Faltam 800 médicos de família. Só em Lisboa e Vale do Tejo faltam 500
Tipo Meio:
Internet
Meio:
Página 1 Online
Data Publicação:
19-05-2015
URL:: http://pagina1.sapo.pt/detalhe.aspx?fid=355&did=187761&number=12174
19-05-2015 07:20
Alguns reformaram-se e outros deixaram o país. Ministro da Saúde fixou a meta de cada português
ter médico de família até ao fim da legislatura, mas a Ordem dos Médicos não vê como com a actual
estratégia.
Faltam 800 médicos de família em Portugal e, desses, 500 estão em falta na região de Lisboa e Vale
do Tejo. A contabilidade é da Associação de Médicos de Medicina Familiar.
"Lisboa e Vale do Tejo nem sequer é a maior região em termos populacionais", sublinha Rui Nogueira,
da associação. "Enquanto no Norte, que é um pouco maior, faltam 100 médicos, em Lisboa e Vale do
Tejo faltam 500. Veja-se a assimetria", prossegue.
Neste que é o Dia Mundial do Médico de Família, este responsável considera ser incompreensível que
não se avance com novos concursos de admissão.
"Temos duas épocas de exames internos e não temos a consequente admissão dos médicos. Um das
primeiras medidas a tomar é abrir concursos para os médicos que terminaram a formação - são
médicos de família já diplomados - em Abril. Estamos em meados de Maio e ainda não abriu o
concurso para o ingresso destes novos especialistas, porque falta um despacho do senhor ministro a
autorizar a abertura excepcional do concurso de abertura destes internos que fizeram agora exame.
Uma coisa inadmissível. Já dissemos isto ao senhor ministro e o senhor ministro concordou. Mas não
se faz. Porquê? Não sei, não dá para perceber", critica.
Reformas antecipadas cobriam necessidades do Norte
Em pouco mais de quatro anos (de Janeiro de 2011 a Maio deste ano), a Ordem dos Médicos
contabiliza mais de 400 especialistas de medicina geral e familiar reformados. Muitos em aposentação
antecipada e só no Norte do país.
Desses, cerca de duas centenas anteciparam a reforma desde Janeiro do ano passado.
"Só nos últimos 16 meses, um número de médicos de família que seria suficiente para cobrir o
número que a ACSS [Administração Central do Sistema de Saúde] diz que falta no Norte do país: 145
médicos de família. Bastava que essas reformas antecipadas não tivessem acontecido para que cada
português no Norte do país tivesse um médico de família", afirma à Renascença o presidente da
secção regional do norte da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães.
Aos reformados somam-se os que já emigraram. E o número não pára de aumentar. De 2012 e 2014,
saíram do Norte do país 19 especialistas de medicina geral e familiar.
O ministro da Saúde fixou a meta: cada português com médico de família até ao fim da legislatura.
Para a Ordem dos Médicos não é impossível, mas a estratégia do Governo é errada.
"No último ano, o número de USF [unidades de saúde familiar] que o Governo permitiu que fossem
criadas foi uma ou duas. Não é assim que o ministro consegue que cada português tenha um médico
de família", contesta Miguel Guimarães.
A Ordem dos Médicos insiste na necessidade de promover condições de trabalho atractivas para os
médicos dos cuidados de saúde primários e diz que é tudo uma questão de vontade política.
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