UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO
Curso de Enfermagem
Darley de Oliveira
Luciano José de Toledo
AUDITORIA EM ENFERMAGEM E QUALIDADE DA
ASSISTÊNCIA À SAÚDE:
UMA REVISÃO DE LITERATURA
Bragança Paulista
2015
Darley de Oliveira
RA: 001201100285
Luciano José de Toledo
RA: 001201100288
AUDITORIA EM ENFERMAGEM E QUALIDADE DA
ASSISTÊNCIA À SAÚDE:
UMA REVISÃO DE LITERATURA
Monografia
apresentada
ao
Curso de Enfermagem da
Universidade São Francisco,
como requisito parcial para
obtenção do titulo de Bacharel
em Enfermagem.
Orientador: Profa. Ms. Elaine
Reda
Bragança Paulista
2015
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho primeiramente a
Deus por estar junto comigo em todos os
momentos me dando força e a minha
família, aos meus irmãos, amigos e
especialmente a minha orientadora
Professora Ms .Elaine Reda.
(Darley de Oliveira)
Dedico este trabalho primeiramente a
Deus por estar junto comigo em todos os
momentos, aos meus pais Benedito José
de Toledo(in memória)e a minha mãe
Tereza de Toledo e Fernando José de
Toledo (in memória), a Aparecida Lúcia
Pereira de Toledo, aos meus irmãos,
amigos e a minha orientadora
Professora Ms. Elaine Reda.
(Luciano José de Toledo)
AGRADECIMENTOS
Agradecemos a Deus por ter me concedido saúde е força pаrа superar as dificuldades
durante essa longa jornada.
A universidade São Francisco, ao Hospital Universitário São Francisco e Santa Casa
de Bragança Paulista que proporcionaram um ambiente satisfatório e agradável,
contribuindo para nosso conhecimento.
Agradecemos а todos os professores pela paciência durante esses anos, colaborando
para nosso conhecimento profissional, ético e moral. А palavra mestre nunca será
esquecida. Mestres o nosso eterno agradecimento.
Obrigado aos nossos familiares que nоs momentos ausência dedicados ао estudo,
sеmprе fizeram entender qυе о futuro é feito а partir dа constante dedicação nо
trabalho.
Nossos agradecimentos аos amigos, verdadeiros irmãos confidentes e companheiros,
nestes anos vocês foram um alicerce em nossas vidas, essenciais em nossa formação
e vão continuar presentes na nossa vida sempre.
“A Enfermagem é uma arte; e para realizá-la como arte,
requer uma devoção tão exclusiva, um preparo tão rigoroso,
quanto a obra de qualquer pintor ou escultor; pois o que é
tratar da tela morta ou do frio mármore comparado ao tratar
do corpo vivo, o templo do espírito de Deus? É uma das
artes; poder-se-ia dizer, a mais bela das artes!’
Florence Nightingale
AUDITORIA EM ENFERMAGEM E QUALIDADE DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE: UMA
REVISÃO DE LITERATURA
RESUMO
A fim de garantir a qualidade dos serviços prestados aos clientes, nos dias atuais,
grandes empresas têm-se preocupado em utilizar a auditoria, de forma contínua em
suas organizações, visto que os clientes estão cada vez mais convictos de seus
direitos. Logo, este estudo teve como objetivo conhecer a prática da auditoria em
enfermagem e sua relação com a qualidade da assistência prestada. Tratou-se de um
estudo bibliográfico, realizado através do sistema de informações dos sistemas de
Biblioteca Regional de Medicina (BIREME), Scielo, por busca de artigos publicados e
pesquisas on-line, utilizando-se de palavras chaves como Auditoria de Enfermagem;
Gestão de Qualidade; Qualidade da Assistência à Saúde; Cuidados de Enfermagem.
Também foi efetuado um levantamento manual de periódicos e livros. Após o
levantamento bibliográfico e a leitura exploratória, o material bibliográfico foi agrupado
de acordo com as suas características e assuntos abordados sendo representado em
forma de gráficos e quadros. Assim, das 48 publicações levantadas, apenas 34 foram
ao encontro dos objetivos propostos. Através da análise do material bibliográfico,
constatou-se que: tratou-se de uma literatura recente, sendo que 14 (41%) foram
publicados no período de 2005 a 2009; 09 (26%) no período de 2000 a 2004 e 08
(24%) no período de 2010 a 2014, com destaque para artigos científicos 20 (59%); em
relação ao enfoque, 16 (47%) abordaram a atuação do enfermeiro auditor; 11 (32%)
abordaram as finalidades/objetivos da auditoria em enfermagem e 07 (21%)
abordaram sobre a importância dos registros no processo de auditoria; quanto à
atuação do enfermeiro auditor, foram encontradas 20 considerações, visto que alguns
artigos abordaram mais de uma consideração, sendo que as mais citadas foram:
controle de custos, redução de gastos 06 (30%); controle de custos e avaliar a
qualidade da assistência 04 (20%), coleta de dados no prontuário (anamnese, exame
físico, exames complementares, diagnósticos e tratamentos efetuados) 04 (20%);
quanto às finalidades/objetivos da auditoria em enfermagem também foram
encontradas 20 considerações, visto que alguns artigos abordaram mais de uma
consideração, sendo que as mais citadas foram: qualificar a assistência em
enfermagem 04 (20%); avaliar aspectos qualitativos e contábeis da assistência 03
(15%); contabilizar custos 03 (15%); em relação à importância dos registros de
enfermagem no processo de auditoria foram encontradas 17 considerações, visto que
alguns artigos abordaram mais de uma consideração, sendo que as mais citadas
foram: avaliar os cuidados de enfermagem / avaliar a qualidade da assistência /
indicador de qualidade 06 (32,29%); garantir respaldo legal 02 (11,76%); evitar glosas
em contas hospitalares 02 (11,76%); permitir atualização do pessoal de enfermagem
ao observar deficiências nos registros / educação continuada 02 (11,76%); validar e
registrar os cuidados prestados ao paciente 02 (11,76%). Logo, conclui-se que a
escolha do método a ser utilizado para a realização da auditoria de enfermagem deverá
estar pautada no objetivo da avaliação a que se destina e, nessa perspectiva a função do
enfermeiro auditor poderá ser enriquecida e guiada não somente pelas necessidades
financeiras da instituição, mas, principalmente, pelas necessidades de saúde dos clientes.
Palavras-chave: Auditoria de Enfermagem; Gestão de Qualidade; Qualidade da
Assistência à Saúde; Cuidados de Enfermagem.
NURSING AUDIT AND QUALITY OF HEALTH CARE:
LITERATURE
A REVISION OF
ABSTRACT
In order to ensure the quality of services provided to customers, nowadays, large
companies have been keen to use the audit, continuously in their organizations, as
customers are increasingly convinced of their rights. Therefore, this study aimed at
knowing the practice of auditing in nursing and its relationship to quality of care. This
was a literature study, conducted through the information system of the Regional
Library of Medicine systems (BIREME), Scielo, in search of published articles and
research online, using key words such as Audit Nursing; Quality Management; Quality
of Health Care; Nursing care. It was also performed a manual lifting periodicals and
books. After the literature review and exploratory reading, bibliographic material was
grouped according to their characteristics and issues discussed being represented in
the form of graphs and charts. Thus, the 48 raised publications, only 34 went to meet
the proposed objectives. Through analysis of bibliographical material, it was found that:
treated is a recent literature, and 14 (41%) were published in the 2005-2009 period; 09
(26%) from 2000 to 2004 and 08 (24%) in the period 2010-2014, with emphasis on
scientific articles 20 (59%); in relation to the focus, 16 (47%) addressed the role of the
auditor nurse; 11 (32%) addressed the aims / objectives of the audit in nursing and 07
(21%) addressed the importance of records in the audit process; about the role of the
auditor nurse, 20 considerations were found, as some articles have addressed more
than one account, and the most cited were cost control, cost reduction 06 (30%); cost
control and evaluate the quality of care 04 (20%), data collection in medical records
(medical history, physical examination, laboratory tests, made diagnoses and
treatments) 04 (20%); as the aims / objectives of the audit were also found in nursing
20 considerations, as some articles have addressed more than one account, and the
most cited were: qualify the nursing assistance in 04 (20%); assess qualitative and
financial aspects of care 03 (15%); accounting costs 03 (15%); about the importance of
nursing records in the audit process found 17 considerations, as some articles have
addressed more than one account, and the most cited were: to evaluate the nursing
care / evaluate the quality of care / quality indicator 06 (32.29%); ensure legal support
02 (11.76%); avoid glosses in hospital bills 02 (11.76%); allow update of the nursing
staff to observe deficiencies in the records / continuing education 02 (11.76%); validate
and record the patient care 02 (11.76%). Therefore, it is concluded that the choice of
method to be used for the completion of the nursing audit should be guided in
evaluating the purpose it is intended and, in this perspective the role of the auditor
nurse can be enriched and guided not only by financial needs the institution, but mainly
by customers' health needs.
Keywords: Nursing audit; Quality management; Quality of health care; Nursing care.
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Características dos materiais bibliográficos segundo ano de publicação.
Bragança Paulista, 2015.............................................................................
24
Gráfico 2 – Características dos materiais bibliográficos segundo tipo de publicação.
Bragança Paulista, 2015.............................................................................
24
Gráfico 3 – Características dos materiais bibliográficos segundo enfoque. Bragança
Paulista, 2015..............................................................................................
25
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Atuação do enfermeiro auditor. Bragança Paulista, 2015................................
25
Quadro 2 – Finalidades/objetivos da auditoria em enfermagem. Bragança Paulista,
2015.................................................................................................................. 26
Quadro 3 – Importância dos registros da equipe de enfermagem no processo de
auditoria. Bragança Paulista, 2015..................................................................
26
SUMÁRIO
RESUMO
ABSTRACT
LISTA DE GRÁFICOS
LISTA DE QUADROS
1.0 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 11
1.1 História da auditoria ................................................................................................... 12
1.2 Sistematização da Assistência de Enfermagem e auditoria ....................................... 14
1.3 Considerações sobre os aspectos conceituais da auditoria de enfermagem .............. 16
1.4 Classificações da auditoria......................................................................................... 17
1.5 Qualidade da assistência de enfermemagem e auditoria ........................................... 18
2.0 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................ 21
3.0 OBJETIVOS .................................................................................................................. 22
3.1 Objetivo Geral ............................................................................................................ 22
3.2 Objetivos Específicos ................................................................................................. 22
4.0 MATERIAL E MÉTODO ................................................................................................ 23
5.0 RESULTADOS .............................................................................................................. 24
6.0 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS................................................................................ 27
6.1 A atuação do enfermeiro auditor ................................................................................ 28
6.2 As finalidades/objetivos da auditoria em enfermagem ............................................... 35
6.3 A importância dos registros da equipe de enfermagem no processo de auditoria ...... 37
7.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 41
8.0 CONCLUSÃO ................................................................................................................ 43
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 44
11
1.0 INTRODUÇÃO
A saúde é um dos principais fatores que influenciam a qualidade de vida das
pessoas. Quando a saúde está debilitada, as pessoas procuram os profissionais da
área da saúde buscando o melhor atendimento.
Atualmente a exigência em qualidade de atendimento tanto do ponto de vista
do paciente quanto do ponto de vista da instituição que presta seus serviços, exige
uma atenção especial por parte das organizações e profissionais que prestam este
tipo de serviço.
Do ponto de vista da instituição devem-se observar as formas que podem
melhorar o atendimento, no que concerne à prestação de serviços em si, à redução
dos custos envolvidos, mantendo a qualidade de serviços através da eliminação ou
redução das eventuais perdas ocorridas durante o processo, melhoria no tempo de
atendimento, eliminando as falhas e o retrabalho. Do ponto de vista do paciente, há
necessidade de que o mesmo receba o serviço de qualidade exigido (OLIVEIRA;
LEGRAMANTI; HORITA, 2011).
Além disso, as inovações tecnológicas têm provocado importantes mudanças
na área de saúde, constituindo-se um desafio para o enfermeiro, haja vista a
necessidade de redefinição de sua função na busca de assegurar seu papel e seu
compromisso com a sociedade que, nesse momento, deseja maior qualidade na
prestação da assistência à saúde (SIMÕES; FÁVERO, 2000).
Nesse contexto de mudanças globalizadas se visualizam novas perspectivas
para a atuação do enfermeiro, que deve estar pautada em um saber e um fazer crítico
reflexivo, fundamental ao seu desenvolvimento. Nesse sentido esse profissional
precisa ser capaz de enfrentar os desafios da profissão, especificamente no setor
gerencial, buscando novas abordagens tais como a gerência participativa e os
programas de qualidade, os quais são foco central do trabalho em auditoria (SILVA et
al, 2012).
Assim, verifica-se que o principal objetivo dos serviços de atenção à saúde é o
de atender com a melhor qualidade possível, ou seja, com efetividade, eficiência,
equidade, aceitabilidade, acessibilidade e adequabilidade (BERTI; ALMEIDA, 2005) e
a enfermagem encontra-se em local privilegiado dentro das instituições para atuar
neste contexto, fato comprovado por Cunha et al, (2003), que afirma que, entre os
trabalhadores da área da saúde envolvidos nos cuidados e tratamento, a enfermagem
é a única categoria que permanece 24 horas assistindo o cliente.
12
A fim de garantir a qualidade dos serviços prestados aos clientes, nos dias
atuais, grandes empresas têm-se preocupado em utilizar a auditoria, de forma
contínua em suas organizações, visto que os clientes estão cada vez mais convictos
de seus direitos.
A auditoria é uma ferramenta gerencial utilizada pelos enfermeiros para avaliar
a qualidade da assistência de enfermagem e os custos gerados pela prestação desta
atividade, cujo foco principal é sua dimensão contábil. Identificam-se, na atualidade,
maior participação do enfermeiro nas equipes de auditoria. Esse profissional, quando
no exercício de suas funções, deve ter visão holística, como qualidade de gestão,
qualidade de assistência e quântico-econômico-financeiro, tendo sempre em vista o
bem-estar do ser humano enquanto paciente/cliente (COFEN, 2011).
Dentro deste cenário, os profissionais de enfermagem ocupam um papel
fundamental para que os pacientes recebam um atendimento de excelência, e que a
instituição que presta este tipo de serviço tenha o retorno esperado.
Diante do exposto, verifica-se que os enfermeiros auditores assumem um
importante papel neste contexto, razão pela qual este trabalho busca conhecer a
prática da auditoria em enfermagem e sua relação com a qualidade da assistência
prestada.
1.1 História da auditoria
Historicamente, não foi constatado um registro específico dos primeiros
procedimentos de auditoria pelos povos antigos. Somente no Egito se observam
dados que era costume dessa população registrar as atividades realizadas em
grandes construções assim como análise de registros em arrecadações de impostos
(BOYNTON, 2002).
A auditoria surge na área contábil com dados registrados desde 2600 a.C.,
tendo reconhecimento como auditoria de fato a partir do século XII na Inglaterra devido
às necessidades da avaliação dos registros contábeis da taxação de impostos de
renda e embarcações, uma vez que a Inglaterra dominava os mares tendo o controle
do comércio mundial na época. Porém, foi no século XVIII, ainda na Inglaterra com a
Revolução Industrial, que a auditoria teve um engate e papel fundamental mediante o
surgimento de sete grandes empresas, além da expansão do capitalismo, fazendo
assim a necessidade de utilização constante e aprimorada de suas atividades
contábeis (KURCGANT, 2006).
13
A auditoria no Brasil assim como no mundo, não tem uma data específica de
seu primeiro trabalho, porém pode-se constatar sua primeira evidência concreta no
Decreto Nº 2.935, de 16 de junho de 1862, o qual aprovara reorganização da Cia. de
Navegação por Vapor (Bahiana – Anonyma) e estipulava que auditores deveriam ser
convocados anualmente em assembléia ordinária, para realizar análise de contas da
empresa (MOTTA, 2010).
Para Riolino; kliukas (2003), o início da auditoria no Brasil se deu devido às
instalações de filiais das empresas estrangeiras, as quais seguiam o modelo de
controle interno de suas operações. A partir desse modelo, os dirigentes nacionais
redirecionaram hábitos gerenciais e adotaram a nova técnica, aperfeiçoando-a e
atingindo assim o estabelecimento da Lei 4.728/65, a qual obriga a prática de auditoria
governamental do Brasil.
A auditoria foi efetivamente oficializada em 1968, pelo Banco Central do Brasil
estabelecendo as normas gerais de auditoria em 1972. Alguns estudiosos afirmam que
sua consolidação no Brasil ocorreu, principalmente, na década de 70, enquanto
também seus conceitos eram expandidos para outras áreas (NIYAMA, 2006).
Já a auditoria, na área da saúde, teve início quando o enfoque deixou de ser
apenas na área contábil e passou também a ter um enfoque administrativo com o
objetivo de avaliar a qualidade dos serviços prestados bem como sua efetividade
(ROCHA; SILVEIRA; SANTANA, 2002).
Kurcgant (2006) relata que o surgimento da auditoria em saúde se deu por um
estudo realizado pelo médico George Gray Ward, nos Estados Unidos em 1918, o qual
foi observado a qualidade de assistência médica prestada ao paciente por meio de
registros em prontuário. Sendo assim a avaliação da qualidade assistencial médica
passou a ser norma de conduta para a auditoria na área da saúde, sendo o princípio
para a prática de profissionais desta área.
Segundo Mendes (2009) a auditoria surge na área da saúde na década de 70
com a criação do Ministério da Previdência e assistência Social, objetivando-se na
auditoria médica e administrativa/contábil, de contas a serem prestadas por usuários
do Instituto Nacional de Previdência Social – INPS. Assim, na década de 80, a
auditoria médica foi nomeada como atividade imprescindível em todos os ramos da
assistência.
Para Motta (2010), a auditoria em saúde foi instituída em 1984 por meio da
Resolução 45 de 12 de julho de 1984, pelo instinto Instituto Nacional de Assistência
Médica da Previdência Social (INAMPS), o qual define como um sistema de ações
administrativas, técnicas e observacionais, que visam a qualidade assistencial e
14
efetividade alcançada, realizados pelos integrantes de todos os níveis de execução,
em especial aos associados diretamente às unidades médico-assistenciais próprias,
contratadas, em regime de cogestão ou conveniadas.
As primeiras publicações sobre auditoria em enfermagem são da década de
50, quando uma enfermeira e professora da Wayne State University de Detroit
desenvolveu uma ferramenta de auditoria , o Phaneuf’s Nursing Audit. O modelo de
auditoria de enfermagem por Phaneuf era aplicado de forma retrospectiva aos
registros dos prontuários, possibilitando que as enfermeiras avaliassem a qualidade do
cuidado de enfermagem através da obtenção e análise de dados quantitativos sobre a
assistência prestada (SPAROW; ROBINSON, 1992 apud PINTO, 2005).
Em 2001 as atividades desenvolvidas pela enfermeira auditora foram
aprovadas pelo Conselho Federal de Enfermagem através da Resolução n. 266/01
(COFEN, 2001).
Atualmente, é na área privada onde se observa um número maior de
enfermeiras
auditoras,
cujo
conhecimento
e
experiência
profissional
são
particularmente são utilizados para a racionalização dos custos envolvidos na prática
assistencial, atuando em instituições hospitalares ou em operadoras de planos de
saúde (MOTTA, 2010).
1.2 Sistematização da assistência de enfermagem e auditoria
A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é uma prática
exclusiva do enfermeiro o qual direciona as atividades de toda a equipe de
enfermagem, uma vez que os técnicos e auxiliares assumem suas funções a partir da
prescrição do enfermeiro (BRASIL, 2005).
A SAE é baseada na administração da assistência ao paciente, é uma
organização e execução do Processo de Enfermagem (PE) desempenhada pelo
enfermeiro. Está relacionada ao exercício da função administrativa concentrada na
assistência prestada ao usuário (BERTI; ALMEIDA, 2005).
É o fundamento da prática da Enfermagem, instrumento e critério da profissão,
e a partir dessa, possibilita ao enfermeiro tomar decisões, prever e avaliar
consequências. Melhora o aperfeiçoamento da capacidade de solucionar problemas,
adequando soluções, com o intuito de ampliar oportunidades e recursos para
formação de pensamentos científicos (CUNHA et al, 2003).
O principal foco da SAE é guiar as ações de enfermagem, com o propósito de
atender às necessidades do paciente, família e comunidade. Tem como proposta aos
15
profissionais, instituição de saúde, setor, pacientes entre outros, o uso do
conhecimento técnico-científico e prática de maneira organizada, orientada e
sistematizada (FALK, 2001).
Segundo Kluthcovsky (2009), a SAE ou PE é formado por cinco etapas:
Histórico de Enfermagem (HE), Diagnóstico de Enfermagem (DE), Planejamento de
Enfermagem (PE), Implementação de Enfermagem (IE), e Avaliação ou Evolução de
Enfermagem (EE).
A implementação da SAE contribui para a comunicação do enfermeiro com a
equipe
multidisciplinar
compreendida
nos
processos
da
assistência,
sendo
imprescindível no fornecimento do cuidado de forma holística e de qualidade. Está
associado ao processo da assistência de enfermagem e assegura ao profissional a
continuidade da autonomia do cuidar.
A implementação da SAE subsidia a segurança ao paciente, qualidade da
assistência, além do aumento de autonomia dos profissionais de enfermagem (SETZ;
D’INNOCENZO, 2009).
Sabe-se que hoje, a auditoria, é importante para subsidiar os planejamentos
das ações de saúde, sua execução, gerenciamento e avaliação qualitativa dos
resultados. Assim, busca a auditoria da qualidade da assistência, com redução de
custos, agregando, os valores financeiros aos valores qualitativos (RIOLINO;
KLIUKAS, 2003).
O enfermeiro como gestor da assistência de enfermagem, em sua prática
diária, requer preparo adequado ao momento atual (CUNHA; FRANCISCO NETO,
2006).
A auditoria de enfermagem avalia a qualidade da assistência prestada ao
paciente. A Sistematização da assistência de enfermagem (SAE) visa ser instrumento
que de forma concreta, contribui com o enfermeiro auditor, na coleta de dados, pois
seu trabalho apresenta-se como um ramo em ascensão, com vertentes de enfoque
diversos, como: auditor de contas e de pesquisa da qualidade da assistência
(PAULINO, 2008).
A auditoria está envolvida em todo o processo da SAE, relacionando tanto nos
procedimentos prestados de acordo com o planejamento (efetividade ligada também
aos custos) quanto na evolução ou relatório final, qual é avaliado de fato toda a
assistência prestada ao paciente assim como a qualidade dos serviços. A SAE é
utilizada como instrumento para se ter uma auditoria de qualidade com melhora à
assistência prestada ao usuário, além de utilizar baixo custo para a instituição
(BRASIL, 2011).
16
1.3 Considerações sobre os aspectos conceituais da auditoria de enfermagem
A palavra auditar vem do latim - “Audire", que significa “ouvir. A auditoria é um
sistema de revisão e controle, para informar a administração sobre a eficiência e
eficácia dos programas em desenvolvimento. Sua função não é somente indicar as
falhas e também os problemas nas anotações, mas em apontar as sugestões e
soluções, assumindo, portanto, um caráter eminentemente educacional (REBELO,
1994).
Segundo Remor (2008) a auditoria é uma especialização da contabilidade que
pode ser utilizada por outras profissões e tem por função avaliar a eficiência e a
eficácia de serviços, bem como o controle do patrimônio.
A auditoria é definida como a avaliação sistemática e formal de uma atividade,
por alguém não envolvido diretamente na sua execução, para determinar se essa
atividade está sendo levada a efeito de acordo com seus objetivos (KURCGANT,
1991). Pode-se destacar a auditoria também como uma atividade formal, executada
por pessoal que não tenha responsabilidade direta na execução do serviço em
avaliação e que fornece subsídios para verificação da qualidade da organização
(REBELO, 1994).
Ambos os autores em muito convergem suas concepções, na qual auditoria
está vinculada a qualidade, tratando-se de uma avaliação das ações realizadas.
Auditoria pode ser ainda caracterizada como um processo de avaliação de grande
importância para o redirecionamento das ações, visto que após análise do serviço e
verificação das deficiências podem ser tomadas decisões corretivas e ou preventivas
para remodelar essas ações. A auditoria pode nos alertar para novos e antigos
problemas ou deficiências e apontar alternativas de correções e/ou prevenções.
A auditoria de enfermagem é um processo pelo qual as atividades de
enfermagem são examinadas, mensuradas e avaliadas, em confronto com padrões
preestabelecidos, por meio de revisões das anotações de enfermagem que constam
no Prontuário[...] (HORR, 1989).
Numa concepção mais abrangente, a auditoria de enfermagem trata-se de
avaliação sistemática da qualidade da assistência de enfermagem prestada ao cliente
pela análise dos prontuários, acompanhamento do cliente in loco e verificação da
compatibilidade entre o procedimento realizado e os itens que compõem a conta
hospitalar cobrados (MOTTA, 2010).
17
A auditoria em enfermagem representa a função de controle do processo
administrativo, verificando se os resultados da assistência estão de acordo com os
objetivos (SILVA et al, 1990).
Segundo Faraco (2004), a auditoria pode ser considerada elemento essencial
para mensurar a qualidade da assistência, oferecendo subsídios aos profissionais para
(re)orientar suas atividades, estimulando a reflexão individual e coletiva e nortear o
processo de educação permanente, podendo ser ainda caracterizada como um
processo de avaliação de grande importância para o redirecionamento das ações,
visto que após análise do serviço e verificação das deficiências podem ser tomadas
decisões corretivas e ou preventivas para remodelar as ações desenvolvidas.
1.4 Classificações da auditoria
De forma geral, a classificação da auditoria depende da finalidade a que a
mesma se destina. Segundo Horr (1989) a classificação varia de acordo com o
tratamento que se dá ao objeto de auditoria.
Quanto
ao método
ou
tipo,
a
auditoria
pode
ser
classificada
em: retrospectiva ou operacional.
A auditoria retrospectiva é a auditoria feita após a alta do paciente, em que se
utiliza o prontuário para a avaliação; portanto, os dados obtidos não reverterão em
benefício deste paciente diretamente (KURCGANT, 1991). A auditoria operacional é
realizada enquanto o paciente está hospitalizado ou em atendimento ambulatorial
(KURCGANT, 1991). Este método envolve a análise e avaliação dos registros de
enfermagem (inclusive do processo de enfermagem), entrevista com o cliente e/ou
familiares, observação do cliente (in loco), exame físico, e observação do ambiente
(HORR, 1989).
Quanto à forma de intervenção pode ser: interna, externa ou mista. A
auditoria Interna é realizada por elementos da própria instituição, devidamente
informados e treinados. Tem como vantagem a maior profundidade nos trabalhos
realizados, com a probabilidade de haver sugestões ou soluções mais apropriadas, já
que o auditor possui vinculação funcional (KURCGANT, 1991; HORR, 1989).
A
auditoria externa ou independente é realizada por elemento não-pertencente à
instituição, contratado especificamente para a auditoria. Neste, apesar do auditor ter
independência administrativa e afetiva, o trabalho desenvolvido pode tornar-se
superficial, com a apresentação de soluções inapropriadas para os problemas
existentes (KURCGANT, 1991). A auditoria mista é uma classificação decorrente de
18
uma experiência auditorial, no qual a comissão de auditoria era formada por docentes
do Departamento de Enfermagem e enfermeiros da Instituição, sendo estes, os
elementos internos e os demais os membros externos (KURCGANT, 1991).
Quanto ao tempo a auditoria pode ser: contínua ou periódica. A auditoria
contínua é realizada em períodos determinados, sem sofrer interrupções, iniciando-se,
cada revisão, a partir da anterior. Já a auditoria periódica relaciona-se a certos
períodos, não possuindo características de continuidade de revisão. Assim, na
auditoria contínua há uma integração entre uma auditoria e outra, observando-se a
evolução dos resultados, com soluções mais visíveis e imediatas (KURCGANT, 1991).
Quanto à natureza a auditoria pode ser: normal ou específica. A auditoria
normal realiza-se em períodos determinado com objetivos regulares de comprovação
(HORR, 1989). A auditoria específica ou especial visa um objetivo específico,
procurando obter dados sobre fatos particulares, atendendo às necessidades do
momento. A auditoria especial é desenvolvida para finalidade específica, por exemplo:
supervisionar a lavagem das mãos no ambiente hospitalar (KURCGANT, 1991).
Quanto ao limite pode ser: total ou parcial. A auditoria total abrange todos os
setores da instituição. Já a auditoria parcial é limitada a alguns serviços da instituição
(KURCGANT, 1991).
Assim, a auditoria não deve ser entendida como um método de fiscalização,
punitivo ou repressivo, e sim deve ser encarada como um processo positivo e
educacional. Percebemos que possibilita, também, o crescimento profissional já que
pode redimensionar as ações após verificados os potenciais e dificuldades destas.
1.5 Qualidade da assistência de enfermagem e auditoria
Com a difusão de informação, os clientes adquirem maiores informações,
passando a exigir cada vez mais excelência nos serviços contratados. Algumas
empresas, no entanto, não oferecem o suporte necessário a seus clientes, por terem a
falsa ideia de que seus produtos são os melhores, não almejando aprimorar a
qualidade, necessitando serem lapidadas para que atinjam o máximo de apreciação
da sua clientela, Para tanto, torna-se necessário a auditoria em enfermagem (MARAN,
2009).
A Auditoria de Enfermagem é o processo pelo qual é feita uma avaliação das
atividades de enfermagem, trata-se da análise minuciosa da qualidade da assistência
de enfermagem prestada ao paciente. Pode ser realizada por meio de análise dos
19
prontuários, verificação da conciliação entre o procedimento realizado e os itens da
conta hospitalar, visitas, entre outros (ARAÚJO, 2001).
O processo de auditagem visa o benefício dos pacientes através da melhoria
dos serviços prestados. Estas melhorias tornam-se possíveis por meio de obtenção de
conhecimento, e de capacitação dos profissionais envolvidos no processo assistencial.
Além do paciente, a equipe também apresenta benefícios, sendo estes evidenciados
através de reflexão de aspectos positivos e negativos, gerados a partir do
desenvolvimento profissional, perante a equipe e/ou a si próprio (KURCGANT, 2005).
Assim, o profissional de auditagem tem que estar atento, acima de tudo, à
qualidade dos serviços prestados ao paciente pelo hospital. Profissionais mal
treinados, sem conhecimento das técnicas básicas de enfermagem quanto aos
cuidados rotineiros aos pacientes, geram, além do aumento significativo dos custos,
agravos de um atendimento inadequado, como o aumento do tempo de internação,
sequelas de cuidados de enfermagem inadequados ou errados e até mesmo óbito
(WATANABE; KUBOTA; LIMA , 2009).
A auditoria inicia na enfermagem com o intuito de avaliar aspectos técnicos,
éticos e administrativos do trabalho da equipe de saúde. O elevado número de
trabalhos de auditoria feitos por enfermeiros demonstra um maior envolvimento destes
profissionais com a análise da qualidade dos cuidados de enfermagem prestados ao
paciente, tendo tal atividade regulamentada pela Lei 7.498/86 que dispõe sobre o
Exercício da Enfermagem e posteriormente, a Resolução do COFEN 266/01 que
dispõe sobre as atividades do Enfermeiro Auditor (COFEN, 2001).
No que diz respeito à qualidade na área da saúde, o Enfermeiro Auditor deve
atentar-se ao nível de satisfação do paciente, além de variáveis existentes no
ambiente da saúde e os possíveis impactos na credibilidade da instituição. Diante do
exposto, os serviços de saúde preocupados com a qualidade da assistência prestada,
utilizam a auditoria a fim de minimizar erros, fiscalizar os serviços e/ou procedimentos,
auditar contas, em prol da promoção de qualidade à saúde do cliente/paciente (MELO;
VAITSMAN, 2008)
O Ministério da Saúde define que a qualidade da assistência à saúde deve ter
o mínimo de riscos, elevado grau de competência profissional, eficiência em utilização
dos recursos, buscando a satisfação do paciente junto a um efeito favorável na
promoção da saúde (BRASIL, 2011).
A qualidade da assistência à saúde deve maximizar medidas abrangentes para
o completo bem estar do cliente, equilibrando ganhos e perdas, inerentes ao processo
de atenção médico-hospitalar. Na enfermagem, a qualidade da assistência prestada
20
aos clientes pode ser mensurada através da auditoria, um dos serviços internos que o
serviço de enfermagem dispõe para o gerenciamento da qualidade (ADAMI, 2000).
A Enfermagem está diretamente envolvida com a qualidade da assistência por
ser responsável pelos cuidados, necessitando de profissionais competentes e
preparados para lidar com os progressos da área. O que se busca na qualidade da
assistência referente à competência é a capacidade de desenvolver funções
objetivando em primeiro plano a qualidade do serviço (RIOLINO; KLIUKAS, 2003).
Sendo assim, a Auditoria em Enfermagem pode ser considerada um
componente essencial para avaliar a qualidade da assistência prestada, pois além de
oferecer auxílio aos profissionais para (re) orientar suas atividades, faz uma análise
detalhada sobre os procedimentos e custos (VIANA; ORIÁ, 2004).
21
2.0 JUSTIFICATIVA
Atualmente a exigência em qualidade de atendimento, tanto do ponto de vista
do paciente quanto do ponto de vista da instituição que presta seus serviços, exige
uma atenção especial por parte das organizações e profissionais envolvidos com a
assistência à saúde.
É inquestionável que para desenvolver o cuidado, a enfermagem precisa de
conhecimento em diversos campos teóricos, provindos de outras áreas como, por
exemplo, fisiologia, biologia, antropologia e sociologia (BRASIL, 2000). Mas também
torna-se necessário um conhecimento específico sobre o que é cuidar e quais as
ações próprias do enfermeiro e de sua equipe, que implicam na qualidade da
assistência e resolutividade, muitas vezes incluindo materiais, equipamentos e
pessoal.
É senso comum entender que os estabelecimentos de saúde convivem com
problemas ou resultados ineficientes, muitas vezes sem controle e que geram
reclamações e insatisfações dos enfermos e de seus familiares (RODRIGUES, 2004).
Porém, essas questões podem ser identificadas pela Auditoria de Enfermagem.
Portanto, o tema tem grande valor social, pois possibilita ao Gestor Hospitalar
identificar meios de favorecer a qualificação do serviço sem agregar custos ao
atendimento, contribuindo consideravelmente para que entendam a verdadeira
importância da auditoria para a qualidade do serviço, como também, respondendo às
exigências cada vez maiores dos pacientes, pois a cada dia estão mais esclarecidos e
conscientes de seus direitos.
Dentro deste cenário os profissionais de enfermagem ocupam um papel
fundamental para que os pacientes recebam um atendimento de excelência, e que a
instituição que presta este tipo de serviço tenha o retorno esperado, razão pela qual
esta pesquisa busca conhecer a prática da auditoria em enfermagem e sua relação
com a qualidade da assistência prestada.
22
3.0 OBJETIVOS
3.1 Objetivo Geral
Conhecer a prática da auditoria em enfermagem e sua relação com a qualidade
da assistência prestada.
3.2 Objetivos específicos

Identificar a atuação do enfermeiro auditor;

Identificar as finalidades/objetivos da auditoria em enfermagem;

Identificar a importância dos registros da equipe de enfermagem no processo
de auditoria.
23
4.0 MATERIAL E MÉTODO
Tratou-se de um estudo bibliográfico cuja trajetória apoiou-se nas leituras
metodológicas exploratórias e seletivas do material de pesquisa, bem como na revisão
integrativa, contribuindo para o processo de síntese e análise dos resultados obtidos
de vários estudos criando assim, um corpo de literatura compreensível.
O levantamento bibliográfico, propriamente dito, realizou-se através do
sistema de informações dos sistemas de Biblioteca Regional de Medicina (BIREME),
Scielo, por busca de artigos publicados e pesquisas on-line relacionados ao tema já
proposto, utilizando-se as seguintes palavras-chave: Auditoria de Enfermagem;
Gestão de Qualidade; Qualidade da Assistência à Saúde; Cuidados de Enfermagem.
O levantamento abrangeu desde o período inicial de publicação de cada periódico até
os dias atuais. A compreensão das concepções sobre “Auditoria de enfermagem e
qualidade da assistência.” enriqueceu-se a partir da aproximação às pesquisas em
distintos períodos, possibilitando que a temática se configurasse, adquirindo forma e
concretude em diferentes contextos.
Na busca inicial foram considerados o título e o resumo do artigo para a
seleção dos possíveis trabalhos de interesse. Após o levantamento bibliográfico,
realizou-se a leitura exploratória do material encontrado. Com essa leitura, foi possível
obter uma visão global do material, considerando-o de interesse ou não à pesquisa.
Em seguida, efetuamos a leitura seletiva, determinando o material bibliográfico de
interesse real da pesquisa.
Finalmente delimitamos os textos a serem interpretados que abordavam o
assunto proposto.
Em seguida os textos foram colocados em ordem cronológica, sendo
realizado o reconhecimento a partir dos seguintes aspectos que compuseram uma
‘ficha bibliográfica’ contendo:

Características do material bibliográfico: ano de publicação e tipo de estudo.

Análise do material bibliográfico: apreensão das concepções acerca do tema.

Síntese integrativa: integrando os textos lidos, em suas diferenças e
semelhanças ‘conceituais’.
Assim, pudemos agrupar o material bibliográfico de acordo com as suas
características e assuntos abordados representando-o em forma de gráficos e
quadros.
24
5.0 RESULTADOS
Gráfico 1 – Características dos materiais bibliográficos segundo ano de publicação.
Bragança Paulista, 2015.
Gráfico 2 – Características dos materiais bibliográficos segundo tipo de publicação.
Bragança Paulista, 2015.
25
Gráfico 3 – Características dos materiais bibliográficos segundo enfoque. Bragança
Paulista, 2015.
Quadro 1 – Atuação do enfermeiro auditor. Bragança Paulista, 2015.
ATUAÇÃO
Nº
%
Controle de custos, redução de gastos;
Controle de custos e avaliar a qualidade da assistência;
Coleta de dados no prontuário (anamnese, exame físico,
exames complementares, diagnósticos e tratamentos
efetuados;
Coleta de dados no prontuário, análise e realização de
relatórios, visando à qualidade da assistência de
enfermagem;
Avaliar a qualidade da assistência;
Atuar no processo de educação continuada;
Identificar pontos fracos dos serviços, garantindo o direito do
paciente em receber cuidado digno, além de não perder a
visão econômica dos serviços prestados;
Possibilidade de desenvolvimento de indicadores de
assistência;
Fornecer relatórios gerenciais informando a eficiência e a
efetividade do uso dos recursos disponíveis, em relação à
assistência prestada.
TOTAL
06
04
04
30,00
20,00
20,00
01
05,00
01
01
01
05,00
05,00
05,00
01
05,00
01
05,00
20*
100
*Alguns artigos abordaram mais de consideração sobre a atuação do enfermeiro auditor.
26
Quadro 2 – Finalidades/objetivos da auditoria em enfermagem. Bragança Paulista,
2015.
FINALIDADES/OBJETIVOS
Nº
%
Qualificar a assistência em enfermagem;
Avaliar aspectos qualitativos e contábeis da assistência;
Contabilizar custos;
Promover educação continuada;
Permitir confiabilidade dos serviços;
Normatizar, orientar, identificar, racionalizar e identificar
deficiências nos registros hospitalares;
Controle administrativo;
Minimizar desperdícios de medicamentos, equipamentos e
recursos humanos;
Suporte para planos de saúde;
Apontar inadequação na assistência de enfermagem;
Verificar se os resultados estão em conformidades com as
disposições planejadas e com a legislação vigente.
TOTAL
04
03
03
02
02
01
20,00
15,00
15,00
10,00
10,00
05,00
01
01
05,00
05,00
01
01
01
05,00
05,00
05,00
20*
100
*Alguns artigos abordaram mais de consideração sobre finalidades/objetivos da auditoria em
enfermagem.
Quadro 3 – Importância dos registros da equipe de enfermagem no processo de
auditoria. Bragança Paulista, 2015.
IMPORTÂCIA DOS REGISTROS NO PROCESSO DE
AUDITORIA
Avaliar os cuidados de enfermagem; / Avaliar a
qualidade da assistência; / Indicador de qualidade;
Garantir respaldo legal;
Evitar glosas em contas hospitalares;
Permitir atualização do pessoal de enfermagem ao
observar deficiências nos registros; / Educação
continuada;
Validar e registrar os cuidados prestados ao paciente;
Valioso para o ensino e a pesquisa;
Importante meio de comunicação;
Identificar áreas de deficiências em relação a
assistência prestada.
TOTAL
Nº
%
06
32,29
02
02
02
11,76
11,76
11,76
02
01
01
01
11,76
05,89
05,89
05,89
17*
100
*Alguns artigos abordaram mais de consideração sobre a importância dos registros no
processo de auditoria.
27
6.0 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
A partir da revisão de literatura para busca da produção científica sobre
auditoria em enfermagem e qualidade da assistência à saúde foram encontradas 48
publicações, porém apenas 34 foram ao encontro dos objetivos deste estudo.
Assim, através da análise do material bibliográfico, levantado para esta
pesquisa, constatou-se que quanto ao período de publicação a maioria era recente,
sendo que 14 (41%) foram publicados no período de 2005 a 2009; 09 (26%) no
período de 2000 a 2004 e 08 (24%) no período de 2010 a 2014 (Gráfico 1), com
destaque para artigos científicos 20 (59%) (Gráfico 2).
Porém, para melhor compreensão, os resultados foram discutidos de acordo
com os enfoques abordados na revisão bibliográfica (Gráfico 3), os quais mostram que
16 (47%) abordaram a atuação do enfermeiro auditor; 11 (32%) abordaram as
finalidades/objetivos da auditoria em enfermagem e 07 (21%) abordaram sobre a
importância dos registros no processo de auditoria.
Em relação à atuação do enfermeiro auditor (Quadro 1) foram encontradas 20
considerações sobre esse assunto, visto que alguns artigos abordaram mais de uma
consideração, sendo que as mais citadas foram: controle de custos, redução de gastos
06 (30%); controle de custos e avaliar a qualidade da assistência 04 (20%) e coleta de
dados no prontuário (anamnese, exame físico, exames complementares, diagnósticos
e tratamentos efetuados 04 (20%).
Quanto às finalidades/objetivos da auditoria em enfermagem (Quadro 2)
também foram encontradas 20 considerações, visto que alguns artigos abordaram
mais de uma consideração, sendo que as mais citadas foram: qualificar a assistência
em enfermagem 04 (20%); avaliar aspectos qualitativos e contábeis da assistência 03
(15%); contabilizar custos 03 (15%).
Já em relação à importância dos registros de enfermagem no processo de
auditoria (Quadro 3) foram encontradas 17 considerações, visto que alguns artigos
abordaram mais de uma consideração, sendo que as mais citadas foram: avaliar os
cuidados de enfermagem; / avaliar a qualidade da assistência; / indicador de
qualidade 06 (32,29%); garantir respaldo legal 02 (11,76%); evitar glosas em
contas hospitalares 02 (11,76%); permitir atualização do pessoal de
enfermagem ao observar deficiências nos registros; / educação continuada 02
(11,76%); validar e registrar os cuidados prestados ao paciente 02 (11,76%).
28
6.1 A atuação do enfermeiro auditor
A auditoria de enfermagem avalia a qualidade da assistência prestada ao
paciente. A Sistematização da assistência de enfermagem (SAE) visa ser instrumento
que de forma concreta, contribui com o enfermeiro auditor, na coleta de dados, pois
seu trabalho apresenta-se como um ramo em ascensão, com vertentes de enfoque
diversos, como: auditor de contas e de pesquisa da qualidade da assistência
(PAULINO, 2008).
Segundo as leis de diretrizes profissionais, Lei n° 7948/ 86, art. 11, inciso I,
alínea h, e Decreto n° 94406/87, que regulamenta a lei, cabe ao enfermeiro
privativamente a consultoria, a auditoria e a emissão de parecer sobre matéria de
enfermagem. Conforme consta na resolução 266 de 05 de outubro de 2001, do
Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), este profissional, enquanto auditor no
exercício de suas atividades deve organizar dirigir, planejar, coordenar e avaliar,
prestar consultoria, auditoria e emissão de parecer sobre os serviços de enfermagem;
devendo ainda ter uma visão holística, como qualidade de gestão, qualidade de
assistência e quântico – econômico – financeiro, visando sempre o bem estar do ser
humano (COFEN, 2001).
Para percorrer o caminho mais eficaz, que leve a qualidade da assistência, é
preciso, primeiramente, treinar os membros da organização, bem como transmitir
conceitos da utilização da auditoria em administração, promover recursos e
disponibilizar tempo para o trabalho em equipe, papel do enfermeiro auditor, que deve
transmitir para equipe o objetivo do trabalho em parceria, fazendo a equipe trabalhar
com ele e não para ele, por meio do reconhecimento do trabalho (MENEZES;
BUCCHI, 2011).
A auditoria em enfermagem pode ser realizada de dois tipos: retrospectiva
(após a alta), operacional ou concorrente (durante internação), interna ou externa,
continua ou periódica, total ou parcial; e avalia itens indispensáveis no prontuário
como: identificação do paciente, anamnese, exame físico, exames complementares
com seus resultados, hipóteses diagnósticas, diagnostico definitivo, tratamento
efetuado (MARTINHO, 2002).
Em qualquer um dos tipos, o procedimento básico consta em realizar a coleta
de informações que em seguida serão analisados frente a um padrão pré-estabelecido
e, por fim, é elaborado o relatório que apresenta parecer de natureza técnica sobre o
que foi auditado e sugestões que visam o aperfeiçoamento ou mesmo correção de
problemas na assistência de enfermagem prestada (KURCGANT, 1991).
29
Paulino (2008) ao realizar um estudo que teve como objetivo verificar o nível de
conhecimento dos enfermeiros acerca da auditoria hospitalar, constatou que 3 (três)
dos 6 (seis) entrevistados, ou seja, 50%, têm conhecimento que a auditoria em
enfermagem representa “o controle dos custos do paciente”, em contra partida, 34%
da amostra, ou seja, 2 enfermeiros, afirmaram que a auditoria em enfermagem
“representa apenas a revisão final do prontuário” e, 16% dos entrevistados, 1 (um)
profissional de enfermagem, descreveu que auditoria em enfermagem “é o processo
de controle de custos e da assistência ao paciente”.
Conclui-se a partir desses dados que os entrevistados possuem uma visão
limitada sobre o que é auditoria em enfermagem, pois conforme declara Passos (2002)
a auditoria de enfermagem é o exame oficial dos registros de enfermagem com o
objetivo de avaliar, verificar e melhorar a assistência de enfermagem.
Neste mesmo estudo, Paulino (2008) verificou que 3 (três) dos 6 (seis)
entrevistados, ou seja, 50%, afirmaram que a importância da enfermagem no processo
de auditoria está no controle dos custos, para 2 (dois) dos entrevistados, ou seja,
(34%) a importância do enfermeiro no processo de auditoria está relacionada com o
controle da assistência prestada ao paciente e 1 (um) entrevistado, 16%, não soube
descrever a importância do enfermeiro no processo de auditoria.
Logo, percebe-se, que os enfermeiros ainda não possuem uma visão concreta
acerca da sua importância no processo de auditoria, limitando-se a descrever que a
sua atuação está voltada para o controle apenas de custos e não para o controle da
qualidade da assistência prestada.
A
profissão
de
enfermagem
tem
na
auditoria
a
possibilidade
de
desenvolvimento de indicadores de assistência, estabelecimento de critérios de
avaliação e consequente geração de novos conhecimentos – o que é conseguido
através da análise que permite um levantamento dos problemas de enfermagem, as
diversas condutas adotadas para cada um deles, e o grau de resolutividade destas
(KURCGANT,1991).
Paes; Maia (2005) descrevem as atribuições do enfermeiro auditor no convênio
e no hospital, conforme segue abaixo:
No Convênio:

Avaliar a assistência de enfermagem prestada ao cliente através do prontuário
médico;

Verificar a observância dos procedimentos frente aos padrões e protocolos
estabelecidos;

Adequar o custo por procedimento;
30

Elaborar relatórios/planilhas através das quais se define o perfil do prestador:
custo por dia, custo por procedimento, comparativos entre prestadores por
especialidade;

Participar de visitas hospitalares;

Avaliar, controlar (com emissão de parecer) as empresas prestadoras de
serviços, fornecendo dados para a manutenção/continuidade do convênio
(assessoria ao credenciado);

Elo entre as partes = parceria.
No Hospital:

Análise do Prontuário Médico, verificando se está completa e corretamente
preenchido nos seus diversos campos tanto médico como de enfermagem,
como por exemplo: história clínica, registro diário da prescrição e evolução
médica e de enfermagem, checagem dos serviços, relatórios de anestesia e
cirurgia;

Avaliar e analisar a conta hospitalar, se condiz com o evento realizado;

Fornecer subsídios e participar de treinamentos do pessoal de enfermagem;

Analisar contas e glosas, além de estudar e sugerir reestruturação das tabelas
utilizadas, quando necessário;

Fazer relatórios pertinentes: glosas negociadas, aceitas ou não, atendimentos
feitos, dificuldades encontradas e áreas suscetíveis de falhas e sugestões;

Manter-se atualizado com as técnicas de enfermagem, com os serviços e
recursos oferecidos pelo hospital, colocando-se a par (inclusive) de preços,
gastos e custos alcançados;

Utilizar, quando possível, os dados coletados para otimizar o Serviço de
Auditoria: saber apontar custos de cada setor, locais onde pode ser feita a
redução nos gastos, perfil dos profissionais envolvidos e dados estatísticos.
Pinto; Melo (2010) realizaram um trabalho que teve como objetivo conhecer a
prática da enfermeira em auditoria em saúde, sendo que a análise foi desenvolvida em
três lócus: auditoria interna, auditoria externa e o sistema de auditoria do âmbito
estadual do Sistema Único de Saúde (SUS).
Assim, verificou-se neste estudo, que as responsabilidades da enfermeira
auditora interna, em um determinado hospital privado, estavam determinadas em um
documento composto por quinze itens, que atribui a estas profissionais ações de
conferência dos registros em prontuários e dos itens cobrados nas contas dos
usuários; a correção das distorções detectadas; a análise da composição do
prontuário e a manutenção de um processo educativo que oriente os profissionais da
31
equipe de saúde quanto às cobranças e equipamentos reembolsáveis. Logo, as
atividades evidenciam que o direcionamento das ações da enfermeira auditora é para
o controle sobre as cobranças hospitalares. Identificou-se, ainda, uma preocupação na
prática da auditagem em evitar desperdícios, reduzir custos e garantir que todos os
procedimentos e equipamentos utilizados sejam efetivamente cobrados. Portanto,
conclui-se as enfermeiras auditoras internas, neste hospital, desempenham um papel
controlador e mantenedor dos interesses econômico-financeiros da empresa, o que
revela que o propósito da sua prática é corrigir as contas hospitalares.
Quanto à empresa de auditoria externa estudada por Pinto; Melo (2010), não
foram encontrados documentos formais que determinassem as atividades de cada
profissional. Assim, foi identificada uma divisão técnica do trabalho, com os
profissionais médicos assumindo as visitas aos usuários internados, e as enfermeiras
ficando responsáveis pela análise contábil, através da conferência dos registros nos
prontuários e das cobranças nas contas hospitalares. As entrevistadas demonstraram
que o propósito de sua prática é exercer um papel fiscalizador sobre as cobranças
realizadas pelos prestadores de serviços de saúde, a fim de identificar excessos e
reduzir os valores finais a serem pagos. Os discursos das enfermeiras revelaram as
dificuldades que elas têm em expressar objetivamente esta finalidade de sua prática,
mas quando o fazem tentam justificar a importância da análise contábil-financeira,
dado que são altos os custos dos serviços de saúde. Na descrição das atividades das
enfermeiras não foram encontrados qualquer elemento que indicasse uma
preocupação com as necessidades específicas dos usuários. Essa ausência é
relevante e reforça a interpretação de que o foco desta prática é a análise de contas,
desenvolvida para garantir o cumprimento dos acordos e contratos estabelecidos entre
hospitais e operadoras de planos de saúde.
Por fim, quanto ao sistema de auditoria do âmbito estadual do Sistema Único
de Saúde (SUS), verificou-se que as ações são implementadas através da Diretoria de
Auditoria, que é coordenada por um profissional médico e é composta por médicos,
odontólogos, contadores e enfermeiras. Para tanto, o trabalho de auditoria está
baseado em três modelos: auditoria de serviços de saúde; apuração de denúncias e
auditoria de gestão dos sistemas municipais de saúde.
Quanto à prática das enfermeiras auditoras, as mesmas, afirmaram que
trabalham com o objetivo de verificar a eficácia e a eficiência de serviços e a gestão
dos recursos do sistema público de saúde. Assim entende-se que a prática exercida
na auditoria do SUS aproxima-se mais das características de controle do que da
detecção de erros e fraudes. Também, pode-se considerar, que o ato de verificar a
32
aplicação de recursos contribui para o melhor planejamento das ações em saúde
pública e para a progressiva melhoria da qualidade destes serviços.
Segundo Pinto; Melo (2010), as entrevistadas confirmaram que esta prática
consiste numa auditoria em saúde pública, que não é específica da enfermeira. Isto
significa que as enfermeiras realizam todas as atividades, desde que respeitados os
limites técnico-jurídicos do seu exercício profissional. Informam, entretanto, que na
distribuição das tarefas, são escolhidos os profissionais da equipe que detém
conhecimento ou afinidade com a área ou unidade a ser auditada. Dada a
complexidade das ações que desenvolvem é necessário que as atividades de auditoria
sejam assumidas por uma equipe multiprofissional.
As enfermeiras revelam que o seu trabalho é dinâmico e diversificado e que
atuam nos três tipos de auditoria desenvolvidos:

Na auditoria de gestão de sistemas municipais de saúde desenvolvem a
análise da gestão em saúde, da atenção básica aos procedimentos de alta
complexidade. Consideram que esta é a atividade mais complexa e que requer
um maior tempo de execução.

Na auditoria para apuração de denúncias, as enfermeiras analisam
documentos e colhem os depoimentos do denunciante e do denunciado para
que possam chegar a uma conclusão de procedência ou não do caso.

Na auditoria de serviços de saúde verificam as unidades prestadoras de
serviços, sejam elas unidades públicas, filantrópicas ou privadas conveniadas
com o SUS. A análise é direcionada à verificação do cumprimento das normas
inerentes à organização e o funcionamento destes serviços.
Para Fontinele (2002) apud Silva; Santo (2013) a auditoria de enfermagem, em
resumo, possui as seguintes atividades: análise da conta hospitalar; verificação da
qualidade da assistência de enfermagem; emissão de relatórios de divergências e
sugestões para a melhoria da assistência de enfermagem; participação na elaboração,
no planejamento, na execução e na avaliação dos programas nas empresas de saúde
e nos hospitais; participação em negociações de contratos. Assim como, os
enfermeiros, os médicos auditores fazem a mesma função só que direcionados aos
termos técnicos médicos.
Segundo Junqueira (2001) em síntese, as atuais funções em auditoria são:

fiscalizar se um serviço está sendo realizado corretamente;

verificar o que é para ser feito, o que está sendo feito e a qualidade dessas
ações;
33

analisar sistematicamente documentos, objeto de informação, observando e
registrando as falhas que possam levar a uma compreensão errônea aos
leitores do registro;

verificar se as normas institucionais e/ou legais estão sendo seguidas;

levantar fatos ou evidências objetivas que permitam avaliar o estado de
conformidade e adequação do sistema da qualidade da informação escrita com
procedimentos, instruções, códigos e normas estabelecidas e outros requisitos
contratuais, e para monitorar a efetividade da implementação dessas
informações.
Com essas considerações enfatiza-se que em Enfermagem, a auditoria passou
da análise de registros, como instrumento administrativo para a avaliação do cuidado,
por comparação entre a assistência prestada e as normas institucionais, para aquela
de identificar pontos fracos dos serviços, garantindo o direito do paciente em receber
cuidado digno, além de não perder a visão econômica dos serviços prestados
(SOUZA; FONSECA, 2005).
Segundo kobus; Dias (2004) o enfermeiro auditor vem assumindo importante
papel frente aos negócios de uma empresa hospitalar. Tem por atribuição fornecer
relatórios gerenciais informando, a eficiência e a efetividade do uso dos recursos
disponíveis, em relação à assistência prestada, se os resultados estão em
conformidades com as disposições planejadas, com a legislação vigente, por meio de
um exame analítico e de uma verificação operacional.
Cabe ressaltar com base nos aspectos da lei Resolução- COFEN Nº 266/2001
que o enfermeiro auditor deverá dominar a legislação vigente, atuar com
concordância, agindo dentro dos princípios éticos e legais, conhecendo os contratos
entre operadoras e prestadoras de serviço e mantendo-se atualizado com o conteúdo
da conta hospitalar (BREVIDELLI; DOMENICO, 2006).
Porém, com as transformações mundiais, mudanças de paradigmas,
exigências profissionais, principalmente, com relação à aspectos éticos e atitudinais,
novos contextos permeiam a agenda dos gestores, determinando tendências às quais
espera-se que os profissionais atendam (CUNHA; FRANCISCO NETO, 2006).
A tendência da função do enfermeiro auditor, em torno de uma concepção
mesclada de controle de custo e de melhoria da qualidade, pode resultar de um
panorama de reestruturação da produção em saúde demarcada por uma nova lógica
de gestão das organizações, denominada Atenção Gerenciada (SCARPARO et al,
2010).
34
O modelo de Atenção Gerenciada constitui-se em uma prática de gestão que
evidencia a necessidade de gerenciar os cuidados de saúde, possibilitando um
equacionamento entre racionalização dos custos de produção das intervenções e
qualidade dos serviços prestados, tendo como objetivo criar uma capacidade
competitiva (MERHY, 2000).
Observa-se que nos hospitais não há consenso quanto à ênfase na assistência
focada nas necessidades humanas, em detrimento dos custos. Em alguns momentos,
prevalece a assistência independente dos custos e, em outros a realização da
assistência com o mínimo de recursos.
O auditor em enfermagem, em um processo de educação continuada e
articulação com a equipe assistencial e administrativa, pode intermediar a discussão
desses paradigmas na instituição.
Scarparo et al (2010), realizaram um trabalho que teve como objetivo identificar
tendências atuais e futuras (próximos cinco anos) da função do enfermeiro auditor no
mercado de trabalho tendo com resultados os seguintes dados:
Quanto ao método para realização da auditoria de enfermagem, de acordo com
a opinião dos participantes, observou-se que está sendo aplicado na atualidade da
seguinte forma:

contemplando as etapas de coleta de dados e de análise dos pagamentos das
contas hospitalares, relativos à sub área de enfermagem, a fim de impor glosas
ou diminuí-las;

coletando os dados dos prontuários dos pacientes, registros de enfermagem,
manuais de procedimentos, e rotinas e manuais de padrões da assistência;

coletando os dados também do prontuário do paciente e documentos relativos
à conta hospitalar.
Por outro lado, os participantes da pesquisa consideraram que o método da
auditoria de enfermagem, no futuro (próximos cinco anos), será da seguinte forma:

de maneira retrospectiva, utilizando as informações do prontuário do paciente e
do sistema gerencial da assistência de enfermagem e também de maneira
concorrente, com acompanhamento dos processos da assistência de
enfermagem no local da internação;

envolverá as etapas: definição de objetivos, coleta de dados acerca dos
processos da assistência de enfermagem, da admissão até a alta do paciente e
análise dos dados com elaboração do relatório técnico;

contemplará as etapas: análise da estrutura, do processo e do resultado da
assistência de enfermagem, considerando visão integrada e ampliada;
35

contemplará as etapas: de coleta dos dados e análise dos pagamentos das
contas hospitalares relativas à sub área de enfermagem, a fim de impor glosas
ou diminuí-las;

coleta dos dados procedentes dos prontuários dos pacientes, em especial, dos
registros de enfermagem, dos manuais de procedimentos e rotinas e de
padrões da assistência de enfermagem e coleta dos dados coletados
procedentes do prontuário do paciente e de documentos relativos à conta
hospitalar.
6.2 As finalidades/objetivos da auditoria em enfermagem
Segundo Scarparo et al (2009) a auditoria de enfermagem incorporou-se às
rotinas das instituições de saúde com o intuito de avaliar os aspectos qualitativos da
assistência requerida pelo paciente, os processos internos e as contas hospitalares.
Está inserida na auditoria em saúde possibilitando a análise das questões
específicas e relativas à enfermagem. Dessa forma vem sendo concebida como o
exame oficial dos registros de enfermagem com o objetivo de avaliar, verificar e
melhorar a assistência, podendo-se concentrar-se nos registros e anotações de
enfermagem (LOPES, 1998).
De acordo com Silva et al (1990) a auditoria de enfermagem representa a
função de controle do processo administrativo verificando se os resultados da
assistência estão de acordo com os objetivos.
A auditoria em enfermagem tem como finalidade normatizar, orientar,
disciplinar, racionalizar e identificar as deficiências existentes nos registros
hospitalares,
intervindo
diretamente
nos
gastos
e
glosas
desnecessários
principalmente nos setores mais críticos como unidade de terapia intensiva, semiintensiva e centro cirúrgico. É realizada por meio de um conjunto de medidas com o
envolvimento de pessoas diretamente ligadas à execução de atividades operacionais
nos diferentes setores do hospital, avaliando a sistemática vigente e a qualidade do
serviço prestado (CHINAGLIA, 2008).
Segundo Dorne; Hungare (2013) a auditoria tem como objetivos: garantir a
qualidade da assistência prestada ao usuário; viabilizar economicamente a Instituição;
conferir a correta utilização, cobrança dos recursos técnicos disponíveis; educar os
prestadores de serviços; proporcionar um ambiente de diálogo permanente entre
prestadores e a empresa; aos usuários proporcionar confiabilidade na relação
Prestador x Instituição x Usuário.
36
Fonseca et al (2005) afirmam que o objetivo da auditoria de enfermagem é a
melhoria da qualidade da assistência de enfermagem que o hospital se propõe a
oferecer ao cliente, sendo importante o vínculo entre o setor administrativo da
instituição e a enfermagem, no aspecto estrutural e funcional.
A auditoria em enfermagem, na atualidade, é exercida e difundida nas
instituições públicas e privadas, objetivando minimizar desperdício de materiais,
medicamentos, equipamentos e recursos humanos. No entanto, apesar de ser
utilizada principalmente para fins contábeis, traduz-se em benefício não só para a
instituição de saúde, uma vez que atinge tanto os pacientes e clientes, como para a
própria equipe de enfermagem (SILVA et al, 2012).
Dentre as finalidades do trabalho de auditoria em enfermagem relacionadas por
Possari (2008) estão: garantir a qualidade dos registros da assistência de
enfermagem; fornecer informações para a melhoria da qualidade do atendimento;o
planejamento para remanejamento e aumento de pessoal com base nos dados
analisados; atentar às necessidades de assistência prestada pela equipe de
enfermagem no tocante ao atendimento psicoespiritual; detectar necessidades de
formar programas de treinamento e desenvolvimento da equipe de enfermagem; dar
suporte à elaboração de programas assistenciais.
Conforme relaciona Motta (2010) o trabalho de auditoria em enfermagem pode
ser realizado voltado para a educação continuada ou para fornecer informações
necessárias para o controle do serviço de faturamento. A auditoria pode, também, dar
suporte para as operadoras de planos de saúde como: serviços de credenciamento
através de vistoria técnica; analisar compatibilidade dos procedimentos adotados,
autorizando a execução destes procedimentos solicitados e efetuar auditoria em
contas médicas propriamente ditos.
No trabalho de Scarparo et al (2010), observou-se que a finalidade da auditoria
de enfermagem na atualidade, segundo as opiniões dos participantes da pesquisa,
está restrita à comprovação de pagamento de contas hospitalares relativa à
assistência de enfermagem, questionando e revendo glosas apontadas, realizando
negociações entre os representantes do hospital e do convênio. Porém, nos próximos
cinco anos, os participantes consideraram que a finalidade da auditoria de
enfermagem será apontar inadequações na assistência de enfermagem, reformulando
suas práticas, indicando processos de educação em serviço, delineando ações
corretivas pela gerência do serviço de enfermagem e direção do hospital. Consideram
também como finalidade a comprovação de pagamentos de contas relativas à
37
assistência de enfermagem, questionando e revendo glosas apontadas pelos
representantes do hospital e do convênio de saúde.
Embora os resultados da pesquisa apontem o foco na atualidade apenas
voltado a área contábil e financeira, já nota-se na prática, um movimento voltado para
a qualidade, inclusive por parte das operadoras de saúde, as quais, por meio da
realização de auditorias, avaliam a qualidade da assistência prestada nas instituições
por elas contratadas para revalidar contratos, adequar tabelas de preços e avaliar se o
nível da assistência está de acordo com seus princípios.
Desse modo, verifica-se que no futuro há uma perspectiva de mudança de
paradigma, com preocupações acerca da qualidade do serviço prestado. Iniciativas no
sentido de garantir a assistência de qualidade estão cada vez mais emergentes no
cenário atual, seja por movimento governamental, ou por entidades independentes,
seja por pressão social ou pelos clientes corporativos que financiam o seguro saúde,
que almejam retornos concretos em face ao investimento no serviço (ESCRIVÃO
JUNIOR; KOYAMA, 2007).
Logo, constata-se que quando a assistência ao paciente é de má qualidade, os
custos da internação aumentam, portanto, cria-se a necessidade de habilitação do
enfermeiro auditor para realizar a auditoria agregando a vertente contábil e de
qualidade. Essa é uma forte tendência a ser implementada nos próximos anos,
segundo a opinião dos participantes, na pesquisa de Scarparo et al (2010), uma vez
que, segundo Goto (2001), instituições de saúde com custos otimizados, passam a ter
subsídios financeiros para investimentos em sua estrutura (recursos humanos,
tecnológicos e físicos), oferecendo, assim, suporte para as ações de melhoria da
qualidade.
6.3 A importância dos registros da equipe de enfermagem no processo de
auditoria
Na enfermagem, a auditoria avalia a qualidade da assistência oferecida ao
paciente através da avaliação dos registros de enfermagem do prontuário e a partir
dos resultados obtidos identifica áreas de deficiência em relação à assistência
prestada e ao preenchimento do prontuário para então sugerir ações no sentido de
melhorar os registros, a qualidade do cuidado e promover atualização do pessoal de
enfermagem.
Os cuidados de enfermagem podem ser avaliados através de registros contidos
nas anotações de enfermagem onde deve conter dados claros, concisos, checagem
38
de medicações e procedimentos realizados com identificação do executor com nome e
número do registro no COREN (BUZATTI, CHIANCA, 2005).
Através da anotação pode-se avaliar a qualidade da assistência e garantir
respaldo legal ao profissional em questão (KOBUS; DIAS, 2004)
Segundo Labbadia; Adami (2006) os registros de enfermagem completos
consistem em um dos mais importantes indicadores de qualidade, sendo o enfermeiro
agente determinante, levando a equipe multidisciplinar a constituir alicerces para a
qualidade nas anotações de enfermagem.
Estudos internacionais demonstram que os registros como parte do processo
de enfermagem, tem função prioritária junto ao cuidado do paciente e atua como
indicador a qualidade do cuidado de enfermagem no contexto da saúde (RIOLINO;
KLIUKAS, 2003; RODRIGUES; PERROCA; JERICÓ, 2004).
A auditoria de cuidados avalia a qualidade da assistência de enfermagem,
utilizando as anotações no prontuário do cliente ou de suas próprias condições, além
de mensurar o grau de satisfação (BUZATTI, CHIANCA, 2005).
Godoi et al (2008) realizaram um trabalho cujo objetivo foi identificar os
indicadores responsáveis pelo maior número de glosas relacionadas às anotações de
enfermagem, logo, constataram que as anotações de enfermagem apresentaram
dados inconcisos e incompletos, destacando um alto índice de falta de orientação ao
paciente e à família quanto a terapêutica e alta hospitalar. Observou-se que a grafia
estava ilegível na maior parte dos prontuários, e os dados além de incompletos não
continham a identificação do executor da atividade. No que se refere aos indicadores
de glosas, os dados sobre identificação de checagem, identificação de evolução e
identificação do executor da atividade, foram os indicadores de maior índice de
divergência. Os prontuários avaliados através de análise de coleta de dados
identificaram os profissionais da enfermagem como a categoria de maior índice de
divergência na instituição hospitalar. Concluindo, portanto, que o papel do enfermeiro
auditor é fundamental para uma educação efetiva e integral junto à equipe
multidisciplinar.
Luz; Martins; Dynewicz (2007) desenvolveram uma pesquisa que teve como
objetivo identificar a qualidade dos registros de enfermagem em contas hospitalares.
Assim, os principais problemas encontrados foram: as anotações são realizadas por
turno e não por horário; há rasuras nas escritas; espaços em branco ao longo do
impresso; falta de carimbo e de assinatura. Há prontuários em que a checagem de
prescrições não ocorre ou é realizada de forma incorreta; há, também, anotação
incompleta de sinais vitais. De um modo geral as anotações são compreensíveis,
39
embora a letra seja pouco legível; utilizam-se siglas padronizadas e termos técnicos. A
partir dos problemas identificados sugere-se mais intensificação de educação
continuada sobre registros de enfermagem e novos estudos que identifiquem os
valores econômicos perdidos, por glosas em contas hospitalares.
De acordo com o trabalho desenvolvido por Paulino (2008), 100% dos
entrevistados, 6 (seis) enfermeiros, consideram importante o preenchimento do
prontuário pelos profissionais de enfermagem pelo fato de afirmarem que "valida e
registra os cuidados prestados ao paciente”.
Para Erdmann; Lentz (2006), o prontuário é um documento valioso para o
paciente, para a equipe de saúde (médico, enfermeiro, dentista, entre outros) que o
assiste e para as instituições de saúde, bem como para o ensino, a pesquisa e os
serviços públicos de saúde, além de instrumento de defesa legal.
A anotação de enfermagem é o meio utilizado pela enfermagem para informar
sobre a assistência prestada, e como consequência, uma fonte disponível para
avaliação da eficiência e eficácia dessa assistência. Assim, demandam clareza em
relação a sua forma e conteúdo, a fim de garantir a compreensão e a legibilidade da
informação.
De acordo com Erdmann; Lentz (2006) todos os dados devem ser registrados
imediatamente após o fato ocorrido, evitando assim, o déficit do cuidado por falha na
comunicação. As anotações de enfermagem devem observar os seguintes critérios:

Exatidão: os fatos devem ser anotados com precisão e veracidade. A omissão
de dados ou o registro errado demonstram inexatidão. As observações devem
ser específicas e exatas.

Brevidade: todo registro deve ser conciso, objetivo e completo.

Legibilidade: a anotação deve ser feita de forma nítida, legível e à tinta.

Identificação: logo após a anotação, o profissional deve assinar seu nome
seguido do número do COREN. Sendo aluno, colocar seu nome e instituição
de ensino.
No estudo de Paulino (2008) ficou evidente a limitação dos enfermeiros acerca
do tema “auditoria”, pois os resultados encontrados confirmam que os enfermeiros têm
conhecimentos que é importante o preenchimento do prontuário, mas desconhecem a
relação das anotações com a auditoria de enfermagem, apresentam conhecimentos
vagos acerca da auditoria em enfermagem e não compreendem o processo de
auditoria nem sua importância para realização desse processo.
Assim, o enfermeiro deve ter conhecimento de que os registros de enfermagem
existentes no prontuário do paciente refletem a qualidade da assistência prestada,
40
portanto a auditoria de enfermagem deve atuar como agente facilitador no
desenvolvimento e aprimoramento da equipe multiprofissional.
41
7.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os hospitais têm vivenciado na atualidade uma redefinição de seus papéis,
com vistas a atender às demandas dos usuários, a crescente incorporação
tecnológica, a gerência em uma lógica ética, humanística e competitiva. Para se
manterem no mercado, os profissionais e instituição devem se apropriar de uma nova
filosofia de trabalho norteada no atendimento de qualidade dentro de padrões
financeiros aceitáveis, neste contexto a auditoria de enfermagem/saúde constitui-se
em importante ferramenta gerencial (SCARPARO et al, 2009).
Segundo Menezes; Bucchi (2011) a prestação da assistência de enfermagem
aliada à auditoria demanda constante análise dos indicadores assistenciais, em busca
de melhorias na gestão do serviço de enfermagem e, consequentemente, contribui
com a organização na busca da excelência na gestão hospitalar, diminuindo a
propensão a erros da equipe não só da enfermagem como, também, para a equipe
multidisciplinar.
De acordo com Scarparo et al (2009) pode-se observar as diversas
aplicabilidades da auditoria na área da enfermagem/saúde, tendo em vista os
benefícios que produz para instituições (onde é possível verificar se seus objetivos
estão sendo atingidos); para a equipe de enfermagem (na qual pode nortear o
planejamento da assistência com base nos resultados obtidos, desenvolver
indicadores assistenciais e gerar novos conhecimentos) e, finalmente para os usuários
(que se beneficiam com a assistência de enfermagem com qualidade). Ou seja, é
notável que esta é uma atividade em franca expansão e tende a aperfeiçoar-se, de
modo a atender as necessidades com base na sua área de saber.
Entende-se que o enfermeiro auditor traz importante contribuição às
instituições hospitalares e é um elemento primordial na operacionalização da auditoria.
Logo, faz-se o presente desafio de consolidar e ampliar a atuação dos
enfermeiros na perspectiva do fio condutor da profissão que é o cuidado de
enfermagem prestado ao usuário dentro de padrões de qualidade a um custo
adequado (SCARPARO et al, 2009).
Por outro lado, verifica-se que os enfermeiros precisam avaliar como estão os
registros de sua equipe, fazendo um planejamento das atividades, visando à educação
continuada, realizando treinamento sistematizado, capacitando sua equipe para a
valorização das anotações, sendo esta um indicador de qualidade dos cuidados
prestados ao cliente e de uma gestão eficaz. É indispensável neste processo o pleno
conhecimento da equipe, a padronização do processo de trabalho com protocolos, a
42
capacitação contínua e sistematizada, reflexão sobre o conteúdo das informações e
dos impressos para anotação (D’INNOCENZO et al, 2006).
Além disso, à medida que a auditoria de enfermagem incorporar à sua prática a
avaliação da qualidade da assistência prestada ao paciente, conforme tendência apontada
para os próximos cinco anos, os métodos para sua realização se modificarão, agregando
diferentes maneiras para sustentar a nova realidade. Ressalta-se que a escolha do método
a ser utilizado para a realização da auditoria de enfermagem deverá estar pautada no
objetivo da avaliação a que se destina e, nessa perspectiva a função do enfermeiro auditor
poderá ser enriquecida e guiada não somente pelas necessidades financeiras da
instituição mas, principalmente, pelas necessidades de saúde dos clientes (SCARPARO
et al, 2010).
Diante do exposto, esperamos que este estudo possa contribuir para que os
profissionais de enfermagem desenvolvam um olhar crítico sobre a assistência
prestada e quanto à importância dos registros em prontuário, procurando aprofundar
seus conhecimentos em busca da essência da auditoria relacionada à qualidade da
assistência.
43
8.0 CONCLUSÃO
Através da análise das 34 publicações levantadas para esta pesquisa,
constatou-se que:

Quanto ao período de publicação tratou-se de uma literatura recente, sendo
que 14 (41%) foram publicados no período de 2005 a 2009; 09 (26%) no
período de 2000 a 2004 e 08 (24%) no período de 2010 a 2014;

Quanto ao tipo de publicação houve destaque para artigos científicos 20 (59%);

Em relação ao enfoque, 16 (47%) abordaram a atuação do enfermeiro auditor;
11 (32%) abordaram as finalidades/objetivos da auditoria em enfermagem e 07
(21%) abordaram sobre a importância dos registros no processo de auditoria;

Em relação à atuação do enfermeiro auditor foram encontradas 20
considerações sobre esse assunto, visto que alguns artigos abordaram mais de
uma consideração, sendo que as mais citadas foram: controle de custos,
redução de gastos 06 (30%); controle de custos e avaliar a qualidade da
assistência 04 (20%) e coleta de dados no prontuário (anamnese, exame físico,
exames complementares, diagnósticos e tratamentos efetuados 04 (20%).

Quanto às finalidades/objetivos da auditoria em enfermagem também foram
encontradas 20 considerações, visto que alguns artigos abordaram mais de
uma consideração, sendo que as mais citadas foram: qualificar a assistência
em enfermagem 04 (20%); avaliar aspectos qualitativos e contábeis da
assistência 03 (15%); contabilizar custos 03 (15%).

Já em relação à importância dos registros de enfermagem no processo de
auditoria foram encontradas 17 considerações, visto que alguns artigos
abordaram mais de uma consideração, sendo que as mais citadas foram:
avaliar os cuidados de enfermagem; / avaliar a qualidade da assistência; /
indicador de qualidade 06 (32,29%); garantir respaldo legal 02 (11,76%); evitar
glosas em contas hospitalares 02 (11,76%); permitir atualização do pessoal de
enfermagem ao observar deficiências nos registros; / educação continuada 02
(11,76%); validar e registrar os cuidados prestados ao paciente 02 (11,76%).
44
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