1
CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA
CAMPUS DE PATOS – PB
RESPOSTAS PRODUTIVAS, COMPORTAMENTAIS E FISIOLÓGICAS
DE VACAS CRIADAS SOB SISTEMA BIODINÂMICO EM
DIFERENTES AMBIENTES DE PRÉ ORDENHA E NÍVEIS DE
PRODUÇÃO LEITEIRA
ALBÉRIO LOPES RODRIGUES
Médico Veterinário
Patos – Paraíba
2012
2
ALBÉRIO LOPES RODRIGUES
RESPOSTAS PRODUTIVAS, COMPORTAMENTAIS E FISIOLÓGICAS
DE BOVINOS CRIADOS EM SISTEMA BIODINÂMICO A
DIFERENTES AMBIENTES DE PRÉ ORDENHA.
Tese apresentada ao Programa de PósGraduação em Medicina Veterinária da
Universidade Federal de Campina Grande,
Centro de Ciências Humanas Sociais e
Agrárias, como parte das exigências para a
obtenção do título de Doutor em Medicina
Veterinária.
Área de Concentração: Produção Animal
Orientador:
Prof. Dr. Bonifácio Benício de Souza
Co-orientador:
Prof. Dr. José Morais Pereira Filho
Patos - Paraíba
2012
3
FICHA CATALOGRÁFICA
De acordo com AACR2, CDU, CUTTER
Biblioteca Setorial do CSTR/UFCG – Campus de Patos - PB
R6969r
2013
Rodrigues, Albério Lopes.
Respostas produtivas, comportamentais e fisiológicas de
bovinos criados em sistemas biodinâmico diferentes ambientes de
pré ordenha /Albério Lopes Rodrigues. – Patos-PB:
CSTR/UFCG/PPGMV, 2013.
119 f.
Orientador: Bonifácio Benício de Sousa.
Tese (Doutorado em Medicina Veterinária), Universidade
Federal de Campina Grande. Centro de Saúde e Tecnologia
Rural. Programa de Pós-Graduação em Medicina.
1 – Produção Animal. 2 – Conforto térmico .3 – Freqüência
respiratória. I – Título.
CDU: 636.033
4
ALBÉRIO LOPES RODRIGUES
RESPOSTAS PRODUTIVAS, COMPORTAMENTAIS E FISIOLÓGICAS
DE BOVINOS CRIADOS EM SISTEMA BIODINÂMICO A
DIFERENTES AMBIENTES DE PRÉ ORDENHA.
Tese Aprovada Pela Comissão Examinadora em: ______/______/______
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________________
Prof. Dr. Bonifácio Benício de Souza - Orientador
Universidade Federal de Campina Grande – Campus de Patos-PB
Unidade Acadêmica de Medicina Veterinária
_______________________________________________________
Profª. Dra. Maria das Graças Xavier de Carvalho – Examinadora
Universidade Federal de Campina Grande - Campus de Patos-PB
Unidade Acadêmica de Medicina Veterinária
_______________________________________________________
Prof. Dr. Marcílio Fontes Cézar - Examinador
Universidade Federal de Campina Grande - Campus de Patos-PB
Unidade Acadêmica de Medicina Veterinária
______________________________________________________
Prof. Dr. Dermeval Araújo Furtado- Examinador
Universidade Federal de Campina Grande - Campus de C. Grande-PB
Centro de Tecnologia e Recursos Naturais
_______________________________________________________
Prof. Dr. Gabriel Jorge Carneiro de Oliveira - Examinador
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas
Patos – Paraíba
2012
5
Ao Senhor meu Deus, pelo dom da vida, sabedoria e
perseverança.
Aos meus pais Antonio Lopes e Antonia Lacerda, pelos
ensinamentos que me levaram a ser filho, esposo, pai e cidadão.
Aos meus irmãos, Avanildo, Alberto e Anelise, que foram
sempre amigos e companheiros.
A minha esposa Ana Cláudia, pelo amor, companheirismo e
compreensão em meus momentos de ausência.
Aos nossos filhos, Lucas Henrique, Ana Letícia e Maria Lucy,
que com paciência e renúncias, partilharam conosco desta obra
que nos engrandece.
A Dida e a Cláudio Cézar, que se tornaram matriarca e filho,
respectivamente, pela vontade Divina.
A todos vocês,
Dedico
6
À Patrícia Venâncio
in memoriam
Existem muitas moradas na casa de meu Pai
[...]. E quando eu for e lhes tiver preparado um
lugar, voltarei e levarei vocês comigo, para que
onde eu estiver, estejam vocês também.
João, 14:2-3
Sabemos que estás com o Pai. Eternas saudades.
7
O bom combate
Combati o bom combate, terminei a
minha corrida, conservei a fé.
2 Timóteo, 4:7
8
AGRADECIMENTOS
Ao Senhor meu Deus, pelo Dom da vida e a permissão da realização de um sonho
dentre muitos que guardo em meu pensamento, e por ter sempre estado ao meu lado nos
momentos mais difíceis desta caminhada.
Ao meu Orientador, o professor Bonifácio Benício, por nunca se negar a partilhar
comigo do seu vasto e qualificado conhecimento, e acreditar que juntos, poderíamos construir
um trabalho em prol do semiárido. Destacar também, o importante papel do professor José
Morais, que co-orientou essa causa com empenho e dedicação. A vocês professores, o meu
muito obrigado.
À coordenação do Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária pela
oportunidade a mim conferida, lembrando aqui, os professores Riet-Correa e Rosane
Trindade, e o sempre solícito, Jonas.
À fazenda Tamanduá por disponibilizar incondicionalmente animais, estrutura física e
recurso humano necessário para o desenvolvimento dessa pesquisa, na pessoa do Dr. Pierre
Landolt, em nome do qual, saudamos os demais membros de sua equipe envolvidos nesse
trabalho: Alan, Elcione, Rubens, Chico, Dudu, Maciel e Nael.
Aos incansáveis colaboradores dessa pesquisa: Bênnio, Édipo, Múcio, Pedro, Thiago,
Leonardo, Fabrício, Diego, Ricardo, Rubystanne, Hélio, Vinícius Tenório, João Vinícius,
Adailson, Luciano e Herbes.
A todos os funcionários e professores que contribuíram direta ou indiretamente com o
meu aprendizado, em especial aos professores Marcílio, Graça, Albério, Clebert, Edísio, Sara
e Rosângela. A todos os amigos da pós graduação pelos bons momentos que partilhamos
juntos, em especial a Expedito, Giovana, Elisângela, Chico, Maíza, Gabriela, João Marcos,
Daiana, Vínícius Apropriano, Marcel, Layse, Isabela, Fernando, Suely, Nara, Luana, Rafael,
Claúdia Morgana, Jaime, Tatiana, Valéria, Lizziane. Rômulo e Luciano. A todos vocês fica o
meu enorme respeito e gratidão.
Em uma caminhada profissional na vida de qualquer pessoa, existem outras pessoas que
assumem um papel importantíssimo, mesmo sem atuarem diretamente na execução de
determinados trabalhos. Deste modo, lembro meus pais, Antonio Lopes e Antonia Lacerda e
meus irmãos Avanildo, Alberto e Anelise com seus respectivos cônjuges, Jane, Patrícia (in
memoriam) e Joaquim, que nunca deixaram de me incentivar e me mostrar os meios e atitudes
corretas que trilham o caminho honesto e harmonioso de um ser.
9
Permitam-me então todos, sem tirar a importância que cada um de vocês teve neste
trabalho, tentar agradecer aquela que está ao meu lado há 15 anos, e que desde o dia de nosso
matrimônio tomou para se as causas que também são minhas. Esposa sempre presente,
companheira e fiel, que em doação de seu amor e iluminada por Deus me deu graça de ser pai
de Lucas Henrique, Ana Letícia e Maria Lucy, três filhos que só nos dão alegria e que
compartilham conosco todas as nossas vitórias. Ana Cláudia para uns, Ana para outros, mas
para mim, simplesmente “Nega”, pois não posso referir-me a ela senão de uma forma
carinhosa e é por este amor que por ela nutro, que agradeço a seus pais, Antonio José e Maria
Lucy (in memoriam) por me presentearem com este encanto. A você “Nega”, meu amor mais
profundo e minha eterna gratidão.
10
RESPOSTAS PRODUTIVAS, COMPORTAMENTAIS E FISIOLÓGICAS DE
BOVINOS CRIADOS EM SISTEMA BIODINÂMICO A DIFERENTES AMBIENTES
DE PRÉ ORDENHA.
RESUMO
O objetivo desse trabalho foi avaliar a influência do ambiente de pastejo sobre o
comportamento e de dois ambientes de pré ordenha sobre as respostas produtivas,
fisiológicas, hormonais e a qualidade do leite de vacas da raça Pardo-Suíça criadas em sistema
Biodinâmico de produção. A pesquisa foi dividida em quatro capítulos. No capítulo I, por
meio da literatura vigente, buscou-se informações sobre a importância da utilização do
sombreamento natural e artificial na pastagem, e ainda, a eficiência da sombra e dos sistemas
de resfriamento na pré ordenha de vacas leiteiras, verificando-se, serem estratégias
importantes para o conforto e a produção látea desses animais. No capítulo II, foi realizada
uma revisão bibliográfica sobre as características produtivas e a qualidade do leite bovino
produzido ecológica e convencionalmente, observando-se que a leve inferioridade na
produção e nos constituintes do leite ecológico foi devido a baixa utilização de tecnologias no
manejo geral desse sistema. No capítulo III, Avaliou-se a influência do ambiente de pastejo
sobre o comportamento alimentar, ruminação e ócio, noturna e diuturnamente (Ensaio I) de 32
vacas, divididas nos níveis de alta e baixa produção láctea, e o efeito dos ambientes de pré
ordenha de sombra e sol (ensaio II) sobre as variáveis fisiológicas desses animais. As vacas de
baixa produção alimentaram-se por mais tempo nas horas quentes do dia, quando comparados
aos de alta, mas os animais de ambos os níveis produtivos pastejaram mais durante o dia que à
noite (Ensaio I). Nos ambientes de pré ordenha (Ensaio II), as vacas mais produtivas foram
mais sensíveis ao calor que as de baixa produção e, o ambiente de pré ordenha sombreado foi
eficiente em manter as variáveis fisiológicas dentro da faixa aceitável para os bovinos
leiteiros, independentemente dos níveis produtivos. No capítulo IV, avaliou-se o efeito dos
ambientes de sombra e sol sobre a produção, qualidade do leite e concentração plasmática
hormonal de 32 vacas, divididas nos níveis de alta e baixa produção láctea. Assim, verificouse, que o fornecimento de sombra por 1,5 horas antes da ordenha da tarde a vacas leiteiras
Pardo-Suíças criadas em sistema Biodinâmico de produção, embora reduza as intempéries
climáticas sobre as mesmas, não altera a sua produção e composição láctea.
Palavras-chave: conforto térmico, sombra, frequência respiratória, leite, gordura
11
PRODUCTION RESPONSES, BEHAVIORAL AND PHYSIOLOGICAL OF CATTLE
RAISED IN BIODYNAMIC SYSTEM IN A DIFFERENT ENVIRONMENTS PRE
MILKING.
ABSTRACT
The objective this work were to assess on grazing in two different environments of pre
milking about the behavior in milk from cows of Brown Swiss on the productive responses,
physiological, hormonal and quality from the biodynamic production system. That study was
put in four chapters. Into the first chapter, we looked for information about the importance in
to use the natural and artificial shading in grasslands and about the shadow efficiency and
about the cooling systems on the milking in the milkmaid to confirm about the importance
strategy for the comfort and the milk production. On the chapter II, we did the review in the
papers about the production characterize and the milk qualify from the cattle form the
ecological and traditional system to observe about the low in the production and the
composition in the ecological milk was because the short technology in the handling in the
used system. Into the chapter III we look for to evaluate the influence about the ambience on
grazing about the food behavior rumination and resting, day and night (test I) of 32 cows, we
had 16 in low and 16 in up production and look for about action of ambiences in pre milking
on the sun and in with out sun. The cows from low production eating for up time in hot hours
in the day when we make to comparison with the up production cows but the animal with the
both level grazing more in the day (test I). In the ambiences in pre milking (Test II), the cows
with the high production were more sensitive about the hot weather than the animal in the
cooling weather and the ambience of pre milking with out sun were more efficiency with the
physiological variations in the acceptance level for the cattle apart the two production levels.
Into the chapter IV, we evaluated the effect of sun and shade environments on production,
milk quality and hormonal plasma concentration of 32 cows, divided into high and low levels
of milk production. In fact, it was found, that shade for 1.5 hours before the pre milking
afternoon the cows in Brown Swiss from biodynamic production system, while reducing the
influence weather in the cows, does not improve its yield and the composition milk.
Key words: thermal comfort, shade, respiratory rate, milk, fat.
12
LISTA DE TABELAS
CAPÍTULO III
Página
Tabela 1 -
Tabela 2 -
Tabela 3 -
Tabela 4 -
Tabela 5 -
Tabela 6 -
Tabela 7 -
Tabela 8 -
Tabela 9 -
Tabela 10 -
Médias e desvios-padrão das variáveis ambientais no período de
15:40 às 17:50h referentes à observação comportamental de vacas
Pardo-Suíça de alta e baixa produção..................................................
75
Médias e desvios-padrão das variáveis ambientais organizadas em
períodos e referentes à observação comportamental noturna de
vacas Pardo-Suíça de alta e baixa produção........................................
76
Médias e desvios-padrão das variáveis ambientais referentes ao
período de determinação das respostas fisiológicas de vacas PardoSuíça de alta e baixa produção.............................................................
77
Médias e desvios-padrão das variáveis ambientais organizadas em
períodos e referentes à observação comportamental diurna de vacas
Pardo-Suíça, de alta e baixa produção.................................................
78
Médias e desvios-padrão de indicadores de condição ambiental
organizadas em períodos e referentes à observação comportamental
diurna de vacas Pardo-Suíça de alta e baixa produção........................
79
Médias e desvios-padrão do tempo, em minutos, organizado em três
períodos e referentes às respostas comportamentais diurnas de vacas
Pardo-Suíça de alta e baixa produção..................................................
80
Médias e desvios-padrão do tempo, em minutos, organizado em três
períodos e referentes à ruminação diurna de vacas Pardo-Suíça de
alta e baixa produção...........................................................................
82
Médias e desvios-padrão do tempo, em minutos, organizado no
período de 15:40 à 17:50h e referentes às respostas
comportamentais diurnas de vacas Pardo-Suíça de alta e baixa
produção...............................................................................................
83
Médias e desvios-padrão do tempo, em minutos, organizado em
cinco períodos e referente às respostas comportamentais noturnas de
vacas Pardo-Suíça de alta e baixa produção........................................
84
Médias e desvios-padrão da frequência cardíaca e das temperaturas
retal e superficial de vacas Pardo-Suíças de alta e baixa produção,
submetidas à ambientes de pré ordenha de sol e
sombra..................................................................................................
86
13
Tabela 11 -
Médias e desvios-padrão da frequência respiratória de vacas PardoSuíças de alta e baixa produção, submetidos a ambientes de pré
ordenha de sol e sombra.......................................................................
89
14
CAPÍTULO IV
Página
Tabela 1 -
Tabela 2 -
Tabela 3 -
Tabela 4 -
Tabela 5 -
Composição química dos ingredientes da ração, fornecida a vacas
Pardo-Suíças criadas em sistema Biodinâmico de produção...............
109
Variáveis meteorológicas de dois ambientes de pré ordenha de
vacas Pardo-Suíças de baixa e alta produção......................................
109
Médias das variáveis fisiológicas referentes ao dia de colheita de
material sorológico para análise hormonal (T3, T4 e cortisol) de
vacas Pardo-Suíças de baixa e alta produção leiteira..........................
109
Médias e desvios-padrão da Produção, composição físico-química e
CCS do leite de vacas Pardo-Suíças criadas em sistema
Biodinâmico de produção....................................................................
110
Médias e desvios-padrão dos valores hormonais plasmáticos de
vacas Pardo-Suíças criadas em sistema Biodinâmico de produção.....
110
15
LISTA DE QUADROS
CAPÍTULO II
Página
Quadro 1 -
Compilação de dados sobre os percentuais de lactose do leite de
vacas criadas em sistemas de produção ecológica e convencional......
52
Compilação de dados sobre os percentuais de gordura do leite de
vacas criadas em sistemas de produção ecológica e convencional......
54
Compilação de dados sobre os percentuais de proteínas totais do
leite de vacas criadas em sistemas de produção ecológico e
convencional........................................................................................
56
Quadro 4 - Compilação de dados sobre os percentuais de sólidos totais e sólidos
não gordurosos do leite de vacas criadas em sistemas de produção
ecológico e convencional.....................................................................
58
Quadro 2 -
Quadro 3 -
Quadro 5 -
Compilação de dados sobre os valores de CCS de vacas criadas em
sistemas de produção ecológica e convencional..................................
61
16
SUMÁRIO
Página
INTRODUÇÃO......................................................................................................
Referências.........................................................................................................
17
20
CAPÍTULO I - Influência do Sombreamento e dos Sistemas de Resfriamento no
Conforto Térmico de Vacas Leiteiras: Revisão............................
21
Resumo...............................................................................................................
Abstract...............................................................................................................
Introdução...........................................................................................................
Eficiência de conforto térmico e das estruturas de sombreamento
Efeito do sombreamento e dos sistemas de resfriamento sobre a produção de
vacas leiteira.......................................................................................................
Considerações finais...........................................................................................
Referências.........................................................................................................
22
22
23
25
30
37
38
CAPÍTULO II - Características de Produção, Composição e Contagem de
Células Somáticas de Leite Bovino Ecológico e
Convencional: Revisão.............................................................
41
Resumo...............................................................................................................
Abstract...............................................................................................................
Introdução...........................................................................................................
Produção biodinâmica...................................................................................
Produção agroecológica................................................................................
Produção orgânica.........................................................................................
Características gerais do sistema ecológico de produção de leite......................
Composição do leite...........................................................................................
Lactose..........................................................................................................
Gordura.........................................................................................................
Proteínas totais..............................................................................................
Sólidos totais e sólidos não gordurosos........................................................
Contagem de células somáticas e saúde do úbere..............................................
Considerações finais...........................................................................................
Referências.........................................................................................................
42
42
43
43
45
46
48
52
52
53
55
56
58
62
64
CAPÍTULO III - Respostas Comportamentais e Fisiológicas de Vacas Leiteiras
Criadas em Sistema Biodinâmico em Clima Semiárido...........
68
Resumo...............................................................................................................
Introdução...........................................................................................................
Material e métodos.............................................................................................
Ensaio I.........................................................................................................
Ensaio II........................................................................................................
Resultados e discussão........................................................................................
Ensaio I.........................................................................................................
Ensaio II........................................................................................................
69
70
71
73
76
78
78
85
17
Conclusões..........................................................................................................
Agradecimentos..................................................................................................
Referências.........................................................................................................
90
90
91
CAPÍTULO IV - Influência do Ambiente de Pré Ordenha Sobre Produção,
Composição, Contagem de Células Somáticas do Leite e
Hormônios de Vacas Criadas em Sistema Biodinâmico........
93
Abstract...............................................................................................................
Resumo...............................................................................................................
Introdução...........................................................................................................
Material e métodos.............................................................................................
Resultados e discussão........................................................................................
Conclusões..........................................................................................................
Agradecimentos..................................................................................................
Referências bibliográficas..................................................................................
94
95
95
96
98
106
106
106
ANEXOS
111
16
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CCS: Contagem de células somáticas
CTR: Carga térmica radiante
CSTR: Centro de Saúde e Tecnologia Rural
CV: Coeficiente de variação
DIC: Delineamento inteiramente casualizado
h: Hora
ha: Hectare
ICL: Instalações climatizadas
ICO: Instalações controle
IN: Instrução normativa
ITGU: Índice de temperatura de globo negro e umidade
ITU: Índice de temperatura e umidade
PROGENE: Programa de gerenciamento de rebanhos leiteiros do Nordeste
PPGMV: Programa de pós graduação em medicina veterinária
RPM: Rotação por minuto
S: Sombra artificial
SV: Sombra com ventilação
SVA: Sombra com ventilação e aspersão
SNG: Sólidos não gordurosos
TA: Temperatura do ar
TGN: Temperatura de globo negro
TPO: Temperatura do ponto de orvalho
TS: Tela sombrite
T3: triidotironina
T4: Tiroxina
UF: Unidade funcional
UFCG: Universidade Federal de Campina Grande
UR: Umidade relativa do ar
17
INTRODUÇÃO
A demanda por alimentos tem aumentado consideravelmente, porém a oferta em
decorrência de vários fatores não atende satisfatoriamente a população Brasileira,
principalmente quanto aos produtos de origem animal, como o leite e a carne, indispensáveis
à alimentação humana.
Dentre os fatores que contribuem negativamente para a produção bovina, destaca-se o
clima, que afeta direta e indiretamente os animais, prejudicando o seu bem-estar e sua
produtividade. Cerca de dois terços, do território brasileiro está situado na faixa tropical do
planeta, onde predominam as altas temperaturas do ar, consequência da elevada radiação solar
incidente (PIRES et al., 2000),
O Nordeste é a região mais atingida pelas intempéries climáticas, com 74,30% da
superfície classificada como de clima semiárido. A zona semiárida do Brasil compreende
todos os estados da região Nordeste, parte de Minas Gerais e do Espírito Santo em uma área
total que abrange cerca de 974.752 Km2 (AYOADE, 1991) e abriga 40% da população do
Nordeste.
No estado da Paraíba a Zona de clima Semiárido, ou clima Bsh (Classificação de
Kooppen) ocupa a parte central do estado, na superfície do planalto da Borborema, desde a
zona do Brejo até o Sertão, com chuvas irregulares e média pluviométrica de 400 mm ao ano,
chamando-se a atenção para o reduzido índice médio anual pluviométrico da cidade de
Cabaceiras (279 mm), onde o mês mais chuvoso geralmente não ultrapassa os 60 mm de
pluviosidade (PARAÍBA, 2004).
Mesmo com clima adverso à produção animal, havendo boas condições de conforto
térmico, a bovinocultura leiteira constitui-se em uma atividade de grande relevância para a
economia das regiões de clima semiárido, gerando emprego e renda para as populações do
campo e supre as necessidades alimentares através do leite e seus derivados tanto para a
população rural como para a urbana.
No entanto, Rossarolla (2007), destaca que vacas em lactação submetidas a estresse
térmico diminuem o pastejo e a deambulação, pastando à noite e buscando sombra e imersão
em água durante o dia, além de apresentarem aumento da frequência respiratória, redução na
ingestão de alimentos e aumento na ingestão de água, havendo, no entanto, uma redução do
efeito climático sobre estas e outras variáveis, quando os animais são alojados em áreas que
possuem sombreamento.
18
Segundo Baêta e Souza (1997), não há melhor sombra do que a natural (árvores), pois a
vegetação transforma a energia solar através do processo fotossintético em energia química
latente, reduzindo a incidência de insolação durante o dia e que na ausência de árvores nas
pastagens, a proteção aos animais contra a insolação direta pode ser feita de forma artificial,
podendo, de acordo com as suas características de isolamento térmico, absorção e
refletividade da radiação solar, reduzir aproximadamente 30% da carga térmica radiante,
quando comparado à recebida pelo animal ao ar livre.
Animais expostos ao estresse ambiental alteram o seu metabolismo basal, de água e
eletrólitos, o equilíbrio ácido-básico, mudanças na fermentação ruminal e funções endócrinas,
como forma de aliviar os efeitos do estresse, atribuindo à alta temperatura a promoção de
alterações no rendimento e na composição do leite, sendo os bovinos tropicais (Bos indicus)
mais tolerantes ao calor do que os europeus (Bos taurus), não havendo, contudo, redução na
produção e composição láctea em uma variação de temperatura ambiente entre 10 e 20 ºC,
ficando assim, estabelecida uma zona de conforto térmico onde o animal mantém constante a
sua temperatura corpórea sem variar o seu metabolismo basal (Dukes, 1996).
Estudos (Silva et al., 2002; Perissinoto et al., 2006) tem demonstrado que ao utilizar-se
de artifícios geradores de melhorias das condições ambientais das instalações (ventiladores,
nebulizadores, chuveiro em sala de espera, dentre outros), a resposta produtiva dos animais é
sempre positiva, devido a criação de um microclima capaz de promover o bem-estar animal a
partir de uma determinada zona de termoneutralidade.
Silva et al. (2002), avaliando o efeito da climatização (conebulização e ausência dela)
do curral na produção de leite de vacas holandesas momentos antes da ordenha, verificaram
que quando se resfria o ambiente tem-se uma redução de 2,53 ºC na temperatura do ar, 2,36
ºC na temperatura de globo negro (TGN), refletindo em aumento médio diário de 7,28% na
produção de leite.
No que se refere ao sistema Biodinâmico, há pouca publicação literária direcionada para
a bovinocultura leiteira, mas esse sistema é utilizado visando um aumento na qualidade de
vida e produtiva dos animais, face ao equilíbrio ambiental do Biodinâmico sobre os mesmos
(Schorr, 1996), e que o leite e derivados de vacas criadas nesse sistema, tem plena aceitação
por um público que reconhece a sua qualidade diferenciada (Lempek, 2004).
Steiner (2010), relata que a quantidade e qualidade do que se é produzido pelos bovinos
não tem relação apenas com o aspecto nutricional, mas principalmente, à capacidade em
potencializar os nutrientes de sua dieta através das forças cósmicas livres no ambiente.
19
Com a realização do presente estudo o objetivo foi avaliar a influência do ambiente de
pastejo sobre o comportamento e de dois ambientes de pré ordenha sobre as respostas
produtivas, fisiológicas, hormonais e a qualidade do leite de vacas da raça Pardo-Suíça criadas
em sistema Biodinâmico de produção no semiárido paraibano.
20
REFERÊNCIAS
AYOADE, J. O. Introdução à climatologia para os trópicos. 3. ed. Rio de Janeiro: Bertrand
Brasil, 1991. 332 p.
BAÊTA, F. C.; SOUZA, C. F. Ambiência em edificações rurais: conforto animal. Viçosa:
UFV, 1997, 246p.
CUNNINGHAM, J. G. Tratado de fisiologia veterinária. 2 ed. Rio de Janeiro: 1999, 528 p.
DUKES, H. H. Fisiologia dos animais domésticos. 11 ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan: 1996, 856p.
LEMPEK, R. Demétria hoje. Rio Grande do Sul, 2004. Disponível em:
<http://www.biodinamica.org.br/historia/Dem%C3%A9tria%20hoje.pdf>. Acesso em: 20
jul. 2011.
PARAÍBA. Superintendência do Desenvolvimento do Meio Ambiente – Sudema; Centro de
Estudos Técnicos e Científicos da Paraíba. Atualização do Diagnóstico Florestal do
Estado da Paraíba. João Pessoa, 2004, 266p.
ROSSAROLLA, G. Comportamento de vacas leiteiras da raça holandesa, em pastagem
de milheto com e sem sombra. Santa Maria, 2007. 46 p. Dissertação (Mestrado em
Zootecnia) – Centro de Ciências Rurais – Universidade Federal de Santa Maria, UFSM.
PERISSINOTTO, M.; MOURA, D. J.; MATARAZZO, S. V.; SILVA, I. J. O.; LIMA, K. A.
O. Efeito da Utilização de Sistemas de Climatização nos Parâmetros Fisiológicos do Gado
Leiteiro. Rev. de Engenharia. Agrícola, Jaboticabal, v. 26, n. 3, p. 663-671, set./dez.
2006.
PIRES, M. F. A.; TEODORO, R. L.; CAMPOS, A. T. Efeito do estresse térmico sobre a
produção de bovinos. In: CONGRESSO NORDESTINO DE PRODUÇÃO DE
RUMINANTES. RUMINANTES E NÃO RUMINANTES, 2., 2000, Teresina. Anais...
Teresina: Sociedade Nordestina de Produção Animal, 2000. p. 87-105.
SCHORR, M. K. A Agroecologia, Agricultura Biodinâmica e a Permacultura: para as Áreas de
Proteção Ambientais Brasileiras. Agricultura Instituto Ânima de Desenvolvimento Sustentável,
1996, 155p.
SILVA, I. J. O.; PANDORFI, H.; ACARARO Jr., I.; PIEDADE, S. M. S.; MOURA, D. J.
Efeitos da Climatização do Curral de Espera na Produção de Leite de Vacas Holandesas.
Rev. Brasileira de Zootecnia, v. 31, n. 5, p. 2036-2042, 2002.
STEINER R. Fundamentos da Agricultura Biodinâmica: vida nova para a terra. Tradução
de Gerard Bannwart. 3. ed. São Paulo, Antroposófica, Botucatu, Sp. 2010, 239p.
21
CAPÍTULO I
INFLUÊNCIA DO SOMBREAMENTO E DOS SISTEMAS DE RESFRIAMENTO NO
CONFORTO TÉRMICO DE VACAS LEITEIRAS: REVISÃO
Artigo publicado na Revista Agropecuária Científica no Semiárido (anexo 1).
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INFLUÊNCIA DO SOMBREAMENTO E DOS SISTEMAS DE RESFRIAMENTO NO
CONFORTO TÉRMICO DE VACAS LEITEIRAS: REVISÃO.
Alberio Lopes Rodrigues
Med. Veterinário, Doutorando do Programa de Pós-graduação em Medicina Veterinária,
UFCG, Patos-PB. E-mail: [email protected]
Bonifácio Benício de Souza
Zootecnista, Prof. Associado - UAMV/CSTR/UFCG, Caixa postal 64, 58.708-110, Patos-PB.
E-mail: [email protected]
José Morais Pereira Filho
Med. Veterinário, Prof. Adjunto - UAMV/CSTR/UFCG, Caixa postal 64, 58.708-110, PatosPB. E-mail: [email protected]
RESUMO: O objetivo desta revisão foi avaliar a importância da utilização de sombras e do
resfriamento da sala de espera de ordenha no conforto térmico de vacas leiteiras, com base
nas variáveis e índices ambientais, e na produção de leite, a partir de relatos encontrados na
literatura vigente. Foram abordadas informações, em sua maioria, de artigos publicados nos
últimos cinco anos, que retratam a importância da utilização do sombreamento, tanto natural,
como artificial e ainda, que evidenciam o papel dos sistemas de resfriamento das instalações,
principalmente da sala de espera de ordenha sobre a produção de leite dos bovinos em
lactação. A partir do que foi observado, verificou-se que vacas leiteiras têm a sua produção
influenciada diretamente pelas condições ambientais em que estão inseridas, e que o
sombreamento e a utilização de sistemas de resfriamento da sala de espera, podem contribuir
para a elevação da produção de leite dos animais supracitados, bem como, do bem estar dos
animais, configurando-se em estratégias de grande relevância para a pecuária leiteira.
Palavras-chave: Estresse térmico; sombra; ambiente animal.
INFLUENCE OF SHADE AND COOLING SYSTEMS ON THE THERMAL
COMFORT FOR DAIRY COWS: REVIEW.
ABSTRACT: This review aimed to evaluate the importance to offer shades and cooling
systems at the waiting room for milking on the thermal comfort for dairy cows, based in
environmental variables and indexes and in the milk production from data present in scientific
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literature. The approached information were from articles published in the last five years
which evidenced the importance to offer natural or artificial shades, besides the role of
cooling systems, mainly in the waiting room for milking, for the milk production. Based in
this material it was verified that dairy cows have their production influenced by the
environmental conditions besides the cooling systems and the offer of shades at the waiting
room contribute to improve the milk production, therefore the use of these strategies have
great relevance for the dairy industry.
Key-Words: Thermal stress; shade; animal environment
INTRODUÇÃO
A preocupação com a produção animal tem atraído a atenção e esforços de muitos
pesquisadores, em que, através das diversas áreas do conhecimento científico, foram
evidenciadas dúvidas e apontadas alternativas capazes de melhorar o rendimento dos animais
de produção.
No entanto, o entendimento da relação existente entre o animal e os fatores
ambientais, ainda não está totalmente definido, devido ao respeito das características
intrínsecas de cada espécie, e dentro de cada uma delas, a raça, o indivíduo, a sua idade e o
sexo. Deve-se considerar também as distinções ambientais em que os animais se inserem, já
que o clima é fator de grande influência na produção dos mesmos, podendo interferir em seu
bem-estar, principalmente no que se refere ao clima tropical, devido a sua maior adversidade
ambiental (McDOWELL, 1972).
De acordo com Silva (2000), vacas leiteiras sob estresse térmico, têm o seu
desempenho produtivo e reprodutivo reduzido devido ao uso da termorregulação, podendo
serem acometidas por um desconforto térmico brando, intermediário ou severo, devendo,
contudo, distinguir a perda de produção por tal desconforto, da perda ocasionada pelo baixo
valor nutritivo das pastagens, parasitoses, manejo inadequado do rebanho, dentre outros.
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Cerca de dois terços, do território brasileiro está situado na faixa tropical do planeta,
onde predominam as altas temperaturas do ar, consequência da elevada radiação solar
incidente, sendo o Nordeste a região mais atingida, com 74,30% da superfície classificada
como semiárido. Nesta região as altas temperaturas do ar associada com intensa radiação solar
impõe carga adicional de calor nos animais a pasto, ocasionando estresse calórico e queda na
produção (PIRES et al., 2000).
A zona de clima semi-árido do Brasil compreende todos os estados da região
Nordeste, parte de Minas Gerais e do Espírito Santo, representando uma área que abrange
aproximadamente de 974.752 Km2 (AYOADE, 1991).
Mesmo com clima adverso à produção animal, em boas condições de conforto
térmico, a bovinocultura leiteira é uma atividade de grande relevância para a economia das
regiões de clima tropical, por gerar emprego e renda para as populações do campo e
suprimento alimentar de leite e seus derivados para a população em geral.
Contudo, deve-se destacar, como cita Rossarolla (2007), que vacas em lactação
submetidas a estresse térmico diminuem também o pastejo e o exercício, pastando à noite e
buscando sombra e imersão em água durante o dia, além de apresentarem aumento da
frequência respiratória, redução na ingestão de alimentos e aumento na ingestão de água,
havendo, no entanto, uma redução do efeito climático sobre estas e outras variáveis, quando
os animais são alojados em áreas que possuem sombreamento.
Animais expostos ao ar livre têm na radiação solar o principal responsável pelo
acréscimo do calor corpóreo. Durante o dia, parte do calor absorvido pelos animais provém da
radiação solar direta ou indireta, que causa estresse, sendo as diversas estruturas de
sombreamento importantes atenuadores dessa radiação sobre os animais, variando de
importância de acordo com o microclima e a sua eficiência (BAÊTA e SOUZA, 1997).
Ainda segundo Baêta e Souza (1997), não há sombra melhor do que a natural
(árvores), pois a vegetação transforma a energia solar através do processo fotossintético, em
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energia química latente, reduzindo a incidência de insolação durante o dia, e que na ausência
de árvores nas pastagens, a proteção aos animais contra a insolação direta pode ser feita
através de abrigos com material de coberturas diversos (madeira, tela sombrite, telha
cerâmica, telha de cimento amianto, cobertura em metal galvanizado, dentre outros), podendo,
de acordo com as suas características de isolamento térmico, absorção e refletividade da
radiação solar, reduzir aproximadamente 30% da carga térmica radiante, quando comparado a
carga radiante recebida pelo animal ao ar livre.
Além do cuidado nas pastagens, estudos (NÄÄS & ARCARO JÚNIOR 2001; SILVA
et al., 2002) têm demonstrado que a melhoria das condições ambientais da sala de pré ordenha
com ventiladores, nebulizadores, chuveiros, dentre outros, promove resposta produtiva
positiva dos animais, devido ao favorecimento da criação de um microclima capaz de
promover o bem-estar animal, a partir de uma determinada zona de termoneutralidade.
Esta revisão teve por objetivo descrever a importância da utilização de sombras e do
resfriamento da sala de espera de ordenha (pré ordenha), no conforto térmico de vacas
leiteiras, com base em variáveis e índices ambientais e na produção de leite, a partir de
informações encontradas na literatura vigente.
Eficiência de conforto térmico das estruturas de sombreamento
Os bovinos, em especial os de aptidão leiteira, devido ao seu maior consumo de
alimentos, que implica em um aumento na produção de calor metabólico e consequente
dificuldade de equilíbrio térmico, quando submetidos à condições de calor ambiental
(AZEVEDO, 2005), conseguem segundo Schütz et al. (2009) identificar locais sombreados
que oferecem uma maior proteção contra a radiação solar, a fim de amenizarem o estresse
calórico ao qual se encontram.
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Schütz et al. (2009), chegaram a esta conclusão ao avaliarem o comportamento de
vacas leiteiras Holandesas em clima temperado, que ao serem submetidas a combinações de
níveis diferentes de proteção de sombra artificial com 99 e 25; 99 e 50; 50 e 25 % de proteção
contra a radiação solar, verificaram que nas horas mais quentes dos dias pesquisados, 73,3%
dos animais passaram mais tempo sob a proteção de 99 % na combinação 99 e 25 % (P<0,01),
e 72 % dos mesmos preferiram a proteção de 50 % na combinação 50 e 25 % (P<0,01). Não
foi verificado, contudo, diferença significativa para a combinação 99 e 50 % (P>0,05),
Assim, considerando-se a necessidade do fornecimento de sombra para a mitigação
dos efeitos térmicos ambientais sobre os animais de clima temperado nas horas quentes do
dia, pode-se predizer que em regiões de clima semiárido, onde o fotoperíodo e a alta
temperatura ocorre por várias horas do dia e por um longo período do ano (PARAÍBA, 2004),
os animais estão mais expostos às intempéries climáticas, o que sugere a necessidade da
disponibilidade de sombras de qualidade a esses animais.
Com base a sugerir um tipo de sombra que oferecesse conforto térmico considerável a
novilhas holandesas e mestiças Holandesa x Jersey, Conceição (2008) avaliou dois tipos de
sombreamento sólido (telhas de fibrocimento e telhas galvanizadas), sombreamento flexível
(tela de polipropileno com 80 % de proteção solar) e o efeito do não sombreamento sobre os
animais (animais ao sol). A autora verificou que o maior efeito positivo da qualidade do
sombreamento é evidenciado nos horários em que a radiação solar é mais elevada, nos
horários das 10:00 às 15h:00min, verificando-se reduções percentuais médias de carga
térmica radiante (CTR) de 12,3; 9,6 e 7,2 % (P<0,05) para as telhas de fibrocimento,
galvanizadas e tela de polipropileno, respectivamente, em relação ao tratamento controle (sem
sombra).
Conceição (2008) verificou também, maior condição de conforto térmico da telha de
fibrocimento em relação ao índice de temperatura de globo negro e umidade (ITGU) nas
condições experimentais já mencionadas, pois embora tenha havido grande variação deste
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índice entre os tratamentos e os horários do dia pesquisados, de maneira geral, foi verificada,
uma redução satisfatória do ITGU à sombra em relação ao sol e que as sombras sólidas,
quando comparadas à tela, proporcionaram melhores resultados de conforto térmico.
Quanto à estruturas sólidas de cobertura, Sevegnani et al. (1994) atribuem a telha
cerâmica uma boa característica de conforto térmico, pois os autores avaliando telhados com
telhas cerâmica, cimento amianto, térmica, zinco, alumínio e telha de fibra de vidro
translúcida, verificaram no horário das 14h:00min, período em que a incidência solar sobre os
telhados foi maior, que a telha de barro (cerâmica) conferiu as melhores condições de
conforto térmico quando comparada com as demais, mediante a sua capacidade de redução da
CTR e sua baixa absorção de energia solar. Por outro lado, as telhas de zinco, por
apresentarem alta absorção da irradiação solar e baixa refletividade, juntamente com a telha
de fibra de vidro, apresentaram a pior condição de conforto térmico.
A simples presença de sombra na pastagem, embora confira um conforto térmico
considerável aos animais, parece não ser o bastante, pois dependendo do tamanho de sua área,
pode-se observar níveis de bem-estar diferentes aos bovinos trabalhados. Mellace (2009),
trabalhando com efeito do tamanho de área de cobertura de abrigos sobre o conforto de
novilhas Jersey e Holandesas puras, e ainda, mestiças de ambas as raças, verificou diferença
estatística (P<0,05) na temperatura de globo negro (TGN) entre uma área sem sombra
(controle), comparada as áreas com 1,5; 3,0; 5,0 e 8,0 m2 de sombra animal-1, constatando uma
redução desta variável de 37,2 para 29,8 ºC, da área não sombreada frente à de 8,0 m2 animal1
, representando um decréscimo de 7,4 °C (19,89 %).
A possibilidade de construção de abrigos artificiais em pastagens constitui-se em uma
alternativa de sombreamento de grande importância, devendo, todavia, ressaltar o fato de que
as características do material de construção dos abrigos devem interagir entre si, de modo a
serem compatíveis com as condições ambientais prevalecentes, uma vez, que o ambiente
compõe-se de um complexo de fatores que envolve determinada espécie de ser vivo, podendo
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ser favorável ou não ao seu desenvolvimento biológico, produtivo e reprodutivo (TITTO et
al., 2008).
Quanto ao sombreamento natural, Silva et al. (2008) avaliando a eficiência de
sombreamento da Acacia holosericea, verificaram diferença estatística (P<0,05) nos valores
de CTR (532,8 e 670,9 Wm-2) e ITGU (80,3 e 85) sob a copa das árvores e ao pleno sol,
respectivamente, demonstrando que o sombreamento das árvores foi capaz de proporcionar
uma redução de 26% na carga radiante em relação ao tratamento com exposição solar.
Embora a redução do ITGU promovida pelas árvores tivesse sido significativo
estatisticamente nos resultados de Silva et al. (2008), ainda não foi o suficiente para promover
um conforto térmico a vacas leiteiras de origem européia, pois segundo o NATIONAL
WEATHER SERVICE (1976 apud Baêta, 1985) valores de ITGU para vacas Holandesas em
lactação inferiores a 74, representam condição de conforto térmico; de 74 a 79, alerta; entre
79 a 84, perigo e acima de 84 indicam situação de emergência, assim a escolha do tipo da
árvore a ser plantada nos piquetes de produção, também deve ser um fator importante no
processo de promoção de conforto térmico aos bovinos leiteiros.
O sistema silvipastoril propiciou um ambiente de conforto térmico favorável a vacas
leiteiras, tanto no inverno como no verão, já que esses bovinos apresentaram o mesmo
período de tempo de pastejo, ruminação e ócio em ambas as estações estudadas por LEME et
al. (2005).
Ainda segundo LEME et al., (2005), mesmo os animais passando 69% do seu tempo
diário à sombra, o tempo de pastejo não foi reduzido, já que boa parte desse tempo ocorreu
sob a copa das árvores e em conforto térmico, condição confirmada com a igualdade de tempo
(P>0,05) que os animais passaram deitados ao sol e à sombra durante o descanso,
independente da época do ano, devido, possivelmente, ao micro clima propiciado pela
dispersão das árvores no piquete experimental, que promoveu redução na TGN de 6,5 ºC sob
suas copas em comparação ao sol, sendo as árvores de maior altura e de copa globosa/densa,
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as que conferiram maior redução da irradiação solar, inferindo-se, portanto, ao sistema
silvipastoril, a capacidade de amenizar as intempéries ambientais no entorno das árvores.
A este respeito, Guiselini et al. (1999) avaliando a eficiência de conforto térmico de
quatro espécies de árvores diferentes: santa bárbara (Melia azedarach), leucena (Leucaena
leucocephala), chapéu de sol (Terminalia catappa) e o bambu (Bambusa vulgaris),
constataram que esta última espécie apresentou resultados de TGN, índice de temperatura e
umidade (ITU) e CTR mais favoráveis ao conforto térmico animal nas horas mais quentes do
dia (13:00 às 16h:00min), do que a leucena (P<0,05), não havendo, contudo, diferença
estatística (P>0,05) entre o bambu e as outras duas espécies pesquisadas. Assim, por ocasião
desse trabalho, verificou-se sob a sombra da leucena às 15h:00min valores de TGN, ITU e
CTR de 37,78 ºC; 84,21 e 650 Wm-2, respectivamente, e sob a copa do bambu, os valores
destes mesmos índices foram, respectivamente, 29,92 ºC; 81,12 e 528 W m-2. Os autores
inferiram ainda, que plantas com copas densas, não raleadas, de porte e projeção de sombras
grandes, conferem boas condições de conforto térmico aos animais de produção.
Qualquer copa de árvore ou outro tipo de sombra que consiga reduzir os índices e
variáveis ambientais, representa papel importante na pecuária leiteira, pois no que se refere
particularmente a TGN, Barbosa et al. (2004) citam que valores de TGN iguais ou próximas a
temperatura corpórea, impedem a perda de calor do animal por condução, convecção e
radiação durante o período da tarde, obrigando-os a perder calor por evaporação, para tanto,
os animais tem que aumentar a sudorese e a sua freqüência respiratória, representando um
quadro, em uma avaliação simplista, de no mínimo estresse moderado.
A utilização do sombreamento, seja nas pastagens (KENDALL et al., 2006) ou em
instalações de produção intensiva (MARTELLO et al., 2004; PERISSINOTTO et al., 2007),
influenciam diretamente na produção de leite dos bovinos. Trabalhos de pesquisa (NÄÄS &
ACARO JÚNIOR, 2001; SILVA et al., 2002; BARBOSA et al., 2004;) com emprego de
sistemas de resfriamento evaporativos, foram realizados na sala de espera de ordenha, a fim
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de avaliar a influência do uso de ventilação, aspersão, nebulização, dentre outros, na produção
de leite de bovinos, conforme apresentado na sequência desta revisão.
Efeito do sombreamento e dos sistemas de resfriamento sobre a produção de vacas
leiteiras.
O ambiente térmico exerce forte influência sobre o desempenho animal por afetar os
mecanismos de transferência de calor e, assim, a regulação do balanço térmico entre o animal
e o meio. O animal dentro de um ambiente térmico considerado adequado, produzirá de
acordo com o seu potencial genético, em que os limites térmicos do ambiente estabelecidos
como confortantes ou estressantes, podem sofrer variações em função da região e dos
tipos/raças animais utilizados na propriedade (PERISSINOTTO, 2009).
Para Azevedo et al. (2005), vacas mestiças Holandês-zebu são mais resistentes as
intempéries climáticas que as de puro sangue Holandês. Silva et al. (2002) relatam que o
problema principal das raças leiteiras de origem europeia está na sua difícil adaptação ao
clima tropical, que devido a sua alta produtividade sofrem problemas de alterações
fisiológicas e comportamentais provocados pelo estresse térmico, levado a redução na
produção de leite.
A maior adaptação dos zebuínos ao clima quente está na sua capacidade de perder
calor pela sudorese de forma mais efetiva, pois possuem maior número de glândulas
sudoríparas ou maior volume de secreção, pêlos mais curtos e maior superfície em relação à
massa corporal, apresentando um mecanismo termorregulatório mais eficiente que os taurinos
(PEREIRA et al., 2008).
Vacas leiteiras vazias submetidas ao estresse térmico reduzem significativa e
consideravelmente a ingestão alimentar, conduzindo a um comprometimento do
aproveitamento dos nutrientes da dieta, sendo verificada por Passini et al. (2009) redução de
49 e 55 % na digestibilidade de matéria seca e de proteína bruta (P<0,05), respectivamente,
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dos animais mantidos em estresse em câmara bioclimática a 38 ºC, comparado àqueles em
condição de conforto térmico (21 ºC) na mesma câmara.
As vacas de alta produção leiteira são mais sensíveis aos efeitos do estresse térmico do
que àquelas de menor produção. Por apresentarem maior demanda alimentar, vacas com alta
capacidade produtiva não tem as suas necessidades nutricionais atendidas devido à redução na
ingestão alimentar provocada por condição ambiental desconfortante (SILVA, 2000).
Essa assertiva foi evidenciada por Ahmed e Amin (1997) ao compararem o
desempenho produtivo de vacas Holandesas frente às nativas do Sudão (raça Butana). Com
ambas as raças mantidas à sombra, mas em condição de temperatura média máxima de 42 ºC,
os autores verificaram redução no consumo alimentar das vacas Holandesas aproximadamente
três vezes superior à redução do consumo das vacas nativas, sendo progressiva do início até o
final do experimento com queda na produção de leite nesta mesma ordem cronológica.
Quanto às nativas, embora, com produção leiteira muito inferior às holandesas, permaneceram
com o consumo e a produção láctea praticamente inalterados por todo o período de pesquisa.
Silva et al. (2009), avaliando o comportamento e desempenho produtivo de vacas da
raça Pitangueiras com e sem acesso à sombra de tela de polipropileno com 80% de proteção
solar, não verificaram diferença estatística na produção de leite das vacas de ambos os
tratamentos, mesmo com valores médios ambientais de ITGU e TGN no turno da tarde iguais
a 85 e 36 ºC, respectivamente, inferindo-se que em animais adaptados ao calor e de baixa
produção o efeito do ambiente sobre a sua produção láctea é praticamente inexistente.
Silva et al. (2009) verificaram também, que nos horários mais quentes do dia os
animais com cesso a sombra buscavam o abrigo e permaneciam com atividade de ruminação e
ócio, enquanto os animais expostos ao sol diminuíam a atividade de pastejo e aumentavam o
tempo gasto no ócio.
Embora os resultados de Silva et al. (2009) não remetam à elevação produtiva em
animais de baixa produção submetidos à oferta de sombra na pastagem, não significa dizer
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que essa categoria animal não deva desfrutar de um ambiente climático confortável, já que o
máximo desempenho animal, independente de seu nível produtivo, somente se expressa
plenamente em condições ambientais confortantes, e que, através da aplicação de estratégias
de manejo nas instalações de criação, os fatores estressantes devem ser abolidos, ou ainda
mitigados, com intuito de favorecer as funções fisiológicas dos animais de produção (BAÊTA
& SOUZA, 1997; SILVA et al. 2002).
A intensidade e o tempo de permanência a que os bovinos leiteiros submetem-se ao
estresse térmico, parece ditar o ritmo na escala de perda produtiva, e ainda, conduzem as
conseqüências de tal estresse por um período superior a permanência do mesmo. Fato
evidenciado por Perissinotto et al. (2007), que verificaram ao longo de um ano de pesquisa,
que as vacas leiteiras reduziram a sua produção nos meses de junho a setembro, período em
que a temperatura do ar estava mais elevada (época quente do ano) em relação aos demais
meses, contudo, apesar do mês de outubro não ter apresentado nenhum fator ambiental ou
alimentar que remetesse a estresse calórico, manteve-se registro de queda na produção leiteira
semelhante aos meses anteriores.
Bayer et al. (1980 apud Perissinotto et al., 2007), explicam que quanto mais acentuado
e prolongado for o período de estresse térmico, maiores serão os ajustamentos endócrinos da
aclimatação e mais lenta a recuperação da produção de leite. Este aumento lento da produção
de leite está de acordo com a recuperação de um cenário endócrino associado à
termoneutralidade, que se baseia na recuperação dos valores de base dos hormônios da
tireóide, da somatotropina e da prolactina.
Dentre vários fatores, variáveis e índices climatológicos, a elevação da temperatura
ambiente é determinante na queda de produção de leite e, conforme Dukes (1996), embora
haja diferenças de tolerância entre os bovinos tropicais (Bos indicus) e os europeus (Bos
taurus), não há redução na produção láctea para ambas as espécies em uma variação de
temperatura ambiente entre 10 e 20ºC, ficando assim estabelecida uma zona de conforto
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térmico onde o animal mantém constante a sua temperatura corpórea, sem variar o seu
metabolismo basal.
Entretanto, bovinos adaptados a ambientes de baixas temperaturas, parecem responder
negativamente a elevação desta variável ambiental, mesmo quando a elevação ocorre em grau
moderado, pois Kendall et al. (2006), verificaram na Nova Zelândia, no período quente do
ano (média de temperatura de 18,5 ºC), uma queda significativa estatisticamente (P<0,05) da
produção leiteira dos animais submetidos à ambiente sem sombra, comparado àqueles que
tinham acesso a estruturas artificiais, que promovia 93 % de proteção à incidência solar,
indicando, que mesmo em pequenas alterações de conforto ambiental, os animais ativam o seu
sistema termorregulatório para manter a sua homeotermia.
Apesar de ser o meio natural de controle da temperatura do organismo, a
termorregulação representa esforço extra e, consequentemente, alteração na produtividade
animal. A manutenção da homeotermia é prioridade para os animais e impera sobre as
funções produtivas como produção de leite, reprodução, dentre outros e que o primeiro sinal
de animais submetidos ao estresse térmico é o aumento da freqüência respiratória, a fim de
promover a perda de calor por meio evaporativo (MARTELLO et al., 2004).
Não obstante, Cunningham (2004) relata que a perda de produção animal durante o
estresse está associada ao desvio dos nutrientes da sua dieta para a manutenção da
temperatura corpórea, portanto, em situação de desconforto de temperatura do corpo, a
energia provida do alimento será perdida principalmente pela ventilação pulmonar e sudorese.
Martello et al. (2004) avaliando a produção de leite de vacas multíparas e primíperas
alojadas em instalações climatizadas (ICL), instalações de piquetes com tela sombrite (TS) e
instalações controle (ICO) (dispunham de sombra apenas sobre o comedouro), verificaram
que as vacas multíparas do TS apresentaram produção maior (8,5 %) (P<0,01) que as dos
tratamentos ICL e ICO, não havendo, contudo, diferença estatística entre estes dois
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tratamentos. Quanto às primíparas, os melhores resultados de produção láctea foram
observados nas instalações controle (P<0,01) em relação aos demais tratamentos.
Ainda de acordo com Martello et al. (2004), os resultados observados para as
multíparas possivelmente ocorreram devido a maior área de sombra animal-1 disponível do
TS, enquanto para as primíperas, o sombreamento sobre o comedouro dos animais do
tratamento ICO pode ter sido suficiente para aliviar o estresse ambiental nos momentos mais
quentes do dia, não ocorrendo, portanto, reduções no consumo alimentar e na produção de
leite.
O efeito de uma maior área de sombra por animal sobre melhorias nas condições
ambientais foi também registrado por Mellace (2009), como mencionado anteriormente nesta
revisão.
Silva et al. (2002) avaliando o efeito da climatização da sala de espera na produção de
leite de vacas holandesas, momentos antes da ordenha, verificaram que quando se promove o
resfriamento do ambiente através da nebulização, tem-se uma redução de 2,53 ºC na
temperatura do ar e 2,36 ºC na TGN, refletindo em aumento médio diário de 7,28 % na
produção de leite, sendo estes efeitos mais acentuados na ordenha da tarde, aproximadamente
11 % no tratamento experimental provido de sistema de resfriamento de nebulização em
relação ao controle, verificando ainda, que as maiores quedas de produção láctea durante o
período da pesquisa estiveram associadas aos elevados valores de ITU.
Resultados semelhantes foram encontrados por Nääs e Arcaro Júnior (2001), que
avaliando a influência da sombra artificial (S), sombra com ventilação (SV) e sombra com
ventilação e aspersão (SVA) sobre o desempenho produtivo de vacas leiteiras de alta
produção, verificaram, na ordenha da manhã, melhor desempenho produtivo lácteo para o
SVA, seguido do SV e por último o S (P<0,05), enquanto à tarde, embora o melhor resultado
tenha sido também observado para o SVA (P<0,05), não foi identificada diferença estatística
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entre SV e S. Quando observada a produção total diária obtida no experimento, foi registrada
uma diferença de 2,33 kg de leite animal dia-1 (11,33%) entre SVA e S.
Embora os resultados dos autores anteriormente citados tenham relatado melhorias
ambientais através do resfriamento pela manhã, o maior benefício do resfriamento de
instalações ocorre no período da tarde, por ser neste turno onde as condições climáticas
superam a faixa da termoneutralidade dos animais, e dessa forma, a eficiência do sistema de
resfriamento torna-se mais evidente, maximizando as respostas do microclima interno das
instalações e, por conseguinte, nas características fisiológicas (Silva et. al., 2002).
Arcaro Júnior et al. (2003) em trabalho semelhante, não verificaram efeito do
resfriamento (ventilação + aspersão) da sala de espera sobre a produção de leite de vacas
holandesas, quando comparado ao uso de ventilação e ao controle (apenas sombra) (P>0,05),
havendo, no entanto, um aumento significativo (P<0,05) no teor de gordura do leite dos
animais submetidos ao tratamento com ventilação.
Pinheiro et al. (2005), ao avaliarem vacas Jersey submetidas ao banho de aspersão e
ventilação por 30 minutos antes da ordenha, também não verificaram diferença estatística
(P>0,05) sobre a produção de leite dos animais submetidos ao ambiente climatizado,
comparado ao controle (sem resfriamento), o que possivelmente esteve relacionado ao acesso
dos animais à sombra durante o pastejo, o que reduziu a radiação direta recebida pelos
animais e favoreceu o consumo alimentar, estabilizando a produção leiteira.
O fato de não haver maior produção láctea de animais submetidos a ambientes
climatizados, comparado aos animais que não dispõem das mesmas condições ambientais, não
descaracteriza os efeitos positivos da climatização ambiental sobre os bovinos leiteiros, já que
se observa regularmente em ambientes climatizados uma redução na TGN (ARCARO
JÚNIOR et al., 2003), temperatura ambiente e ITGU (MARTELLO et al., 2004), além de
outros índices e variáveis ambientais, que oferecem condições climáticas confortantes aos
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animais, sendo o não aumento da produção de leite, muitas vezes, relacionado a fatores
alheios às condições do ambiente.
Resultados contrários aos autores até então apresentados nesta revisão, foram
verificados por Barbosa et al. (2004), que em trabalho com vacas alojadas em piquetes
expostas ao sol e a sombra, com metade dos animais de cada tratamento submetidos a banhos
de aspersão, antes e após a ordenha, verificaram maior produção de leite (P<0,05) nos animais
submetidos ao sol e que se submeteram ao banho, comparado aos animais com acesso a
sombra e que receberam aspersão d’água. Estes achados, segundo os autores, podem estar
relacionados a uma variabilidade maior para os animais expostos ao sol e não exclusivamente
ao tratamento imposto.
É importante ressaltar que os dados discutidos nesta seção apontam para a eficiência
dos sistemas de resfriamento das salas de espera da ordenha frente a animais mantidos nessas
salas sem resfriamento, ou seja, à sombra, sendo, portanto, necessário destacar que se estes
dados fossem comparados às condições experimentais com animais ao sol, possivelmente a
comparação das condições ambientais, apontaria para um melhor desempenho dos animais
submetidos ao resfriamento momentos antes da ordenha na sala de espera. É, portanto,
imprescindível que o sombreamento e o resfriamento de instalações de vacas leiteiras,
ocupem importante papel na pecuária, de modo a potencializar a genética produtiva dos
animais envolvidos nos diversos sistemas de produção, devendo, contudo, serem
desenvolvidos trabalhos de pesquisa sobre a viabilidade econômica da implementação das
estruturas artificiais nas pastagens e das adaptações com aparelhos climatizadores nas salas de
espera da ordenha.
Assim, diante do que já foi apresentado, este trabalho de revisão forneceu subsídios
para não apenas conceber o sombreamento como fator importante na promoção do conforto
térmico de vacas leiteiras, mas também, que as adaptações capazes de melhorar as condições
ambientais nas instalações sombreadas, são estratégias que merecem a atenção da pesquisa
37
científica, pelo fato de conferirem condições termoneutras às vacas leiteiras, podendo,
portanto, melhorarem a sua produção láctea.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Mesmo em condições de baixa temperatura ambiente (≤ 24 ºC), a sombra se faz
necessária para mitigar os efeitos ambientais nas horas mais quentes do dia, podendo o
sombreamento ser conferido naturalmente e artificialmente, e que dependendo do material de
constituição de sombras artificiais, pode haver um maior ou menor conforto térmico, havendo
ainda, influência da qualidade de sombra, com base no tamanho da área disponível ao animal.
Em piquetes onde não existe sombreamento natural, abrigos artificiais podem ser
utilizados promovendo resultados satisfatórios aos bovinos leiteiros, de forma definitiva, ou
ainda, por período provisório, até que sejam introduzidas árvores que ofertem boa qualidade
de sombra, uma vez, que a sombra natural confere redução na carga térmica radiante igual a
26 %, além de reduzir valores de ITU, ITGU e TGN. Em condições ambientais de alto
desconforto térmico pelo calor, os animais têm seu consumo alimentar e produção láctea
reduzidos, além de outras alterações fisiológicas, como medidas da função termorregulatória.
38
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41
CAPÍTULO II
CARACTERÍSTICAS DE PRODUÇÃO, COMPOSIÇÃO E CONTAGEM DE CÉLULAS
SOMÁTICAS DE LEITE BOVINO ECOLÓGICO E CONVENCIONAL: REVISÃO
Artigo enviado para publicação na Revista Agropecuária Científica no Semi Árido (anexo 2).
42
CARACTERÍSTICAS DE PRODUÇÃO, COMPOSIÇÃO E CONTAGEM DE
CÉLULAS SOMÁTICAS DE LEITE BOVINO ECOLÓGICO E
CONVENCIONAL: REVISÃO
FEATURES OF PRODUCTION, COMPOSITION AND SOMATIC CELL
COUNT FROM ECOLOGICAL AND TRADITIONS CATTLE: THE
REVIEWS
Alberio Lopes Rodrigues1, Bonifácio Benicio de Souza2, José Morais Pereira Filho3, Bênnio
Alexandre de Assis Marques4, Lídio Ricardo Bezerra5, Múcio Fernando Ferraro de Mendonça6,
Leonardo de Barros Silva7, Fabício Renan Oliveira da Silva8.
RESUMO: O objetivo desta revisão literária foi descrever as características produtivas e a
composição do leite bovino produzido ecológica e convencionalmente, e ainda, avaliar a saúde do
úbere de vacas criadas nesses sistemas com base na contagem de células somáticas (CCS). Foram
apresentados valores de produção láctea e concentração de lactose, gordura, proteínas totais, sólidos
totais e sólidos não gordurosos levemente inferiores no sistema ecológico em comparação ao
convencional, sendo a CCS, menor nesse último, embora interfira quanti e qualitativamente no leite
produzido em ambos os sistemas. Ao final, verificou-se que a pequena inferioridade na produção e
nos constituintes do leite ecológico se deve a baixa utilização de tecnologias no manejo alimentar,
sanitário, genético e das instalações envolvidos nesse sistema. A CCS se configura fator
determinante na produção e na composição do leite bovino, sem distinção do sistema de criação.
Palavras-chave: gordura; lactose; sistemas de produção.
ABSTRACT: The objective of the present study were to describe the productions features and the
milk cattle composition from ecological and traditions and making the evaluation about the health
of the udder in cows from the system based on the somatic cell count (SCC). We showed about
milk production and lactose concentration, lipids, total proteins, total solids and no lipids solids low
in the ecological system in the comparison with the traditional system, The SCC was low in the last
system, although can be make interfere and qualitatively quantities in the milk produced in both
systems. In the last we can check one low in the production and the composition milk from the
ecological system is because the technology in the feed management, health, genetic and facilities
involved in this system. The SCC is the important factory in the production and the milk
composition in the cattle in both systems.
Key words: fat, lactose, production systems.
______________________________
1
Med. Veterinário, Doutorando do Programa de Pós-graduação em Medicina Veterinária, CSTR/UFCG, Caixa postal
64, 58.708-110, Patos-PB. E-mail: [email protected]
2
Zootecnista, Prof. Associado - UAMV/CSTR/UFCG, Caixa postal 64, 58.708-110, Patos-PB. E-mail:
[email protected]
3
Med. Veterinário, Prof. Adjunto - UAMV/CSTR/UFCG, Caixa postal 64, 58.708-110, Patos-PB. E-mail:
[email protected]
4
Med. Veterinário, Mestrando do Programa de Pós Graduação em Zootecnia, CSTR/UFCG, Caixa postal 64, 58.708110, Patos-PB. E-mail: [email protected]
5
Medicina Veterinária, Graduando do CSTR/UFCG, Caixa postal 64, 58.708-110, Patos-PB. E-mail:
[email protected]
6
Medicina Veterinária, Graduando do CSTR/UFCG, Caixa postal 64, 58.708-110, Patos-PB. E-mail:
[email protected]
7
Medicina Veterinária, Graduando do CSTR/UFCG, Caixa postal 64, 58.708-110, Patos-PB. E-mail:
[email protected]
43
8
Medicina Veterinária, Graduando do CSTR/UFCG, Caixa postal 64, 58.708-110, Patos-PB. E-mail:
fabrí[email protected]
INTRODUÇÃO
Os termos Biodinâmico, orgânico, agroecológico, ecológico, natural, sustentável e alternativo
remetem sempre ao pensamento contra hegemônico da produção convencional, entretanto, a
filosofia adotada por cada um desses ramos científicos, embora embasadas em princípios próprios,
por vezes se confundem, devido à confluência de ideias, métodos, técnicas e pensamentos
antropofilosóficos existente entre eles, que surgiram como princípios agrícolas, mas que logo se
aplicaram à pecuária (KHATOUNIAN, 2001).
Faz-se, portanto, necessária nesta parte introdutória, uma breve explanação sobre alguns
desses sistemas produtivos, para melhor compreensão das informações levantadas no presente
trabalho de revisão literária.
Produção Biodinâmica
O Biodinâmico surge na Alemanha como preceito agrícola por intermédio de Rudolf Steiner,
que por meio da Antroposofia compreendia os ambientes agrícolas como sistemas em plena
interação com eles próprios, com os animais e com o cosmo, sendo, portanto, passível de
vitalização cosmo energética através de preparados Biodinâmicos específicos capazes de dinamizar
o equilíbrio no conjunto orgânico, biológico e espiritual, envolvido na produção agrícola
(SCHORR, 1996).
Motivados pelo rápido declínio das lavouras e capacidade produtiva das criações submetidas
às tecnologias de ponta da época, agricultores alemães aderiram não mais a uma tecnologia, mas a
uma filosofia de trabalho agrícola que, embora reduzissem a sua produção, mantinham-na constante
44
por vários anos, elevando a propriedade rural ao status de organismo vivo, em que os bovinos eram
necessários ao equilíbrio do sistema (KHATOUNIAN, 2001).
Na ótica biodinâmica, a criação de bovinos e a produção de forragem contribuem para a
vivificação e fertilidade duradoura do solo, através da estimulação particular do esterco. Os chifres
dos ruminantes por sua vez, devido a captação e distribuição das forças vitais cósmicas no ambiente
e para o animal, influenciam positivamente nos processos de digestão e absorção alimentar e no seu
bem estar, por esse motivo, são também usados como invólucros nos preparados Biodinâmicos
(DEMETER, 2010).
Os preparados Biodinâmicos constituem-se em mediadores entre as forças cósmicas e
terrenas, favorecendo o mundo mineral, a planta, o animal, o homem e o planeta, criando uma
condição de vitalidade ambiental (LEMPEK, 2004), fato ratificado por Quijano-Kruger & Câmara
(2008), ao perceberam maior luminosidade do campo bioenergético em plantas que receberam
preparados Biodinâmicos em relação àquelas tratadas com fertilizantes minerais, que apresentam
campo bioenergético interrompido.
De acordo com Schorr (1996), a qualidade de vida dos animais face ao equilíbrio ambiental
do Biodinâmico melhora a qualidade produtiva dos animais, Lempek (2004), relata que o leite e
derivados de vacas criadas nesse sistema tem plena aceitação por um público que reconhece a sua
qualidade diferenciada.
A quantidade e qualidade do que se é produzido pelos bovinos não tem relação apenas com o
aspecto nutricional, mas principalmente, à capacidade em potencializar os nutrientes de sua dieta
através das forças cósmicas livres no ambiente, daí a importância de permitir o acesso dos animais à
pastagem, já que em baias, tais forças não conseguem interagir com os bovinos (STEINER, 2010).
Segundo as normas Demeter (2010), a carga máxima de bovinos na pastagem biodinâmica é
de duas unidades animal hectare-1. Mesmo em casos de estabulação animal, as vacas devem ter
acesso livre as pastagens e a à luz solar, além de contar com um ambiente adequado de estabulação
e proteção contra o vento, não sendo aceito a contenção dos animais neste ou em outro ambiente.
45
No mínimo 60% da matéria seca alimentar de vacas leiteiras submetidas ao Biodinâmico deve
ser constituída de volumoso, em que, tanto o volumoso quanto o concentrado devem,
preferentemente, ser produzidos na própria fazenda ou advinda de fazendas biodinâmicas,
aceitando-se, entretanto, em casos de indisponibilidade alimentar, o percentual de 10% na matéria
seca para alimentos convencionais (DEMETER, 2010).
Em casos onde não há propriedades biodinâmicas próximas a unidade produtiva, uma
cooperação pode ser realizada entre propriedades certificadas biodinâmicas e propriedades
orgânicas, utilizando alimentação orgânica para os bovinos leiteiros Biodinâmicos em até 20% de
sua matéria seca (DEMETER, 2010).
Produção agroecológica
Um ecossistema bem desenvolvido é relativamente estável e autosustentável, capaz de
adaptar-se às mudanças e manter-se apenas com a radiação solar. Entretanto, quando há
interferência humana para a produção, há a formação de um agroecossistema dependente não
apenas do fluxo energético, nutritivo e da dinâmica própria de equilíbrio daquele sistema, mas das
ações interativas entre o homem e o ambiente (GLIESSMAN e ZUGASTI, 2006).
A Agroecologia enquanto fator de produção é um sistema que busca aprimorar os
desempenhos ecológicos, tecnológicos e científicos dos processos produtivos tradicionais, com
custo energético e ambiental inferior e mais sustentável que os modelos convencionais, embasandose na criação de agroecossistemas que consideram a propriedade um organismo vivo, preservando
as áreas nativas; fauna e flora silvestre, recursos hídricos locais e fertilidade dos solos, de forma a
valorizar a biodiversidade do ambiente (SCHORR, 1996).
A agroecologia enquanto ciência multidisciplinar estimula a produção de múltiplas espécies,
seja vegetal e/ou animal em um mesmo ambiente, em detrimento ao cultivo ou criação de produtos
46
isolados, favorecendo com isso, a utilização sustentável de todas as potencialidades de um
determinado agrossistema (FIGUEIREDO, 2002).
Outrossim, a produção orgânica, biodinâmica, natural, sustentável, dentre outras, são formas
ou sistemas de produção que seguem, em grande parte, os princípios agroecológicos, estando,
portanto, a Agroecologia elevada à condição de ciência e como tal, detentora de múltiplos
conhecimentos ecológicos e não apenas de fragmentos de um determinado saber (FIGUEIREDO,
2002).
A agroecologia privilegia os recursos naturais da própria unidade produtiva para a utilização
como insumos de produção, evitando-se ao máximo, a utilização de insumos de outras propriedades
rurais e quando necessário, utilizar-se daqueles advindos de propriedades agroecológicas
(CAPORAL, 2009).
Quanto às vacas leiteiras, a sua criação agroecológica implica em ações ambientalmente
corretas e socialmente, justas desde a escolha dos animais até a comercialização do leite, sendo o
fruto de sua produção láctea e derivados, comercializado, preferentemente, com as comunidades no
entorno de sua unidade produtiva, valorizando com isso, a população local (FIGUEIREDO, 2002).
Produção orgânica
A agricultura orgânica surgiu na Inglaterra através do agrônomo Albert Howard, que por mais
de três décadas observou excelentes resultados da adubação química nos anos iniciais de cultivo,
com drástico declínio posterior, enquanto os métodos tradicionais dos camponeses indianos, mesmo
com menores rendimentos, apresentavam produções constantes ao longo dos anos. As experiências
de Howard foram publicadas em 1940 na obra An Agricultural Testament, ainda hoje, um clássico
em agricultura ecológica (KHATOUNIAN, 2001).
O sistema orgânico tem por princípios a produção de alimentos saudáveis, favorecendo a
segurança alimentar de quem o consome e o desenvolvimento sustentável ambiental e social de
47
quem o produz, em que as relações humanas envolvidas em seu processo devem ser respeitadas e
incentivadas, como também, interligadas aos aspectos ambientais e à qualidade de vida dos
membros comunitários envolvidos (ABIO, 2011).
A criação de animais em sistema orgânico deve respeitar as suas necessidades fisiológicas e
sanitárias e promover o seu bem estar, de modo que todos devem, preferentemente, ser criados em
regime de vida livre (pastagem), respeitando-se a densidade de 500 m2 para cada 100 kg peso
vivo/animal. Se abrigados em instalações, disponibilizar no mínimo 6 m2/animal e propiciar o
acesso à área externa com forragem verde por pelo menos 6 horas no período diurno (ABIO, 2011).
Ainda conforme a ABIO (2011), a alimentação dos animais deve ter origem orgânica, de
preferência, da própria unidade produtiva, aceitando-se para ruminantes em períodos de escassez
alimentar até 15% da matéria seca de alimento convencional, obedecendo uma relação de 60:40%
da matéria seca para o fornecimento volumoso-concentrado. Para ruminantes em lactação, essa
porcentagem pode ser reduzida para 50% pelo período máximo de 3 meses, a partir do início da
lactação.
De acordo com Melão (2010), mesmo havendo origens semelhantes para os sistemas
agroecológicos e orgânicos, ambos apresentam propostas diferentes. O primeiro trata de uma
ciência ampla e complexa ligada aos agrossistemas, enquanto o segunda de uma prática agrícola
que se expressa a partir de um encaminhamento tecnológico e mercadológico, mas admite que a
produção orgânica baseada em tecnologias de processos e não de produtos, apresenta bases
agroecológicas, e neste caso, há uma fusão de ideias com base nos princípios de produção.
A diferenciação denominativa entre orgânico, Biodinâmico, agroecológico e sustentável está
mais voltada para a permissão legal ou não de determinadas práticas enquanto atividade de tais
sistemas, do que ligada a uma denominação universalmente aceita (DULLEY, 2003).
Ante ao exposto, embora respeite-se as características intrínsecas de cada um desses sistemas
abordados, mas com base na aceitação de intersecção de princípios entre esses sistemas,
trabalharemos nessa revisão com dados de artigos científicos advindos da agroecologia e do
48
orgânico como fontes semelhantes e diretamente relacionadas ao Biodinâmico, de modo a
considerarmos como uma produção ecológica.
O objetivo do presente trabalho foi descrever, a partir de dados literários, as características
produtivas do leite bovino obtido em sistemas ecológico e convencional, enfocando dados de sua
produção, composição e avaliação da saúde do úbere e de vacas criadas nesses sistemas com base
na contagem de células somáticas (CCS).
CARACTERÍSTICAS GERAIS DO SISTEMA ECOLÓGICO DE PRODUÇÃO DE
LEITE
A produção ecológica de leite, além das características individuais de cada sistema acima
citadas, é praticada essencialmente pela organização familiar em pequenas propriedades rurais e em
baixa escala produtiva; com uso de mão de obra de procedência não familiar insipiente; baixos
investimentos tecnológicos, de instalações e manejo, que culminam em baixa produtividade
(SANDOVAL et al. 2007; SOARES et al., 2007).
Mesmo havendo interação em princípios, ideias e conhecimentos de produção por parte dos
produtores de leite ecológico, a rara utilização de mão de obra não familiar nas suas unidades
produtoras, de certo modo, inviabiliza a inserção de novas tecnologias em suas propriedades, devido
a menor vivência sobre a execução prática das distintas formas de manejo exercidas nas
propriedades, mesmo sob princípios ecológicos (SANDOVAL et al., 2007).
A ineficiência da extensão rural na orientação de técnicas voltadas para a produção ecológica,
limita os avanços na produção e qualidade do leite, principalmente nos aspectos higiênicos de
obtenção, que ocorrendo de maneira inadequada, comprometem a integridade sanitária do úbere,
influenciando quali e quantitativamente nas lactações da vida útil das vacas leiteiras em virtude da
elevação da quantidade de células somáticas (WAGENAAR et al., 2011).
As propriedades do sistema ecológico, por ainda não estarem consolidadas nessa atividade,
predispõem a qualidade do seu leite à práticas de manejo equivocadas, principalmente no que se
49
refere a ordenha, pois a não utilização de pré e pós dipping, por exemplo, já é o bastante para o
desenvolvimento microbiano indesejável no leite e consequente perda de sua qualidade (LANGONI
et al., 2009).
A produção ecológica não pode influenciar positivamente na qualidade do leite se fatores
como alimentação, manejo de ordenha e controle sanitário do rebanho não ocorrerem a contento
(FERNANDEZ et al., 2009). Para tanto, se faz necessário utilizar-se de todo o potencial tecnológico
e produtivo permitido pela legislação ecológica específica para cada país (SUNDEBERG et al.,
2009).
As raças trabalhadas em sistema ecológico não apresentam elevado grau sanguíneo e o porte
físico animal esperado para a atividade leiteira, e se constituem em rebanhos menores do que é
verificado no sistema convencional, de maneira a serem criadas, em sua maioria, em condição
alimentar de pastejo (SATO et al., 2005).
As vacas leiteiras criadas ecologicamente pastejam durante todo o dia, apresentando picos de
pastejo após as ordenhas da manhã e da tarde, alternando-se nos demais horários entre a realização
de outras atividades e pastejo em menor intensidade (OLIVO et al., 2006).
A pouca utilização de técnicas reprodutivas no sistema ecológico, como a inseminação
artificial, por exemplo, que reduz o porte e a qualidade genética das vacas; o maior tempo alimentar
realizado em pastejo, que predispõem os animais à infestação verminótica (SATO et al., 2005), e, a
dificuldade do atendimento nutricional dos animais de alta produção com princípios ecológicos
(CEDERBERG e MATTSSON, 2000), promove uma produção de leite inferior ao sistema
convencional. No entanto, Sato et al. (2005), não veem nisso uma desvantagem, pois o menor porte
animal representa menores custos alimentares e de outras práticas de manejo, o que potencializa a
produção, além de permitir, como cita Sandoval et al. (2007), que pequenos produtores exerçam a
atividade láctea ecológica com baixa utilização de insumos sem, contudo, abrir mão da qualidade do
manejo empregado e consequente qualidade do leite.
50
O investimento em genética, estrutura, qualidade das pastagens e de mão de obra, dentre
outros, certamente implica em elevação nos custos de produção do leite produzido ecologicamente.
Entretanto, Alves et al. (2009), verificaram em fazenda no Brasil de considerável nível tecnológico,
custos de produção do leite ecológico equivalentes ao convencional, sugerindo até, que houvesse
um aumento no preço do primeiro, justificado pela alta demanda do produto no mercado local.
Na Suécia, onde a pecuária ecológica é incentivada por políticas de governo, a quantidade e a
qualidade do leite produzido são semelhantes ao sistema convencional de alta tecnologia e padrão
higiênico. Em 1998 o tamanho do rebanho bovino leiteiro criado ecologicamente nesse país era
inferior ao convencional, tornando-se superior em 1999 com crescimento linear nos anos seguintes,
sendo, os investimentos realizados em tecnologia e recurso humano, os principais responsáveis
pelos avanços nesse sistema (SUNDEBERG et al. 2009).
É necessário compreender a proposta individual dos sistemas para poder determinar de fato o
que é vantagem e desvantagem em cada um deles e o que deve ser, de fato, aceito como não
vantajoso para o ecológico e se necessariamente tal comparação deve ser feita, e ao fazê-la, não
analisar pura e simplesmente índices produtivos, sem que sejam levados em conta outros fatores
voltados ao manejo produtivo, bem estar animal e preservação ambiental.
Nessa perspectiva, Cederberg e Mattsson (2000), relataram que a produção de leite com bases
ecológicas emite quantidade inferior de nitrogênio, Nitrato, Óxido Nitroso, Amônia e Fósforo por
hectare (ha) que o sistema convencional. Entretanto, desses compostos, apenas o fósforo e a amônia
estiveram em menores concentrações no sistema ecológico em comparação ao convencional quando
suas emissões no ambiente foram avaliadas a partir de uma unidade funcional (UF) de 1000 kg de
leite produzido, fato decorrente da necessidade do maior uso de terras e de animais para o
atendimento da UF supracitada com bases ecológicas, que demanda combustíveis e máquinas para a
produção de forragem, implicando em maior uso de energia/UF para o primeiro (3550 MJ), frente
ao segundo sistema mencionado (2511 MJ).
51
De modo geral, segundo os autores citados anteriormente, a produção de leite ecológica
embora produza mais gás metano que o convencional, contribui menos para o aquecimento global
devido a menor produção de gás carbônico advindo de seus processos produtivos; acontece com
total ausência de fertilizantes químicos, que reduz a emissão de amônia, mas, preocupa o fato de
terem verificado no ambiente ecológico a utilização de 10,8 g de pesticidas/ha, mesmo que no
convencional, essa utilização tenha sido bem superior (118 g/ha), demonstrando a necessidade de
observação às normas legais e princípios de produção para a atividade leiteira com bases
ecológicas.
Para Santos et al. (2005), o uso de fertilizantes químicos eleva as concentrações de nitrato e
nitrito na pastagem e na água, possibilitando suas presenças no leite bovino e riscos à saúde
humana. Os autores verificaram, mesmo que em baixas concentrações, valores semelhantes desses
compostos tanto em leite ecológico como no convencional, apontando para uma falha de manejo da
produção láctea como um todo, já que tais substâncias devem ser ausentes no leite bovino conforme
instrução normativa nº 051 (IN 051) do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento
(BRASIL, 2002).
Essa semelhança de resultados de nitrato e nitrito entre os sistemas supracitados, pode estar
relacionada, como relatam Cederberg e Mattsson (2000), a alta utilização do esterco como adubo no
sistema ecológico, devido sua capacidade de formação de amônia no ambiente, retratando que nem
tudo o que é produzido no próprio sistema ecológico, não seja passível de um monitoramento
acurado e que as pesquisas no setor são imprescindíveis para o crescimento do mesmo.
Essa configuração característica do sistema ecológico de produção láctea, aponta os caminhos
que o setor terá que trilhar pelas décadas que se seguem, pois o grande desafio será produzir com
qualidade e quantidade para atender a uma demanda alimentar crescente, sem, contudo, descumprir
as normas ecológicas e otimizar a utilização da terra agricultável disponível.
52
COMPOSIÇÃO DO LEITE
Lactose
A lactose representa a maior parte dos glicídeos (açúcar) no leite, com concentração variando
desde traços até 7% entre as espécies mamíferas, entretanto, pouco varia entre as raças de uma
mesma espécie, principalmente nos animais de produção, pois a sua elevada capacidade osmótica
representa importante papel na atração da água para o interior das células epiteliais mamárias
durante a síntese do leite (GONZALEZ et al., 2001).
Mapekula et al. (2011), não verificaram variações na concentração da lactose entre vacas
puras (Nguni) e mestiças na África do Sul, havendo, contudo, discreta redução em seus valores no
final da lactação, indicando que essa variável reduz muito pouco a sua concentração no leite até
mesmo quando a quantidade de água é reduzida em função da proximidade de encerramento da
lactação.
De acordo com Gonzalez et al. (2001), o decréscimo da lactose no leite é mais influenciado
pela redução da glicose circulante no sangue devido a baixa condição nutricional do animal do que
por outros fatores como a produção láctea e as condições ambientais das instalações, por exemplo.
No quadro 1, encontram-se dados de lactose obtidos em fazendas ecológicas e convencionais
por autores distintos.
Quadro 1 – Compilação de dados sobre os percentuais de lactose do leite de vacas criadas em
sistemas de produção ecológica e convencional.
Sistema de produção
Autores
Ecológico (%)
Convencional (%)
Fanti et al. (2008)
4,40
4,44
Fernandez et al. (2009)
4,09
Arcaro Jr. et al. (2003)
4,66
Mapekula et al. (2011)
4,82
Bueno et al (2005)
4,60
53
Kendall et al. (2006), verificaram valores iguais de lactose (4,9%) do leite de vacas
holandesas da frísia com produção média diária de 17 kg vaca -1, manejadas à pasto com e sem
acesso à sombra. Silva et al. (2009), também não constataram diferença percentual dessa variável
em vacas da raça pitangueiras com produção média de 10 kg de leite/vaca ao dia, que pastejavam
em área de sombra (3,94) e ao sol (4,03%).
Em relação aos sistemas de produção, dados da literatura consultada não sugerem haver a
interferência dos modelos convencional e ecológico sobre a concentração da lactose do leite bovino,
indicando que a limitação do concentrado em até 40% das necessidades de matéria seca para vacas
leiteiras, embora interfira na produção, não influencia os teores de lactose (AHARONI, et al., 2005;
FANTI et al., 2008; FERNADEZ et al., 2009).
Gordura
A concentração de gordura no leite bovino é influenciada pela raça, alimentação, número e
fase de lactação, nível de produção animal e a fase de ordenha, sendo determinante para a fixação
do preço do leite na indústria (BRITO et al., 2009).
A gordura é secretada das células epiteliais mamárias na forma de glóbulos graxos de menor
densidade que a água, e por conta disso, concentra-se na porção superior do leite 25% dos ácidos
graxos deriva-se da dieta, 50% do plasma sanguíneo e o restante a partir de precursores presentes na
glândula mamária, principalmente o acetato (GONZALEZ et al., 2001).
Existem raças geneticamente mais produtoras de gordura por kg de leite, como a Jersey e
Pardo-Suíça, e outras, como a Holandesa, por exemplo, que apresentam menor produção de gordura
devido a sua maior produção de leite. Entretanto, quando se eleva o teor de gordura da dieta em
4,5%, a Holandesa apresenta composição semelhante a Pardo-Suíça e, a Jersey, tem a sua
capacidade produtora de gordura potencializada em relação às demais (CARROL et al., 2006).
54
Modesto et al. (2009), não verificaram diferenças nos teores de gordura entre diferentes níveis
de inclusão de silagem de rama de mandioca em substituição à pastagem na alimentação de vacas
leiteiras. Na ocasião de tal pesquisa, a alimentação animal foi isoproteica e isocalórica, o que,
possivelmente, não influenciou a concentração de gordura láctea, que apresentou média de 3,72%.
Salvador et al. (2011), não verificaram diferenças na concentração de gordura entre grupos
animais mineralizados com fontes orgânicas e inorgânicas e suplementados com polpa cítrica,
apenas inferem que a inclusão de dietas acidogênicas na alimentação de vacas leiteiras, favorece a
elevação da gordura do leite.
A concentração de gordura do leite produzido ecologicamente é aproximadamente 10%
inferior ao convencional nas duas primeiras lactações, com tendência de redução nessa diferença já
na terceira. Isso se dá, possivelmente, devido ao déficit energético do concentrado fornecido aos
animais do sistema ecológico em função das condições alimentares impostas por ele próprio. Somese a isso, o fato de animais em primeira lactação estarem terminando a sua fase de crescimento e,
como tal, possuem elevada demanda alimentar (SUNDEBERG et al., 2009).
Fanti et al. (2008), também verificaram valores percentuais de gordura superiores para o leite
convencional (0,40% maior) em comparação ao ecológico, sem, contudo, haver diferença estatística
entre as concentrações. A IN 051 (BRASIL, 2002), estabelece concentração mínima de gordura
para o leite bovino não inferior a 3%.
No quadro 2, encontram-se dados de gordura obtidos em fazendas ecológicas e
convencionais a partir de vários autores.
Quadro 2 – Compilação de dados sobre os percentuais de gordura do leite de vacas criadas em
sistemas de produção ecológica e convencional.
Sistema de produção
Autores
Ecológico (%)
Convencional (%)
Fanti et al. (2008)
3,03
3,43
Fernandez et al. (2009)
3,14
Salvador (2008)
3,63
3,59
Arieli et al. (2004)
3,05
Silva et al. (2009)
3,79
55
Proteínas totais
A composição proteica total do leite é composta de várias proteínas específicas, sendo a
caseína responsável por 85% dessa composição, daí ser a mais importante de todas e, juntamente
com a lactose e a gordura, constitui-se componente de grande importância para o leite. As principais
proteínas do leite são sintetizadas exclusivamente nas células epiteliais da glândula mamária, mas,
imunoglobulinas, que são produzidas em local externo ao úbere, frequentemente são encontradas na
emulsão láctea, mas apresentam maior quantidade em casos de mastite (GONZALEZ et al., 2001).
A proteína do leite é outro componente importante para a bonificação ao produtor pela
indústria láctea, pois dela também depende o rendimento lácteo na produção de derivados
industriais como queijos, por exemplo, sendo influenciada pelo manejo alimentar e ambiental das
vacas leiteiras (GRACINDO e PEREIRA, 2009). A IN 051 (BRASIL, 2002), estabelece
concentração mínima dessa variável no leite bovino de 2,9%.
Em épocas quentes, a elevada temperatura do ar promove redução no consumo alimentar das
vacas leiteiras, influenciando negativamente a concentração de proteínas totais do leite,
principalmente em animais de alta produção. Com isso, a promoção do conforto térmico animal
nesses períodos, além de proporcionar-lhes bem estar, contribui para a manutenção da qualidade
láctea, uma vez, que mantém a proteína e os demais componentes do leite em condições aceitáveis
(AHARONI et al., 2005).
Em condições alimentares suficientes para o atendimento nutricional de cada fase de lactação
bovina, as proteínas totais tendem a elevar-se do início para o final da lactação, em função,
possivelmente, de uma redução de água como constituinte lácteo, o que propicia um aumento na
concentração dessa variável (MAPEKULA et al., 2011).
As proteínas totais do leite sofrem reduções progressivas em suas concentrações a medida em
que a CCS se eleva a cada 200.000 cls/ml (BUENO et al., 2005). Entretanto, elevada CCS com
56
presença de mastite confirmada no rebanho, pode até aumentar a concentração de proteínas totais
no leite, mas com redução da caseína (FERNANDEZ et al., 2009).
No quadro 3, encontram-se dados de proteínas totais obtidos em fazendas ecológicas e
convencionais a partir de vários autores.
Quadro 3 – Compilação de dados sobre os percentuais de proteínas totais do leite de vacas criadas
em sistemas de produção ecológico e convencional.
Sistema de produção
Autores
Ecológico (%)
Convencional (%)
Zanela et al. (2006)
3,23
Silva et al. (2011)
3,19
Müller & Sauerwin (2010)
3,28
3,39
Reyes et al. (2007)
3,21
Assim como a gordura e a produção láctea, a proteína do leite ecológico é ligeiramente menor
que a do sistema convencional, em função da condição alimentar, manejo de ordenha e a
impossibilidade de tratar com antibióticos o úbere bovino ao final de cada lactação, levando a
transtornos nas lactações subsequentes, que influenciam a concentração proteica no leite (MÜLLER
e SAUERWEIN, 2010).
Por outro lado, Fanti et al. (2008), verificaram valores de proteínas levemente superiores para
o leite ecológico em relação ao convencional, mas chamam atenção para o fato de que em ambos os
sistemas, as estações quentes do ano reduziram os valores dessa variável. Já Sundeberg et al.
(2009), verificaram concentrações de proteínas totais levemente superiores no leite convencional
(275 kg) em comparação ao leite produzido ecologicamente (251,8 kg em 305 dias de lactação).
Sólidos totais e sólidos não gordurosos
Os sólidos totais representam o somatório dos constituintes sólidos do leite e são mais
influenciados em sua composição pelo teor de gordura, já que esta é o constituinte de maior
amplitude de variação entre os componentes. Ao subtrair dos sólidos totais o valor de gordura
presente no leite, encontra-se os valores de sólidos não gordurosos (SNG), que sofrem maior
57
influência das proteínas totais em sua composição, daí o porquê de gorduras e proteínas totais serem
os componentes mais valorizados pela indústria láctea (GONZALEZ et al., 2001).
Com base nessa assertiva, os valores das variáveis sólidos totais e SNG que por ventura
divergirem entre os sistemas convencional e ecológico de produção láctea, ocorrem, principalmente,
em função dos teores de gordura e proteínas totais, do que dos valores delas próprias.
Independentemente do sistema de criação de bovinos, a IN 051 (BRASIL, 2002) estabelece
concentração mínima de 11,4 e 8,4% para os sólidos totais e SNG, respectivamente, e que tanto
fazendas ecológicas como convencionais ao praticarem manejo alimentar e de ordenha
adequadamente, superam os respectivos limites supracitados, principalmente se criarem animais de
raça manteigueira, como a Jersey e a Pardo-Suíça, por exemplo, (CARROL et al., 2006).
O sistema ecológico de produção determina uma fase de pastejo diária obrigatória às vacas
leiteiras, devendo a pastagem ser de boa qualidade, para juntamente com o concentrado, atender as
exigências nutricionais desses animais e, com isso, não implicar em sólidos totais inferiores aos
valores já mencionados (SATO et al., 2005).
O maior tempo de pastejo ao qual as vacas criadas ecologicamente se submetem, as tornam
mais vulneráveis à temperatura ambiente do que vacas criadas convencionalmente, com posterior
influência na concentração dos sólidos totais do leite, devido a redução no consumo de forragem. Se
por um lado, o elevado tempo de pastejo traz tal inconveniente, por outro, a alta ingestão de fibra
possibilita uma maior formação de ácido linoleico conjugado, contribuindo para a elevação do HDL
(colesterol bom) para os consumidores desse leite (FANTI et al., 2008).
Modesto et al. (2009), não verificaram diferenças na concentração de sólidos totais e sólidos
não gordurosos no leite de vacas, quando a pastagem, reconhecidamente de boa qualidade, foi
substituída por silagem de rama da mandioca, mesmo havendo redução na produção de leite.
No quadro 4, encontram-se dados de sólidos totais e sólidos não gordurosos obtidos em
fazendas ecológicas e convencionais a partir de vários autores.
58
Quadro 4 – Compilação de dados sobre os percentuais de sólidos totais e sólidos não gordurosos do
leite de vacas criadas em sistemas de produção ecológico e convencional.
Sistema de produção
Sólidos Totais
SNG*
Autores
Convencional
Convencional
Ecológico (%)
Ecológico (%)
(%)
(%)
Fanti et al. (2008)
11,67
11,63
8,66
8,3
Fernadez et al. (2009)
12,80
9,28
Carrol et al. (2006)
12,91
8,97
López et al. (2006)
14,2
9,4
Sánchez et al. (2006)
13,3
9,29
SNG = Sólidos Não Gordurosos.
CONTAGEM DE CÉLULAS SOMÁTICAS E SAÚDE DO ÚBERE
A contagem de células somáticas (CCS) é mais elevada em sistemas ecológicos do que no
convencional e apresenta valores intermediários nas fazendas em transição para a produção
ecológica, devido, dentre outros fatores, ao impedimento no uso de antibióticos sistêmicos e
mamário, o que dificulta o controle da mastite no rebanho, influenciando negativamente na
qualidade do leite produzido (NAUTA et al., 2006), reduzindo a produção em até 15% quando
comparado ao método convencional de produção (MÜLLER e SAUERWEIN, 2010).
Valores de CCS próximos a 350.000 cl/ml promove uma redução na concentração de lactose,
proteína total, gordura e, por conseguinte, sólidos totais do leite bovino, principalmente em
condições de temperatura ambiental superior a 31ºC (BUENO et al., 2005).
Os valores de CCS flutuam entre as épocas do ano independentemente do sistema de
produção láctea (MÜLLER e SAUERWEIN, 2010), sendo a combinação de alta umidade e alta
temperatura do ar, favorável ao desenvolvimento de patógenos ambientais e presentes na glândula
mamária, com posterior elevação da CCS láctea (Barbosa et al., 2004; Magalhães et al., 2006).
Além da não utilização de tratamentos convencionais para o controle da mastite bovina em
sistemas ecológicos, a desobrigação da notificação de animais acometidos no rebanho aos órgãos
certificadores, a fim de serem tomadas medidas de controle, favorece a permanência da doença no
rebanho por várias lactações de um mesmo animal (SATO et al., 2009).
59
Como se não bastasse a ausência de higiene na ordenha (FERNANDEZ et al. 2009), o
impedimento do tratamento do úbere das vacas criadas ecologicamente no ato da secagem com
antibióticos convencionais, impossibilita a regeneração da glândula mamária; aumenta a carga
bacteriana de uma lactação a outra e eleva a CCS. Sendo, portanto, de grande importância o
monitoramento dessa variável no decorrer da lactação e principalmente na pré e pós secagem
(MÜLLER e SAUERWEIN, 2010).
A utilização de produtos homeopáticos e fitoterápicos na produção ecológica é permitida. No
entanto, a sua atuação ocorre eficientemente em rebanhos com valores de CCS não superiores a
200.000 cl/ml, pois, a partir desse valor, o uso de tais métodos terapêuticos torna-se dispensável,
devido a sua baixa eficiência (WAGENAAR et al., 2011).
Sundberg et al. (2009), relatam a necessidade urgente de investimentos em pesquisas no uso
de fitoterápicos e homeopáticos na produção ecológica de leite, com vistas a promover a sanidade
do úbere desses animais e possibilitar a mesma condição de igualdade de produção e qualidade do
leite que o convencional, sem contudo, favorecer a presença de resíduos químicos no produto final.
Em face a esse déficit de qualidade terapêutica, Ribeiro et al. (2009), verificaram a presença
de resíduos de antibióticos em leite produzido ecologicamente, demonstrando o não cumprimento
de normas voltadas para esse sistema, que somente aceita a utilização de antibióticos em casos
extremos, e quando utilizado, respeita-se um período de carência duas vezes superior ao
convencional para o consumo do leite do úbere tratado, sendo ainda, obrigatório o descarte de
animais acometidos cronicamente e que necessitem de terapias repetidas, o que eleva a taxa de
descarte animal neste sistema em comparação ao convencional.
A proximidade entre as propriedades, favorece a influência das práticas de manejo das
fazendas não ecológicas sobre as ecológicas, principalmente no que se refere à ordenha e a
alimentação, em função da utilização de mão de obra construída com princípios quase que
totalmente convencionais (SATO et al., 2005).
60
A maior CCS do leite verificada em sistemas ecológicos frente ao convencional está
relacionada não apenas a questão terapêutica, mas também ao baixo nível tecnológico, qualidade
dos insumos utilizados (LANGONI et al., 2009), potencial genético do rebanho e a baixa
qualificação da mão de obra empregada, que contribuem diretamente para a execução de um plano
sanitário ineficiente para o rebanho, principalmente ao que se refere com o manejo da ordenha
(WAGENAAR et al., 2011).
Sato et al. (2005), não verificaram diferença nos valores de CCS entre os sistemas
convencionais e orgânico e, em contraposição a outros autores, inferem que os valores dessa
variável independem do sistema de produção, mas sim da qualidade do manejo sanitário e da
ordenha.
Sundberg et al. (2009), verificaram maior CCS no sistema ecológico do que no convencional,
entretanto, quando realizaram um ajustamento a partir da produção láctea, a CCS foi igual
estatisticamente para ambos os sistemas, observando-se que em condições de manejo adequado, a
obtenção higiênica do leite não permite a elevação inaceitável da CCS no rebanho e consequente
transmissão de mastite por lactações subsequentes, o que propicia em países desenvolvidos, maior
número de vacas entre o terceiro e o sétimo parto em atividade nos plantéis ecológicos frente aos
convencionais, reduzindo assim, a taxa de descarte desses animais.
Essa menor taxa de descarte nas condições já citadas não favorece apenas o manejo de
reposição de animais, mas, principalmente, a elevação na concentração dos constituintes do leite
ecológico, uma vez, que esses componentes químicos, elevam-se a partir da terceira lactação
(Sundberg et al., 2009).
Na Alemanha, valores de CCS próximos a 150.000 cl/ml representam o limiar máximo
aceitável para uma condição de ausência de mastite subclínica no rebanho bovino, sendo valores
superiores a esses, considerados como indicadores de falha no manejo sanitário de ordenha (Müller
& Sauerwein, 2010).
61
Wagenaar et al. (2011) verificaram total ausência de patógenos causadores da mastite no leite
de 77 vacas que apresentavam valores de CCS de aproximadamente 150.000 cl/ml. Ribeiro et al.
(2009) não registraram agentes causadores da mastite em leite bovino com valores de CCS de
152.000 cl/ml, embora, tenham observado discreta população de microrganismos causadores da
mastite em vacas com CCS pouco superior a 80.000 cl/ml.
Com base nos achados desses três últimos autores, percebe-se que valores de CCS por volta
de 150.000 cl/ml, representam uma condição sanitária de pouco risco à saúde do úbere de vacas
leiteiras, embora, no Brasil, permita-se para qualquer sistema produtivo, valores de CCS ≤750.000
cl/ml, conforme a Instrução Normativa nº 51 (IN 51) (Brasil, 20020).
No quadro 5, encontram-se dados de CCS obtidos em fazendas ecológicas e convencionais a
partir de vários autores.
Quadro 5 – Compilação de dados sobre os valores de CCS de vacas criadas em sistemas de
produção ecológica e convencional.
Sistema de produção
Autores
Ecológico
Convencional
Nauta et al (2006)
150.000
100.000
Bueno et al (2005)
±350.000
Müller & Sauerwein (2010)
218.750
205.790
Fernandez et al. (2009)
1.256.000
Sato et al (2005)
263.000
285.000
Wagenaar et al (2011)
±200.000
±150.000
Sundberg et al (2005)
66.570
76.753
CCS = Contagem de células somáticas.
Souza et al. (2005), sugerem que rebanhos com CCS de 100.000 cl/ml possuem eficiente
controle da mastite, entretanto, unidades produtivas com valores dessa variável superiores a
500.000 cl/ml, podem ter comprometidos até um terço dos quartos mamários com essa patologia,
influenciando consideravelmente a qualidade e promovendo a redução na quantidade do leite na
ordem de 10% do rebanho manejado.
O controle da CCS na pequena propriedade rural ecológica brasileira não se mostrará
eficiente na obtenção de leite bovino enquanto fatores como o manejo alimentar e nutricional, de
62
ordenha, sanitário geral e específico da glândula mamária, não ocorrerem a contento, o que
impossibilita de fato, a plenitude da rotulagem de qualidade de um produto lácteo produzido
ecologicamente (Fernandez et. al., 2009).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A produção ecológica de leite caracteriza-se essencialmente, pela organização familiar, em
pequenas propriedades rurais, baixa escala produtiva, baixos investimentos tecnológicos, de
instalações e manejo, que culminam em leve redução de produtividade e qualidade do leite, frente
ao sistema convencional.
A quantidade e qualidade de leite produzido ecologicamente são influenciadas pela
limitação legal de obediência ao limite de concentrado de no máximo 40% na dieta, tempo
obrigatório diário de pastejo, baixa taxa de lotação animal e pela não utilização de antibióticos para
tratamentos da mastite, o que resulta em redução de produção e composição de constituintes láteos,
exposição à endo e ectoparasitos, maior uso de área para a produção e elevada taxa de descarte de
vacas no plantel devido a persistência de mastite por lactações subsequentes.
A baixa quantidade de produção látea pautada em bases ecológicas, permite uma maior
durabilidade do sistema produtivo sem esgotamento precoce do mesmo; o aproveitamento de
compostos orgânicos produzidos na própria unidade produtiva, o que reduz a emissão de fósforo e
amônia no ambiente; a qualidade biológica do leite, ao impedir o uso de agrotóxicos, pesticidas,
antibióticos, dentre outros, na sua obtenção; eleva os teores do ácido linoleico conjugado,
contribuindo para o aumento do HDL (colesterol bom) para os consumidores desse leite e, emite
menor quantidade de gases, principalmente o metano (NH4), que contribui para o efeito estufa.
A adoção de tecnologias voltadas para o aprimoramento da produção láctea é mais utilizada
no sistema convencional do que no ecológico. Mas, independentemente do sistema de produção,
mediante a prática adequada dos manejos alimentar, reprodutivo/genético, sanitário e de ordenha,
63
não se observa diferença na quantidade e qualidade do leite, bem como, na saúde do úbere das
vacas leiteiras.
64
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68
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
CAPÍTULO III
14
15
RESPOSTAS COMPORTAMENTAIS E FISIOLÓGICAS DE VACAS
16
LEITEIRAS CRIADAS EM SISTEMA BIODINÂMICO EM CLIMA
17
SEMIÁRIDO.
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
Artigo enviado para publicação na Revista Brasileira de Zootecnia (anexo 3).
69
33
Respostas comportamentais e fisiológicas de vacas leiteiras criadas em sistema
34
biodinâmico em clima semiárido.
35
36
Albério Lopes Rodrigues1, Bonifácio Benício de Souza2, José Morais Pereira
37
Filho 2, Thiago Lima da Silva Gomes3, Fabrício Renan Oliveira da Silva3, Édipo
38
Moreira Campos3, Pedro Vinícius Victor Viturino3, Diego Wagner de Oliveira
39
Souto 3
40
41
1
42
Patos, PB. [email protected]
43
2
UAMV – Centro de Saúde e Tecnologia Rural/Universidade Federal de Campina Grande – Patos, PB.
44
3
Curso de Medicina Veterinária/Centro de Saúde e Tecnologia Rural/Universidade Federal de Campina
45
Grande – Patos, PB.
Programa de Pós-graduação em Medicina Veterinária da Universidade Federal de Campina Grande –
46
47
RESUMO – O objetivo do trabalho foi avaliar o efeito do ambiente da área de
48
pastejo sobre o comportamento e, a influência de dois ambientes de pré ordenha sobre
49
variáveis fisiológicas de vacas Pardo-Suíças de alta e baixa produção, em sistema
50
Biodinâmico. 32 vacas distribuídas em dois níveis de produção láctea, alto e baixo,
51
tiveram os comportamentos alimentar, de ruminação e ócio avaliados noturna e
52
diuturnamente. Data loggers registraram as variáveis ambientais ao sol e à sombra das
53
árvores da área de pastejo. Observou-se maior e menor tempo de pastejo para ambos os
54
níveis de produção nos períodos de 07:30 a 09:20 e entre 11:30 a 13:20h,
55
respectivamente (Ensaio I), em que os animais de baixa produção mostraram-se mais
56
resistentes ao alimentarem-se mais tempo nas horas quentes do dia, quando comparados
57
aos de alta, sob um ITGU médio ao sol de 93,14. À noite, o ócio e a ruminação foram as
58
variáveis que predominaram para ambos os níveis produtivos. Para os ambientes de pré
59
ordenha (Ensaio II), foram quatro grupos animais, com oito animais em cada grupo,
60
sendo os dois níveis produtivos (Baixo e alto) avaliados dentro de duas condições
61
ambientais de espera da ordenha (sombra e sol). Registrou-se valores de temperatura
70
62
retal dos animais à sombra de 38,90ºC e ao sol de 39,39 (P≤0,01), sendo os valores para
63
vacas de baixa (39,28) e de alta produção (39,09ºC), semelhantes estatisticamente
64
(P>0,05) sob ITGU à sombra de 83,13 e ao sol igual a 93,31. As vacas de maior
65
produção foram mais sensíveis ao calor que as de baixa e, o ambiente de pré ordenha
66
sombreado foi eficiente em manter as variáveis fisiológicas dentro da faixa aceitável
67
para os bovinos leiteiros, independentemente dos níveis produtivos.
68
69
Palavras-chave: conforto térmico, frequência respiratória, pré ordenha
70
71
Introdução
72
73
Os aspectos comportamentais, fisiológicos e produtivos das vacas leiteiras são
74
melhores demonstrados em temperatura ambiente igual a 19ºC, contudo, em ambientes
75
com temperatura igual ou superior a 29ºC, mecanismos termorregulatórios como a
76
elevação da frequência respiratória são acionados para promover a dissipação do calor
77
corpóreo e manter a sua homeotermia, podendo culminar em redução do consumo
78
alimentar e posterior queda da produção láctea (Spiers et al., 2004).
79
Em áreas manejadas sob princípios agroecológicos, vacas leiteiras pastejam
80
durante o dia alternando períodos de maior e menor tempo de pastejo com outras
81
atividades, como a ruminação e o ócio, havendo variação nos tempos dispensados a
82
esses comportamentos em função da época do ano, da qualidade e disponibilidade de
83
forragem devido às necessidades de reposição alimentar dos próprios animais após a
84
ordenha, das condições ambientais e dos turnos de ordenha (Olivo et al., 2006).
85
Silva et al. (2002), verificaram que o resfriamento da sala de pré ordenha através
86
de nebulização promove um conforto térmico às vacas leiteiras não somente expresso
71
87
na redução de suas frequências respiratória e cardíaca, mas também, devido ao aumento
88
na produção de leite e que, há redução da temperatura do ar e da temperatura de globo
89
negro diretamente relacionada com o favorecimento de tal conforto.
90
Para Almeida et al. (2010), as condições ambientais influenciam diretamente nas
91
variáveis fisiológicas de vacas leiteiras, determinando os valores de temperatura retal,
92
do pelame e a frequência respiratória desses animais e que, em que a climatização da
93
sala de espera da ordenha por apenas 20 minutos, é suficiente para promoção do
94
conforto desses animais.
95
Assim, a utilização de estratégias que amenizem os efeitos térmicos do clima
96
sobre os bovinos leiteiros, é medida indispensável para a promoção do conforto animal
97
e, por conseguinte, para a manutenção do seu padrão comportamental e produtivo, até
98
mesmo em épocas quentes de regiões com clima temperado (Schütz et al., 2009), sendo
99
a disponibilidade de sombra natural na pastagem, um fator de conforto ambiental de
100
grande relevância aos bovinos leiteiros (Leme et al., 2005).
101
O objetivo desse estudo foi avaliar o efeito do ambiente da área de pastejo sobre
102
as ações comportamentais, e a influência de duas condições ambientais de pré ordenha
103
(sombra e sol), sobre as variáveis fisiológicas de vacas da raça Pardo-Suíça de alta e
104
baixa produção láctea, criadas em sistema Biodinâmico de produção.
105
106
Material e Métodos
107
108
A pesquisa foi realizada na Fazenda Tamanduá, município de Santa Terezinha,
109
mesorregião do Sertão Paraibano, que apresenta clima semiárido do tipo BSH
110
(classificação de Köppen), com temperatura anual média máxima de 32,9 e média
72
111
mínima de 20,8°C (Brasil, 1992), registrando-se na fazenda, pluviosidade média de
112
801,94 mm ano-1, concentrada principalmente em 4 meses do ano.
113
O experimento foi realizado no período de 20 de outubro a 22 de dezembro de
114
2010, totalizando 63 dias, dos quais, 10 foram de adaptação. Nos 32 dias iniciais os
115
animais foram suplementados com milho (Zea mays) e levedura e nos 31 dias restantes,
116
com manga (Mangifera indica) híbrida das variedades Tommy Atkis e keitt.
117
Inicialmente, comparou-se as observações das variáveis estudadas nos dois
118
períodos de fornecimento dos suplementos alimentares citados anteriormente e, por não
119
ter havido diferença estatística entre eles, optou-se por discutir os dados conjuntamente.
120
Assim, foram utilizadas 32 vacas leiteiras da raça Pardo-Suíça, entre o 2º e 5º mês de
121
lactação, entre 2 e 6 partos, distribuídas nos níveis de alta (12,74 ± 1,17 kg) e baixa
122
produção láctea (6,94 ± 1,2 kg), estabelecidos pela própria fazenda.
123
Às 06:30h os animais seguiam para piquetes com pastagem nativa de caatinga
124
enriquecida capim buffel (Cenchrus ciliaris), corrente (Urochloa mosambicensis),
125
andrequicé (Echinochloa crus-galli) e braquiária (Brachiaria decumbens), sendo
126
movimentados nesses piquetes a cada dois ou três dias, de acordo com a disponibilidade
127
de forragem. Às 13:30h retornavam da pastagem ao local de espera da ordenha, que
128
iniciava-se às 14:30h, e ao seu término, os animais seguiam para os currais,
129
permanecendo até a retirada láctea do dia seguinte, às 03:30h.
130
Nos currais, logo após a ordenha da tarde, os animais recebiam a suplementação
131
alimentar. O milho e a levedura eram fornecidos na proporção de 70 e 30%,
132
respectivamente, com consumo animal individual diário da mistura equivalente a 4 e 5
133
kg para os respectivos grupos de baixa e alta produção. A manga foi fornecida
134
igualmente para os indivíduos de cada nível produtivo pesquisado na quantidade de 9,1
135
kg animal-1. Durante todo o período experimental, a silagem de capim elefante
73
136
(Pennisetum purpureum) com sorgo forrageiro (Sorghum bicolor) foi o volumoso
137
fornecido aos animais, de modo a permitir uma sobra mínima de 10% ao dia.
138
A fazenda Tamanduá adota o sistema Biodinâmico de produção, que não permite
139
fornecimento de concentrado na dieta superior a 40%, obrigando assim, o volumoso a
140
ser no mínimo 60%. A silagem e o milho foram produzidos em sistema biológico
141
dinâmico, contudo, a levedura por não ter origem biodinâmica, não ultrapassava 10% da
142
exigência diária de matéria seca dos animais ao longo de um ano de fornecimento, o que
143
está de acordo com o preconizado por Demeter (2010) para esse sistema de produção.
144
Com vistas ao atendimento das exigências do sistema Biodinâmico, todo o manejo
145
experimental ocorreu com interferência mínima ao manejo utilizado na fazenda,
146
inclusive o alimentar, que diferiu apenas na quantidade do concentrado ofertado aos
147
animais distribuídos nos dois níveis de produção láctea.
148
As variáveis avaliadas foram as ambientais, comportamentais e fisiológicas,
149
ficando a metodologia dividida em dois ensaios (I e II). Para os dois ensaios, as
150
variáveis ambientais foram organizadas com base nos dias e horários específicos das
151
observações comportamentais diurnas e noturnas.
152
153
Ensaio I
154
155
Foram estudados 2 tratamentos, baixa e alta produção, com 16 repetições, sendo o
156
animal a repetição. O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado (DIC)
157
tanto para as variáveis comportamentais quanto as ambientais. O teste Tukey foi
158
utilizado para a comparação das médias (P≤0,05) conforme o programa GLM do SAS
159
(1999).
74
160
Utilizou-se tinta spray para enumerar nas duas garupas e no lado esquerdo da
161
paleta a identificação individual dos animais. Além disso, foi colocada no pescoço das
162
16 vacas de alta produção uma corda de cor laranja, enquanto as de baixa, não foram
163
identificadas.
164
O comportamento animal foi avaliado em ciclo diário não contínuo, totalizando
165
18:20h de avaliação efetiva. Devido ao manejo da fazenda, houve três avaliações
166
noturnas das 18 às 03:50h, e três diurnas, compostas por dois intervalos, sendo o
167
primeiro das 07:30 à 13:20h e o segundo, entre 15:40 à 17:50h em que, esse último,
168
possibilitou estimar o consumo alimentar dos animais nos currais, subtraindo-se o peso
169
da sobra do dia seguinte do peso do alimento fornecimento no dia anterior. O tempo de
170
observação noturna e o primeiro intervalo diurno foram subdivididos em cinco e dois
171
períodos de duas horas de avaliação, respectivamente.
172
A observação do comportamento diurno ocorreu com os animais em piquetes de
173
20 no primeiro dia (área 1) e de 30 hectares (área 2) nos dois últimos dias de
174
observação, sendo, a área útil de sombreamento representada pelas copas das árvores,
175
de 5,27 para a área 1 e 1,07% para a área 2, estimadas pela técnica do ponto do intersect
176
proposta por Araújo Filho (1991). O comportamento noturno foi observado com os
177
animais em currais, utilizando-se de lanternas para facilitar a visualização.
178
As variáveis comportamentais foram observadas a cada 10 minutos. Inicialmente
179
foi estabelecida a sequência de avaliação, que consistiu no registro comportamental do
180
animal que estivesse mais próximo ao observador (primeiro animal). Em seguida,
181
anotava-se as ações do segundo animal, ou seja, àquele que estivesse próximo ao
182
primeiro, até que a última vaca fosse observada. 10 minutos após a observação do
183
primeiro animal, recomeçava o ciclo observatório, desta vez, seguindo a sequência que
184
acabara de ser estabelecida.
75
185
Observadores anotavam em planilhas as atividades comportamentais de
186
alimentação, ruminação, ócio e outras atividades realizadas pelas vacas, considerando-
187
se como alimentação o ato de apreender ou mastigar o alimento; em ócio, quando não
188
exerciam nenhuma atividade e, realizando outras atividades, quando realizavam a
189
ingestão de água, defecação e micção, além do ato de coçarem-se e deslocassem-se com
190
objetivo não relacionado à alimentação. Desse modo, as variáveis foram registradas de
191
forma mutuamente exclusiva.
192
A temperatura do ar, umidade relativa do ar, temperatura do globo negro (TGN) e
193
a temperatura de ponto de orvalho (TPO), foram determinadas a cada 20 minutos por
194
data loggers acoplados a um globo negro. Com essas duas últimas temperaturas,
195
determinou-se o índice de temperatura de globo negro e umidade (ITGU) através da
196
fórmula de Buffington et al. (1981), sendo o ITGU = TGN + 0,36 (TPO) + 41,5.
197
Um data logger acoplado ao globo negro foi instalado sob a copa de árvores
198
presentes na área de pastejo dos animais (ambiente de sombra) e um segundo,
199
posicionado ao “sol”, representando as condições ambientais de exposição solar.
200
201
Valores das variáveis ambientais no período de 15:40 à 17:50 e da observação
noturna do comportamento das vacas, encontram-se nas tabelas 1 e 2, respectivamente.
202
203
Tabela 1 – Médias e desvios-padrão das variáveis ambientais no período de 15:40 às
204
17:50h referentes à observação comportamental de vacas Pardo-Suíça de
205
alta e baixa produção.
206
207
208
Condições
Temperatura
Umidade relativa
ambientais
do ar (ºC)
do ar (%)
Sol
34,18 ±1,07a
Sombra
CV (%)
TGN*
ITGU**
34,17 ±2,09a
38,34±5,52a
85,71 ±5,51a
34,13 ±1,36a
32,83 ±2,86a
34,99±1,94a
82,07 ±1,88a
3,51
7,99
9,64
4,12
Médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste Tukey ao nível de 5% de
probabilidade. *TGN = Temperatura do globo negro; **ITGU= Índice de temperatura do globo negro e
umidade; CV = Coeficiente de variação.
76
209
Tabela 2 - Médias e desvios-padrão das variáveis ambientais organizadas em períodos e
210
referentes à observação comportamental noturna de vacas Pardo-Suíça de
211
alta e baixa produção.
Temperatura
Umidade relativa
ambiente (Cº)
do ar (%)
18:00 - 19:50h
29,45±1,13a
20:00 - 21:50h
Períodos
212
213
214
215
216
TGN
ITGU
48,46±3,80c
29,52±1,13a
77,29 ±1,07a
27,61±0,94b
59,57±6,84b
27,63±0,90b
75,88±0,66b
22:00 - 23:50h
25,22±0,45c
73,97±2,05a
25,25±0,45c
73,96 ±0,43c
00:00 - 01:50h
24,15±0,40cd
77,42±0,58a
24,17 ±0,39cd
72,80 ±0,48cd
02:00 - 03:50h
23,61±0,16d
79,28±0,75a
23,58±0,15d
72,16±0,18d
CV (%)
2,74
5,37
2,70
0,86
Médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste Tukey ao nível de 5% de
probabilidade. *TGN = Temperatura do globo negro; **ITGU= Índice de temperatura do globo negro e
umidade; CV = Coeficiente de variação.
Ensaio II
217
218
Neste ensaio, as 16 vacas de cada nível produtivo foram divididas em dois grupos
219
de 8 animais e submetidas aos ambientes de sol e sombra por aproximadamente 1,5
220
horas enquanto aguardavam a ordenha da tarde. Utilizou-se para as variáveis
221
fisiológicas um DIC com arranjo fatorial 2 x 2 (2 ambientes e 2 níveis produtivos),
222
constituindo, 4 grupos com 8 repetições (animal). O teste “F” foi utilizado para a
223
comparação das médias (P≤0,05), conforme o programa GLM do SAS (1999). As
224
variáveis ambientais foram submetidas ao mesmo tratamento estatístico utilizado no
225
ensaio I.
226
A alimentação das vacas ocorreu conforme descrito no primeiro ensaio e a
227
identificação das mesmas se deu por cordas colocadas no pescoço, sendo a de cor verde
228
utilizada para o grupo sombra e a azul para o grupo sol. Animais de alta produção
229
portavam corda de cor laranja, já os de baixa, foram identificados apenas quanto aos
230
ambientes pesquisados.
77
231
As variáveis ambientais foram as mesmas do ensaio I, registradas por um data
232
logger instalado sob o telhado do ambiente de sombra e por outro posicionado ao sol.
233
Os dados ambientais relatados são inerentes ao período em que ocorreu ordenha, 14:30
234
às 16:20h, e aos dias de observação dessas variáveis fisiológicas (Tabela 3).
235
Em três ocasiões e trinta minutos de descanso após a chegada da pastagem e antes
236
da ordenha, as vacas tiveram em seu ambiente de espera da ordenha a sua frequência
237
respiratória tomada pela contagem dos movimentos do flanco por 15 segundos, para em
238
seguida ser multiplicado por 4, obtendo-se os movimentos minuto-1.
239
Em brete de contenção, determinou-se a frequência cardíaca por meio de
240
estetoscópio; a temperatura retal por termômetro digital e a média da temperatura do
241
pelame, em 10 regiões anatômicas distintas do corpo, quais sejam, fronte, pescoço,
242
dorso, costado, lombo, flanco, garupa, coxa, úbere e ventre, por termômetro de
243
infravermelho.
244
245
Tabela 3 – Médias e desvios-padrão das variáveis ambientais referentes ao período de
246
determinação das respostas fisiológicas de vacas Pardo-Suíça de alta e baixa
247
produção.
248
249
250
251
252
253
254
Condições
Temperatura
Umidade relativa
ambientais
do ar (ºC)
do ar (%)
Sol
35,08±1,65a
Sombra
CV (%)
TGN*
ITGU**
36,66±1,65a
45,30 ±1,65a
93,31±1,65a
34,73±1,85a
34,75±1,65a
35,57±1,65b
83,13±1,65b
3,46
12,65
8,3
3,70
Médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste Tukey ao nível de 5% de
probabilidade. *TGN = Temperatura do globo negro; **ITGU= Índice de temperatura do globo negro e
umidade; CV = Coeficiente de variação.
78
255
Resultados e Discussão
256
257
Ensaio I
258
259
A temperatura do ar variou entre as condições ambientais de sol e sombra
260
(P≤0,01) e entre os períodos diurnos pesquisados (P≤0,01), com elevação progressiva
261
das 07:30 até às 13:20h (Tabela 4).
262
263
Tabela 4 - Médias e desvios-padrão das variáveis ambientais organizadas em períodos e
264
referentes à observação comportamental diurna de vacas Pardo-Suíça, de alta
265
e baixa produção.
Condições ambientes
Temperatura do ar (ºC)
Umidade Relativa do ar (%)
Sombra
32,57±2,36b
42,59 ±6,97a
Sol
33,61±2,61a
41,40 ±7,78a
07:30 – 09:20h
30,15±0,66c
50,85 ±1,85a
09:30 – 11:20h
33,46±1,14b
40,73 ±2,01b
11:30 – 13:20h
35,45±1,01a
34,70 ±2,48c
CV (%)
3,21
6,62
Períodos
266
267
268
Médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste Tukey ao nível de 5% de
probabilidade. CV = Coeficiente de variação.
269
Percebe-se na média dos três períodos pesquisados, que ambas as condições
270
ambientais superam os 29ºC estabelecidos por Spiers et al. (2004) como sendo condição
271
de estresse acentuado em vacas leiteiras.
272
A época pesquisada demonstra, portanto, uma condição ambiental de desconforto
273
aos animais, com tendência de intensidade entre 11:30 e 13:20h, já que neste período,
274
independente da condição ambiental, foi verificada uma temperatura do ar de 35,45ºC.
79
275
A umidade relativa do ar apresentou padrão comportamental inverso à
276
temperatura do ar (Tabela 4), o que certamente não intensificou o desconforto ambiental
277
aos animais. Ferreira et al. (2009) inferem que temperatura ambiente elevada associada
278
com umidade relativa do ar superior a 70%, aumenta o desconforto animal devido a
279
redução da perda de calor corpóreo através da sudorese.
280
Em confirmação a um ambiente desfavorável aos animais, observa-se temperatura
281
de globo negro (TGN) de 30,97 e 40,04ºC (P≤0,01) e do índice de temperatura de
282
globo negro e umidade (ITGU) de 79,32 e 88,51 (P≤0,01) para os ambientes de sombra
283
e sol, respectivamente, já nas primeiras horas do dia (07:30 – 09:20h) (Tabela 5).
284
285
Tabela 5 - Médias e desvios-padrão de indicadores de condição ambiental organizadas
286
em períodos e referentes à observação comportamental diurna de vacas
287
Pardo-Suíça de alta e baixa produção.
Temperatura de globo negro (TGN)
Períodos
Condições
07:30 – 09:20h
09:30 – 11:20h
11:30 – 13:20h
Sombra
30,97±1,38bB
34,20±1,72aB
35,93 ±1,79aB
Sol
40,04±2,82cA
46,29±2,92bA
48,35 ±3,43aA
ambientais
Índice de temperatura de globo negro e umidade (ITGU)
Sombra
79,32±1,47bB
82,33±1,92aB
83,75 ±1,99aB
Sol
88,51±2,80bA
94,57±2,76aA
96,34 ±3,46aA
288
289
290
Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna, não diferem entre si pelo teste
Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
291
No período de 11:30 às 13:20h, valores extremos de TGN de 35,93 e 48,35º e
292
ITGU de 83,75 e 96,34 para os respectivos ambientes de sombra e sol foram
293
registrados, em que a interação entre os indicadores e as condições ambientais aponta
80
294
para uma necessidade de disponibilidade de sombra natural nas pastagens, com grande
295
importância para as horas mais quentes do dia.
296
Resultados semelhantes ao presente trabalho, na mesma região pesquisada e na
297
mesma época do ano, foram verificados por Souza et al. (2007), que citam valores de
298
TGN de 38,92 e 48,58ºC e ITGU de 87,98 e 97,64 à sombra e ao sol, respectivamente,
299
apontando, portanto, para um período do ano em que deve-se dispensar uma atenção
300
especial aos animais.
301
A variação climática ambiental ao longo dos três períodos pesquisados
302
influenciou o comportamento das vacas durante o pastoreio, pois independente dos
303
níveis de produção láctea, verificou-se alternância no padrão comportamental desses
304
animais, em que o tempo de alimentação decresceu do primeiro para o último período
305
avaliado (P≤0,01), com a variável ócio apresentando comportamento contrário (P≤0,01)
306
(Tabela 6).
307
308
Tabela 6 – Médias e desvios-padrão do tempo, em minutos, organizado em três períodos
309
e referentes às respostas comportamentais diurnas de vacas Pardo-Suíça de
310
alta e baixa produção.
Níveis produtivos
Alimentação
Ócio
Outras Atividades.
Baixa Produção
82,92 ±26,42a
20,49 ±17,09b
8,33 ±6,70a
Alta Produção
71,25 ±29,49b
26,39 ±19,12a
9,03 ±6,38a
07:30 - 09:20h
110,52±8,04a
3,75 ±5,20b
5,63 ±5,32b
09:30 - 11:20h
67,81 ±18,29b
32,29 ±14,03a
13,23±6,13a
11:30 - 13:20h
52,92 ±15,42c
34,27 ±14,07a
7,19 ±5,56b
CV (%)
14,59
41,03
68,92
Períodos
311
312
313
Médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste Tukey ao nível de 5% de
probabilidade. CV = Coeficiente de variação.
81
314
Evidencia-se que os animais nessas condições ambientais alimentam-se com
315
maior intensidade nas primeiras horas do dia, 07:30 às 09:20h (110,52 minutos) e
316
reduzem o seu tempo de pastejo à medida que se aproxima do período mais quente do
317
dia, 11:30 às 13:20h, onde se registra o menor tempo de busca alimentar (52,92
318
minutos).
319
Esse decréscimo no tempo de pastoreio coincide com a elevação progressiva dos
320
valores das variáveis ambientais ao longo da manhã, resultando paralelamente, em
321
aumento significativo (P≤0,01) no tempo de ócio entre o primeiro (3,75 minutos) e o
322
segundo (32,29), não havendo, contudo, diferença entre este e o terceiro período
323
(P>0,05).
324
Comportamento semelhante foi registrado por Silva et al. (2009), que observaram
325
redução no tempo de pastejo e aumento em ócio nas horas mais quentes do dia em
326
animais da raça Pitangueiras com acesso à sombra, quando comparados com animais ao
327
sol. No entanto, a quantidade de matéria seca consumida foi igual entre os dois grupos,
328
atribuindo à sombra da pastagem a capacidade potencializadora da eficiência de pastejo
329
dos ruminantes.
330
Infere-se com isso, que a vegetação de caatinga disponível na pastagem,
331
possibilitou às vacas leiteiras pesquisadas um refúgio mitigador das intempéries
332
ambientais capaz de promover a dissipação de calor corpóreo das mesmas,
333
proporcionando, à escolha delas, uma alternância entre a busca de alimento e o ócio, de
334
acordo com as condições ambientais.
335
Os resultados apontam para um maior tempo de pastejo dos animais de baixa
336
(82,92), frente aos de alta produção (71,25 minutos) (P≤0,01), sendo, portanto,
337
diferentes daqueles de Tapki e Şahin (2006), que registraram para vacas Holandesas
338
estabuladas e de alta produção, um tempo de consumo 29% maior que os animais de
82
339
baixa, entretanto, perceberam às 13:00h, praticamente o mesmo percentual no tempo de
340
alimentação dos grupos pesquisados.
341
Possivelmente, o menor tempo de pastejo dos animais de alta produção no
342
presente trabalho deve-se a influência climática. Segundo Spiers et al. (2004), vacas
343
leiteiras de alta produção possuem exigências nutricionais e metabolismo superiores à
344
vacas de baixa produção, e por conta disso, evitam o aumento de calor metabólico
345
reduzindo o seu tempo de pastejo, como manutenção de seu bem estar.
346
Houve interação entre os níveis produtivos e os períodos pesquisados para a
347
variável ruminação (P≤0,05) (Tabela 7). Percebe-se maior tempo de ruminação das
348
vacas de alta (30,21) que as de baixa produção (18,75 minutos) no período de maior
349
intensidade solar, 11:30 às 13:20h, indicando que possivelmente, os animais de maior
350
nível produtivo aumentem o seu tempo de ruminação nas horas mais quentes do dia, em
351
função de condições ambientais desfavoráveis ao pastejo.
352
353
Tabela 7 - Médias e desvios-padrão do tempo, em minutos, organizado em três períodos
354
e referentes à ruminação diurna de vacas Pardo-Suíça de alta e baixa
355
produção.
Ruminação
Períodos
Níveis
07:30 - 09:20h
09:30 - 11:20h
11:30 - 13:20h
Baixa Produção
0,00 bA
3,96 ±4,08bA
18,75 ±12,52aB
Alta Produção
0,21 ±0,83bA
7,92 ±6,76bA
30,21 ±14,53aA
Produtivos
356
357
358
Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna, não diferem entre si pelo teste
Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
359
Em conformidade com os resultados de presente trabalho, Olivo et al. (2006) e
360
Zanine et al. (2007), também verificaram aumento no tempo de ruminação de vacas
361
leiteiras nos horários mais quentes do dia e redução nos horários de temperaturas
83
362
amenas. Inferindo que durante o dia, esses animais preferem realizar digestão alimentar
363
nas ocasiões de desconforto térmico ambiental.
364
Corroborando com os resultados obtidos, Leme et al. (2005) constataram que o
365
conforto térmico promovido pela dispersão homogênea das árvores de um sistema
366
silvipastoril, com cobertura de aproximadamente 30% da área de pastagem, favoreceu a
367
equivalência no tempo de ruminação de vacas leiteiras entre épocas quente e fria do
368
ano.
369
Quanto ao período de observação de 15:40 às 17:50h, constatou-se que as
370
variáveis pesquisadas comportaram-se igualmente entre os dois níveis produtivos
371
(Tabela 8), em que os animais de alta produção, possivelmente tenderam a recuperar o
372
período gasto em ócio e ruminação nas horas mais quentes do dia, alimentando-se em
373
condições de temperaturas menos quentes (Tabela 1).
374
375
Tabela 8 - Médias e desvios-padrão do tempo, em minutos, organizado no período de
376
15:40 à 17:50h e referentes às respostas comportamentais diurnas de vacas
377
Pardo-Suíça de alta e baixa produção.
Níveis
Produtivos
Baixa produção
Alta produção
CV (%)
Outras
Alimentação
Ruminação
Ócio
55,83 ±24,08a
22,29±18,25a
50,00 ±12,35a
11,88 ±6,88a
62,50 ±19,64a
37,14
19,38±13,84a
77,72
43,54 ±11,19a
25,19
14,58 ±8,77a
59,58
Atividades
378
379
380
Médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste Tukey ao nível de 5% de
probabilidade. CV = Coeficiente de variação.
381
Arieli et al. (2004), inferem haver a necessidade de condições climáticas
382
favoráveis para que vacas leiteiras de alta produção alimentem-se satisfatoriamente,
383
pois caso contrário, as mesmas preterirão o alimento como prevenção ao aumento de
384
calor metabólico e consequente manutenção homeotérmica.
84
385
Observou-se no período noturno, que a alimentação representou o menor tempo
386
dentre as atividades pesquisadas, sendo maior para os animais de alta em comparação
387
aos de baixa produção (P ≤0,05) (Tabela 9).
388
389
Tabela 9 - Médias e desvios-padrão do tempo, em minutos, organizado em cinco
390
períodos e referente às respostas comportamentais noturnas de vacas
391
Pardo-Suíça de alta e baixa produção.
Outras
Níveis Produtivos
Alimentação
Ruminação
Ócio
Baixa produção
1,79±3,56b
56,29±11,92a
57,46 ±12,65a
4,46±4,83a
Alta produção
3,54 ±6,22a
57,13±10,60a
56,00 ±11,89a
3,33±4,68a
18:00 - 19:50h
4,17 ±6,45a
60,21±10,30a
50,42 ±11,35c
5,21 ±5,74a
20:00 - 21:50h
4,38 ±6,01a
58,65 ±7,57a
53,33 ±10,16bc
3,65 ±4,59a
22:00 - 23:50h
2,81 ±4,80ab
55,73±12,10ab
58,33 ±13,20ab
3,13 ±3,78a
00:00 - 01:50h
1,15 ±3,55ab
51,35±12,70b
62,92 ±11,69a
4,58 ±5,73a
02:00 - 03:50h
0,83±3,17b
57,60±11,43a
58,65 ±11,35ab
2,92 ±3,47a
CV (%)
176,00
17,31
17,08
111,2
Atividades
Períodos
392
393
394
Médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste Tukey ao nível de 5% de
probabilidade. CV = Coeficiente de variação.
395
Mediante a condição ambiental diurna observada no presente trabalho, esperava-
396
se que o tempo de alimentação dos animais à noite fosse maior do que o apresentado,
397
pois Kendall et al. (2006), verificaram durante o verão em região de clima temperado,
398
aumento no tempo de pastejo noturno de vacas de alta produção como compensação ao
399
déficit alimentar nos horários quentes do dia.
400
Esse menor tempo alimentar à noite, possivelmente foi consequência do maior
401
consumo de silagem no período de 15:40 às 17:50h, representando, portanto, a
402
compensação ao déficit do tempo alimentar a que os animais passaram nos horários de
403
intensa radiação solar. Das 15:40 às 03:50h os animais de baixa e de alta produção
85
404
consumiram 7,36 e 8,11 kg animal-1 de matéria seca da silagem mais alimento
405
concentrado, respectivamente.
406
As atividades animais predominantes à noite foram ruminação, com tempo de
407
56,29 e 57,13 (P>0,05), e ócio, 57,46 e 56,00 minutos (P>0,05), para os respectivos
408
níveis de baixa e alta produção.
409
Esses resultados estão em conformidade com os de Ramos et al. (2007), que
410
verificaram à noite tempos percentuais médios para a ruminação de 48,65 e para o ócio
411
de 42,34 minutos, inferindo, que os animais preferem alimentar-se durante o dia e
412
alternarem-se entre o processo digestivo e o de descanso à noite.
413
414
Ensaio II
415
416
A frequência cardíaca foi semelhante entre os animais dos dois ambientes de pré
417
ordenha e os níveis produtivos pesquisados (P> 0,05) (Tabela 10), demonstrando que,
418
mesmo em ambiente sugestivo de desconforto térmico, as vacas conseguiam manter o
419
seu sistema termorregulatório funcionando dentro dos parâmetros normais da espécie.
420
Os resultados ora observados são maiores que os verificados por Pimentel et al.
421
(2007), que avaliando a inclusão de quatro níveis de castanha de caju no concentrado de
422
vacas da raça Pardo-Suíça confinadas em baias sombreadas, encontraram média de
423
frequência cardíaca de 64,45 batimentos minuto -1 às 15:00h, sob um índice de
424
temperatura e umidade (ITU) de 82,5.
425
Souza et al. (2007) verificaram em novilhas leiteiras da raça Sindi, frequência
426
cardíaca de 52 batimentos minuto-1 no período chuvoso e 95 no período seco. Dukes
427
(2006) aceita uma variação de 48 a 84 batimentos minuto -1 para essa variável em
428
bovinos leiteiros, indicando normalidade para os valores encontrados nos animais do
86
429
presente trabalho, o que pode estar relacionada às suas características adaptativas à
430
região de clima semiárido, devido à presença do rebanho na fazenda Tamanduá desde
431
1973.
432
433
Tabela 10 – Médias e desvios-padrão da frequência cardíaca e das temperaturas retal e
434
superficial de vacas Pardo-Suíças de alta e baixa produção, submetidas à
435
ambientes de pré ordenha de sol e sombra.
Ambientes de Pré
Frequência
Temperatura
Temperatura do
Ordenha
Cardíaca
Retal
pelame
Sombra
83,91±9,77a
38,99±0,41b
33,69±0,39a
Sol
87,58±8,44a
39,38±0,39a
33,51±0,33a
Baixo
87,41 ±10,44a
39,28±0,46a
33,47±0,31b
Alto
84,08±7,67a
39,09±0,41a
33,73±0,38a
CV (%)
10,78
1,01
4,16
Níveis Produtivos
436
437
438
Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si pelo teste “F”, ao nível de 5
% de probabilidade.
439
Houve influência do ambiente de pré ordenha sobre a temperatura retal dos
440
animais (P≤0,01), em que as vacas ao sol apresentaram maiores valores (39,39) que as
441
que estavam à sombra (38,90ºC), não havendo, contudo, influência dos níveis
442
produtivos sobre essa variável (P>0,05).
443
Os resultados de temperatura retal dos animais à sombra estão condizentes com os
444
de Pimentel et al. (2007), que verificaram média dessa variável igual a 39ºC para vacas
445
leiteiras Pardo-Suíças.
446
Almeida et al. (2010), verificaram valores de temperatura retal em vacas
447
girolandas criadas no semiárido e submetidas ao sistema de resfriamento adiabático
448
evaporativo por 20 e 30 minutos antes da ordenha de 38,9 e 38,7ºC, respectivamente.
87
449
Spiers et al. (2004), relatam que a elevação da temperatura retal de vacas de alta
450
produção a valores superiores a 39ºC, é o principal indicador de estresse térmico e que,
451
fenômenos dessa natureza, apontam para falhas nos mecanismos termorregulatórios dos
452
animais, restando aos mesmos, alterarem o seu comportamento, iniciando pela redução
453
no consumo alimentar como ação mitigadora da produção de calor metabólico.
454
Esses resultados demonstram que o discreto desconforto térmico ao qual os
455
animais do presente trabalho foram submetidos na condição de espera da ordenha ao
456
sol, não se deu em função dos níveis produtivos estudados, mas sim, devido as
457
condições ambientais de pré ordenha.
458
A temperatura do pelame diferiu apenas em função dos níveis produtivos
459
pesquisados (P≤0,05), registrando-se valores de 33,47 e 33,73ºC para os animais de
460
baixa e alta produção, respectivamente, não sendo, contudo, verificada influência dos
461
ambientes de pré ordenha sobre a temperatura do pelame dos animais (P> 0,05).
462
Os resultados ora apresentados sugerem que os animais tiveram a mesma
463
capacidade termorregulatória quando expostos ao sol ou à sombra, entretanto, a
464
dissipação de calor tegumentar, parece ser menos eficiente em bovinos de produção
465
mais elevada, possivelmente, como cita Azevedo et al. (2005), devido a maior
466
intensidade de seu metabolismo.
467
Azevedo et al. (2005), inferem haver correlação positiva entre temperatura do
468
pelame, frequência respiratória e a temperatura retal de bovinos leiteiros, em que a
469
primeira, representa o estímulo inicial das condições ambientais e a partir de
470
mecanismos próprios, o organismo tenta manter a temperatura corpórea dentro de
471
valores compatíveis com o bem estar animal.
88
472
Para Ferreira et al. (2009), a superfície da pele aquecida aciona a atividade das
473
glândulas sudoríparas que eliminam o calor corpóreo latente na forma de vapor de água,
474
ou seja, sudorese.
475
Façanha et al. (2010), relatam que animais com baixa densidade de pelos, pelos
476
curtos, poucos espessos e assentados sobre a superfície corpórea, principalmente
477
quando inseridos em pele escura, promovem uma maior dissipação de calor corpóreo.
478
Assim, em virtude do Pardo-Suíço apresentar tais características, é possível que
479
equidade térmica verificada no pelame dos animais tanto à sombra quanto ao sol, esteja
480
relacionada à sua capacidade de perda de calor corpóreo, que segundo Maia et al.
481
(2009), ocorre eficientemente por convecção livre e condução molecular dos pelos.
482
Houve interação estatística entre os ambientes de pré ordenha e os níveis
483
produtivos experimentais (P≤0,05). As vacas de baixa produção apresentaram
484
frequência respiratória de 76,29 à sombra e de 92,66 movimentos minuto -1 ao sol
485
(P≤0,05). Comportamento estatístico semelhante (P≤0,05) foi observado para as vacas
486
de alta produção, que também tiveram frequência respiratória inferior no ambiente de
487
sombra (68,33) em relação aos animais expostos ao sol (81,33 movimentos minuto-1).
488
No entanto, quando se comparou os níveis de alta e baixa produção dentro de cada um
489
dos ambientes de pré ordenha pesquisados, não verificou-se diferença estatística entre
490
eles (P>0,05) (Tabela 11).
491
Esses resultados estão abaixo dos encontrados por Spiers et al. (2004), que
492
registraram em vacas Holandesas de alta produção leiteira à temperatura ambiente de
493
30,5ºC, frequência respiratória em torno de 108 movimentos minuto -1 e acima dos
494
achados de Arcaro Júnior et al. (2005), que registraram 38 movimentos respiratórios
495
minuto -1 em vacas holandesas submetidas a 30 minutos de ventilação + aspersão antes
496
da ordenha, em temperatura ambiente de 22,9 ºC.
89
497
498
Tabela 11 – Médias e desvios-padrão da frequência respiratória de vacas Pardo-Suíças
499
de alta e baixa produção, submetidos a ambientes de pré ordenha de sol e
500
sombra.
Frequência Respiratória
Níveis de produção
Ambientes de Pré
Ordenha
Baixo
Alto
Sombra
76,29 ±15,31bB
68,33±7,60B
Sol
92,66 ±11,78aA
81,33±9,15aA
CV (%)
14,25
501
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Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem entre si pelo teste
“F”, ao nível de 5 % de probabilidade.
504
Ferreira et al. (2006), trabalhando com novilhas 1/2 sangue Gir x 1/2 Holandês
505
durante o verão, registraram 17,68 movimentos respiratórios minuto animal-1 pela
506
manhã após 12 horas em conforto térmico (Temperatura = 22ºC; Umidade relativa =
507
70%) em câmara bioclimática e 134,02 à tarde, depois de 6 horas em condição de
508
estresse (Temperatura = 42ºC; Umidade relativa = 60%).
509
Embora Azevedo et al. (2005) considerem movimentos respiratórios minuto -1
510
superiores a 60 estressantes para vacas de sangue 3/4 holandês x zebu, devido a elevação
511
da temperatura retal dos animais a 39,3ºC, pode-se dizer através do presente trabalho,
512
que os animais de ambos os níveis produtivos que aguardavam a ordenha à sombra,
513
tiveram os efeitos térmicos atenuados.
514
Os resultados são sugestivos de que a frequência respiratória dos animais
515
pesquisados sofreu influência das características intrínsecas dos locais de espera da
516
ordenha e não dos níveis de produção e que, os mesmos foram eficientes na perda
517
sensível de calor através da hiperventilação, tendo em vista a normalidade das demais
518
variáveis fisiológicas.
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Conclusões
521
522
Os animais dos dois níveis produtivos apresentam-se sensíveis ao ambiente quente
523
de pastejo, com maior sensibilidade para as vacas de alta produção, que alternam-se
524
entre ruminação e ócio nas horas mais quentes do dia, em detrimento ao pouco tempo
525
dispensado à alimentação e, alimentam-se mais no início e ao final do dia sob influência
526
direta das condições ambientais amenas (Ensaio I). O fornecimento de sombra por 1,5
527
horas antes da ordenha a vacas Pardo-Suíças (Ensaio II), reduz o efeito térmico do
528
ambiente sobre as suas variáveis fisiológicas, configurando-se, uma alternativa eficiente
529
ao bem estar animal.
530
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Agradecimentos
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À Fazenda Tamanduá LTDA, por disponibilizar animais, estrutura física e recurso
humano necessário para o desenvolvimento dessa pesquisa.
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93
CAPÍTULO IV
INFLUÊNCIA DO AMBIENTE DE PRÉ ORDENHA SOBRE PRODUÇÃO,
COMPOSIÇÃO, CONTAGEM DE CÉLULAS SOMÁTICAS DO LEITE E
HORMÔNIOS DE VACAS CRIADAS EM SISTEMA BIODINÂMICO.
Artigo enviado para publicação na Revista Brasileira de Medicina Veterinária (anexo 4).
94
INFLUÊNCIA DO AMBIENTE DE PRÉ ORDENHA SOBRE PRODUÇÃO,
COMPOSIÇÃO, CONTAGEM DE CÉLULAS SOMÁTICAS DO LEITE E
HORMÔNIOS DE VACAS CRIADAS EM SISTEMA BIODINÂMICO.
ENVIRONMENT INFLUENCE IN FIRST MILKING UPON PRODUCTION,
COMPOSITION, SOMATIC CELL COUNT AND HORMONES ON COWS IN SYSTEM
CREATED BIODYNAMIC.
Albério Lopes Rodrigues1, Bonifácio Benício de Souza2, José Morais Pereira Filho2, Múcio
Fernando Ferraro de Mendonça3, Bênnio Alexandre de Assis Marques3, Leonardo de Barros
Silva3,.
ABSTRACT. Rodrigues, A. L., de Souza, B. B., Pereira Filho, J. M., de Carvalho, M. G. X.,
de Mendonça, M. F. F., Marques, B. A. A., Silva, L.B., de Oliveira, G. J. C. [Environment
Influence in first Milking Upon Production, Composition, Somatic Cell Count and
Hormones on Cows in System Created Biodynamic]. Influência do Ambiente de Pré
Ordenha Sobre Produção, Composição, CCS do Leite e Hormônios de Vacas Criadas em
Sistema Biodinâmico. Revista Brasileira de Medicina Veterinária. Centro de Saúde e
Tecnologia Rural, Universidade federal de Campina Grande, Programa de Pós Graduação em
Medicina Veterinária (PPGMV). Caixa postal 64, 58.708-110, Patos-PB, Brasil. E-mail:
[email protected]
The objective of the present study were apprise in two environments in first milking
upon production, composition, SCC of milk and the concentration hormonal plasmatic in
cows Brown Swiss cattle in two-production level and system created biodynamic. We used 32
cows; we had 16 in low and 16 in up production. The cows waits 1,5 hour for the first milking
on the sun and in with out sun. All the cows had the loggers to register the environment
variations. The design experimental was completely randomized with 2 x 2 arrangement
factorial (two environments first milking and two levels of production), consisted of 4 groups
of 8 repetitions each. The acidity (P≤0,01) and the total solids (P>0,05) were less in the milk
from the cows put in with out sun. The cows about the production less level showed acidity
(P≤0,01), density (P>0,05), lactose (P≤0,01) and solids with out lipids (P≤0,01) in the milk in
cows form milk had low production therefore we did not observation some difference in total
solids (P>0,05) between two level production. The SCC milk did not showed variations
between the environments and the production level (P>0,05), therefore in the number, were
up in the cows with of sun and when had low production. The values form T3, T4 and
cortisol, not had variations in the four groups in the study (P>0,05) and was in accord with the
literature. When we put the cows Brown Swiss cattle for 1,5 hours in the first milking in
system created biodynamic of production showed low influence weather in the cows did not
showed good up production and good milk composition
KEY-WORS: cattle, first milking, thermal comfort, total solids.
_______________________________
1
Med. Veterinário, Mestre, Programa de Pós-graduação em Medicina Veterinária, CSTR/UFCG, Caixa postal
64, 58.708-110, Patos-PB. Autor para correspondência:E-mail: [email protected]
2
Zootecnista, Doutor, Unidade acadêmica de Med. Veterinária CSTR/UFCG, Caixa postal 64, 58.708-110,
Patos-PB. E-mails: [email protected]; [email protected]; [email protected]
3
Curso de Graduação em Med. Veterinária, CSTR/UFCG, Caixa postal 64, 58.708-110, Patos-PB. E-mail:
[email protected]; [email protected]; [email protected]
95
RESUMO. O objetivo do presente trabalho foi avaliar a influência de dois ambientes de pré
ordenha sobre a produção, composição, contagem de células somáticas (CCS) do leite e
concentração plasmática hormonal de vacas da raça Pardo-Suíça de dois níveis produtivos e
criadas em sistema Biodinâmico. Foram utilizadas 32 vacas, 16 de baixa e 16 de alta
produção, que aguardavam por 1,5 horas o momento da ordenha ao sol e à sombra, nos quais
foram instalados data loggers para o registro das variáveis ambientais. O delineamento
experimental foi o inteiramente casualizado com arranjo fatorial 2 x 2 (2 ambientes de pré
ordenha e 2 níveis de produção), constituindo 4 grupos experimentais com 8 repetições cada.
A acidez (P≤0,01) e os sólidos totais (P>0,05) foram menores no leite das vacas do ambiente
de sombra em relação ao ambiente de sol. Os animais de maior nível produtivo apresentaram
acidez (P≤0,01), densidade (P>0,05), lactose (P≤0,01) e sólidos não gordurosos (P≤0,01) no
leite maiores que os animais de baixa produção, sem, contudo, ser observado diferenças de
sólidos totais (P>0,05) entre esses dois níveis produtivos. A CCS do leite não variou entre os
ambientes e os níveis produtivos (P>0,05), entretanto, numericamente, foi maior nos animais
à sombra e de baixa produção. Os valores de triiodotironina (T3), tiroxina (T4) e cortisol, não
variaram nos quatro grupos trabalhados (P>0,05) e estiveram dentro do que recomenda a
literatura. O fornecimento de sombra por 1,5 horas antes da ordenha da tarde a vacas leiteiras
Pardo-Suíças criadas em sistema Biodinâmico de produção, embora reduza as intempéries
climáticas sobre as mesmas, não melhora a sua produção e composição láctea.
PALAVRAS-CHAVE: bovinos, conforto térmico, sólidos totais, sombra.
Introdução
A qualidade do ambiente de pré ordenha influencia diretamente a produção e a
composição do leite bovino (Barbosa et al., 2004), podendo esse ambiente ser climatizado
com intuito de aumentar a produção láctea e promover a melhoria do bem estar animal (Silva
et al., 2002).
O efeito das intempéries climáticas ambientais sobre o bem estar e a produção láctea
ocorre indistintamente sobre as categorias produtivas de vacas leiteiras, observando-se que os
animais de alta produção apresentam maior sensibilidade ao estresse térmico que os de baixa,
refletindo em perdas consideráveis de leite em função da redução do seu consumo alimentar
(Tapki e Şahin, 2006).
O resfriamento do ambiente de vacas de alta produção leiteira não lhes proporciona
apenas à sua estabilidade fisiológica, como frequência respiratória e temperatura retal dentro
da faixa aceitável para o seu conforto, ou ainda, o aumento na produção láctea, mas também,
influencia na quantidade de seus constituintes químicos, favorecendo, por exemplo, aumento
na quantidade de gordura presente no mesmo (Reyes et al., 2007).
Em ambientes quentes, as vacas leiteiras para manterem estável a temperatura do seu
núcleo térmico corpóreo, utilizam-se da termólise como mecanismo da perda de calor e nessa
situação, os níveis de triiodotironina (T3) e tiroxina (T4) no plasma sanguíneo diminuem
96
consideravelmente, já que esses hormônios estão envolvidos diretamente na termogênese
animal (Morais et al., 2008).
Com a realização desta pesquisa o objetivo foi avaliar a influência de duas condições
ambientais de pré ordenha sobre a produção, composição, contagem de células somáticas do
leite e concentração plasmática hormonal de vacas da raça Pardo-Suíça de dois níveis de
produção de leite e criadas em sistema Biodinâmico de produção.
Material e Métodos
A pesquisa foi realizada na Fazenda Tamanduá, município de Santa Terezinha-PB,
inserida na mesorregião do Sertão Paraibano, que se caracteriza por apresentar clima
semiárido do tipo BSH (classificação de Köppen), com temperatura anual média máxima de
32,9 e mínima de 20,8°C (Brasil, 1992), registrando-se pluviosidade média anual na fazenda
de 801,94 mm ano-1, concentrada principalmente em 4 meses do ano, seguida por um longo
período de estiagem.
O experimento foi realizado no período de 20 de outubro a 22 de novembro de 2010,
com 12 dias de adaptação e 20 destinados à fase experimental. Foram utilizadas 32 vacas
leiteiras da raça Pardo-Suíça distribuídas em 2 níveis produtivos estabelecidos pela própria
fazenda pesquisada. Trabalhou-se com vacas de produção média individual diária de 12,74 ±
1,17 e 6,94 ± 1,2 kg, para os grupos de alta e baixa produção de leite, respectivamente.
Os 16 animais de cada nível de produção foram divididos em dois grupos e submetidos
aos ambientes de sol e sombra, em que 8 vacas aguardavam o momento da ordenha da tarde
em cada um desses ambientes por 1,5 horas e após receberem banho de aspersão com jato
d´água, eram ordenhadas.
O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado (DIC) com
arranjo fatorial 2 x 2 (2 ambientes de pré ordenha e 2 níveis de produção láctea), constituindo
4 grupos com 8 repetições (animal). O teste “Tukey” foi utilizado para a comparação das
médias (P≤0,05), conforme o programa GLM do SAS (1999).
Às 06:30h os animais seguiam para piquetes com pastagem nativa de caatinga e
enriquecidos com capim buffel (Cenchrus ciliaris), corrente (Urochloa mosambicensis),
andrequicé (Echinochloa crus-galli) e braquiária (Brachiaria decumbens), dependendo de
suas características edáficas, havendo a movimentação dos animais nesses piquetes, a cada
dois ou três dias, de acordo com a sua disponibilidade de forragem.
97
Às 13:30h as vacas eram conduzidas da pastagem ao local de espera da ordenha, a qual
iniciava-se às 14:30h, e ao seu término os animais seguiam para currais, permanecendo até a
retirada láctea do dia seguinte, às 03:30h.
A ordenha era realizada mecanicamente, antecedida pelo teste da caneca, imersão em
solução iodada e secagem das tetas com papel toalha. Após a retirada do leite, uma nova
desinfecção das tetas com solução iodada era realizada.
Nos currais, logo após a ordenha, os animais recebiam a suplementação alimentar,
constituída por milho (Zea mays) e a levedura, fornecidos na proporção de 70 e 30%,
respectivamente, com consumo animal individual diário da mistura equivalente a 4 e 5 kg
para os grupos de baixa e alta produção, respectivamente. Durante todo o período
experimental, a silagem de capim elefante (Pennisetum purpureum) com sorgo forrageiro
(Sorghum bicolor) foi o volumoso fornecido nos comedouros aos animais, de modo a permitir
uma sobra mínima de 10%.
A fazenda Tamanduá adota o sistema Biodinâmico de produção, que não permite um
fornecimento de concentrado da dieta superior a 40%, ficando os 60% restante, para o
volumoso. A silagem e o milho foram produzidos de maneira biodinâmica, e assim,
limitavam-se apenas a proporção mencionada anteriormente, contudo, a levedura por não ter
origem biodinâmica, não ultrapassava 10% da exigência de matéria seca dos animais ao longo
de um ano de fornecimento, o que está de acordo com as recomendações Demeter (2010).
Com vistas às exigências do Biodinâmico, todo o manejo experimental foi realizado
com interferência mínima ao da fazenda, inclusive o alimentar, que diferiu apenas no que se
refere à quantidade do concentrado em função dos níveis de produção láctea, alta e baixa. A
composição química dos ingredientes encontra-se na tabela 1.
Avaliou-se no presente estudo as variáveis ambientais, produção, composição e
contagem de células somáticas (CCS) do leite das vacas estudas em duas ocasiões durante o
período experimental, determinando-se também, em momento único, os níveis de T3, T4 e
cortisol do plasma sanguíneo desses animais.
A temperatura do ar, umidade relativa do ar, temperatura do globo negro (TGN) e a
temperatura de ponto de orvalho (TPO), foram determinadas a cada 20 minutos por data
loggers acoplados a um globo negro. Com essas duas últimas temperaturas, determinou-se o
índice de temperatura de globo negro e umidade (ITGU), através da fórmula de Buffington et
al. (1981), sendo o ITGU = TGN + 0,36 (TPO) + 41,5 (Tabela 2).
Um data logger foi exposto ao “sol” e outro colocado sob o telhado do ambiente de
sombra, representando as condições ambientais de exposição solar e da sombra,
98
respectivamente. Essas variáveis foram organizadas com base nas 36h que antecederam as
colheitas das amostras de leite e nos dias específicos de colheita de sangue dos animais para a
determinação da concentração hormonal (Tabelas 2 e 3).
Foram determinadas a acidez titulável em graus Dornic (ºD) e a densidade relativa
(g/ml) corrigida a 15°C pelo método do termolactodensímetro no próprio local de colheita das
amostras. Os percentuais de gordura, lactose, proteínas totais e sólidos totais foram obtidos
pelo método de análise infravermelho, através do equipamento BENTLEY 2000, no
laboratório do Programa de Gerenciamento de Rebanhos Leiteiros do Nordeste (PROGENE),
da Universidade Federal Rural do Pernambuco, Recife-PE, em que, os sólidos não gordurosos
(SNG), foram obtidos a partir da subtração da percentagem de gordura dos valores dos sólidos
totais.
A CCS, realizada no laboratório do PROGENE, foi determinada pelo método de
citometria de fluxo, através do equipamento SOMACOUNT 300. Nos dias de colheita de
leite, foram também realizadas a pesagem do mesmo manhã e tarde, determinando a produção
média diária de cada grupo animal pesquisado.
No que se refere às dosagens hormonais pesquisadas, 10 ml de sangue de cada animal
foram puncionados da veia jugular externa entre 08 e 09h da manhã, por meio de tubos de
coleta à vácuo, sem EDTA, em seguida, foram identificados, acondicionados em caixa
térmica com gelo seco e levados ao Laboratório de Patologia Clínica do Centro de Saúde e
Tecnologia Rural (CSTR) da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Campus de
Patos-PB, para ser centrifugado em microcentrífuga por 15 minutos a 3.000 rotações por
minuto (RPM). Na sequência, o soro de cada amostra foi colocado em tubos de eppendorf,
identificado e acondicionado em refrigerador a -76 ºC, para posterior determinação dos níveis
de T3, T4 e cortisol em laboratório conveniado ao Hermes Pardini, pela técnica de
quimioiluminescência.
Embora haja características intrínsecas do sistema Biodinâmico de produção que o
distingue de outros sistemas ecológicos como o orgânico e o agroecológico por exemplo, para
fins conceituais, devido à existência de pontos de intersecção de princípios entre esses
sistemas, adotou-se nesse trabalho o termo genérico ecológico para dados de artigos
científicos advindos desses três sistemas.
Resultados e Discussão
Os ambientes de pré ordenha não influenciaram a produção diária de leite das vacas de
ambos os níveis produtivos (P>0,05), embora, como esperado, verificou-se maior produção
99
láctea (P≤0,01) nos animais de alto quando comparados aos de menor nível produtivo,
independentemente do ambiente de pré ordenha (Tabela 4).
Esses resultados diferem dos encontrados por Tapki e Şahin (2006), que verificaram
para vacas Holandesas de alta produção um decréscimo de 16,1% em sua produção leiteira
nos meses mais quentes do ano, registrando-se às 14h, média de temperatura máxima de
40,17ºC e índice de temperatura e umidade (ITU) próximo a 82.
Silva et al. (2002), verificaram para a ordenha da tarde, aumento de 7,28% na produção
láctea de vacas holandesas (17,5kg de leite vaca/dia) submetidas a ambiente de pré ordenha
climatizado com sistema de resfriamento evaporativo em comparação aos animais
desprovidos desse sistema. O resfriamento desse ambiente possibilitou uma redução da
temperatura de globo negro (TGN) de 8,67 e de 9,3% para a temperatura ambiente. No
entanto, quando o ITU apresentou valores de 78 e 83 para os ambientes com e sem
resfriamento evaporativo, respectivamente, ambos os grupos animais tiveram redução
acentuada em sua produção láctea.
No presente trabalho, à tarde, a TGN e o índice de temperatura de globo negro e
umidade (ITGU), apresentaram valores de 34,78 e 45,02ºC; 82,56 e 93,02, para os ambientes
de sombra e sol, respectivamente (Tabela 2). Assim, percebe-se que mesmo à sombra, as
condições ambientais pesquisadas estão em desacordo com os achados Silva et al. (2002), o
que possivelmente contribuiu para a semelhança de resultados produtivos dos animais
submetidos aos dois ambientes de produção.
Certamente, o banho de aspersão proporcionou condição de conforto térmico
semelhante para os animais de ambos os ambientes de pré ordenha, conforme citam Barbosa
et al. (2004) e o tempo de espera dos animais à sombra (1,5h) sob as condições
meteorológicas apresentadas (Tabela 2), pode não ter sido suficiente para influenciar na
produção láctea dos animais com os dois níveis produtivos pesquisados, devendo-se
considerar ainda, o grau de adaptabilidade desses animais à condição ambiental encontrada.
A diferença de produção de leite entre um nível produtivo e outro, possivelmente seja
outro fator a ser considerado na obtenção desses resultados, uma vez, que Silva et al. (2009),
não verificaram diferença na produção láctea de vacas da raça Pitangueiras com média de 10
kg de leite vaca-1 ao dia, manejadas em piquetes com e sem acesso à sombra.
A acidez titulável láctea foi menor nos animais com acesso a pré ordenha sombreada
(P≤0,01) e naqueles de baixa produção (P≤0,01) em relação aos demais grupos pesquisados.
Já a densidade, não foi influenciada pelos ambientes de pré ordenha (P>0,05), sendo, contudo,
superior nos animais de alta em comparação aos de baixa produção (P≤0,05) (Tabela 4).
100
Fanti et al. (2008), registraram em leite bovino ecológico acidez de 15,7ºD e densidade
média de 1,031g/ml, verificando elevação dessa primeira variável em condição de alta
temperatura do ar, devido a precipitação do fosfato tricálcio e do desdobramento da lactose
em ácidos orgânicos. A densidade, por sua vez, possui valor inversamente proporcional à
gordura, podendo assim, apresentar-se relativamente baixa em leite de vacas com alto teor de
composto lipídico.
Os resultados de acidez do presente trabalho estão próximos aos achados de Viero et al.
(2010), que verificaram valores dessa variável em vacas Jersey de 18,84 e 17,75ºD para os
grupos suplementadas com 0,3mg/kg de concentrado de selênio orgânico e inorgânico,
respectivamente, sendo tais valores, de acordo com Gonzalez et al., (2001), considerados
normais para a espécie, devido ao elevado teor proteico de seu leite
A instrução normativa 51 do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento MAPA (IN 51) (Brasil, 2002), estabelece para acidez titulável e a densidade, os limites de 14
a 18ºD e de 1,028 a 1,034g/ml, respectivamente, como aceitáveis para o leite bovino.
Assim, a densidade do presente trabalho encontra-se dentro do recomendável para os
quatro grupos pesquisados, sendo possível inferir, que a condição de sombra na pré ordenha
contribui para a manutenção da acidez titulável do leite. Quanto aos níveis produtivos, a
maior acidez no leite dos animais de alta produção, pode estar relacionada às características
da raça pesquisada, pois assim como a Jersey, apresenta altas concentrações de proteínas
totais no leite, o que influencia em sua acidez.
A concentração de lactose no leite não foi influenciada pelos efeitos dos dois ambientes
de pré ordenha (P>0,05), mas apresentou-se mais elevada nos animais de alta produção,
quando comparada aos de baixa (P≤0,01) (Tabela 4).
Kendall et al. (2006) verificaram valores iguais de lactose (4,9%) do leite de vacas
Holandesas com produção média diária de 17 kg vaca/dia, manejadas à pasto com e sem
acesso à sombra. Silva et al. (2009), também não constataram diferença entre os percentuais
de lactose de vacas da raça Pitangueiras com produção média de leite vaca-1 ao dia de 10 kg,
que pastejavam em área de sombra (3,94) e ao sol (4,03%).
De acordo com Mapekula et al. (2011), os níveis de lactose no leite praticamente não se
alteram em relação aos graus sanguíneos de uma determinada raça, havendo, contudo, discreta
redução em seus valores no final da lactação, atribuindo-se a esse componente lácteo, o papel
de estabilizador da quantidade de água presente no leite, atuando como um agente osmótico,
daí o por quê de sua pouca variação dentro de uma mesma raça pesquisada, independente de
sua produção.
101
A menor concentração da lactose verificada no leite dos animais de baixa produção
pode não estar relacionada necessariamente ao nível produtivo, mas sim, ao elevado valor
absoluto da CCS presente no mesmo (Tabela 4), já que a CCS eleva-se em situações de baixo
volume lácteo no úbere, e interfere na síntese de lactose nas células alveolares, conforme
citam Bueno et al. (2005).
O percentual de gordura no leite não sofreu influência dos ambientes de pré ordenha e
nem dos níveis produtivos de leite dos animais experimentais (P>0,05) (Tabela 4).
Esses resultados diferem dos encontrados por Reyes et al. (2007), que registraram
concentração de gordura de 2,9% no leite de vacas Holandesas de alta produção criadas em
clima desértico apenas com acesso à sombra, e de e 3,2% para vacas submetidas à
combinação de sombra + aspersão de água disponível por oito horas ao diainferindo que em
condições ambientais de temperatura do ar superior a 40ºC, a promoção do conforto térmico
animal influencia positivamente no conteúdo gorduroso do leite.
Arieli et al (2004) avaliando a composição química do leite de vacas Holandesas com
produção de aproximadamente 40 kg leite vaca/dia, submetidas ao resfriamento por aspersão
+ ventilação antes da ordenha, verificaram percentual médio de gordura entre os tratamentos
pesquisados de 3,13%. Já Silva et al. (2009), obtiveram percentuais de gordura láctea de 3,79
e 3,69 para animais em ambiente de pré ordenha à sombra e de exposição ao sol,
respectivamente.
Embora a gordura seja o componente mais variável no leite bovino (Gonzalez et al.,
2001), percebe-se nos resultados do presente trabalho que a sua concentração esteve acima
dos 3% mínimos estabelecidos pela IN 51 Brasil (2002), possivelmente devido à característica
particular de raça Pardo-Suíça em sintetizar eficientemente gordura no leite, conforme cita
Carroll et al. (2006).
Os percentuais de proteínas totais do leite foram iguais em ambos os ambientes de pré
ordenha e nos dois níveis produtivos lácteos pesquisados (P>0,05) (Tabela 4), estando,
portanto, superiores aos resultados experimentais de Aharoni et al (2005), que registraram
concentração de proteínas totais no leite de vacas de alta produção criadas em ambiente
quente e alimentadas exclusivamente em período diurno de 2,99%, observando-se, no entanto,
3,03% de proteínas totais no leite de animais alimentadas apenas à noite, e para essa última
condição, a eficiência alimentar foi maior, devido ao conforto térmico ao qual as vacas foram
submetidas.
102
Müller & Sauerwein (2010), verificaram concentração de proteínas totais menores no
leite produzido ecologicamente em relação à produção convencional, atribuindo esses
resultados à menor quantidade de leite produzida no sistema ecológico.
No entanto, Butler et al. (2011), relatam que a baixa produção de leite registrada nos
rebanhos ecológicos, proporcionou uma maior produção de proteínas totais lácteas em relação
aos rebanhos criados convencionalmente, fato corroborado por Carroll et al. (2006), que
verificaram redução nos teores de proteínas totais à medida em que a produção de leite dos
animais se elevou.
Embora os autores anteriormente citados sugiram haver relação inversa do teor de
proteínas totais com a produção de leite, a semelhança estatística na concentração dessa
variável entre os dois níveis produtivos lácteos pesquisados, parece reforçar que a amplitude
de 5,8kg entre tais grupos, com valor de 12,74kg de leite/dia como nível produtivo máximo
inicial para a pesquisa, aparentemente não é suficiente para interferir positiva ou
negativamente em sua composição, mesmo sendo importante para a condução do manejo
alimentar da fazenda. A IN 51 Brasil (2002), estabelece valores para proteínas no leite bovino
não inferiores a 2,9%, estando, portanto, os resultados do presente trabalho em conformidade
com a mesma resolução.
Os teores de sólidos não gordurosos (SNG) não diferiram entre os ambientes de pré
ordenha (P>0,05), embora, a sua concentração tenha sido maior nos animais de alto nível
produtivo quando comparada aos de baixa produção (P≤0,01) (Tabela 4).
Esses resultados estão abaixo dos valores encontrados por López et al. (2007), que
verificaram teores de SNG em vacas Jersey criadas em confinamento de 9,4% e, acima dos
achados de Zanela (2006), que encontraram valores para essa variável de 8,57, 8,42 e 8,32%
para sistemas de produção especializado, semi-especializado e não especializado,
respectivamente, configurando assim, o manejo e o ambiente de criação, com suas
peculiaridades, como influenciadores do percentual de SNG do leite bovino.
A maior concentração de SNG no leite dos animais de alto em comparação aos de baixo
nível produtivo do presente trabalho, certamente ocorreu em função do maior percentual de
lactose no leite dos primeiros, o que está em desacordo com o que preconiza Gonzalez et al.
(2001), que atribuem às proteínas totais a maior capacidade de influência na concentração dos
SNG do leite bovino. Os valores de SNG dos quatro grupos pesquisados, estão em
conformidade com os 8,4% mínimos exigidos pela IN 51 Brasil (2002).
O percentual de sólidos totais do leite dos animais submetidos à espera da ordenha à
sombra foi inferior àqueles animais expostos ao sol (P≤0,05). No entanto, independente do
103
ambiente de pré ordenha, não foi observado diferença na concentração dessa variável entre os
níveis de produção láctea (P>0,05) (Tabela 4).
Os resultados ora apresentados são maiores do que aqueles encontrados por Arcaro
Júnior et al. (2003), menores que os achados de López et al. (2007) e estão próximos aos
valores encontrados por Sánchez et al. (2006), que verificaram percentuais médios de sólidos
totais no leite de vacas nativas da Nicarágua de baixa produção (± 5kg dia) de 13,13%.
Como era de se esperar, percebe-se que o percentual de sólidos totais no leite bovino,
varia em conformidade com as flutuações de seus constituintes dissolvidos e que, os valores
ora apresentados, estão em conformidade com o que determina a IN 51 Brasil (2002), que é
concentração mínima dessa variável igual ou superior a 11,4%.
O sistema ecológico de produção determina uma fase de pastejo diária obrigatória às
vacas leiteiras, devendo a pastagem ser de boa qualidade, para juntamente com o alimento
concentrado, atender as exigências nutricionais desses animais e, com isso, não implicar em
sólidos totais inferiores aos valores já mencionados (Sato et al., 2005), assim, verifica-se que
a limitação do concentrado em até 40% das necessidades de matéria seca para vacas leiteiras,
embora interfira na produção de leite, não influencia a concentração dos seus sólidos totais.
Estatisticamente, não se observou influência dos ambientes de pré ordenha e dos níveis
de produção láctea sobre a contagem de células somáticas (CCS) no leite das vacas
trabalhadas (P>0,05). A diferença em termos de valores absolutos, muito provavelmente
esteja relacionada às características da própria variável, que em função de sua instabilidade,
apresenta alta amplitude de variação, conforme o seu coeficiente de variação (118,84%). Este
aspecto fica visível ao verificar os valores de 517.500 e 512.980 da CCS dos animais expostos
à sombra e de baixa produção. Já nos animais ao sol e de alto nível produtivo, os valores
foram de 327.360 e 331.880, respectivamente (Tabela 4).
O perfil dessa variável está em conformidade com o que preconizam Bueno et al.
(2005), ao relatarem que em épocas quentes do ano, com temperatura do ar próximo a 31ºC,
há uma elevação considerável na CCS de vacas leiteiras, fato corroborado pela escassez
alimentar da época, já que há um decréscimo na produção de leite e consequente elevação da
concentração de células somáticas por volume lácteo do úbere.
Barbosa et al. (2004), verificaram valores de CCS de 118.770 e 381.940 em vacas
leiteiras submetidas a ambientes de pré ordenha ao sol e à sombra, sem receberem banho de
aspersão. Já para a condição com banho de aspersão, a CCS látea foi de 314.140 e 404.070
células/ml para os respectivos ambientes, sugerindo assim, que a elevada umidade no
ambiente de pré ordenha favorece o aumento da CCS no leite bovino.
104
Para Magalhães et al. (2006), a combinação de elevada umidade com alta temperatura
ambiente aumenta a susceptibilidade de vacas leiteiras aos patógenos, favorecendo o
crescimento da população de micro-organismos presentes na glândula mamária e na pele do
úbere, elevando a CCS no leite.
Ribeiro et al. (2009), estudando a CCS láctea do tanque de expansão de quatro rebanhos
bovinos em sistema ecológico de produção, encontraram valores médios de 175.742 para
animais com mastite subclínica e clínica comprovadas e 58.227 células/ml para animais não
acometidos por mastite, mas os autores verificaram também resíduos de antibióticos no leite,
o que é incompatível com o modelo de produção ecológica, conforme preconiza a ABIO
(2011).
É possível inferir, que o banho de aspersão realizado em vacas leiteiras antes da
ordenha, embora seja promotor de conforto térmico, pode favorecer a elevação da CCS, pois
essa prática, facilita o relaxamento da roseta de Fürstenberg, configurando-se em porta de
entrada para patógenos presentes na pele do úbere.
Outro aspecto a ser considerado é o fato dos animais à sombra, independente de seu
nível de produção láctea, aguardarem o momento da ordenha deitados com o úbere em
contato direto com o solo úmido devido a pluviosidade de 109mm ocorrida durante o período
experimental, fato não observado para os animais que aguardavam a ordenha ao sol, que
permaneciam em pé até o momento da ordenha.
De acordo com o que preconiza a IN 51 Brasil (2002), e para atender aos preceitos
legais no Brasil, a CCS deve ser no máximo 750.000 células/ml. Em todas as avaliações feitas
nesse estudo os valores máximos foram menores do que o preconizado, indicando que o
controle feito na fazenda Tamanduá atende às exigências legais. Por outro lado, os resultados
indicam que em épocas quentes e úmidas, que na região pesquisada coincide com o período
das chuvas (Souza et al, 2007), o acompanhamento seja mais intenso.
A concentração plasmática dos hormônios triiodotironina (T3), tiroxina (T4) e cortisol,
não sofreram influência dos ambientes de pré ordenha e dos níveis de produção de leite das
vacas estudadas (P>0,05) (Tabela 5).
Os resultados para T3 e T4 do presente trabalho estão próximos aos encontrados por
Morais et al. (2008), que verificaram em vacas holandesas valores de T3 de 1,09 e 0,81 ng/ml
e para o T4 de 5,25 e 7,75 µg/dl, em períodos de clima quente e ameno, respectivamente,
estando, portanto, esses hormônios envolvidos diretamente na termogênese animal e, como
tal, sofrem influência das condições ambientais. No entanto, o T4 por ser precursor do T3 e
nem sempre apresenta o mesmo comportamento plasmático que este último.
105
Ainda conforme Morais et al. (2008), a redução plasmática desses hormônios ocorre em
vacas leiteiras submetidas a ambientes com temperatura do ar com 28ºC e ITGU de
aproximadamente 90, sendo, os animais de maior grau sanguíneo europeu, mais susceptíveis à
redução hormonal, possivelmente, por uma maior necessidade de perda de calor diante de
uma situação de estresse térmico.
Arcaro Júnior. et al. (2003), verificaram valores plasmáticos decrescentes de T4 à
medida que se melhorou a condição ambiental do curral de espera, registrando-se
concentrações de 4,23, 3,94 e 3,65 µg/dl para vacas leiteiras submetidas aos ambientes de pré
ordenha de apenas sombra, Sombra + ventilação e sombra + ventilação + aspersão,
respectivamente, estabelecendo que tais valores estavam dentro de uma variação aceitável
para vacas leiteiras, contrariando assim, a tendência desses hormônios de maior concentração
em ambientes de condição climática amena, demonstrando, serem variáveis instáveis.
Devido a essa instabilidade de concentração plasmática, fica difícil estabelecer os
valores de referência para a espécie bovina, embora, Cunninghan (2008), aponte para o T3
valores normais próximos a 0,92 ng/ml e Dukes (2006), aceita variação desse hormônio entre
0,41 e 1,7 ng/ml.
Os resultados de cortisol do presente trabalho foram menores que àqueles encontrados
por Ferreira et al. (2009), que verificaram em vacas 1/2 Gir x ½ Holandês estudadas em câmara
bioclimáticas, concentrações de cortisol de 6,02 à tarde e 5,07 pela manhã durante o verão e
de, 3,57 e 3,02 µg dl-1 para os respectivos turnos, durante o inverno.
Assim, Ferreira et al. (2009), inferem que o cortisol plasmático eleva-se em situação de
temperatura do ar e TGN próximos a 40ºC e ITGU de 97. Embora essa situação seja
considerada como estresse grave (Azevedo et al., 2005), os autores supracitados consideram
como normal para bovinos leiteiros uma concentração de cortisol que varie de 2,0 a 6 µg/dl.
Arcaro Júnior et al. (2003), verificaram concentrações de cortisol em vacas leiteiras
em conformidade com a situação de conforto a que as mesmas estavam submetidas à espera
da ordenha, observando-se valores desse hormônio de 1,00, 0,93 e 0,70 µg dl-1, para os
respectivos ambientes de pré ordenha à sombra, sombra + ventilação e sombra + ventilação +
aspersão.
Com base nos resultados ora apresentados infere-se que possivelmente os animais
estudados já estejam adaptados às condições ambientais do semiárido, já que os animais da
raça Pardo-Suíça são selecionados na fazenda pesquisada desde o ano de 1973.
106
CONCLUSÕES
O ambiente de pré ordenha de sombra fornecido por 1,5 horas antes da ordenha da
tarde, reduz o efeito climático sobre vacas leiteiras criadas no semiárido por favorecer a
melhoria na concentração da acidez do leite, mas não possibilita uma zona termoneutra
suficientemente capaz de interferir positivamente na sua produção e composição química.
A contagem de células somáticas é influenciada tanto pelos ambientes de pré ordenha
quanto pelos níveis produtivos, o que interfere negativamente na qualidade do leite,
principalmente na concentração de lactose.
Os hormônios T3, T4 e cortisol nas concentrações plasmáticas encontradas demonstram
que as vacas nos dois níveis produtivos, não sentem, pelo menos em grau expressivo,
sensação de desconforto térmico em ambos os ambientes de pré ordenha, demonstrando a
adaptação dos animais ao semiárido.
AGRADECIMENTOS
À Fazenda Tamanduá, por disponibilizar animais, estrutura física e recurso humano
necessário para o desenvolvimento dessa pesquisa.
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109
Tabela 1. Composição química dos ingredientes da ração, fornecida a vacas Pardo-suíças
criadas em sistema Biodinâmico de produção.
Nutrientes
Silagem
F. de milho + Levedura
Matéria seca (%)
27,69
94,13
Proteína Bruta (%)
2,62
11,80
FDN* (%)
81,76
17,59
FDA** (%)
59,36
3,94
Extrato Etéreo (%)
7,44
4,3
Energia Bruta (Mcal/kg)
4.129
4.305
Matéria Mineral (%)
11,13
4,47
Cálcio (%)
0,23
0,81
Fósforo (%)
0,15
0,057
* Fibra em detergente neutro; ** Fibra em detergente ácido.
Tabela 2. Variáveis meteorológicas de dois ambientes de pré ordenha de vacas Pardo-Suíças
de baixa e alta produção.
Ambientes de pré ordenha
Períodos
Variáveis ambientais
pesquisados
Sombra
Sol
Manhã
26,34
27,03
Temperatura do ar (°C)
Tarde
33,69
34,29
Dia
30,23
30,22
Manhã
61,76
60,27
Umidade relativa do ar
Tarde
38,33
38,38
(%)
Dia
49,36
54,19
Manhã
26,36
26,23
TGN*
Tarde
34,78
45,02
Dia
30,82
35,38
Manhã
74,49
74,46
ITGU*
Tarde
82,56
93,02
Dia
78,76
83,77
*TGN = Temperatura do globo negro; **ITGU= Índice de temperatura do globo negro e umidade.
Tabela 3. Médias das variáveis fisiológicas referentes ao dia de colheita de material
sorológico para análise hormonal (T3, T4 e cortisol) de vacas Pardo-Suíças de baixa e alta
produção leiteira.
Ambientes de
Temperatura
Umidade Relativa
TGN*
ITGU**
pré ordenha
do ar (ºC)
do ar (%)
Sombra
28,62
53,29
29,21
77,04
29,25
52,07
33,74
81,69
Sol
*TGN = Temperatura do globo negro; **ITGU= Índice de temperatura do globo negro e umidade.
110
Tabela 4. Médias e desvios-padrão da Produção, composição físico-química e CCS do leite de
vacas Pardo-Suíças criadas em sistema Biodinâmico de produção.
Ambientes de Pré ordenha
Níveis de Produção
CV
Variáveis
(%)
Sombra
Sol
Baixo
Alto
Leite
8,19±3,64a
9,53±3,28a
6,35±2,42b
11,37 ±2,39a
26,88
Acidez
17,08 ±2,99b
19,48 ±1,47a
17,42±3,12b
19,14 ±2,07a
11,64
Densidade
1,030±0,002a
1,031±0,001a
1,029 ±0,002b
1,031±0,001a
5,11
Lactose
4,17±0,66a
4,43±0,18a
4,08±0,61b
4,52±0,15a
9,80
Gordura
3,60±0,51a
3,93±0,66a
3,73 ±0,75a
3,80±0,44a
16,01
Proteínas
3,37±0,24a
3,43±0,45a
3,39 ±0,30a
3,41±0,41a
10,85
SNG
8,51±0,70a
8,88±0,45a
8,42±0,69b
8,97±0,35a
6,00
Sólidos
12,11 ±0,98b
12,81 ±1,00a
12,15±1,23a
12,77 ±0,71a
7,60
CCS
517,50±655,46a 327,36±241,61a
512,98 ±379,36a 331,88±588,11a 118,84
Médias seguidas de mesma letra na linha não diferem entre si pelo teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
Leite em kg animal/dia; Acidez em ºDornic; Densidade corrigida em g/ml a 15 ºC; Lactose, Gordura, Proteínas
totais e Sólidos totais em %; SNG = Sólidos não gordurosos em %; CCS = Contagem de Células Somáticas x
1000 célula/ml; CV (%) = Coeficiente de variação.
Tabela 5. Médias e desvios-padrão dos valores hormonais plasmáticos de vacas Pardo-Suíças
criadas em sistema Biodinâmico de produção.
Ambientes de Pré Ordenha
Triiodotironina (T3)
Tiroxina (T4)
Cortisol
Sombra
2,04 ±0,56a
4,08 ±1,06a
1,40±0,85a
Sol
2,25 ±1,14a
4,00 ±1,10a
1,66±1,00a
Níveis Produtivos
Baixo
2,35 ±1,05a
4,27 ±1,18a
1,84±1,13a
Alto
1,94 ±0,66a
3,81 ±0,91a
1,22±0,53a
CV (%)
40,85
26,99
56,19
Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste Tukey ao nível de 5% de
probabilidade. T3 apresentado em ng/ml; T4 e cortisol em µg/dl; CV (%) = Coeficiente de variação.
111
ANEXOS
112
Anexo 1: Primeira página do artigo intitulado: Influência do Sombreamento e dos Sistemas
de Resfriamento no Conforto Térmico de Vacas Leiteiras: Revisão.
Publicado na Revista Científica no Semi Árido.
113
114
Anexo 2: Primeira página do artigo intitulado:: Características de Produção, Composição e
Contagem de Células Somáticas de Leite Bovino Ecológico e Convencional:
Revisão.
Artigo enviado para publicação na Revista Agropecuária Científica no Semi Árido.
115
116
Anexo 3. Cópia do protocolo de envio do artigo intitulado: Respostas Comportamentais e
Fisiológicas de Vacas Leiteiras Criadas em Sistema Biodinâmico em Clima
Semiárido.
Artigo enviado para publicação na Revista Brasileira de Zootecnia.
117
Viçosa, 8 de novembro de 2011
Ilmo(a) Sr.(a)
ALBÉRIO LOPES RODRIGUES
Prezado(a) Senhor(a),
Informamos que o trabalho "Respostas comportamentais e fisiológicas de vacas de alta e baixa
produção leiteira criadas em sistema biodinâmico, em clima semi-árido", de Albério Lopes Rodrigues,
Bonifácio Benício de Souza, José Morais Pereira Filho, Thiago Lima da Silva Gomes, Fabrício Renan
Oliveira da Silva, Édipo Moreira Campos, Pedro Vinícius Victor Viturino e Diego Wagner de Oliveira
Souto, foi protocolado com o número 00492-11 na Revista Brasileira de Zootecnia.
Para
qualquer
informação
futura,
gentileza
acessar
o
endereço
eletrônico http://www.rbz.ufv.br/rbz/visao/site/login.php?origem=3, informando seu CPF e sua senha.
Caso
não
possua
a
senha,
solicite-a
à
secretaria
da
revista
([email protected] ou [email protected]).
Atenciosamente,
Anderson Diogo Martins
Auxiliar Administrativo da RBZ
118
Anexo 4: Cópia do protocolo de envio do artigo intitulado: Influência do Ambiente de Pré
Ordenha Sobre Produção, Composição, Contagem de Células Somáticas do
Leite e Hormônios de Vacas Criadas em Sistema Biodinâmico.
Artigo enviado para publicação na Revista Brasileira de Medicina Veterinária
119
RBMV 58/2012-Somverj
Em, 17 de agosto de 2012
Ao Médico Veterinário
Albério Lopes Rodrigues
Programa de Pós Graduação em Medicina Veterinária
Centro de Saúde e Tecnologia Rural, UFCG
Caixa postal 64, Patos, 58708-110, PB
E-mails: [email protected],
[email protected]
Comunico a V.Sa., e aos demais autores que o artigo abaixo relacionados foi recebido via email com solicitação de publicação na Revista Brasileira de Medicina Veterinária. Este periódico está
indexado até o presente momento no CABI, AGRICOLA, ISI (Web of Knowledge), AGRIS-FAO, sendo
considerada como B1 no Qualis/CAPES.
Conforme solicitação em vosso e-mail de 20 de agosto do corrente ano.
1. ABSTRACT. Rodrigues A.L., de Souza B.B., Pereira Filho J.M., de Carvalho, M.G.X., de Mendonça
M.F.F., Marques B.A.A., Silva L.B. & de Oliveira G.J.C. [Environment Influence in first Milking
Upon Production, Composition, Somatic Cell Count and Hormones on Cows in System Created
Biodynamic]. Influência do Ambiente de Pré Ordenha Sobre Produção, Composição, CCS do Leite e
Hormônios de Vacas Criadas em Sistema Biodinâmico. Revista Brasileira de Medicina Veterinária, 00
(0): 00-00, 0000. Centro de Saúde e Tecnologia Rural, Universidade federal de Campina Grande,
Programa de Pós Graduação em Medicina Veterinária (PPGMV). Caixa postal 64, 58.708-110, PatosPB, Brasil. E-mail: [email protected]
Atenciosamente
Carlos Wilson Gomes Lopes PhD, LD
Editor ([email protected])
REVISTA BRASILEIRA DE MEDICINA VETERINÁRIA
ISSN 0100-2430 - Periódico de Informação Técnico Científico
SOCIEDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA DO RIO DE JANEIRO
Avenida Presidente Vargas, 446/1004 – Edifício Delamare – Centro, Rio de Janeiro, 20.085-900, RJ
E-mail: [email protected]
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PDF da tese - CSTR - Universidade Federal de Campina Grande