Posição do artigo 20 Jan 2012 Edição Público Lisboa João d’espiney Serviços de internamento cheios obrigam a pôr doentes nos corredores do Sta. Maria Situação só poderá melhorar com a abertura das urgências em Loures. Ministério da Saúde não tenciona rever contrato de Loures. Quase 100 mil utentes terão de vir para o São José O fecho das urgências do hospital Curry Cabral no final de Dezembro, inserida na reorganização da rede hospitalar em Lisboa, está a criar muitos problemas no Hospital de Santa Maria. Uma fonte próxima da principal unidade do Centro Hospitalar de Lisboa Norte (CHLN) disse mesmo ao PÚBLICO que “o Hospital de Santa Maria virou um autêntico hospital de campanha” nos serviços de internamento, “porque é o cenário que mais se assemelha à realidade vivida nestes serviços nos últimos tempos”, principalmente durante o fim‐de‐semana e às segundas‐feiras. ENRIC VIVES‐RUBIOHospital de Santa Maria com taxa de internamento superior a 100% “Nos últimos anos, a taxa de internamento dos referidos serviços já tem vindo a ser superior a 100%, ou seja, para além das camas atribuídas para o internamento, também são internados utentes numa maca ao longo do corredor do serviço. No entanto, desde há uns tempos para cá que existe uma elevada adesão de utentes ao hospital e por consequência, um elevado número de internamentos hospitalares”, revelou a mesma fonte, salientando que na passada segunda‐feira “estavam completamente a abarrotar”. “Além dos 21 utentes que podem receber em camas no internamento, quase todos os serviços estavam com 10 utentes internados ao longo do corredor numa maca”, acrescentou. Questionado pelo PÚBLICO, o assessor de imprensa do hospital, José Pinto da Costa, nega que “os serviços de internamento estejam a abarrotar” e diz que a taxa de internamento “é idêntica à dos períodos homólogos mais uma ou duas macas”. O portavoz desta unidade admitiu, no entanto, que o afluxo às urgências tem sido muito grande desde que as urgências do Curry Cabral encerraram e “logo há mais internamentos”. José Pinto da Costa apontou ainda a crise como outra razão para o excesso de afluência ao hospital, que levou a que muitas pessoas deixassem de ter um seguro de saúde. O assessor fez questão de salientar que a situação será resolvida dentro de “meia dúzia de dias” com a abertura das urgências do novo Hospital de Loures. Mas de acordo com o cronograma da unidade que hoje abriu as portas em Loures, as urgências de obstetrícia e pediatria só abrem no dia 22 de Fevereiro, as unidades de internamento quatro dias depois e as urgências gerais no dia 27. O PÚBLICO solicitou números concretos do afluxo de doentes, mas até à hora de fecho desta edição tal não foi possível. O PÚBLICO tentou obter ainda uma reacção da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) sobre este e outros casos vindos a público dando conta de alguns problemas de excesso de doentes nas urgências, como no Hospital de Setúbal, que já está a reencaminhar pessoas para outras unidades da região. Mas tal revelou‐se impossível também até à hora de fecho desta edição. Outro dos problemas prende‐se com o facto de quase 100 mil utentes de nove freguesias do concelho de Loures, que não estão abrangidos pela nova unidade, terem agora de se deslocar para o São José, depois do fecho do Curry Cabral. A Espírito Santo Saúde, que gere o Hospital de Loures, garante que tem capacidade para receber estas pessoas, mas o Ministério da Saúde já disse que não está disposto a rever o contrato de gestão que foi assinado. Uma situação que está a deixar revoltadas muitas pessoas das freguesias de Sacavém, Moscavide, Bobadela, entre outras. Para o presidente da Câmara de Loures, Carlos Teixeira, esta é uma situação inaceitável, tanto mais que no protocolo que assinou com o Estado para a cedência de terrenos o Ministério comprometeu‐se a que estas pessoas ficassem abrangidas pelo futuro hospital. Posteriormente, o Governo decidiu avançar com a construção do Hospital Oriental de Lisboa, em Chelas, mas o projecto está parado. Carlos Teixeira salienta que, mesmo que vá para a frente, não estará pronto “nem daqui a quatro anos” e que por isso a situação deve ser corrigida. Ao PÚBLICO, a portavoz do ministro reafirmou, porém, que não está “planeada qualquer alteração ao que foi contratualizado com a entidade gestora do hospital de Loures”. 
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