UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
GINÁSTICA LABORAL
Por: Vera Lucia de Macedo Blanc
Orientador
Prof. Vilson Sérgio Carvalho
Rio de Janeiro, 01 de Outubro de 2004
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
GINÁSTICA LABORAL
Apresentação de monografia à Universidade Candido
Mendes como condição prévia para a conclusão do Curso
de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Gestão de Recursos
Humanos.
Por: Vera Lucia de Macedo Blanc.
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AGRADECIMENTOS
Ao meu marido, meu filho e minha quase filha
que compreenderam e apoiaram a minha
ausência nos dias de terça-feira.
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DEDICATÓRIA
Dedico essa monografia a mim mesma, pela
percepção em buscar esse conhecimento e a
coragem de enfrentar mais um desafio.
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RESUMO
A Ginástica Laboral visa a promoção da saúde e a melhoria
trabalho, contribuindo diretamente para o desenvolvimento
das condições de
do
relacionamento
interpessoal, para a redução o número de acidentes de trabalho, para a redução do
absenteísmo e culminando no conseqüente aumento da produtividade,
com
qualidade.
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METODOLOGIA
Esta monografia procura atender às necessidades coletivas, em primeiro lugar, para
beneficiar a maioria dos trabalhadores. No entanto, prova-se com sua leitura que a
empresa também é beneficiada, pois, adotando um programa de Ginástica Laboral,
terá em seus quadros indivíduos com maior disposição, motivados e com menores
riscos de serem acometidos de doenças ocupacionais ou de estresse.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
08
CAPÍTULO I
10
Conhecimento da Ginástica Laboral
CAPÍTULO II
14
Doenças Ocupacionais – L.E.R./D.O.R.T
CAPÍTULO III
28
Educação Postural na Organização
CONCLUSÃO
38
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
39
7
INTRODUÇÃO
Atualmente, num país como o nosso, infelizmente as questões relacionadas com a
adequação econômica dos ambientes de trabalho ainda estão longe de ser realidade.
Apenas algumas empresas e instituições estão preocupadas em oferecer a seus
colaboradores condições ideais, não se preocupando com o investimento inicial, mas
apenas com o que elas poderão representar de economia para a empresa.
A ginástica laboral, que visa a promoção da saúde e melhora das condições de
trabalho, além da preparação biopsicossocial dos participantes, contribui direta ou
indiretamente para a melhoria do relacionamento interpessoal, sem falar na redução
dos acidentes de trabalho, na redução do absenteísmo e, conseqüentemente, no
aumento da produtividade com qualidade.
Então, uma alternativa mais econômica, bastante eficiente e menos traumática, será a
de implantar Programas de Ginástica Laboral com o intuito de melhorar a qualidade
de vida dos funcionários da empresa.
Desenvolver uma elaborada política de benefícios sociais tais como atividades lúdicas
durante a ginástica, bem como proporcionar ao trabalhador aquecimento muscular,
despertando-o para o trabalho; aliviar as tensões fortalecendo os músculos. Com
isso, estaremos oferecendo aos funcionários, incentivo à prática de atividade física,
motivação, prevenção de doenças, principalmente L.E.R./D.O.R.T., e para a empresa
o retorno será satisfatório devido à diminuição de afastamento por doenças
ocupacionais.
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Assim sendo, no primeiro capítulo, procurei mostrar a origem da ginástica laboral e
um pouco da sua história e o seu significado, relacionando os benefícios que a
ginástica laboral proporciona aos funcionários e para empresa. Cito também os 2
tipos de ginástica laboral: a preparatória e a compensatória.
No segundo capítulo, evidenciei as doenças ocupacionais L.E.R./D.O.R.T. ,
mostrando o conceito as causas e conseqüências, através das suas formas clínicas,
os seus tratamentos, os estágios .
Concluindo esse capítulo, demonstrando a importância da ginástica laboral na
prevenção da L.E.R./D.O.R.T.
Finalmente o trabalho conclui que a ginástica laboral atualmente é extremamente
necessária para melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores em todos os
aspectos, passando primeiro pela apresentação de um projeto organizacional, em
seguida as pesquisas que mostram a adesão da ginástica laboral nas organizações e
por último, alguns dos exercícios que são utilizados durante a ginástica laboral.
CAPÍTULO I
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CONHECIMENTOS GINÁSTICA LABORAL
1.1 Conceito
Na atualidade, o mercado, ao mesmo tempo, que expõem os indivíduos a níveis
elevados de tensão e estresse, têm voltado suas discussões para programas de
qualidade de vida e prevenção de doenças. Essas discussões tornam-se ainda mais
evidentes e necessárias, à medida que são observadas: a influência positiva e os
diversos benefícios do investimento na saúde e qualidade de vida do profissional
(funcionário)
junto
aos
objetivos
de
crescimento
da
empresa,
garantindo,
conseqüentemente, qualidade em prestação de serviços e produtos, bem como no
processo
de
produção
e
execução
de
serviços.
Para melhor esclarecimento, nada mais é do que a combinação de algumas
atividades físicas que tem como característica comum, melhorar, sob o aspecto
fisiológico, a condição física do indivíduo em seu trabalho. Assim, a ginástica laboral é
constituída de atividades físicas que são elaboradas sobre as várias estruturas
osteomusculoligamentares dos trabalhadores.
A Ginástica Laboral é mais uma ferramenta disponível dentro da ergonomia
desenvolvida em uma empresa, no sentido de prevenir as doenças ocupacionais,
contribuindo para melhoria da qualidade de vida dos funcionários. Hoje, produzir mais
e melhor, sem desenvolver danos à saúde dos trabalhadores, não se trata de uma
utopia. Se tomarmos como exemplo os modelos de empresas estrangeiras, é cada
vez maior o número de adeptos que descobrem, nos Programas de Ginástica Laboral,
um meio eficaz e saudável de reduzir os casos dessas doenças ocupacionais.
10
A Ginástica Laboral analisa a importância da reeducação postural, alívio do estresse
e método de Ginástica laboral no local de trabalho com finalidade de valorizar a
prática das atividades física como instrumento de promoção de saúde e prevenção de
lesões como LER (Lesões por Esforços Repetitivos) e DORT (Distúrbios
Osteomusculares Relacionados ao Trabalho). A Ginástica Laboral trata-se de um
conjunto de práticas elaboradas a partir da atividade profissional exercida. A técnica
procura compensar as estruturas do corpo mais utilizadas durante o trabalho e ativar
as que não são requeridas, relaxando e as tonificando.
A ginástica laboral, que visa a promoção da saúde e melhora das condições de
trabalho, além da preparação bio/psico/social dos participantes, contribui direta ou
indiretamente para a melhoria do relacionamento interpessoal, sem falar na redução
dos acidentes de trabalho, e na redução de lesões por esforços repetitivos e
conseqüentemente proporcionando aumento da produtividade com qualidade.
A ginástica laboral é praticada com intervalos de cinco a dez minutos diários. O
programa de atividade deve ser desenvolvido após uma avaliação criteriosa do
ambiente de trabalho e de cada funcionários em particular, respeitando a realidade da
empresa e as condições disponíveis.
Existem dois tipos de Ginástica Laboral: a Preparatória e a Compensatória.
-
A Ginástica Preparatória é realizada antes ou logo nas primeiras horas do
início do trabalho. Na maioria das vezes não é possível implantar em todos os setores
antes de iniciar a jornada, mas logo no seu início e isso não descaracteriza como
preparatória. Ela é constituída de aquecimentos e/ou alongamentos específicos para
determinadas estruturas exigidas. O objetivo é aumentar a circulação sanguínea,
lubrificar e aumentar a viscosidade das articulações e tendões. Geralmente tem
duração de 5 a 10 minutos.
-
A Ginástica Compensatória é realizada no meio da jornada de trabalho, como
uma pausa ativa para executar exercícios específicos: de compensação. Praticada
junto às máquinas, mesas do escritório e eventualmente no refeitório ou em espaço
livre, utilizando exercícios de descontração muscular e relaxamento, visando diminuir
a fadiga e prevenir as enfermidades profissionais crônicas.
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1.2 História
Os primeiros registros da prática de Ginástica Laboral são de 1925. Neste ano, na
Polônia, operários se exercitavam com uma pausa adaptada a cada ocupação
particular. Alguns anos depois esta ginástica foi introduzida na Holanda e na Rússia.
No início da década de 60, ela começou a ser praticada na Alemanha, Suécia,
Bélgica e Japão. Os Estados Unidos adotaram a Ginástica Laboral em 1968. Os
norte-americanos criaram a International Management Review, uma das mais
significativas avaliações sobre a saúde do trabalhador pelo exercício físico. Ainda
nessa época, a NASA, a agência espacial dos Estados Unidos, envolveu 259
voluntários numa pesquisa, que obteve resultados significativos.
No Brasil, as primeiras manifestações de atividades físicas entre funcionários foram
registradas em 1901, mas a Ginástica Laboral teve sua proposta inicial publicada em
1973. Algumas empresas começaram a investir em empreendimentos com opções
de lazer e esporte para os seus funcionários, como a Fábrica de Tecido Bangu, a
pioneira e o Banco do Brasil, com a posterior criação da Associação Atlética do Banco
do Brasil (AABB).
Já no início da década de 70, a Federação de Estabelecimento de Ensino Superior
(FEEVALE), em Novo Hamburgo (RS), através da Escola de Educação Física,
publicou uma proposta de exercícios baseados em análise biomecânicas, Educação
Física Compensatória e recreação.
Em 1979, a mesma entidade, em convênio com o SESI (Serviço Social da Indústria),
elaborou e executou o projeto de Ginástica Laboral. Em 1999, a Escola de Educação
Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul criou o curso que visa preparar
alunos e profissionais para esta área de atuação.
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1.3 Benefícios
Benefícios à Saúde:
- Diminuição na fadiga muscular;
- Melhora da condição física geral, social (melhora nos relacionamentos interpessoais
no ambiente de trabalho;
- Correção nos vícios posturais;
- Melhora na disposição do trabalhador ao iniciar e ao retornar ao trabalho;
- Diminuição de patologias e casos de L.E.R /D.O.R.T.
- Redução nos níveis de estresse e tensão geral
Benefícios e Retornos a Empresa:
- Diminuição no número de acidentes de trabalho;
- Redução nos gastos com serviços médicos;
- Diminuição de faltas ao trabalho por motivo de doenças;
- Diminuição na rotatividade de funções favorecendo a especialização;
- Aumento na produção e lucro das empresas;
- Aumento de satisfação do empregado no ambiente de trabalho.
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CAPÍTULO II
DOENÇAS OCUPACIONAIS – L.E.R./D.O.R.T.
2.1 Conceito, Causas e Consequências.
D.O.R.T. – Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho, que se constituem
em doenças ocupacionais que estão relacionadas a lesões por traumas cumulativos.
É o resultado de uma descompensação entre capacidade de movimentação da
musculatura e a execução de esforços rápidos e constantes.
L.E.R. – Lesões por Esforços Repetitivos é o nome dado por especialistas a sintomas
dolorosos que acometem tendões, músculos, nervos, ligamentos e outras estruturas
responsáveis pelos movimentos de membros superiores e inferiores (Extra
L.E.R./D.O.R.T. SNI – SESI).
As lesões por Esforços Repetitivos (L.E.R.) já são considerados doenças epidêmicas
no Brasil, país este que tem registrado uma média de 30 mil casos/ano. A epidemia,
mais do que um problema de saúde, implica um grande desperdício de capacidades
produtivas e, portanto, representa um enorme prejuízo para as empresas.
Segundo a Organização Internacional do Trabalho - O.I.T., os países arcam
com custos médios equivalentes a 4% de seus P.I.B. a cada ano, em decorrência de
acidentes, tratamento de doenças, lesões e incapacidade relacionada ao trabalho
(ANDRADE, 2000).
Partindo desse pressuposto, parece evidente que as empresas terão que se
preocupar com programas de prevenção de doenças ocupacionais. Baseado nesse
fato, ANDRADE (1998) relata que estima-se que 60% dos afastamentos de
trabalhadores são decorrência de (L.E.R.) , o que as torna, portanto, uma
preocupação por parte dos funcionários e um desafio para as empresas.
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Partindo do mesmo raciocínio, BERTELLI (1997) confirmam que as lesões por
esforços repetitivos respondem por cerca de 75% de comunicados de acidentes de
trabalho.
2.2 Formas Clinícas – L.E.R/D.O R.T
TENDINITES
Inflamação do tecido próprio dos tendões, com ou sem degeneração de suas
fibras.
Termo de ampla abrangência, aplicável a todo e qualquer processo inflamatório
dos tendões, em qualquer local do corpo. Devem vir acompanhados de especificação
que determina os locais envolvidos e sua etiologia.
São mais comuns em digitadores e trabalhadores de diversas funções.
CISTOS SINOVIAIS
São decorrentes de degeneração mixóide de tecido sinovial, podendo aparecer
em
articulações,
circunscritas,
tendões,
únicas
ou
polias
de ligamentos.
múltiplas,
geralmente
São tumorações
indolores,
císticas,
localizando-se
freqüentemente no dorso do punho.
Encontram-se com mais freqüências em digitadores: bancários, caixas de
supermercados, costureiras de artefatos de couro.
EPICONDILITES
São provocadas por ruptura ou estiramento dos pontos de inserção dos
músculos flexores ou extensores do carpo no cotovelo, ocasionando processo
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inflamatório local que atinge tendões, fáscias musculares, músculos e tecidos
sinoviais. Na epicondilite medial pode haver comprometimento do nervo ulnar,
enquanto que na epicondilite lateral pode haver comprometimento do nervo radial. Em
ambos os casos o comprometimento é devido à proximidade dos citados nervos aos
epicôndilos.
Pode-se manifestar em trabalhadores como: caixa de banco e supermercados,
empacotadores, descamadores em frigorífico e costureiras em geral.
BURSITES
De localização mais importante nos ombros, podendo também com freqüência
acometer os cotovelos, quadris, joelhos e os pés. São decorrentes de processos
inflamatórios que acometem as bolsas, pequenas bolsas de paredes finas,
constituídas de fibras colágenas e revestidas de membrana sinovial, encontradas em
regiões onde os tecidos são submetidos à fricção, geralmente próximas a inserções
tendinosas
e
articulares.
Quadro
clínico:
dores
importantes
nos
ombros,
principalmente para realizar certos movimentos como abdução, rotação externa e
elevação dos membros superiores. Quanto não tratadas, pode haver irradiação para
região escapular dos braços, provocando incapacidade funcional muito grave, e
evoluindo até o chamado “ombro congelado”.
Encontram-se com mais freqüência em descamadores em frigorífico,
empacotadores, auxiliar de produção em fábrica de calçados e cortadores de tecidos
e couro.
TENDINITE DO SUPRA-ESPINHOSO E BICIPTAL
As tendinites da bainha dos músculos rotadores, especialmente do tendão
supra-espinhoso e as tendinites do tendão biciptal, formam a grande maioria das
incapacidades dos tecidos moles em torno da articulação do ombro e são importantes
fatores etiológicos na rotura desses tendões. Quadro clínico: varia desde sensações
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de peso até dor local. A dor pode ser muito incômoda e é exacerbada por movimento.
A dor se localiza próxima à pequena tuberosidade do úmero e à face anterior do
braço, podendo, nos casos mais graves, irradiar-se para todo o membro superior.
Pode-se
manifestar
em
transportadores
de
cargas
elevadas
como:
carregadores de caminhões, auxiliar de produção na construção civil, cortadores de
cana, couro, tecidos, entre outros.
TENOSSINOVITE DE QUERVAIN
É decorrente de espaçamento do ligamento anular do carpo no primeiro
compartimento dos extensores, por onde trafegam dois tendões: o longo abdutor e o
curto extensor polegar. Evolui com processo inflamatório local que, com o tempo,
atinge os tecidos sinoviais peritendinosos e tecidos próprios dos tendões.
Encontra-se com freqüência em trabalhadores que usam movimentos de força
e repetição, ferramentas retas como: alicates, chaves etc Quadro clínico: dor
localizada ao nível da apófise estilóide do rádio, acompanhada de fenômenos
inflamatórios. Pode irradiar-se para o polegar e acentuar-se com os movimentos dos
mesmos. A dor geralmente é de aparecimento insidioso, com impotência funcional do
polegar, ou até mesmo do punho, acompanhando-se, algumas vezes, de crepitação
nos movimentos do polegar. A dor pode se irradiar para o antebraço, cotovelo e
ombros, apresentando algumas vezes alterações de sensibilidade do território de
inervação do ramo superficial do radial, por sua proximidade com o primeiro
compartimento dos extensores, além de perda de força.
DEDO EM GATILHO
Impossibilidade de estender o dedo após ma flexão máxima.
Quando o
paciente tenta estender o dedo, forçando contra o obstáculo, sente-se um ressalto e
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do dedo pode ser estendido novamente. É decorrente de constrição doa polia dos
flexores que dificulta a passagem desses tendões, provocando reação inflamatória
local. Com o passar do tempo, o processo inflamatório atinge o tecido sinovial
perindinoso e tecidos próprios dos flexores, e, neste caso, a sinovite e tendinite
podem ser conseqüentes a fascite.
Pode-se manifestar em trabalhadores que usam movimentos repetitivos com
as mãos em forma de pinça, como: riscadores, escriturários e dentistas.
CONTRATURA OU MOLÉSTIA DE DUPUYTREN
Fascite palmar fibrosante que, com a evolução, forma verdadeiros cordões
palmares em direção aos dedos, impedindo a extensão normal dos dedos
acometidos. É mais freqüentemente observada nos anulares, mínimos, médios,
indicadores e, por último, em polegares.
É mais comum em trabalhadores que usam movimentos repetitivos com as
mãos como: digitadores, escriturários, telefonistas e mecânicos, entre outros.
SÍNDROME DO TÚNEL DO CARPO
Decorrente da compressão do nervo mediano ao nível do carpo, pelo ligamento
anular do carpo, que se apresenta muito espessado e enrijecido, por fascilite desse
ligamento. Devido ao estreitamento do espaço ao nível do túnel do carpo há maior
resistência ao livre trânsito dos flexores dos dedos que por ali trafegam, com
conseqüente aumento do atrito entre tendões e ligamentos e desenvolvimentos da
tenossinovite e tendinites. Quadro clínico: dor, parestesia e impotência funcional, que
atinge primordialmente a face palmar dos 1º, 2º e 3º dedos da região tênar,
principalmente do oponente do polegar.
É mais freqüente em trabalhadores que usam movimentos repetitivos com as
mãos como: digitadores (bancários), escriturários, telefonistas e mecânicos.
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SÍNDROME DO CANAL DE GUYON
Mais rara que síndrome do túnel do carpo, é a ela equivalente, porém atingindo
o nervo ulnar, quando ele passa através do canal de Guyon ou Túnel em torno do
osso pisiforme. Quadro clínico: dor, parestesia, impotência funcional, “garra ulnar”,
podendo provocar hipotrofia dos músculos interósseos lumbricais da mão atingida.
É mais freqüente em trabalhadores que usam movimentos repetitivos com as
mãos como: digitadores, escriturários, telefonistas, mecânicos etc.
SÍNDROME DO PRONADOR REDONDO
Ocorre pela compressão do nervo mediano abaixo da prega do cotovelo. Essa
compressão pode acontecer entre os dois ramos musculares do pronador redondo,
ou da fáscia do bíceps, ou na arcada dos flexores dos dedos. Quadro clínico: dor na
região proximal do antebraço e nos três primeiros dedos, um enfraquecimento da
oponência do polegar e dos dedos flexores do três primeiros dedos, além de dor
quando se prona o antebraço com punho firmemente cerrado e contra resistência.
Pode haver comprometimento sensitivo da eminência tênar. O quadro pode surgir
quando há movimentos repetitivos e de força para pronasupinação e também para
hipertrofia muscular do antebraço.
Pode-se manifestar em trabalhadores que utilizam chave, alicate, martelo, faca
como: mecânicos, auxiliar de produção de frigorífico e curtume.
SÍNDROME DA TENSÃO DO PESCOÇO (mialgia tensional)
A etiologia ainda é controvertida. A teoria proposta para o mecanismo
patogenético dessa doença é a fadiga muscular localizada, devido à estática e
sistemática contração. O processo básico que tem sido proposto é o da acumulação
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de produtos finais metabólicos nos músculos ou suprimento insuficiente de oxigênio.
Quadro clínico: sintomas subjetivos: dor no pescoço, rigidez muscular no pescoço,
cefaléia, fraqueza muscular e parestesia. Sintomas objetivos: hipotonia muscular,
tensão no pescoço, limitação à movimentação, lordose e ombros caídos.
Pode-se manifestar em trabalhadores que ficam muito tempo na mesma
posição como: escriturário, balconista, telefonista, cobradores de ônibus, motoristas
etc.
SÍNDROME CERVICAL
É devida à degeneração do disco cervical e se desenvolve a partir de uma
combinação de hereditariedade constitucional e causas ambientais, existindo
alterações do forame intervertebral ou do canal espinhal ou artérias vertebrais,
ocasionando a sintomatologia clínica. A incidência dessas alterações é alta nos
adultos jovens, após trinta anos. Quadro clínico: sintomas objetivos: hipoestesia,
franqueza muscular (atrofia), limitação a movimento, dor à movimentação, hipotonia
local, dor durante esforço e dor cervical.
Pode-se manifestar em diversas profissões.
SÍNDROME DO DESFILADEIRO TORÁCICO
É devida à compressão do plexo braquial em sua passagem pelo chamado
desfiladeiro torácico, formado pela: clavícula, primeira costela, músculos escalenos
anteriores e médio e fáscias dessa região, que determinam estreito canal, e que pode
tornar-se ainda mais exíguo quando encontramos pequenas alterações anatômicas
ou outras alterações decorrentes de traumas locais e vícios da postura. Quadro
clínico: sintomas subjetivos: parestesias e irradiada para membros superiores na
atribuição
do
nervo
ulnar,
fraqueza,
esfriamento,
fenômeno
de
Raynaud,
entorpecimento e claudicação. Sintomas objetivos: hipoestesia, fraqueza ou atrofia
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muscular, teste de compressão costoclavicular, ombro caído, ruído supraclavicular,
edema e hipotonia.
Pode-se manifestar em trabalhadores que permanecem muito tempo sentado
ou em pé, em uma posição desconfortável e errada (vícios posturais).
2.3 Tratamentos
A conduta terapêutica utilizada para o tratamento da L.E.R./D.O.R.T. pode ser
conservadora ou cirúrgica, baseando-se nas formas de apresentação clínica.
A nossa conduta terapêutica conservadora, nestes casos apresentados, baseou-se
em:
a)
Repouso (imobilização + afastamento) – na fase inicial de tratamento a
imobilização do membro afetado é indicada por período de 10 a 15 dias. Após a
retirada da imobilização, deverá ser realizado o quadro clínico, lembrando que, nesse
momento, o paciente terá dificuldade de avaliar as queixas. Com relação ao
afastamento, geralmente ocorre quando o estágio da L.E.R/D.O.R.T. está em grau III
ou IV.
b)
Medicação
(antiinflamatórios,
analgésicos,
vitaminas
e
medicações
sintomáticas).
c)
Fisioterapia como prevenção: Reeducação Postural Global (RPG), Hidroterapia
e alongamentos específicos. Com recuperação: Roberband. Ex:: corda elástica,
cinesioterapia (fortalecimento muscular).
d)
Terapia ocupacional: métodos e técnicas terapêuticas e recreacionais, com
finalidade de restaurar, desenvolver e conservar a capacidade mental do paciente
(FISIOBRASIL, 1999).
FATORES QUE CAUSAM (L.E.R.) e (D.O.R.T.)
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Fatores agravantes:
a)
Ausência de pausa durante a jornada de trabalho;
b)
Traumatismos anteriores;
c)
Ambientes de temperaturas baixas ou muito altas.
Fatores que contribuem:
a)
Sustentação de peso com ou sem transporte;
b)
Jornada prolongada de trabalho;
c)
Postura estática;
d)
Tensão excessiva e característica.
e)
Móveis e equipamentos inadequados;
f)
Postura inadequada
Fatores biomecânicos:
a)
Ritmo acelerado de trabalho;
b)
Força excessiva com as mãos;
b)
Repetitividade de um mesmo movimento.
Fatores ergonômicos:
a)
Equipamentos inadequados;
b)
Equipamentos de trabalho mal ajustados.
ESTÁGIOS EVOLUTIVOS DA L.E.R./D.O.R.T.
A L.E.R./D.O.R.T. pode didaticamente ser classificada em quatro graus:
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GRAU I – Neste grau o portador da doença pode referir sensação de peso e
desconforto no membro afetado, dor espontânea localizada nos membros superiores
ou cintura escapular, às vezes com pontadas que aparecem esporadicamente
durante a jornada de trabalho e sem interferência na produtividade. Não há irradiação
nítida de dor e a melhora ocorre com o repouso. É em geral leve e fugaz, estando
geralmente ausentes alguns sinais clínicos característicos das afecções. O
prognóstico é bom.
GRAU II – Neste grau, a dor é, em geral, mais persistente e intensa e aparece
durante a jornada de trabalho de forma intermitente. É tolerável e permite o
desempenho das funções laborais, mas já com reconhecida redução de produtividade
nos períodos de exacerbação. A dor torna-se mais localizada e pode estar
acompanhada de parestesia e calor, além de leves distúrbios de sensibilidade. Pode
haver uma irradiação definida, sendo a recuperação, em geral, mais demorada.
Ocasionalmente pode aparecer quadro doloroso fora do ambiente de trabalho,
durante atividades domésticas e /ou sociais. O prognóstico é favorável.
GRAU III – Neste grau, a dor torna-se persistente, mais forte e com irradiação mais
definida. O repouso, em geral, só atenua a intensidade da dor. São freqüentes perdas
de força muscular e parestesias. Há sensível queda de produtividade, quando não,
impossibilidade de exercer as funções laborais. Os sinais clínicos estão presentes,
com edema freqüente e hipertonia muscular constante. Ocorrem alterações de
sensibilidade e força. Neste estágio o retorno as atividades laborais é problemático. O
prognóstico é reservado.
GRAU IV – Neste grau, a dor é forte, intensa e contínua, por vezes insuportável,
levando
o
paciente
a
intenso
sofrimento.
Os
movimentos
acentuam
consideravelmente a dor, que, em geral, se irradia por todo o membro afetado. A
perda de força muscular e a perda dos movimentos se fazem presentes. As atrofias,
principalmente dos dedos, são comuns. A capacidade laboral é anulada e a invalidez
23
se caracteriza. Neste estágio são comuns alterações psicológicas, com quadros de
depressão, ansiedade e angústia.
2.4 Formas de Prevenir a L.E.R./D.O.R.T.
A PREVENÇÃO DE L.E.R./D.O.R.T , baseia-se na adoção de medidas
relativas ao tempo de exposição (pausas e limitações de tempo de trabalho), a
alterações no processo e organização do trabalho e na adequação de máquinas,
mobiliários, dispositivos, equipamentos e ferramentas de trabalho às características
dos trabalhadores.
Diante da ocorrência de casos de L.E.R./D.O.R.T., ainda que na forma
incipiente e não incapacitante, cabe ao empregador adotar medidas corretivas, tais
como:
a)
Introdução de pausas para descanso;
b)
Introdução de programas de treinamento de prevenção;
c)
Adoção de equipamentos de proteção individual;
d)
Redução
da
jornada
de
trabalho
na
atividade
geradora
de
L.E.R./D.O.R.T.
e)
Modificações no processo e na organização do trabalho visando a
diminuição da sobrecarga muscular gerada por gestos e esforços repetitivos,
mecanizando ou automatizando o processo, reduzindo o ritmo de trabalho e as
exigências de tempo, e diversificando as tarefas;
f)
Realização de estudo para análise ergonômica dos Postos de Trabalho;
g)
Adequação
do
mobiliário,
máquinas,
dispositivos,
equipamentos
e
ferramentas às características fisiológicas do trabalhador.
24
2.5
A
importância
da
ginástica
laboral
na
prevenção
da
L.E.R/D.O.R.T.
Atualmente, num país como o nosso, infelizmente as questões, relacionadas com a
adequação econômica dos ambientes de trabalho ainda estão longe de ser realidade.
Apenas algumas empresas e instituições estão preocupadas em oferecer a seus
colaboradores condições ideais, não se preocupando com o investimento inicial, mas
apenas com o que elas poderão representar de economia para empresa.
A ginástica laboral, que visa a promoção da saúde e melhoria das condições de
trabalho, além da preparação biopsicossocial dos participantes, contribui direta ou
indiretamente para a melhoria do relacionamento interpessoal, sem falar na redução
dos acidentes de trabalho, e na redução de lesões por esforços repetitivos e,
conseqüentemente, proporcionando aumento da produtividade com qualidade.
Então, uma alternativa mais econômica, bastante eficiente e menos traumática
será a de implantar Programas de Ginástica Laboral com o intuito de melhoras a
qualidade de vida dos funcionários da empresa.
Há três tipos de ginástica utilizados pelas empresas:
a)
Ginástica (preparatória), realizada antes da jornada de trabalho,
que tem como objetivo principal preparar o indivíduo para o início do trabalho,
aquecendo os grupos musculares que são solicitados nas suas tarefas e
despertando-os para que sintam mais dispostos. (ALVES & VALE 1999) ; (OLIVEIRA,
2000).
25
b)
Ginástica de (pausa), praticada no meio do expediente de trabalho –
tem como objetivo aliviar as tensões e fortalecer os músculos do trabalhador;
c)
Ginástica de relaxamento ou (compensatória), praticada após o
expediente do trabalho, tem como objetivo proporcionar relaxamento muscular e
mental aos trabalhadores.
O tempo da ginástica varia de oito a doze minutos por dia, cinco a seis vezes por
semana, para cada setor de trabalho.
Um outro fator a ser observado na ginástica laboral é a freqüência do número de
participantes: no primeiro mês, esta é de 90 a 100% a partir do quarto ao oitavo mês,
cai de 70 a 80%. Ao perceber que o número de participantes está diminuindo
gradativamente, é necessário elaborar estratégias para motivar o grupo, tais como:
desenvolver atividades esportivas recreativas, dinâmica de grupo e palestras de
conscientização. Partindo desse pressuposto, desenvolver programas de lazer nas
empresas tem contribuído para o aumento da qualidade de vida dos trabalhadores.
Como afirma PACHECO(1992) ,uma elaborada política de benefícios sociais, que
tenha como meta o aumento da produtividade, a diminuição de número de acidentes,
a diminuição de números de acidentes , a diminuição dos custos burocráticos
interdepartamentais através de uma suposta integração entre funcionários, pode ser
levada em consideração na elaboração de um programa de lazer para trabalhadores.
É de interesse notar que com o passar dos dias a ginástica se torna repetitiva,
o que diminui a freqüência dos participantes. Sem contar que, se não houver
colaboração dos gerentes, técnico de segurança do trabalho, médico do trabalho e
recursos humanos, será quase impossível desenvolver o programa de ginástica na
empresa (OLIVEIRA,2000).
26
CAPÍTULO III
EDUCAÇÃO POSTURAL NA ORGANIZAÇÃO
3.1 Projeto
APRESENTAÇÃO
A vida do homem moderno, notadamente nos grandes centros urbanos, está cada
vez mais voltada ao enfrentamento de situações críticas para sua subsistência, tais
como alimentação, moradia, transporte, ensino, saúde e a própria manutenção do
27
emprego,
todas
elas
sabidamente,
situações
geradoras
de
stress.
A administração deste stress, tem se mostrado uma ferramenta vital nas provas
técnicas de administração empresarial, já que comprovadamente, a melhoria dos
níveis de qualidade de vida, baseados nas situações críticas acima mencionadas, é
hoje fator diferencial entre as empresas, na competição por produtividade, qualidade
e desempenho comercial.
Entre as ferramentas utilizadas na procura desta melhoria de qualidade de vida, a
ginástica laboral tem tomado lugar de destaque em vários segmentos industriais e
não mais somente entre as empresas de origem oriental, como era comum até duas
décadas atrás.
Dentro deste enfoque, a ginástica laboral tem ganhado destaque no Brasil nos
últimos 02 anos, sendo utilizada como uma importante ferramenta, dentro do conjunto
de medidas que visam prevenir o aparecimento de lesões músculo ligamentares
ligadas a atividades dentro do ambiente de trabalho (L.E.R ou D.O.R.T.)
Baseando-se na premissa de que o homem passa parte de sua vida ativa envolvido
com o trabalho, é necessário que ações sejam desenvolvidas a fim de que diminuam
os efeitos causados pelo desempenho inadequado das atividades laborais.
A ginástica no local de trabalho fundamenta-se na valorização da prática de
atividades físicas como instrumento de promoção da melhoria da qualidade de vida
do trabalhador.
Em colaboração a estes conceitos, um recente estudo publicado pelo Ministério da
Saúde, mostra os seguintes achados:
Produtividade - aumento de 2 a 5%
Acidentes - redução de 20 a 25%
Turnover - redução de 10 a 15%
Faltas ao serviço - redução de 10 a 15%
Diante desses números, consideramos necessária a implementação da ginástica
laboral na empresa.
28
Para melhor esclarecimento, nada mais é do que a combinação de algumas
atividades físicas que tem como característica comum, melhorar, sob o aspecto
fisiológico, a condição física do indivíduo em seu trabalho. Assim, a ginástica laboral é
constituída de atividades físicas que são elaboradas sobre as várias estruturas
osteomusculoligamentares dos trabalhadores.
JUSTIFICATIVA
Tendo em vista o considerável número de disfunções posturais, dores nas costas e
lesões por esforços repetitivos que acometem os trabalhadores em seu período ativo,
o PEP - Programa de Educação Postural vem para orientar e prevenir esses males,
contribuindo por uma melhor qualidade de vida a cada um deles. Consiste
basicamente em aulas/exercícios de aquecimento músculo-esquelético, alongamento,
resistência muscular localizada e fortalecimento, que muitas vezes vem de encontro
com reeducação postural e refinamento da coordenação motora.
OBJETIVOS
- Identificar através de avaliação, as disfunções posturais.
- Orientar posicionamentos mais adequados para o trabalho. Especificações técnicas
sob o ponto de vista biomecânico
- Orientar regras básicas de ergonomia para a organização biomecânica do trabalho.
- Medidas de organização ergonômica visando a prevenção de lesões.
- Sensibilizar o trabalhador da importância da ergonomia em seu dia-a-dia.
- Orientação de redução do grau de tensão no trabalho.
- Recomendações de ergonomia para o trabalho em diversas posições.
- Reduzir efetivamente os distúrbios músculo-esquelético.
SELEÇÃO DE RECURSOS
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- Avaliação Postural individual.
- Encaminhamento ao médico caso haja necessidade.
- Orientação para melhores hábitos posturais.
- Palestras informativas. Mensais ou a combinar.
- Vivências. Exercícios compensatórios.
AÇÕES
- As ações desenvolver-se-ão em etapas na ordem da Seleção dos Recursos
trabalhados ao longo do projeto.
- Pode ser aplicada em toda a empresa ou em áreas críticas de trabalho.
- A participação do trabalhador deve ser opcional, no entanto estará participando de
palestras de sensibilização.
- Como sugestão - a prática das atividades laborais poderá ser aplicada no meio da
jornada de trabalho com o objetivo de prevenir a fadiga muscular, num tempo mínimo
de 10 min ou mais, como a empresa desejar
VANTAGENS
- Prevenção e terapêutica das lesões osteomusculoligamentares.
- Educação Postural e ergonômica
- Identificação de novos fatores geradores de lesões ocupacionais.
- Intervenção precoce na terapêutica das patologias.
- Aplicação adequada das atividades físicas laborais.
- Adequação imediata das posturas inadequadas frente aos postos de trabalho.
- Maior estímulo e motivação por parte dos funcionários para a prática das atividades.
- Mensuração adequada dos dados para a auditoria de resultados.
- Maior feedback para a empresa e o departamento médico.
30
- Contribui para a ausência da fadiga física. Mental e psíquica.
TEMPO DE DURAÇÃO DO PROJETO
- O Projeto será desenvolvido diariamente, dando continuidade enquanto houver
interesse da empresa ou da coordenadora do projeto.
AVALIAÇÃO
- Periódica ao longo do desenvolvimento do projeto.
3.2 Pesquisas
Estudos mostram que há relação entre a participação de empregados em programas
de atividades físicas na empresa e a redução de faltas ao trabalho, aumento de
produtividade, diminuição de custos com a saúde e retenção de funcionários.
(Tsai,1987)
Capacidade de atenção
Estudo na Bélgica, já em 1966, mostrou que a capacidade de atenção depois de um
tempo de atividades físicas melhorou em 80,5%, enquanto que depois de um tempo
de repouso esta melhora foi apenas de 30,5%. (FIEP – Portugal, 1966).
Bancários
Estudo com população bancária de São Paulo, com 3.240 funcionários, mostra que
13,3% são suspeitos, de possuir a doença e 8,2% já tem diagnóstico anterior. Como
31
se observa 21,5%, ou seja, 696 funcionários apresentavam conotações clínicas de
L.E.R. (Prof. Dr.Herval Pina Ribeiro – Fac. De Saúde Pública da USP)
Construção Civil 1
Dados de uma pesquisa realizada na França em 1970, no ramo de construção e
obras públicas apresentou os seguintes números:
a) 30% de todos os casos de acidentes de trabalho na França se produzem nas
empresas de construção e obras públicas;
b) local da lesões - mãos e membros superiores (31%), pés e membros inferiores
(26%), cabeça e tórax (18%). (P. Andlauer, 1980).
Construção Civil 2
Estudo realizado em 1987 pelo Centro Brasileiro de Ergonomia e Cibernética do
Instituto Superior de Estudos e Pesquisas Psicossociais da Fundação Getúlio Vargas,
obteve os seguintes resultados relativos aos acidentes de trabalho na construção civil
no município do Rio de Janeiro:
a) profissão - em termos absolutos destacam-se os serventes;
b) idade - proporcionalmente os mais jovens sofrem mais acidentes;
c) localização da lesão - membros inf. (41,8%) e membros sup. (31,0%);
d) objeto causador - solo (14,6%), madeira (19,1%), peso/postura (7,2%); atividades transportar material (22,2%), deslocamento de pessoa (15,2%), lançar material
(4,9%), formar e desformar (12,7%)
Dores nas costas
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São a segunda causa de aposentadoria por invalidez no país, e obrigam empregados
a faltar 60 dias por ano ao trabalho. Em países onde há uma preocupação maior com
programas de saúde, esse número cai para 28 dias. (Folha de São Paulo, 1991).
Lazer
Pesquisa realizada pelo Inst. de Pesquisas Soc. Políticas e Econômicas em 1.997,
apresentou os seguintes dados: 20% dos homens e 8% das mulheres (média de
14%), preferem o esporte em seu horário de lazer; 12% a 15% respectivamente
(média de 13,5%), escolhem a praia; 9% gostam de viajar, 8% jogar futebol, enquanto
8% preferem assistir TV.
Esses dados mostram a mudança de hábitos de nossa população, principalmente
neste final de milênio, onde os aspectos de saúde e qualidade de vida estão sendo
bastante veiculados e a prática de esportes faz parte do dia a dia de muitas pessoas.
ADESÃO DE EMPRESAS
Segundo dados americanos da Assoc. Nac. de Serviços e Recreação para
Empregados (NESRA - 1998), 72% das empresas americanas associadas, ofereciam
atividades físicas aos seus funcionários.
BOSCH DO BRASIL
A Bosch do Brasil, na cidade Industrial de Curitiba (CIC), é uma empresa onde a
incidência de doenças ocupacionais é pequena. A empresa adotou a Ginástica
Laboral para os funcionários e atende a 50 pessoas do setor de fábrica e mais de 30
da área administrativa. A ginástica, praticada durante 10 minutos por dia, é diferente
para cada grupo. Para o setor administrativo, em que as pessoas trabalham mais com
informática, por exemplo, é trabalhada a prevenção para LER. Já no de fábrica, onde
os trabalhadores usam a força braçal, são feitos, principalmente, exercícios de
33
alongamento. A empresa está concluindo seu estudo de viabilidade para poder
estender o exercício para os 3.240 funcionários restantes.
3M
Criou há 04 anos um programa de ginástica para digitadores e de educação física
antes do expediente para os operários, diminuindo o número de acidentes e
aumentando a sensação de bem estar.
GRUPO PÃO DE AÇUCAR
Possui academia de ginástica e quadra de squash na sede adminstrativa em SP e
projeto experimental de ginástica laboral em 08 unidades. Este projeto surgiu ha
quatro anos por determinação do presidente do Grupo Pão de Açúcar, Abílio Diniz.
Foi feita pesquisa entre os funcionários para detectar o que precisavam para viver
melhor. A maioria tinha vontade de estudar e cuidar mais da saúde.
EMPRESA SÃO GERALDO
Possui mini-academias espalhadas por 20 estados. Antes de começar a malhar, os
motoristas passam por avaliação física. Surgiu em 1998, impressionado com os
benefícios que os exercícios físicos trouxeram para sua saúde, o diretor de operações
e marketing José Ribeiro resolveu matricular um grupo de motoristas de BH na
academia. Os resultados foram tão bons que o projeto foi expandido para toda a
empresa.
Em um ano, acidentes de trânsito evitáveis caíram 40%. Percentual de motoristas que
estavam acima do peso caiu de 40% para 10%.
34
PFIZER
Possui na fábrica de Guarulhos (Grande SP) que oferece aeróbica, musculação,
dança de salão, caminhadas e ginástica monitoradas por professores de educação
física. Escritório na capital, tem academia de ginástica.
Surgiu em 1998, com funcionários preocupados com sobrepeso começaram a
caminhar dentro da fábrica durante o almoço. Em pouco tempo, havia 50 pessoas
fazendo exercícios espontaneamente. Pediram à empresa para contratar professor
para orientar as atividades, que passaram a ser realizadas nos clubes anexo à
fábrica.
XEROX DO BRASIL
Possui salas de ginástica e musculação na matriz em quatro escritórios (Curitiba, SP,
RJ e Brasília) e três fábricas (RJ, Salvador e Manaus). Funcionários
ASC CALL CENTER
Possui sala de ginástica que funciona 24 horas, bosque e pista de caminhada, praça
arborizada para a realização de ginástica laboral e equipamentos de automassagem.
Desde a criação da empresa, há um ano e meio, a ASC dá ênfase a projetos de
melhoria da qualidade de vida dos funcionários. A empresa foi construída em uma
fazenda, com sala de ginástica e praça arborizada no interior do prédio. 70% dos
funcionários participam pelo menos uma vez ao dia da ginástica laboral.
MERC SHARP & DOHME
Possui academia de ginástica na sede, em São Paulo, e caminhadas ecológicas.
Desenvolver atividades de fitness para promover a saúde e o bem-estar dos
funcionários é uma orientação da matriz da Merck, nos EUA.
35
3.3 Exercícios
Alogamento Lateral
Estenda um dos brancos sobre a cabeça e para o lado oposto do corpo. Não torça a
cintura. Manter a posição por 5 segundos. Alterne os braços. Repetir de 5 a 8 vezes,
Pescoço e cabeça
Incline sua cabeça lentamente até que você possa olhar para cima. Faça uma breve
pausa e então desça a cabeça até que você possa olhar para baixo. Repetir de 5 a 8
vezes várias vezes durante o dia.
Ombros e braços
Inspire enquanto levanta as mãos o mais que puder. Estenda os dedos e as mãos.
Faça uma breve pausa, então solte o ar enquanto abaixa as mãos para os lados.
Levante os ombros como se fosse tocar as orelhas. Repetir de 5 a 8 vezes.
Quadris e tendões
Fique de pé com os pés separados e os joelhos dobrados. Agache-se o mais que
puder sem sentir dor. Se achar difícil, você pode também usar uma parede de apoio.
Assegure-se de que as suas costas e quadris estão contra a parede de apoio. Repetir
todo o exercícios de 5 a 8 vezes.
36
Parte baixa das costas
Solte o ar lentamente enquanto abaixo a cabeça na direção dos joelhos. Deixe as
mãos caírem até os tornozelos. Manter esta posição por 5 segundos. Inspire
enquanto, lentamente, levanta a cabeça, então solte o ar novamente enquanto
lentamente levanta os braços sobre a cabeça. Repetir de 5 a 8 vezes.
CONCLUSÃO
Volto a ressaltar que a ginástica laboral é um exercício físico eficaz para
prevenir doenças relacionadas ao trabalho,e, quando bem direcionado, utilizando-se
sobretudo bom senso, associado ao conhecimento científico, caracterizando-se o
trabalhador como um todo, ele será eficaz. Deve-se atender às suas necessidades
fisiológicas e sociais, bem como respeitar a opinião do trabalhador.
Entretanto, ainda enfrentamos resistência para utilizarmos a ginástica na
empresa devido à nossa cultura, porém este quadro já está se revertendo em função
da grande preocupação com a qualidade de vida, segurança e conscientização da
necessidade da prática de atividade física na empresa.
Na esperança de utilizarmos a ginástica laboral como uma forma real de
prevenção de doenças profissionais, o professor de Educação Física tem um papel
importante, no sentido de desenvolver e aplicar diferentes métodos de ginástica
laboral.
37
Portanto, é fundamental que, ao implantar um programa de ginástica laboral
em uma empresa, se faça uma avaliação das reais condições do funcionário e
ambientais, de seu setor de trabalho, periodicamente, objetivando sempre constatar
benefícios da ginástica laboral como forma de preservação da saúde do trabalhador.
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http: www.saudeemovimento.com.br
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http: www.corpoemovimento.com.br
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