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Classificação do artigo 28 nov 2014 O Globo
EDUARDO BRESCIANI bresciani@ bsb.oglobo.com. br glo.bo/15qpHAY
Na CPI, empresário diz que pagou
R$ 37 milhões a Alberto Youssef
Sanko­Sider manteve contratos com doleiro apesar de ‘passado tenebroso’
­ BRASÍLIA­ O dono da empresa Sanko­Sider, Márcio Bonilho, afirmou, em depoimento à CPI mista da
Petrobras, que não sabia que Alberto Youssef era doleiro e que já tinha sido envolvido em escândalos
quando o contratou para intermediar negócios junto a empreiteiras, há cerca de cinco anos. Avisado
posteriormente por um amigo sobre o “passado meio tenebroso” de Youssef, manteve os negócios porque
eram “legais”. Bonilho contou ter pago R$ 37 milhões a empresas de fachada indicadas pelo doleiro como
“comissão” pela celebração de 12 contratos. O maior deles, com o consórcio CNCC, liderado pela Camargo
Corrêa, que está à frente das obras de Abreu e Lima. Ele admitiu que fez pagamentos diretos a dois
executivos da empreiteira.
GIVALDO BARBOSA
CPI da Petrobras.
Bonilho destacou que a empresa que dirige junto com dois sócios tem 18 anos de história e 200
funcionários. O foco é o fornecimento de tubos e conexões. O empresário afirmou que contratou Youssef
como representante porque ele tinha bons contatos e poderia “elevar de patamar” a Sanko­Sider. Ele
disse ainda ter fornecido produtos também a Odebrecht, OAS, UTC e Toyo Setal. Todas essas empresas
foram alvo da Operação Lava­Jato, da Polícia Fede­
Márcio Bonilho, dono da Sanko­Sider, durante o depoimento ral, e são acusadas de formar um cartel
para dividir obras.
REPASSE A EXECUTIVOS
O empresário disse ter conhecido Youssef em uma feira do setor de Óleo e Gás e se encontrado com
ele depois na recepção da construtora Engevix, outra que é alvo da Lava­Jato. Disse que “não procurou no
Google” o nome de Youssef e que, por isso, não descobriu nada sobre ele. Contou que, depois de oito
meses de parceria, um amigo lhe alertou, encaminhando uma reportagem do “Fantástico” sobre a
atuação do doleiro. Bonilho disse ter consultado advogados, mas que foi tranquilizado por eles. Afirmou
que seu acordo com Youssef era “verbal” e que os contratos de fachada com MO Consultoria e GFD
Investimentos foram assinados apenas para dar garantia ao doleiro. Bonilho afirmou que, no decorrer do
negócio, foi informado do repasse de parte dos recursos aos executivos da Camargo Corrêa Eduardo Leite
e Paulo Augusto Santos Silva.
— Tudo que eu pagava a ele ( Youssef ) era comissão pela venda de produtos e serviços entregues e
performados. Uma parcela da comissão dele, ele resolveu repassar para dois executivos da Camargo
Corrêa — disse o dono da Sanko­Sider.
Reconheceu, porém, que, no final do negócio, os executivos reclamaram que não tinham recebido do
doleiro. Bonilho, então, fez pagamentos diretos por meio de empresas das mulheres de Leite e Silva.
Afirmou não saber se os recursos pagos a Youssef eram repassados também a agentes públicos. Bonilho
contou ter recebido R$ 198 milhões do consórcio CNCC, que teve um lucro de 6% a 8%, e que pagou
comissões de 10% a 15%. Mencionou algumas vezes repasses de R$ 37 milhões a Youssef depois de ter
mencionado inicialmente R$ 33 milhões.
Bonilho disse ter contratado o ex­diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa para que este prospectasse
empresas estrangeiras para serem representadas pela Sanko. Pagou R$ 10 mil mensais por quatro meses
como “ajuda de custo”, e disse que a parceria foi rompida após esse período porque Costa não conseguiu
viabilizar negócios.
Bonilho se recusou a assinar termo de depoimento como testemunha, no qual se comprometeria a
falar a verdade. Depôs, então, na condição de investigado.
A Camargo Corrêa não quis comentar as declarações. As defesas dos executivos Leite e Silva já
negaram que eles tenham usado as empresas das mulheres para receber comissões.
NA WEB Gráfico: as relações dos envolvidos no esquema de desvios na Petrobras
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