: Chicote: Panorâmica ultra rápida.
8) Arco: Movimento circular da câmera ao redor do objeto ou personagem em 360
graus. É um movimento conjugado do travelling com as panorâmicas.
9) Pêndulo: Câmera desloca-se pela lateral até o objeto. É uma conjugação do travelling,
das panorâmicas e do dolly.
5.3. Pontuação
1) Corte: Substituição rápida e instantânea uma imagem por outra. Tudo ocorre no
mesmo espaço e no mesmo tempo.
2) Fusão: Substituição lenta e progressiva de uma imagem por outra. Pressupõe
passagem de tempo e espaço.
3) Superposição: Mistura das duas imagens.
4) Efeito Especial: É o destaque, o realce de uma imagem. Com o avanço da
computação gráfica, o uso de efeitos especiais é ilimitado.
5) Fade-In: É o aparecimento progressivo de imagem. Pode ocorrer no início de um
programa, no início de uma imagem, numa fusão do nada para a imagem.
6) Fade-Out: É o desaparecimento da imagem; é o ponto final; é o desaparecimento do
programa. A imagem vai desaparecendo lentamente.
5.4. Angulação
Angulação é um olhar incansável de posições diferentes. Caracteriza
aspectos diversos de como são vistas as personagens ou objetos, cenários, paisagens,
dando-lhes novas perspectivas.
1) Normal: A objetiva está na mesma altura do objeto ou personagem. é uma visão da
realidade.
2) Superior: A câmera está mais alta do que o objeto. Cena vista de cima para baixo.
Exprima sentimento de abandono, humilhação, derrota, timidez.
3) Inferior: A objetiva encontra-se mais baixo do que a personagem. Exprime
superioridade, vitória, poder.
4) Inclinada: A câmera está colocada de forma oblíqua e exprime desequilíbrio (dutch
angle- ângulo de bêbado).
5) Exêntrica ou circular: Produz forte efeito de vertigem, anormalidade, mal-estar,
desânimo, desespero e trévoa.
5.5. Dicas para imagem e texto
5.5.1Quanto à imagem:
* Evitar centralizar demasiadamente a imagem; a simetria perfeita pelo centro nem
sempre é a melhor composição;
* Cuidar a posição dos objetos na mesma linha da Câmera;
* Cuidar com a diferença de tamanho dos apresentadores;
* Evitar cenários confusos;
* Em agrupamentos, procurar a simplicidade;
* Utilizar sempre os comandos da câmera;
* Evitar os excessos de movimentação de câmera, para não atrair a atenção para a
técnica;
* Ter cuidado com roupas, evitando xadrez, vermelho, branco e preto;
* Usar gestos naturais.
5.5.2 Quanto ao texto:
* Deve ser claro, direto, simples e conciso;
* Usar sempre a ordem direta;
* Usar frases curtas, de duas a três linhas no máximo;
* Usar parágrafos curtos, evitando palavras difíceis;
* Evitar adjetivos desnecessários;
* Numerar todo material visual que fora utilizado;
* Evitar o uso de gíria;
* Evitar palavras polissílabas;
* Evitar palavras com sons sibilantes;
* Evitar cacoetes de expressão oral ( hã, né, entende)
5.6. Chromakey
Chromakey, também conhecido como sobreposição por separação de cores,
é um tipo de tesoura eletrônica que recorta todas as partes desejadas de uma imagem (
todas com a cor azul), e se sobrepõe o restante em outra imagem.
A imagem do plano de fundo pode vir de qualquer fonte: uma pintura, um
desenho, um diagrama, cenário completo de estúdio, telecine (TC) ou videoteipe (VT),
ou seja, de qualquer coisa que se queira sobrepor a otro fundo.
O plano da frente pode ser qualquer coisa ou pessoa, desde que não
contenha azul.
O azul é a cor mais comumente usada no chromakey, por que é o
componente de cor menos presente nos tons de pele.
A cor azul pode vir de um papel de fundo azul, de uma tinta azul ou de uma
luz azul nos refletores.
Os recursos de iluminação devem ser cuidadosamente acertados em relação
aos objetos e/ou pessoas com a iulminação da imagem de fundo. Por isso, é preciso
dispor de tempo para conseguir o resultado desejado com o uso do chromakey.
Os movimentos de câmera com chromakey são difíceis de serem executados,
devendo, por isso, serem evitados. Outro cuidado deve ser o de selecionar um número
mínimo de cenas diferentes, pois cada take leva muito tempo para ser acertado.
O efeito chromakey pode ser muito bom, se for usado corretamente.
Além do chromakey, outros recursos podem ser utilizados com a finalidade
de enriquecerem a comunicação através da linguagem da TV. A associação de recursos
eletrônicos, tais como power point, por exemplo, ajuda para tornar a comunicação mais
efetiva.
6. Referências Bibliográficas:
BEUTTE MÜLLER, Glorinha e Laport, Nelly. Expressão Vocal e Expressão Oral. Rio
de Janeiro, Enelivros Livraria e Editora Ltda, 1992.
BLOCH, Pedro. Problema da Voz e da Fala. Rio de Janeiro, Letras e Artes, 1963.
BLOCH , Pedro. Você quer falar melhor? São Paulo, Bloch, 1971.
CARRAVETTA, Luiza e Hoffmann, Elvira. Expressão oral: Teoria e prática. Porto
Alegre, Jurídica, 1984.
CARRAVETTA, Luiza. Métodos e Técnicas de Ensino do Português. Porto Alegre,
Mercado Aberto, 1991.
MEIRELES, Cecília. Ou isto ou aquilo. São Paulo, Edição Melhoramentos, 1972.
MORAIS, Desmond. Você. São Paulo, Círculo do Livro S.A. 1977.
SIMAS, Ana Luiza Breno. Educar sua voz e sua fala. Porto Alegre, Gráfica Editora A
Nação S.A, 1970.
SOARES, Regina e PICCOLOTTO, Leslie. Técnicas de Implantação e Comunicação
Oral. São Paulo, Loyola, 1977.
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