1 CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA CAMPUS DE PATOS – PB RESPOSTAS PRODUTIVAS, COMPORTAMENTAIS E FISIOLÓGICAS DE VACAS CRIADAS SOB SISTEMA BIODINÂMICO EM DIFERENTES AMBIENTES DE PRÉ ORDENHA E NÍVEIS DE PRODUÇÃO LEITEIRA ALBÉRIO LOPES RODRIGUES Médico Veterinário Patos – Paraíba 2012 2 ALBÉRIO LOPES RODRIGUES RESPOSTAS PRODUTIVAS, COMPORTAMENTAIS E FISIOLÓGICAS DE BOVINOS CRIADOS EM SISTEMA BIODINÂMICO A DIFERENTES AMBIENTES DE PRÉ ORDENHA. Tese apresentada ao Programa de PósGraduação em Medicina Veterinária da Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Ciências Humanas Sociais e Agrárias, como parte das exigências para a obtenção do título de Doutor em Medicina Veterinária. Área de Concentração: Produção Animal Orientador: Prof. Dr. Bonifácio Benício de Souza Co-orientador: Prof. Dr. José Morais Pereira Filho Patos - Paraíba 2012 3 FICHA CATALOGRÁFICA De acordo com AACR2, CDU, CUTTER Biblioteca Setorial do CSTR/UFCG – Campus de Patos - PB R6969r 2013 Rodrigues, Albério Lopes. Respostas produtivas, comportamentais e fisiológicas de bovinos criados em sistemas biodinâmico diferentes ambientes de pré ordenha /Albério Lopes Rodrigues. – Patos-PB: CSTR/UFCG/PPGMV, 2013. 119 f. Orientador: Bonifácio Benício de Sousa. Tese (Doutorado em Medicina Veterinária), Universidade Federal de Campina Grande. Centro de Saúde e Tecnologia Rural. Programa de Pós-Graduação em Medicina. 1 – Produção Animal. 2 – Conforto térmico .3 – Freqüência respiratória. I – Título. CDU: 636.033 4 ALBÉRIO LOPES RODRIGUES RESPOSTAS PRODUTIVAS, COMPORTAMENTAIS E FISIOLÓGICAS DE BOVINOS CRIADOS EM SISTEMA BIODINÂMICO A DIFERENTES AMBIENTES DE PRÉ ORDENHA. Tese Aprovada Pela Comissão Examinadora em: ______/______/______ BANCA EXAMINADORA ______________________________________________________ Prof. Dr. Bonifácio Benício de Souza - Orientador Universidade Federal de Campina Grande – Campus de Patos-PB Unidade Acadêmica de Medicina Veterinária _______________________________________________________ Profª. Dra. Maria das Graças Xavier de Carvalho – Examinadora Universidade Federal de Campina Grande - Campus de Patos-PB Unidade Acadêmica de Medicina Veterinária _______________________________________________________ Prof. Dr. Marcílio Fontes Cézar - Examinador Universidade Federal de Campina Grande - Campus de Patos-PB Unidade Acadêmica de Medicina Veterinária ______________________________________________________ Prof. Dr. Dermeval Araújo Furtado- Examinador Universidade Federal de Campina Grande - Campus de C. Grande-PB Centro de Tecnologia e Recursos Naturais _______________________________________________________ Prof. Dr. Gabriel Jorge Carneiro de Oliveira - Examinador Universidade Federal do Recôncavo da Bahia Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas Patos – Paraíba 2012 5 Ao Senhor meu Deus, pelo dom da vida, sabedoria e perseverança. Aos meus pais Antonio Lopes e Antonia Lacerda, pelos ensinamentos que me levaram a ser filho, esposo, pai e cidadão. Aos meus irmãos, Avanildo, Alberto e Anelise, que foram sempre amigos e companheiros. A minha esposa Ana Cláudia, pelo amor, companheirismo e compreensão em meus momentos de ausência. Aos nossos filhos, Lucas Henrique, Ana Letícia e Maria Lucy, que com paciência e renúncias, partilharam conosco desta obra que nos engrandece. A Dida e a Cláudio Cézar, que se tornaram matriarca e filho, respectivamente, pela vontade Divina. A todos vocês, Dedico 6 À Patrícia Venâncio in memoriam Existem muitas moradas na casa de meu Pai [...]. E quando eu for e lhes tiver preparado um lugar, voltarei e levarei vocês comigo, para que onde eu estiver, estejam vocês também. João, 14:2-3 Sabemos que estás com o Pai. Eternas saudades. 7 O bom combate Combati o bom combate, terminei a minha corrida, conservei a fé. 2 Timóteo, 4:7 8 AGRADECIMENTOS Ao Senhor meu Deus, pelo Dom da vida e a permissão da realização de um sonho dentre muitos que guardo em meu pensamento, e por ter sempre estado ao meu lado nos momentos mais difíceis desta caminhada. Ao meu Orientador, o professor Bonifácio Benício, por nunca se negar a partilhar comigo do seu vasto e qualificado conhecimento, e acreditar que juntos, poderíamos construir um trabalho em prol do semiárido. Destacar também, o importante papel do professor José Morais, que co-orientou essa causa com empenho e dedicação. A vocês professores, o meu muito obrigado. À coordenação do Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária pela oportunidade a mim conferida, lembrando aqui, os professores Riet-Correa e Rosane Trindade, e o sempre solícito, Jonas. À fazenda Tamanduá por disponibilizar incondicionalmente animais, estrutura física e recurso humano necessário para o desenvolvimento dessa pesquisa, na pessoa do Dr. Pierre Landolt, em nome do qual, saudamos os demais membros de sua equipe envolvidos nesse trabalho: Alan, Elcione, Rubens, Chico, Dudu, Maciel e Nael. Aos incansáveis colaboradores dessa pesquisa: Bênnio, Édipo, Múcio, Pedro, Thiago, Leonardo, Fabrício, Diego, Ricardo, Rubystanne, Hélio, Vinícius Tenório, João Vinícius, Adailson, Luciano e Herbes. A todos os funcionários e professores que contribuíram direta ou indiretamente com o meu aprendizado, em especial aos professores Marcílio, Graça, Albério, Clebert, Edísio, Sara e Rosângela. A todos os amigos da pós graduação pelos bons momentos que partilhamos juntos, em especial a Expedito, Giovana, Elisângela, Chico, Maíza, Gabriela, João Marcos, Daiana, Vínícius Apropriano, Marcel, Layse, Isabela, Fernando, Suely, Nara, Luana, Rafael, Claúdia Morgana, Jaime, Tatiana, Valéria, Lizziane. Rômulo e Luciano. A todos vocês fica o meu enorme respeito e gratidão. Em uma caminhada profissional na vida de qualquer pessoa, existem outras pessoas que assumem um papel importantíssimo, mesmo sem atuarem diretamente na execução de determinados trabalhos. Deste modo, lembro meus pais, Antonio Lopes e Antonia Lacerda e meus irmãos Avanildo, Alberto e Anelise com seus respectivos cônjuges, Jane, Patrícia (in memoriam) e Joaquim, que nunca deixaram de me incentivar e me mostrar os meios e atitudes corretas que trilham o caminho honesto e harmonioso de um ser. 9 Permitam-me então todos, sem tirar a importância que cada um de vocês teve neste trabalho, tentar agradecer aquela que está ao meu lado há 15 anos, e que desde o dia de nosso matrimônio tomou para se as causas que também são minhas. Esposa sempre presente, companheira e fiel, que em doação de seu amor e iluminada por Deus me deu graça de ser pai de Lucas Henrique, Ana Letícia e Maria Lucy, três filhos que só nos dão alegria e que compartilham conosco todas as nossas vitórias. Ana Cláudia para uns, Ana para outros, mas para mim, simplesmente “Nega”, pois não posso referir-me a ela senão de uma forma carinhosa e é por este amor que por ela nutro, que agradeço a seus pais, Antonio José e Maria Lucy (in memoriam) por me presentearem com este encanto. A você “Nega”, meu amor mais profundo e minha eterna gratidão. 10 RESPOSTAS PRODUTIVAS, COMPORTAMENTAIS E FISIOLÓGICAS DE BOVINOS CRIADOS EM SISTEMA BIODINÂMICO A DIFERENTES AMBIENTES DE PRÉ ORDENHA. RESUMO O objetivo desse trabalho foi avaliar a influência do ambiente de pastejo sobre o comportamento e de dois ambientes de pré ordenha sobre as respostas produtivas, fisiológicas, hormonais e a qualidade do leite de vacas da raça Pardo-Suíça criadas em sistema Biodinâmico de produção. A pesquisa foi dividida em quatro capítulos. No capítulo I, por meio da literatura vigente, buscou-se informações sobre a importância da utilização do sombreamento natural e artificial na pastagem, e ainda, a eficiência da sombra e dos sistemas de resfriamento na pré ordenha de vacas leiteiras, verificando-se, serem estratégias importantes para o conforto e a produção látea desses animais. No capítulo II, foi realizada uma revisão bibliográfica sobre as características produtivas e a qualidade do leite bovino produzido ecológica e convencionalmente, observando-se que a leve inferioridade na produção e nos constituintes do leite ecológico foi devido a baixa utilização de tecnologias no manejo geral desse sistema. No capítulo III, Avaliou-se a influência do ambiente de pastejo sobre o comportamento alimentar, ruminação e ócio, noturna e diuturnamente (Ensaio I) de 32 vacas, divididas nos níveis de alta e baixa produção láctea, e o efeito dos ambientes de pré ordenha de sombra e sol (ensaio II) sobre as variáveis fisiológicas desses animais. As vacas de baixa produção alimentaram-se por mais tempo nas horas quentes do dia, quando comparados aos de alta, mas os animais de ambos os níveis produtivos pastejaram mais durante o dia que à noite (Ensaio I). Nos ambientes de pré ordenha (Ensaio II), as vacas mais produtivas foram mais sensíveis ao calor que as de baixa produção e, o ambiente de pré ordenha sombreado foi eficiente em manter as variáveis fisiológicas dentro da faixa aceitável para os bovinos leiteiros, independentemente dos níveis produtivos. No capítulo IV, avaliou-se o efeito dos ambientes de sombra e sol sobre a produção, qualidade do leite e concentração plasmática hormonal de 32 vacas, divididas nos níveis de alta e baixa produção láctea. Assim, verificouse, que o fornecimento de sombra por 1,5 horas antes da ordenha da tarde a vacas leiteiras Pardo-Suíças criadas em sistema Biodinâmico de produção, embora reduza as intempéries climáticas sobre as mesmas, não altera a sua produção e composição láctea. Palavras-chave: conforto térmico, sombra, frequência respiratória, leite, gordura 11 PRODUCTION RESPONSES, BEHAVIORAL AND PHYSIOLOGICAL OF CATTLE RAISED IN BIODYNAMIC SYSTEM IN A DIFFERENT ENVIRONMENTS PRE MILKING. ABSTRACT The objective this work were to assess on grazing in two different environments of pre milking about the behavior in milk from cows of Brown Swiss on the productive responses, physiological, hormonal and quality from the biodynamic production system. That study was put in four chapters. Into the first chapter, we looked for information about the importance in to use the natural and artificial shading in grasslands and about the shadow efficiency and about the cooling systems on the milking in the milkmaid to confirm about the importance strategy for the comfort and the milk production. On the chapter II, we did the review in the papers about the production characterize and the milk qualify from the cattle form the ecological and traditional system to observe about the low in the production and the composition in the ecological milk was because the short technology in the handling in the used system. Into the chapter III we look for to evaluate the influence about the ambience on grazing about the food behavior rumination and resting, day and night (test I) of 32 cows, we had 16 in low and 16 in up production and look for about action of ambiences in pre milking on the sun and in with out sun. The cows from low production eating for up time in hot hours in the day when we make to comparison with the up production cows but the animal with the both level grazing more in the day (test I). In the ambiences in pre milking (Test II), the cows with the high production were more sensitive about the hot weather than the animal in the cooling weather and the ambience of pre milking with out sun were more efficiency with the physiological variations in the acceptance level for the cattle apart the two production levels. Into the chapter IV, we evaluated the effect of sun and shade environments on production, milk quality and hormonal plasma concentration of 32 cows, divided into high and low levels of milk production. In fact, it was found, that shade for 1.5 hours before the pre milking afternoon the cows in Brown Swiss from biodynamic production system, while reducing the influence weather in the cows, does not improve its yield and the composition milk. Key words: thermal comfort, shade, respiratory rate, milk, fat. 12 LISTA DE TABELAS CAPÍTULO III Página Tabela 1 - Tabela 2 - Tabela 3 - Tabela 4 - Tabela 5 - Tabela 6 - Tabela 7 - Tabela 8 - Tabela 9 - Tabela 10 - Médias e desvios-padrão das variáveis ambientais no período de 15:40 às 17:50h referentes à observação comportamental de vacas Pardo-Suíça de alta e baixa produção.................................................. 75 Médias e desvios-padrão das variáveis ambientais organizadas em períodos e referentes à observação comportamental noturna de vacas Pardo-Suíça de alta e baixa produção........................................ 76 Médias e desvios-padrão das variáveis ambientais referentes ao período de determinação das respostas fisiológicas de vacas PardoSuíça de alta e baixa produção............................................................. 77 Médias e desvios-padrão das variáveis ambientais organizadas em períodos e referentes à observação comportamental diurna de vacas Pardo-Suíça, de alta e baixa produção................................................. 78 Médias e desvios-padrão de indicadores de condição ambiental organizadas em períodos e referentes à observação comportamental diurna de vacas Pardo-Suíça de alta e baixa produção........................ 79 Médias e desvios-padrão do tempo, em minutos, organizado em três períodos e referentes às respostas comportamentais diurnas de vacas Pardo-Suíça de alta e baixa produção.................................................. 80 Médias e desvios-padrão do tempo, em minutos, organizado em três períodos e referentes à ruminação diurna de vacas Pardo-Suíça de alta e baixa produção........................................................................... 82 Médias e desvios-padrão do tempo, em minutos, organizado no período de 15:40 à 17:50h e referentes às respostas comportamentais diurnas de vacas Pardo-Suíça de alta e baixa produção............................................................................................... 83 Médias e desvios-padrão do tempo, em minutos, organizado em cinco períodos e referente às respostas comportamentais noturnas de vacas Pardo-Suíça de alta e baixa produção........................................ 84 Médias e desvios-padrão da frequência cardíaca e das temperaturas retal e superficial de vacas Pardo-Suíças de alta e baixa produção, submetidas à ambientes de pré ordenha de sol e sombra.................................................................................................. 86 13 Tabela 11 - Médias e desvios-padrão da frequência respiratória de vacas PardoSuíças de alta e baixa produção, submetidos a ambientes de pré ordenha de sol e sombra....................................................................... 89 14 CAPÍTULO IV Página Tabela 1 - Tabela 2 - Tabela 3 - Tabela 4 - Tabela 5 - Composição química dos ingredientes da ração, fornecida a vacas Pardo-Suíças criadas em sistema Biodinâmico de produção............... 109 Variáveis meteorológicas de dois ambientes de pré ordenha de vacas Pardo-Suíças de baixa e alta produção...................................... 109 Médias das variáveis fisiológicas referentes ao dia de colheita de material sorológico para análise hormonal (T3, T4 e cortisol) de vacas Pardo-Suíças de baixa e alta produção leiteira.......................... 109 Médias e desvios-padrão da Produção, composição físico-química e CCS do leite de vacas Pardo-Suíças criadas em sistema Biodinâmico de produção.................................................................... 110 Médias e desvios-padrão dos valores hormonais plasmáticos de vacas Pardo-Suíças criadas em sistema Biodinâmico de produção..... 110 15 LISTA DE QUADROS CAPÍTULO II Página Quadro 1 - Compilação de dados sobre os percentuais de lactose do leite de vacas criadas em sistemas de produção ecológica e convencional...... 52 Compilação de dados sobre os percentuais de gordura do leite de vacas criadas em sistemas de produção ecológica e convencional...... 54 Compilação de dados sobre os percentuais de proteínas totais do leite de vacas criadas em sistemas de produção ecológico e convencional........................................................................................ 56 Quadro 4 - Compilação de dados sobre os percentuais de sólidos totais e sólidos não gordurosos do leite de vacas criadas em sistemas de produção ecológico e convencional..................................................................... 58 Quadro 2 - Quadro 3 - Quadro 5 - Compilação de dados sobre os valores de CCS de vacas criadas em sistemas de produção ecológica e convencional.................................. 61 16 SUMÁRIO Página INTRODUÇÃO...................................................................................................... Referências......................................................................................................... 17 20 CAPÍTULO I - Influência do Sombreamento e dos Sistemas de Resfriamento no Conforto Térmico de Vacas Leiteiras: Revisão............................ 21 Resumo............................................................................................................... Abstract............................................................................................................... Introdução........................................................................................................... Eficiência de conforto térmico e das estruturas de sombreamento Efeito do sombreamento e dos sistemas de resfriamento sobre a produção de vacas leiteira....................................................................................................... Considerações finais........................................................................................... Referências......................................................................................................... 22 22 23 25 30 37 38 CAPÍTULO II - Características de Produção, Composição e Contagem de Células Somáticas de Leite Bovino Ecológico e Convencional: Revisão............................................................. 41 Resumo............................................................................................................... Abstract............................................................................................................... Introdução........................................................................................................... Produção biodinâmica................................................................................... Produção agroecológica................................................................................ Produção orgânica......................................................................................... Características gerais do sistema ecológico de produção de leite...................... Composição do leite........................................................................................... Lactose.......................................................................................................... Gordura......................................................................................................... Proteínas totais.............................................................................................. Sólidos totais e sólidos não gordurosos........................................................ Contagem de células somáticas e saúde do úbere.............................................. Considerações finais........................................................................................... Referências......................................................................................................... 42 42 43 43 45 46 48 52 52 53 55 56 58 62 64 CAPÍTULO III - Respostas Comportamentais e Fisiológicas de Vacas Leiteiras Criadas em Sistema Biodinâmico em Clima Semiárido........... 68 Resumo............................................................................................................... Introdução........................................................................................................... Material e métodos............................................................................................. Ensaio I......................................................................................................... Ensaio II........................................................................................................ Resultados e discussão........................................................................................ Ensaio I......................................................................................................... Ensaio II........................................................................................................ 69 70 71 73 76 78 78 85 17 Conclusões.......................................................................................................... Agradecimentos.................................................................................................. Referências......................................................................................................... 90 90 91 CAPÍTULO IV - Influência do Ambiente de Pré Ordenha Sobre Produção, Composição, Contagem de Células Somáticas do Leite e Hormônios de Vacas Criadas em Sistema Biodinâmico........ 93 Abstract............................................................................................................... Resumo............................................................................................................... Introdução........................................................................................................... Material e métodos............................................................................................. Resultados e discussão........................................................................................ Conclusões.......................................................................................................... Agradecimentos.................................................................................................. Referências bibliográficas.................................................................................. 94 95 95 96 98 106 106 106 ANEXOS 111 16 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CCS: Contagem de células somáticas CTR: Carga térmica radiante CSTR: Centro de Saúde e Tecnologia Rural CV: Coeficiente de variação DIC: Delineamento inteiramente casualizado h: Hora ha: Hectare ICL: Instalações climatizadas ICO: Instalações controle IN: Instrução normativa ITGU: Índice de temperatura de globo negro e umidade ITU: Índice de temperatura e umidade PROGENE: Programa de gerenciamento de rebanhos leiteiros do Nordeste PPGMV: Programa de pós graduação em medicina veterinária RPM: Rotação por minuto S: Sombra artificial SV: Sombra com ventilação SVA: Sombra com ventilação e aspersão SNG: Sólidos não gordurosos TA: Temperatura do ar TGN: Temperatura de globo negro TPO: Temperatura do ponto de orvalho TS: Tela sombrite T3: triidotironina T4: Tiroxina UF: Unidade funcional UFCG: Universidade Federal de Campina Grande UR: Umidade relativa do ar 17 INTRODUÇÃO A demanda por alimentos tem aumentado consideravelmente, porém a oferta em decorrência de vários fatores não atende satisfatoriamente a população Brasileira, principalmente quanto aos produtos de origem animal, como o leite e a carne, indispensáveis à alimentação humana. Dentre os fatores que contribuem negativamente para a produção bovina, destaca-se o clima, que afeta direta e indiretamente os animais, prejudicando o seu bem-estar e sua produtividade. Cerca de dois terços, do território brasileiro está situado na faixa tropical do planeta, onde predominam as altas temperaturas do ar, consequência da elevada radiação solar incidente (PIRES et al., 2000), O Nordeste é a região mais atingida pelas intempéries climáticas, com 74,30% da superfície classificada como de clima semiárido. A zona semiárida do Brasil compreende todos os estados da região Nordeste, parte de Minas Gerais e do Espírito Santo em uma área total que abrange cerca de 974.752 Km2 (AYOADE, 1991) e abriga 40% da população do Nordeste. No estado da Paraíba a Zona de clima Semiárido, ou clima Bsh (Classificação de Kooppen) ocupa a parte central do estado, na superfície do planalto da Borborema, desde a zona do Brejo até o Sertão, com chuvas irregulares e média pluviométrica de 400 mm ao ano, chamando-se a atenção para o reduzido índice médio anual pluviométrico da cidade de Cabaceiras (279 mm), onde o mês mais chuvoso geralmente não ultrapassa os 60 mm de pluviosidade (PARAÍBA, 2004). Mesmo com clima adverso à produção animal, havendo boas condições de conforto térmico, a bovinocultura leiteira constitui-se em uma atividade de grande relevância para a economia das regiões de clima semiárido, gerando emprego e renda para as populações do campo e supre as necessidades alimentares através do leite e seus derivados tanto para a população rural como para a urbana. No entanto, Rossarolla (2007), destaca que vacas em lactação submetidas a estresse térmico diminuem o pastejo e a deambulação, pastando à noite e buscando sombra e imersão em água durante o dia, além de apresentarem aumento da frequência respiratória, redução na ingestão de alimentos e aumento na ingestão de água, havendo, no entanto, uma redução do efeito climático sobre estas e outras variáveis, quando os animais são alojados em áreas que possuem sombreamento. 18 Segundo Baêta e Souza (1997), não há melhor sombra do que a natural (árvores), pois a vegetação transforma a energia solar através do processo fotossintético em energia química latente, reduzindo a incidência de insolação durante o dia e que na ausência de árvores nas pastagens, a proteção aos animais contra a insolação direta pode ser feita de forma artificial, podendo, de acordo com as suas características de isolamento térmico, absorção e refletividade da radiação solar, reduzir aproximadamente 30% da carga térmica radiante, quando comparado à recebida pelo animal ao ar livre. Animais expostos ao estresse ambiental alteram o seu metabolismo basal, de água e eletrólitos, o equilíbrio ácido-básico, mudanças na fermentação ruminal e funções endócrinas, como forma de aliviar os efeitos do estresse, atribuindo à alta temperatura a promoção de alterações no rendimento e na composição do leite, sendo os bovinos tropicais (Bos indicus) mais tolerantes ao calor do que os europeus (Bos taurus), não havendo, contudo, redução na produção e composição láctea em uma variação de temperatura ambiente entre 10 e 20 ºC, ficando assim, estabelecida uma zona de conforto térmico onde o animal mantém constante a sua temperatura corpórea sem variar o seu metabolismo basal (Dukes, 1996). Estudos (Silva et al., 2002; Perissinoto et al., 2006) tem demonstrado que ao utilizar-se de artifícios geradores de melhorias das condições ambientais das instalações (ventiladores, nebulizadores, chuveiro em sala de espera, dentre outros), a resposta produtiva dos animais é sempre positiva, devido a criação de um microclima capaz de promover o bem-estar animal a partir de uma determinada zona de termoneutralidade. Silva et al. (2002), avaliando o efeito da climatização (conebulização e ausência dela) do curral na produção de leite de vacas holandesas momentos antes da ordenha, verificaram que quando se resfria o ambiente tem-se uma redução de 2,53 ºC na temperatura do ar, 2,36 ºC na temperatura de globo negro (TGN), refletindo em aumento médio diário de 7,28% na produção de leite. No que se refere ao sistema Biodinâmico, há pouca publicação literária direcionada para a bovinocultura leiteira, mas esse sistema é utilizado visando um aumento na qualidade de vida e produtiva dos animais, face ao equilíbrio ambiental do Biodinâmico sobre os mesmos (Schorr, 1996), e que o leite e derivados de vacas criadas nesse sistema, tem plena aceitação por um público que reconhece a sua qualidade diferenciada (Lempek, 2004). Steiner (2010), relata que a quantidade e qualidade do que se é produzido pelos bovinos não tem relação apenas com o aspecto nutricional, mas principalmente, à capacidade em potencializar os nutrientes de sua dieta através das forças cósmicas livres no ambiente. 19 Com a realização do presente estudo o objetivo foi avaliar a influência do ambiente de pastejo sobre o comportamento e de dois ambientes de pré ordenha sobre as respostas produtivas, fisiológicas, hormonais e a qualidade do leite de vacas da raça Pardo-Suíça criadas em sistema Biodinâmico de produção no semiárido paraibano. 20 REFERÊNCIAS AYOADE, J. O. Introdução à climatologia para os trópicos. 3. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1991. 332 p. BAÊTA, F. C.; SOUZA, C. F. Ambiência em edificações rurais: conforto animal. Viçosa: UFV, 1997, 246p. CUNNINGHAM, J. G. Tratado de fisiologia veterinária. 2 ed. Rio de Janeiro: 1999, 528 p. DUKES, H. H. Fisiologia dos animais domésticos. 11 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan: 1996, 856p. LEMPEK, R. Demétria hoje. Rio Grande do Sul, 2004. Disponível em: <http://www.biodinamica.org.br/historia/Dem%C3%A9tria%20hoje.pdf>. Acesso em: 20 jul. 2011. PARAÍBA. Superintendência do Desenvolvimento do Meio Ambiente – Sudema; Centro de Estudos Técnicos e Científicos da Paraíba. Atualização do Diagnóstico Florestal do Estado da Paraíba. João Pessoa, 2004, 266p. ROSSAROLLA, G. Comportamento de vacas leiteiras da raça holandesa, em pastagem de milheto com e sem sombra. Santa Maria, 2007. 46 p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) – Centro de Ciências Rurais – Universidade Federal de Santa Maria, UFSM. PERISSINOTTO, M.; MOURA, D. J.; MATARAZZO, S. V.; SILVA, I. J. O.; LIMA, K. A. O. Efeito da Utilização de Sistemas de Climatização nos Parâmetros Fisiológicos do Gado Leiteiro. Rev. de Engenharia. Agrícola, Jaboticabal, v. 26, n. 3, p. 663-671, set./dez. 2006. PIRES, M. F. A.; TEODORO, R. L.; CAMPOS, A. T. Efeito do estresse térmico sobre a produção de bovinos. In: CONGRESSO NORDESTINO DE PRODUÇÃO DE RUMINANTES. RUMINANTES E NÃO RUMINANTES, 2., 2000, Teresina. Anais... Teresina: Sociedade Nordestina de Produção Animal, 2000. p. 87-105. SCHORR, M. K. A Agroecologia, Agricultura Biodinâmica e a Permacultura: para as Áreas de Proteção Ambientais Brasileiras. Agricultura Instituto Ânima de Desenvolvimento Sustentável, 1996, 155p. SILVA, I. J. O.; PANDORFI, H.; ACARARO Jr., I.; PIEDADE, S. M. S.; MOURA, D. J. Efeitos da Climatização do Curral de Espera na Produção de Leite de Vacas Holandesas. Rev. Brasileira de Zootecnia, v. 31, n. 5, p. 2036-2042, 2002. STEINER R. Fundamentos da Agricultura Biodinâmica: vida nova para a terra. Tradução de Gerard Bannwart. 3. ed. São Paulo, Antroposófica, Botucatu, Sp. 2010, 239p. 21 CAPÍTULO I INFLUÊNCIA DO SOMBREAMENTO E DOS SISTEMAS DE RESFRIAMENTO NO CONFORTO TÉRMICO DE VACAS LEITEIRAS: REVISÃO Artigo publicado na Revista Agropecuária Científica no Semiárido (anexo 1). 22 INFLUÊNCIA DO SOMBREAMENTO E DOS SISTEMAS DE RESFRIAMENTO NO CONFORTO TÉRMICO DE VACAS LEITEIRAS: REVISÃO. Alberio Lopes Rodrigues Med. Veterinário, Doutorando do Programa de Pós-graduação em Medicina Veterinária, UFCG, Patos-PB. E-mail: [email protected] Bonifácio Benício de Souza Zootecnista, Prof. Associado - UAMV/CSTR/UFCG, Caixa postal 64, 58.708-110, Patos-PB. E-mail: [email protected] José Morais Pereira Filho Med. Veterinário, Prof. Adjunto - UAMV/CSTR/UFCG, Caixa postal 64, 58.708-110, PatosPB. E-mail: [email protected] RESUMO: O objetivo desta revisão foi avaliar a importância da utilização de sombras e do resfriamento da sala de espera de ordenha no conforto térmico de vacas leiteiras, com base nas variáveis e índices ambientais, e na produção de leite, a partir de relatos encontrados na literatura vigente. Foram abordadas informações, em sua maioria, de artigos publicados nos últimos cinco anos, que retratam a importância da utilização do sombreamento, tanto natural, como artificial e ainda, que evidenciam o papel dos sistemas de resfriamento das instalações, principalmente da sala de espera de ordenha sobre a produção de leite dos bovinos em lactação. A partir do que foi observado, verificou-se que vacas leiteiras têm a sua produção influenciada diretamente pelas condições ambientais em que estão inseridas, e que o sombreamento e a utilização de sistemas de resfriamento da sala de espera, podem contribuir para a elevação da produção de leite dos animais supracitados, bem como, do bem estar dos animais, configurando-se em estratégias de grande relevância para a pecuária leiteira. Palavras-chave: Estresse térmico; sombra; ambiente animal. INFLUENCE OF SHADE AND COOLING SYSTEMS ON THE THERMAL COMFORT FOR DAIRY COWS: REVIEW. ABSTRACT: This review aimed to evaluate the importance to offer shades and cooling systems at the waiting room for milking on the thermal comfort for dairy cows, based in environmental variables and indexes and in the milk production from data present in scientific 23 literature. The approached information were from articles published in the last five years which evidenced the importance to offer natural or artificial shades, besides the role of cooling systems, mainly in the waiting room for milking, for the milk production. Based in this material it was verified that dairy cows have their production influenced by the environmental conditions besides the cooling systems and the offer of shades at the waiting room contribute to improve the milk production, therefore the use of these strategies have great relevance for the dairy industry. Key-Words: Thermal stress; shade; animal environment INTRODUÇÃO A preocupação com a produção animal tem atraído a atenção e esforços de muitos pesquisadores, em que, através das diversas áreas do conhecimento científico, foram evidenciadas dúvidas e apontadas alternativas capazes de melhorar o rendimento dos animais de produção. No entanto, o entendimento da relação existente entre o animal e os fatores ambientais, ainda não está totalmente definido, devido ao respeito das características intrínsecas de cada espécie, e dentro de cada uma delas, a raça, o indivíduo, a sua idade e o sexo. Deve-se considerar também as distinções ambientais em que os animais se inserem, já que o clima é fator de grande influência na produção dos mesmos, podendo interferir em seu bem-estar, principalmente no que se refere ao clima tropical, devido a sua maior adversidade ambiental (McDOWELL, 1972). De acordo com Silva (2000), vacas leiteiras sob estresse térmico, têm o seu desempenho produtivo e reprodutivo reduzido devido ao uso da termorregulação, podendo serem acometidas por um desconforto térmico brando, intermediário ou severo, devendo, contudo, distinguir a perda de produção por tal desconforto, da perda ocasionada pelo baixo valor nutritivo das pastagens, parasitoses, manejo inadequado do rebanho, dentre outros. 24 Cerca de dois terços, do território brasileiro está situado na faixa tropical do planeta, onde predominam as altas temperaturas do ar, consequência da elevada radiação solar incidente, sendo o Nordeste a região mais atingida, com 74,30% da superfície classificada como semiárido. Nesta região as altas temperaturas do ar associada com intensa radiação solar impõe carga adicional de calor nos animais a pasto, ocasionando estresse calórico e queda na produção (PIRES et al., 2000). A zona de clima semi-árido do Brasil compreende todos os estados da região Nordeste, parte de Minas Gerais e do Espírito Santo, representando uma área que abrange aproximadamente de 974.752 Km2 (AYOADE, 1991). Mesmo com clima adverso à produção animal, em boas condições de conforto térmico, a bovinocultura leiteira é uma atividade de grande relevância para a economia das regiões de clima tropical, por gerar emprego e renda para as populações do campo e suprimento alimentar de leite e seus derivados para a população em geral. Contudo, deve-se destacar, como cita Rossarolla (2007), que vacas em lactação submetidas a estresse térmico diminuem também o pastejo e o exercício, pastando à noite e buscando sombra e imersão em água durante o dia, além de apresentarem aumento da frequência respiratória, redução na ingestão de alimentos e aumento na ingestão de água, havendo, no entanto, uma redução do efeito climático sobre estas e outras variáveis, quando os animais são alojados em áreas que possuem sombreamento. Animais expostos ao ar livre têm na radiação solar o principal responsável pelo acréscimo do calor corpóreo. Durante o dia, parte do calor absorvido pelos animais provém da radiação solar direta ou indireta, que causa estresse, sendo as diversas estruturas de sombreamento importantes atenuadores dessa radiação sobre os animais, variando de importância de acordo com o microclima e a sua eficiência (BAÊTA e SOUZA, 1997). Ainda segundo Baêta e Souza (1997), não há sombra melhor do que a natural (árvores), pois a vegetação transforma a energia solar através do processo fotossintético, em 25 energia química latente, reduzindo a incidência de insolação durante o dia, e que na ausência de árvores nas pastagens, a proteção aos animais contra a insolação direta pode ser feita através de abrigos com material de coberturas diversos (madeira, tela sombrite, telha cerâmica, telha de cimento amianto, cobertura em metal galvanizado, dentre outros), podendo, de acordo com as suas características de isolamento térmico, absorção e refletividade da radiação solar, reduzir aproximadamente 30% da carga térmica radiante, quando comparado a carga radiante recebida pelo animal ao ar livre. Além do cuidado nas pastagens, estudos (NÄÄS & ARCARO JÚNIOR 2001; SILVA et al., 2002) têm demonstrado que a melhoria das condições ambientais da sala de pré ordenha com ventiladores, nebulizadores, chuveiros, dentre outros, promove resposta produtiva positiva dos animais, devido ao favorecimento da criação de um microclima capaz de promover o bem-estar animal, a partir de uma determinada zona de termoneutralidade. Esta revisão teve por objetivo descrever a importância da utilização de sombras e do resfriamento da sala de espera de ordenha (pré ordenha), no conforto térmico de vacas leiteiras, com base em variáveis e índices ambientais e na produção de leite, a partir de informações encontradas na literatura vigente. Eficiência de conforto térmico das estruturas de sombreamento Os bovinos, em especial os de aptidão leiteira, devido ao seu maior consumo de alimentos, que implica em um aumento na produção de calor metabólico e consequente dificuldade de equilíbrio térmico, quando submetidos à condições de calor ambiental (AZEVEDO, 2005), conseguem segundo Schütz et al. (2009) identificar locais sombreados que oferecem uma maior proteção contra a radiação solar, a fim de amenizarem o estresse calórico ao qual se encontram. 26 Schütz et al. (2009), chegaram a esta conclusão ao avaliarem o comportamento de vacas leiteiras Holandesas em clima temperado, que ao serem submetidas a combinações de níveis diferentes de proteção de sombra artificial com 99 e 25; 99 e 50; 50 e 25 % de proteção contra a radiação solar, verificaram que nas horas mais quentes dos dias pesquisados, 73,3% dos animais passaram mais tempo sob a proteção de 99 % na combinação 99 e 25 % (P<0,01), e 72 % dos mesmos preferiram a proteção de 50 % na combinação 50 e 25 % (P<0,01). Não foi verificado, contudo, diferença significativa para a combinação 99 e 50 % (P>0,05), Assim, considerando-se a necessidade do fornecimento de sombra para a mitigação dos efeitos térmicos ambientais sobre os animais de clima temperado nas horas quentes do dia, pode-se predizer que em regiões de clima semiárido, onde o fotoperíodo e a alta temperatura ocorre por várias horas do dia e por um longo período do ano (PARAÍBA, 2004), os animais estão mais expostos às intempéries climáticas, o que sugere a necessidade da disponibilidade de sombras de qualidade a esses animais. Com base a sugerir um tipo de sombra que oferecesse conforto térmico considerável a novilhas holandesas e mestiças Holandesa x Jersey, Conceição (2008) avaliou dois tipos de sombreamento sólido (telhas de fibrocimento e telhas galvanizadas), sombreamento flexível (tela de polipropileno com 80 % de proteção solar) e o efeito do não sombreamento sobre os animais (animais ao sol). A autora verificou que o maior efeito positivo da qualidade do sombreamento é evidenciado nos horários em que a radiação solar é mais elevada, nos horários das 10:00 às 15h:00min, verificando-se reduções percentuais médias de carga térmica radiante (CTR) de 12,3; 9,6 e 7,2 % (P<0,05) para as telhas de fibrocimento, galvanizadas e tela de polipropileno, respectivamente, em relação ao tratamento controle (sem sombra). Conceição (2008) verificou também, maior condição de conforto térmico da telha de fibrocimento em relação ao índice de temperatura de globo negro e umidade (ITGU) nas condições experimentais já mencionadas, pois embora tenha havido grande variação deste 27 índice entre os tratamentos e os horários do dia pesquisados, de maneira geral, foi verificada, uma redução satisfatória do ITGU à sombra em relação ao sol e que as sombras sólidas, quando comparadas à tela, proporcionaram melhores resultados de conforto térmico. Quanto à estruturas sólidas de cobertura, Sevegnani et al. (1994) atribuem a telha cerâmica uma boa característica de conforto térmico, pois os autores avaliando telhados com telhas cerâmica, cimento amianto, térmica, zinco, alumínio e telha de fibra de vidro translúcida, verificaram no horário das 14h:00min, período em que a incidência solar sobre os telhados foi maior, que a telha de barro (cerâmica) conferiu as melhores condições de conforto térmico quando comparada com as demais, mediante a sua capacidade de redução da CTR e sua baixa absorção de energia solar. Por outro lado, as telhas de zinco, por apresentarem alta absorção da irradiação solar e baixa refletividade, juntamente com a telha de fibra de vidro, apresentaram a pior condição de conforto térmico. A simples presença de sombra na pastagem, embora confira um conforto térmico considerável aos animais, parece não ser o bastante, pois dependendo do tamanho de sua área, pode-se observar níveis de bem-estar diferentes aos bovinos trabalhados. Mellace (2009), trabalhando com efeito do tamanho de área de cobertura de abrigos sobre o conforto de novilhas Jersey e Holandesas puras, e ainda, mestiças de ambas as raças, verificou diferença estatística (P<0,05) na temperatura de globo negro (TGN) entre uma área sem sombra (controle), comparada as áreas com 1,5; 3,0; 5,0 e 8,0 m2 de sombra animal-1, constatando uma redução desta variável de 37,2 para 29,8 ºC, da área não sombreada frente à de 8,0 m2 animal1 , representando um decréscimo de 7,4 °C (19,89 %). A possibilidade de construção de abrigos artificiais em pastagens constitui-se em uma alternativa de sombreamento de grande importância, devendo, todavia, ressaltar o fato de que as características do material de construção dos abrigos devem interagir entre si, de modo a serem compatíveis com as condições ambientais prevalecentes, uma vez, que o ambiente compõe-se de um complexo de fatores que envolve determinada espécie de ser vivo, podendo 28 ser favorável ou não ao seu desenvolvimento biológico, produtivo e reprodutivo (TITTO et al., 2008). Quanto ao sombreamento natural, Silva et al. (2008) avaliando a eficiência de sombreamento da Acacia holosericea, verificaram diferença estatística (P<0,05) nos valores de CTR (532,8 e 670,9 Wm-2) e ITGU (80,3 e 85) sob a copa das árvores e ao pleno sol, respectivamente, demonstrando que o sombreamento das árvores foi capaz de proporcionar uma redução de 26% na carga radiante em relação ao tratamento com exposição solar. Embora a redução do ITGU promovida pelas árvores tivesse sido significativo estatisticamente nos resultados de Silva et al. (2008), ainda não foi o suficiente para promover um conforto térmico a vacas leiteiras de origem européia, pois segundo o NATIONAL WEATHER SERVICE (1976 apud Baêta, 1985) valores de ITGU para vacas Holandesas em lactação inferiores a 74, representam condição de conforto térmico; de 74 a 79, alerta; entre 79 a 84, perigo e acima de 84 indicam situação de emergência, assim a escolha do tipo da árvore a ser plantada nos piquetes de produção, também deve ser um fator importante no processo de promoção de conforto térmico aos bovinos leiteiros. O sistema silvipastoril propiciou um ambiente de conforto térmico favorável a vacas leiteiras, tanto no inverno como no verão, já que esses bovinos apresentaram o mesmo período de tempo de pastejo, ruminação e ócio em ambas as estações estudadas por LEME et al. (2005). Ainda segundo LEME et al., (2005), mesmo os animais passando 69% do seu tempo diário à sombra, o tempo de pastejo não foi reduzido, já que boa parte desse tempo ocorreu sob a copa das árvores e em conforto térmico, condição confirmada com a igualdade de tempo (P>0,05) que os animais passaram deitados ao sol e à sombra durante o descanso, independente da época do ano, devido, possivelmente, ao micro clima propiciado pela dispersão das árvores no piquete experimental, que promoveu redução na TGN de 6,5 ºC sob suas copas em comparação ao sol, sendo as árvores de maior altura e de copa globosa/densa, 29 as que conferiram maior redução da irradiação solar, inferindo-se, portanto, ao sistema silvipastoril, a capacidade de amenizar as intempéries ambientais no entorno das árvores. A este respeito, Guiselini et al. (1999) avaliando a eficiência de conforto térmico de quatro espécies de árvores diferentes: santa bárbara (Melia azedarach), leucena (Leucaena leucocephala), chapéu de sol (Terminalia catappa) e o bambu (Bambusa vulgaris), constataram que esta última espécie apresentou resultados de TGN, índice de temperatura e umidade (ITU) e CTR mais favoráveis ao conforto térmico animal nas horas mais quentes do dia (13:00 às 16h:00min), do que a leucena (P<0,05), não havendo, contudo, diferença estatística (P>0,05) entre o bambu e as outras duas espécies pesquisadas. Assim, por ocasião desse trabalho, verificou-se sob a sombra da leucena às 15h:00min valores de TGN, ITU e CTR de 37,78 ºC; 84,21 e 650 Wm-2, respectivamente, e sob a copa do bambu, os valores destes mesmos índices foram, respectivamente, 29,92 ºC; 81,12 e 528 W m-2. Os autores inferiram ainda, que plantas com copas densas, não raleadas, de porte e projeção de sombras grandes, conferem boas condições de conforto térmico aos animais de produção. Qualquer copa de árvore ou outro tipo de sombra que consiga reduzir os índices e variáveis ambientais, representa papel importante na pecuária leiteira, pois no que se refere particularmente a TGN, Barbosa et al. (2004) citam que valores de TGN iguais ou próximas a temperatura corpórea, impedem a perda de calor do animal por condução, convecção e radiação durante o período da tarde, obrigando-os a perder calor por evaporação, para tanto, os animais tem que aumentar a sudorese e a sua freqüência respiratória, representando um quadro, em uma avaliação simplista, de no mínimo estresse moderado. A utilização do sombreamento, seja nas pastagens (KENDALL et al., 2006) ou em instalações de produção intensiva (MARTELLO et al., 2004; PERISSINOTTO et al., 2007), influenciam diretamente na produção de leite dos bovinos. Trabalhos de pesquisa (NÄÄS & ACARO JÚNIOR, 2001; SILVA et al., 2002; BARBOSA et al., 2004;) com emprego de sistemas de resfriamento evaporativos, foram realizados na sala de espera de ordenha, a fim 30 de avaliar a influência do uso de ventilação, aspersão, nebulização, dentre outros, na produção de leite de bovinos, conforme apresentado na sequência desta revisão. Efeito do sombreamento e dos sistemas de resfriamento sobre a produção de vacas leiteiras. O ambiente térmico exerce forte influência sobre o desempenho animal por afetar os mecanismos de transferência de calor e, assim, a regulação do balanço térmico entre o animal e o meio. O animal dentro de um ambiente térmico considerado adequado, produzirá de acordo com o seu potencial genético, em que os limites térmicos do ambiente estabelecidos como confortantes ou estressantes, podem sofrer variações em função da região e dos tipos/raças animais utilizados na propriedade (PERISSINOTTO, 2009). Para Azevedo et al. (2005), vacas mestiças Holandês-zebu são mais resistentes as intempéries climáticas que as de puro sangue Holandês. Silva et al. (2002) relatam que o problema principal das raças leiteiras de origem europeia está na sua difícil adaptação ao clima tropical, que devido a sua alta produtividade sofrem problemas de alterações fisiológicas e comportamentais provocados pelo estresse térmico, levado a redução na produção de leite. A maior adaptação dos zebuínos ao clima quente está na sua capacidade de perder calor pela sudorese de forma mais efetiva, pois possuem maior número de glândulas sudoríparas ou maior volume de secreção, pêlos mais curtos e maior superfície em relação à massa corporal, apresentando um mecanismo termorregulatório mais eficiente que os taurinos (PEREIRA et al., 2008). Vacas leiteiras vazias submetidas ao estresse térmico reduzem significativa e consideravelmente a ingestão alimentar, conduzindo a um comprometimento do aproveitamento dos nutrientes da dieta, sendo verificada por Passini et al. (2009) redução de 49 e 55 % na digestibilidade de matéria seca e de proteína bruta (P<0,05), respectivamente, 31 dos animais mantidos em estresse em câmara bioclimática a 38 ºC, comparado àqueles em condição de conforto térmico (21 ºC) na mesma câmara. As vacas de alta produção leiteira são mais sensíveis aos efeitos do estresse térmico do que àquelas de menor produção. Por apresentarem maior demanda alimentar, vacas com alta capacidade produtiva não tem as suas necessidades nutricionais atendidas devido à redução na ingestão alimentar provocada por condição ambiental desconfortante (SILVA, 2000). Essa assertiva foi evidenciada por Ahmed e Amin (1997) ao compararem o desempenho produtivo de vacas Holandesas frente às nativas do Sudão (raça Butana). Com ambas as raças mantidas à sombra, mas em condição de temperatura média máxima de 42 ºC, os autores verificaram redução no consumo alimentar das vacas Holandesas aproximadamente três vezes superior à redução do consumo das vacas nativas, sendo progressiva do início até o final do experimento com queda na produção de leite nesta mesma ordem cronológica. Quanto às nativas, embora, com produção leiteira muito inferior às holandesas, permaneceram com o consumo e a produção láctea praticamente inalterados por todo o período de pesquisa. Silva et al. (2009), avaliando o comportamento e desempenho produtivo de vacas da raça Pitangueiras com e sem acesso à sombra de tela de polipropileno com 80% de proteção solar, não verificaram diferença estatística na produção de leite das vacas de ambos os tratamentos, mesmo com valores médios ambientais de ITGU e TGN no turno da tarde iguais a 85 e 36 ºC, respectivamente, inferindo-se que em animais adaptados ao calor e de baixa produção o efeito do ambiente sobre a sua produção láctea é praticamente inexistente. Silva et al. (2009) verificaram também, que nos horários mais quentes do dia os animais com cesso a sombra buscavam o abrigo e permaneciam com atividade de ruminação e ócio, enquanto os animais expostos ao sol diminuíam a atividade de pastejo e aumentavam o tempo gasto no ócio. Embora os resultados de Silva et al. (2009) não remetam à elevação produtiva em animais de baixa produção submetidos à oferta de sombra na pastagem, não significa dizer 32 que essa categoria animal não deva desfrutar de um ambiente climático confortável, já que o máximo desempenho animal, independente de seu nível produtivo, somente se expressa plenamente em condições ambientais confortantes, e que, através da aplicação de estratégias de manejo nas instalações de criação, os fatores estressantes devem ser abolidos, ou ainda mitigados, com intuito de favorecer as funções fisiológicas dos animais de produção (BAÊTA & SOUZA, 1997; SILVA et al. 2002). A intensidade e o tempo de permanência a que os bovinos leiteiros submetem-se ao estresse térmico, parece ditar o ritmo na escala de perda produtiva, e ainda, conduzem as conseqüências de tal estresse por um período superior a permanência do mesmo. Fato evidenciado por Perissinotto et al. (2007), que verificaram ao longo de um ano de pesquisa, que as vacas leiteiras reduziram a sua produção nos meses de junho a setembro, período em que a temperatura do ar estava mais elevada (época quente do ano) em relação aos demais meses, contudo, apesar do mês de outubro não ter apresentado nenhum fator ambiental ou alimentar que remetesse a estresse calórico, manteve-se registro de queda na produção leiteira semelhante aos meses anteriores. Bayer et al. (1980 apud Perissinotto et al., 2007), explicam que quanto mais acentuado e prolongado for o período de estresse térmico, maiores serão os ajustamentos endócrinos da aclimatação e mais lenta a recuperação da produção de leite. Este aumento lento da produção de leite está de acordo com a recuperação de um cenário endócrino associado à termoneutralidade, que se baseia na recuperação dos valores de base dos hormônios da tireóide, da somatotropina e da prolactina. Dentre vários fatores, variáveis e índices climatológicos, a elevação da temperatura ambiente é determinante na queda de produção de leite e, conforme Dukes (1996), embora haja diferenças de tolerância entre os bovinos tropicais (Bos indicus) e os europeus (Bos taurus), não há redução na produção láctea para ambas as espécies em uma variação de temperatura ambiente entre 10 e 20ºC, ficando assim estabelecida uma zona de conforto 33 térmico onde o animal mantém constante a sua temperatura corpórea, sem variar o seu metabolismo basal. Entretanto, bovinos adaptados a ambientes de baixas temperaturas, parecem responder negativamente a elevação desta variável ambiental, mesmo quando a elevação ocorre em grau moderado, pois Kendall et al. (2006), verificaram na Nova Zelândia, no período quente do ano (média de temperatura de 18,5 ºC), uma queda significativa estatisticamente (P<0,05) da produção leiteira dos animais submetidos à ambiente sem sombra, comparado àqueles que tinham acesso a estruturas artificiais, que promovia 93 % de proteção à incidência solar, indicando, que mesmo em pequenas alterações de conforto ambiental, os animais ativam o seu sistema termorregulatório para manter a sua homeotermia. Apesar de ser o meio natural de controle da temperatura do organismo, a termorregulação representa esforço extra e, consequentemente, alteração na produtividade animal. A manutenção da homeotermia é prioridade para os animais e impera sobre as funções produtivas como produção de leite, reprodução, dentre outros e que o primeiro sinal de animais submetidos ao estresse térmico é o aumento da freqüência respiratória, a fim de promover a perda de calor por meio evaporativo (MARTELLO et al., 2004). Não obstante, Cunningham (2004) relata que a perda de produção animal durante o estresse está associada ao desvio dos nutrientes da sua dieta para a manutenção da temperatura corpórea, portanto, em situação de desconforto de temperatura do corpo, a energia provida do alimento será perdida principalmente pela ventilação pulmonar e sudorese. Martello et al. (2004) avaliando a produção de leite de vacas multíparas e primíperas alojadas em instalações climatizadas (ICL), instalações de piquetes com tela sombrite (TS) e instalações controle (ICO) (dispunham de sombra apenas sobre o comedouro), verificaram que as vacas multíparas do TS apresentaram produção maior (8,5 %) (P<0,01) que as dos tratamentos ICL e ICO, não havendo, contudo, diferença estatística entre estes dois 34 tratamentos. Quanto às primíparas, os melhores resultados de produção láctea foram observados nas instalações controle (P<0,01) em relação aos demais tratamentos. Ainda de acordo com Martello et al. (2004), os resultados observados para as multíparas possivelmente ocorreram devido a maior área de sombra animal-1 disponível do TS, enquanto para as primíperas, o sombreamento sobre o comedouro dos animais do tratamento ICO pode ter sido suficiente para aliviar o estresse ambiental nos momentos mais quentes do dia, não ocorrendo, portanto, reduções no consumo alimentar e na produção de leite. O efeito de uma maior área de sombra por animal sobre melhorias nas condições ambientais foi também registrado por Mellace (2009), como mencionado anteriormente nesta revisão. Silva et al. (2002) avaliando o efeito da climatização da sala de espera na produção de leite de vacas holandesas, momentos antes da ordenha, verificaram que quando se promove o resfriamento do ambiente através da nebulização, tem-se uma redução de 2,53 ºC na temperatura do ar e 2,36 ºC na TGN, refletindo em aumento médio diário de 7,28 % na produção de leite, sendo estes efeitos mais acentuados na ordenha da tarde, aproximadamente 11 % no tratamento experimental provido de sistema de resfriamento de nebulização em relação ao controle, verificando ainda, que as maiores quedas de produção láctea durante o período da pesquisa estiveram associadas aos elevados valores de ITU. Resultados semelhantes foram encontrados por Nääs e Arcaro Júnior (2001), que avaliando a influência da sombra artificial (S), sombra com ventilação (SV) e sombra com ventilação e aspersão (SVA) sobre o desempenho produtivo de vacas leiteiras de alta produção, verificaram, na ordenha da manhã, melhor desempenho produtivo lácteo para o SVA, seguido do SV e por último o S (P<0,05), enquanto à tarde, embora o melhor resultado tenha sido também observado para o SVA (P<0,05), não foi identificada diferença estatística 35 entre SV e S. Quando observada a produção total diária obtida no experimento, foi registrada uma diferença de 2,33 kg de leite animal dia-1 (11,33%) entre SVA e S. Embora os resultados dos autores anteriormente citados tenham relatado melhorias ambientais através do resfriamento pela manhã, o maior benefício do resfriamento de instalações ocorre no período da tarde, por ser neste turno onde as condições climáticas superam a faixa da termoneutralidade dos animais, e dessa forma, a eficiência do sistema de resfriamento torna-se mais evidente, maximizando as respostas do microclima interno das instalações e, por conseguinte, nas características fisiológicas (Silva et. al., 2002). Arcaro Júnior et al. (2003) em trabalho semelhante, não verificaram efeito do resfriamento (ventilação + aspersão) da sala de espera sobre a produção de leite de vacas holandesas, quando comparado ao uso de ventilação e ao controle (apenas sombra) (P>0,05), havendo, no entanto, um aumento significativo (P<0,05) no teor de gordura do leite dos animais submetidos ao tratamento com ventilação. Pinheiro et al. (2005), ao avaliarem vacas Jersey submetidas ao banho de aspersão e ventilação por 30 minutos antes da ordenha, também não verificaram diferença estatística (P>0,05) sobre a produção de leite dos animais submetidos ao ambiente climatizado, comparado ao controle (sem resfriamento), o que possivelmente esteve relacionado ao acesso dos animais à sombra durante o pastejo, o que reduziu a radiação direta recebida pelos animais e favoreceu o consumo alimentar, estabilizando a produção leiteira. O fato de não haver maior produção láctea de animais submetidos a ambientes climatizados, comparado aos animais que não dispõem das mesmas condições ambientais, não descaracteriza os efeitos positivos da climatização ambiental sobre os bovinos leiteiros, já que se observa regularmente em ambientes climatizados uma redução na TGN (ARCARO JÚNIOR et al., 2003), temperatura ambiente e ITGU (MARTELLO et al., 2004), além de outros índices e variáveis ambientais, que oferecem condições climáticas confortantes aos 36 animais, sendo o não aumento da produção de leite, muitas vezes, relacionado a fatores alheios às condições do ambiente. Resultados contrários aos autores até então apresentados nesta revisão, foram verificados por Barbosa et al. (2004), que em trabalho com vacas alojadas em piquetes expostas ao sol e a sombra, com metade dos animais de cada tratamento submetidos a banhos de aspersão, antes e após a ordenha, verificaram maior produção de leite (P<0,05) nos animais submetidos ao sol e que se submeteram ao banho, comparado aos animais com acesso a sombra e que receberam aspersão d’água. Estes achados, segundo os autores, podem estar relacionados a uma variabilidade maior para os animais expostos ao sol e não exclusivamente ao tratamento imposto. É importante ressaltar que os dados discutidos nesta seção apontam para a eficiência dos sistemas de resfriamento das salas de espera da ordenha frente a animais mantidos nessas salas sem resfriamento, ou seja, à sombra, sendo, portanto, necessário destacar que se estes dados fossem comparados às condições experimentais com animais ao sol, possivelmente a comparação das condições ambientais, apontaria para um melhor desempenho dos animais submetidos ao resfriamento momentos antes da ordenha na sala de espera. É, portanto, imprescindível que o sombreamento e o resfriamento de instalações de vacas leiteiras, ocupem importante papel na pecuária, de modo a potencializar a genética produtiva dos animais envolvidos nos diversos sistemas de produção, devendo, contudo, serem desenvolvidos trabalhos de pesquisa sobre a viabilidade econômica da implementação das estruturas artificiais nas pastagens e das adaptações com aparelhos climatizadores nas salas de espera da ordenha. Assim, diante do que já foi apresentado, este trabalho de revisão forneceu subsídios para não apenas conceber o sombreamento como fator importante na promoção do conforto térmico de vacas leiteiras, mas também, que as adaptações capazes de melhorar as condições ambientais nas instalações sombreadas, são estratégias que merecem a atenção da pesquisa 37 científica, pelo fato de conferirem condições termoneutras às vacas leiteiras, podendo, portanto, melhorarem a sua produção láctea. CONSIDERAÇÕES FINAIS Mesmo em condições de baixa temperatura ambiente (≤ 24 ºC), a sombra se faz necessária para mitigar os efeitos ambientais nas horas mais quentes do dia, podendo o sombreamento ser conferido naturalmente e artificialmente, e que dependendo do material de constituição de sombras artificiais, pode haver um maior ou menor conforto térmico, havendo ainda, influência da qualidade de sombra, com base no tamanho da área disponível ao animal. Em piquetes onde não existe sombreamento natural, abrigos artificiais podem ser utilizados promovendo resultados satisfatórios aos bovinos leiteiros, de forma definitiva, ou ainda, por período provisório, até que sejam introduzidas árvores que ofertem boa qualidade de sombra, uma vez, que a sombra natural confere redução na carga térmica radiante igual a 26 %, além de reduzir valores de ITU, ITGU e TGN. Em condições ambientais de alto desconforto térmico pelo calor, os animais têm seu consumo alimentar e produção láctea reduzidos, além de outras alterações fisiológicas, como medidas da função termorregulatória. 38 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AHMED, M. M. M.; AMIN, A. I. Effect of hot dry summer tropical climate on forage intake and milk yield in Holstein–Friesian and indigenous zebu cows in Sudan. Journal of Arid Environments, v. 35, p.737-745, 1997. ARCARO JUNIOR, I.; ARCARO, J. R. P.; POZZI, C. R.; FAGUNDES, H.; MATARAZZO, S. V.; OLIVEIRA, C. A. 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RESUMO: O objetivo desta revisão literária foi descrever as características produtivas e a composição do leite bovino produzido ecológica e convencionalmente, e ainda, avaliar a saúde do úbere de vacas criadas nesses sistemas com base na contagem de células somáticas (CCS). Foram apresentados valores de produção láctea e concentração de lactose, gordura, proteínas totais, sólidos totais e sólidos não gordurosos levemente inferiores no sistema ecológico em comparação ao convencional, sendo a CCS, menor nesse último, embora interfira quanti e qualitativamente no leite produzido em ambos os sistemas. Ao final, verificou-se que a pequena inferioridade na produção e nos constituintes do leite ecológico se deve a baixa utilização de tecnologias no manejo alimentar, sanitário, genético e das instalações envolvidos nesse sistema. A CCS se configura fator determinante na produção e na composição do leite bovino, sem distinção do sistema de criação. Palavras-chave: gordura; lactose; sistemas de produção. ABSTRACT: The objective of the present study were to describe the productions features and the milk cattle composition from ecological and traditions and making the evaluation about the health of the udder in cows from the system based on the somatic cell count (SCC). We showed about milk production and lactose concentration, lipids, total proteins, total solids and no lipids solids low in the ecological system in the comparison with the traditional system, The SCC was low in the last system, although can be make interfere and qualitatively quantities in the milk produced in both systems. In the last we can check one low in the production and the composition milk from the ecological system is because the technology in the feed management, health, genetic and facilities involved in this system. The SCC is the important factory in the production and the milk composition in the cattle in both systems. Key words: fat, lactose, production systems. ______________________________ 1 Med. Veterinário, Doutorando do Programa de Pós-graduação em Medicina Veterinária, CSTR/UFCG, Caixa postal 64, 58.708-110, Patos-PB. E-mail: [email protected] 2 Zootecnista, Prof. Associado - UAMV/CSTR/UFCG, Caixa postal 64, 58.708-110, Patos-PB. E-mail: [email protected] 3 Med. Veterinário, Prof. Adjunto - UAMV/CSTR/UFCG, Caixa postal 64, 58.708-110, Patos-PB. E-mail: [email protected] 4 Med. Veterinário, Mestrando do Programa de Pós Graduação em Zootecnia, CSTR/UFCG, Caixa postal 64, 58.708110, Patos-PB. E-mail: [email protected] 5 Medicina Veterinária, Graduando do CSTR/UFCG, Caixa postal 64, 58.708-110, Patos-PB. E-mail: [email protected] 6 Medicina Veterinária, Graduando do CSTR/UFCG, Caixa postal 64, 58.708-110, Patos-PB. E-mail: [email protected] 7 Medicina Veterinária, Graduando do CSTR/UFCG, Caixa postal 64, 58.708-110, Patos-PB. E-mail: [email protected] 43 8 Medicina Veterinária, Graduando do CSTR/UFCG, Caixa postal 64, 58.708-110, Patos-PB. E-mail: fabrí[email protected] INTRODUÇÃO Os termos Biodinâmico, orgânico, agroecológico, ecológico, natural, sustentável e alternativo remetem sempre ao pensamento contra hegemônico da produção convencional, entretanto, a filosofia adotada por cada um desses ramos científicos, embora embasadas em princípios próprios, por vezes se confundem, devido à confluência de ideias, métodos, técnicas e pensamentos antropofilosóficos existente entre eles, que surgiram como princípios agrícolas, mas que logo se aplicaram à pecuária (KHATOUNIAN, 2001). Faz-se, portanto, necessária nesta parte introdutória, uma breve explanação sobre alguns desses sistemas produtivos, para melhor compreensão das informações levantadas no presente trabalho de revisão literária. Produção Biodinâmica O Biodinâmico surge na Alemanha como preceito agrícola por intermédio de Rudolf Steiner, que por meio da Antroposofia compreendia os ambientes agrícolas como sistemas em plena interação com eles próprios, com os animais e com o cosmo, sendo, portanto, passível de vitalização cosmo energética através de preparados Biodinâmicos específicos capazes de dinamizar o equilíbrio no conjunto orgânico, biológico e espiritual, envolvido na produção agrícola (SCHORR, 1996). Motivados pelo rápido declínio das lavouras e capacidade produtiva das criações submetidas às tecnologias de ponta da época, agricultores alemães aderiram não mais a uma tecnologia, mas a uma filosofia de trabalho agrícola que, embora reduzissem a sua produção, mantinham-na constante 44 por vários anos, elevando a propriedade rural ao status de organismo vivo, em que os bovinos eram necessários ao equilíbrio do sistema (KHATOUNIAN, 2001). Na ótica biodinâmica, a criação de bovinos e a produção de forragem contribuem para a vivificação e fertilidade duradoura do solo, através da estimulação particular do esterco. Os chifres dos ruminantes por sua vez, devido a captação e distribuição das forças vitais cósmicas no ambiente e para o animal, influenciam positivamente nos processos de digestão e absorção alimentar e no seu bem estar, por esse motivo, são também usados como invólucros nos preparados Biodinâmicos (DEMETER, 2010). Os preparados Biodinâmicos constituem-se em mediadores entre as forças cósmicas e terrenas, favorecendo o mundo mineral, a planta, o animal, o homem e o planeta, criando uma condição de vitalidade ambiental (LEMPEK, 2004), fato ratificado por Quijano-Kruger & Câmara (2008), ao perceberam maior luminosidade do campo bioenergético em plantas que receberam preparados Biodinâmicos em relação àquelas tratadas com fertilizantes minerais, que apresentam campo bioenergético interrompido. De acordo com Schorr (1996), a qualidade de vida dos animais face ao equilíbrio ambiental do Biodinâmico melhora a qualidade produtiva dos animais, Lempek (2004), relata que o leite e derivados de vacas criadas nesse sistema tem plena aceitação por um público que reconhece a sua qualidade diferenciada. A quantidade e qualidade do que se é produzido pelos bovinos não tem relação apenas com o aspecto nutricional, mas principalmente, à capacidade em potencializar os nutrientes de sua dieta através das forças cósmicas livres no ambiente, daí a importância de permitir o acesso dos animais à pastagem, já que em baias, tais forças não conseguem interagir com os bovinos (STEINER, 2010). Segundo as normas Demeter (2010), a carga máxima de bovinos na pastagem biodinâmica é de duas unidades animal hectare-1. Mesmo em casos de estabulação animal, as vacas devem ter acesso livre as pastagens e a à luz solar, além de contar com um ambiente adequado de estabulação e proteção contra o vento, não sendo aceito a contenção dos animais neste ou em outro ambiente. 45 No mínimo 60% da matéria seca alimentar de vacas leiteiras submetidas ao Biodinâmico deve ser constituída de volumoso, em que, tanto o volumoso quanto o concentrado devem, preferentemente, ser produzidos na própria fazenda ou advinda de fazendas biodinâmicas, aceitando-se, entretanto, em casos de indisponibilidade alimentar, o percentual de 10% na matéria seca para alimentos convencionais (DEMETER, 2010). Em casos onde não há propriedades biodinâmicas próximas a unidade produtiva, uma cooperação pode ser realizada entre propriedades certificadas biodinâmicas e propriedades orgânicas, utilizando alimentação orgânica para os bovinos leiteiros Biodinâmicos em até 20% de sua matéria seca (DEMETER, 2010). Produção agroecológica Um ecossistema bem desenvolvido é relativamente estável e autosustentável, capaz de adaptar-se às mudanças e manter-se apenas com a radiação solar. Entretanto, quando há interferência humana para a produção, há a formação de um agroecossistema dependente não apenas do fluxo energético, nutritivo e da dinâmica própria de equilíbrio daquele sistema, mas das ações interativas entre o homem e o ambiente (GLIESSMAN e ZUGASTI, 2006). A Agroecologia enquanto fator de produção é um sistema que busca aprimorar os desempenhos ecológicos, tecnológicos e científicos dos processos produtivos tradicionais, com custo energético e ambiental inferior e mais sustentável que os modelos convencionais, embasandose na criação de agroecossistemas que consideram a propriedade um organismo vivo, preservando as áreas nativas; fauna e flora silvestre, recursos hídricos locais e fertilidade dos solos, de forma a valorizar a biodiversidade do ambiente (SCHORR, 1996). A agroecologia enquanto ciência multidisciplinar estimula a produção de múltiplas espécies, seja vegetal e/ou animal em um mesmo ambiente, em detrimento ao cultivo ou criação de produtos 46 isolados, favorecendo com isso, a utilização sustentável de todas as potencialidades de um determinado agrossistema (FIGUEIREDO, 2002). Outrossim, a produção orgânica, biodinâmica, natural, sustentável, dentre outras, são formas ou sistemas de produção que seguem, em grande parte, os princípios agroecológicos, estando, portanto, a Agroecologia elevada à condição de ciência e como tal, detentora de múltiplos conhecimentos ecológicos e não apenas de fragmentos de um determinado saber (FIGUEIREDO, 2002). A agroecologia privilegia os recursos naturais da própria unidade produtiva para a utilização como insumos de produção, evitando-se ao máximo, a utilização de insumos de outras propriedades rurais e quando necessário, utilizar-se daqueles advindos de propriedades agroecológicas (CAPORAL, 2009). Quanto às vacas leiteiras, a sua criação agroecológica implica em ações ambientalmente corretas e socialmente, justas desde a escolha dos animais até a comercialização do leite, sendo o fruto de sua produção láctea e derivados, comercializado, preferentemente, com as comunidades no entorno de sua unidade produtiva, valorizando com isso, a população local (FIGUEIREDO, 2002). Produção orgânica A agricultura orgânica surgiu na Inglaterra através do agrônomo Albert Howard, que por mais de três décadas observou excelentes resultados da adubação química nos anos iniciais de cultivo, com drástico declínio posterior, enquanto os métodos tradicionais dos camponeses indianos, mesmo com menores rendimentos, apresentavam produções constantes ao longo dos anos. As experiências de Howard foram publicadas em 1940 na obra An Agricultural Testament, ainda hoje, um clássico em agricultura ecológica (KHATOUNIAN, 2001). O sistema orgânico tem por princípios a produção de alimentos saudáveis, favorecendo a segurança alimentar de quem o consome e o desenvolvimento sustentável ambiental e social de 47 quem o produz, em que as relações humanas envolvidas em seu processo devem ser respeitadas e incentivadas, como também, interligadas aos aspectos ambientais e à qualidade de vida dos membros comunitários envolvidos (ABIO, 2011). A criação de animais em sistema orgânico deve respeitar as suas necessidades fisiológicas e sanitárias e promover o seu bem estar, de modo que todos devem, preferentemente, ser criados em regime de vida livre (pastagem), respeitando-se a densidade de 500 m2 para cada 100 kg peso vivo/animal. Se abrigados em instalações, disponibilizar no mínimo 6 m2/animal e propiciar o acesso à área externa com forragem verde por pelo menos 6 horas no período diurno (ABIO, 2011). Ainda conforme a ABIO (2011), a alimentação dos animais deve ter origem orgânica, de preferência, da própria unidade produtiva, aceitando-se para ruminantes em períodos de escassez alimentar até 15% da matéria seca de alimento convencional, obedecendo uma relação de 60:40% da matéria seca para o fornecimento volumoso-concentrado. Para ruminantes em lactação, essa porcentagem pode ser reduzida para 50% pelo período máximo de 3 meses, a partir do início da lactação. De acordo com Melão (2010), mesmo havendo origens semelhantes para os sistemas agroecológicos e orgânicos, ambos apresentam propostas diferentes. O primeiro trata de uma ciência ampla e complexa ligada aos agrossistemas, enquanto o segunda de uma prática agrícola que se expressa a partir de um encaminhamento tecnológico e mercadológico, mas admite que a produção orgânica baseada em tecnologias de processos e não de produtos, apresenta bases agroecológicas, e neste caso, há uma fusão de ideias com base nos princípios de produção. A diferenciação denominativa entre orgânico, Biodinâmico, agroecológico e sustentável está mais voltada para a permissão legal ou não de determinadas práticas enquanto atividade de tais sistemas, do que ligada a uma denominação universalmente aceita (DULLEY, 2003). Ante ao exposto, embora respeite-se as características intrínsecas de cada um desses sistemas abordados, mas com base na aceitação de intersecção de princípios entre esses sistemas, trabalharemos nessa revisão com dados de artigos científicos advindos da agroecologia e do 48 orgânico como fontes semelhantes e diretamente relacionadas ao Biodinâmico, de modo a considerarmos como uma produção ecológica. O objetivo do presente trabalho foi descrever, a partir de dados literários, as características produtivas do leite bovino obtido em sistemas ecológico e convencional, enfocando dados de sua produção, composição e avaliação da saúde do úbere e de vacas criadas nesses sistemas com base na contagem de células somáticas (CCS). CARACTERÍSTICAS GERAIS DO SISTEMA ECOLÓGICO DE PRODUÇÃO DE LEITE A produção ecológica de leite, além das características individuais de cada sistema acima citadas, é praticada essencialmente pela organização familiar em pequenas propriedades rurais e em baixa escala produtiva; com uso de mão de obra de procedência não familiar insipiente; baixos investimentos tecnológicos, de instalações e manejo, que culminam em baixa produtividade (SANDOVAL et al. 2007; SOARES et al., 2007). Mesmo havendo interação em princípios, ideias e conhecimentos de produção por parte dos produtores de leite ecológico, a rara utilização de mão de obra não familiar nas suas unidades produtoras, de certo modo, inviabiliza a inserção de novas tecnologias em suas propriedades, devido a menor vivência sobre a execução prática das distintas formas de manejo exercidas nas propriedades, mesmo sob princípios ecológicos (SANDOVAL et al., 2007). A ineficiência da extensão rural na orientação de técnicas voltadas para a produção ecológica, limita os avanços na produção e qualidade do leite, principalmente nos aspectos higiênicos de obtenção, que ocorrendo de maneira inadequada, comprometem a integridade sanitária do úbere, influenciando quali e quantitativamente nas lactações da vida útil das vacas leiteiras em virtude da elevação da quantidade de células somáticas (WAGENAAR et al., 2011). As propriedades do sistema ecológico, por ainda não estarem consolidadas nessa atividade, predispõem a qualidade do seu leite à práticas de manejo equivocadas, principalmente no que se 49 refere a ordenha, pois a não utilização de pré e pós dipping, por exemplo, já é o bastante para o desenvolvimento microbiano indesejável no leite e consequente perda de sua qualidade (LANGONI et al., 2009). A produção ecológica não pode influenciar positivamente na qualidade do leite se fatores como alimentação, manejo de ordenha e controle sanitário do rebanho não ocorrerem a contento (FERNANDEZ et al., 2009). Para tanto, se faz necessário utilizar-se de todo o potencial tecnológico e produtivo permitido pela legislação ecológica específica para cada país (SUNDEBERG et al., 2009). As raças trabalhadas em sistema ecológico não apresentam elevado grau sanguíneo e o porte físico animal esperado para a atividade leiteira, e se constituem em rebanhos menores do que é verificado no sistema convencional, de maneira a serem criadas, em sua maioria, em condição alimentar de pastejo (SATO et al., 2005). As vacas leiteiras criadas ecologicamente pastejam durante todo o dia, apresentando picos de pastejo após as ordenhas da manhã e da tarde, alternando-se nos demais horários entre a realização de outras atividades e pastejo em menor intensidade (OLIVO et al., 2006). A pouca utilização de técnicas reprodutivas no sistema ecológico, como a inseminação artificial, por exemplo, que reduz o porte e a qualidade genética das vacas; o maior tempo alimentar realizado em pastejo, que predispõem os animais à infestação verminótica (SATO et al., 2005), e, a dificuldade do atendimento nutricional dos animais de alta produção com princípios ecológicos (CEDERBERG e MATTSSON, 2000), promove uma produção de leite inferior ao sistema convencional. No entanto, Sato et al. (2005), não veem nisso uma desvantagem, pois o menor porte animal representa menores custos alimentares e de outras práticas de manejo, o que potencializa a produção, além de permitir, como cita Sandoval et al. (2007), que pequenos produtores exerçam a atividade láctea ecológica com baixa utilização de insumos sem, contudo, abrir mão da qualidade do manejo empregado e consequente qualidade do leite. 50 O investimento em genética, estrutura, qualidade das pastagens e de mão de obra, dentre outros, certamente implica em elevação nos custos de produção do leite produzido ecologicamente. Entretanto, Alves et al. (2009), verificaram em fazenda no Brasil de considerável nível tecnológico, custos de produção do leite ecológico equivalentes ao convencional, sugerindo até, que houvesse um aumento no preço do primeiro, justificado pela alta demanda do produto no mercado local. Na Suécia, onde a pecuária ecológica é incentivada por políticas de governo, a quantidade e a qualidade do leite produzido são semelhantes ao sistema convencional de alta tecnologia e padrão higiênico. Em 1998 o tamanho do rebanho bovino leiteiro criado ecologicamente nesse país era inferior ao convencional, tornando-se superior em 1999 com crescimento linear nos anos seguintes, sendo, os investimentos realizados em tecnologia e recurso humano, os principais responsáveis pelos avanços nesse sistema (SUNDEBERG et al. 2009). É necessário compreender a proposta individual dos sistemas para poder determinar de fato o que é vantagem e desvantagem em cada um deles e o que deve ser, de fato, aceito como não vantajoso para o ecológico e se necessariamente tal comparação deve ser feita, e ao fazê-la, não analisar pura e simplesmente índices produtivos, sem que sejam levados em conta outros fatores voltados ao manejo produtivo, bem estar animal e preservação ambiental. Nessa perspectiva, Cederberg e Mattsson (2000), relataram que a produção de leite com bases ecológicas emite quantidade inferior de nitrogênio, Nitrato, Óxido Nitroso, Amônia e Fósforo por hectare (ha) que o sistema convencional. Entretanto, desses compostos, apenas o fósforo e a amônia estiveram em menores concentrações no sistema ecológico em comparação ao convencional quando suas emissões no ambiente foram avaliadas a partir de uma unidade funcional (UF) de 1000 kg de leite produzido, fato decorrente da necessidade do maior uso de terras e de animais para o atendimento da UF supracitada com bases ecológicas, que demanda combustíveis e máquinas para a produção de forragem, implicando em maior uso de energia/UF para o primeiro (3550 MJ), frente ao segundo sistema mencionado (2511 MJ). 51 De modo geral, segundo os autores citados anteriormente, a produção de leite ecológica embora produza mais gás metano que o convencional, contribui menos para o aquecimento global devido a menor produção de gás carbônico advindo de seus processos produtivos; acontece com total ausência de fertilizantes químicos, que reduz a emissão de amônia, mas, preocupa o fato de terem verificado no ambiente ecológico a utilização de 10,8 g de pesticidas/ha, mesmo que no convencional, essa utilização tenha sido bem superior (118 g/ha), demonstrando a necessidade de observação às normas legais e princípios de produção para a atividade leiteira com bases ecológicas. Para Santos et al. (2005), o uso de fertilizantes químicos eleva as concentrações de nitrato e nitrito na pastagem e na água, possibilitando suas presenças no leite bovino e riscos à saúde humana. Os autores verificaram, mesmo que em baixas concentrações, valores semelhantes desses compostos tanto em leite ecológico como no convencional, apontando para uma falha de manejo da produção láctea como um todo, já que tais substâncias devem ser ausentes no leite bovino conforme instrução normativa nº 051 (IN 051) do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (BRASIL, 2002). Essa semelhança de resultados de nitrato e nitrito entre os sistemas supracitados, pode estar relacionada, como relatam Cederberg e Mattsson (2000), a alta utilização do esterco como adubo no sistema ecológico, devido sua capacidade de formação de amônia no ambiente, retratando que nem tudo o que é produzido no próprio sistema ecológico, não seja passível de um monitoramento acurado e que as pesquisas no setor são imprescindíveis para o crescimento do mesmo. Essa configuração característica do sistema ecológico de produção láctea, aponta os caminhos que o setor terá que trilhar pelas décadas que se seguem, pois o grande desafio será produzir com qualidade e quantidade para atender a uma demanda alimentar crescente, sem, contudo, descumprir as normas ecológicas e otimizar a utilização da terra agricultável disponível. 52 COMPOSIÇÃO DO LEITE Lactose A lactose representa a maior parte dos glicídeos (açúcar) no leite, com concentração variando desde traços até 7% entre as espécies mamíferas, entretanto, pouco varia entre as raças de uma mesma espécie, principalmente nos animais de produção, pois a sua elevada capacidade osmótica representa importante papel na atração da água para o interior das células epiteliais mamárias durante a síntese do leite (GONZALEZ et al., 2001). Mapekula et al. (2011), não verificaram variações na concentração da lactose entre vacas puras (Nguni) e mestiças na África do Sul, havendo, contudo, discreta redução em seus valores no final da lactação, indicando que essa variável reduz muito pouco a sua concentração no leite até mesmo quando a quantidade de água é reduzida em função da proximidade de encerramento da lactação. De acordo com Gonzalez et al. (2001), o decréscimo da lactose no leite é mais influenciado pela redução da glicose circulante no sangue devido a baixa condição nutricional do animal do que por outros fatores como a produção láctea e as condições ambientais das instalações, por exemplo. No quadro 1, encontram-se dados de lactose obtidos em fazendas ecológicas e convencionais por autores distintos. Quadro 1 – Compilação de dados sobre os percentuais de lactose do leite de vacas criadas em sistemas de produção ecológica e convencional. Sistema de produção Autores Ecológico (%) Convencional (%) Fanti et al. (2008) 4,40 4,44 Fernandez et al. (2009) 4,09 Arcaro Jr. et al. (2003) 4,66 Mapekula et al. (2011) 4,82 Bueno et al (2005) 4,60 53 Kendall et al. (2006), verificaram valores iguais de lactose (4,9%) do leite de vacas holandesas da frísia com produção média diária de 17 kg vaca -1, manejadas à pasto com e sem acesso à sombra. Silva et al. (2009), também não constataram diferença percentual dessa variável em vacas da raça pitangueiras com produção média de 10 kg de leite/vaca ao dia, que pastejavam em área de sombra (3,94) e ao sol (4,03%). Em relação aos sistemas de produção, dados da literatura consultada não sugerem haver a interferência dos modelos convencional e ecológico sobre a concentração da lactose do leite bovino, indicando que a limitação do concentrado em até 40% das necessidades de matéria seca para vacas leiteiras, embora interfira na produção, não influencia os teores de lactose (AHARONI, et al., 2005; FANTI et al., 2008; FERNADEZ et al., 2009). Gordura A concentração de gordura no leite bovino é influenciada pela raça, alimentação, número e fase de lactação, nível de produção animal e a fase de ordenha, sendo determinante para a fixação do preço do leite na indústria (BRITO et al., 2009). A gordura é secretada das células epiteliais mamárias na forma de glóbulos graxos de menor densidade que a água, e por conta disso, concentra-se na porção superior do leite 25% dos ácidos graxos deriva-se da dieta, 50% do plasma sanguíneo e o restante a partir de precursores presentes na glândula mamária, principalmente o acetato (GONZALEZ et al., 2001). Existem raças geneticamente mais produtoras de gordura por kg de leite, como a Jersey e Pardo-Suíça, e outras, como a Holandesa, por exemplo, que apresentam menor produção de gordura devido a sua maior produção de leite. Entretanto, quando se eleva o teor de gordura da dieta em 4,5%, a Holandesa apresenta composição semelhante a Pardo-Suíça e, a Jersey, tem a sua capacidade produtora de gordura potencializada em relação às demais (CARROL et al., 2006). 54 Modesto et al. (2009), não verificaram diferenças nos teores de gordura entre diferentes níveis de inclusão de silagem de rama de mandioca em substituição à pastagem na alimentação de vacas leiteiras. Na ocasião de tal pesquisa, a alimentação animal foi isoproteica e isocalórica, o que, possivelmente, não influenciou a concentração de gordura láctea, que apresentou média de 3,72%. Salvador et al. (2011), não verificaram diferenças na concentração de gordura entre grupos animais mineralizados com fontes orgânicas e inorgânicas e suplementados com polpa cítrica, apenas inferem que a inclusão de dietas acidogênicas na alimentação de vacas leiteiras, favorece a elevação da gordura do leite. A concentração de gordura do leite produzido ecologicamente é aproximadamente 10% inferior ao convencional nas duas primeiras lactações, com tendência de redução nessa diferença já na terceira. Isso se dá, possivelmente, devido ao déficit energético do concentrado fornecido aos animais do sistema ecológico em função das condições alimentares impostas por ele próprio. Somese a isso, o fato de animais em primeira lactação estarem terminando a sua fase de crescimento e, como tal, possuem elevada demanda alimentar (SUNDEBERG et al., 2009). Fanti et al. (2008), também verificaram valores percentuais de gordura superiores para o leite convencional (0,40% maior) em comparação ao ecológico, sem, contudo, haver diferença estatística entre as concentrações. A IN 051 (BRASIL, 2002), estabelece concentração mínima de gordura para o leite bovino não inferior a 3%. No quadro 2, encontram-se dados de gordura obtidos em fazendas ecológicas e convencionais a partir de vários autores. Quadro 2 – Compilação de dados sobre os percentuais de gordura do leite de vacas criadas em sistemas de produção ecológica e convencional. Sistema de produção Autores Ecológico (%) Convencional (%) Fanti et al. (2008) 3,03 3,43 Fernandez et al. (2009) 3,14 Salvador (2008) 3,63 3,59 Arieli et al. (2004) 3,05 Silva et al. (2009) 3,79 55 Proteínas totais A composição proteica total do leite é composta de várias proteínas específicas, sendo a caseína responsável por 85% dessa composição, daí ser a mais importante de todas e, juntamente com a lactose e a gordura, constitui-se componente de grande importância para o leite. As principais proteínas do leite são sintetizadas exclusivamente nas células epiteliais da glândula mamária, mas, imunoglobulinas, que são produzidas em local externo ao úbere, frequentemente são encontradas na emulsão láctea, mas apresentam maior quantidade em casos de mastite (GONZALEZ et al., 2001). A proteína do leite é outro componente importante para a bonificação ao produtor pela indústria láctea, pois dela também depende o rendimento lácteo na produção de derivados industriais como queijos, por exemplo, sendo influenciada pelo manejo alimentar e ambiental das vacas leiteiras (GRACINDO e PEREIRA, 2009). A IN 051 (BRASIL, 2002), estabelece concentração mínima dessa variável no leite bovino de 2,9%. Em épocas quentes, a elevada temperatura do ar promove redução no consumo alimentar das vacas leiteiras, influenciando negativamente a concentração de proteínas totais do leite, principalmente em animais de alta produção. Com isso, a promoção do conforto térmico animal nesses períodos, além de proporcionar-lhes bem estar, contribui para a manutenção da qualidade láctea, uma vez, que mantém a proteína e os demais componentes do leite em condições aceitáveis (AHARONI et al., 2005). Em condições alimentares suficientes para o atendimento nutricional de cada fase de lactação bovina, as proteínas totais tendem a elevar-se do início para o final da lactação, em função, possivelmente, de uma redução de água como constituinte lácteo, o que propicia um aumento na concentração dessa variável (MAPEKULA et al., 2011). As proteínas totais do leite sofrem reduções progressivas em suas concentrações a medida em que a CCS se eleva a cada 200.000 cls/ml (BUENO et al., 2005). Entretanto, elevada CCS com 56 presença de mastite confirmada no rebanho, pode até aumentar a concentração de proteínas totais no leite, mas com redução da caseína (FERNANDEZ et al., 2009). No quadro 3, encontram-se dados de proteínas totais obtidos em fazendas ecológicas e convencionais a partir de vários autores. Quadro 3 – Compilação de dados sobre os percentuais de proteínas totais do leite de vacas criadas em sistemas de produção ecológico e convencional. Sistema de produção Autores Ecológico (%) Convencional (%) Zanela et al. (2006) 3,23 Silva et al. (2011) 3,19 Müller & Sauerwin (2010) 3,28 3,39 Reyes et al. (2007) 3,21 Assim como a gordura e a produção láctea, a proteína do leite ecológico é ligeiramente menor que a do sistema convencional, em função da condição alimentar, manejo de ordenha e a impossibilidade de tratar com antibióticos o úbere bovino ao final de cada lactação, levando a transtornos nas lactações subsequentes, que influenciam a concentração proteica no leite (MÜLLER e SAUERWEIN, 2010). Por outro lado, Fanti et al. (2008), verificaram valores de proteínas levemente superiores para o leite ecológico em relação ao convencional, mas chamam atenção para o fato de que em ambos os sistemas, as estações quentes do ano reduziram os valores dessa variável. Já Sundeberg et al. (2009), verificaram concentrações de proteínas totais levemente superiores no leite convencional (275 kg) em comparação ao leite produzido ecologicamente (251,8 kg em 305 dias de lactação). Sólidos totais e sólidos não gordurosos Os sólidos totais representam o somatório dos constituintes sólidos do leite e são mais influenciados em sua composição pelo teor de gordura, já que esta é o constituinte de maior amplitude de variação entre os componentes. Ao subtrair dos sólidos totais o valor de gordura presente no leite, encontra-se os valores de sólidos não gordurosos (SNG), que sofrem maior 57 influência das proteínas totais em sua composição, daí o porquê de gorduras e proteínas totais serem os componentes mais valorizados pela indústria láctea (GONZALEZ et al., 2001). Com base nessa assertiva, os valores das variáveis sólidos totais e SNG que por ventura divergirem entre os sistemas convencional e ecológico de produção láctea, ocorrem, principalmente, em função dos teores de gordura e proteínas totais, do que dos valores delas próprias. Independentemente do sistema de criação de bovinos, a IN 051 (BRASIL, 2002) estabelece concentração mínima de 11,4 e 8,4% para os sólidos totais e SNG, respectivamente, e que tanto fazendas ecológicas como convencionais ao praticarem manejo alimentar e de ordenha adequadamente, superam os respectivos limites supracitados, principalmente se criarem animais de raça manteigueira, como a Jersey e a Pardo-Suíça, por exemplo, (CARROL et al., 2006). O sistema ecológico de produção determina uma fase de pastejo diária obrigatória às vacas leiteiras, devendo a pastagem ser de boa qualidade, para juntamente com o concentrado, atender as exigências nutricionais desses animais e, com isso, não implicar em sólidos totais inferiores aos valores já mencionados (SATO et al., 2005). O maior tempo de pastejo ao qual as vacas criadas ecologicamente se submetem, as tornam mais vulneráveis à temperatura ambiente do que vacas criadas convencionalmente, com posterior influência na concentração dos sólidos totais do leite, devido a redução no consumo de forragem. Se por um lado, o elevado tempo de pastejo traz tal inconveniente, por outro, a alta ingestão de fibra possibilita uma maior formação de ácido linoleico conjugado, contribuindo para a elevação do HDL (colesterol bom) para os consumidores desse leite (FANTI et al., 2008). Modesto et al. (2009), não verificaram diferenças na concentração de sólidos totais e sólidos não gordurosos no leite de vacas, quando a pastagem, reconhecidamente de boa qualidade, foi substituída por silagem de rama da mandioca, mesmo havendo redução na produção de leite. No quadro 4, encontram-se dados de sólidos totais e sólidos não gordurosos obtidos em fazendas ecológicas e convencionais a partir de vários autores. 58 Quadro 4 – Compilação de dados sobre os percentuais de sólidos totais e sólidos não gordurosos do leite de vacas criadas em sistemas de produção ecológico e convencional. Sistema de produção Sólidos Totais SNG* Autores Convencional Convencional Ecológico (%) Ecológico (%) (%) (%) Fanti et al. (2008) 11,67 11,63 8,66 8,3 Fernadez et al. (2009) 12,80 9,28 Carrol et al. (2006) 12,91 8,97 López et al. (2006) 14,2 9,4 Sánchez et al. (2006) 13,3 9,29 SNG = Sólidos Não Gordurosos. CONTAGEM DE CÉLULAS SOMÁTICAS E SAÚDE DO ÚBERE A contagem de células somáticas (CCS) é mais elevada em sistemas ecológicos do que no convencional e apresenta valores intermediários nas fazendas em transição para a produção ecológica, devido, dentre outros fatores, ao impedimento no uso de antibióticos sistêmicos e mamário, o que dificulta o controle da mastite no rebanho, influenciando negativamente na qualidade do leite produzido (NAUTA et al., 2006), reduzindo a produção em até 15% quando comparado ao método convencional de produção (MÜLLER e SAUERWEIN, 2010). Valores de CCS próximos a 350.000 cl/ml promove uma redução na concentração de lactose, proteína total, gordura e, por conseguinte, sólidos totais do leite bovino, principalmente em condições de temperatura ambiental superior a 31ºC (BUENO et al., 2005). Os valores de CCS flutuam entre as épocas do ano independentemente do sistema de produção láctea (MÜLLER e SAUERWEIN, 2010), sendo a combinação de alta umidade e alta temperatura do ar, favorável ao desenvolvimento de patógenos ambientais e presentes na glândula mamária, com posterior elevação da CCS láctea (Barbosa et al., 2004; Magalhães et al., 2006). Além da não utilização de tratamentos convencionais para o controle da mastite bovina em sistemas ecológicos, a desobrigação da notificação de animais acometidos no rebanho aos órgãos certificadores, a fim de serem tomadas medidas de controle, favorece a permanência da doença no rebanho por várias lactações de um mesmo animal (SATO et al., 2009). 59 Como se não bastasse a ausência de higiene na ordenha (FERNANDEZ et al. 2009), o impedimento do tratamento do úbere das vacas criadas ecologicamente no ato da secagem com antibióticos convencionais, impossibilita a regeneração da glândula mamária; aumenta a carga bacteriana de uma lactação a outra e eleva a CCS. Sendo, portanto, de grande importância o monitoramento dessa variável no decorrer da lactação e principalmente na pré e pós secagem (MÜLLER e SAUERWEIN, 2010). A utilização de produtos homeopáticos e fitoterápicos na produção ecológica é permitida. No entanto, a sua atuação ocorre eficientemente em rebanhos com valores de CCS não superiores a 200.000 cl/ml, pois, a partir desse valor, o uso de tais métodos terapêuticos torna-se dispensável, devido a sua baixa eficiência (WAGENAAR et al., 2011). Sundberg et al. (2009), relatam a necessidade urgente de investimentos em pesquisas no uso de fitoterápicos e homeopáticos na produção ecológica de leite, com vistas a promover a sanidade do úbere desses animais e possibilitar a mesma condição de igualdade de produção e qualidade do leite que o convencional, sem contudo, favorecer a presença de resíduos químicos no produto final. Em face a esse déficit de qualidade terapêutica, Ribeiro et al. (2009), verificaram a presença de resíduos de antibióticos em leite produzido ecologicamente, demonstrando o não cumprimento de normas voltadas para esse sistema, que somente aceita a utilização de antibióticos em casos extremos, e quando utilizado, respeita-se um período de carência duas vezes superior ao convencional para o consumo do leite do úbere tratado, sendo ainda, obrigatório o descarte de animais acometidos cronicamente e que necessitem de terapias repetidas, o que eleva a taxa de descarte animal neste sistema em comparação ao convencional. A proximidade entre as propriedades, favorece a influência das práticas de manejo das fazendas não ecológicas sobre as ecológicas, principalmente no que se refere à ordenha e a alimentação, em função da utilização de mão de obra construída com princípios quase que totalmente convencionais (SATO et al., 2005). 60 A maior CCS do leite verificada em sistemas ecológicos frente ao convencional está relacionada não apenas a questão terapêutica, mas também ao baixo nível tecnológico, qualidade dos insumos utilizados (LANGONI et al., 2009), potencial genético do rebanho e a baixa qualificação da mão de obra empregada, que contribuem diretamente para a execução de um plano sanitário ineficiente para o rebanho, principalmente ao que se refere com o manejo da ordenha (WAGENAAR et al., 2011). Sato et al. (2005), não verificaram diferença nos valores de CCS entre os sistemas convencionais e orgânico e, em contraposição a outros autores, inferem que os valores dessa variável independem do sistema de produção, mas sim da qualidade do manejo sanitário e da ordenha. Sundberg et al. (2009), verificaram maior CCS no sistema ecológico do que no convencional, entretanto, quando realizaram um ajustamento a partir da produção láctea, a CCS foi igual estatisticamente para ambos os sistemas, observando-se que em condições de manejo adequado, a obtenção higiênica do leite não permite a elevação inaceitável da CCS no rebanho e consequente transmissão de mastite por lactações subsequentes, o que propicia em países desenvolvidos, maior número de vacas entre o terceiro e o sétimo parto em atividade nos plantéis ecológicos frente aos convencionais, reduzindo assim, a taxa de descarte desses animais. Essa menor taxa de descarte nas condições já citadas não favorece apenas o manejo de reposição de animais, mas, principalmente, a elevação na concentração dos constituintes do leite ecológico, uma vez, que esses componentes químicos, elevam-se a partir da terceira lactação (Sundberg et al., 2009). Na Alemanha, valores de CCS próximos a 150.000 cl/ml representam o limiar máximo aceitável para uma condição de ausência de mastite subclínica no rebanho bovino, sendo valores superiores a esses, considerados como indicadores de falha no manejo sanitário de ordenha (Müller & Sauerwein, 2010). 61 Wagenaar et al. (2011) verificaram total ausência de patógenos causadores da mastite no leite de 77 vacas que apresentavam valores de CCS de aproximadamente 150.000 cl/ml. Ribeiro et al. (2009) não registraram agentes causadores da mastite em leite bovino com valores de CCS de 152.000 cl/ml, embora, tenham observado discreta população de microrganismos causadores da mastite em vacas com CCS pouco superior a 80.000 cl/ml. Com base nos achados desses três últimos autores, percebe-se que valores de CCS por volta de 150.000 cl/ml, representam uma condição sanitária de pouco risco à saúde do úbere de vacas leiteiras, embora, no Brasil, permita-se para qualquer sistema produtivo, valores de CCS ≤750.000 cl/ml, conforme a Instrução Normativa nº 51 (IN 51) (Brasil, 20020). No quadro 5, encontram-se dados de CCS obtidos em fazendas ecológicas e convencionais a partir de vários autores. Quadro 5 – Compilação de dados sobre os valores de CCS de vacas criadas em sistemas de produção ecológica e convencional. Sistema de produção Autores Ecológico Convencional Nauta et al (2006) 150.000 100.000 Bueno et al (2005) ±350.000 Müller & Sauerwein (2010) 218.750 205.790 Fernandez et al. (2009) 1.256.000 Sato et al (2005) 263.000 285.000 Wagenaar et al (2011) ±200.000 ±150.000 Sundberg et al (2005) 66.570 76.753 CCS = Contagem de células somáticas. Souza et al. (2005), sugerem que rebanhos com CCS de 100.000 cl/ml possuem eficiente controle da mastite, entretanto, unidades produtivas com valores dessa variável superiores a 500.000 cl/ml, podem ter comprometidos até um terço dos quartos mamários com essa patologia, influenciando consideravelmente a qualidade e promovendo a redução na quantidade do leite na ordem de 10% do rebanho manejado. O controle da CCS na pequena propriedade rural ecológica brasileira não se mostrará eficiente na obtenção de leite bovino enquanto fatores como o manejo alimentar e nutricional, de 62 ordenha, sanitário geral e específico da glândula mamária, não ocorrerem a contento, o que impossibilita de fato, a plenitude da rotulagem de qualidade de um produto lácteo produzido ecologicamente (Fernandez et. al., 2009). CONSIDERAÇÕES FINAIS A produção ecológica de leite caracteriza-se essencialmente, pela organização familiar, em pequenas propriedades rurais, baixa escala produtiva, baixos investimentos tecnológicos, de instalações e manejo, que culminam em leve redução de produtividade e qualidade do leite, frente ao sistema convencional. A quantidade e qualidade de leite produzido ecologicamente são influenciadas pela limitação legal de obediência ao limite de concentrado de no máximo 40% na dieta, tempo obrigatório diário de pastejo, baixa taxa de lotação animal e pela não utilização de antibióticos para tratamentos da mastite, o que resulta em redução de produção e composição de constituintes láteos, exposição à endo e ectoparasitos, maior uso de área para a produção e elevada taxa de descarte de vacas no plantel devido a persistência de mastite por lactações subsequentes. A baixa quantidade de produção látea pautada em bases ecológicas, permite uma maior durabilidade do sistema produtivo sem esgotamento precoce do mesmo; o aproveitamento de compostos orgânicos produzidos na própria unidade produtiva, o que reduz a emissão de fósforo e amônia no ambiente; a qualidade biológica do leite, ao impedir o uso de agrotóxicos, pesticidas, antibióticos, dentre outros, na sua obtenção; eleva os teores do ácido linoleico conjugado, contribuindo para o aumento do HDL (colesterol bom) para os consumidores desse leite e, emite menor quantidade de gases, principalmente o metano (NH4), que contribui para o efeito estufa. A adoção de tecnologias voltadas para o aprimoramento da produção láctea é mais utilizada no sistema convencional do que no ecológico. Mas, independentemente do sistema de produção, mediante a prática adequada dos manejos alimentar, reprodutivo/genético, sanitário e de ordenha, 63 não se observa diferença na quantidade e qualidade do leite, bem como, na saúde do úbere das vacas leiteiras. 64 REFERÊNCIAS AHARONI, Y.; BROSH, A.; HARARI, Y. Night feeding for high-yielding dairy cows in hot weather: effects on intake, milk yield and energy expenditure. Livestock Production Science, v.92, p.207–219, 2005. ALVES, A. A.; LANA, A. M. Q.; YAMAGUCHI, L. C. T.; AROEIRA, L. J. M. Analise de desempenho econômico da produção orgânica de leite: estudo de caso no Distrito Federal. Cienc. Agrotec., Lavras, v. 33, n.2, p. 567-573, 2009. ARIELI, A.; RUBINSTEIN, A.; MOALLEM, U.; AHAROMI, Y.; HALACHIMI, I. The effect of fiber characteristics on thermoregulatory responses and feeding behavior of heat stressed cows. Journal of Thermal Biology, v. 29, p. 749–751, 2004. ARCARO JÚNIOR, I.; ARCARO, J. R. P.; POZZI, C. R. 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Pesquisa Agropecuária Brasileira, 41:153-159, 2006. 68 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 CAPÍTULO III 14 15 RESPOSTAS COMPORTAMENTAIS E FISIOLÓGICAS DE VACAS 16 LEITEIRAS CRIADAS EM SISTEMA BIODINÂMICO EM CLIMA 17 SEMIÁRIDO. 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 Artigo enviado para publicação na Revista Brasileira de Zootecnia (anexo 3). 69 33 Respostas comportamentais e fisiológicas de vacas leiteiras criadas em sistema 34 biodinâmico em clima semiárido. 35 36 Albério Lopes Rodrigues1, Bonifácio Benício de Souza2, José Morais Pereira 37 Filho 2, Thiago Lima da Silva Gomes3, Fabrício Renan Oliveira da Silva3, Édipo 38 Moreira Campos3, Pedro Vinícius Victor Viturino3, Diego Wagner de Oliveira 39 Souto 3 40 41 1 42 Patos, PB. [email protected] 43 2 UAMV – Centro de Saúde e Tecnologia Rural/Universidade Federal de Campina Grande – Patos, PB. 44 3 Curso de Medicina Veterinária/Centro de Saúde e Tecnologia Rural/Universidade Federal de Campina 45 Grande – Patos, PB. Programa de Pós-graduação em Medicina Veterinária da Universidade Federal de Campina Grande – 46 47 RESUMO – O objetivo do trabalho foi avaliar o efeito do ambiente da área de 48 pastejo sobre o comportamento e, a influência de dois ambientes de pré ordenha sobre 49 variáveis fisiológicas de vacas Pardo-Suíças de alta e baixa produção, em sistema 50 Biodinâmico. 32 vacas distribuídas em dois níveis de produção láctea, alto e baixo, 51 tiveram os comportamentos alimentar, de ruminação e ócio avaliados noturna e 52 diuturnamente. Data loggers registraram as variáveis ambientais ao sol e à sombra das 53 árvores da área de pastejo. Observou-se maior e menor tempo de pastejo para ambos os 54 níveis de produção nos períodos de 07:30 a 09:20 e entre 11:30 a 13:20h, 55 respectivamente (Ensaio I), em que os animais de baixa produção mostraram-se mais 56 resistentes ao alimentarem-se mais tempo nas horas quentes do dia, quando comparados 57 aos de alta, sob um ITGU médio ao sol de 93,14. À noite, o ócio e a ruminação foram as 58 variáveis que predominaram para ambos os níveis produtivos. Para os ambientes de pré 59 ordenha (Ensaio II), foram quatro grupos animais, com oito animais em cada grupo, 60 sendo os dois níveis produtivos (Baixo e alto) avaliados dentro de duas condições 61 ambientais de espera da ordenha (sombra e sol). Registrou-se valores de temperatura 70 62 retal dos animais à sombra de 38,90ºC e ao sol de 39,39 (P≤0,01), sendo os valores para 63 vacas de baixa (39,28) e de alta produção (39,09ºC), semelhantes estatisticamente 64 (P>0,05) sob ITGU à sombra de 83,13 e ao sol igual a 93,31. As vacas de maior 65 produção foram mais sensíveis ao calor que as de baixa e, o ambiente de pré ordenha 66 sombreado foi eficiente em manter as variáveis fisiológicas dentro da faixa aceitável 67 para os bovinos leiteiros, independentemente dos níveis produtivos. 68 69 Palavras-chave: conforto térmico, frequência respiratória, pré ordenha 70 71 Introdução 72 73 Os aspectos comportamentais, fisiológicos e produtivos das vacas leiteiras são 74 melhores demonstrados em temperatura ambiente igual a 19ºC, contudo, em ambientes 75 com temperatura igual ou superior a 29ºC, mecanismos termorregulatórios como a 76 elevação da frequência respiratória são acionados para promover a dissipação do calor 77 corpóreo e manter a sua homeotermia, podendo culminar em redução do consumo 78 alimentar e posterior queda da produção láctea (Spiers et al., 2004). 79 Em áreas manejadas sob princípios agroecológicos, vacas leiteiras pastejam 80 durante o dia alternando períodos de maior e menor tempo de pastejo com outras 81 atividades, como a ruminação e o ócio, havendo variação nos tempos dispensados a 82 esses comportamentos em função da época do ano, da qualidade e disponibilidade de 83 forragem devido às necessidades de reposição alimentar dos próprios animais após a 84 ordenha, das condições ambientais e dos turnos de ordenha (Olivo et al., 2006). 85 Silva et al. (2002), verificaram que o resfriamento da sala de pré ordenha através 86 de nebulização promove um conforto térmico às vacas leiteiras não somente expresso 71 87 na redução de suas frequências respiratória e cardíaca, mas também, devido ao aumento 88 na produção de leite e que, há redução da temperatura do ar e da temperatura de globo 89 negro diretamente relacionada com o favorecimento de tal conforto. 90 Para Almeida et al. (2010), as condições ambientais influenciam diretamente nas 91 variáveis fisiológicas de vacas leiteiras, determinando os valores de temperatura retal, 92 do pelame e a frequência respiratória desses animais e que, em que a climatização da 93 sala de espera da ordenha por apenas 20 minutos, é suficiente para promoção do 94 conforto desses animais. 95 Assim, a utilização de estratégias que amenizem os efeitos térmicos do clima 96 sobre os bovinos leiteiros, é medida indispensável para a promoção do conforto animal 97 e, por conseguinte, para a manutenção do seu padrão comportamental e produtivo, até 98 mesmo em épocas quentes de regiões com clima temperado (Schütz et al., 2009), sendo 99 a disponibilidade de sombra natural na pastagem, um fator de conforto ambiental de 100 grande relevância aos bovinos leiteiros (Leme et al., 2005). 101 O objetivo desse estudo foi avaliar o efeito do ambiente da área de pastejo sobre 102 as ações comportamentais, e a influência de duas condições ambientais de pré ordenha 103 (sombra e sol), sobre as variáveis fisiológicas de vacas da raça Pardo-Suíça de alta e 104 baixa produção láctea, criadas em sistema Biodinâmico de produção. 105 106 Material e Métodos 107 108 A pesquisa foi realizada na Fazenda Tamanduá, município de Santa Terezinha, 109 mesorregião do Sertão Paraibano, que apresenta clima semiárido do tipo BSH 110 (classificação de Köppen), com temperatura anual média máxima de 32,9 e média 72 111 mínima de 20,8°C (Brasil, 1992), registrando-se na fazenda, pluviosidade média de 112 801,94 mm ano-1, concentrada principalmente em 4 meses do ano. 113 O experimento foi realizado no período de 20 de outubro a 22 de dezembro de 114 2010, totalizando 63 dias, dos quais, 10 foram de adaptação. Nos 32 dias iniciais os 115 animais foram suplementados com milho (Zea mays) e levedura e nos 31 dias restantes, 116 com manga (Mangifera indica) híbrida das variedades Tommy Atkis e keitt. 117 Inicialmente, comparou-se as observações das variáveis estudadas nos dois 118 períodos de fornecimento dos suplementos alimentares citados anteriormente e, por não 119 ter havido diferença estatística entre eles, optou-se por discutir os dados conjuntamente. 120 Assim, foram utilizadas 32 vacas leiteiras da raça Pardo-Suíça, entre o 2º e 5º mês de 121 lactação, entre 2 e 6 partos, distribuídas nos níveis de alta (12,74 ± 1,17 kg) e baixa 122 produção láctea (6,94 ± 1,2 kg), estabelecidos pela própria fazenda. 123 Às 06:30h os animais seguiam para piquetes com pastagem nativa de caatinga 124 enriquecida capim buffel (Cenchrus ciliaris), corrente (Urochloa mosambicensis), 125 andrequicé (Echinochloa crus-galli) e braquiária (Brachiaria decumbens), sendo 126 movimentados nesses piquetes a cada dois ou três dias, de acordo com a disponibilidade 127 de forragem. Às 13:30h retornavam da pastagem ao local de espera da ordenha, que 128 iniciava-se às 14:30h, e ao seu término, os animais seguiam para os currais, 129 permanecendo até a retirada láctea do dia seguinte, às 03:30h. 130 Nos currais, logo após a ordenha da tarde, os animais recebiam a suplementação 131 alimentar. O milho e a levedura eram fornecidos na proporção de 70 e 30%, 132 respectivamente, com consumo animal individual diário da mistura equivalente a 4 e 5 133 kg para os respectivos grupos de baixa e alta produção. A manga foi fornecida 134 igualmente para os indivíduos de cada nível produtivo pesquisado na quantidade de 9,1 135 kg animal-1. Durante todo o período experimental, a silagem de capim elefante 73 136 (Pennisetum purpureum) com sorgo forrageiro (Sorghum bicolor) foi o volumoso 137 fornecido aos animais, de modo a permitir uma sobra mínima de 10% ao dia. 138 A fazenda Tamanduá adota o sistema Biodinâmico de produção, que não permite 139 fornecimento de concentrado na dieta superior a 40%, obrigando assim, o volumoso a 140 ser no mínimo 60%. A silagem e o milho foram produzidos em sistema biológico 141 dinâmico, contudo, a levedura por não ter origem biodinâmica, não ultrapassava 10% da 142 exigência diária de matéria seca dos animais ao longo de um ano de fornecimento, o que 143 está de acordo com o preconizado por Demeter (2010) para esse sistema de produção. 144 Com vistas ao atendimento das exigências do sistema Biodinâmico, todo o manejo 145 experimental ocorreu com interferência mínima ao manejo utilizado na fazenda, 146 inclusive o alimentar, que diferiu apenas na quantidade do concentrado ofertado aos 147 animais distribuídos nos dois níveis de produção láctea. 148 As variáveis avaliadas foram as ambientais, comportamentais e fisiológicas, 149 ficando a metodologia dividida em dois ensaios (I e II). Para os dois ensaios, as 150 variáveis ambientais foram organizadas com base nos dias e horários específicos das 151 observações comportamentais diurnas e noturnas. 152 153 Ensaio I 154 155 Foram estudados 2 tratamentos, baixa e alta produção, com 16 repetições, sendo o 156 animal a repetição. O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado (DIC) 157 tanto para as variáveis comportamentais quanto as ambientais. O teste Tukey foi 158 utilizado para a comparação das médias (P≤0,05) conforme o programa GLM do SAS 159 (1999). 74 160 Utilizou-se tinta spray para enumerar nas duas garupas e no lado esquerdo da 161 paleta a identificação individual dos animais. Além disso, foi colocada no pescoço das 162 16 vacas de alta produção uma corda de cor laranja, enquanto as de baixa, não foram 163 identificadas. 164 O comportamento animal foi avaliado em ciclo diário não contínuo, totalizando 165 18:20h de avaliação efetiva. Devido ao manejo da fazenda, houve três avaliações 166 noturnas das 18 às 03:50h, e três diurnas, compostas por dois intervalos, sendo o 167 primeiro das 07:30 à 13:20h e o segundo, entre 15:40 à 17:50h em que, esse último, 168 possibilitou estimar o consumo alimentar dos animais nos currais, subtraindo-se o peso 169 da sobra do dia seguinte do peso do alimento fornecimento no dia anterior. O tempo de 170 observação noturna e o primeiro intervalo diurno foram subdivididos em cinco e dois 171 períodos de duas horas de avaliação, respectivamente. 172 A observação do comportamento diurno ocorreu com os animais em piquetes de 173 20 no primeiro dia (área 1) e de 30 hectares (área 2) nos dois últimos dias de 174 observação, sendo, a área útil de sombreamento representada pelas copas das árvores, 175 de 5,27 para a área 1 e 1,07% para a área 2, estimadas pela técnica do ponto do intersect 176 proposta por Araújo Filho (1991). O comportamento noturno foi observado com os 177 animais em currais, utilizando-se de lanternas para facilitar a visualização. 178 As variáveis comportamentais foram observadas a cada 10 minutos. Inicialmente 179 foi estabelecida a sequência de avaliação, que consistiu no registro comportamental do 180 animal que estivesse mais próximo ao observador (primeiro animal). Em seguida, 181 anotava-se as ações do segundo animal, ou seja, àquele que estivesse próximo ao 182 primeiro, até que a última vaca fosse observada. 10 minutos após a observação do 183 primeiro animal, recomeçava o ciclo observatório, desta vez, seguindo a sequência que 184 acabara de ser estabelecida. 75 185 Observadores anotavam em planilhas as atividades comportamentais de 186 alimentação, ruminação, ócio e outras atividades realizadas pelas vacas, considerando- 187 se como alimentação o ato de apreender ou mastigar o alimento; em ócio, quando não 188 exerciam nenhuma atividade e, realizando outras atividades, quando realizavam a 189 ingestão de água, defecação e micção, além do ato de coçarem-se e deslocassem-se com 190 objetivo não relacionado à alimentação. Desse modo, as variáveis foram registradas de 191 forma mutuamente exclusiva. 192 A temperatura do ar, umidade relativa do ar, temperatura do globo negro (TGN) e 193 a temperatura de ponto de orvalho (TPO), foram determinadas a cada 20 minutos por 194 data loggers acoplados a um globo negro. Com essas duas últimas temperaturas, 195 determinou-se o índice de temperatura de globo negro e umidade (ITGU) através da 196 fórmula de Buffington et al. (1981), sendo o ITGU = TGN + 0,36 (TPO) + 41,5. 197 Um data logger acoplado ao globo negro foi instalado sob a copa de árvores 198 presentes na área de pastejo dos animais (ambiente de sombra) e um segundo, 199 posicionado ao “sol”, representando as condições ambientais de exposição solar. 200 201 Valores das variáveis ambientais no período de 15:40 à 17:50 e da observação noturna do comportamento das vacas, encontram-se nas tabelas 1 e 2, respectivamente. 202 203 Tabela 1 – Médias e desvios-padrão das variáveis ambientais no período de 15:40 às 204 17:50h referentes à observação comportamental de vacas Pardo-Suíça de 205 alta e baixa produção. 206 207 208 Condições Temperatura Umidade relativa ambientais do ar (ºC) do ar (%) Sol 34,18 ±1,07a Sombra CV (%) TGN* ITGU** 34,17 ±2,09a 38,34±5,52a 85,71 ±5,51a 34,13 ±1,36a 32,83 ±2,86a 34,99±1,94a 82,07 ±1,88a 3,51 7,99 9,64 4,12 Médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade. *TGN = Temperatura do globo negro; **ITGU= Índice de temperatura do globo negro e umidade; CV = Coeficiente de variação. 76 209 Tabela 2 - Médias e desvios-padrão das variáveis ambientais organizadas em períodos e 210 referentes à observação comportamental noturna de vacas Pardo-Suíça de 211 alta e baixa produção. Temperatura Umidade relativa ambiente (Cº) do ar (%) 18:00 - 19:50h 29,45±1,13a 20:00 - 21:50h Períodos 212 213 214 215 216 TGN ITGU 48,46±3,80c 29,52±1,13a 77,29 ±1,07a 27,61±0,94b 59,57±6,84b 27,63±0,90b 75,88±0,66b 22:00 - 23:50h 25,22±0,45c 73,97±2,05a 25,25±0,45c 73,96 ±0,43c 00:00 - 01:50h 24,15±0,40cd 77,42±0,58a 24,17 ±0,39cd 72,80 ±0,48cd 02:00 - 03:50h 23,61±0,16d 79,28±0,75a 23,58±0,15d 72,16±0,18d CV (%) 2,74 5,37 2,70 0,86 Médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade. *TGN = Temperatura do globo negro; **ITGU= Índice de temperatura do globo negro e umidade; CV = Coeficiente de variação. Ensaio II 217 218 Neste ensaio, as 16 vacas de cada nível produtivo foram divididas em dois grupos 219 de 8 animais e submetidas aos ambientes de sol e sombra por aproximadamente 1,5 220 horas enquanto aguardavam a ordenha da tarde. Utilizou-se para as variáveis 221 fisiológicas um DIC com arranjo fatorial 2 x 2 (2 ambientes e 2 níveis produtivos), 222 constituindo, 4 grupos com 8 repetições (animal). O teste “F” foi utilizado para a 223 comparação das médias (P≤0,05), conforme o programa GLM do SAS (1999). As 224 variáveis ambientais foram submetidas ao mesmo tratamento estatístico utilizado no 225 ensaio I. 226 A alimentação das vacas ocorreu conforme descrito no primeiro ensaio e a 227 identificação das mesmas se deu por cordas colocadas no pescoço, sendo a de cor verde 228 utilizada para o grupo sombra e a azul para o grupo sol. Animais de alta produção 229 portavam corda de cor laranja, já os de baixa, foram identificados apenas quanto aos 230 ambientes pesquisados. 77 231 As variáveis ambientais foram as mesmas do ensaio I, registradas por um data 232 logger instalado sob o telhado do ambiente de sombra e por outro posicionado ao sol. 233 Os dados ambientais relatados são inerentes ao período em que ocorreu ordenha, 14:30 234 às 16:20h, e aos dias de observação dessas variáveis fisiológicas (Tabela 3). 235 Em três ocasiões e trinta minutos de descanso após a chegada da pastagem e antes 236 da ordenha, as vacas tiveram em seu ambiente de espera da ordenha a sua frequência 237 respiratória tomada pela contagem dos movimentos do flanco por 15 segundos, para em 238 seguida ser multiplicado por 4, obtendo-se os movimentos minuto-1. 239 Em brete de contenção, determinou-se a frequência cardíaca por meio de 240 estetoscópio; a temperatura retal por termômetro digital e a média da temperatura do 241 pelame, em 10 regiões anatômicas distintas do corpo, quais sejam, fronte, pescoço, 242 dorso, costado, lombo, flanco, garupa, coxa, úbere e ventre, por termômetro de 243 infravermelho. 244 245 Tabela 3 – Médias e desvios-padrão das variáveis ambientais referentes ao período de 246 determinação das respostas fisiológicas de vacas Pardo-Suíça de alta e baixa 247 produção. 248 249 250 251 252 253 254 Condições Temperatura Umidade relativa ambientais do ar (ºC) do ar (%) Sol 35,08±1,65a Sombra CV (%) TGN* ITGU** 36,66±1,65a 45,30 ±1,65a 93,31±1,65a 34,73±1,85a 34,75±1,65a 35,57±1,65b 83,13±1,65b 3,46 12,65 8,3 3,70 Médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade. *TGN = Temperatura do globo negro; **ITGU= Índice de temperatura do globo negro e umidade; CV = Coeficiente de variação. 78 255 Resultados e Discussão 256 257 Ensaio I 258 259 A temperatura do ar variou entre as condições ambientais de sol e sombra 260 (P≤0,01) e entre os períodos diurnos pesquisados (P≤0,01), com elevação progressiva 261 das 07:30 até às 13:20h (Tabela 4). 262 263 Tabela 4 - Médias e desvios-padrão das variáveis ambientais organizadas em períodos e 264 referentes à observação comportamental diurna de vacas Pardo-Suíça, de alta 265 e baixa produção. Condições ambientes Temperatura do ar (ºC) Umidade Relativa do ar (%) Sombra 32,57±2,36b 42,59 ±6,97a Sol 33,61±2,61a 41,40 ±7,78a 07:30 – 09:20h 30,15±0,66c 50,85 ±1,85a 09:30 – 11:20h 33,46±1,14b 40,73 ±2,01b 11:30 – 13:20h 35,45±1,01a 34,70 ±2,48c CV (%) 3,21 6,62 Períodos 266 267 268 Médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade. CV = Coeficiente de variação. 269 Percebe-se na média dos três períodos pesquisados, que ambas as condições 270 ambientais superam os 29ºC estabelecidos por Spiers et al. (2004) como sendo condição 271 de estresse acentuado em vacas leiteiras. 272 A época pesquisada demonstra, portanto, uma condição ambiental de desconforto 273 aos animais, com tendência de intensidade entre 11:30 e 13:20h, já que neste período, 274 independente da condição ambiental, foi verificada uma temperatura do ar de 35,45ºC. 79 275 A umidade relativa do ar apresentou padrão comportamental inverso à 276 temperatura do ar (Tabela 4), o que certamente não intensificou o desconforto ambiental 277 aos animais. Ferreira et al. (2009) inferem que temperatura ambiente elevada associada 278 com umidade relativa do ar superior a 70%, aumenta o desconforto animal devido a 279 redução da perda de calor corpóreo através da sudorese. 280 Em confirmação a um ambiente desfavorável aos animais, observa-se temperatura 281 de globo negro (TGN) de 30,97 e 40,04ºC (P≤0,01) e do índice de temperatura de 282 globo negro e umidade (ITGU) de 79,32 e 88,51 (P≤0,01) para os ambientes de sombra 283 e sol, respectivamente, já nas primeiras horas do dia (07:30 – 09:20h) (Tabela 5). 284 285 Tabela 5 - Médias e desvios-padrão de indicadores de condição ambiental organizadas 286 em períodos e referentes à observação comportamental diurna de vacas 287 Pardo-Suíça de alta e baixa produção. Temperatura de globo negro (TGN) Períodos Condições 07:30 – 09:20h 09:30 – 11:20h 11:30 – 13:20h Sombra 30,97±1,38bB 34,20±1,72aB 35,93 ±1,79aB Sol 40,04±2,82cA 46,29±2,92bA 48,35 ±3,43aA ambientais Índice de temperatura de globo negro e umidade (ITGU) Sombra 79,32±1,47bB 82,33±1,92aB 83,75 ±1,99aB Sol 88,51±2,80bA 94,57±2,76aA 96,34 ±3,46aA 288 289 290 Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna, não diferem entre si pelo teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade. 291 No período de 11:30 às 13:20h, valores extremos de TGN de 35,93 e 48,35º e 292 ITGU de 83,75 e 96,34 para os respectivos ambientes de sombra e sol foram 293 registrados, em que a interação entre os indicadores e as condições ambientais aponta 80 294 para uma necessidade de disponibilidade de sombra natural nas pastagens, com grande 295 importância para as horas mais quentes do dia. 296 Resultados semelhantes ao presente trabalho, na mesma região pesquisada e na 297 mesma época do ano, foram verificados por Souza et al. (2007), que citam valores de 298 TGN de 38,92 e 48,58ºC e ITGU de 87,98 e 97,64 à sombra e ao sol, respectivamente, 299 apontando, portanto, para um período do ano em que deve-se dispensar uma atenção 300 especial aos animais. 301 A variação climática ambiental ao longo dos três períodos pesquisados 302 influenciou o comportamento das vacas durante o pastoreio, pois independente dos 303 níveis de produção láctea, verificou-se alternância no padrão comportamental desses 304 animais, em que o tempo de alimentação decresceu do primeiro para o último período 305 avaliado (P≤0,01), com a variável ócio apresentando comportamento contrário (P≤0,01) 306 (Tabela 6). 307 308 Tabela 6 – Médias e desvios-padrão do tempo, em minutos, organizado em três períodos 309 e referentes às respostas comportamentais diurnas de vacas Pardo-Suíça de 310 alta e baixa produção. Níveis produtivos Alimentação Ócio Outras Atividades. Baixa Produção 82,92 ±26,42a 20,49 ±17,09b 8,33 ±6,70a Alta Produção 71,25 ±29,49b 26,39 ±19,12a 9,03 ±6,38a 07:30 - 09:20h 110,52±8,04a 3,75 ±5,20b 5,63 ±5,32b 09:30 - 11:20h 67,81 ±18,29b 32,29 ±14,03a 13,23±6,13a 11:30 - 13:20h 52,92 ±15,42c 34,27 ±14,07a 7,19 ±5,56b CV (%) 14,59 41,03 68,92 Períodos 311 312 313 Médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade. CV = Coeficiente de variação. 81 314 Evidencia-se que os animais nessas condições ambientais alimentam-se com 315 maior intensidade nas primeiras horas do dia, 07:30 às 09:20h (110,52 minutos) e 316 reduzem o seu tempo de pastejo à medida que se aproxima do período mais quente do 317 dia, 11:30 às 13:20h, onde se registra o menor tempo de busca alimentar (52,92 318 minutos). 319 Esse decréscimo no tempo de pastoreio coincide com a elevação progressiva dos 320 valores das variáveis ambientais ao longo da manhã, resultando paralelamente, em 321 aumento significativo (P≤0,01) no tempo de ócio entre o primeiro (3,75 minutos) e o 322 segundo (32,29), não havendo, contudo, diferença entre este e o terceiro período 323 (P>0,05). 324 Comportamento semelhante foi registrado por Silva et al. (2009), que observaram 325 redução no tempo de pastejo e aumento em ócio nas horas mais quentes do dia em 326 animais da raça Pitangueiras com acesso à sombra, quando comparados com animais ao 327 sol. No entanto, a quantidade de matéria seca consumida foi igual entre os dois grupos, 328 atribuindo à sombra da pastagem a capacidade potencializadora da eficiência de pastejo 329 dos ruminantes. 330 Infere-se com isso, que a vegetação de caatinga disponível na pastagem, 331 possibilitou às vacas leiteiras pesquisadas um refúgio mitigador das intempéries 332 ambientais capaz de promover a dissipação de calor corpóreo das mesmas, 333 proporcionando, à escolha delas, uma alternância entre a busca de alimento e o ócio, de 334 acordo com as condições ambientais. 335 Os resultados apontam para um maior tempo de pastejo dos animais de baixa 336 (82,92), frente aos de alta produção (71,25 minutos) (P≤0,01), sendo, portanto, 337 diferentes daqueles de Tapki e Şahin (2006), que registraram para vacas Holandesas 338 estabuladas e de alta produção, um tempo de consumo 29% maior que os animais de 82 339 baixa, entretanto, perceberam às 13:00h, praticamente o mesmo percentual no tempo de 340 alimentação dos grupos pesquisados. 341 Possivelmente, o menor tempo de pastejo dos animais de alta produção no 342 presente trabalho deve-se a influência climática. Segundo Spiers et al. (2004), vacas 343 leiteiras de alta produção possuem exigências nutricionais e metabolismo superiores à 344 vacas de baixa produção, e por conta disso, evitam o aumento de calor metabólico 345 reduzindo o seu tempo de pastejo, como manutenção de seu bem estar. 346 Houve interação entre os níveis produtivos e os períodos pesquisados para a 347 variável ruminação (P≤0,05) (Tabela 7). Percebe-se maior tempo de ruminação das 348 vacas de alta (30,21) que as de baixa produção (18,75 minutos) no período de maior 349 intensidade solar, 11:30 às 13:20h, indicando que possivelmente, os animais de maior 350 nível produtivo aumentem o seu tempo de ruminação nas horas mais quentes do dia, em 351 função de condições ambientais desfavoráveis ao pastejo. 352 353 Tabela 7 - Médias e desvios-padrão do tempo, em minutos, organizado em três períodos 354 e referentes à ruminação diurna de vacas Pardo-Suíça de alta e baixa 355 produção. Ruminação Períodos Níveis 07:30 - 09:20h 09:30 - 11:20h 11:30 - 13:20h Baixa Produção 0,00 bA 3,96 ±4,08bA 18,75 ±12,52aB Alta Produção 0,21 ±0,83bA 7,92 ±6,76bA 30,21 ±14,53aA Produtivos 356 357 358 Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna, não diferem entre si pelo teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade. 359 Em conformidade com os resultados de presente trabalho, Olivo et al. (2006) e 360 Zanine et al. (2007), também verificaram aumento no tempo de ruminação de vacas 361 leiteiras nos horários mais quentes do dia e redução nos horários de temperaturas 83 362 amenas. Inferindo que durante o dia, esses animais preferem realizar digestão alimentar 363 nas ocasiões de desconforto térmico ambiental. 364 Corroborando com os resultados obtidos, Leme et al. (2005) constataram que o 365 conforto térmico promovido pela dispersão homogênea das árvores de um sistema 366 silvipastoril, com cobertura de aproximadamente 30% da área de pastagem, favoreceu a 367 equivalência no tempo de ruminação de vacas leiteiras entre épocas quente e fria do 368 ano. 369 Quanto ao período de observação de 15:40 às 17:50h, constatou-se que as 370 variáveis pesquisadas comportaram-se igualmente entre os dois níveis produtivos 371 (Tabela 8), em que os animais de alta produção, possivelmente tenderam a recuperar o 372 período gasto em ócio e ruminação nas horas mais quentes do dia, alimentando-se em 373 condições de temperaturas menos quentes (Tabela 1). 374 375 Tabela 8 - Médias e desvios-padrão do tempo, em minutos, organizado no período de 376 15:40 à 17:50h e referentes às respostas comportamentais diurnas de vacas 377 Pardo-Suíça de alta e baixa produção. Níveis Produtivos Baixa produção Alta produção CV (%) Outras Alimentação Ruminação Ócio 55,83 ±24,08a 22,29±18,25a 50,00 ±12,35a 11,88 ±6,88a 62,50 ±19,64a 37,14 19,38±13,84a 77,72 43,54 ±11,19a 25,19 14,58 ±8,77a 59,58 Atividades 378 379 380 Médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade. CV = Coeficiente de variação. 381 Arieli et al. (2004), inferem haver a necessidade de condições climáticas 382 favoráveis para que vacas leiteiras de alta produção alimentem-se satisfatoriamente, 383 pois caso contrário, as mesmas preterirão o alimento como prevenção ao aumento de 384 calor metabólico e consequente manutenção homeotérmica. 84 385 Observou-se no período noturno, que a alimentação representou o menor tempo 386 dentre as atividades pesquisadas, sendo maior para os animais de alta em comparação 387 aos de baixa produção (P ≤0,05) (Tabela 9). 388 389 Tabela 9 - Médias e desvios-padrão do tempo, em minutos, organizado em cinco 390 períodos e referente às respostas comportamentais noturnas de vacas 391 Pardo-Suíça de alta e baixa produção. Outras Níveis Produtivos Alimentação Ruminação Ócio Baixa produção 1,79±3,56b 56,29±11,92a 57,46 ±12,65a 4,46±4,83a Alta produção 3,54 ±6,22a 57,13±10,60a 56,00 ±11,89a 3,33±4,68a 18:00 - 19:50h 4,17 ±6,45a 60,21±10,30a 50,42 ±11,35c 5,21 ±5,74a 20:00 - 21:50h 4,38 ±6,01a 58,65 ±7,57a 53,33 ±10,16bc 3,65 ±4,59a 22:00 - 23:50h 2,81 ±4,80ab 55,73±12,10ab 58,33 ±13,20ab 3,13 ±3,78a 00:00 - 01:50h 1,15 ±3,55ab 51,35±12,70b 62,92 ±11,69a 4,58 ±5,73a 02:00 - 03:50h 0,83±3,17b 57,60±11,43a 58,65 ±11,35ab 2,92 ±3,47a CV (%) 176,00 17,31 17,08 111,2 Atividades Períodos 392 393 394 Médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade. CV = Coeficiente de variação. 395 Mediante a condição ambiental diurna observada no presente trabalho, esperava- 396 se que o tempo de alimentação dos animais à noite fosse maior do que o apresentado, 397 pois Kendall et al. (2006), verificaram durante o verão em região de clima temperado, 398 aumento no tempo de pastejo noturno de vacas de alta produção como compensação ao 399 déficit alimentar nos horários quentes do dia. 400 Esse menor tempo alimentar à noite, possivelmente foi consequência do maior 401 consumo de silagem no período de 15:40 às 17:50h, representando, portanto, a 402 compensação ao déficit do tempo alimentar a que os animais passaram nos horários de 403 intensa radiação solar. Das 15:40 às 03:50h os animais de baixa e de alta produção 85 404 consumiram 7,36 e 8,11 kg animal-1 de matéria seca da silagem mais alimento 405 concentrado, respectivamente. 406 As atividades animais predominantes à noite foram ruminação, com tempo de 407 56,29 e 57,13 (P>0,05), e ócio, 57,46 e 56,00 minutos (P>0,05), para os respectivos 408 níveis de baixa e alta produção. 409 Esses resultados estão em conformidade com os de Ramos et al. (2007), que 410 verificaram à noite tempos percentuais médios para a ruminação de 48,65 e para o ócio 411 de 42,34 minutos, inferindo, que os animais preferem alimentar-se durante o dia e 412 alternarem-se entre o processo digestivo e o de descanso à noite. 413 414 Ensaio II 415 416 A frequência cardíaca foi semelhante entre os animais dos dois ambientes de pré 417 ordenha e os níveis produtivos pesquisados (P> 0,05) (Tabela 10), demonstrando que, 418 mesmo em ambiente sugestivo de desconforto térmico, as vacas conseguiam manter o 419 seu sistema termorregulatório funcionando dentro dos parâmetros normais da espécie. 420 Os resultados ora observados são maiores que os verificados por Pimentel et al. 421 (2007), que avaliando a inclusão de quatro níveis de castanha de caju no concentrado de 422 vacas da raça Pardo-Suíça confinadas em baias sombreadas, encontraram média de 423 frequência cardíaca de 64,45 batimentos minuto -1 às 15:00h, sob um índice de 424 temperatura e umidade (ITU) de 82,5. 425 Souza et al. (2007) verificaram em novilhas leiteiras da raça Sindi, frequência 426 cardíaca de 52 batimentos minuto-1 no período chuvoso e 95 no período seco. Dukes 427 (2006) aceita uma variação de 48 a 84 batimentos minuto -1 para essa variável em 428 bovinos leiteiros, indicando normalidade para os valores encontrados nos animais do 86 429 presente trabalho, o que pode estar relacionada às suas características adaptativas à 430 região de clima semiárido, devido à presença do rebanho na fazenda Tamanduá desde 431 1973. 432 433 Tabela 10 – Médias e desvios-padrão da frequência cardíaca e das temperaturas retal e 434 superficial de vacas Pardo-Suíças de alta e baixa produção, submetidas à 435 ambientes de pré ordenha de sol e sombra. Ambientes de Pré Frequência Temperatura Temperatura do Ordenha Cardíaca Retal pelame Sombra 83,91±9,77a 38,99±0,41b 33,69±0,39a Sol 87,58±8,44a 39,38±0,39a 33,51±0,33a Baixo 87,41 ±10,44a 39,28±0,46a 33,47±0,31b Alto 84,08±7,67a 39,09±0,41a 33,73±0,38a CV (%) 10,78 1,01 4,16 Níveis Produtivos 436 437 438 Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si pelo teste “F”, ao nível de 5 % de probabilidade. 439 Houve influência do ambiente de pré ordenha sobre a temperatura retal dos 440 animais (P≤0,01), em que as vacas ao sol apresentaram maiores valores (39,39) que as 441 que estavam à sombra (38,90ºC), não havendo, contudo, influência dos níveis 442 produtivos sobre essa variável (P>0,05). 443 Os resultados de temperatura retal dos animais à sombra estão condizentes com os 444 de Pimentel et al. (2007), que verificaram média dessa variável igual a 39ºC para vacas 445 leiteiras Pardo-Suíças. 446 Almeida et al. (2010), verificaram valores de temperatura retal em vacas 447 girolandas criadas no semiárido e submetidas ao sistema de resfriamento adiabático 448 evaporativo por 20 e 30 minutos antes da ordenha de 38,9 e 38,7ºC, respectivamente. 87 449 Spiers et al. (2004), relatam que a elevação da temperatura retal de vacas de alta 450 produção a valores superiores a 39ºC, é o principal indicador de estresse térmico e que, 451 fenômenos dessa natureza, apontam para falhas nos mecanismos termorregulatórios dos 452 animais, restando aos mesmos, alterarem o seu comportamento, iniciando pela redução 453 no consumo alimentar como ação mitigadora da produção de calor metabólico. 454 Esses resultados demonstram que o discreto desconforto térmico ao qual os 455 animais do presente trabalho foram submetidos na condição de espera da ordenha ao 456 sol, não se deu em função dos níveis produtivos estudados, mas sim, devido as 457 condições ambientais de pré ordenha. 458 A temperatura do pelame diferiu apenas em função dos níveis produtivos 459 pesquisados (P≤0,05), registrando-se valores de 33,47 e 33,73ºC para os animais de 460 baixa e alta produção, respectivamente, não sendo, contudo, verificada influência dos 461 ambientes de pré ordenha sobre a temperatura do pelame dos animais (P> 0,05). 462 Os resultados ora apresentados sugerem que os animais tiveram a mesma 463 capacidade termorregulatória quando expostos ao sol ou à sombra, entretanto, a 464 dissipação de calor tegumentar, parece ser menos eficiente em bovinos de produção 465 mais elevada, possivelmente, como cita Azevedo et al. (2005), devido a maior 466 intensidade de seu metabolismo. 467 Azevedo et al. (2005), inferem haver correlação positiva entre temperatura do 468 pelame, frequência respiratória e a temperatura retal de bovinos leiteiros, em que a 469 primeira, representa o estímulo inicial das condições ambientais e a partir de 470 mecanismos próprios, o organismo tenta manter a temperatura corpórea dentro de 471 valores compatíveis com o bem estar animal. 88 472 Para Ferreira et al. (2009), a superfície da pele aquecida aciona a atividade das 473 glândulas sudoríparas que eliminam o calor corpóreo latente na forma de vapor de água, 474 ou seja, sudorese. 475 Façanha et al. (2010), relatam que animais com baixa densidade de pelos, pelos 476 curtos, poucos espessos e assentados sobre a superfície corpórea, principalmente 477 quando inseridos em pele escura, promovem uma maior dissipação de calor corpóreo. 478 Assim, em virtude do Pardo-Suíço apresentar tais características, é possível que 479 equidade térmica verificada no pelame dos animais tanto à sombra quanto ao sol, esteja 480 relacionada à sua capacidade de perda de calor corpóreo, que segundo Maia et al. 481 (2009), ocorre eficientemente por convecção livre e condução molecular dos pelos. 482 Houve interação estatística entre os ambientes de pré ordenha e os níveis 483 produtivos experimentais (P≤0,05). As vacas de baixa produção apresentaram 484 frequência respiratória de 76,29 à sombra e de 92,66 movimentos minuto -1 ao sol 485 (P≤0,05). Comportamento estatístico semelhante (P≤0,05) foi observado para as vacas 486 de alta produção, que também tiveram frequência respiratória inferior no ambiente de 487 sombra (68,33) em relação aos animais expostos ao sol (81,33 movimentos minuto-1). 488 No entanto, quando se comparou os níveis de alta e baixa produção dentro de cada um 489 dos ambientes de pré ordenha pesquisados, não verificou-se diferença estatística entre 490 eles (P>0,05) (Tabela 11). 491 Esses resultados estão abaixo dos encontrados por Spiers et al. (2004), que 492 registraram em vacas Holandesas de alta produção leiteira à temperatura ambiente de 493 30,5ºC, frequência respiratória em torno de 108 movimentos minuto -1 e acima dos 494 achados de Arcaro Júnior et al. (2005), que registraram 38 movimentos respiratórios 495 minuto -1 em vacas holandesas submetidas a 30 minutos de ventilação + aspersão antes 496 da ordenha, em temperatura ambiente de 22,9 ºC. 89 497 498 Tabela 11 – Médias e desvios-padrão da frequência respiratória de vacas Pardo-Suíças 499 de alta e baixa produção, submetidos a ambientes de pré ordenha de sol e 500 sombra. Frequência Respiratória Níveis de produção Ambientes de Pré Ordenha Baixo Alto Sombra 76,29 ±15,31bB 68,33±7,60B Sol 92,66 ±11,78aA 81,33±9,15aA CV (%) 14,25 501 502 503 Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem entre si pelo teste “F”, ao nível de 5 % de probabilidade. 504 Ferreira et al. (2006), trabalhando com novilhas 1/2 sangue Gir x 1/2 Holandês 505 durante o verão, registraram 17,68 movimentos respiratórios minuto animal-1 pela 506 manhã após 12 horas em conforto térmico (Temperatura = 22ºC; Umidade relativa = 507 70%) em câmara bioclimática e 134,02 à tarde, depois de 6 horas em condição de 508 estresse (Temperatura = 42ºC; Umidade relativa = 60%). 509 Embora Azevedo et al. (2005) considerem movimentos respiratórios minuto -1 510 superiores a 60 estressantes para vacas de sangue 3/4 holandês x zebu, devido a elevação 511 da temperatura retal dos animais a 39,3ºC, pode-se dizer através do presente trabalho, 512 que os animais de ambos os níveis produtivos que aguardavam a ordenha à sombra, 513 tiveram os efeitos térmicos atenuados. 514 Os resultados são sugestivos de que a frequência respiratória dos animais 515 pesquisados sofreu influência das características intrínsecas dos locais de espera da 516 ordenha e não dos níveis de produção e que, os mesmos foram eficientes na perda 517 sensível de calor através da hiperventilação, tendo em vista a normalidade das demais 518 variáveis fisiológicas. 519 90 520 Conclusões 521 522 Os animais dos dois níveis produtivos apresentam-se sensíveis ao ambiente quente 523 de pastejo, com maior sensibilidade para as vacas de alta produção, que alternam-se 524 entre ruminação e ócio nas horas mais quentes do dia, em detrimento ao pouco tempo 525 dispensado à alimentação e, alimentam-se mais no início e ao final do dia sob influência 526 direta das condições ambientais amenas (Ensaio I). O fornecimento de sombra por 1,5 527 horas antes da ordenha a vacas Pardo-Suíças (Ensaio II), reduz o efeito térmico do 528 ambiente sobre as suas variáveis fisiológicas, configurando-se, uma alternativa eficiente 529 ao bem estar animal. 530 531 Agradecimentos 532 533 534 535 536 537 538 539 540 541 542 543 544 545 546 547 548 549 550 551 552 553 554 À Fazenda Tamanduá LTDA, por disponibilizar animais, estrutura física e recurso humano necessário para o desenvolvimento dessa pesquisa. 91 555 556 557 558 559 560 561 562 563 564 565 566 567 568 569 570 571 572 573 574 575 576 577 578 579 580 581 582 583 584 585 586 587 588 589 590 591 592 593 594 595 596 597 598 599 600 601 602 Referências ALMEIDA, G. L. P.; PANDORFI, H.; GUISELINI, C. et al. Investimento em climatização na pré-ordenha de vacas girolando e seus efeitos na produção de leite. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental. v.14, n.12, p.1337–1344, 2010. ARAÚJO FILHO, J.A. 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ENVIRONMENT INFLUENCE IN FIRST MILKING UPON PRODUCTION, COMPOSITION, SOMATIC CELL COUNT AND HORMONES ON COWS IN SYSTEM CREATED BIODYNAMIC. Albério Lopes Rodrigues1, Bonifácio Benício de Souza2, José Morais Pereira Filho2, Múcio Fernando Ferraro de Mendonça3, Bênnio Alexandre de Assis Marques3, Leonardo de Barros Silva3,. ABSTRACT. Rodrigues, A. L., de Souza, B. B., Pereira Filho, J. M., de Carvalho, M. G. X., de Mendonça, M. F. F., Marques, B. A. A., Silva, L.B., de Oliveira, G. J. C. [Environment Influence in first Milking Upon Production, Composition, Somatic Cell Count and Hormones on Cows in System Created Biodynamic]. Influência do Ambiente de Pré Ordenha Sobre Produção, Composição, CCS do Leite e Hormônios de Vacas Criadas em Sistema Biodinâmico. Revista Brasileira de Medicina Veterinária. Centro de Saúde e Tecnologia Rural, Universidade federal de Campina Grande, Programa de Pós Graduação em Medicina Veterinária (PPGMV). Caixa postal 64, 58.708-110, Patos-PB, Brasil. E-mail: [email protected] The objective of the present study were apprise in two environments in first milking upon production, composition, SCC of milk and the concentration hormonal plasmatic in cows Brown Swiss cattle in two-production level and system created biodynamic. We used 32 cows; we had 16 in low and 16 in up production. The cows waits 1,5 hour for the first milking on the sun and in with out sun. All the cows had the loggers to register the environment variations. The design experimental was completely randomized with 2 x 2 arrangement factorial (two environments first milking and two levels of production), consisted of 4 groups of 8 repetitions each. The acidity (P≤0,01) and the total solids (P>0,05) were less in the milk from the cows put in with out sun. The cows about the production less level showed acidity (P≤0,01), density (P>0,05), lactose (P≤0,01) and solids with out lipids (P≤0,01) in the milk in cows form milk had low production therefore we did not observation some difference in total solids (P>0,05) between two level production. The SCC milk did not showed variations between the environments and the production level (P>0,05), therefore in the number, were up in the cows with of sun and when had low production. The values form T3, T4 and cortisol, not had variations in the four groups in the study (P>0,05) and was in accord with the literature. When we put the cows Brown Swiss cattle for 1,5 hours in the first milking in system created biodynamic of production showed low influence weather in the cows did not showed good up production and good milk composition KEY-WORS: cattle, first milking, thermal comfort, total solids. _______________________________ 1 Med. Veterinário, Mestre, Programa de Pós-graduação em Medicina Veterinária, CSTR/UFCG, Caixa postal 64, 58.708-110, Patos-PB. Autor para correspondência:E-mail: [email protected] 2 Zootecnista, Doutor, Unidade acadêmica de Med. Veterinária CSTR/UFCG, Caixa postal 64, 58.708-110, Patos-PB. E-mails: [email protected]; [email protected]; [email protected] 3 Curso de Graduação em Med. Veterinária, CSTR/UFCG, Caixa postal 64, 58.708-110, Patos-PB. E-mail: [email protected]; [email protected]; [email protected] 95 RESUMO. O objetivo do presente trabalho foi avaliar a influência de dois ambientes de pré ordenha sobre a produção, composição, contagem de células somáticas (CCS) do leite e concentração plasmática hormonal de vacas da raça Pardo-Suíça de dois níveis produtivos e criadas em sistema Biodinâmico. Foram utilizadas 32 vacas, 16 de baixa e 16 de alta produção, que aguardavam por 1,5 horas o momento da ordenha ao sol e à sombra, nos quais foram instalados data loggers para o registro das variáveis ambientais. O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado com arranjo fatorial 2 x 2 (2 ambientes de pré ordenha e 2 níveis de produção), constituindo 4 grupos experimentais com 8 repetições cada. A acidez (P≤0,01) e os sólidos totais (P>0,05) foram menores no leite das vacas do ambiente de sombra em relação ao ambiente de sol. Os animais de maior nível produtivo apresentaram acidez (P≤0,01), densidade (P>0,05), lactose (P≤0,01) e sólidos não gordurosos (P≤0,01) no leite maiores que os animais de baixa produção, sem, contudo, ser observado diferenças de sólidos totais (P>0,05) entre esses dois níveis produtivos. A CCS do leite não variou entre os ambientes e os níveis produtivos (P>0,05), entretanto, numericamente, foi maior nos animais à sombra e de baixa produção. Os valores de triiodotironina (T3), tiroxina (T4) e cortisol, não variaram nos quatro grupos trabalhados (P>0,05) e estiveram dentro do que recomenda a literatura. O fornecimento de sombra por 1,5 horas antes da ordenha da tarde a vacas leiteiras Pardo-Suíças criadas em sistema Biodinâmico de produção, embora reduza as intempéries climáticas sobre as mesmas, não melhora a sua produção e composição láctea. PALAVRAS-CHAVE: bovinos, conforto térmico, sólidos totais, sombra. Introdução A qualidade do ambiente de pré ordenha influencia diretamente a produção e a composição do leite bovino (Barbosa et al., 2004), podendo esse ambiente ser climatizado com intuito de aumentar a produção láctea e promover a melhoria do bem estar animal (Silva et al., 2002). O efeito das intempéries climáticas ambientais sobre o bem estar e a produção láctea ocorre indistintamente sobre as categorias produtivas de vacas leiteiras, observando-se que os animais de alta produção apresentam maior sensibilidade ao estresse térmico que os de baixa, refletindo em perdas consideráveis de leite em função da redução do seu consumo alimentar (Tapki e Şahin, 2006). O resfriamento do ambiente de vacas de alta produção leiteira não lhes proporciona apenas à sua estabilidade fisiológica, como frequência respiratória e temperatura retal dentro da faixa aceitável para o seu conforto, ou ainda, o aumento na produção láctea, mas também, influencia na quantidade de seus constituintes químicos, favorecendo, por exemplo, aumento na quantidade de gordura presente no mesmo (Reyes et al., 2007). Em ambientes quentes, as vacas leiteiras para manterem estável a temperatura do seu núcleo térmico corpóreo, utilizam-se da termólise como mecanismo da perda de calor e nessa situação, os níveis de triiodotironina (T3) e tiroxina (T4) no plasma sanguíneo diminuem 96 consideravelmente, já que esses hormônios estão envolvidos diretamente na termogênese animal (Morais et al., 2008). Com a realização desta pesquisa o objetivo foi avaliar a influência de duas condições ambientais de pré ordenha sobre a produção, composição, contagem de células somáticas do leite e concentração plasmática hormonal de vacas da raça Pardo-Suíça de dois níveis de produção de leite e criadas em sistema Biodinâmico de produção. Material e Métodos A pesquisa foi realizada na Fazenda Tamanduá, município de Santa Terezinha-PB, inserida na mesorregião do Sertão Paraibano, que se caracteriza por apresentar clima semiárido do tipo BSH (classificação de Köppen), com temperatura anual média máxima de 32,9 e mínima de 20,8°C (Brasil, 1992), registrando-se pluviosidade média anual na fazenda de 801,94 mm ano-1, concentrada principalmente em 4 meses do ano, seguida por um longo período de estiagem. O experimento foi realizado no período de 20 de outubro a 22 de novembro de 2010, com 12 dias de adaptação e 20 destinados à fase experimental. Foram utilizadas 32 vacas leiteiras da raça Pardo-Suíça distribuídas em 2 níveis produtivos estabelecidos pela própria fazenda pesquisada. Trabalhou-se com vacas de produção média individual diária de 12,74 ± 1,17 e 6,94 ± 1,2 kg, para os grupos de alta e baixa produção de leite, respectivamente. Os 16 animais de cada nível de produção foram divididos em dois grupos e submetidos aos ambientes de sol e sombra, em que 8 vacas aguardavam o momento da ordenha da tarde em cada um desses ambientes por 1,5 horas e após receberem banho de aspersão com jato d´água, eram ordenhadas. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado (DIC) com arranjo fatorial 2 x 2 (2 ambientes de pré ordenha e 2 níveis de produção láctea), constituindo 4 grupos com 8 repetições (animal). O teste “Tukey” foi utilizado para a comparação das médias (P≤0,05), conforme o programa GLM do SAS (1999). Às 06:30h os animais seguiam para piquetes com pastagem nativa de caatinga e enriquecidos com capim buffel (Cenchrus ciliaris), corrente (Urochloa mosambicensis), andrequicé (Echinochloa crus-galli) e braquiária (Brachiaria decumbens), dependendo de suas características edáficas, havendo a movimentação dos animais nesses piquetes, a cada dois ou três dias, de acordo com a sua disponibilidade de forragem. 97 Às 13:30h as vacas eram conduzidas da pastagem ao local de espera da ordenha, a qual iniciava-se às 14:30h, e ao seu término os animais seguiam para currais, permanecendo até a retirada láctea do dia seguinte, às 03:30h. A ordenha era realizada mecanicamente, antecedida pelo teste da caneca, imersão em solução iodada e secagem das tetas com papel toalha. Após a retirada do leite, uma nova desinfecção das tetas com solução iodada era realizada. Nos currais, logo após a ordenha, os animais recebiam a suplementação alimentar, constituída por milho (Zea mays) e a levedura, fornecidos na proporção de 70 e 30%, respectivamente, com consumo animal individual diário da mistura equivalente a 4 e 5 kg para os grupos de baixa e alta produção, respectivamente. Durante todo o período experimental, a silagem de capim elefante (Pennisetum purpureum) com sorgo forrageiro (Sorghum bicolor) foi o volumoso fornecido nos comedouros aos animais, de modo a permitir uma sobra mínima de 10%. A fazenda Tamanduá adota o sistema Biodinâmico de produção, que não permite um fornecimento de concentrado da dieta superior a 40%, ficando os 60% restante, para o volumoso. A silagem e o milho foram produzidos de maneira biodinâmica, e assim, limitavam-se apenas a proporção mencionada anteriormente, contudo, a levedura por não ter origem biodinâmica, não ultrapassava 10% da exigência de matéria seca dos animais ao longo de um ano de fornecimento, o que está de acordo com as recomendações Demeter (2010). Com vistas às exigências do Biodinâmico, todo o manejo experimental foi realizado com interferência mínima ao da fazenda, inclusive o alimentar, que diferiu apenas no que se refere à quantidade do concentrado em função dos níveis de produção láctea, alta e baixa. A composição química dos ingredientes encontra-se na tabela 1. Avaliou-se no presente estudo as variáveis ambientais, produção, composição e contagem de células somáticas (CCS) do leite das vacas estudas em duas ocasiões durante o período experimental, determinando-se também, em momento único, os níveis de T3, T4 e cortisol do plasma sanguíneo desses animais. A temperatura do ar, umidade relativa do ar, temperatura do globo negro (TGN) e a temperatura de ponto de orvalho (TPO), foram determinadas a cada 20 minutos por data loggers acoplados a um globo negro. Com essas duas últimas temperaturas, determinou-se o índice de temperatura de globo negro e umidade (ITGU), através da fórmula de Buffington et al. (1981), sendo o ITGU = TGN + 0,36 (TPO) + 41,5 (Tabela 2). Um data logger foi exposto ao “sol” e outro colocado sob o telhado do ambiente de sombra, representando as condições ambientais de exposição solar e da sombra, 98 respectivamente. Essas variáveis foram organizadas com base nas 36h que antecederam as colheitas das amostras de leite e nos dias específicos de colheita de sangue dos animais para a determinação da concentração hormonal (Tabelas 2 e 3). Foram determinadas a acidez titulável em graus Dornic (ºD) e a densidade relativa (g/ml) corrigida a 15°C pelo método do termolactodensímetro no próprio local de colheita das amostras. Os percentuais de gordura, lactose, proteínas totais e sólidos totais foram obtidos pelo método de análise infravermelho, através do equipamento BENTLEY 2000, no laboratório do Programa de Gerenciamento de Rebanhos Leiteiros do Nordeste (PROGENE), da Universidade Federal Rural do Pernambuco, Recife-PE, em que, os sólidos não gordurosos (SNG), foram obtidos a partir da subtração da percentagem de gordura dos valores dos sólidos totais. A CCS, realizada no laboratório do PROGENE, foi determinada pelo método de citometria de fluxo, através do equipamento SOMACOUNT 300. Nos dias de colheita de leite, foram também realizadas a pesagem do mesmo manhã e tarde, determinando a produção média diária de cada grupo animal pesquisado. No que se refere às dosagens hormonais pesquisadas, 10 ml de sangue de cada animal foram puncionados da veia jugular externa entre 08 e 09h da manhã, por meio de tubos de coleta à vácuo, sem EDTA, em seguida, foram identificados, acondicionados em caixa térmica com gelo seco e levados ao Laboratório de Patologia Clínica do Centro de Saúde e Tecnologia Rural (CSTR) da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Campus de Patos-PB, para ser centrifugado em microcentrífuga por 15 minutos a 3.000 rotações por minuto (RPM). Na sequência, o soro de cada amostra foi colocado em tubos de eppendorf, identificado e acondicionado em refrigerador a -76 ºC, para posterior determinação dos níveis de T3, T4 e cortisol em laboratório conveniado ao Hermes Pardini, pela técnica de quimioiluminescência. Embora haja características intrínsecas do sistema Biodinâmico de produção que o distingue de outros sistemas ecológicos como o orgânico e o agroecológico por exemplo, para fins conceituais, devido à existência de pontos de intersecção de princípios entre esses sistemas, adotou-se nesse trabalho o termo genérico ecológico para dados de artigos científicos advindos desses três sistemas. Resultados e Discussão Os ambientes de pré ordenha não influenciaram a produção diária de leite das vacas de ambos os níveis produtivos (P>0,05), embora, como esperado, verificou-se maior produção 99 láctea (P≤0,01) nos animais de alto quando comparados aos de menor nível produtivo, independentemente do ambiente de pré ordenha (Tabela 4). Esses resultados diferem dos encontrados por Tapki e Şahin (2006), que verificaram para vacas Holandesas de alta produção um decréscimo de 16,1% em sua produção leiteira nos meses mais quentes do ano, registrando-se às 14h, média de temperatura máxima de 40,17ºC e índice de temperatura e umidade (ITU) próximo a 82. Silva et al. (2002), verificaram para a ordenha da tarde, aumento de 7,28% na produção láctea de vacas holandesas (17,5kg de leite vaca/dia) submetidas a ambiente de pré ordenha climatizado com sistema de resfriamento evaporativo em comparação aos animais desprovidos desse sistema. O resfriamento desse ambiente possibilitou uma redução da temperatura de globo negro (TGN) de 8,67 e de 9,3% para a temperatura ambiente. No entanto, quando o ITU apresentou valores de 78 e 83 para os ambientes com e sem resfriamento evaporativo, respectivamente, ambos os grupos animais tiveram redução acentuada em sua produção láctea. No presente trabalho, à tarde, a TGN e o índice de temperatura de globo negro e umidade (ITGU), apresentaram valores de 34,78 e 45,02ºC; 82,56 e 93,02, para os ambientes de sombra e sol, respectivamente (Tabela 2). Assim, percebe-se que mesmo à sombra, as condições ambientais pesquisadas estão em desacordo com os achados Silva et al. (2002), o que possivelmente contribuiu para a semelhança de resultados produtivos dos animais submetidos aos dois ambientes de produção. Certamente, o banho de aspersão proporcionou condição de conforto térmico semelhante para os animais de ambos os ambientes de pré ordenha, conforme citam Barbosa et al. (2004) e o tempo de espera dos animais à sombra (1,5h) sob as condições meteorológicas apresentadas (Tabela 2), pode não ter sido suficiente para influenciar na produção láctea dos animais com os dois níveis produtivos pesquisados, devendo-se considerar ainda, o grau de adaptabilidade desses animais à condição ambiental encontrada. A diferença de produção de leite entre um nível produtivo e outro, possivelmente seja outro fator a ser considerado na obtenção desses resultados, uma vez, que Silva et al. (2009), não verificaram diferença na produção láctea de vacas da raça Pitangueiras com média de 10 kg de leite vaca-1 ao dia, manejadas em piquetes com e sem acesso à sombra. A acidez titulável láctea foi menor nos animais com acesso a pré ordenha sombreada (P≤0,01) e naqueles de baixa produção (P≤0,01) em relação aos demais grupos pesquisados. Já a densidade, não foi influenciada pelos ambientes de pré ordenha (P>0,05), sendo, contudo, superior nos animais de alta em comparação aos de baixa produção (P≤0,05) (Tabela 4). 100 Fanti et al. (2008), registraram em leite bovino ecológico acidez de 15,7ºD e densidade média de 1,031g/ml, verificando elevação dessa primeira variável em condição de alta temperatura do ar, devido a precipitação do fosfato tricálcio e do desdobramento da lactose em ácidos orgânicos. A densidade, por sua vez, possui valor inversamente proporcional à gordura, podendo assim, apresentar-se relativamente baixa em leite de vacas com alto teor de composto lipídico. Os resultados de acidez do presente trabalho estão próximos aos achados de Viero et al. (2010), que verificaram valores dessa variável em vacas Jersey de 18,84 e 17,75ºD para os grupos suplementadas com 0,3mg/kg de concentrado de selênio orgânico e inorgânico, respectivamente, sendo tais valores, de acordo com Gonzalez et al., (2001), considerados normais para a espécie, devido ao elevado teor proteico de seu leite A instrução normativa 51 do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento MAPA (IN 51) (Brasil, 2002), estabelece para acidez titulável e a densidade, os limites de 14 a 18ºD e de 1,028 a 1,034g/ml, respectivamente, como aceitáveis para o leite bovino. Assim, a densidade do presente trabalho encontra-se dentro do recomendável para os quatro grupos pesquisados, sendo possível inferir, que a condição de sombra na pré ordenha contribui para a manutenção da acidez titulável do leite. Quanto aos níveis produtivos, a maior acidez no leite dos animais de alta produção, pode estar relacionada às características da raça pesquisada, pois assim como a Jersey, apresenta altas concentrações de proteínas totais no leite, o que influencia em sua acidez. A concentração de lactose no leite não foi influenciada pelos efeitos dos dois ambientes de pré ordenha (P>0,05), mas apresentou-se mais elevada nos animais de alta produção, quando comparada aos de baixa (P≤0,01) (Tabela 4). Kendall et al. (2006) verificaram valores iguais de lactose (4,9%) do leite de vacas Holandesas com produção média diária de 17 kg vaca/dia, manejadas à pasto com e sem acesso à sombra. Silva et al. (2009), também não constataram diferença entre os percentuais de lactose de vacas da raça Pitangueiras com produção média de leite vaca-1 ao dia de 10 kg, que pastejavam em área de sombra (3,94) e ao sol (4,03%). De acordo com Mapekula et al. (2011), os níveis de lactose no leite praticamente não se alteram em relação aos graus sanguíneos de uma determinada raça, havendo, contudo, discreta redução em seus valores no final da lactação, atribuindo-se a esse componente lácteo, o papel de estabilizador da quantidade de água presente no leite, atuando como um agente osmótico, daí o por quê de sua pouca variação dentro de uma mesma raça pesquisada, independente de sua produção. 101 A menor concentração da lactose verificada no leite dos animais de baixa produção pode não estar relacionada necessariamente ao nível produtivo, mas sim, ao elevado valor absoluto da CCS presente no mesmo (Tabela 4), já que a CCS eleva-se em situações de baixo volume lácteo no úbere, e interfere na síntese de lactose nas células alveolares, conforme citam Bueno et al. (2005). O percentual de gordura no leite não sofreu influência dos ambientes de pré ordenha e nem dos níveis produtivos de leite dos animais experimentais (P>0,05) (Tabela 4). Esses resultados diferem dos encontrados por Reyes et al. (2007), que registraram concentração de gordura de 2,9% no leite de vacas Holandesas de alta produção criadas em clima desértico apenas com acesso à sombra, e de e 3,2% para vacas submetidas à combinação de sombra + aspersão de água disponível por oito horas ao diainferindo que em condições ambientais de temperatura do ar superior a 40ºC, a promoção do conforto térmico animal influencia positivamente no conteúdo gorduroso do leite. Arieli et al (2004) avaliando a composição química do leite de vacas Holandesas com produção de aproximadamente 40 kg leite vaca/dia, submetidas ao resfriamento por aspersão + ventilação antes da ordenha, verificaram percentual médio de gordura entre os tratamentos pesquisados de 3,13%. Já Silva et al. (2009), obtiveram percentuais de gordura láctea de 3,79 e 3,69 para animais em ambiente de pré ordenha à sombra e de exposição ao sol, respectivamente. Embora a gordura seja o componente mais variável no leite bovino (Gonzalez et al., 2001), percebe-se nos resultados do presente trabalho que a sua concentração esteve acima dos 3% mínimos estabelecidos pela IN 51 Brasil (2002), possivelmente devido à característica particular de raça Pardo-Suíça em sintetizar eficientemente gordura no leite, conforme cita Carroll et al. (2006). Os percentuais de proteínas totais do leite foram iguais em ambos os ambientes de pré ordenha e nos dois níveis produtivos lácteos pesquisados (P>0,05) (Tabela 4), estando, portanto, superiores aos resultados experimentais de Aharoni et al (2005), que registraram concentração de proteínas totais no leite de vacas de alta produção criadas em ambiente quente e alimentadas exclusivamente em período diurno de 2,99%, observando-se, no entanto, 3,03% de proteínas totais no leite de animais alimentadas apenas à noite, e para essa última condição, a eficiência alimentar foi maior, devido ao conforto térmico ao qual as vacas foram submetidas. 102 Müller & Sauerwein (2010), verificaram concentração de proteínas totais menores no leite produzido ecologicamente em relação à produção convencional, atribuindo esses resultados à menor quantidade de leite produzida no sistema ecológico. No entanto, Butler et al. (2011), relatam que a baixa produção de leite registrada nos rebanhos ecológicos, proporcionou uma maior produção de proteínas totais lácteas em relação aos rebanhos criados convencionalmente, fato corroborado por Carroll et al. (2006), que verificaram redução nos teores de proteínas totais à medida em que a produção de leite dos animais se elevou. Embora os autores anteriormente citados sugiram haver relação inversa do teor de proteínas totais com a produção de leite, a semelhança estatística na concentração dessa variável entre os dois níveis produtivos lácteos pesquisados, parece reforçar que a amplitude de 5,8kg entre tais grupos, com valor de 12,74kg de leite/dia como nível produtivo máximo inicial para a pesquisa, aparentemente não é suficiente para interferir positiva ou negativamente em sua composição, mesmo sendo importante para a condução do manejo alimentar da fazenda. A IN 51 Brasil (2002), estabelece valores para proteínas no leite bovino não inferiores a 2,9%, estando, portanto, os resultados do presente trabalho em conformidade com a mesma resolução. Os teores de sólidos não gordurosos (SNG) não diferiram entre os ambientes de pré ordenha (P>0,05), embora, a sua concentração tenha sido maior nos animais de alto nível produtivo quando comparada aos de baixa produção (P≤0,01) (Tabela 4). Esses resultados estão abaixo dos valores encontrados por López et al. (2007), que verificaram teores de SNG em vacas Jersey criadas em confinamento de 9,4% e, acima dos achados de Zanela (2006), que encontraram valores para essa variável de 8,57, 8,42 e 8,32% para sistemas de produção especializado, semi-especializado e não especializado, respectivamente, configurando assim, o manejo e o ambiente de criação, com suas peculiaridades, como influenciadores do percentual de SNG do leite bovino. A maior concentração de SNG no leite dos animais de alto em comparação aos de baixo nível produtivo do presente trabalho, certamente ocorreu em função do maior percentual de lactose no leite dos primeiros, o que está em desacordo com o que preconiza Gonzalez et al. (2001), que atribuem às proteínas totais a maior capacidade de influência na concentração dos SNG do leite bovino. Os valores de SNG dos quatro grupos pesquisados, estão em conformidade com os 8,4% mínimos exigidos pela IN 51 Brasil (2002). O percentual de sólidos totais do leite dos animais submetidos à espera da ordenha à sombra foi inferior àqueles animais expostos ao sol (P≤0,05). No entanto, independente do 103 ambiente de pré ordenha, não foi observado diferença na concentração dessa variável entre os níveis de produção láctea (P>0,05) (Tabela 4). Os resultados ora apresentados são maiores do que aqueles encontrados por Arcaro Júnior et al. (2003), menores que os achados de López et al. (2007) e estão próximos aos valores encontrados por Sánchez et al. (2006), que verificaram percentuais médios de sólidos totais no leite de vacas nativas da Nicarágua de baixa produção (± 5kg dia) de 13,13%. Como era de se esperar, percebe-se que o percentual de sólidos totais no leite bovino, varia em conformidade com as flutuações de seus constituintes dissolvidos e que, os valores ora apresentados, estão em conformidade com o que determina a IN 51 Brasil (2002), que é concentração mínima dessa variável igual ou superior a 11,4%. O sistema ecológico de produção determina uma fase de pastejo diária obrigatória às vacas leiteiras, devendo a pastagem ser de boa qualidade, para juntamente com o alimento concentrado, atender as exigências nutricionais desses animais e, com isso, não implicar em sólidos totais inferiores aos valores já mencionados (Sato et al., 2005), assim, verifica-se que a limitação do concentrado em até 40% das necessidades de matéria seca para vacas leiteiras, embora interfira na produção de leite, não influencia a concentração dos seus sólidos totais. Estatisticamente, não se observou influência dos ambientes de pré ordenha e dos níveis de produção láctea sobre a contagem de células somáticas (CCS) no leite das vacas trabalhadas (P>0,05). A diferença em termos de valores absolutos, muito provavelmente esteja relacionada às características da própria variável, que em função de sua instabilidade, apresenta alta amplitude de variação, conforme o seu coeficiente de variação (118,84%). Este aspecto fica visível ao verificar os valores de 517.500 e 512.980 da CCS dos animais expostos à sombra e de baixa produção. Já nos animais ao sol e de alto nível produtivo, os valores foram de 327.360 e 331.880, respectivamente (Tabela 4). O perfil dessa variável está em conformidade com o que preconizam Bueno et al. (2005), ao relatarem que em épocas quentes do ano, com temperatura do ar próximo a 31ºC, há uma elevação considerável na CCS de vacas leiteiras, fato corroborado pela escassez alimentar da época, já que há um decréscimo na produção de leite e consequente elevação da concentração de células somáticas por volume lácteo do úbere. Barbosa et al. (2004), verificaram valores de CCS de 118.770 e 381.940 em vacas leiteiras submetidas a ambientes de pré ordenha ao sol e à sombra, sem receberem banho de aspersão. Já para a condição com banho de aspersão, a CCS látea foi de 314.140 e 404.070 células/ml para os respectivos ambientes, sugerindo assim, que a elevada umidade no ambiente de pré ordenha favorece o aumento da CCS no leite bovino. 104 Para Magalhães et al. (2006), a combinação de elevada umidade com alta temperatura ambiente aumenta a susceptibilidade de vacas leiteiras aos patógenos, favorecendo o crescimento da população de micro-organismos presentes na glândula mamária e na pele do úbere, elevando a CCS no leite. Ribeiro et al. (2009), estudando a CCS láctea do tanque de expansão de quatro rebanhos bovinos em sistema ecológico de produção, encontraram valores médios de 175.742 para animais com mastite subclínica e clínica comprovadas e 58.227 células/ml para animais não acometidos por mastite, mas os autores verificaram também resíduos de antibióticos no leite, o que é incompatível com o modelo de produção ecológica, conforme preconiza a ABIO (2011). É possível inferir, que o banho de aspersão realizado em vacas leiteiras antes da ordenha, embora seja promotor de conforto térmico, pode favorecer a elevação da CCS, pois essa prática, facilita o relaxamento da roseta de Fürstenberg, configurando-se em porta de entrada para patógenos presentes na pele do úbere. Outro aspecto a ser considerado é o fato dos animais à sombra, independente de seu nível de produção láctea, aguardarem o momento da ordenha deitados com o úbere em contato direto com o solo úmido devido a pluviosidade de 109mm ocorrida durante o período experimental, fato não observado para os animais que aguardavam a ordenha ao sol, que permaneciam em pé até o momento da ordenha. De acordo com o que preconiza a IN 51 Brasil (2002), e para atender aos preceitos legais no Brasil, a CCS deve ser no máximo 750.000 células/ml. Em todas as avaliações feitas nesse estudo os valores máximos foram menores do que o preconizado, indicando que o controle feito na fazenda Tamanduá atende às exigências legais. Por outro lado, os resultados indicam que em épocas quentes e úmidas, que na região pesquisada coincide com o período das chuvas (Souza et al, 2007), o acompanhamento seja mais intenso. A concentração plasmática dos hormônios triiodotironina (T3), tiroxina (T4) e cortisol, não sofreram influência dos ambientes de pré ordenha e dos níveis de produção de leite das vacas estudadas (P>0,05) (Tabela 5). Os resultados para T3 e T4 do presente trabalho estão próximos aos encontrados por Morais et al. (2008), que verificaram em vacas holandesas valores de T3 de 1,09 e 0,81 ng/ml e para o T4 de 5,25 e 7,75 µg/dl, em períodos de clima quente e ameno, respectivamente, estando, portanto, esses hormônios envolvidos diretamente na termogênese animal e, como tal, sofrem influência das condições ambientais. No entanto, o T4 por ser precursor do T3 e nem sempre apresenta o mesmo comportamento plasmático que este último. 105 Ainda conforme Morais et al. (2008), a redução plasmática desses hormônios ocorre em vacas leiteiras submetidas a ambientes com temperatura do ar com 28ºC e ITGU de aproximadamente 90, sendo, os animais de maior grau sanguíneo europeu, mais susceptíveis à redução hormonal, possivelmente, por uma maior necessidade de perda de calor diante de uma situação de estresse térmico. Arcaro Júnior. et al. (2003), verificaram valores plasmáticos decrescentes de T4 à medida que se melhorou a condição ambiental do curral de espera, registrando-se concentrações de 4,23, 3,94 e 3,65 µg/dl para vacas leiteiras submetidas aos ambientes de pré ordenha de apenas sombra, Sombra + ventilação e sombra + ventilação + aspersão, respectivamente, estabelecendo que tais valores estavam dentro de uma variação aceitável para vacas leiteiras, contrariando assim, a tendência desses hormônios de maior concentração em ambientes de condição climática amena, demonstrando, serem variáveis instáveis. Devido a essa instabilidade de concentração plasmática, fica difícil estabelecer os valores de referência para a espécie bovina, embora, Cunninghan (2008), aponte para o T3 valores normais próximos a 0,92 ng/ml e Dukes (2006), aceita variação desse hormônio entre 0,41 e 1,7 ng/ml. Os resultados de cortisol do presente trabalho foram menores que àqueles encontrados por Ferreira et al. (2009), que verificaram em vacas 1/2 Gir x ½ Holandês estudadas em câmara bioclimáticas, concentrações de cortisol de 6,02 à tarde e 5,07 pela manhã durante o verão e de, 3,57 e 3,02 µg dl-1 para os respectivos turnos, durante o inverno. Assim, Ferreira et al. (2009), inferem que o cortisol plasmático eleva-se em situação de temperatura do ar e TGN próximos a 40ºC e ITGU de 97. Embora essa situação seja considerada como estresse grave (Azevedo et al., 2005), os autores supracitados consideram como normal para bovinos leiteiros uma concentração de cortisol que varie de 2,0 a 6 µg/dl. Arcaro Júnior et al. (2003), verificaram concentrações de cortisol em vacas leiteiras em conformidade com a situação de conforto a que as mesmas estavam submetidas à espera da ordenha, observando-se valores desse hormônio de 1,00, 0,93 e 0,70 µg dl-1, para os respectivos ambientes de pré ordenha à sombra, sombra + ventilação e sombra + ventilação + aspersão. Com base nos resultados ora apresentados infere-se que possivelmente os animais estudados já estejam adaptados às condições ambientais do semiárido, já que os animais da raça Pardo-Suíça são selecionados na fazenda pesquisada desde o ano de 1973. 106 CONCLUSÕES O ambiente de pré ordenha de sombra fornecido por 1,5 horas antes da ordenha da tarde, reduz o efeito climático sobre vacas leiteiras criadas no semiárido por favorecer a melhoria na concentração da acidez do leite, mas não possibilita uma zona termoneutra suficientemente capaz de interferir positivamente na sua produção e composição química. A contagem de células somáticas é influenciada tanto pelos ambientes de pré ordenha quanto pelos níveis produtivos, o que interfere negativamente na qualidade do leite, principalmente na concentração de lactose. Os hormônios T3, T4 e cortisol nas concentrações plasmáticas encontradas demonstram que as vacas nos dois níveis produtivos, não sentem, pelo menos em grau expressivo, sensação de desconforto térmico em ambos os ambientes de pré ordenha, demonstrando a adaptação dos animais ao semiárido. AGRADECIMENTOS À Fazenda Tamanduá, por disponibilizar animais, estrutura física e recurso humano necessário para o desenvolvimento dessa pesquisa. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABIO – Associação de Agricultores Biológico do Estado do Rio de Janeiro. Caderno Regulamentos Técnicos da Produção Orgânica. Ministério do Desenvolvimento Agrário, 2011. Aharoni Y., Brosh A. & Harari Y. Night feeding for high-yielding dairy cows in hot weather: effects on intake, milk yield and energy expenditure. Livestock Production Science, 92:207–219, 2005. Arieli A., Rubinstein A., Moallem U., Aharomi Y. & Halachimi I. 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Pesquisa Agropecuária Brasileira, 41:153-159, 2006. 109 Tabela 1. Composição química dos ingredientes da ração, fornecida a vacas Pardo-suíças criadas em sistema Biodinâmico de produção. Nutrientes Silagem F. de milho + Levedura Matéria seca (%) 27,69 94,13 Proteína Bruta (%) 2,62 11,80 FDN* (%) 81,76 17,59 FDA** (%) 59,36 3,94 Extrato Etéreo (%) 7,44 4,3 Energia Bruta (Mcal/kg) 4.129 4.305 Matéria Mineral (%) 11,13 4,47 Cálcio (%) 0,23 0,81 Fósforo (%) 0,15 0,057 * Fibra em detergente neutro; ** Fibra em detergente ácido. Tabela 2. Variáveis meteorológicas de dois ambientes de pré ordenha de vacas Pardo-Suíças de baixa e alta produção. Ambientes de pré ordenha Períodos Variáveis ambientais pesquisados Sombra Sol Manhã 26,34 27,03 Temperatura do ar (°C) Tarde 33,69 34,29 Dia 30,23 30,22 Manhã 61,76 60,27 Umidade relativa do ar Tarde 38,33 38,38 (%) Dia 49,36 54,19 Manhã 26,36 26,23 TGN* Tarde 34,78 45,02 Dia 30,82 35,38 Manhã 74,49 74,46 ITGU* Tarde 82,56 93,02 Dia 78,76 83,77 *TGN = Temperatura do globo negro; **ITGU= Índice de temperatura do globo negro e umidade. Tabela 3. Médias das variáveis fisiológicas referentes ao dia de colheita de material sorológico para análise hormonal (T3, T4 e cortisol) de vacas Pardo-Suíças de baixa e alta produção leiteira. Ambientes de Temperatura Umidade Relativa TGN* ITGU** pré ordenha do ar (ºC) do ar (%) Sombra 28,62 53,29 29,21 77,04 29,25 52,07 33,74 81,69 Sol *TGN = Temperatura do globo negro; **ITGU= Índice de temperatura do globo negro e umidade. 110 Tabela 4. Médias e desvios-padrão da Produção, composição físico-química e CCS do leite de vacas Pardo-Suíças criadas em sistema Biodinâmico de produção. Ambientes de Pré ordenha Níveis de Produção CV Variáveis (%) Sombra Sol Baixo Alto Leite 8,19±3,64a 9,53±3,28a 6,35±2,42b 11,37 ±2,39a 26,88 Acidez 17,08 ±2,99b 19,48 ±1,47a 17,42±3,12b 19,14 ±2,07a 11,64 Densidade 1,030±0,002a 1,031±0,001a 1,029 ±0,002b 1,031±0,001a 5,11 Lactose 4,17±0,66a 4,43±0,18a 4,08±0,61b 4,52±0,15a 9,80 Gordura 3,60±0,51a 3,93±0,66a 3,73 ±0,75a 3,80±0,44a 16,01 Proteínas 3,37±0,24a 3,43±0,45a 3,39 ±0,30a 3,41±0,41a 10,85 SNG 8,51±0,70a 8,88±0,45a 8,42±0,69b 8,97±0,35a 6,00 Sólidos 12,11 ±0,98b 12,81 ±1,00a 12,15±1,23a 12,77 ±0,71a 7,60 CCS 517,50±655,46a 327,36±241,61a 512,98 ±379,36a 331,88±588,11a 118,84 Médias seguidas de mesma letra na linha não diferem entre si pelo teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade. Leite em kg animal/dia; Acidez em ºDornic; Densidade corrigida em g/ml a 15 ºC; Lactose, Gordura, Proteínas totais e Sólidos totais em %; SNG = Sólidos não gordurosos em %; CCS = Contagem de Células Somáticas x 1000 célula/ml; CV (%) = Coeficiente de variação. Tabela 5. Médias e desvios-padrão dos valores hormonais plasmáticos de vacas Pardo-Suíças criadas em sistema Biodinâmico de produção. Ambientes de Pré Ordenha Triiodotironina (T3) Tiroxina (T4) Cortisol Sombra 2,04 ±0,56a 4,08 ±1,06a 1,40±0,85a Sol 2,25 ±1,14a 4,00 ±1,10a 1,66±1,00a Níveis Produtivos Baixo 2,35 ±1,05a 4,27 ±1,18a 1,84±1,13a Alto 1,94 ±0,66a 3,81 ±0,91a 1,22±0,53a CV (%) 40,85 26,99 56,19 Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade. T3 apresentado em ng/ml; T4 e cortisol em µg/dl; CV (%) = Coeficiente de variação. 111 ANEXOS 112 Anexo 1: Primeira página do artigo intitulado: Influência do Sombreamento e dos Sistemas de Resfriamento no Conforto Térmico de Vacas Leiteiras: Revisão. Publicado na Revista Científica no Semi Árido. 113 114 Anexo 2: Primeira página do artigo intitulado:: Características de Produção, Composição e Contagem de Células Somáticas de Leite Bovino Ecológico e Convencional: Revisão. Artigo enviado para publicação na Revista Agropecuária Científica no Semi Árido. 115 116 Anexo 3. Cópia do protocolo de envio do artigo intitulado: Respostas Comportamentais e Fisiológicas de Vacas Leiteiras Criadas em Sistema Biodinâmico em Clima Semiárido. Artigo enviado para publicação na Revista Brasileira de Zootecnia. 117 Viçosa, 8 de novembro de 2011 Ilmo(a) Sr.(a) ALBÉRIO LOPES RODRIGUES Prezado(a) Senhor(a), Informamos que o trabalho "Respostas comportamentais e fisiológicas de vacas de alta e baixa produção leiteira criadas em sistema biodinâmico, em clima semi-árido", de Albério Lopes Rodrigues, Bonifácio Benício de Souza, José Morais Pereira Filho, Thiago Lima da Silva Gomes, Fabrício Renan Oliveira da Silva, Édipo Moreira Campos, Pedro Vinícius Victor Viturino e Diego Wagner de Oliveira Souto, foi protocolado com o número 00492-11 na Revista Brasileira de Zootecnia. Para qualquer informação futura, gentileza acessar o endereço eletrônico http://www.rbz.ufv.br/rbz/visao/site/login.php?origem=3, informando seu CPF e sua senha. Caso não possua a senha, solicite-a à secretaria da revista ([email protected] ou [email protected]). Atenciosamente, Anderson Diogo Martins Auxiliar Administrativo da RBZ 118 Anexo 4: Cópia do protocolo de envio do artigo intitulado: Influência do Ambiente de Pré Ordenha Sobre Produção, Composição, Contagem de Células Somáticas do Leite e Hormônios de Vacas Criadas em Sistema Biodinâmico. Artigo enviado para publicação na Revista Brasileira de Medicina Veterinária 119 RBMV 58/2012-Somverj Em, 17 de agosto de 2012 Ao Médico Veterinário Albério Lopes Rodrigues Programa de Pós Graduação em Medicina Veterinária Centro de Saúde e Tecnologia Rural, UFCG Caixa postal 64, Patos, 58708-110, PB E-mails: [email protected], [email protected] Comunico a V.Sa., e aos demais autores que o artigo abaixo relacionados foi recebido via email com solicitação de publicação na Revista Brasileira de Medicina Veterinária. Este periódico está indexado até o presente momento no CABI, AGRICOLA, ISI (Web of Knowledge), AGRIS-FAO, sendo considerada como B1 no Qualis/CAPES. Conforme solicitação em vosso e-mail de 20 de agosto do corrente ano. 1. ABSTRACT. Rodrigues A.L., de Souza B.B., Pereira Filho J.M., de Carvalho, M.G.X., de Mendonça M.F.F., Marques B.A.A., Silva L.B. & de Oliveira G.J.C. [Environment Influence in first Milking Upon Production, Composition, Somatic Cell Count and Hormones on Cows in System Created Biodynamic]. Influência do Ambiente de Pré Ordenha Sobre Produção, Composição, CCS do Leite e Hormônios de Vacas Criadas em Sistema Biodinâmico. Revista Brasileira de Medicina Veterinária, 00 (0): 00-00, 0000. Centro de Saúde e Tecnologia Rural, Universidade federal de Campina Grande, Programa de Pós Graduação em Medicina Veterinária (PPGMV). Caixa postal 64, 58.708-110, PatosPB, Brasil. E-mail: [email protected] Atenciosamente Carlos Wilson Gomes Lopes PhD, LD Editor ([email protected]) REVISTA BRASILEIRA DE MEDICINA VETERINÁRIA ISSN 0100-2430 - Periódico de Informação Técnico Científico SOCIEDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA DO RIO DE JANEIRO Avenida Presidente Vargas, 446/1004 – Edifício Delamare – Centro, Rio de Janeiro, 20.085-900, RJ E-mail: [email protected]