A FOLHA DE S.PAULO E O ESTADO DE S. PAULO DAS ELEIÇÕES 2002 Trabalho apresentado no XI Encontro Norte Nordeste de Ciências Sociais por Marcio Pinheiro e Gabriel Mendes 1 INTRODUÇÃO O trabalho aqui apresentado é resultado de uma pesquisa iniciada no início do ano de 2002 no DOXA (Laboratório de Pesquisas em Comunicação Política e Opinião Pública do IUPERJ). Com uma planilha, foram listadas todas as matérias, colunas, editoriais, fotos, charges, artigos, manchetes que contém o nome de um dos quatro principais candidatos à presidente da última eleição – Luiz Inácio Lula da Silva, José Serra, Anthony Garotinho, Ciro Gomes. Foi com base nessas planilhas que pretendemos analisar a cobertura “editorializada” (artigos, editoriais e colunistas) e das manchetes do jornal dos jornais paulistas Folha de S.Paulo e Estado de S. Paulo. Escolhemos ambos por serem jornais competitivos históricos além de terem sede no maior colégio eleitoral do país, São Paulo, que é também o estado onde o Partido da Social Democracia Brasileira e o Partido dos Trabalhadores surgiram (partidos que chegaram ao segundo turno da sucessão presidencial). Analisamos as candidaturas a partir da chamada parte “editorializada” e das manchetes, pretendemos mostrar como a opinião do jornal - o ponto de vista da empresa - está por trás da escolha do que é mais importante para ser noticiado e como se dá a distribuição de espaço e opiniões de seus colunistas. Discutimos, sobretudo, como que o olhar que o jornal tem da campanha enviesa sua relação como os fatos. E investigamos como, por vezes, o jornal acaba assumindo a estratégia eleitoral de um determinado candidato, como e porque ele abre espaço para determinadas discussões e não para outras e, especialmente, e qual o critério de escolha de pauta da Folha de S.Paulo e do Estado de S. Paulo, para assim enxergar o que o jornal acredita ser o mais importante para o país. É importante esclarecer aqui que a primeira página do caderno especial de eleições que a Folha e o Estadão publicaram durante toda a campanha serão consideradas primeiras páginas também e estão incluídas na observação realizada. O período de análise dos jornais vai do dia 21 de agosto até o último dia da eleição, 27 de outubro, o segundo turno, dividido em três períodos: dia 21/8 a 3/9; do dia 4/9 a 17/9; do dia 18/9 ao dia do pleito do primeiro turno, 6/10; depois o segundo turno de 7/10 a 27/10. O marco inicial de 21/8 foi escolhido por ser o dia seguinte ao início do horário eleitoral no rádio e na TV e, portanto, o início da cobertura deste horário gratuito pelos jornais. Um fator imprescindível para a campanha e para a pauta dois jornais. 2 Antes de analisarmos a cobertura eleitoral nos dois jornais é importante saber alguns pontos dos manuais de redação de ambos os veículos. A Folha de São Paulo tem como projeto editorial o exercício de um jornalismo baseado no apartidarismo e que tenha compromisso apenas com o leitor. Acredita na sua independência editorial fundamentada em critérios de pluralidade, criticidade, modernidade e num jornalismo de mercado. É como esse pano de fundo que se investigará o comportamento do jornal. Já manual de redação O Estado de S. Paulo dedica, ao contrário da Folha, um ínfimo espaço ao tratamento e edição dos textos publicados. Solto no capítulo que trata de estilo jornalístico, o manual do Estadão pede, no item 20, que o jornalista do jornal faça “textos imparciais e objetivos. Não exponha opiniões, mas fatos, para que o leitor tire deles as próprias conclusões”. O item 21 completa: “Lembre-se de que o jornal expõe diariamente suas opiniões nos editoriais, dispensando comentários no material noticioso. As únicas exceções possíveis: textos especiais assinados e matérias interpretativas”. 21 DE AGOSTO A 3 DE SETEMBRO DE 2002: DESCONSTRUÇÃO DE CIRO A quinzena que conta do início do horário eleitoral até o início do mês de setembro é marcada pelo que a campanha tucana chamou de “desconstrução” da candidatura Ciro Gomes. Desconstrução essa que teve amplo amparo nas primeiras páginas, colunas e editoriais tanto da Folha de S.Paulo como do Estado de S. Paulo. Na folha Ciro lidera em número de citação: 1374 vezes. Sua marca de entradas positivas cai para 7% e negativas sobe para 37%.Serra (1135 citações), Lula (870) e Garotinho vieram depois. Ciro Gomes dominou também a cobertura do Estadão: 758 aparições, seguido de Serra (641) e do candidato em primeiro lugar nas pesquisas, Luiz Inácio Lula da Silva ficou com 503 entradas. O jornal também quebra outra espécie de “norma do jornalismo contemporâneo” nesta quinzena ao dar preferência a um candidato. Embora tenha dado mais espaço para Ciro Gomes neste período, a maior parte das matérias foram de viés negativo: enquanto o candidato do PSDB obteve 33% de matérias negativas, Ciro obteve 49% de matérias negativas. Um fato curioso visto que as pesquisas de opinião, publicadas pelo próprio jornal davam conta de que Ciro se isola em segundo lugar com 25% contra Serra com 15% (dados do Ibope publicados em 28/8 pelo 3 Estadão). Importante lembrar que Ciro começava a cair nas pesquisas, mas o fato é que ele ainda era o segundo lugar. Temos, portanto, claramente que tanto Folha de S.Paulo quanto Estado de S. Paulo não seguiram a regra da “corrida de cavalos” na qual os jornais dão maior cobertura, maior espaço e repercussão a quem está em primeiro lugar nas pesquisas. Com a debandada de apoios para o candidato da Frente Trabalhista, a candidatura pepesista começa a se credenciar para ir ao segundo turno com Lula. É nesse contexto que a credibilidade e atuação política de Ciro como homem público em plena ascensão serão postas em cheque pelos jornais paulistas em análise. FOLHA DE S.PAULO Tais procedimentos se fazem presente por dois meios na Folha. O primeiro deles é o colunismo (“César, Tancredo, Collor, FHC e ... Ciro?”, de Vinicius Torres Freire, em 23/8, sobre os presidentes que irrompem para a presidência como sendo homens acima do bem e do mal; “Jovem destemido ou Bonaparte do sertão”, de Josias de Souza, em 25/8, indagando se Ciro Gomes é na verdade arrojado ou autoritário; “Mijões, babacas e pilantras”, de Elio Gaspari, em 28/8, ainda sobre o pretenso destempero de Ciro; “Política e futebol”, de Boris Fausto, em 26/8, sobre a tentativa de Ciro de tirar dividendos eleitorais de amistoso da seleção brasileira de futebol). O segundo, através de matérias de primeira página ( “Nobel estranha aliança de Ciro e Scheinkman”, em 26/8, sobre o fato de o economista brasileiro ultraliberal José Alexandre Scheinkman entrar na campanha do “socialista” Ciro Gomes; “Na terra de Getúlio, Ciro tenta fortalecer verniz trabalhista”, em 25/8, com especial atenção aqui para a palavra verniz) ou matérias no interior do jornal ( “Família Gomes disputa poder desde 1890”, em 26/8, sobre o poder da família Gomes em Sobral, no Ceará; “Coordenador de Ciro dá ambulância e cesta”, em 30/8, sobre suspeitas de compra de votos; “Ciro cria situação constrangedora ao falar de Patrícia”, em 30/8 e “Ciro pede desculpas e Patrícia o defende”, em 1/9, ambas sobre a “infeliz” declaração do pepesista de que o papel de Patrícia Pillar em sua campanha era a de dormir com ele). Foi precisamente no auge da candidatura de Ciro que começou a ser veiculado pela TV e pelo rádio a propaganda eleitoral que foi responsável por uma mudança de referência na 4 cobertura da Folha de S.Paulo. Logo no início do horário eleitoral a tática traçada pela equipe de Serra foi a do ataque a Ciro Gomes. Serra (que estava atrás nas pesquisas de intenção de voto) e Ciro Gomes deflagram um embate quase que diário nas páginas da Folha (como nas chamadas de primeira página “Ciro e Serra intensificam duelo”, em 23/8; “Serra ganha 1 minuto do horário de Ciro na TV”, em 31/8). Ou nas colunas “Semana vital para Ciro e Serra”, de Fernando Rodrigues, em 26/8, sobre a polarização entre Ciro e Serra; “Verdades e mentiras”, de Nelson de Sá, sobre as acusações de mentiroso que um candidato faz ao outro, “Ética bêbada”, de Janio de Freitas, em 22/8, em que o colunista critica a estratégia de campanha de Serra; “Serra volta a veicular ofensa de Ciro na TV”, em 30/8, sobre o episódio em que Ciro Gomes xingou o ouvinte de uma rádio na Bahia). Ou mesmo na defensiva chamada de primeira página “Essa gente ataria até Cristo, diz Ciro” ou “Candidato do PPS cita Jesus para atacar Serra”, ambas em 2/9. Resultado: O candidato tucano sobe nas pesquisas e o do PPS cai. A partir desse momento, a cobertura da Folha de S.Paulo sofre uma profunda transformação. Quando Ciro Gomes aumentou seus índices de intenção de voto nas pesquisas e a candidatura do PSDB ficou em situação delicada, a Folha detectou uma tendência de polarização entre o pepesista e José Serra. Polarização esta planejada pela campanha tucana. Serra tinha chances ainda, teria somente que forçar um duelo particular com Ciro. O embate entre os dois teria que se dar – por mais que Ciro estivesse muito à frente de Serra e quase perto de Lula. Em sentido diverso, quando Ciro Gomes cai e Serra consegue subir nas pesquisas, o enfoque do jornal será o de mostrar a desestruturação da campanha de Ciro, diferentemente do que fez com Serra quando de sua queda. A possibilidade de debandada por parte de aliados, a escassez de apoios e o amadorismo da campanha do PPS. Isso pode ser visto na chamada de primeira página “Em alerta, Ciro revê sua tática após Serra crescer”, em 28/8; “Após queda, Ciro porá ‘sangue’ na campanha”, em 29/8; “Perdemos o primeiro round, admite Freire sobre a queda de Ciro”, em 2/9; “Para aliados, Ciro morreu pela boca”, em 29/8. Ou na coluna “Luz amarela e vermelha para Ciro”, de Fernando Rodrigues, em 28/8, sobre a queda do pepesista. ESTADO DE S. PAULO O Estado de S. Paulo também “comprou” a idéia da desconstrução de Ciro Gomes. O jornal reproduz as conseqüências do horário eleitoral enviesado claramente pró-Serra ou, em 5 determinados casos, anti-Ciro. Exemplos não faltam: em 23/8, Veríssimo critica o uso político do futebol no Ceará, especificamente sobre a “ajuda” que a CBF deu a Ciro Gomes em evento coma seleção brasileira de futebol. O viés negativo para a candidatura do pepesista é sempre reforçado pela parte opinativa. A colunista Dora Kramer criticou a candidatura Ciro sob vários pontos de vista. Desde seu “guru econômico” Mangabeira Unger (“Mangabeira em surpreendente intimidade com a lógica dos fatos” de 29/9) até artigos ofensivos como “TV testa pose de bom moço”, em 22/8, e “Atenção aos conselheiros” (29/8) no qual a colunista explica que “A Ciro cabe as correções dos próprios erros”. A outra frente opinativa do estado de S. Paulo é o “Espaço Aberto” na página A2, um espaço onde articulistas convidados pelo jornal expõem suas opiniões. Durante o período do horário eleitoral até o dia 3/9 ressaltamos o ataque a Ciro e a Lula pelo articulista Gilberto de Mello Kujawski que diz que “FH age fino como diplomata; Serra bate de frente; Ciro é impulsivo e Lula vulnerável” (“José Serra, o genérico de FHC?”, 22/8). Outro artigo que vale a pena ser lembrado no mesmo “Espaço Aberto” desse período foi “Lula, a história e a Petrobras” (27/8) de Jarbas Passarinho. No artigo o ex-senador diz que “os estaleiros nacionais não têm, ainda, capacidade para construir as plataformas”, ao contrário do que propunha no horário eleitoral o programa de Luiz Inácio da Silva. Ainda sobre Luiz Inácio Lula da Silva, apesar de se manter ainda na dianteira das pesquisas de opinião, não protagonizou tantas primeiras páginas, colunas ou editoriais quanto seus adversários Ciro Gomes e José Serra tanto no Estadão como na Folha Já Anthony Garotinho é praticamente ignorado pelos espaços mais importante da Folha de São Paulo e do Estado de S. Paulo. Raramente figura na primeira página do jornal ou protagoniza alguma coluna. Na Folha, por exemplo, o candidato só foi contemplado com uma primeira página no dia 22/8. A chamada era negativa para o candidato e versava sobre suspeitas de mal utilização do dinheiro do governo do Rio de Janeiro para a obtenção de benefício eleitoral (“Em três meses, Garotinho deu R$ 60 mi a prefeituras”). E destaque na coluna de Dora Kramer no Estadão (“Lei de Gérson, versão 2002”, 24/8) no qual a colunista diz que Benedita é obrigada a esconder “a bomba que Garotinho deixou para não prejudicar um possível apoio de Garotinho a Lula no segundo turno”. A exceção está na coluna do dia 3/9, o único durante todo o período eleitoral em 6 que Garotinho recebeu elogio de Dora Kramer (o elogio se deve por Garotinho tratar Rosinha de igual pra igual, sem desrespeitar as diferenças entre os gêneros (“Homens com H”). 4 DE SETEMBRO A 17 DE SETEMBRO DE 2002: RESULTADOS DA DESCONSTRUÇÃO DE CIRO O desenrolar de situações marcantes na sucessão como o confronto entre Ciro Gomes e José Serra na justiça eleitoral, o retorno de Serra ao segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto e, fundamentalmente, a mudança da estratégia eleitoral da candidatura Serra dominaram a cobertura desta quinzena. José Serra manteve a média de matérias com seu nome em relação à quinzena anterior (baixou de 1135 para 1100 na Folha e passou de 641 citações para 750 no Estadão). Relativa manutenção também observada no número de matérias negativas, positivas e neutras. FOLHA DE S.PAULO A respeito desse fim de batalha entre o tucano e o candidato do PPS no TSE, a Folha ainda dispensou importante espaço. Em sua coluna do dia 10/9, “Novo sobe e desce”, Janio de Freitas afirma que Nelson Jobim está comprometendo a lisura do processo eleitoral porque é amigo pessoal de Serra e do presidente Fernando Henrique Cardoso. Em “Coincidências demais”, de 7/9, Clóvis Rossi levanta suspeita sobre a atuação do TSE no julgamento de ações de Serra contra Ciro. Em “As armas de Ciro e Serra”, de 4/9, Fernando Rodrigues discorre sobre o embate entre Ciro e Serra que foi parar na Justiça. Na mesma linha, houve chamadas de primeira página dando relevância para o mesmo assunto. Outro tema que também recebeu grande atenção por parte da Folha de São Paulo foi o debate entre os presidenciáveis realizado na Rede Record de Televisão. Essa cobertura acabou por ter ênfase negativa para José Serra. Serra foi muito cobrado na sua relação com o governo FHC e por isso reclamou muito. Como já foi apontado nesse trabalho, a postura de Serra de não se assumir efetivamente como governista foi uma das questões mais delicadas de sua candidatura no pensamento editorial da Folha. 7 Isso fica claro nas colunas “Serra é cobrado por deficiências do governo FHC”, de 4/9, escrita por Renata Lo Prete; “Serra com FHC”, de Nelson de Sá, em 6/9 e outras (ver anexo). Ultrapassada essa conjuntura negativa para Serra, mas consolidado como candidato que vai ao segundo turno com Lula, o tucano iria apresentar seu novo estratagema de campanha. Tática eleitoral essa muito bem expressa na matéria de título “Serra deixa Ciro de lado e ataca Lula em visita ao Rio” (10/9). Como a campanha tucana já havia desconstruído a candidatura de Ciro, ou seja, destituiu Ciro da segunda colocação nas pesquisas, a Folha já começa a considerar Ciro “fora da disputa” e atribuindo eficazmente ao candidato do PPS a pecha de mentiroso e destemperado, o que se apresentava no horizonte do PSDB era a batalha direta com o líder das pesquisas: Lula. Da mesma maneira como ocorreu com Ciro, Serra inicia atacando e acaba por obrigar o adversário a demonstrar alguma reação (como nas matérias “Tucano critica Lula e diz que não participa de concurso de Papai Noel”, de 6/9; “Programa de tucano agora mira em Lula”, de 11/9; “Serra cobra clareza de Lula sobre o MST”, de 11/9 também e na coluna “Agora é Lula”, de Fernando Rodrigues, em 11/9). É interessante notar, entretanto, que Lula responde, mas não de forma tão incisiva como Ciro fizera. A campanha de Lula parece não aceitar a polarização. A Folha, contudo, irá abordar o assunto como se houvesse essa polarização entre o petista e o tucano. Como pode ser visto nas chamadas de primeira página “Lula e Serra preparam ‘guerra fria’”, de 15/9; “Lula e Serra acirram as trocas de acusações” e “A 20 dias da eleição, Lula e Serra intensificam troca de ataques”, ambas do dia 17/9. A linha editorial da Folha em seu relacionamento com Lula manteve basicamente dois princípios básicos. O primeiro e já tradicional – como foi visto nas duas quinzenas anteriores – é o de apontar incoerências no PT. O segundo, mais difuso e menos determinado, fala da campanha em geral, da tentativa de polarização de Serra e de alguns ataques de Ciro Gomes. Sob a égide desse princípio primeiro, a Folha apresentou as chamadas de primeira página “Lula estreita laços com militares”, em 5/9; “Na Escola de Guerra, Lula muda discurso para agradar militares”, em 14/9 e ainda “Para Stédile, discurso de Lula não é de esquerda” e “Stédile classifica discurso de Lula como de ‘centro’ e critica alianças”, ambas de 16/9. Ainda sobre a postura “contraditória” de Lula, a Folha entrevistou o filósofo Denis Lerrer Rosenfeld e intitulou a matéria de “Filósofo aponta falta de coerência no PT”, em 8/9. E publicou a coluna de Vinicius Torres Freire, em 12/9, criticando a Reforma da Previdência que o 8 PT pretende realizar (“Uma revolução para o PT e Lula da Silva”) e “Quem te viu, quem te vê”, de Eliane Cantanhêde, em 13/9, sobre a aproximação de Lula dos militares. ESTADO DE S. PAULO Assim como no concorrente, neste período, há no Estado de S. Paulo uma forte tendência à polarização Serra-Lula e não mais a polarização Serra-Ciro. Afinal, Ciro já estava “desconstruído”. A Manchete do dia 10/9 explicita a forma da cobertura dali para frente: “Serra se isola em 2o ; Ciro empata com Garotinho” (dados do Ibope). A confirmação e a rápida conclusão do Estadão sobre a nova conjuntura eleitoral vem logo no dia seguinte “Confronto entre Serra e Lula refaz a antiga situação. Volta a polarização Serra-Lula” (11/9). Assim como na Folha, Ciro perde a liderança em número de aparições no Estadão (758) e passe a amargar um terceiro lugar (646 citações), enquanto, na outra ponta, a candidatura Serra ganha mais evidência (passa de 641 para 750 citações). Nesta quinzena (e em boa parte da cobertura do Estado de S. Paulo), duas observações são recorrentes. Primeiro, houve de fato um aumento da cobertura da candidatura Lula (candidato do PT que passa de 503 para 729 citações, liderando a cobertura. Nesse sentido, o jornal aceita a regra da “corrida de cavalos”, ou seja, dá espaço proporcional ao lugar que o candidato ocupa nas pesquisas de opinião). No entanto, tenham se acentuado as matérias negativas ligadas ao petista e, certas vezes, até preconceituosas, como veremos adiante. Em segundo temos que na polarização Serra -Ciro o jornal tomava claramente partido por José Serra, seja nas manchetes e principalmente nas colunas ou artigos de opinião. Exemplos não faltam.A parte de opinião do Estado de S. Paulo é totalmente desproporcional no equilíbrio negativo/positivo/neutro para os candidatos. O Estadão começa esta quinzena de 4/9 a 17/9 dando destaque em primeira página ao empate de Serra com Ciro: “Ciro cai mais e empata em 17% com Serra, revela Ibope” (4/9). No mesmo dia a colunista de economia Sonia Racy cobrou de Ciro uma definição acerca da participação de Patrícia Pillar na campanha (“Debate”, 4/9). No dia seguinte, outra colunista abria espaço para os porta-vozes da campanha tucana. Em “Debates em questão” (5/9), Dora Kramer diz que “para os tucanos, debates podem ser uma armadilha para Serra”. O viés pró-Serra e a preferência por fontes tucanas por parte dessas duas colunistas eram inegáveis. 9 O partidarismo de Kramer foi além nesta quinzena. Outras duas colunas dela foram explicitamente escritas sob viés e pontos de vistas de políticos e líderes ligados ao PSDB: em “PSDB suspende férias petistas” (11/9), a colunista diz que “tucanos querem derrubar imunidade de Lula”. Em 15/9 volta a ouvir apenas tucanos e, desta vez, o candidato ao governo de Minas Gerais. Em “Aécio quer evitar ressaca eleitoral”, Dora kramer escreve que “A amplitude da diplomacia de Aécio Neves parece excesso de esperteza. Isso tudo é para que não se consolidem, depois das eleições, inimizades contraídas durante a campanha”. A preferência pelas fontes tucanas foi observada também nas colunas de economia de Sonia Racy como a do dia 5/9, quando abriu espaço para um conhecido cientista político ligado ao PSDB. A notinha da coluna de Racy dava conta que “Sérgio Abranches diz que Serra não está empatado com Ciro e sim ligeiramente a cima”. Lembramos que a parte opinativa do Estado de S. Paulo não se limitava ao apoio a Serra, mas também a crítica às demais candidaturas. Na mesma coluna de 5/9, Sonia Racy publica uma notinha de ataque a Ciro Gomes: “Empresas associadas a Abrimaq não gostaram de declaração de Ciro”. Se era assim que o Estadão tratava Ciro chega ser impressionante o tratamento dado ao líder nas pesquisas nos espaços editorializados. Em editorial do dia 5/9 (escolho a mesma data dos exemplos anteriores para confirmar a explicitação do posicionamento do jornal diante das candidaturas), sob o título “Afinidade ideológica”, o Estado de S. Paulo critica Lula e seu partido: “há algo em comum entre o estatismo do PT e o nacionalismo militar”, comparando a candidatura Lula ao regime autoritário militar (1964-1985). Em outro editorial também bastante ilustrativo - “Lula bate continência” (17/9) – o jornal entende que “o lema de Lula é para cada platéia, uma mensagem agradável”. No “Espaço Aberto” da página A2 chama muito a atenção pela virulência e até desrespeito ao candidato Lula. O artigo “Paz amor e inexperiência” (16/9) de Fabio Giambiagi dá conta de que “se Lula for eleito e permanecer fiel às suas bases, vai arrasar o país”. Outros artigos do gênero foram publicados nesta quinzena (ver anexo) Lembramos que a quantidade de matérias de viés negativos para Lula subiu neste período de 29% para 35%, quase o mesmo de José Serra (com 36%); Ciro permaneceu com alto índice de matérias negativas (49%). Essa grande quantidade de matérias negativas para Ciro foram sem dúvida engrossadas pelas colunas. Dora Kramer se dedicou mais nesta quinzena à “desconstrução” da candidatura Ciro Gomes, mesmo de modo 1) “indireto”: em “Aprendiz do Bem-amado”(7/9), a colunista 10 desanda a criticar Paulo Pereira da Silva, candidato a vice na chapa de Ciro Gomes, classificado por ela como “O homem caricato reage com grosseria quando é enfrentado”. Ou mesmo direto 2) “Ciro é o campeão de rejeição: 34%” (11/9). Parece que a tal “desconstrução” estava dando certo. Mas não é justo pôr a força da “desconstrução” somente na colunista. As manchetes do Estadão ajudavam. A manchete de primeira página do dia 12/9 voltava a ser sobre o candidato do PPS: “Ciro diz que não vai renunciar e critica pesquisas”. No subtítulo: “Ciro negou que vá renunciar e atribuiu boatos à Serra”. Fica claro que o jornal embarcou no que dizia a campanha do tucano, teoria também confirmada e já explicitada acima sobre no jornal concorrente ao Estado de S. Paulo. Nesta mesma edição do dia 12 o jornal dá com destaque a matéria: “'Ciro caiu muito e a culpa é dele mesmo', diz Antonio Ermírio de Moraes”, que atribui a queda de Ciro às declarações do candidato contra empresários paulistas e o papel de sua mulher Ermírio. Está, portanto, reforçada a idéia de que o Estadão, assim como a Folha, embarcou na tese da auto-desconstrução de Ciro, algo tão proclamado pela campanha tucana. Essa última matéria (com Ermírio de Moraes), é importante lembrar, é em forma de reportagem embora seja baseada apenas na opinião do empresário (que por sinal, é colunista do jornal concorrente, da Folha de S.Paulo). Um Interessante modo de o jornal dar uma opinião, um apoio a um candidato (no caso, a José Serra) concomitantemente ao reforço da tese que Ciro se autodestruiu. Uma matéria, enfim, estranha, já que o próprio manual de redação do Estadão mostra em seu item 21: “Lembrese de que o jornal expõe diariamente suas opiniões nos editoriais”. Por fim temos o tratamento dado ao candidato do PSB, que continuou sendo tratado com desdém por ambos os jornais paulistas. Nesta quinzena, a Folha de S.Paulo não figurou em nenhuma primeira página ou foi tema central de artigo, coluna ou editorial. O Estado de S. Paulo dedicou espaço ao candidato uma única vez nesta quinzena na coluna “Destino incerto” (7/9). Nela, Sonia Racy diz que “Analistas não parecem muito certos para quem migrariam os votos de Garotinho, caso ele decidisse renunciar na última semana de campanha eleitoral”. Tanto na Folha como no Estadão houve aumento no número de matérias com seu nome (foi de 168 para 194 entradas no primeiro e aumento de 143 para 197 no segundo) enquanto os índices de entradas positivas, negativas e neutras se mantiveram praticamente inalterados em ambos os jornais. 11 18 DE SETEMBRO A 6 DE OUTUBRO DE 2002: LULA (QUASE) PRESIDENTE Esta quinzena que conta do final do mês de setembro até a data da eleição no primeiro turno traz uma marca fundamental de alteração da cobertura jornalística da Folha de S.Paulo e do Estado de S. Paulo: a cobertura em relação a Lula passa a ser muito menos editorializada e mais voltada para a possibilidade real de o candidato petista ser eleito. Aumentam o número de matérias de como seria um governo do PT. Dessa forma, é notável perceber que o candidato do PT passa agora a ser o objeto central das primeiras páginas, editoriais, artigos e colunas de ambos os jornais. Bem como o abandono da idéia de Ciro ser um candidato competitivo: a desconstrução de sua candidatura já estava consumada. Com a preponderância de Lula nas pesquisas de opinião, aumentam, na Folha, o número de matérias negativas ao candidato (de 25% para 30%, seguindo a linha criticista de seu manual de redação). Já o Estadão, mesmo ainda apoiando José Serra nos editoriais e abrindo espaço para articulistas pró-PSDB, com a aproximação do pleito e a lideranças de Lula nas pesquisas de opinião, o jornal dá um espaço muito grande ao candidato na cobertura (passa de 729 aparições para 1853) e o número de matéria positivas sobre o petista fica em 35% contra 30% de matérias negativas). Ao contrário da Folha, que exacerba a crítica aos candidatos – especialmente quando eles crescem nas pesquisas de opinião, o Estado tende à uma cobertura menos crítica e mais factual embora os editoriais continuassem fiéis ao apoio a José Serra. Entretanto, ainda sobre o Estado de S. Paulo, é observada uma mudança nas colunas de Dora Kramer e Sonia Racy. Ressaltamos também que em ambos os jornais, houve grande aumento no número de entradas nesta quinzena para José Serra tanto na Folha (1548) quanto no Estadão (1136), os maiores índice registrado em toda a pesquisa. Tal situação pode ser evidenciada pelo fato de a Folha acreditar que Serra era o único candidato que poderia competir com Lula e forçar a realização do segundo turno entre os dois. FOLHA DE S.PAULO Mesmo que o editorial do dia 22/9 (“Haverá segundo turno”) garantisse categoricamente que a eleição presidencial não se encerraria no dia 6 de outubro, muito material foi produzido 12 tendo no horizonte a vitória de Lula. Esse material mereceu vasto espaço nas três primeiras páginas da Folha de São Paulo – ou seja, mereceu chamadas de primeira página, editoriais, colunas e artigos assinados – demonstrando assim a importância que o jornal dava para a iminente vitória do PT nas eleições presidenciais. Tal evidência pode ser comprovada em colunas (“O fiel da balança, em 22/9 sobre o poder de Garotinho decidir se haveria segundo turno ou não, “Por um fio”, em 24/9, “De pontes e dinamites”, em 25/9, as três escritas por Eliane Cantanhêde entre outras várias) e artigos (“Todos trabalham para Lula”, de Chico Santa Rita, em 27/9 e “Dever das oposições”, de Mangabeira Unger, em 1/10, sobre o dever que Ciro e Garotinho tinham em renunciar às suas candidaturas para que Lula vencesse no primeiro turno, entre outros vários artigos; ver anexo) Embora a Folha tenha aceitado a estratégia da campanha de Serra de polar com Lula – como ficou evidente no final da quinzena anterior e ainda poderá ser observado nesta, aqui analisada - o jornal não hesitou em mostrar a má repercussão dessa estratégia eleitoral para o candidato tucano. As pesquisas de opinião apontaram que os ataques de Serra a Lula não haviam atingido o objetivo planejado. Pode-se observar que o número de matérias negativas com o nome de Serra aumenta de 26% para 31% enquanto o de positivas cai de 11% para 9%. O diagnóstico que o jornal fez dos ataques do candidato do PSDB a Lula é feito a partir de uma interpretação simples de alguns fatos. A Folha já havia sugerido a grande massa de ataques com que Serra procuraria atingir Lula. Só que – ao contrário do que havia ocorrido com a de Ciro Gomes – a candidatura de Lula não se abalou com os ataques tucanos. Além disso, a taxa de rejeição de Serra subiu. Conclusão óbvia: os ataques de Serra não surtiram efeito e a estratégia da campanha tucana malogrou. Todas essas articulações podem ser amparadas por matérias na Folha. Seja quando Serra aceita que o ataque feito a Lula – o de que era necessário um diploma universitário para governar o Brasil – foi despropositado ( primeira página “Diploma não é fundamental, afirma tucano”, em 19/9), seja quando Serra tem problemas com FHC ( na nota “Crítica interna”, de 22/9) ou com seu publicitário Nizan Guanaes ( primeira página “Intensidade dos ataques a Lula divide Serra e Nizan”, em 24/9; “Publicitário nega discussão e acusa Dirceu”; e “Atritos, Garotinho e 2 º turno abalam a campanha de Serra”, ambas em 25/9) sobre o rumo agressivo que a propaganda eleitoral de Serra tomou. Mesmo assim, os retratos mais incisivos sobre esse fracasso da estratégia de José Serra foram dados pelos próprios colunistas do jornal. Como na comedida coluna de Fernando 13 Rodrigues, de 21/9,“A rejeição é o preço”; “Medo de atacar”, em 2/10, do mesmo autor, ou na mais crítica “Quando o eleitor diz não”, de Renata Lo Prete, em 23/9. Como já havia sido apresentado na observação da quinzena anterior, depois de sua queda nas pesquisas de opinião, Ciro Gomes foi considerado praticamente sem chances na eleição presidencial pela Folha de São Paulo. Isso se reflete na queda do número de matérias dispensadas para o candidato (caiu de 416 no período de 7 a 20 de agosto para 313 nessa última) e no número de editoriais, colunas, artigos assinados e chamadas de primeira página que tiveram o candidato do PPS como objeto central. Foram apenas duas chamadas de primeira página e uma coluna. Anthony Garotinho tem, nessa última quinzena do primeiro turno, seu pico de aparições. São 281 entradas no período de tempo aqui analisado contra 194 no passado. Na reta final da campanha, Garotinho melhorou seu desempenho nas pesquisas de opinião e quase chegou a ameaçar o segundo lugar de Serra Apesar de não apostar muito nessa hipótese durante a cobertura da campanha, a Folha deu primeira página no dia do pleito para “Garotinho disputa com Serra 2 º lugar, Lula segue na frente”. Apesar dessa chamada de primeira página, e do incremento no número de entradas positivas de Garotinho (de 5% para 14%), a Folha manteve o padrão de cobertura que teve com o candidato do PSB em toda a eleição. Por isso, Garotinho recebeu uma primeira página com acusações ( “Garotinho expõe dado exagerado sobre habitação”, em 25/9), outra com ataques de Serra ( “No horário eleitoral, tucano acusa Garotinho de mentir sobre o mínimo”, em 27/9), uma ácida crítica de Elio Gaspari em “O dia de Benedita”, de 2/10 e uma irônica crônica a respeito de seu desempenho em debates ( “O rei do auditório”, de Clóvis Rossi, em 5/10). ESTADO DE S. PAULO No Estadão, a parte editorializada sofre poucas mudanças, basicamente as colunas de Sonia Racy e Dora kramer. As colunistas reconhecem a dificuldade de Serra virar o jogo e já falam de como seria um governo Lula. Quanto aos editoriais, bem como o espaço para articulistas nas páginas A2 ou B2 não houve mudanças; abandonam suas convicções e opiniões. Mesmo com a grande possibilidade de vitória de Lula, Dora Kramer, Sonia Racy e os editoriais continuam a criticar Lula e, o editorial, a pedir voto para José Serra. Todo, no entanto, com uma coisa em comum: Lula era imbatível. Vamos perpassar rapidamente por alguns dos colunistas do Estado de S. Paulo. 14 Sonia Racy que mudou de postura a partir desta quinzena. Além de tratar Lula como candidato praticamente vitorioso chega a abrir espaço, ineditamente, para opiniões pró-PT. Na primeira situação temos as colunas “Pelo mandato fixo no BC” (2/10), na qual discorre que “se BC fosse independente, as coisas já estariam mais fáceis para Lula” e “BC: alta ansiedade” (27/9). Nesta última coluna, Racy acha que “independentemente de quem seja o escolhido do PT para presidir o BC, a ansiedade do mercado financeiro se concentra na data dom anúncio desse nome”. Outra coluna foi a de título “Ansiedade generalizada” (28/9) na qual diz que “aumentou e muito, ontem, a expectativa do mercado financeiro em relação à formação da equipe econômica de Lula”. A respeito de a colunista ter “lulado”, chamamos atenção para duas colunas: em “Eleições” (2/10), Racy diz ainda que “Nei Figueiredo, cientista político: a vitória de Lula é certa. No mesmo dia, em outra notinha (“Online”, 2/10), a colunista mostra que “Parte do mercado já começa avaliar que um governo Lula não seria tão ruim”. Outra mudança é verificada nas colunas de Dora kramer. A jornalista deixa claro que a candidatura Serra está imobilizada e que o candidato não tem muito a fazer. O que não muda é que, mesmo sem chances, José Serra ganha, nas colunas de opinião, espaço desproporcional a sua força na campanha. Em “O que é real não faz mal” (19/9) Kramer diz que “José Serra imprimiu excesso de força à mão quando disse que Lula é a favor da bomba atômica". Nas colunas de 24/9 e 1/10 ocorrem ataques mais pesados a Serra: no primeiro, “A suspeita sumiu”(24/9), a jornalista explica que “as derrotas de Serra no TSE por causa do jogo pesado”. Em “Crime eleitoral” (1/10), Kramer condena que “usar eleitoralmente a disseminação do pânico numa cidade é um grave crime de lesa-pátria, como fizeram Garotinho e Serra”. O que não mudou muito na cobertura do Estado de S. Paulo foram as manchetes, que seguiram o mesmo padrão, especialmente em relação ao candidato do PT: a maior parte com matérias negativas a Lula. O Estado de S. Paulo chega a exagerar, como na manchete do dia 21/9: “Queda de Lula em pesquisa faz dólar cair e Bolsa subir”. E quando as manchetes não são anti-Lula, são, no mínimo, pró-Serra como as do dia 20/9: “Equipe de Serra decide manter ataques a Lula”; ao lado desta manchete vem esta outra: “Tasso diz que apóia tucano em segundo turno”. No dia 30/9 vem o vaticínio sobre a candidatura Ciro Gomes e o resultado do processo de “desconstrução” em manchete: “Brizola sugere, mas Ciro nega que vá renunciar”(30/9). Já no dia 4/10 a legenda da foto confirma a causa da “desconstrução” da candidatura do pepessista: “candidato ´foi destruído por ele mesmo´”. 15 Ainda sobre as manchetes, vale mencionar a volta de Anthony Garotinho. Sua cobertura no jornal aumentou muito (de 197 citações para 572). Conforme saíam resultados dos institutos de pesquisa e foi-se verificando sua disputa, em alguns momentos, pelo segundo lugar com José Serra, o Estadão abre espaço para o candidato do PSB, dando-lhe inclusive manchetes: “Lula sobe, Serra se mantém em 2o, Garotinho passa Ciro Manchete” (18/9), “Garotinho garante que será ele o rival de Lula no 2o. Turno” (20/9), “Lula e Garotinho crescem em pesquisa” (22/9) e “Garotinho: Vou para o 2º turno” (27/9). Interessante notar também que neste período analisado, O Estado de S. Paulo aumentou de 21% para 29% o número de matérias positivas e reduziu de 32% para 20% o número de matérias negativas a Garotinho. Já no “Espaço Aberto” (página A2) e os artigos avulsos da página B2 (economia) continuaram a ser - quase em sua totalidade - o local do anti-lulismo ou do pró-serrismo. Nesta quinzena os colunistas e articulistas do “Espaço Aberto” pareciam reforçar cada vez mais sua ojeriza ao candidato Lula. Em “Massa falida” (23/9), Alcides Amaral escreve que “Precisamos do país unido, caso contrário virá sofrimento para o povo brasileiro; se a percepção for a de que estamos diante de uma 'massa falida' como diz Lula, aí nossas chances de êxito seriam bem menores”. No mesmo dia e na mesma página, encontramos o artigo “Cenários” (23/9), de Denis Lerrer Rosenfield: “O PT só sabe fazer alianças em posição de hegemonia, colocando os aliados como subalternos; se Lula ganhar não terá forte base de sustentação”. Os ataques a Lula – já que a candidatura Ciro já havia sido “desconstruída” – continuam: “A desculpa dos vencedores” (24/9) de Jarbas Passarinho; “Lula, o câmbio e o espelho” (26/9), de Roberto Macedo que afirma que “se eleito, Lula vai colher resultados do que continua plantando no campo cambial”. Em outro artigo avulso (“Navio-escola Brasil”, 30/9), o professor Marcelo de Paiva Abreu pergunta e duvida da “estratégia de governo do PT”. Portanto, fica cada vez mais claro que a parte editorializada do jornal se posiciona quase que totalmente anti-Lula ou pró-Serra enquanto as reportagens seguem um padrão oposto buscando equilíbrio ente matérias de viés positivo e negativo. As reportagens assinadas vão mostrando a hegemonia do candidato petista e este, não tendo uma ”agenda negativa”, faz com que Lula ganhe grande número – especialmente devido sua colocação nas pesquisas ( “Lula pode vencer em 1º turno”, de 25/9) – matérias positivas. Para encerrar temos os editoriais que, embora muito ciente da hegemonia e da força do candidato do PT, não abriu mão em nenhum momento de suas convicções e não abandonou em nenhum momento o candidato do jornal: José Serra. Editorial de 6/10, por exemplo, reforça 16 aquele de 17 de junho (“A união em torno de Serra”) quando o Estadão apoiou o candidato do PSDB à presidência explicitamente pela primeira vez. No editorial do dia 6/10 (“Democracia consolidada”), dia da eleição, o Estado de S. Paulo volta a lembrar que “A eventual vitória de Serra, seria uma alternativa muito mais tranqüilizadora”. SEGUNDO TURNO- 7 A 27 DE OUTUBRO DE 2002: A DERROTA DE SERRA E O GOVERNO LULA O candidato do PT no período que comporta todo o segundo turno será o candidato mais noticiado na Folha de S.Paulo ( 61% das matérias para Lula e 39% para Serra) e no Estado de S. Paulo (67% ocupado por Lula e apenas 33% de espaço para Serra). Nos primeiros dias, a cobertura dos jornais paulistas se voltaram para a formação de alianças e a reaglutinação de forças para o segundo turno. FOLHA DE S.PAULO É fundamental que se note aqui que, em relação a Lula, esse assunto de alianças no segundo turno, mais uma vez, fez vir à tona o que a Folha acha da candidatura de Lula. Apontar as “contradições” do candidato foi mais uma vez um dos pilares da cobertura do jornal em relação ao petista. Essa “incoerência” teria seu fundamento no fato de Lula estar procurando para alianças setores da direita do cenário político brasileiro. O contato do candidato do PT com os conservadores foi, mais uma vez, criticado pela Folha de S.Paulo. Tal evento é evidenciado, desta vez, essencialmente em duas colunas de Nelson de Sá (“Quem não quer mudança”, de 9/10 e “A direita de Lula”, de 11/10). Antes de se partir para a análise do que se pode chamar de um segundo momento na corrida eleitoral do segundo turno, – a enxurrada de ataques mais uma fez proferida por Serra contra Lula - é oportuno atentar para a interpretação que a Folha fez do resultado das eleições de 6 de outubro. O jornal deixa claro que os bons resultados da esquerda nas eleições e a expressiva votação de Lula no primeiro turno são muito mais a face de um desejo de mudança do que de crença em Lula, como político, e no PT como partido. Como nas colunas “O alcance da onda”, de Boris Fausto, em 21/10 e “Coro dos descontentes”, de Otávio Frias Filho, em 24/10 por mais 17 arriscado que seja, parece apropriado aqui afirmar que essas duas colunas expressam de maneira clara e evidente o que o próprio jornal pensa a respeito da eleição e, por conseqüência, de Lula e do PT. Pensamento esse que fica claro na cobertura que o jornal faz das eleições. Depois desse pequeno desvio, é apropriado se retornar para o que acima foi chamado de “segundo momento” da cobertura da campanha no segundo turno. Esse momento está baseado no combate que Serra proporá a Lula através de seu horário eleitoral e, não menos importante, através de declarações suas e de aliados à imprensa. Se essa era a estratégia da campanha do PSDB, a Folha, ao que parece, mais uma vez, aceitou o jogo e insuflou a discussão acerca da dicotomia eleição – crise. Isso fica óbvio em pelo menos três chamadas de primeira página que têm Serra como pivô: “Escalada do câmbio traz novas acusações”, de 11/10, que mostra Serra chamando Lula para a discussão sobre a alta do dólar; “Serra usa dólar para desafiar Lula; PT aponta ‘terrorismo eleitoral’”, no mesmo dia. E ainda “PSDB unifica discurso do caos depois de falar com FHC”, em 17/10. Além dessa questão do “terrorismo econômico”, a Folha abriu espaço para a repercussão da declaração da atriz Regina Duarte em propaganda eleitoral de José Serra, na qual afirmava que tinha medo de um eventual governo de Lula. A Folha de S.Paulo abriu espaço para discussão da polêmica que a campanha de Serra queria fomentar. Como na coluna “Regina Duarte e o bibelô”, de Clóvis Rossi, em 18/10, sobre os comentários preconceituosos de Lula sobre a atriz depois da veiculação do propaganda de Serra e na “De patrulheiros e cultura”, de Nelson de Sá, em 23/10. Ou nas chamadas de primeira página “Artistas criticam Regina Duarte”, em 22/10 e “PT é culpado por tática do ‘medo’, diz Garotinho”, em 23/10). A única postura dentro da Folha de crítica à agressividade dos ataques de Serra a Lula e ao que o colunista chamou de “terrorismo” de Regina Duarte, foi a do colunista Janio de Freitas em “Os efeitos do sucesso”, de 20/10. A terceira vertente dos ataques do candidato do PSDB ao do PT falam da postura de Lula em relação a ida a debates. Lula afirmava que, na condição de candidato líder nas pesquisas, só iria a um debate. Serra bradava que vários debates tinham sido agendados pelo petista ainda no primeiro turno e que os compromissos deveriam ser cumpridos. Com a negativa de Lula, Serra utilizaria o argumento de que Lula teria medo de debates, de que o petista teria algo a esconder da população. Assim, sobre essa questão, a Folha publicaria em 12/10 o editorial “Mais e melhores debates”, clamando pela ida do petista aos debates agendados já que o debate serviria para um esclarecimento cada vez maior dos eleitores. E, sintomaticamente, reafirmando a tese de que aqui 18 se pretende tratar, a Folha, alguns dias depois, em 17/10, coloca na primeira página “Restrição de Lula a debate frustra eleitor e mídia”. É dessa forma que se “encerra” a primeira metade da campanha do segundo nas páginas da Folha de S.Paulo. A partir desse momento, o foco da Folha mudaria substancialmente e, como já havia ocorrido no fim do primeiro turno com a possibilidade de vitória de Lula, o jornal abordará mais as eleições atrelada a um futuro governo Lula e menos a disputa eleitoral e os ataques entre os dois candidatos concorrentes. Esse movimento pode ser percebido a partir da divulgação dos resultados das primeiras pesquisas de opinião já no segundo turno do pleito (chamadas de primeira página “Lula alcança 58%; Serra tem 32%”, em 13/10; “Lula vai a 61%; Serra mantém 32%”, em 20/10 e depois “Lula mantém a vantagem sobre Serra”, em 24/10). Assim, a Folha concluiu que a eleição estava já praticamente decidida. Era muito improvável que Serra conseguisse alcançar Lula em poucos dias. Essa impressão naturalmente, por conta de responsabilidade de imprensa, só poderia ficar evidente em colunas assinadas (“Agora, a lógica é aposta”, de Clóvis Rossi, em 13/10, sobre a vitória iminente de Lula; “Fim de festa”, de Nelson de Sá, em 25/10; “O vermelho e o azul”, Eliane Cantanhêde, em 13/10; “E se o Palmeiras for campeão”, de Vinicius Torres Freire, em 14/10 e “Acabou”, de Fernando Rodrigues, em 21/10). Sob a responsabilidade da empresa Folha (exceção única foi a chamada de primeira página do dia 23/10 “Área econômica derrubou Serra, diz Bresser”), o jornal não poderia atestar, antes da eleição, a derrota de Serra. Entretanto, poderia mudar o foco de seu material noticioso a respeito da eleição. A Folha voltou então suas atenções para o provável governo Lula. Nessa categoria são listáveis várias colunas: “O PT no poder”, de Luis Nassif, em 9/10; “O sub e a águia”, de Clóvis Rossi, em 17/10; “O terceiro turno” e “E, por falar em medo...”, ambas do mesmo Clóvis Rossi, em 19/10; “Um governo de esquerda possível”, de Vinicius Torres Freire, em 21/10, entre outras. É possível constatar, pois, que, mesmo com a eleição não decidida oficialmente, a Folha privilegiou em seu noticiário a transição para o governo do PT. Nos dias que antecederam a eleição, a campanha foi praticamente ignorada em detrimento dessa discussão. 19 ESTADO DE S. PAULO O que ocorre de mais significativo é a alteração das colunas de Dora kramer e Sonia Racy, algo semelhante ao que ocorrera na semana anterior. Os editoriais, ao contrário, nada mudam. Mesmo sabendo que a vitória de Lula, àquela altura era algo quase inevitável, o Estado de S. Paulo não abandonou suas convicções e reforçou seu oposicionismo ao PT em editoriais (“O que causa medo” de 17/10, em que diz que “a eleição de Lula não é interessante para o país”). Mudança brusca, no entanto, é verificada na coluna de Dora Kramer. A responsável pela coluna “coisas da Política” tenta equilibrar opiniões positivas e negativas para Lula e Serra. Em “A negação da antiga lenda” (10/10), Kramer diz que “tanto Lula quanto Serra teriam o mesmo número de deputados em suas bases, considerando as coligações da eleição”. Outro exemplo de tentativa de equilíbrio está na coluna em que abre espaço para o então ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer, que “critica Serra e Lula pelo que considera excessos retóricos dos candidatos” (“Lafer critica excessos retóricos”, de 11/10). Embora também mantivesse sua postura crítica em relação a candidatura Lula como na nota “Faltou rumo” (20/10): “Faltou Lula dizer o que ele entende por 'mudança na política econômica’”. Ou mesmo em “Malan volta ao embate” (19/10) onde explica que para o então ministro da fazenda, “Lula tem que abandonar as ambigüidades. Outra mudança significativa da colunista Dora kramer – assim como ocorreu no colunismo da Folha de S.Paulo – foi no trato com Serra, considerado já derrotado. Em “O candidato e o presidente” (15/10) ela pergunta se “conseguirá José Serra dar a volta por cima?”. E responde no mesmo artigo: “as possibilidades são cada vez menores”. Em nota, abaixo desta coluna (“Sob controle”, 15/10), Kramer prevê que “se o eleito for Lula, possivelmente enfrentará mais dificuldades com os seus radicais do que com os conservadores”. A proeminente vitória de Lula é tão forte para a jornalista que em “Dom de ganhar, arte de perder” (18/10) ela diz que “a consolidação do favoritismo de Lula faz com que, a cada 24 horas subtraídas do dia da eleição, José Serra seja menos candidato e Lula mais presidente”. E chega a seu máximo no dia 25/10 na coluna “FH quer tucano na oposição” na qual afirma ser “meramente formal a posição dos partidos que apoiaram José Serra, de aguardar o resultado da votação de domingo para anunciar seus destinos a partir de então”. Idéia que Kramer já havia sentenciado um pouco antes na coluna 20 do dia 20/10 (“O impossível não acontece”): “Analistas não vêem a mais remota chance de Serra virar o jogo em uma semana”. Outra mudança notável nos artigos de Dora Kramer é o abandono de fontes tucanas. Pela primeira vez no período ela abre espaço para o senador já eleito do PT, Cristóvão Buarque. “Na opinião de Buarque, da mesma forma que a eleição de Tancredo Neves pelo Congresso representou a transição do autoritarismo para a democracia, a chegada de Lula ao Palácio do Planalto significa o início de um novo ciclo”( “Reverência à lei da gravidade”, 26/10). Mudança de conteúdo semelhante foi verificada nos artigos de outra colunista, Sonia Racy. A jornalista econômica ainda chega a veicular algumas notinhas ofensivas a Lula, mas, por outro lado, passa a tratá-lo como futuro presidente: “PT não vai anunciar equipe econômico imediatamente após a vitória” (“De peso” , 17/10). Ao contrário de Dora Kramer, o ponto de vista tucano continuou muito presente na coluna de Racy. Em 8/10 a colunista conta que “Nei Figueiredo, consultor político, esteve ontem com FHC e conta que o presidente vai agora participar ativamente da nova fase da campanha de José Serra”. Já em 26/10, volta a abrir espaço para representantes da campanha tucana: “Para Ermírio de Moares, Lula fez promessas durante sua campanha que não vai poder cumprir” (“Povo esperança”, 26/10). No dia seguinte, o mesmo antipetismo em vigência: “Presidente mundial da Alcoa informa que a vitória de Lula ainda gera medo grande entre investidores estrangeiros”; outra notinha no mesmo 27/10 dá conta que “a preocupação do mercado financeiro em relação ao futuro presidente do BC no caso de uma eventual vitória de Lula, é legítima”. Assim como ocorria na Folha, este era o tal “terrorismo econômico” propagado pelo Estado de S. Paulo. Importante lembrar dos colunistas Joelmir Beting e Veríssimo, que não mudam o teor de suas colunas com os rumos do segundo turno: Joelmir já passa a tratar Lula como eleito (“Caneta”, de 18/10, o colunista fala que “não dá para adivinhar o poder da caneta em um governo Lula”) e Veríssimo, em colunas sempre humoradas e irônicas, continuou na defesa do candidato do PT ( “A audácia”, 15/10 , no qual trata, em texto irônico, sobre o fato de Lula ter bebido um vinho caro). Mas o que não é alterado em nenhum momento em toda a campanha, assim como os editoriais, é o “Espaço Aberto” (página A2) e os artigos de opinião da página B2 (caderno de Economia). Todos sempre - com uma exceção de um artigo de frei Beto em 16/10 em que diz que “o resultado do pleito de 6 de outubro comprovou que 76% do eleitorado quer mudanças” - com ataques atrozes a Lula. No primeiro artigo de opinião no segundo turno que falou diretamente 21 sobre um dos dois candidatos, João Mellão Neto diz que “com a perspectiva de vitória do PT, a patrulha ideológica volta a atacar” (11/10). Já o artigo do professor Marcelo de Paiva Abreu (“Ruptura e continuidade”) em 14/10 pergunta: "PT pagador de promessas: com os eleitores ou com o FMI?". No dia seguinte, é publicado o artigo do jornalista Luiz Carlos Lisboa (“Eleitos, temei”, 15/10) no qual explica que “Lula foi criado pela marquetagem”. Outra crítica, agora ao PT, vem de outro jornalista, José Nêumane. Em “Lula e a revolução” (9/10), explica que “O problema do PT é seu apreço pela burocracia”. Sem contar os debates sobre o “caso Regina Duarte” que, nas palavras de Denis Lerrer Rosenfield ( “O Medo”, 19/10), “que criticam fala da atriz podem ser as vítimas de amanhã”, numa explícita crítica aos petistas. A lista de artigos antiLula continua: “O temerário preparo de Lula”, de Roberto Macedo em 24/10, “O deslumbre dos neoPTados” de Mauro Chaves em 26/10 entre outros muitos. Apesar de ser fortemente criticado pelos colunistas, editoriais e articulistas do “Espaço Aberto”, Lula, no segundo turno, ganha muita visibilidade. O candidato do PT tem mais do dobro de citações que Serra nas últimas semanas de eleições (1407 para Serra e 2817 para Lula) Curioso que o candidato do PSDB tenha ainda 29,5% de matérias negativas e 30,5% de matérias positivas a eles no geral contra 40% das matérias positivas a Lula e 20,5% de matérias negativas ao candidato do PT. Mas é importante lembrar: esses números se referem ao todo, ou seja, à parte editorializada e não-editorializada. Para encerrarmos a análise do segundo turno, vamos às manchetes de primeira página. Embora o jornal tenha buscado um favorecimento a Serra neste espaço nobre ao longo da cobertura eleitoral, não dava mais para ir a frente com esta tática. Os fatos eram fortes demais para se pensar num apoio a Serra via manchete: “'Só um cataclismo nos tira a vitória', diz Lula”(19/10); “Pesquisa: Lula tem 61% e Serra 32%” (20/10); “Se eleito, Lula quer conduzir economia” (20/10); “Lula tem excesso de indicações para equipe de transição” (25/10); “PT anuncia equipe de transição na 3º-feira”(26/10); “Pesquisa indicam vitória histórica de Lula” (27/10). 22 CONCLUSÃO Na Folha de S.Paulo e no Estado de S.Paulo, no período analisado, cremos que o mais marcante acontecimento na cobertura tenha sido o ocaso Ciro Gomes. A desconstrução de sua candidatura teve amplo espaço nas páginas da Folha de São Paulo e Estado de S. Paulo. E a tese da auto-desconstrução teve corroboração de ambos os jornais. Em ambos também é sintomático um sentimento de repúdio ao PPS. Repúdio esse que pode ser observado em editoriais, colunas, entrevistas e reportagens que tinham como objetivo último enraizar em Ciro a pecha de mentiroso e destemperado. Lembramos que essa estratégia de desconstrução foi originária da campanha de José Serra, especialmente durante o horário eleitoral. Contudo, cabia ao jornal decidir se aceitava essa estratégia tucana como pauta jornalística ou não. No mesmo sentido, outro movimento dos jornais em relação a Ciro é bastante questionável. Quando Ciro Gomes subiu nas pesquisas e quase chegou a empatar com Lula, a campanha de Serra percebeu que a única maneira de se manter competitiva era polarizar com Ciro Gomes atacando-o. Tal tática também teve o consentimento de ambos os jornais Quando Ciro Gomes caiu nas pesquisas e Serra conseguiu voltar ao posto de segundo lugar, a estratégia tucana foi a de polarizar com Lula para forçar a realização do segundo turno. A Folha e Estadão, sintomaticamente, abriram espaço para essa polarização deslocando Ciro Gomes de vez para a margem da sucessão. Postura que não haviam tido com Serra quando de sua caída para o terceiro lugar. Outro candidato que também teve tratamento hostil de ambos os jornais foi Anthony Garotinho. O candidato do PSB – que acabou em terceiro lugar no pleito - foi praticamente ignorado pela Folha e pelo Estadão. Recebeu espaço privilegiado somente para notícias negativas. Pode-se constatar como a opinião do jornal em relação ao candidato condiciona muitas vezes o que vai ser noticiado sobre ele. O caso de Garotinho é ilustrativo. Como a Folha e Estadão antipatizam com Anthony Garotinho, todas as vezes que o candidato figurou nas primeiras páginas desses jornais, a notícia era depreciativa em relação ao candidato. A mesma lógica, às vezes com mais intensidade às vezes com menos, se repete com os outros candidatos. Como, por exemplo, no caso da iminente vitória de Lula. A partir do momento em que a Folha e Estadão não acreditavam mais numa vitória de Serra, passaram a fazer matérias sobre como seria um governo Lula. 23 Na Folha é gritante a associação que o jornal faz entre Lula e suas supostas incoerências políticas. Essa faceta perpassou toda a campanha merecendo inúmeras colunas e chamadas de primeira página no jornal. O exemplo da suposta aproximação de Lula com os militares foi tão marcante que o próprio ombudsman da Folha detectou a postura crítica do jornal em relação ao petista. Esse tipo de exploração de contradição do candidato do PT foi muito explorado também pelo Estado de S. Paulo, principalmente nos editoriais e artigos do “Espaço Aberto”. Para finalizar, falemos sobre duas especificidades observadas na cobertura do Estado de S. Paulo: 1) Foi o único jornal de circulação nacional a apoiar um candidato formalmente em editorial (dia 17/6 e 6/10) e ter procurado manter um equilíbrio nas reportagens, que, segundo manual de redação do jornal, devem ser imparciais. O jornal foi honesto desde o início, ou seja: a parte opinativa é pró-Serra enquanto a parte não-editorializada buscava os preceitos do dito “bom-jornalismo”, ou seja, o equilíbrio e a imparcialidade; 2) já que não permite o uso de opinião nas reportagens, o jornal não mediu esforços para, na parte editorializada expor argumentos que favorecessem a candidatura de José Serra, bem como a de atacar as candidaturas Luiz Inácio Lula da Silva e Ciro Gomes. 24 Anexo: gráficos Folha e Estadão FOLHA DE S. PAULO 21/08 a 03/09 40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% José Serra Garotinho Lula Ciro Gomes Estado de S. Paulo 21/08 a 03/09 40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% José Serra (PSDB) Garotinho (PSB) Lula (PT) Ciro Gomes (PPS) 25 FOLHA DE S.PAULO 04/09 a 17/09 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% José Serra Garotinho Lula Ciro Gomes Estado de S. Paulo 04/09 a 17/09 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% José Serra (PSDB) Garotinho (PSB) Lula (PT) Ciro Gomes (PPS) 26 FOLHA DE S.PAULO 18/09 a 06/10 45% 40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% José Serra Garotinho Lula Ciro Gomes Estado de S. Paulo 18/09 a 06/10 50% 45% 40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% José Serra (PSDB) Garotinho (PSB) Lula (PT) Ciro Gomes (PPS) 27 FOLHA DE S.PAULO 07/10 a 27/10 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% José Serra Lula Estado de S. Paulo 07/10 a 27/10 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% José Serra (PSDB) Lula (PT) 28 Alguns artigos, colunas e manchetes mencionados: 21/8 a 3/9 Folha de S.Paulo “César, Tancredo, Collor, FHC e ... Ciro?”, de Vinicius Torres Freire, em 23/8 “Jovem destemido ou Bonaparte do sertão”, de Josias de Souza, em 25/8 “Mijões, babacas e pilantras”, de Elio Gaspari, em 28/8 “Política e futebol”, de Boris Fausto, em 26/8 “Nobel estranha aliança de Ciro e Scheinkman”, em 26/8 “Na terra de Getúlio, Ciro tenta fortalecer verniz trabalhista”, em 25/8 “Família Gomes disputa poder desde 1890”, em 26/8 “Coordenador de Ciro dá ambulância e cesta”, em 30/8 “Ciro cria situação constrangedora ao falar de Patrícia”, em 30/8 “Ciro pede desculpas e Patrícia o defende”, em 1/9 “Ciro e Serra intensificam duelo”, em 23/8 “Serra ganha 1 minuto do horário de Ciro na TV” “Semana vital para Ciro e Serra”, de Fernando Rodrigues, em 26/8 “Verdades e mentiras”, de Nelson de Sá “Ética bêbada”, de Janio de Freitas, em 22/8 “Serra volta a veicular ofensa de Ciro na TV”, em 30/8 “Essa gente ataria até Cristo, diz Ciro” e “Candidato do PPS cita Jesus para atacar Serra”, ambas em 2/9 “Em alerta, Ciro revê sua tática após Serra crescer”, em 28/8 “Após queda, Ciro porá ‘sangue’ na campanha”, em 29/8 “Perdemos o primeiro round, admite Freire sobre a queda de Ciro”, em 2/9 “Para aliados, Ciro morreu pela boca”, em 29/8 “Luz amarela e vermelha para Ciro”, de Fernando Rodrigues, em 28/8 21/8 a 3/9 Estado de S. Paulo “Mangabeira em surpreendente intimidade com a lógica dos fatos” de Dora Kramer, 29/9 “TV testa pose de bom moço”, de Dora Kramer em 22/8, e “Atenção aos conselheiros” de Dora Kramer em 29/8 “José Serra, o genérico de FHC?” de Gilberto de Mello Kujawski em 22/8 “Lula, a história e a Petrobrás” de Jarbas Passarinho, em 27/8 “Lei de Gérson, versão 2002”, de Dora Kramer, em 24/8 “Homens com H”, de Dora Kramer em 3/9 29 4/9 a 17/9 Folha de S.Paulo 10/9, “Novo sobe e desce”, Janio de Freitas “Coincidências demais”, de 7/9, Clóvis Rossi “As armas de Ciro e Serra”, de 4/9, Fernando Rodrigues “Frente de Ciro lança suspeitas sobre TSE”, em 6/9 “Ciro abre guerra contra o TSE”; “Serra acusa rival de coronelista”, em 7/9 “PPS sobe tom contra TSE e diz que FHC segue Fujimori”, em 9/9 “Nelson Jobim rebate ataques da Frente de Ciro”, em 10/9 e “TSE concede 1 º direito de resposta a Ciro contra Serra”, em 8/9). Ou no editorial “Campanha negativa”, de 4/9. colunas “Serra é cobrado por deficiências do governo FHC”, de 4/9, por Renata Lo Prete “Serra com FHC”, de Nelson de Sá, em 6/9 “Serra deixa o amigo FHC apanhando sozinho”, de Josias de Souza, em 8/9; “A vida como ela é nos debates”, de Renata Lo Prete, em 9/9 “Paz e amor, no tiroteio”, de Nelson de Sá, em 11/9 “O debate dos espertos que viraram bobos”, de Elio Gaspari, em 4/9 coluna “Agora é Lula”, de Fernando Rodrigues, em 11/9). chamadas de primeira página “Lula e Serra preparam ‘guerra fria’”, de 15/9 “Lula e Serra acirram as trocas de acusações” “A 20 dias da eleição, Lula e Serra intensificam troca de ataques” e “Serra omitiu empresa à Justiça em eleições” , ambas do dia 17/9. “É? Não é.”, 15/9, de Elio Gaspari “Procura-se José Serra, o legítimo”, 15/9 de Josias de Souza “Lula estreita laços com militares”, em 5/9 “Na Escola de Guerra, Lula muda discurso para agradar militares”, em 14/9 “Para Stédile, discurso de Lula não é de esquerda” e “Stédile classifica discurso de Lula como de ‘centro’ e critica alianças”, ambas de 16/9. “Uma revolução para o PT e Lula da Silva” de Vinicius Torres Freire, em 12/9 “Quem te viu, quem te vê”, de Eliane Cantanhêde, em 13/9 4/9 a 17/9 Estado de S. Paulo “Serra se isola em 2o ; Ciro empata com Garotinho”. A confirmação vem da nova polarização vem logo no dia seguinte “Confronto entre Serra e Lula refaz a antiga situação. Volta a polarização Serra-Lula” (11/9). 30 “Ciro cai mais e empata em 17% com Serra, revela Ibope”(4/9). “Debate”, de Sonia Racy, em 4/9. “Debates em questão”(5/9), Dora Kramer “PSDB suspende férias petistas” (11/9), Dora kramer “Aécio quer evitar ressaca eleitoral”(15/9), Dora kramer “Serra não está empatado com Ciro e sim ligeiramente a cima”, 5/9 Sonia Racy “Empresas associadas a Abrimaq não gostaram de declaração de Ciro”, 5/9, Sonia Racy “Afinidade ideológica”, editorial, 5/9 “Lula bate continência” (17/9), editorial “Paz amor e inexperiência” (16/9) de Fabio Giambiagi “Boatos sobre subida de Lula e receio a ataques a NY fazem dólar subir e bolsa cair”, 16/9 “Aprendiz do Bem-amado”(7/9), Dora Kramer “Ciro é o campeão de rejeição: 34%”, (11/9), Dora Kramer “Ciro diz que não vai renunciar e critica pesquisas”, manchete 12/9 “'Ciro caiu muito e a culpa é dele mesmo', diz Antonio Ermírio de Moraes”, 12/9 18/9 a 6/10 Folha de S.Paulo “Matemática eleitoral” de Fernando Rodrigues, em 18/9, sobre a possibilidade de as eleições acabarem no primeiro turno “Lula chega a 48% dos votos válidos, diz Ibope”, manchete de 18/9 “Lula sobe a abre 25 pontos sobre Serra”, manchete de 22/9 “O ataque final dos mercados contra Lula”, de Vinicius Torres Freire, em 20/9 “Pensando o impensável”, de Clóvis Rossi, em 22/9. “Dólar atinge segunda maior cotação do real”, manchete de 19/9; “PT prepara texto conjunto com a Bolsa para conter ira do mercado”, manchete de 20/9 “Dólar bate recorde, e Bolsas desabam”, manchete de 24/9. “O fiel da balança”, em 22/9 sobre o poder de Garotinho decidir se haveria segundo turno ou não, de Eliane Cantanhêde “Por um fio”, em 24/9, de Eliane Cantanhêde “De pontes e dinamites”, em 25/9, de Eliane Cantanhêde “Todos para Lula”, de Nelson de Sá, em 26/9, “O vermelho e o azul”, de Renata Lo Prete, em 30/9 “Lula e as mulheres pobres” e “Os últimos atos”, de Mauro Francisco Paulino “Todos trabalham para Lula”, de Chico Santa Rita, em 27/9 “Dever das oposições”, de Mangabeira Unger, em 1/10, sobre o dever que Ciro e Garotinho tinham em renunciar às suas candidaturas para que Lula vencesse no primeiro turno “Staub apóia Lula e afirma que petista é um estadista”, manchete em 23/9; “Para Sarney, ‘temos que passar pelo gargalo do PT’”, em 24/9; 31 “Lula aceita apoio com ‘baile no fim’”, em 28/9; “Lula atinge 49% dos votos válidos”, de 29/9 “Com 49% dos votos válidos, Lula fica a 1 ponto de vencer no primeiro turno”, de 29/9 “Brizola aguarda chamado de Lula e deve apoiá-lo”, de 29/9 “Diploma não é fundamental, afirma tucano”, manchete em 19/9 “Crítica interna”, manchete de 22/9 “Intensidade dos ataques a Lula divide Serra e Nizan”, em 24/9 “Publicitário nega discussão e acusa Dirceu”, manchete em 25/9 “Atritos, Garotinho e 2 º turno abalam a campanha de Serra”, ambas em 25/9 ,“A rejeição é o preço”, Fernando Rodrigues, de 21/9 “Medo de atacar”, Fernando Rodrigues em 2/10 “Quando o eleitor diz não”, de Renata Lo Prete, em 23/9 “Movimentos mínimos”, editorial de 3/10, “Por um ponto”, de Eliane Cantanhêde, em 29/9 e “Penúltimos sinais”, de Janio de Freita,. em 29/9 “Na reta final, FHC subirá no palanque de Serra pela 1 ª vez” , manchete em 28/9 “Imagens de FHC ficam engavetadas” , manchete em 28/9. “Lula sobe 2 pontos, e Ciro cai 3 no Ibope”, manchete em 18/9 “Em crise, Ciro lança programa sem aliados”, de 28/9 “Presidenciável resiste à pressão e mantém candidatura”, de 2/10. “Votos úteis”, de Janio de Freitas em 26/9 “Garotinho disputa com Serra 2 º lugar, Lula segue na frente”, manchete em 6/10 “Garotinho expõe dado exagerado sobre habitação”, em 25/9 “No horário eleitoral, tucano acusa Garotinho de mentir sobre o mínimo”, em 27/9 “O dia de Benedita”, de Elio Gaspari de 2/10 “O rei do auditório”, de Clóvis Rossi, em 5/10 18/9 a 6/10 Estado de S. Paulo “Governo Lula, ano 1” (Joelmir Beting 2/10) e na nota “Pânico ou burrice” (Joelmir Beting 1/10) na qual explica que “Lula não é um devorador de criancinha “Pelo mandato fixo no BC” ( Sonia Racy, 2/10) “BC: alta ansiedade” (Sonia Racy 27/9) “Ansiedade generalizada” (Sonia Racy 28/9) “Eleições” (Racy 2/10) “Online”, (Racy 2/10), - “Parte do mercado já começa avaliar que um governo Lula não seria tão ruim”. 32 “O que é real não faz mal” (Kramer 19/9) - “José Serra imprimiu excesso de força à mão quando disse que Lula é a favor da bomba atômica". “A suspeita sumiu” Kramer (24/9) “Crime eleitoral” (Kramer 1/10) - “usar eleitoralmente a disseminação do pânico numa cidade é um grave crime de lesa-pátria, como fizeram Garotinho e Serra” “Serra à moda do tuareg” (26/9), Kramer “Carrinhos de mão” (Veríssimo 26/9) - “o setor financeiro tenta forjar um pânico com a provável eleição do Lula”. “A reinauguração”, 5/10) - Veríssimo manchetes, dia 21/9: “Queda de Lula em pesquisa faz dólar cair e Bolsa subir”. 20/9: “Equipe de Serra decide manter ataques a Lula” 30/9: “Brizola sugere, mas Ciro nega que vá renunciar”(30/9) 4/10: “candidato ´foi destruído por ele mesmo´” “Lula sobe, Serra se mantém em 2o, Garotinho passa Ciro Manchete” (18/9) “Garotinho garante que será ele o rival de Lula no 2o. Turno” (20/9) “Lula e Garotinho crescem em pesquisa” (22/9) “Garotinho: Vou para o 2º turno” (27/9) “Diploma é dispensável, diz FHC”, em 21/9 “Massa falida” (23/9), Alcides Amaral “Cenários” (23/9), de Denis Lerrer Rosenfiel -: “O PT só sabe fazer alianças em posição de hegemonia, colocando os aliados como subalternos; se Lula ganhar não terá forte base de sustentação” “A desculpa dos vencedores” (24/9) de Jarbas Passarinho “Lula, o câmbio e o espelho” (26/9) Rubem de Freitas Novaes (“Para onde vamos?”, 1/10) - “com a vitória de Lula, corremos os risco de ver no Brasil políticas e métodos que nunca deram certo” “Entre verdades e ilusões” (5/10) de Sylvio Lazzarini Neto : “não há como negar que o modelo hoje defendido pelos petistas faliu, e faz tempo” editorial do dia 6/10 (“Democracia consolidada”) - “A eventual vitória de Serra, seria uma alternativa muito mais tranqüilizadora”. 7/10 a 27/10 Folha de S.Paulo “Tudo, menos anjo”, de Nelson de Sá, em 10/10; “Negociações abertas”, de Fernando Rodrigues, em 9/10 editorial “A dança das alianças”, de 10/10 “O atrativo”, de Janio de Freitas, em 11/10. “Quem não quer mudança”, de 9/10 de Nelson de Sá “A direita de Lula”, de 11/10 de Nelson de Sá 33 “O alcance da onda”, de Boris Fausto, em 21/10 “Coro dos descontentes”, de Otávio Frias Filho, em 24/10 “Matar ou morrer”, de Eliane Cantanhêde, em 11/10). “Escalada do câmbio traz novas acusações”, de 11/10 “Serra usa dólar para desafiar Lula; PT aponta ‘terrorismo eleitoral’”, no mesmo dia. “PSDB unifica discurso do caos depois de falar com FHC”, em 17/10. “Regina Duarte e o bibelô”, de Clóvis Rossi, em 18/10 “De patrulheiros e cultura”, de Nelson de Sá, em 23/10 “Artistas criticam Regina Duarte”, em 22/10 e “PT é culpado por tática do ‘medo’, diz Garotinho”, em 23/10 “Os efeitos do sucesso”, de 20/10, Janio de Freitas 12/10 o editorial “Mais e melhores debates”, clamando pela ida do petista aos debates agendados primeira página “Restrição de Lula a debate frustra eleitor e mídia”. 17/10 primeira página “Lula alcança 58%; Serra tem 32%”, em 13/10 “Lula vai a 61%; Serra mantém 32%”, em 20//10 “Lula mantém a vantagem sobre Serra”, em 24/10). “Agora, a lógica é aposta”, de Clóvis Rossi, em 13/10, sobre a vitória iminente de Lula; “Fim de festa”, de Nelson de Sá, em 25/10; “O vermelho e o azul”, Eliane Cantanhêde, em 13/10; “E se o Palmeiras for campeão”, de Vinicius Torres Freire, em 14/10 e “Acabou”, de Fernando Rodrigues, em 21/10). primeira página do dia 23/10 “Área econômica derrubou Serra, diz Bresser” “O PT no poder”, de Luis Nassif, em 9/10, sobre a imprevisibilidade de um governo do PT frente a uma crise aguda na economia “O sub e a águia”, de Clóvis Rossi, em 17/10, sobre o relacionamento do próximo presidente brasileiro com os Estados Unidos; “O terceiro turno” e “E, por falar em medo...”, ambas do mesmo Clóvis Rossi, em 19/10, sobre o perigo de Lula cair nas armadilhas do mercado; “Um governo de esquerda possível”, de Vinicius Torres Freire, em 21/10, entre outras. “Lula 2002 toma Romanée-Conti 1997”, de Elio Gaspari, em 9/10 “A guerra das estrelas”, de Marcelo Coelho, em 19/10, sobre o fato de Lula não deixar clara nenhuma de suas posições políticas. Fábio Wanderlei Reis “Depois das ventanias”, em 10/10 “Erro na contagem”, de Janio de Freitas, em 8/10 “Quando a lei subtrai a liberdade”, de Luís Francisco Carvalho Pinto, em 9/10 “Desconstrução”, de Otávio Frias Filho, em 10/10 “Nem céu, nem inferno”, de Eliane Cantanhêde, em 20/10 34 primeira página “Cobertura da Folha foi eqüidistante”, em 25/10 7/10 a 27/10 Estado de S. Paulo “A hora da verdade” (7/10) - editorial “O que se espera de Lula”, 11/10 - editorial “Para Lula entender a sua vitória” (14/10) “O que causa medo” (17/10), editorial - “a eleição de Lula não é interessante para o país”. Ou seja, a convicção do jornal não é abalada pela provável derrota de José Serra. “procurando motivos para o otimismo”, editorial de 22/10 “Malan volta ao embate” (Kramer 19/10) “FH quer tucano na oposição” (Kramer 25/10) “Reverência à lei da gravidade”, (Kramer 26/10). “PT e PSDB já trocam papéis”(Kramer 24/10) João Mellão Neto diz que “com a perspectiva de vitória do PT, a patrulha ideológica volta a atacar” (11/10). artigo do professor Marcelo de Paiva Abreu (“Ruptura e continuidade”) em 14/10 pergunta: "PT pagador de promessas: com os eleitores ou com o FMI?". artigo do jornalista Luiz Carlos Lisboa (“Eleitos, temei”, 15/10) no qual explica que “Lula foi criado pela marquetagem”. José Nêumane. Em “Lula e a revolução” (9/10), explica que “O problema do PT é seu apreço pela burocracia”. Denis Lerrer Rosenfield ( “O Medo”, 19/10) “O temerário preparo de Lula”, de Roberto Macedo em 24/10 “O deslumbre dos neoPTados” de Mauro Chaves em 26/10 entre outros muitos. “'Só um cataclismo nos tira a vitória', diz Lula”(19/10) “Pesquisa: Lula tem 61% e Serra 32%” (20/10) “Se eleito, Lula quer conduzir economia” (20/10) “Lula tem excesso de indicações para equipe de transição” (25/10) “PT anuncia equipe de transição na 3º-feira”(26/10) “Pesquisa indicam vitória histórica de Lula” (27/10) 35