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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A CRIANÇA E A DESESTRUTURAÇÃO FAMILIAR:
SOBRE O PROCESSO DE SEPARAÇÃO DOS PAIS
Por: Simone Leite Oliveira
Orientador
Profª. Fabiane Muniz
Rio de Janeiro
2005
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A CRIANÇA E A DESESTRUTURAÇÃO FAMILIAR:
SOBRE O PROCESSO DE SEPARAÇÀO DOS PAIS
Apresentação de monografia à Universidade Candido
Mendes como condição prévia para a conclusão do Curso
de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Terapia de Família.
São os objetivos da monografia perante o curso e não os
objetivos da aluna
Por: . Simone Leite Oliveira
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Agradeço a Deus por ter me dado força e
coragem para chegar até aqui;
Aos amigos, professores e à coordenação
do curso, pela compreensão nos
momentos difíceis;
Aos meus familiares pelo apoio;
E em especial à profª Fabiane Muniz
pela cuidadosa orientação dada na
elaboração desta monografia.
4
Dedico este trabalho aos meus pais, que
com amor e compreensão me deram a
base para construir minha trajetória
acadêmica.
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FOLHA DE AVALIAÇÃO
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PROJETO A VEZ DO MESTRE
Pós-Graduação “Latu Sensu”
Título: A CRIANÇA E A DESESTRUTURAÇÃO FAMILIAR:
Sobre o processo de separação dos pais
Data de entrega: _______________________________________
Auto Avaliação: Como você avaliaria esta monografia?
Avaliado por: _______________________________ Grau:_______________________
____________________________,___________de _______________de___________
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RESUMO
O presente trabalho procurou descrever as principais mudanças que ocorrem no
emocional da criança confrontada com o processo de separação dos pais. A separação é
um tipo de acontecimento que provoca sentimentos e sensações aos quais as crianças
nunca vivenciaram, que são muito mais intensificados quando os pais não conseguem
lidar com a situação e colocam a criança no centro da relação, utilizando-a como um
instrumento para atingir o outro cônjuge, desprezando o interesse da criança.
Considerando a Abordagem Gestáltica, a base de nossa existência é relacional,
não podemos considerar o indivíduo fora do seu contexto de trocas interpessoais.
Portanto, quando o contexto familiar é alterado drasticamente, todos os membros
passam por dificuldades em se adaptar a nova situação.
Quando se fala de uma criança não podemos separa-la de seu ambiente social de
referência. Com a separação dos pais, um aglomerado de emoções e sentimentos
invadem o interior desta criança, podendo gerar uma série de impasses que
comprometem a qualidade de seu viver. Assim, dentro de suas possibilidades, a criança
faz o que pode para se adequar da melhor forma à situação, muitas vezes mudando de
conduta, desenvolvendo sintomas que expressam seus medos, ansiedade, e várias outras
sensações presentes neste momento.
Porém a separação nem sempre é traumática para as crianças, quando os pais
conseguem separar-se preservando os bons aspectos do vinculo, o impacto da separação
é bem menor nos filhos.
Assim, afirmar que uma família não pode se reconstruir é uma falácia, pois a
nossa realidade é inacabada e aberta, mudanças sempre acontecem, o ser humano é um
eterno devir, ou seja, vai se construindo e construindo sua relação com o outro.
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SUMÁRIO
1. Introdução ............................................................................................................ 8
2. A família que se rompe........................................................................................11
3. Pais separados: como ficam os filhos?................................................................16
4. Nem sempre a Separação é Traumática...............................................................20
5. Sintonia com os sentimentos...............................................................................24
6. A Gestalt - Terapia no Entendimento do Contexto da Criança e da Família.....28
7. Conclusão............................................................................................................32
8. Referências Bibliográficas...................................................................................34
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1. INTRODUÇÃO
A vida de todos os indivíduos envolve separações, transformações, perdas e
ganhos a cada passagem do desconhecido para o novo. Casamento e divórcio também
acarretam um período de adaptação às inúmeras mudanças de estilo de vida, valores,
hábitos, rotinas. A desintegração do casamento, separação, o viver sozinho e um novo
relacionamento provocam mudanças muito profundas na mulher, no homem, nos filhos
e no contexto familiar. A separação provoca, sem dúvida, repercussões importantes nos
filhos, mas nem sempre catastróficas ou traumáticas. A atmosfera hostil, tensa e
opressora de um casamento cronicamente insatisfatório não é benéfica para ninguém, e
é comum que os filhos sejam o alvo de descarga, da irritação e da frustração dos pais.
Pós-separação, algumas crianças, ao passarem a viver de modo mais tranqüilo,
ficam satisfeitas e descontraídas. No entanto, assim como no casamento, na separação
os filhos também costumam ser alvo de descarga das tensões e hostilidades entre pai e
mãe. Fica, por assim dizer, “no meio da linha de fogo”: disputados como aliados,
solicitados como espiões, utilizados como armas de ataque ou de chantagem nas
negociações de pensões e de visitas. Em reação às mudanças e a falta de disponibilidade
emocional dos pais, eles próprios atordoados pela avalanche de sentimentos
mobilizados pela separação, é comum que as crianças apresentem sintomas e alterações
de conduta durante um tempo, até que um novo equilíbrio seja alcançado. Embora
revolta, tristeza e mágoa pela separação dos pais possam perdurar por muito tempo em
alguns filhos, outros surpreendem – mesmo quando pequenos – pela clareza com que
percebem a deterioração do casal e pela capacidade de compreender a separação e
ajustar-se à nova realidade.
O contexto básico de uma criança é a sua família. Quando falamos em crianças
não podemos separá-la de seu ambiente social de referência. Quando o ambiente é
mudado drasticamente, como no caso de uma separação dos pais, muitas sensações
invadem o interior desta criança. A intensidade dessas emoções pode amedrontar e gerar
uma série de impasses que comprometem a qualidade de seu viver. As crianças, como
os adultos, precisam de apoio e tempo para trabalhar essa mistura de emoções.
A separação é uma experiência de tensão comum para todas as crianças. São
extremamente sensíveis à aflição de um relacionamento. E os pais precisam reconhecer
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que seus filhos estarão compartilhando alguns dos intensos sentimentos que cercam o
divórcio.
É importante olhar pela criança no seu aspecto emocional e psicológico,
garantindo assim uma melhor adaptação à sua nova situação familiar, e não se deter nas
tradicionais soluções de “visitas” quinzenais dos pais, que ainda hoje, é a forma mais
comum de decisão judicial.
Diante dessa desarmonia da situação familiar, é imprescindível um trabalho
desta natureza, para que sejam observadas nos filhos as conseqüências do desequilíbrio
entre o casal, uma vez que em muitos casos, eles são usados como objeto de
manipulação pelos pais, incapazes de olhar e perceber-lhes o sofrimento.
Por estas razoes, foi desenvolvido o presente trabalho que pretendeu descrever
os principais processos psicoemocionais da criança confrontada com a separação dos
pais, visto que o distanciamento físico do pai ou da mãe provoca em muitos dos casos
uma gradativa separação afetiva, levando sofrimento à criança. Tratou-se também, da
repercussão que uma ruptura familiar como esta acarreta no emocional da criança,
comprovando que a desorganização familiar no momento da separação pode acarretar
sofrimento à mesma, sendo que a separação nem sempre é traumática.
Para tanto foi realizado um estudo através de uma pesquisa bibliográfica,
exploratória e descritiva dos processos que envolvem a criança no momento da
separação dos pais.
O trabalho foi organizado em cinco tópicos:
- A Família que se Rompe: em que foi caracterizados o contexto da família com
o processo de separação dos cônjuges e suas repercussões nos filhos.
- Pais Separados: Como ficam os Filhos? Onde foi retratado o aglomerado de
sentimentos e sensações da criança diante da separação dos pais e os possíveis sintomas
e alterações de conduta na mesma.
- Nem Sempre a Separação é Traumática: descreveu o processo de separação
como uma vivência que nem sempre traumatiza os filhos, e que muitas vezes, o
convívio em um clima de tensão permanente pode ter repercussões mais sérias na
criança do que a própria separação.
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- Sintonia com os Sentimentos: caracterizou-se a importância de um diálogo
sincero com a criança no momento da separação, sem mentiras e omissões, para que
este não passe por este processo tentando decifrar o que realmente aconteceu.
- A Gestalt-Terapia no Entendimento do Contexto da Criança e da Família: em
que foi caracterizado o contexto familiar no viés desta abordagem, valorizando as
relações como um todo, onde a família e a criança são compreendidas como dois
sistemas em constante interação.
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2. A FAMÍLIA QUE SE ROMPE
Atualmente o divórcio é uma constante social. O número de casais separados
vem aumentando a cada dia, em franca expansão desde os anos 80, a separação já é o
destino de quase um terço dos casais e com isso é grande o número de crianças que
vivem numa situação precária psicologicamente. O rompimento familiar pode afetar as
crianças em qualquer idade.
A separação não é necessariamente traumática para os filhos, mas acarreta um
certo grau de sofrimento a todos e à criança em particular, pois ela depende física e
psiquicamente dos adultos cuidadores. Mesmo que a convivência se torne insustentável,
ao menos uma coisa tem de ficar de pé:
“É necessário cuidar para manter uma sociedade parental razoável e
preservar o direito da criança de ter acesso igual aos pais e à mãe.”
(Maldonado, 2001)
O principal desafio da separação é manter a sociedade parental funcionando pelo
menos razoavelmente, ou seja, os filhos têm direitos de serem amados, protegidos e
bem cuidados tanto pelo pai quanto pela mãe.
Algumas crianças experimentam com a separação dos pais um sentimento de
abandono que pode ser tormentosamente intensificado quando se culpabilizam com um
sentimento de culpa irremediável de serem eles a causa da separação dos pais. Situações
vividas, diálogos de hostilidade em que as crianças escutam frases do tipo: “se não
fossem os filho, não tinha que te aturar e podia viver a minha vida…” e outras
semelhantes conduzem as crianças ao desespero da culpa. A criança acha que tudo gira
ao seu redor, portanto todas as brigas têm a ver com ela. Às vezes os pais realmente
brigam por causa da criança, isto é, por divergências na educação, nos cuidados, nas
obrigações, mas descuidam quando discutem na frete da criança.1
Quando um cônjuge começa a falar mal do outro, há riscos de esse desamor que
vai se estabelecendo entre o casal se transformar em ódio, em desejo de vingança.
Quando isso acontece, dificilmente as crianças são poupadas, pois comumente os pais
1
Revista Veja, 13/6/2001.
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ficam se depreciando, ficam se acusando reciprocamente diante de seus filhos. Isso gera
nas crianças uma sensação de desamparo e desproteção muito grande.
É muito comum também, os pais colocarem a criança como mensageira ou espiã
só porque não se falam, não se vêem e se odeiam. A criança fica como um torpedo,
onde pai e mãe se denigrem mutuamente diante dela. A criança fica partida, com a
sensação de não ser assistida nem pelo pai nem pela mãe. Este filho, colocado na função
de mediador e transmissor dos recados é o que recebe a maior carga de tensão, ele acaba
por perder a capacidade de ter voz própria, pois vive enviando mensagens do pai/mãe de
um lado para o outro, o que é estressante e cansativo. Assim a criança vai ficando no
meio de uma situação insustentável, ficando com uma sobrecarga muito grande. Ela é o
receptáculo da raiva do pai e da raiva da mãe.
Existem uns conflitos de lealdade, que quando os pais se odeiam começam a
usar a criança como uma aliada, dizendo que a criança não pode gostar dos novos
parceiros. Então a criança que gosta do pai e tem afinidades com sua namorada, passa a
viver um conflito de lealdade internamente. Se ela diz que está bem, que veio alegre da
casa do pai, que passeou com a namorada, a mãe fica com raiva e ataca.
Essa postura de colocar os filhos contra o pai ou a mãe, é um posicionamento no
qual na maior parte das situações, os pais têm consciência, mas não conseguem se
controlar. É um transbordamento de ódio, de rancor, de mágoa e desejo de vingança tão
grande que, mesmo quando dizem “eu não deveria estar fazendo esse mal aos meus
filhos”, eles acabam fazendo. Às vezes, os pais estão tão tumultuados antes, durante e
imediatamente depois da separação que eles ficam com muito pouca possibilidade de
perceber o que está acontecendo com a criança e de saber como isso tudo está
repercutindo nela. Os adultos sabem, com freqüência, que estão agindo de maneira
inadequada com as crianças, mas, quando os sentimentos estão em ebulição, é raro
conseguirem controlar-se. (Maldonado, op. cit,)
Na questão do dinheiro, isso é muito claro, a criança muitas vezes é
transformada em moeda forte de uma relação. Então, estas ficam no meio de um
conflito muito pesado e muitas vezes são privadas de dinheiro ou da visita do pai por
questões financeiras. Diante disso, a criança vivencia a dor de ver os pais separados
somada a dor de ver os pais continuarem brigando, talvez até mais do que quando
estavam juntos. Muitas pessoas não conseguem fazer essa separação emocional. Elas
continuam casadas, pelo ódio e pelo desejo de vingança. O sofrimento é causado
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principalmente pela dificuldade de resolução emocional da separação, que vai
colocando as crianças diante de situações conflituosas, de forte carga emocional,
tirando-lhes o direito de ter uma convivência harmônica com pai e mãe.
As pretensões de qualquer dos ex-cônjuges de preencherem sozinhos as funções
de pai ou de mãe, são indefensáveis psicologicamente, e nascem, quase sempre, do
desejo de ressentimento, sem levar em conta a vontade e o direito essencial dos filhos de
terem estas funções complementaria e equalitariamente preenchidas pelos seus naturais
genitores.
A criança demora a entender que os pais se separaram mas não os perdeu, eles
deixam de ser marido e mulher mas não deixam de ter sentimento de amor de pais. Para
as crianças os papéis: marido, mulher, pai e mãe são indissociáveis. Então quando
acontece a separação, leva algum tempo para a criança entender que não perdeu os pais.
A família não deixa de existir com a separação. A criança continua a ter sempre pai e
mãe. A própria Lei do Divórcio afirma que com a separação não se modificam os
direitos e obrigações dos pais para com os filhos, o que se modifica é a relação entre
adultos: não há mais marido e mulher. Agora são pai e mãe, e cabe aos dois
continuarem o seu papel junto aos filhos.
Muitas vezes os próprios pais contribuem para que a criança sinta como se
estivesse perdendo um ou outro. Por exemplo, quando se pergunta para uma criança
com que ela prefere ficar, com o pai ou com a mãe, ou de quem ela gosta mais. Isso cria
uma situação altamente ansiogênica para a criança. Esta sente que deve escolher entre
um e outro exclusivamente, como se ao escolher ficar com um, não ficará mais com o
outro, não só em relação a morar, mas também quanto a abdicar da relação pai/filho ou
mãe/filho, do sentimento, da intimidade, do amor. É como se fosse algo definitivo.
Após a separação, muitas vezes a criança passa a ser a “peça do jogo”. Entre
disputas, ações, discussões, não se vêem o lado da criança, obrigando-a a passar por esta
primeira fase como uma marionete. Com isso as crianças tendem a reproduzir os
padrões básicos de comunicação que os adultos utilizam entre si e com elas. A criança
tende a lançar mão dos mesmos recursos para obter o que deseja, como por exemplo
quando o clima de brigas, chantagens e ameaças predomina.
Filhos ainda são utilizados por mães e pais como moeda de troca e acerto de
contas após a separação, o interesse da criança passa a não existir. Mais importante é a
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conquista da nova condição de homem ou mulher separado. Neste contexto, a criança
não é prioridade para genitores e para a justiça.
Todas estas turbulências emocionais ao quais muitas crianças passam no
momento da separação, pode repercutir na escola. Nas grandes mudanças demora-se um
tempo para adaptar-se à nova situação, existe um período de ajuste à passagem de uma
organização familiar para outra. E nesse período é muito freqüente que apareçam
mudanças de comportamento e sintomas nas crianças em face da crise familiar. A
diminuição do rendimento escolar é um fator que acontece com muita freqüência; há
queixa de dor de cabeça, de estômago; febre sem causas clínicas mas com razões
psicossomáticas; dificuldade de atenção e concentração em sala de aula; mudança de
conduta: a criança fica mais agitada, irritada, agressiva e mais sensível também – ou
chora ou explode muito mais facilmente.
Ao se deparar com o fato de que aquela relação acabou e que com ela foi junto
todo um conjunto de trocas, sejam afetivas, financeiras, responsabilidades, e outras
independentemente de terem sido agradáveis ou não, cada ex-cônjuge experiência uma
nova rotina que modifica toda a dinâmica familiar. Com isso, a vida filhos muda
inevitavelmente no que diz respeito a esse novo ex-casal.
Muitas dúvidas, incertezas, sentimentos, ressentimentos perpassam essa nova
família. Assim como a criança sente culpa pela separação dos pais, estes também se
sentem culpados em relação aos filhos por causa da separação. Daí várias atitudes
compensatórias por parte dos pais após o rompimento.
Essa culpa existe porque a vida da criança, bem como a dos adultos, irão sofrer
mudanças às quais remetem à decisão dos pais se separarem. Como por exemplo, a
privação da convivência diária com o pai ou a mãe que não mora mais na casa. Aquele
que ficou sente-se culpado pela tal falta que o outro fará na vida da criança. E aquele
que foi para uma outra casa sente-se culpado por estar distante. Isso acontece porque a
separação, amigável ou não, é vista como um fracasso familiar do qual os cônjuges são
seus algozes.
Há uma enorme insegurança quanto a competência de cada um nesses papéis
que se denuncia em situações compensatórias com os filhos, como por exemplo: no
presentear demais os filhos, ao proteger o filho ao máximo possível para que ele escolha
estar sempre junto, etc.
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Além da insegurança em relação a competência tem também a questão de achar
que seus filhos estão marcados por um desfavorecimento no mundo em relação às
outras crianças que têm seus pais convivendo juntos.
Essa confusão dura algum tempo e vai perdurar ou não depende de como essa
nova família vai se estruturar e assumir a nova realidade. Portanto, os ex-cônjuges são
responsáveis pela separação e não culpados dela, como se fosse um erro irreparável do
erro de um dia terem se escolhido.
A responsabilidade da separação e suas conseqüências não determinam prejuízo
para os filhos, mas, a culpa dos pais, esta sim, torna-se um peso para a criança pois esta
percebe e sente a insatisfação e a confusão que seus pais estão imersos e, assim, a culpa
dos filhos acaba por ser alimentada.
Ainda existe uma visão preconceituosa em relação a filhos de pais separados, é
comum ouvir: “Ah, isso é coisa de ilhós de pais separados” … Antigamente se pensava
assim: lar estruturado é o lar de pais casados. Lar desestruturado é lar com pais
separados. Tais afirmações eram sinônimo. Nas análises realizadas sobre a família na
atualidade, em relação às características e desafios específicos de cada composição
familiar, a conclusão a que se chegou é que existem famílias estruturadas e
desestruturadas em qualquer tipo de organização familiar.
A reconstrução da família é muito importante, uma família de pais separados não
deixa de ser uma família. Muitas vezes se diz que a família está se acabando. Mas isto
não pode ser verdadeiro, o casamento acaba, a família não. A separação é uma mudança
de organização familiar, não é o término da família. A família não acaba, ela passa a ser
uma família com outro tipo de organização.
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3. PAIS SEPARADOS: COMO FICAM OS FILHOS?
A criança vive um aglomerado de sentimentos diante da separação. Muitas
crianças se enchem de sensações após o divórcio, e a intensidade dessas emoções pode
amedrontar uma criança que nunca as sentiu. As crianças, assim como os adultos,
precisam de apoio e tempo para trabalhar essa mistura de emoções.
Sensações de perda, raiva e mágoa são comuns. As crianças têm uma
desvantagem, elas não entendem muitas dessas sensações. Geralmente não sabem que
as coisas podem melhorar. Não têm experiência para lidar com esses problemas.
Alguns sentimentos são mais marcantes na casa de uma separação:
- Preocupação:
Quando o ambiente da criança é mudado drasticamente, ela fica apreensiva
quanto as outras mudanças inesperadas. As preocupações mais freqüentes incluem: que
algo aconteça com o pai/mãe ausente; que elas sejam separadas das famílias; ou que
algo pode acontecer ao pai/mãe com quem ela vive e não haverá mais ninguém para
cuidar dela.
Uma criança que se preocupa muito irá perguntar coisas para assegurar-se dos
sentimentos dos pais, afirmando por exemplo: “Você me ama, não é!”. Ela tem a
necessidade de afirmação dos sentimentos em relação a ela.
- Raiva
A raiva de uma criança pode estar direcionada a qualquer pessoa em particular,
embora mais a uma situação como um todo. Raiva desordenada é comum, os filhos
podem punir a mãe, o pai, ou um outro parente na tentativa de lidar com esta forte
sensação.
- Medo
Filhos ou moram com o pai e a mãe espera acordar toda manhã com eles em
casa. Eles ficam acostumados a essa rotina. Quando essa rotina é quebrada pela
separação dos pais, o medo aparece. Os filhos temem que, na sua ótica, se eles
“perderam” um, então poderão facilmente perder o outro.
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- Retração
Crianças que retraem podem fazê-lo por várias razoes. Algumas temem mais dor
e acham que se elas na demonstrarem emoção, ou tentarem não sentir, não serão
magoadas. Outras se retraem na tentativa de evitar os pais.
- Sensação de Rejeição
Os filhos nem sempre entendem que um divorcio ou separação é apenas entre os
pais, não entre pais e filhos. Os filhos podem sentir que foram rejeitados ou separados
do pai. Um pai que usa o tempo que passava com o filho em outra atividade de interesse
pode causar sensação de rejeição.
As crianças são muito mais sensíveis e perspicazes do que a maioria das pessoas
costuma supor: percebem bem claramente o clima pesado de tensão e mal-estar das
etapas finais de um casamento ou das épocas de crises e dificuldades, mesmo quando os
pais não gritam nem brigam na frente dos filhos.
Mesmo quando as crises conjugais sérias não são abertamente faladas, as
crianças mais sensíveis apresentam sintomas e alterações de conduta, funcionando como
verdadeiras “caixas de ressonância” dos conflitos do casal. Aumenta a preocupação de
controlar os pais: a angustia quando começam a falar mais alto, a tentativa de apaziguar
as brigas, as doenças por somatização para atrair a atenção dos pais. A percepção das
dificuldades costuma aparecer com clareza em brincadeiras e desenhos.
Em muitos casos, as crianças presenciam cenas violentas de medo, angustia,
insegurança. Algumas crianças se isolam, passam horas no quarto, quase não falam;
outras aumentam a solicitação ou adoecem.
Nesse período em que os pais estão em meio a tanta confusão e tão pouca
disponibilidade para os filhos, é essencial que a criança tenha uma noção de
continuidade de vínculos afetivos e possa contar com o apoio de pessoas importantes
para ela, que consigam ouvi-la e proporcionar proteção e aconchego, assim como
alguma sensação de estabilidade e segurança num momento de vida cheio de perdas e
impactos. É importante que as crianças saibam que suas necessidades básicas
continuarão a ser atendidas e que elas sejam compreendidas. Com a separação, as
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perdas decorrentes da possível diminuição do dinheiro se somam às preocupações com
o que mais será perdido com a falta da convivência diária.
Os filhos captam o clima pesado de tensão e mal-estar que predomina em casa,
mesmo quando não há brigas explicitas. As crianças têm muita sensibilidade. Mesmo
quando muito pequenas, conseguem se dar conta de que algo importante está
acontecendo ao seu redor. Infelizmente, a maioria das pessoas subestima a capacidade
da criança para perceber e entender o que se passa. Na verdade, a criança fica mais
confusa e perturbada quando as pessoas lidam com ela com ambigüidade e mentira.
A separação, para os filhos, é uma passagem de vida da maior importância.
Muita coisa muda, a rearrumação é extensa. Evidentemente, as dificuldades se
intensificam quando os filhos ficam no meio da linha de fogo, sofrendo as pressões dos
ataques recíprocos entre pai e mãe. Os primeiros tempos de adaptação costumam ser
difíceis. Há crianças que precisam de mais tempo que outras para digerir a separação e
isso, com freqüência, implica modificações da conduta, em especial na baixa do
rendimento escolar. O atordoamento, o impacto da separação, faz voltar o pensamento e
as emoções para tudo o que está acontecendo.
Logo após a separação, quando moram com a mãe e passam fins de semana com
o pai, muitas crianças voltam alteradas, agitadas, agressivas, reclamando de tudo ou, ao
contrário, encolhidas e cabisbaixas. Crianças muito pequenas às vezes apresentam
reações de estranheza no olhar e ficam arredias ao sair e ao chegar. A ausência do
contato cotidiano pode provocar um abalo, pelo menos temporário, na consolidação do
vínculo da criança pequena com o pai. Às vezes, essa estranheza é transmitida e, numa
etapa posterior do desenvolvimento, o vínculo se fortalece. Há modificações da conduta
comuns nesse período. Muitas crianças e adolescentes passam a apresentar condutas
defensivas, às vezes intensificando determinados traços, às vezes se comportando de
modo diferente do habitual.
Esse sintomas tendem a atenuar-se ou a desaparecer, quando um novo equilíbrio
é alcançado na nova situação de vida. Passado o período de maior turbulência, na
maioria dos casos tudo entra nos eixos e se organiza dentro do novo contexto. Em
outras passagens da vida, exatamente o mesmo acontece. No princípio, tudo é
complicado, depois tudo se assenta. Pouco a pouco, a criança vai aprendendo a lidar
com situações por vezes insólitas que surgem até mesmo no contato com outras
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crianças. Há, inicialmente, estranheza ao ver pessoas mais velhas que se separam e
começam a tentar refazer a vida amorosa.
A adaptação à separação costuma ser mais fácil quando há a viabilidade de
preservar tanto quanto possível o tipo de vida ao qual a criança está habituada e no qual
se sente bem. Esses acontecimentos podem se dar também na vigência do casamento e
provocar o mesmo tipo de perturbações.
É difícil lidar com o sofrimento das crianças nas primeiras fases da separação.
Ainda mais porque, tantas vezes, a criança, em sua espontaneidade de expressão, é porta
voz das emoções dos pais.
A adaptação é mais prolongada quando os filhos têm uma relação boa e
agradável tanto com o pai quanto com a mãe. Nesses casos, a perda da convivência
diária com ambos é mais difícil de aceitar. No entanto, há situações em que o
relacionamento com um deles é cheio de conflitos, atritos, tensões, onde o filho é
exclusivamente cortado em interesses e atividades, controlado, cercado, perseguido.
Nesses casos, a perda da convivência diária é um grande alívio.
Também para as crianças, a reorganização da vida e dos sentimentos leva tempo.
É importante dar espaço e ouvidos para que tudo isso seja expresso, mesmo que a
realidade não possa ser modificada.
As datas importantes, principalmente por ocasião de festas familiares –
aniversário, Natal, Ano Novo – costumam reativar os sentimentos de perda e de saudade
pelo convívio perdido ou pelo rompimento dos sonhos de família unida.
Nas etapas iniciais de reorganização da vida, surgem muitas questões em meio
às mudanças. A vergonha e o constrangimento de ter pais separados levam algumas
crianças a passarem um tempo tentando ocultar o fato aos amigos: não dizem nada ou
inventam historias para justificar a ausência do pai em casa. Surge também o medo e o
constrangimento de tornar-se alvo de comentários. Em outro nível, o não dizer é a
expressão do desejo de que os pais mudem de idéia. Não contar, significa, também, a
tentativa de prolongar o faz-de-conta de que não houve separação. O evento que passa a
ser do conhecimento de outras pessoas aconteceu “de verdade” mesmo.
No período de adaptação à separação, crianças costumam apresentar sintomas
físicos, alterações de conduta e oscilações de humor.
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4. NEM SEMPRE A SEPARAÇÃO É TRAUMÁTICA
Nem sempre a separação é traumática para os filhos e nem causadora de
problemas eternos. Muitas vezes, pessoas que conseguem determinação e coragem
suficiente para se separarem quando os problemas e a convivência conjugal se tornam
insustentáveis podem gerar menos problemas nas crianças do que um casal que vive em
constante briga e continua levando esta situação a diante. Viver num clima de tensão
permanente, com opressão e mal-estar é pesado para todo mundo, inclusive para as
crianças. Por isso, a separação representa, em muitos casos, um alívio em vez de
trauma. Isso é evidente, não que dizer que não haja dor, nem perda.
Uma mesma situação de vida pode ser traumática para uma pessoa e não para
outra, como no caso da separação. Isso vai depender de cada pessoa: há pessoas mais
vulneráveis, sensíveis ou enfraquecidas que mais facilmente se traumatizam com
determinados eventos da vida, ou aqueles que vivem uma sucessão de situações difíceis
de serem digeridas, fazendo com que estas se acumulem e com que a pessoa não tenha
recursos para enfrentar tudo.
O contexto social tem repercussões importantes na conceituação de
“acontecimento traumático”. Já teve época em que quando a mãe trabalhava, fora, a
criança era considerada carente, traumatizada e abandonada, no entanto, mesmo a
criança tendo a presença física da mãe em casa o tempo todo, esta pode se tornar
carente, com sentimentos de abandono, pois não há a disponibilidade emocional. Por
outro lado, a mãe mesmo se ausentando, mas tendo uma boa ligação com a criança, esta
terá suas necessidades emocionais de segurança, proteção e amor satisfeitas.
O mesmo fenômeno tem acontecido no caso de filhos de pais separados. Na
época em que constituíam minoria absoluta, eram alvos fáceis de discriminação social.
Sofriam o mesmo tipo de pressão social que os filhos de pais não legalmente casados ou
filhos de mães solteiras. Esta situação de marginalização, a desaprovação do grupo
social contribuem para a vivencia traumática. A separação, em tal contexto, acarretava
perdas fundamentais nos relacionamentos sociais e nas oportunidades de vida. Sempre
se paga um preço alto por ser minoria, os filhos tendiam a sentir-se inferiores.
(Maldonado, 1995)
21
“No entanto, na medida em que a separação ganha um espaço social de
validação como alternativa de vida viável e até mesmo melhor que se arrastar
num casamento destrutivo, a situação traumática induzida pelo contexto social
tende diminuir”. (Maldonado, 1995, p. 177)
Para
homens
e
mulheres
que
decidem
assumir
publicamente
a
homossexualidade, após uniões heterossexuais, a pressão contrária continua sendo
muito forte. É muito delicada a questão de como e quando revelar a própria
homossexualidade. Por outro lado, a manutenção do segredo também é complicada,
uma vez que muitas coisas são captadas além e apesar das palavras.
Recompor famílias com um casal de homossexuais e seus respectivos filhos de
uniões anteriores ainda tem espaço social de validação, despertando discriminação,
críticas e marginalização fora do próprio grupo de apoio.
Muitas pessoas encaram a separação como causa de tudo de ruim que acontece
com as crianças. No entanto, muitas coisas que acontecem na relação com os filhos, no
período da separação, já vinha acontecendo antes: há a intensificação de algumas
tendências, o surgimento de outras e, sobretudo, a conscientização de antigas
dificuldades que surgem menos encobertas no novo contexto.
A tendência de colocar a separação como bode expiatório, responsável pelos
problemas e pela infelicidade das crianças, dificulta o entendimento de que é
insustentável o mito de que se podem criar filhos sem problemas, preservados de
conflitos e sofrimentos. Esse mito está profundamente ligado ao desejo dos pais de
darem aos filhos as coisas boas que tiveram ou tudo àquilo que os faltou. (Maldonado,
op. cit.)
Muitos sentem medo de se separar e acabar colocando os filhos numa situação
pela qual passaram ou detestariam passar. Há uma frustração e uma culpa presente em
muitos pais em relação à não ter dado aos filhos uma vida de convívio com um casal
feliz. Esses sentimentos de culpa geram em muitas pessoas, a necessidade de super
compensação: por acharem que não dão afeto e presença suficiente, não conseguem
dizer não aos filhos e dão tudo o que eles pedem: o dar-se é substituído por dar coisas
materiais. No entanto, há filhos que entram neste jogo e começam a pedir várias coisas
materiais, sendo que isto nunca atinge o ponto de satisfação.
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A separação é um processo longo e difícil que demanda tempo para ser
elaborado e para que se reorganize a vida de todas as pessoas envolvidas.
É importante examinar criticamente a imagem estigmatizada dos “filhos de pais
separados”. Dizer que a criança fica com o lado emocional perturbado pelo resto da vida
por ter os pais separados é um tremendo preconceito. Como qualquer outra passagem da
vida, a separação gera muitas mudanças, nem sempre traumáticas, acarretando infâncias
infelizes. É muito comum ver pais casados mantendo um relacionamento bastante
problemático com os filhos. Separar-se, em vez de manter um casamento destrutivo,
ajuda à melhora a situação dos filhos, inclusive pela possibilidade de refaz um projeto
de viver bem.
“O termo “lar partido” é muito bem designativo errôneo… O lar divorciado pode
muito bem ser inteiro e sadio, embora o casamento tenha terminado.” (Gettleman e
Markowitz, 1978)
A separação dos pais é um momento na vida da família que vai sendo elaborado
com o decorrer do tempo e com o manejo adequado. Muitas situações novas serão
encaradas a partir deste novo contexto familiar.
Numa família de vários filhos, observa-se reação nas fases inicial após a
separação. Algumas crianças tornam-se mais agressivas e irritadas, outras ficam mais
caladas, outras pioram nos estudos, e há quem acentue uma defesa de embotar os
sentidos e sentimentos para proteger-se do impacto de uma vida caótica e tumultuada.
Há crianças que querem obter o controle da situação recorrendo a ameaças, ordens e
manobras de poder. Os pais precisam poupar a criança da responsabilidade, da culpa e
do poder de decidir sobre algo tão importante. Cada criança vai encontrando a melhor
maneira dentro de suas possibilidades de se colocar no mundo, de demonstrar o tanto de
sensações diferentes que estão acontecendo frente a sua nova situação familiar.
A tendência do pensamento auto-referente da criança a faz imagina que ela é a
causa de tudo o que acontece. Muitas vezes elas sentem-se culpadas por serem a causa
de uma briga. O sentimentos de culpa onipotente na criança são reforçados algumas
vezes de forma indevida pelos pais.
A criança adquire uma dimensão muito grande de sua falta de poder e de
controle sobre a vida dos pais, após a separação. Pois não consegue juntar os pais de
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novo se eles não quiserem, por mais que deseje. A percepção dessa falta de poder é
frustrante e dolorosa, porém necessária ao crescimento e ao posicionamento realista no
mundo. Os pais podem ajudar nesse processo quando esclarecerem à criança que se
separaram porque tiveram alguns problemas grandes e não deu mais para continuarem
juntos.
“Com a separação, vem uma transformação e uma reorganização da vida
familiar. É importante que pais e filhos conversem claramente sobre o que está
acontecendo.” (Maldonado, 1995, p. 183)
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5. SINTONIA COM OS SENTIMENTOS
É de grande importância a sintonização com os sentimentos da criança, pois se
gera um espaço para que sejam expressos com clareza e é uma grande ajuda para digerir
situações difíceis. Não adianta “proteger” os filhos ocultando, mentindo ou proibindo de
falar das situações difíceis, isto faz com que se crie uma barreira de isolamento, que não
protege em nada o emocional da criança, fazendo com que esta fique às voltas com um
mundo de coisas que percebe, mas não tem com quem dividir.
A criança vivencia sentimentos intensos e variados em qualquer passagem da
vida, inclusive com a separação dos pais, como sentir raiva dos pais por terem se
separado, a ameaça de deixar de ser gostada ou de perder o que gosta, insegurança,
medo, alívio. É importante que ela tenha a oportunidade de ter alguém que possa ouvir
tudo isso. A criança dirá o que percebe se houver o clima de liberdade para expressarse. É importante dizer à criança se o que ela está percebendo é verdade ou não, e se não
for, esclarecê-la sobre o que está acontecendo.
Quando nos comunicamos com os filhos à linguagem dos sentimentos, estes
conseguem ampliar a sensibilidade para captar os próprios sentimentos e os dos outros,
aumentando o entendimento sobre o que se passa entre as pessoas. (Maldonado, 195)
Os sentimentos que perpassam a vida da criança durante a separação, como
tristeza, angústia e medo, podem surgir como sintomas físicos ou em alterações de
conduta quando não se escoam o suficiente pela expressão verbal. Os sintomas tendem a
diminuir, ou até desaparecer quando há oportunidade de colocar estes sentimentos em
palavras, compreendendo a linguagem dos sintomas.
Ao preparar os filhos para a separação é importante a clareza e a sinceridade.
Quando a criança, mesmo bem pequena, é oficialmente informada dos eventos
importantes da vida familiar e daquilo que a cerca, consegue reagir melhor à situação,
com menos confusão e dificuldade do que quando tem que se esforçar para decifrar
enigmas de comunicações obscuras, meias palavras, informações contraditórias,
mentiras, omissões e ambigüidades. (Maldonado, op. cit)
Muitas mentiras acabam por gerar desconfiança e dúvida nas crianças, como por
exemplo, quando a mãe diz que o pai foi viajar, mas na verdade, saiu de casa; estas
situações nada ajudam as crianças a enfrentar a situação.
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O essencial é que os filhos sejam avisados do que está se preparando no inicio
do processo e do que ficará decidido ao final do processo, mesmo quando se trata de
crianças pequenas. As crianças devem ouvir palavras claras acerca das decisões tomadas
por seus pais. O divórcio é tão honroso quanto o casamento. De outro modo, todo o
silencia feito em torno dele fica sendo, para as crianças, como se o divórcio fosse uma
“sujeita”, sob o pretexto de esse acontecimento ser acompanhado de sofrimento. (Dolto,
1989)
A criança deve ser verbalmente informada pelos pais, assumindo estes suas
dificuldades. Se os filhos estiverem a par da situação, não vivem num sonho conforme à
idealização da criança pequena, o do “papai-mamãe” estreitamente ligado, inseparável,
que representa a segurança dos pais. Além disso, é errôneo não informá-las, já que as
crianças são totalmente capazes de assumir a realidade que vivem. (Dolto, op. cit)
Muitos casais que decidem experimentar uma separação provisória enfrentam o
problema de como comunicar isso aos filhos, pois existe a possibilidade de
reconciliação. Com isso, a maioria começa mentindo para os filhos. Esta ambigüidade
aumenta a confusão e a desorientação: os filhos ficam perdidos, portando apenas os
próprios recursos, sem ajuda para montar um quebra-cabeça cuja imagem ainda não está
claramente formada. Quando não são devidamente esclarecidas sobre a transformação
pela qual estão passando, geralmente as crianças ficam agoniadas e confusas. Nesse
meio tempo, tentam juntar dados, fazer hipótese, formar um quadro inteligível a partir
dos retalhos das comunicações ociosas, não faladas, mas que existem e estão fora do seu
controle.
As diferenciações também são importantes, por exemplo, explicar à criança que
os pais vão se separar, e por isso morar em casas diferentes. O pai não vai deixar de ser
pai, e sim deixar de ser marido da mãe. Os esclarecimentos concretos são importantes,
principalmente para crianças pequenas. Dizer à criança, na medida do possível, o que
vai ficar igual e o que vai ser diferente na vida dela com a separação é importante na
organização dos seus novos pontos de referencia para ajudá-la a formar um novo chão.
A sensibilidade das crianças é capaz de captar muitos indícios de que o
casamento está terminando. As pessoas falam por condutas muito antes de exprimirem
verbalmente, alguns pais mal se falam dentro de casa, costumam discutir dentro do
quadro para que a criança não presencie, brigam com uma determinada freqüência. A
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criança, fala também de suas preocupações e percepções por meio de condutas e
sintomas: agressividade, fechamento, problemas de sono, etc.
A comunicação oficial costuma trazer um impacto inicial bastante forte,
ativando dor e culpa nos pais, embora ela seja imprescindível. Este primeiro momento
pode ser vivido como um choque, é como se tudo o que se mantinha de pé tivesse
desmoronado.
O conhecimento das circunstâncias da separação é, às vezes recebido com
decepção pelos filhos. Nos casos em que a mulher é quem expulsa o marido de casa, é
comum acontecer um jogo de culpa / acusação na criança por a mãe “ter feito” isto com
o pai. Quando uma situação como esta se cristaliza, muitas vezes a mãe sente-se como
devedora frente aos filhos. Isso estimula as crianças a ficarem cada vez mais vorazes
para que a mãe dê até o que não pode, intensificando o caos e a insubordinação na casa.
A mãe passa a ser explorada por condutas abusivas dos filhos, a partir do momento em
que dar presentes passa a ser sua prova de amor.
O momento em que a decisão da separação é falada pela primeira vez com os
filhos está longe de esgotar o assunto. Na verdade, a comunicação da separação é um
processo, mais do que um momento, da mesma forma que o término do casamento e a
decisão de separar-se não acontecem de um minuto para outro. O processo desenrola
gradativamente. O essencial é ficar atento aos comentários que as crianças fazem, nas
horas mais inesperadas, sobre o que captam da comunicação. Em síntese, na
comunicação “oficial” sobre a separação, os pontos fundamentais são: dizer com clareza
o que está acontecendo, possibilitar a expressão dos sentimentos da criança e dar a ela a
perspectiva mais concreta possível de como vai ser a vida dela depois da separação. A
criança se ajusta com mais facilidade a situações novas quando tem marcos concretos
como pontos de referencia. (Maldonado, 1995)
No entanto, muitas vezes o pai sai de casa de repente, deixando os filhos
confusos, com dificuldades de enfrentar a situação, por isso nem sempre é possível
preparar de antemão para a separação.
Às vezes, a separação acontece na gravidez ou então, quando o casal se separa
com um filho de poucos meses, que ainda não entende uma comunicação verbal. Mas o
bebê também tem a sensibilidade para sentir as mudanças significativas e reagem por
meio de alterações de conduta, como ficar agitado nas horas de dormir e de comer,
aumento do choro, etc. Com crianças muito pequenas, até em torno de um ano, a
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comunicação da separação é rudimentar, diferente das crianças maiores que já dispõem
do canal verbal para se expressarem e entender o que se passa ao seu redor. Ela vai
crescer sem ter muita noção de pai e mãe vivendo juntos e a separação vai ser digerida e
comunicada assim que a criança começar a ter acesso a verbalização. A criança poderá
entender com mais facilidade as diferentes formas de organização familiar, aprendendo
a encarar a separação como um acontecimento e não necessariamente como uma
tragédia.
Mas, mesmo quando acontece na época em que a criança ainda é bebê, digerir a
separação é um longo processo. Quando vai surgindo a consciência da separação,
acontecem momentos de tristeza pela constatação de que não é possível reunir pai e
mãe. Falar diretamente sobre os sentimentos ajuda a criança a entendê-los e a se sentir
entendida. (Maldonado, op. cit.)
Muitas vezes, a separação já é esperada pelos filhos que há muito percebem a
situação ruim do casal. Para alguns filhos, a notícia da separação é não apenas esperada
como também bem-vinda, especialmente quando vivem sob uma atmosfera opressora e
tensa com os pais casados e vislumbram uma perspectiva de vida mais tranqüila
morando longe do pai e/ou da mãe. O reconhecimento da dificuldade da separação vem
junto com a percepção da dificuldade de ver mantido o casamento. Com o passar do
tempo, a maioria das crianças reconhece a validade do término de um casamento ruim.
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6. A GESTALT-TERAPIA NO ENTENDIMENTO DO CONTEXTO DA
CRIANÇA E DA FAMÍLIA
Considerando a perspectiva da Gestalt-Terapia, o ser humano é um eterno devir,
ou seja, vai se construindo e construindo sua relação com o outro na vivencia, na
experiência do cotidiano. Ainda que se faça planos, trace metas, não há garantia de que
os planos ocorram exatamente como teorizados, possivelmente não acontecerão
exatamente como idealizados. A todo o momento se está mudando de idéia, se está
mudando de sentimento, tanto em relação a si próprio quanto em relação aos outros e
isto acontece na relação com o outro, já que o ser humano é especialmente passível de
transformação.
O senso que a criança possui como parte do mundo tem como referencia seu
sistema familiar, portanto, seu modo de funcionamento afeta o progresso de
desenvolvimento da criança, fazendo com esta se adeqüe da sua melhor forma a
situação ao qual está passando em cada momento da vida.
Uma desestruturação familiar pode fazer com que uma criança se cristalize nesta
situação e desenvolva sintomas que expressem a maneira pela qual ela está suportando a
situação.
A saúde é uma resultante do individuo ser capaz de realizar ajustamentos
criativos em relação ao meio, no entanto, quando estes ajustamentos se cristalizam
assumindo forma crônica de reação, uma função básica do organismo, a auto-regulação
se distorce, deixando de ter um funcionamento saudável. A Gestalt-Terapia se
fundamenta na relação dialógica. Entende-se por dialógico o contexto relacional total
em que a singularidade de cada pessoa é valorizada; são enfatizadas as relações diretas,
mútuas e abertas entre as pessoas.
Na psicoterapia com crianças, a abordagem gestáltica oferece uma possibilidade
de reorientar as funções de contato (ver, ouvir, sentir, falar…) de forma a apoiar seu
desenvolvimento de uma forma mais organísmica, isto é, orientado pelas reais
necessidades de seu organismo como um todo, em lugar de uma orientação baseada nas
introjeções recebidas familiar e socialmente, onde rótulos tais como: “é uma criança
agressiva”; “não gosta de estudar”; “é muito tímido” entre outros criam uma condição
que distorce a imagem da criança diante de si mesma e em seu ambiente, cristalizando
muitas vezes atitudes que fixam os problemas, em vez de resolvê-los.
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As crianças fazem o que podem para ir em frente, para sobreviver a uma
situação difícil. A investida das crianças é em direção ao crescimento. Em face de
ausência ou interrupção no funcionamento natural, elas adotam algum comportamento
que parece servir para fazê-las avançar. Elas poderão agir de modo agressivo, hostil,
irado, hiperativo. Poderão se recolher para mundos de sua própria criação. Poderão falar
o mínimo possível, ou talvez nada. Poderão vir a ter medo de todo o mundo e de tudo,
ou de alguma coisa em particular que afeta a sua vida e a todos com ela envolvidos.
Poderão se tornar exageradamente solícitas e “boazinhas”. Poderão se apegar de forma
irritante aos adultos em suas vidas. Poderão ter asma, alergias, dores de barriga e de
cabeça. Não há limites para o que a criança pode fazer na tentativa de atender as suas
necessidades. (Oaklander, 1980)
O papel do gestalt terapeuta é ajudar as crianças a se sentirem fortes dentro de si
próprias, ajudá-las a ver o mundo à sua volta tal como realmente é. As crianças assim
como os adultos têm escolhas quanto à forma de seu viver no mundo, e como reagirão a
ele, como o manipularão.
Através do uso da fantasia de forma focalizada no presente, a criança pode
brincar de ser isto ou aquilo, que pensa ou dizem sobre ela, de forma a se apropriar
conscientemente e escolher novas condutas, atualizando-se em relação às suas próprias
necessidades.
O brincar é muito importante para a criança, pois a ajuda a experimentar seu
mundo e aprender mais sobre o mesmo trata-se de algo essencial para o
desenvolvimento sadio. É a forma de autoterapia da criança, por meio da qual
confusões, ansiedades, conflitos são muitas vezes elaborado. Também serve como
linguagem para a criança – um simbolismo que substitui as palavras. A criança
experiência na vida muita coisa que ainda é incapaz de expressar verbalmente, e deste
modo utiliza a brincadeira para formular e assimilar aquilo que experiência.
Com a separação dos pais, surgem muitos medos nas crianças, elas têm muito
mais medo do que percebemos. Para cada temor que expressam abertamente existem
muitos que elas mantêm só para si. Os pais gastam muita energia explicando e
desconsiderando os temores das crianças, em vez de aceitar os sentimentos da mesma.
As crianças aprendem a empurrar seus temores bem para baixo, para agradar os pais, ou
então para assustá-los com seus medos. As crianças têm necessidade de falar sobre esses
temores. Alguns deles são resultado de idéias falsas, outros se baseiam me situações
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reais. Todos os medos da criança precisam ser reconhecidos, aceitos, respeitados. Só
quando eles puderem ser encarados abertamente é que a criança poderá ganhar para
lidar com um mundo que às vezes lhe é ameaçador. (Oaklander, op. cit.)
A separação é um tipo de acontecimento que provoca um turbilhão de
sentimentos emoções às crianças. Geralmente a ajuda é necessária para elaborar
sentimentos resultantes, que são oprimentes, ou que podem estar soterrados causando
problemas indiretos. Com freqüência a criança não é capaz de exprimir aos pais aquilo
que sente porque também estes podem esta aborrecidos com a situação; nestas
circunstâncias é a criança que se sente protegendo os pais: não deseja causar-lhes mais
pesar e infelicidade. Se os pais são capazes de confrontar abertamente os seus próprios
sentimentos, a criança tem mais facilidade para ser aberta com seus próprios
sentimentos e confusões.
As crianças cujos sentimentos não são ouvidos e reconhecidos sentem-se
sozinhas. Seus sentimentos são a sua própria essência, seu próprio ser, e se tais
sentimentos são rejeitados, a criança sente-se rejeitada.
A criança precisa experimentar exprimir a sua raiva, seus ressentimentos e suas
exigências. Quanto mais direta a criança conseguir ser com seus sentimentos de raiva,
menos culpa restará para enfraquecê-la e imobilizá-la.
Os pais precisam começar a aprender a dar mensagens claras ao filho, bem como
reconhecê-lo e respeitá-lo como individuo separado, único, com seus próprios direitos e
valores. Isto promoverá os sentimentos de autovalorização e auto-sustentação da
criança, fortalecendo suas habilidades e capacidades de contatos. À medida que os pais
se tornam capazes de ver o filho em sua própria particularidade e individualidade, ele se
torna capaz de aguçar suas próprias habilidades de experienciar seu ambiente e lidar
com o mesmo. (Oaklander, op. cit.)
Para a Gestalt-terapia uma pessoa funciona como um todo, onde alguns
comportamentos, idéias ou sentimentos, podem representar aspectos disfuncionais ou
desatualizados em relação ao todo, inibindo a auto-regulação e a capacidade criativa do
organismo.
O contato sempre surge da relação pessoa/ ambiente. O estudo do modo como o
ser humano funciona em seu ambiente é aquele que acontece na fronteira de contato
entre o indivíduo e seu ambiente. (Perls, 1973)
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A abordagem Gestaltica acredita que a base de nossa existência é relacional ou
dialógica. Isso não significa deixar a singularidade de lado. Muito pelo contrario, uma
abordagem dialógica consagra a singularidade do individuo dentro do contexto
relacional Nossa singularidade emerge me relação à dos outros. Reconhece que uma das
tensões mais fundamentais da existência humana é a tensão entre nossa natureza
relacional e nossa singularidade. (Hycner e Jacobs, 1997)
Quando o contexto familiar é alterado drasticamente, todos os membros passam
por dificuldades em se adaptar a nova situação, e isto exige da família uma
reorganização nas formas de transação, a fim de estabelecer novo equilíbrio que garanta
a sobrevivência da família.
A estabilidade ou equilíbrio do sistema familiar neste momento não significa
apenas um modo de interação que permite a sobrevivência da família. Mas a família
pode também se equilibrar em torno de padrões disfuncionais.
Nunca podemos dizer que uma família não pode se reconstruir, pois a nossa
realidade é inacabada, e aberta, mudanças sempre acontecem. Muitas vezes, as
vivências como o sofrimento, a culpa, as angústias são trampolins para a busca de uma
vida melhor. O homem não é um estado mas um ato; é algo dinâmico que se cria a si
continuamente, que luta por si e que dá a si sua própria forma.
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7. CONCLUSÃO
É imprescindível não dar ao nascimento da criança somente um existir, mas
aprender a dar-lhe a vida.
O homem ao nascer já entra numa história, recebem uma bagagem composta de
valores, expectativas, comportamentos, etc. assim, no decorrer do seu desenvolvimento
no contexto familiar e social, aprende a se relacionar e vai estabelecendo contato através
da internações constantes com os diversos membros.
É importante para uma criança a segurança que o seu espaço próprio lhe dá, os
seus pontos de referência, o seu quarto, a sua casa, o seu lar. A família vem sofrendo
transformações em sua estrutura, no qual a hierarquia se confunde e as fronteiras e
valores ficam nebulosos com tantos cruzamentos de papeis de seus diversos membros.
O casal, ao se decidir pela separação, deveria ter em mente que os filhos
continuam sendo seus filhos, que haverá sempre uma responsabilidade adulta e
permanente, e que a forma como eles tratam esta ruptura familiar pode acarretar
modificações na vida da criança. No processo de separação, a criança tem o direito de
ser informada a respeito do que ocorrerá com ela, mesmo quando pequena.
Quando as crianças perdem os principais referenciais pai e mãe, e a desordem
reina em suas mentes confusas, podem surgir depressões e grandes dificuldades. Apesar
de tudo isso, uma família onde os pais são separados, pode proporcionar um ambiente
muito mais saudável para a formação das crianças, do que uma família em guerras
conflituosas, constantemente atormentada pelas desavenças do casal.
Evidentemente, quando os pais conseguem separa-se mantendo preservados os
bons aspectos do vínculo, é menor o impacto da separação nos filhos, inclusive por
continuar havendo a possibilidade de compartilhar a educação e o desenvolvimento da
criança. Os filhos podem continuar recebendo carinho, assistência e proteção do pai e
mãe, mesmo que estes estejam vivendo separados. É importante que os filhos sintam
que há lugar para eles na casa e na vida do pai e da mãe, antes e depois da separação.
Esse é o clima que mais favorece um reajuste saudável pós-separação. Por outro lado, a
permanência de guerra e conflitos e a falta de estabilidade de quem fica com os filhos
são os fatores que mais contribuem para as dificuldades emocionais das crianças. Para
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algumas pessoas, é difícil entender que a relação conjugal terminou, mas a função
paternal permanece.
O contexto básico de uma criança, é a sua família. A família e o individuo é
compreendida como dois sistemas em constante interação. Os males do individuo não
podem ser separados do âmbito social que o cria e onde vive, não podemos rotular um
individuo de sadio ou doente separadamente de seu meio cultural.
Na abordagem do sintoma, o individuo seria apenas uma parte de um contexto
de interação e seu comportamento assumiria um significado especifico naquele
contexto, referindo-se não só a ele, mas também às relações.
Para a Abordagem Gestáltica, a preocupação predominante é com a pessoa como um
todo, não se detendo apenas em determinado aspecto. É importante compreender a
pessoa em sua totalidade, ou seja, em seu contexto.
Enfim, a separação, é como um grande furacão que coloca tudo de perna para o
ar, mas que dá a chance de reconstruir novos modos de ser, de se relacionar a cada um
dos sobreviventes, de realizar-se de um modo diferente.
O ser humano está em um contínuo processo de mudança. Tudo muda a todo
instante.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BRITO, Leila Maria Torraca. Separando: um estudo sobre a atuação do psicólogo
nas varas de família. 3 ed. Rio de Janeiro: Relume Dumará, UERJ,1993
Cadernos IPUB: Família, Redes Sociais e Práticas Terapêuticas. n.º 16(1999), - Rio
de Janeiro: UERJ
CALIL, Vera Lúcia Lamano. Terapia Familiar e de Casal. São Paulo: Summus, 1987.
DOLTO, Françoise. Quando os pais se separam. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1989.
GAIARSA, José Ângelo. A Família do que se fala e a família do que se sofre. São
Paulo: Agora, 1986.
GARDNER, R. Casais separados: a relação entre pais e filhos. Lisboa: Martins
Fontes, 1977.
HYCNER, Richard; JACOBS, Lynne. Relação e Cura em Gestalt-Terapia. São
Paulo: Summus, 1977.
MALDONADO, Maria Tereza. Vida em Família: Conversas entre Pais e Jovens. São
Paulo: Saraiva, 1996.
OAKLANDER, Violet. Descobrindo crianças: abordagem gestáltica com crianças e
adolescentes. São Paulo: Summus, 1980.
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