METALOGRAFÍA DE LIGAS A L U M Í N I O - U R À N I O
ERBERTO
^RELAT:-R!0
FRANCISCO
GENTILE
,
< /PUBLICAÇÃO IEA N.°
. o /
Junho — 1968
164
INSTITUTO DE ENERGIA ATÔMICA
Caixa Postal 11049 (Pinheiros)
CIDADE UNIVERSITÁRIA "ARMANDO DE SALLES OLIVEIRA"
SÃO PAULO' - BRASIL
METALOGRAFÍA
DE
LIGAS
ALUMINIO-URANIO
Erberto Francisco
Gentile
Divisão de Metalurgia
Nuclear
Instituto de Energia Atômica
Sao Paulo - Brasil
Publicação IEA
N9 16A
Junho - 1968
Separata de "METALÜRGU - REVISTA DA ASSOCIAÇlO BRASILEIRA DE METAIS", vol. 24,
março, p. 187-192, 196?.
124 ,
Comissão nacional de Energia Muclear
Presidente: Prof. Uriel da Costa Ribeiro
Universidade de São Paulo
Reitor: Prof.Dr. Luis Antonio da Gama e Silva
Instituto de Energia Atômica
Diretor: Prof. Rómulo Ribeiro Pieroni
Conselho_l|cnico-Clentífico do IEA
Prof.Dr. José Moura Gonçalves
pela USP
Prof.Dr. José Augusto Martins
Prof.Dr. Rui Ribeiro ¡raneo
pela CNEN
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Divisões
Didático-Uientfficas
Divisão de Física Nuclear Chefe: Prof.Ur. Marcello D.S, Santos
Divisão de Radioquímica Chefe: Prof.Dr. Fausto V/alter de Lima
Divisão de Metalurgia Nuclear Chefe: Prof.Dr, Tharcísio D.S, Santos
Divisão de Engenharia fluímioa Chefe: Lio. Alcídio Abrão
Divisão de Engenharia Nuclear Chefe: KngS Pedro Bento de Camargo
Divisão de Operação e Manutenção de Ueetores Chefe: EngS Azor Camargo Penteado Filho
Divisão de Física de Reatores Chefe: Prof. Paulo Saraiva de Toledo
Divisão de Ensino e Formação Chefes Prof.Dr. Rui Ribeiro Pieroni
'
METALOGRAFÍA
DE
LIGAS
ALUMINIO-URANIO
Erberto Francisco Gentile
RESUMEN
En virtud del interés de las aleaciones aluminio-uranio en ciertos tipos de elemen
tos combustibles, l a Divisão de Metalurgia Nuclear viene realizando estudios sistemáticos sobre tales aleaciones, en conección con los estudios sobre fabricación de elementos combusti b l e s . En esta contribución el autor describe los estudios sobre las aleaciones de 2 , 5 , 1 0
,
1 3 , 2 0 y 2 5 ^ Uj describiendo l a preparación de cuerpos de prueba y e l pulimento mecánico
y
e l e c t r o l í t i c o de las muestras. Describe los ataques químicos, por solución de 5 ^ de sodaalOís
de ácido fluoridrico y e l e c t r o l í t i c o ,
l i t o aceto-perclórico .
en aparato dotado de microscopio, utilizando un e l e c t r £
Describe las estructuras obtenidas, inclusive las decorrentes de tra
tamiento térmico de esferoidizaoión.
RËSUMë
1 cause de l ' i n t é r ê t des alliages aluminium-uranium dans certains types d'éléments
combustibles, l a Divisão de Metalurgia Nuclear vient de faire des études sistématiques sur tel
l e s a l l i a g e s , en connexion avec les études sur la fabrication d'éléments combustibles.
Dsms
cette contribution l'auteur décrit l e s études sur les a l l i a g e s de 2 , 5 , 1 0 , 1 3 , 2 0 e t 2 5 ^ U,
en décrivant l a préparation des échantillons e t leur poliment mécanique et electrolytique.
décrit l e s attaques chimiques para des solutions de 50% de hydroxyde
Il
de sodium ou de 1 0 ^ de
acide fluorhydriqus, et electrolytique, en apareil doté de microscope, en u t i l i s a n t un
bain
acéto-perchlorique. I l décrit l e s structures obtenues, aussi l e s consequents de traitement ter
mique de la coalescence de l'euteotique.
ABSTRACT
Due to the interest that the aluminum-uranium alloys present for some types of
fuel elements for nuclear reactors, the Divisão de Metalurgia Nuclear has
carried
out
e x t e n s i v e studies on those a l l o y s , i n connection with fuel element fabrication. In this par>er
the author summarizes the studies on 2 , ^ , 1 0 , 1 3 , 2 0 and 2 ^ w/o U a l l o y s , describing
tha
p r e p a r a t i o n o f samples and their mecJianical cind e l e c t r o l y t i c polishing. Etching was done both
with the usual chemical reagents, 5/i HaOH and 10'/«
HF solutions, and e l e o t r o l y t i c a l l y , under
a Z e i s s microscope, using acetic-perchloric acid as the e l e c t r o l y t e . The obtained micrographs
are presented and discussed.
METALOGRAFÍA
D E LIGAS A L U M Í N I O - U R À N I O " '
ERBERTO FRANCISCO
R
E S U M
GENTILE
O
Em virtude do intac^ne
duft ligas alumínio-urànio
etu ceifas
tipos de
elementos combustíveis,
a Divisão
de Metalurgia
Nuclear
vem reíãizando
estudos
siste)náticos
sobre tais ligas, cm conexão
com estudos
sobre fabricação
de
elementos
co-nthustíveis.
Nesta
contribuição
o autor
descreve
os estudos
sobre as ligas de
r>, 10, IS, 20 e S5V'. U, descrevendo
o preparo
dos cor-pos de prova e o polimento
mecânico
e elelrolítico
dns amostras.
Descreve
os ataques
químicos,
'por
solução
de 5'Ái de soda. ou Jo'/„ de ácido fluoridrico
e elelrolítico,
em
aparelho
dotado de microscópio,
utilizando
um eletrólito
aceto-perclórico.
Descreve
as esfrutuixis
obtidas^ inclusii.-e as decorrentes
de 1 ratamenio
téviíiico de
esíeroidizacão.
1.
INTRODUÇÃO
Às ligas alumínio-urânio são importantes
para a fabricação de elementos combustíveis nucleares, pois permitem obter uma dispersão de
material fissil em matriz de baixa secção de
choque de absorção para neutrons térmicos.
O emprego dessas ligas em elementos combiisti\eis de reatores de pesquisas ou destinados
a ensaios de materiais, tem sido efetuado para
duas faixas de composição: 10 a 20'c U, para
enriquecimento de 90*;/: no isótopo U-235, e de
40 a 5 5 U para enriquecimento de 2 0 ' . r , limite máximo utilizado em material cedido.
Essas ligas não podem ser utilizadas nos
casos de reatores que operam em temperaturas
elevadas, em virtude da baixa resistência à corrosão e da baixa resistência mecânica do aluminio empregado no revestimerito dos elementos
combustíveis. Outra razão do interesse dessas
ligas é a grande analogia que api'esentam c o m
as ligas alumínio-plutônio, tanto na sua fabricação como também em sua transformação mecânica. '.
O ti'abaiho descreve as experiências realizadas na Divisão de Metalurgia Nucleai', visando estudos referentes ã fabricação dessas ligas
e a determinação de suas micro-estvutuvas e
propriedades mecânicas.
2.
mento e repe1;idas fusões do mesmo lingote.
Essas ligas apresentam a dificuldade especial de
terem alta retração na solidificação, atenuada
pelo projeto de cabeças quentes nas lingoteiras.
A Divisão de Metalurgia Nuclear produziu
as ligas alumínio-urãnio pela dissolução de urânio metálico em banho de alumínio, em cadinbo
de grafita e colocado em forno elétrico. O ba-
FiK.
1
—
.Mim.enilm
ininio-ur.'iiiio,
|)iir
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IÍ
IIK
Ij.AI,,
lica
1',,
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ii)alac;HÍcis.
úwy.\í.\:x
a
hipcr-eulótica
(.-i'ist/iis
metatíe
de
U.4I,,
ladd
de
cri.= l,ais
Aiimenle:
lai
alu-
atacados
5 0 0 y.
pi'iire-
(/Mchêj,
P R E P A R O D A S LIGAS
Para o presente estudo foram preparadas
partirias de ligas de 2, 5, 10, 1.3, 20 e 2 5 ' r U.
Durante a fabricação das mesmas foram tomadas precauções no sentido de evitar a ocorrência de porosidade nos lingotes, resultamte de
absorção de hidrogênio durante a fusão e a segregação do urânio, por meio de rápido resfria'1)
CciiUibuicãii
gressu
(2)
Técnica
Anual
da
ii.o
ABM;
Membro
da
ABINf:
Divasão
de
Metalurgia
.atômica:
São
734.
Engenheiro
Pauto,
Api'e.'iuiitada
Vitória,
ES;
ao
XXTI
de
1967.
MetaIurgi.'ita
Nuclear;
SP.
julho
In.xtiUito
Cijn-
e
Nuclear;
de
Energia
B
2
—•
mosiranu-.i
(\o
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Mirioí^rafin.
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regiões
á''id<)
de
de
tte
eulêtioo
fiLunidticd
I re(ii:'/i(ia
ã
lijía
ui-anio
aluminin-uririnio,
metaUrn,
segregadas.
a
10';c.
metade
no
uo
Ataque
Aumeiito:
clicl-jél.
lado
feito
ÕOU X
188
METALOGRAFÍA
nho era protegido por cloreto de amonio e por
criolita e foi vazado em lingoteiras de grafita e de ferro fundido, esta última para se conseguir a retenção de cristais de UAl., (fig. 1) na
matriz e diminuir a segregação de U na liga
(fig. 2 ) .
3.
DE
LIGAS
ALUMINIO-URÃNIO
croscópio, do ataque. Utilizou-se um banho
aceto-perclórico sob tensão de 10 a 15 V, o que
determiminava corrente de cerca de 100 mA.
A composição do eletrólito foi a seguinte: ácido
perclórico, 25 partes e ácido acético, 75 partes
(fig. 3, 4, 5 e 6 ) .
PREPARO DAS AMOSTRAS P A R A
ESTUDOS M E T A L O G R Á F I C O S
As amostras das ligas alumínio-uránio para
os estudos metalográficos foram polidas mecánicamente em lixas de carboneto de silício, números 180, 320, 400 e 600. A seguir, para o polimento final, utilizou-se pastas de diamante de 6
e de 1 micron. N o que se refere aos ataques
para a observação da micro-estrutura, seguiu-se
dois caminhos, a saber: ataque eletrolítico e
ataque químico.
3.1.
Ataque eletrolítico
— O ataque eletrolítico foi efetuado em aparelho para polimento e ataque eletrolítico "Elypovist", da "ZeissJena", que permite o controle visual, pelo mi-
Fig.
5
(10';;,.
com
—
U),
UAI,
Microgratia
de
hipo-eutética,
de
contorno
(reduzida
à
liga
atacada
de
grão.
metade
aluminio-urânio
eletrollticamente,
Aumento:
no
.^00
X
clichê).
üü
'SSIïiil
Fig.
3
(2',.
Li,
—
Micrografia
Inpo-eutetica.
apresentando
Aumento:
UAI,
D'M
de
de
liga
a
i;
—
Microgratia
eletrollticamente.
urãnio
(13<-t.
inlergranular.
ciando
a
precipitação
(reduzida
Fig.
alummio-u.
atacada
metade
no
las
clichet.
de
liga
e
eutética
alumiiiio-
eletrollticamente,
euletica,
alumínio,
500 x
de
atacada
estrutura
UAI, e
Aumento:
U),
constituída
algumas
(reduzida
a
agulhas
metade
e\-iden-
de
no
lame-
de U A I , .
clichei-
3.2.
Ataque químico — Realizou-se esse
tipo de ataque c o m solução de ácido fluoridrico
a 1 0 % ou solução de hi(3róxido de sódio a 5%.
Dentre esses dois ataques, mostrou-se mais satisfatório o da solução de ácido florídrico a !(}'/<:,
pois a matriz de alumínio era menos atacada do
que no caso do hidróxido, o que tornava mais
fácil a observação dos detalhes da microestrutura (figs. 7 e 8 ) .
'
-"1,1
4.
Fig.
4
(5%
U),
—
Microgratia
hipo-eutética,
apresentando
Aumento:
de
liga
atacada
UAl^ precipitado
.500 X
(reduzida
em
à
aluminio-urãnio
eletroliticamente,
contorno
metade
no
de
grão.
clichê).
D I A G R A M A D E EQUILÍBRIO
ALUMÍNIO-URÂNIO
Na faixa de composições estudadas, os pontos importantes a serem ressaltados são: o ponto eutético ( 1 3 % U, 640"C) e o ponto perité-
M 1:: T A
l. U R G
VOI-.
J A
MARÇO,
N . " 124.
24
189
1968
4.1.
Composto
ifitermetálico
UAI, — O
composto intermíítálico UAli cristaliza-se no sistema ortorrômbico, cuja célula unitária tem os
seguintes parâmetros:
a =
4,41 À ; b =
6,27 Â
o
<t{ir
Fig.
7
—
Microgratia
iiio-uiãnio
a
ñ'.'r,
(10%
U),
evidenciando
Aumento:
5 0 0 :>;
de
liga
hipo-eutética
atacada
um
por
solução
acentuado
(reduzida
à
ataque
metade
alumi-
de
NaOH
á
matriz.
no
clichê).
e c = 13,71 A ^ Apresenta uma anisotropia
ótica que é de grande valia na observação de
seus cristais sob luz polarizada; entretanto, a
oxidação com formação de óxidos ópticamente
ativos pode ma.scarar as observações, sendo por
i.sso que os cristais de UAI, .são, também, vistos
sob luz polarizada".
Os cristais de UAI, primários, obtidos por
resfriamento lento, apresentam-se sob a forma
de agulhas ou de losangos. No caso de cristal
de UAI4 obtido por transformação de UAls, êle
apresentar-se-á fissurado, devido ao aumento de
volume decorrente da transformação (fig. 1 0 ) .
mi
m
1.
X
Fig,
S
(25<^'r,
líF
UAI|,
—
Microgratia
U),
a
de
hiper-eutética,
10%,
numa
apresentando
matriz
duzida
liga
atacada
cristais
eutétioi.
ã
aluminio-ui'anio
por
meííide
Aumento:
no
solução
primário.s
500 x
de
de
(re-
Fig,
(20%
a
cli<'hê).
10
U),
10%,
surados.
tico (66,87o U, 730°C). Nesse campo são observados dois compostos intermetálicos, UAI, o
UAI:;, cujas morfologías podem ser observadas
na figura 9.
—
Microgratia
hiper-eutética,
mostrando
Aumento:
de
liga
atacada
cristais
500 X
por
aluminio-urânio
solução
primários
(reduziria
de
ã
de
HF
UAI,
fis-
metade
no
clichê.
No caso de ligas de alto teor de U (acima
de 35% U ) , há uma grande quantidade de UAI,,,
com isso a matriz se torna pobre em alumínio,
decrescendo muito a sua plasticidade. Nesse
caso há o aparecimento de fissuras laterais e o
efeito "halteres" (na literatura norte-americana "dog bone effect") durante a laminação.
4,2.
Composto
intennetálico
UAI, — O
composto intermetálico UAI; cristaliza-se no sistema cúbico, c o m célula unitária de a — 4,287 A .
O sistema tem estrutura análoga a de AuCU:; \
Esses cristais apresentam-se c o m formas
arredondadas ou em longas cadeias de cristais,
que não se fissuram quando a liga é submetida
à transformação mecânica.
l-'it;,
—
com
Diagrama
dado.s
da
de
equilibrio
referência
aluminio-urânio,
bibliográfica
4.
Como já foi dito, foram estudadas as ligas
hipo-eutéticas de 2, 5 e 1 0 % U, a liga eutética
de 1 3 % U e as hiper-eutéticas de 20 e 25 %o U.
Notou-se que a solução de ácido fluoridrico
a 1% ataca os cristais de UAI;,, enquanto que os
de UAl,i continuam inatacados. A solução de
ácido nítrico a 5 0 % colore os cristais de UAI,,
de amarelo, ao passo que o U A I , menos atacado,
permanece cinzento (fig. 1 ) .
METALOGRAFÍA
190
5.
ESFEROIDIZAÇÃO
DO EUTÉTICO
Foram efetuados tratamentos isotérmicos
de ligas eutéticas a 600"C durante 5, 10, 21 e
26 horas, observando-se um sensivel decréscimo
da dureza da liga. Notou-se que as lámelas de
UAh eram progressivamente transformadas em
esférulas, diminuindo a dureza " K n o o p " (Knoop
Hardness Number — K H N ) da liga, e conseqüentemente, aumentando a sua plasticidade
(figs. 11 e 1 2 ) .
DE
LIGAS
ALUMÍNIO-URÀNIO
sal de 130°. A carga de ensaio foi de 50 g,
sendo os valores indicados média de 10 determinações. A Tabela I reúne os resultados obtidos.
TABELA I — Influencia do tempo de esferoidizacão a
sobre a dureza Knoop de liga Al-U 13% U, sob
carga de .50 g
eOO-'C
Duração
tratamento
do
(h)
Dureza
Knooii
(KHN)
0
52,2
.5
49,1
10
4.3,2
21
42,6
2(1
41,7
Mostram os resultados uma melhoria da
plasticidade c o m apenas 10 horas de tratamento, caindo a dureza de 1 7 % .
Deve ser notado ainda que a liga utilizada
apresentava uma estrutura eutética grosseira e,
em conseqüência, resultados semelhantes podem
ser conseguidos em tempos menores no caso de
se ter uma estrutura eutética mais fina, obtível
por resfriamento mais rápido.
mi
•iiilMll
Fig.
11
—
uranio,
Mici-ografia
apresentando
roidizada
por
horas
a
HF
10%.
a
de
liga
tratamento
600°C.
eutética
estrutura
Ataque
isotérmico
realizado
Aumento:
500 x
no
aluminio-
parcialmente
com
esfe-
durante
3
solução
(reduzido
ã
de
6.
metade
cliché).
XiX
i-i- i
A D I Ç Ã O D E UM T E R C E I R O
E L E M E N T O D E LIGA
Estudos realizados por Boucher ' c o m o fito
de melhorar a trabalhabilidade das ligas aluminio-urânio, mostraram que a cinética da reação
peritética é fortemente influenciada pela presença de elementos como B, In, TI, C, Si, Ce e Pb.
A experiência mostrou que bastava 3 % de
silício para impedir a reação peritética na liga
de 5 0 % U. O silício constitui o melhor elemento para esse efeito, visto que os outros, muito
embora atuem de forma semelhante não acarretam a mesma melhoria nas propriedades mecânicas c o m o a que resulta do emprego do silício.
NI', '
Fig.
\
12
uranio
—
Micrografia
com
estrutura
tratamento
isotérmico
Ataque
solução
por
(reduzida
de
à
de
liga
eutética
totalmente
a
HF
eOCC,
a
durante
10%.
metade
no
aluminio-
esíeroidizada
26
Aumento:
por
horas.
500
x
clichê).
Para as medidas de dureza, as amostras f o ram polidas como para a observação microscópica e atacadas por solução de ácido fluoridrico
a 10%.
O ensaio de dureza foi efetuado numa máquina "Tukon-LL", empregando um penetrador
piramidal " K n o o p " de base losangular,
cujo
ângulo longitudinal é de 172" 30' e o transver-
É de se notar que o silício influi na reação
somente no estado sólido, pois no liquido há apenas um retardamento da mesma. Estudos com
difração de raios-X demonstraram que o parâmetro cristalino dos cristais de UAU decresce
c o m o aumento do teor de Si, enquanto que o
da matriz permanece constante. Isso leva a
crer que não há Si na matriz.
7.
CONCLUSÕES
1. A Divisão de Metalurgia Nuclear do
Instituto de Energia Atômica produziu ligas alumínio-urânio c o m 2, 5, 10, 13, 20 e 2 5 % U, por
simples dissolução do urânio metálico, também
obtido na Divisão, em alumínio líquido, ao ar
c c o m o banho protegido por cloreto de amonio
e criolita.
O banho era, a seguir, vazado em
lingoteiras de grafita, ou de ferro fundido para
se conseguir a retenção de UAl., na matriz e
para se evitar a segregação de U na liga.
2.
Os corpos de prova para exames
lográficos foram
meta-
polidos em lixas números 180,
320, 400 e 600, posteriormente sendo feito o polimento
final em pasta de diamante de 6 e de
1 micron.
Utilizaram-se ataques químico e ele-
trolítico.
Dentre os ataques químicos,
revelou-
se mais eficaz o de ácido fluoridrico a 10%,
virtude
de
não
atacar
a
matriz
de
realçando os microconstituintes da
3.
liga.
na matriz pode ocasionar,
durante a
laminação,
fissuras
"halteres",
devido
laterais e efeito
empobrecimento
da
matriz
zindo assim a sua
A
em
alumínio,
ao
redu-
plasticidade.
solução
de
ácido
fluoridrico
a
1%
ataca seletivamente os cristais de UAI3 em relação aos de UAh, sendo esse um método bastante expedito para
5.
distinguí-los.
Foi efetuado
zacão do eutético
o tratamento de
esferoidi-
a 600"C, transformando-se
lamelas de UAI4 em esférulas.
as
C o m isso, conse-
guiu-se maior plasticidade da liga.
6.
Chegou-se, também, à conclusão de que
as ligas c o m mais de 2 5 % U a serem submetidas á transformação mecânica devem ter a adição de até
3%
Si, conseguindo-se,
antes, a
re-
tenção de cristais de UAI3 e matriz mais rica em
alumínio.
DISCUSSÃO
OTO WEINBAUM ( i ) — Gostaria de perguntar
.se foi observado que o teor de silicio melhora bastante
a fundibilidade do material. É difícil se fundir qualquer liga de aluminio em que não exista uma certa
percentagem de silicio.
THARCISIO D. DE SOUZA SANTOS ( = ) — Constatamos, efetivamente, que a adição de silicio, no caso
de apenas 3%, melhora bastante a fundibilidade. Isso
é principalmente importante nas ligas hiper-eutéticas,
nas quais o intervalo de solidificação é muito grande.
O. WEINBAUM — O silicio é solúvel no aluminio até 1,7%. Assim, está sendo empregada uma percentagem acima do máximo de solubilidade.
em
alumínio,
Grande quantidade de cristais de UAh
4.
191
VOL. 24 — N." 124 — MARÇO, 1968
M E T A L U R G1A
Posteriormente, deve ser feito o tra-
T. D. DE SOUZA SANTOS — No caso se trata
de uma liga ternária e nao sei, no momento, qual a
solubilidade no sistema ternário.
OSCAR WORTMAN (-n
Quando utilizamos sal
de sódio ou de potássio nos fundentes, ou criolita, favorecendo a solução de UAI.,, tivemos sempre problemas com a segregação. Por isso preferimos fundir sem
fundente. O UAl.^ é encontrado. Na presença de fluorita é facilitada a transformação de UAI,?
T. D. DE SOUZA SANTOS — Não constatamos
nenhuma influência como a menciónala pelo Eng."
Wortman. Não tivemos maior preocupação em eliminar gases do banho, porque se isso tivesse constituído
motivo de preocupação, teríamos operado sob vácuo ou
por borbulhamento de argônio. Lembro que utilizamos
criolita somente na produção de ligas hiper-eutéticas,
em todos os demais casos tendo empregado apenas cloreto de amónio.
O. WORTMAN — Parece que houve um fenómeno
de modificação pelo sódio introduzido. Isso é o que
temos aparentemente encontrado. Poderia por essa modificação formar UAl.j em vez de UAL?
T. D. DE SOUZA SANTOS — Não constatámos
esse efeito.
O. WEINBAUM — Houve alguma dificuldade na
desoxidação?
T. D. DE SOUZA SANTOS
Não. Lembro ainda que no sistema com alto teor de urânio nunca seria
necessário se utilizar um desoxidante, já que o metal
em si é um desoxidante.
tamento de esferoidizacão na matriz eutética remanescente,
bre
pois
o
Si
não
tem
influência
so-
ela.
HELITON MOTTA HAYDT
— Como esclai-eceu o Prof. Tharcisio, na fabricação das ligas até
10% empregamos apenas cloreto de amónio e criolita
.só na de 20%.
Rt;FERRNCIAS
:l.
MITAMUKA,
on
Al-U
N.;
MAIUIYA,
Alloys.
N.S.J.
—
K.
&
Tr.
KIMURA,
—
6,
.1. •
jan.
Studies
(t)
196fi.
Membro
da
Professor
•2.
HAYDT,
sobre
H.
a
p.
CINTfiA,
fabricação
de
niicleo
de
ligas
dev.
1967.
contendo
121,
M. &
9.55-959,
S.
H.
L.
elementos
Al-U.
—
Nota
preliminat
combustíveis
Metalurgia,
planos
v.
23,
n.o
Escola
(2)
de
ROUGH,
nium
F.
and
A. &
BAUER,
Thorium
A.
Alloys.
A.
BMI
—
Constitution
—
1300,
jun.
of
Ura-
Conselheiro
São
BOUCHER,
nium;
~
application
UA1.|
p.
R.
13-27,
»
UAI|.
195.S.
Etude
a
la
Journal
des
alliages
transformation
of
Nuclear
da
de
Nuclear
de
São
Diretor
São
Paulo;
do
Sessão;
Metal
Civil
da
de
S.A.;
e
da
SP.
e
Metalurgista;
Escola
Chefe
Instituto
Doutor
Leve
Industrial
Paulo,
Engenheiro
e
da.
da
Engenharia
Mauá;
ABM;
Universidade
I'etat
Materials,
solide
v.
1,
Engenheiro
Atómica;
aluminium-uraa
Faculdade
Catedrático
Paulo,
lYesidéncia
Científico
da
Politécnica
Divisão
Energia
da
Atômica;
SP.
1958.
(3)
1.
na,
Engenharia
Professor
da
e
Conselheiro
da
Metalurgia
.3.
ABM
Engenheiro;
(4)
Membro
Industrial;
Buenos
da
ABM;
Metalurgia
Nuclear
São
SP.
Paulo,
da
Aires,
Comisión
República
Engenheiro
do
Nacional
Metalurgista;
Instituto
de
Energia
Argentina.
de
Divisão
Energia
da
Atômica;
192
METALOGRAFÍA DE LIGAS
ALUMÍNIO-URÁNIO
NORBERTO VÍTOR BARILE (") — Porque se de\r evitar a presença de boro?
ARIDEU SILVA BARÃO («) — Não seria possí\'el se produzir essas ligas por sinterização?
T . D. DE SOUZA SANTOS — O boro tem alta
secção de choque de absorção de neutrons térmicos.
Por isso tem de ser evitado, não se admitindo concentrações máximas senão de décimo do milésimo por
cento.
T. D. D Í : SOUZA SANTOS — Sim, mas não acredito que apresentassem vantagens sobre as de fusão,
mormente na faixa de composições que estudamos.
(6)
1.5)
.VIemtjro
da
ABM;
Depaitamento
,sil
.S.A.
São
Engenheiro
Metalúrgico
Paulo,
SP.
de
Metalurgi.sta;
Alean
Gerente
Aluminio
do
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Bra-
Membro
Professor
cola
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da
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ABM:
Engenharia
Janeiro,
General
Instituto
GB.
e
Militar
Industrial
Engenheiro
de
Metalurgi.sta;
Engeníiaria
Metalúrgica
da
da
Es-
UFF;
e
Rio
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