22/10/2014
A metodologia de Avaliação de Ciclo de Vida (ACV)
aplicada como ferramenta de gestão
Prof. Dr. Bruno Fernando Gianelli
Avaliação de Ciclo de Vida
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Avaliação de Ciclo de Vida
Avaliação de Ciclo de Vida
As respostas a estas dúvidas não estão fundamentadas em estudos técnicos profundos, que
cubram todo o ciclo de vida do produto.
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Avaliação de Ciclo de Vida
Conceitos de Avaliação de Ciclo de Vida:
Compilação e avaliação das entradas, das saídas e dos impactos ambientais potenciais de um
sistema de produto ao longo do seu ciclo de vida. (NBR ISO 14040)
Ferramenta da gestão ambiental que avalia o desempenho ambiental de produtos ao longo de
todo o seu ciclo de vida, desde a extração dos recursos naturais, passando por todos os elos
industriais de sua cadeia produtiva, pela sua distribuição e uso, até sua disposição final.
(Grupo de Prevenção da Poluição - GP2)
Avaliação dos impactos ambientais associados a todas as atividades humanas necessárias para
que um produto cumpra sua função. (Grupo de Prevenção da Poluição - GP2)
Avaliação de Ciclo de Vida
A metodologia de ACV é:
Uma ferramenta de apoio à tomada de decisões:
- gera informações;
- não resolve problemas.
Um processo de avaliação de impactos associados à função do produto.
A única que compara desempenho ambiental de produtos.
Nova, necessitando consolidação de metodologia.
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Avaliação de Ciclo de Vida
Usos e aplicações da metodologia de ACV:
Governo:
Política de produtos (especificações)
Política de compras
Gerenciamento de resíduos
Diretrizes para projetos verdes
Programas de P&D
Rotulagem ambiental
Produção mais limpa
Avaliação de Ciclo de Vida
Usos e aplicações da metodologia de ACV:
Sociedade:
Escolha de produtos
Decisões de compra
Escolha de fornecedor
Estabelecimento de diretrizes para padrões de consumo sustentável
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Avaliação de Ciclo de Vida
Usos e aplicações da metodologia de ACV:
Empresas:
Comparação
Produtos com mesma função
Novo produto em projeto x alternativas existentes
Oportunidades de melhoria
Desenvolvimento de produto
Reprojeto de produto
Apoio à tomada de decisões
Definição de política ambiental corporativa
Implantação de SGA
Escolha de fornecedores
Estabelecimento de estratégia de negócios
Avaliação de Ciclo de Vida
Fluxo do ciclo de vida de um produto
(Adaptado de BARBIERI et al., 2009)
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Avaliação de Ciclo de Vida
A normativa ISO 14040 estabelece em quatro fases o processo de avaliação de ciclo de vida de
um produto e/ou serviço:
Fases de uma Análise de Ciclo de Vida
(Adaptado de CHEHEBE, 1997)
Objetivo e Escopo da ACV
A metodologia de ACV é baseada na geração de cenários alternativos relacionados a bens e
serviços, sendo necessário definir e quantificar as funções do sistema estudado, ou seja, o
produto / serviço final entregue.
Baseado nas funções do sistema, é possível se determinar a Unidade Funcional (UF) comum
a todos os cenários.
A unidade funcional (UF) é comum a todos os cenários alternativos
e deve ser tomada como base de comparação.
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Objetivo e Escopo da ACV
Alguns produtos avaliados, possuem múltiplas funções.
Se as funções secundárias diferem significativamente, a comparação entre as unidades
funcionais pode ser questionada.
Portanto é fundamental verificar as unidades secundárias.
Ex:
Tintas são empregadas para cobertura e proteção.
Mas também possuem características relacionadas a aparência, cores, texturas,
refletividade…
Objetivo e Escopo da ACV
Exemplo prático de definição de objetivo e escopo da ACV:
Sistema a ser estudado: Tinta de parede
Função do sistema: Proteger a superfície
Característica de desempenho: Opacidade de 98% durante 5 anos
Unidade Funcional: Proteger 20 m² de superfície com opacidade de 98% durante 5 anos
Fronteiras do sistema: Considerar apenas o uso da tinta na superfície a ser protegida
Suposições Consideradas: Desconsiderar os impactos decorrentes do processo de
fabricação, embalagem e transporte
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Objetivo e Escopo da ACV
Exemplo prático de definição de objetivo e escopo da ACV:
Procedimento de alocação: Litros de tinta
Qualidade dos dados:
• Desempenho técnico do produto A) : 1 litro de tinta protege 8,7 m² de superfície com
opacidade de 98% durante 5 anos, sendo necessário 2,30 litros de tinta para 20 m².
• Desempenho técnico do produto B) : 1 litro de tinta protege 6,4 m² de superfície com
opacidade de 98% durante 5 anos, sendo necessário 3,13 litros de tinta para 20 m².
Objetivo e Escopo da ACV
Funções do sistema
Requisitos dos
dados
Suposições
consideradas
Unidade funcional
Metodologia de
avaliação
Qualidade dos
dados
Fronteiras do
sistema
Procedimentos de
alocação
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Objetivo e Escopo da ACV
Atenção para a definição das fronteiras do sistema.
As fronteiras do sistema pode ser definida em 03 níveis:
Nível 01 - apenas fluxos primários
Nível 02 - nível 01 + impacto de materiais, eletricidade e processamento.
Nível 03 - nível 02 + bens de capital
Grande parte das ACV´s empegam o nível 02 de fronteiras.
Objetivo e Escopo da ACV
Atenção para a definição das fronteiras do sistema.
Normalmente não são incluídos em um estudo de ACV.
Trabalho Humano – útil para custos, mas não para impactos ambientais.
Transporte para o trabalho, almoço – as pessoas irão se deslocar e comer independente do
processo.
Acidentes – dependente da frequência e dos dados levantados.
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Objetivo e Escopo da ACV
Regras para a definição das fronteiras do sistema.
Regra 1: As fronteiras do sistema são vinculadas à função e não a uma região
(Atenção => isso não é válido para – Eletricidade – Logística – Tratamento de Resíduos).
Regra 2: Apenas processos significativos, devem ser levados em consideração.
Um cut-off de x% pode ser fixado. Isso é útil para dar foco apenas aos impactos relevantes.
Regra 3: Processos idênticos em diferentes cenários só podem ser excluídos se o fluxo de
referência desses processo forem totalmente idênticos.
Tintas com propriedades de absorção de calor diferentes, podem acarretar diferentes cenários
quando consideramos a ACV de um sistema de ar condicionado em um edifício.
Avaliação de Ciclo de Vida
A normativa ISO 14040 estabelece em quatro fases o processo de avaliação de ciclo de vida de
um produto e/ou serviço:
Fases de uma Análise de Ciclo de Vida
(Adaptado de CHEHEBE, 1997)
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Análise de Inventário da ACV
Esta etapa refere-se à coleta de dados propriamente dita, assim como a quantificação das
entradas e saídas da fronteira do sistema.
A normativa ISO 14040 (2001) explicita que tal processo pode alterar e provocar
mudanças na fase de escopo e objetivo, pois à medida que os dados são obtidos, passa-se a
conhecer mais a respeito do ciclo de vida do produto.
Os dados devem ser coletados para cada etapa do processo produtivo / consumo / descarte,
e agrupados mediante seu impacto ambiental perante todo o sistema produtivo (FERREIRA, 2004).
Análise de Inventário da ACV
Elabore o fluxograma do processo (versão draft) e diferencie os dados primários dos
secundários e potenciais fontes de informação.
Foreground data (Dados Primários)
Referem-se aos processos que são diretamente vinculados à ACV em questão, por exemplo,
processos de produção.
Background data (Dados Secundários)
Referem-se aos processos que servem de suporte aos dados primários, tais como, eletricidade,
transporte, tratamento de resíduos, materiais auxiliares…
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Análise de Inventário da ACV
Coletando Foreground data (Dados Primários)
• Estabeleça um canal de comunicação
• Compreenda a terminologia empregada e o procedimento padrão de coleta de dados
da organização
• Desenvolva um questionário compreensível por todos os níveis da organização
• Não solicite dados secundários nessa etapa.
Análise de Inventário da ACV
Coletando Background data (Dados Secundários)
•
•
•
•
•
•
•
Pesquise nas bases de dados de ACV / SimaPro
Pesquisa bibliográfica
Inventário de Gases de Efeito Estufa,
Relatórios de Poluição Ambiental
Matriz energética e estudos de processos de engenharia
Especificação de Equipamentos / engineering handbooks
Artigos publicados
• Email groups:
http://www.pre.nl/discussion/default.htm
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Análise de Inventário da ACV
Dados de energia: é uma das fontes de impacto ambiental mais significativas na ACV.
• A qualidade desses dados geralmente são maiores do que o de consumo de matéria
prima – existem diferentes matrizes energéticas para cada país.
Dados de transporte: Pode ser baseada em:
Distância (km)
Tempo(horas)
Normalmente o frete é baseado em uma correlação entre o peso transportado (ton,
kg, g) e a distância percorrida (km, m)
Ou seja, a relação normal de transporte empregada é a de (ton*km ou kg*km).
Avaliação de Ciclo de Vida
A normativa ISO 14040 estabelece em quatro fases o processo de avaliação de ciclo de vida de
um produto e/ou serviço:
Fases de uma Análise de Ciclo de Vida
(Adaptado de CHEHEBE, 1997)
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Eco-Indicadores de uma ACV
Para uma correta avaliação de impacto, antes de mais nada é necessário a definição de qual ecoindicador de categoria será empregado.
Um eco-indicador deve empregar três análises de danos para realizar os cálculos de ponderação
(FERREIRA, 2004).
i.
Danos à saúde humana.
ii. Danos à qualidade do ecossistema.
iii. Danos aos recursos naturais.
Danos à saúde humana / Escala DALY
Interpretada como morte prematura, doenças ou irritações causadas pelas emissões
provenientes de processos industriais e agrícolas que venham a afetar o ar, água e/ou solo.
(GOEDKOOP, 2001)
A escala adotada para expressar tal impacto é a DALY (disability adjusted life years).
Mensura a quantidade total de problemas de saúde, devido à incapacidade e morte prematura,
atribuído a determinadas doenças e lesões.
Tal conceito retrata, portanto, o quanto a expectativa de vida de uma população é afetada.
(Murray et al., 1994)
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Danos à qualidade do ecossistema / Escalas PAF e PDF
Tendo em vista o alto grau de complexidade decorrente desta modelação, adota-se o impacto
decorrente na biodiversidade de espécies como um dado de qualidade para este item.
(LINDEIJER, 2000)
A escala PAF (Potentially Affected Fraction), denota a fração de espécies que podem vir a ser
afetadas relacionadas à toxidade do ecossistema.
(HAMERS, et al., 1996)
A escala PDF (Potentially Disappeared Fraction), a probabilidade de uma espécie de planta
não se difundir em determinada região decorrente das condições desfavoráveis não naturais
(ALKEMADE et al., 1996 apud GOEDKOOP et al., 2001)
Danos aos recursos naturais
Baseado no fato de que quanto mais recursos minerais e fósseis são extraídos, maior será o
esforço futuro para obtê-los com a mesma qualidade com o qual são obtidos no presente.
Para recursos minerais, o parâmetro mais importante é sua concentração, ou seja, quanto mais
baixa for a concentração do minério em uma determinada região, maior será o esforço para
extrair o recurso.
Para combustíveis fósseis, a quantidade de esforço necessário para a extração do mesmo.
(GOEDKOOP et al., 2001)
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Caracterização e Agrupamento – Eco Indicator 99
Caracterização: os resultados são separados em classes, baseados nas categorias de impacto
selecionadas (ISO 14042, 2000 e ISO 14047, 2003).
Agrupamento: ordenação das categorias de impacto mediante características como; emissão
atmosférica, recursos consumidos, impacto global, regional ou local, entre outros; (FERREIRA, 2004).
Caracterização e Agrupamento – Eco Indicator 99
DALY / kg de emissão
PAF * m2 * ano / kg de emissão
PDF * m2 * ano/m2
MJ, kg ou m3
Relação categorias de impacto x análises de danos no Eco-Indicator 99
(Adaptado de PRE, 2001).
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Normalização – Eco Indicator 99
A “Normalização” é descrita como:
a correlação entre os dados obtidos e os impactos causados pelo consumo total de um europeu
médio durante o prazo de 01 ano.
(BLONK et al., 1997 apud GOEDKOOP, 2001).
Para tanto, se determina o consumo total de recursos, assim como as emissões totais (água, ar,
solo), ocorridas no período de 01 ano na Europa e divide-se tal valor pelo número de
habitantes da região, o que origina um número para cada categoria de impacto.
Realizando a razão entre os dados de uma ACV e o impacto causado por um europeu
médio, obtém-se um valor adimensional para todas as categorias de impacto, o “milipoint
panel” (BLONK et al., 1997 apud GOEDKOOP, 2001).
Normalização – Eco Indicator 99
Realizando a razão entre os dados de uma ACV e o impacto causado por um europeu
médio, obtém-se um valor adimensional para todas as categorias de impacto, o “milipoint
panel” (BLONK et al., 1997 apud GOEDKOOP, 2001).
Tal valor adimensional é empregado como padrão na etapa de “Normalização” para todos os
estudos de avaliação de ciclo de vida.
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Ponderação – Eco Indicator 99
O Eco-Indicator 99 permite realizar várias simulações empregando fatores de ponderação que
geram diferentes pesos às análises de danos (GADEA, 2010):
Individual: maiores pesos para danos à saúde;
Hierárquica: maiores pesos para danos à qualidade do ecossistema;
Igualitária: distribuição uniforme dos pesos.
Avaliação de Ciclo de Vida
A normativa ISO 14040 estabelece em quatro fases o processo de avaliação de ciclo de vida de
um produto e/ou serviço:
Fases de uma Análise de Ciclo de Vida
(Adaptado de CHEHEBE, 1997)
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Interpretação da ACV
As conclusões resultantes dessa etapa, permitem identificar estágios críticos no ciclo de vida
do produto/serviço analisado e que necessitam de alguma intervenção (Valt, 2004), tais como:
a substituição de processos;
a troca de matéria prima;
a substituição da fonte energética.
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A metodologia de Avaliação do Ciclo de Vida