Análise do Potencial de Integração Produtiva
e Desenvolvimento de Serviços Logísticos de
Valor Agregado de Projetos da IIRSA (IPrLg)
Conexões Ilo / Matarani - Desaguadero - La Paz + Arica - La
Paz + Iquique - Oruro - Cochabamba - Santa Cruz
Resumo Executivo - Novembro 2009
www.iirsa.org
IIRSA - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS
Aplicação ao Grupo 5 de Projetos do Eixo de Integração
e Desenvolvimento Interoceânico Central
IIRSA - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS
GRUPO 5 EIXO INTEROCEÂNICO CENTRAL
ANALISE DO POTENCIAL DE INTEGRAÇÃO PRODUTIVA E DESENVOLVIMENTO
DE SERVIÇOS LOGÍSTICOS DE VALOR AGREGADO
Índice
IIRSA - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS
Índice .............................................................................................................................. 2 1. A área de influência ................................................................................................. 3 2. Caracterização da área de influência ...................................................................... 4 2.1 Atividade econômica .................................................................................. 4 2.2 Infraestrutura ............................................................................................. 5 3. Setores econômicos considerados na análise ........................................................ 6 4. Impacto do grupo de projetos, recomendações e plano de ação indicativo ............ 7 2/9
GRUPO 5 EIXO INTEROCEÂNICO CENTRAL
ANALISE DO POTENCIAL DE INTEGRAÇÃO PRODUTIVA E DESENVOLVIMENTO
DE SERVIÇOS LOGÍSTICOS DE VALOR AGREGADO
Introdução
No contexto do treinamento e aplicação da metodologia para a análise do potencial de
integração produtiva (IPr) e de desenvolvimento de serviços logísticos de valor
agregado (SLVA) da Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sulamericana (IIRSA), técnicos dos Governos da Bolívia, Chile e Peru foram convocados
para realizarem uma aplicação piloto sobre o grupo de projetos 5 (GP5) do Eixo
Interoceânico Central.
O presente documento é um resumo do relatório do trabalho realizado, das conclusões
sobre o potencial de IPr e desenvolvimento dos SLVA e das recomendações sobre um
plano de ação indicativo para a promoção da IPr e do desenvolvimento dos SLVA.
1. A área de influência
A área de influência abrange 1.224.000 quilômetros quadrados, tem 12.223.000
habitantes e está definida pelos departamentos de La Paz, Oruro, Cochabamba, Beni,
Chuquisaca, Santa Cruz e o norte do Departamento de Potosí, na Bolívia, as regiões
de Arica e Parinacota e de Tarapacá no Chile, e os departamentos de Tacna,
Moquegua, Puno e Arequipa no Peru (Figura 1 - Área de influência do GP5 do Eixo
Interoceânico Central
).
Figura 1 - Área de influência do GP5 do Eixo Interoceânico Central
3/9
IIRSA - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS
Entre dezembro de 2008 e junho de 2009, as equipes técnicas realizaram a
caracterização da área de influência (AI) beneficiada pelos projetos IIRSA,
identificaram os setores com potencial de integração produtiva e efetuaram entrevistas
junto a atores chave dos setores selecionados, a partir das quais elaboraram suas
conclusões.
GRUPO 5 EIXO INTEROCEÂNICO CENTRAL
ANALISE DO POTENCIAL DE INTEGRAÇÃO PRODUTIVA E DESENVOLVIMENTO
DE SERVIÇOS LOGÍSTICOS DE VALOR AGREGADO
A parte boliviana da área de influência representa 93% do território da Bolívia, inclui as
três cidades principais desse país —La Paz, Santa Cruz de la Sierra e Cochabamba—
e abrange as regiões andina, subandina e as planícies, que possuem características
geográficas e climáticas bem diferenciadas. Nesta parte do território é produzido 86%
do PIB nacional.
A parte chilena é a zona árida que se encontra no extremo norte do país e representa
7,8% da superfície do Chile, pouco menos de 3% da população total do país e 3,5%
do PIB nacional. As cidades principais são Iquique e Arica, que concentram quase
98% da população desta zona e que são, por sua vez, importantes portos. Arica, em
particular, é o principal porto do comércio exterior boliviano.
2. Caracterização da área de influência
2.1 Atividade econômica
A área de influência produz aproximadamente US$20,5 bilhões anuais, com uma
participação de 53% da parte peruana, 29% da parte boliviana (que representa quase
a totalidade do país) e 17% da parte chilena. O setor de serviços é o que mais
contribui para o PIB da área de influência, com 38%; a seguir, encontra-se a
manufatura (23%), com importante contribuição da parte peruana e, em particular, do
Departamento de Arequipa; a mineração (22%), desenvolvida em toda a área de
influência; e, por último, a agricultura (16%), especialmente concentrada nos
departamentos peruanos de Arequipa e Puno e em Santa Cruz na Bolívia.
A parte boliviana é produtora e exportadora de gás natural, minérios e soja. As
principais jazidas de gás natural ficam em Chuquisaca. A mineração é desenvolvida
em Oruro e em Potosí. Santa Cruz é o departamento com maior participação no PIB
da Bolívia e concentra grande parte da produção de soja. O florestamento se dá em
Beni, Santa Cruz, La Paz e Cochabamba. A pecuária e a leiteria são desenvolvidas
em Beni, Santa Cruz e Cochabamba, e os plantios de cana de açúcar se localizam em
Santa Cruz, La Paz e Beni. Além disso, em Santa Cruz há produção de algodão, em
La Paz, de cacau, e Beni é um importante exportador de "nozes do Brasil". A indústria
manufatureira não tem grande desenvolvimento, é principalmente orientada para o
mercado interno e se concentra em Santa Cruz, La Paz e Cochabamba.
A região chilena da área de influência se caracteriza, fundamentalmente, pela
produção de minérios e pela atividade portuária de Iquique e Arica. Estes portos
resultam articuladores na região do comércio para o Chile e os países vizinhos, bem
como a porta de saída para a região da Ásia-Pacífico. O porto de Iquique sobressai
pela afluência de veículos e de produtos de consumo que, através da zona franca, são
distribuídos para os países da região, gerando uma importante atividade comercial.
Por este porto, Chile exporta cobre, farinha e óleo de peixe, entre outros, e importa
combustível, adubos e produtos químicos em geral. No porto de Arica, as principais
cargas mobilizadas correspondem a farinha de soja, madeira, óleo, açúcar, torta de
girassol, produtos minerais e produtos comestíveis de origem boliviana, como também
há importação de trigo, milho e produtos industriais para a Bolívia.
4/9
IIRSA - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS
A parte peruana da área de influência representa 13% da superfície do Peru, 10% da
população e 11% do PIB nacional. As principais cidades são as capitais
departamentais Arequipa, Tacna, Puno e Juliaca. A área contém os portos de Ilo e
Matarani.
GRUPO 5 EIXO INTEROCEÂNICO CENTRAL
ANALISE DO POTENCIAL DE INTEGRAÇÃO PRODUTIVA E DESENVOLVIMENTO
DE SERVIÇOS LOGÍSTICOS DE VALOR AGREGADO
2.2 Infraestrutura
O eixo central da área de influência é integrado, de leste a oeste, pela estrada F4, que
parte de Puerto Suárez, na divisa da Bolívia com o Brasil, e passa por Santa Cruz e
Cochabamba, até o entroncamento com a estrada F1 em Caracollo (40 quilômetros ao
norte de Oruro), somando aproximadamente 1.300 quilômetros, dos quais, 285 são de
rípio e o resto pavimentado. De Caracollo, abrem-se três ramais:



O mais austral chega até Oruro pela estrada F1 e continua pela estrada F12
até Pisiga, na divisa com o Chile. No Chile, de Colchane, desce a cordilheira
163 quilômetros pela estrada 15 CH, passando por Huara até a interseção com
a Estrada 5 Longitudinal Norte e, dali, até a cidade e porto de Iquique. Cerca de
100 quilômetros desta estrada se encontram em estado regular ou mau.
O ramal central chega até Patacamaya pela estrada F1 (89 quilômetros
pavimentados) para retomar a estrada F14 até o Chile no passo de fronteira
Tambo Quemado/Chungará (189 quilômetros pavimentados). De Chungará,
desce a cordilheira 192 quilômetros pela estrada 11 CH até a estrada 5
Longitudinal Norte, a poucos quilômetros de Arica. Dos 192 quilômetros desta
estrada, 116 se encontram em estado regular ou mau.
O ramal para o norte continua 284 quilômetros pela estrada F1, pavimentada, até
chegar à divisa com o Peru, em Desaguadero, passando por Patacamaya e Río
Seco (a 17 quilômetros de La Paz). Dali há rodovias até o porto de Ilo, passando
por Moquegua, ou até Tacna, para conectar com a fronteira chilena, ou até
Arequipa, passando por Puno e Juliaca, para chegar a Lima.
As ferrovias da Bolívia estão divididas em duas redes não interconectadas entre si. A
Rede Andina tem uma extensão de 2.272 quilômetros (a metade não operacional) e
conecta os departamentos de La Paz, Oruro, Potosí, Chuquisaca e Cochabamba. Tem
conexões com as linhas ferroviárias de países vizinhos que chegam aos portos de
Matarani no Peru, Arica e Antofagasta no Chile, e Rosario e Buenos Aires na
Argentina. A Rede Oriental conta com 1.424 quilômetros de extensão (86%
operacionais) e conecta os departamentos de Chuquisaca, Tarija e Santa Cruz e os
passos de fronteira com a Argentina e o Brasil em Yacuiba e Corumbá.
Existe uma linha de 457 quilômetros que liga Arica com La Paz. Os 206 quilômetros do
trecho chileno estão em vias de reabilitação até o ano 2011.
5/9
IIRSA - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS
A parte peruana da área de influência contribui com 21% do PIB do setor de
mineração e 15% do PIB do setor agrícola do Peru; ambos os setores são os eixos
mais importantes da economia da zona. A maior atividade se concentra em Arequipa,
onde é extraído cobre, ouro, prata, chumbo e zinco, e são cultivados alhos, alfafa,
cebola, ginja, limão doce, sorgo grão, cenoura, tangelo e sabugueiro. Em Moquegua, a
atividade principal é a extração de prata, ouro e cobre. Há plantios de oliveiras,
abacate e pomares; na região serrana há pecuária bovina e ovina, e no litoral há
importantes salinas. Puno conta com plantios de batata, favas, cevada e quinua, e é o
primeiro departamento produtor de lã ovina e de camelídeos a nível nacional. O
turismo é uma atividade economicamente importante, principalmente na zona de Puno
e do lago Titicaca. Em Tacna é significativa a extração de cobre a céu aberto. A
agricultura é voltada aos plantios de videiras, cana de açúcar, batata, algodão, trigo,
alfafa, alhos e pomares, e, nos últimos anos, sobressaiu o plantio de oliveiras, que
produz 53% das azeitonas do país; são também cultivados o milho amiláceo e o
orégão.
GRUPO 5 EIXO INTEROCEÂNICO CENTRAL
ANALISE DO POTENCIAL DE INTEGRAÇÃO PRODUTIVA E DESENVOLVIMENTO
DE SERVIÇOS LOGÍSTICOS DE VALOR AGREGADO
A rede ferroviária do Peru conta com 2.020 quilômetros e sua infraestrutura está
integrada por dois sistemas principais: a Estrada de Ferro Central e a Estrada de Ferro
do Sul, que abrange os departamentos de Arequipa, Puno e Cusco. No âmbito de
estudo existem três sistemas ferroviários: Estrada de Ferro do Sul, Southern Peru e a
linha Tacna-Arica. Southern Peru é completamente privada.
Os portos marítimos da área de influência são Iquique, Arica, Matarani e Ilo, que
movimentam 2,7, 1,6, 3,3 e 0,4 milhões de toneladas de carga ao ano,
respectivamente. Iquique é o principal porto da área de influência para contêineres
(263 mil TEU) e Matarani é fundamentalmente um porto de grãos com importações de
grãos, fertilizantes, carvão a granel, ácido sulfúrico e veículos, e exportações de
concentrados de minério a granel, cátodos de cobre, farinha de peixe e farinha de
soja.
Existem também três projetos relevantes para a implantação de plataformas logísticas,
um em Oruro (Bolívia), outro em Arica (Chile) e o terceiro em Arequipa (Peru). Os
projetos estão na etapa inicial de estudo, com diferente nível de avanço.
3. Setores econômicos considerados na análise
Considerando a importância atual ou potencial para a integração econômica dos três
países dentro da área de influência, foram preliminarmente identificados para a
realização do trabalho de campo os seguintes setores:











Fornecedores de serviços e suprimentos para a mineração;
Plataforma logística e de serviços para o comércio internacional;
Açúcar-biscoitos;
Algodão-fiação;
Sucata-arame;
Soja-alimentos balanceados;
Couro e suas manufaturas;
Leite e derivados;
Madeiras-móveis;
Especiarias e azeitonas;
Joalheria.
Da caracterização dos setores econômicos selecionados e, principalmente, da
contribuição realizada pelos atores entrevistados, conclui-se que não existe uma
relação nítida que vincule o grupo de projetos com o potencial de integração produtiva
e com o desenvolvimento de serviços logísticos de valor agregado. Pelo contrário, está
relação é complexa por vários motivos.
As entrevistas realizadas junto aos atores econômicos evidenciaram que a maioria das
hipóteses de integração propostas não era cumprida, nomeadamente:

O setor de fornecedores de serviços e suprimentos para a mineração se
encontra em uma fase incipiente e pouco desenvolvida;
6/9
IIRSA - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS
A área de influência conta também com zonas francas, parques industriais ou zonas
primárias aduaneiras de tratamento especial destinado a promover investimentos e
exportações e a gerar emprego em Ilo, Matarani, Tacna, Arica e Iquique.
GRUPO 5 EIXO INTEROCEÂNICO CENTRAL
ANALISE DO POTENCIAL DE INTEGRAÇÃO PRODUTIVA E DESENVOLVIMENTO
DE SERVIÇOS LOGÍSTICOS DE VALOR AGREGADO





O açúcar exportado pela Bolívia ao Peru não se integra a processos
produtivos, mas é diretamente destinada ao consumo;
O algodão produzido pela Bolívia não conta com a qualidade adequada para se
incorporar à produção peruana por restrições genéticas e tecnológicas;
A cadeia soja-alimentos balanceados é relevante, mas as principais unidades
de processamento estão localizadas na zona central do Peru, fora da área de
influência, algo similar ao que acontece com a cadeia de couros;
A cadeia de leite e derivados é praticamente limitada a uma única empresa
processadora peruana fornecida parcialmente pela Bolívia, e conta também
com importantes restrições de produtividade e de qualidade;
Não foi detectada integração produtiva para o caso das jóias.
Para as cadeias de especiarias e azeitonas entre o Peru e o Chile, confirma-se a
existência de integração produtiva em uma fase de expansão de escala com
integração a montante, em virtude da relação consolidada existente com os
fornecedores da cadeia de produção.
A cadeia de sucata boliviana e produção de arame do Peru pode ser considerada
marginal em relação ao total do comércio na região. No entanto, esta cadeia divide
infraestruturas de transporte e passos de fronteira com uma quantidade muito maior
de produtos, e, em virtude disso, a execução dos projetos do grupo terá um efeito
sobre a dinâmica do comércio em geral e sobre este setor em particular. A dinâmica
deste setor depende da demanda gerada pelo setor da construção da Bolívia e,
eventualmente, do norte do Chile.
4. Impacto do grupo de projetos, recomendações e plano de ação
indicativo
Para avaliar o impacto do grupo de projetos sobre o potencial de integração produtiva
e desenvolvimento de serviços logísticos de valor agregado, foram identificados
conjuntos articulados de projetos, atividades econômicas, oportunidades de negócios
e entraves, a partir dos quais foi possível identificar uma sucessão de eventos
interligados que geram demandas, as quais constituem oportunidades de negócios
que podem originar investimentos.
Na atualidade, o maior grau de integração produtiva na área de influência se
apresenta entre a Bolívia e o Peru; a Bolívia tem, fundamentalmente, o papel de
fornecedor de produtos primários de baixo valor agregado, e o Peru desempenha o
papel de "processador" ou agregador de valor.
Entre o Peru e o Chile, a integração produtiva se reduz a setores muito específicos
(especiarias e azeitonas) relacionados com a atividade de poucas empresas
concentradas em torno da fronteira, próximas a Tacna e a Arica. Sobre este eixo
(Tacna-Arica) há um importante fluxo comercial e de pessoas, o que facilitaria
processos de integração. De fato, no caso das azeitonas, as mesmas empresas têm
atividades de um e outro lado da fronteira.
Entre a Bolívia e o Chile existe uma integração fraca na área de influência, com
escasso potencial, no setor de madeira e móveis.
7/9
IIRSA - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS
Para o setor madeira e móveis, confirma-se a existência de integração produtiva,
porém, limitada apenas a uma única fábrica em Arica, com dificuldades para expandir
sua escala, abrir novos mercados e aperfeiçoar sua rede de fornecedores.
GRUPO 5 EIXO INTEROCEÂNICO CENTRAL
ANALISE DO POTENCIAL DE INTEGRAÇÃO PRODUTIVA E DESENVOLVIMENTO
DE SERVIÇOS LOGÍSTICOS DE VALOR AGREGADO
Porém, a participação do Chile neste processo de integração está mais relacionada ao
desenvolvimento de serviços logísticos de valor agregado. As medidas indicadas para
agilizar o fluxo de bens e potencializar o desenvolvimento da plataforma logística de
Arica também beneficiariam qualquer processo de integração produtiva entre os três
países.
Por outra parte, recomenda-se aproveitar a experiência das instituições de fomento
chilenas em matéria de desenvolvimento de fornecedores para melhorar a qualidade
das matérias-primas para a agroindústria em setores como o processamento de
azeitonas, pimentões e madeiras finas bolivianas, visando intensificar os processos de
integração observados.
Para tal é imperativo recomendar a todas as partes envolvidas que realizem um
esforço por materializar aquelas obras que foram elevadas à categoria de projetos do
portfólio IIRSA, o que mostrará uma clara vontade de integração.
Todos os setores mencionados são usuários, em menor ou maior grau, das
infraestruturas do grupo de projetos. Os projetos mais requeridos são a reabilitação do
trecho El Sillar e da estrada 7 Santa Cruz-Cochabamba, bem como o centro binacional
de atendimento em fronteira (CEBAF) Desaguadero, incluído no grupo 8 do Eixo
Andino. Em segundo lugar, estão a estrada de ferro Aiquile-Santa Cruz, a reabilitação
da rodovia Puno-Juliaca (também pertencente ao GP8 do Eixo Andino) e a reabilitação
do trecho Juliaca-Santa Lucía (GP1 do Eixo Peru-Brasil-Bolívia).
É possível supor, então, que o desenvolvimento destas infraestruturas terá um impacto
favorável nos processos de integração. Porém, existem outros fatores de maior peso
que inibem os processos de integração, como será explicado a seguir.
Com exceção do caso da soja, a Bolívia não é o principal fornecedor do Peru nas
cadeias apontadas, podendo-se, então, supor que existiria um potencial de maior
participação das matérias-primas bolivianas nos processos industriais peruanos. Ao se
analisarem as causas da limitada participação das matérias-primas provenientes da
Bolívia na indústria do Peru, identificam-se a qualidade e o atendimento a
especificações como os principais problemas.
Por outra parte, se a rede terciária de caminhos da Bolívia for melhorada, os setores
da madeira, couro, algodão, laticínios e soja e outros grãos serão beneficiados,
tornando-se mais competitivos, e isto, com certeza, acarretará uma maior participação
nos mercados, requerendo investimentos para ampliar a produção e, por sua vez, a
necessidade de mais e de melhores infraestruturas.
Desta forma, é possível compor um conjunto integrado pelos projetos IIRSA
mencionados, os entraves relacionados com a baixa qualidade e produtividade e a
ampliação e melhoria da rede viária terciária e a eletrificação rural na Bolívia, que
atuaria da seguinte maneira:
8/9
IIRSA - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS
Para promover o processo de integração produtiva incipiente entre fornecedores de
serviços chilenos e empresas de mineração peruanas, e, atendendo ao forte aumento
dessa atividade no sul do Peru, sugere-se impulsionar uma campanha de promoção
no Peru, aproveitando as instituições e recursos organizados no Chile para a
promoção das exportações.

As melhorias na rede terciária de caminhos, uma ampliação da eletrificação rural, a
implementação de regulamentações e treinamento a produtores para melhor uso
dos solos e dos agroquímicos, o aperfeiçoamento genético e tecnológico do plantio
de algodão e a produção leiteira, e a capacitação sobre exigências regulamentares
para o comércio exterior nos setores identificados, permitiriam um aumento da
produtividade e da qualidade da produção boliviana, promovendo, assim, a
integração produtiva entre estes países.

O maior fluxo de matérias-primas bolivianas para o Peru, resultante destas
melhorias, significaria uma maior demanda para o uso do trecho El Sillar, da
estrada 7, entre Santa Cruz e Cochabamba, do passo de fronteira de Desaguadero
e da ferrovia entre Aiquile e Santa Cruz, entre outros projetos. A concretização
oportuna destes investimentos favorecerá os setores econômicos mencionados e
alimentará o círculo virtuoso integração produtiva-infraestrutura.
É importante frisar que a sequência de ações e eventos que desencadearia uma maior
participação de matérias-primas bolivianas na indústria peruana pode se produzir de
forma incremental, à medida que os investimentos forem realizados, já que as
infraestruturas envolvidas (rede viária terciária, eletrificação viária, silos para grãos)
são de caráter divisível.
O desenvolvimento de serviços logísticos de valor agregado depende
fundamentalmente da concretização dos projetos em Arica e em Oruro, o primeiro
para dar suporte à atividade portuária, oferecendo espaços de armazenamento,
serviços de consolidação e desconsolidação de importações e exportações e
manuseio de mercadorias em trânsito, e o outro como ponto de ruptura de carga de
importações e exportações bolivianas, facilitando o trânsito de mercadorias para o
Pacífico e otimizando o fornecimento e a distribuição de produtos na Bolívia.
Estes projetos podem ter um impacto favorável na eficiência do transporte de
importações e exportações bolivianas, e, em potencial, brasileiras, pelo porto de Arica,
facilitando o planejamento do fluxo de mercadorias, consolidando oportunamente os
embarques em um e em outro sentido e diminuindo as demoras nos terminais. Um
transporte mais eficiente certamente aumentará a demanda e, portanto, o uso das
infraestruturas principais para o acesso ao Pacífico.
Fora um eventual desenvolvimento da plataforma logística de Arica, hoje se apresenta
a necessidade de desenvolver projetos complementares em infraestrutura e melhoria
da gestão para facilitar o trânsito de mercadorias de e para a Bolívia, os quais,
provavelmente, irão favorecer o desenvolvimento da plataforma e, eventualmente,
potencializar a integração produtiva. Exemplos deste tipo de projetos são a integração
das telecomunicações e a melhoria da infraestrutura; o equipamento e o pessoal dos
passos de fronteira entre o Chile e a Bolívia; o estabelecimento de anteportos que
apóiem a gestão dos portos de Arica e de Iquique, e a melhoria de seus acessos e dos
padrões de rodovias.
9/9
IIRSA - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS
GRUPO 5 EIXO INTEROCEÂNICO CENTRAL
ANALISE DO POTENCIAL DE INTEGRAÇÃO PRODUTIVA E DESENVOLVIMENTO
DE SERVIÇOS LOGÍSTICOS DE VALOR AGREGADO
Download

Análise do Potencial de Integração Produtiva e